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PROCESSO EROSIVO ACELERADO EM UMA PEQUENA PROPRIEDADE RURAL NO DISTRITO DE CAMISÃO, MUNICÍPIO DE AQUIDAUANA – MS ACCELERATED EROSIVE PROCESS IN A SMALL RURAL PROPERTY IN CAMISÃO DISTRICT, AQUIDAUANA COUNTY - MS Nelson Oliveira da Cunha. Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Aquidauana – MS. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7180884451194747 Vitor Matheus Bacani. Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Três Lagos – MS. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4907195645708113 Vicente Rocha Silva. Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Aquidauana – MS. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2226340417696848 Resumo: Este trabalho objetivou monitorar e mapear um processo erosivo linear em uma propriedade rural no distrito de Camisão, município de Aquidauana-MS, onde devido à formação lito-pedológica dos solos há o predomínio de textura arenosa, derivados da Formação Aquidauana. Foram realizados levantamentos bibliográficos e a instalação no campo de um pluviômetro e de estação experimental de monitoramento, baseada na metodologia de Bigarella e Mazuchowski (1985).A voçoroca possui um formato bulbiforme e a área aferida de 659,0 m² que funciona como rede de drenagem das águas pluviais, que drena em direção ao córrego Seco, tributário do córrego Fundo, com foz no Rio Aquidauana. O corpo da voçoroca tem 71,0 metros de comprimento, 20,0 metros de largura e 4,20 metros de profundidade. O processo erosivo é devido ao desmatamento do cerrado e uso atual dos solos com pastagens degradadas e está em processo avançado de assoreamento dos canais fluviais. Palavras chave: Voçoroca, Córrego Fundo, Cerrado, Processo erosivo linear. ABSTRACT: This sudy aims to monitor and map a linear erosive process in a rural property in Camisão district, Aquidauana county – MS state, where due to the litho- pedological formation of soils there is a predominance of sandy texture, derivatives of the Aquidauana Formation. Bibliographic surveys and the installation in the field of a pluviometer and an experimental monitoring station were carried out, based on the methodology of Bigarella and Mazuchowski (1985). The waterway has a bulbiform shape and the measured area of 659.0 m² that works as a rainwater drainage network, which drains towards the Seco stream, tributary of the Fundo stream, with its outfall in the Aquidauana River. The body of the waterway is 71.0 meters long, 20.0 meters wide and 4.20 http://lattes.cnpq.br/7180884451194747 http://lattes.cnpq.br/4907195645708113 http://lattes.cnpq.br/2226340417696848 meters deep. The erosion process is due to the deforestation of the thicket and current use of soils with degraded pastures and it is in an advanced process of silting up the river channels. KEYWORDS: waterway, fundo stream, thicket, linear erosive process 1. INTRODUÇÃO No Brasil e no mundo há uma grande preocupação com a deterioração dos recursos naturais disponíveis ao homem, o solo é uma peça fundamental para a sobrevivência da humanidade, assim como, a água e o ar, a erosão hídrica encontra-se entre as principais formas de degradação dos solos acarretando prejuízos de ordem econômica, ambiental e social. (LEPSH, 2002). Buscando mostrar a grande importância do uso, manejo e conservação do solo, porque direta ou indiretamente este é um dos mais importantes elementos para sustentação das lavouras, pastagens, florestas, estradas, edificações onde reside o homem, principal agente modificador da paisagem e responsável pelo desequilíbrio da natureza. (BIGARELLA, 2007). Normalmente estes eventos ocorrem em pequenas propriedades devido à falta de suporte técnico adequado, devido às condições financeiras dos pequenos produtores intensificando assim ativamente a degradação. Os grandes fatores causadores desses eventos é o uso irracional do solo, a fragmentação florestal, o uso constante do fogo para renovação das pastagens para a prática da pecuária, sem um estudo técnico dos impactos e da resiliência destes locais que apresentam grande fragilidade e susceptibilidade a erosão hídrica. A área de estudo está localizada em área de transição entre morros escarpados com formas tabulares e com uma topografia levemente ondulada. A vegetação primária da área de estudo foi substituída por gramíneas exóticas braquiária, muito degradada, contribuindo para a lixiviação e compactação do solo. Dentre as formas de erosão, as voçorocas são as que causam consequências mais graves à população em termos de perda de área utilizável, assoreamento de rios, riachos e lagoas, e morte de animais devido a acidentes (LEPSH, 2002, p. 148). O estudo foi realizado no período de maio de 2009 a maio de 2010 dando-se o intervalo de treze meses para maior fidelidade dos resultados obtidos. O presente trabalho visa avaliar os estágios de evolução de processos erosivos através da análise de uma feição erosiva, tipo voçoroca em uma pequena propriedade rural localizada no Distrito de Camisão, no município de Aquidauana (MS). Foi implatada uma estação de monitoramento para estudo da evolução da voçoroca. 1.1 Objetivo Geral O presente trabalho tem por objetivo apresentar os estágios evolução dos processos erosivos, em uma voçoroca situada na zona rural do município de Aquidauana - MS. 1.2 Objetivos Específicos Mapeamento das feições erosivas nos quais permita observar a dimensão do processo erosivo; Investigar e caracterizar os processos envolvidos na evolução da voçoroca. 2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO O município de Aquidauana (MS), possui uma área territorial de 16.970,711 km². No último Censo do IBGE de 2010, a população era de 45.614 habitantes e atualmente uma população estimada de 47.784 habitantes em 2018 (IBGE, 2019). A bacia hidrográfica do córrego Fundo está localizada no Distrito de Camisão, município de Aquidauana, próximo à rodovia MS-450, que pertence à bacia hidrográfica do Rio Aquidauana. O recorte espacial da área estudo com as coordenadas geográficas: 20º 28’ 12’’ de latitude sul e 55º 40’ 15’’ de longitude oeste de Greenwich. Essa voçoroca está conectada ao córrego Seco (afluente sazonal, no período de chuvas da região), que integra a bacia do córrego Fundo, tributário do Rio Aquidauana. A propriedade possui 21,5 hectares (CUNHA, 2013), conforme figura 1. Figura 1 – Localização Geográfica da Área de Éstudo. Fonte: Nelson O. Cunha (2013). 3. MATERIAIS E MÉTODOS Os procedimentos metodológicos empregados foram divididos em duas etapas: trabalho de gabinete onde foram feitos levantamento de literaturas e fichamento de artigos e livros da área de pedologia e de formação das paisagens e trabalhos de campo para caracterização pedomorfológica em topossequência. Também foi elaborado um plano e lista de materiais e ferramentas para levantamento em campo e instalação da estação experimental de monitoramento, onde foi instalado um pluviômetro para mensuração da pluviosidade a cada precipitação, instalação de vergalhões de 2 metros sendo que um no topo e outro na base dos taludes em 10 pontos estratégicos da feição erosiva, com o intuito de que a cada precipitação se mensurasse o quanto erodia e se pudesse fazer uma relação entre a pluviosidade e a perca de solo dos taludes conforme metodologia adaptada de Bigarella e Mazuchowski (1985). Foram realizadas topossequências com tradagens no sistema de retas, chamadas de transectos baseado na metodologia de análise estrutural da cobertura pedológica proposta por Boulet et al. (1998) que consiste na realização de tradagens do topo até a base da vertente, sendo possível constatar as variações horizontais e verticais existentes no solo. A distância entre os pontos de tradagens adotada foi de 20,0 metros onde se alternou entre área de pastagem e vegetação arbórea densa (cerradão). A cada tradagem foi realizada a descriçãomorfológica do solo conforme o Manual para Descrição e Coleta de Solo no Campo (2005). As características foram descritas segundo Santos et al. (2005), cor, textura e consistência já que a estrutura não se consegue obter através de tradagens por que o trado quebra os agregados do solo. Foi utilizado um teodolito para obter um croqui do corpo da feição erosiva desde sua cabeceira até sua foz pela metodologia de irradiação, método utilizado para levantamento de pequenas áreas, escolhe-se convenientemente um ponto interno ou externamente a superfície a ser levantada. A partir deste ponto leem-se os azimutes e as respectivas distâncias para os demais pontos de interesse, se o ponto escolhido não permitir total cobertura da superfície desejada, escolhe-se outro ponto depois de esgotadas as leituras no ponto inicial. Os materiais utilizados para levantamento de campo foram trado holandês, faca, trena, martelo pedológico, tabela de Munsell, borrifador de água, teodolito, nível de luneta, caderneta de campo, câmara fotográfica e GPS. 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A ocorrência da erosão é considerada um fenômeno natural. Concebe- se que as paisagens que apresentam declividades, de modo geral, superior a 3º são susceptíveis ao processo erosivo. Os problemas relacionados à erosão tornam um problema quando as taxas de erosão são superiores aos níveis naturais, na maioria dos casos, devido à ausência de práticas de conservação dos solos (JORGE; GUERRA, 2013, p. 8). Wild (1993) apud Jorge e Guerra (2013, p. 10), enumera as principais causas da erosão: 1 Desmatamento, deixando os solos desprotegidos; 2 Agricultura e pecuária, sem adoção de práticas conservacionistas; 3 Cultivo e pecuária em encostas de elevada declividade, às vezes superior a 45º, sem adoção de práticas conservacionistas; 4 Trilhas abertas por animais e por homens, compactando os solos, por onde a água se escoa com facilidade; [...]. As alterações do meio natural, provocada pelas intervenções humanas na dinâmica do meio biótico-físico, contribuem na intensificação de eventos naturais, como, por exemplo, processos erosivos, erosão fluvial e inundações. (GIRÃO et al., 2013, p. 126). Nesse sentido, os autores argumentam que a expansão de paisagens culturais contribui no incremento de processos superficiais, tornando a sociedade mais susceptível à ocorrência de riscos, com prejuízos humanos e econômicos. (GIRÃO et al., 2013, p. 127). A erosão natural ou geológica provoca o desgaste do estrato geográfico da Terra pela água, gelo, vento, entre outros agentes naturais. Já a erosão acelerada ou induzida é mais rápida, pois resulta da atuação de atividades humanas sobre a paisagem. Nesse contexto, “A ação antrópica constitui o principal fator de deflagração dos processos erosivos acelerados” (LIEBMANN, 1979; RODRIGUES, 1982) apud (SILVA; SCHULZ; CAMARGO, 2003, p. 26). Em geral, em um solo desprotegido, devido ao desmatamento, propicia a ocorrência de ruptura do equilíbrio natural do meio biótico-físico. Segundo Carvalho et al. (2006, p. 39) faz referência aos fatores externos atuantes no processo erosivo, e enumera: “[...] o potencial de erosividade da chuva, as condições de infiltração e escoamento superficial e a declividade e comprimento do talude ou encosta, e, ainda, de fatores internos, como o gradiente crítico, desagregabilidade e erodibilidade do solo”. Segundo Guerra (2005, p. 32) define monitoramento como: “[...] mensurações sistemáticas de um processo erosivo, [...] coleta de dados, em intervalos fixos, ou não, dependendo do que está sendo estudado”. Guerra (2005, p. 34) explica que: “As voçorocas são formas resultantes de processos erosivos acelerados que evoluem no tempo e no espaço”. De acordo com Braghiroli; Costa (2016, p. 136) o escoamento é definido em três tipos: difuso, laminar e linear. No escoamento difuso a água se direciona por filetes anastomosados no terreno com a presença de cobertura vegetal. Ao longo do tempo a paisagem é capaz de serem identificadas marcas e heranças, que ocorrem no passado, com origens diversas, promovidas por processos naturais e/ou realizadas pela sociedade, de acordo com seu nível tecnológico na produção do seu espaço (NÓBREGA; CUNHA, 2011). De acordo com os autores, que diz: “Nas áreas rurais, a paisagem além de mostrar a organização geoecológica reflete ainda à atividade agrária, já que nela se inscrevem os indicadores visuais das práticas empregadas” (NÓBREGA; CUNHA, 2011, p. 64). A erosão é um processo integrante da dinâmica natural da superfície da Terra, sendo um ativo agente de esculturação do relevo. A erosão existe a milhões de anos, e antecede inclusive ao aparecimento do homem no planeta Terra, com impactos de magnitude variada na formação do modelado terrestre, sobre as rochas e os solos (WEILL; NETO, 2007 apud BRAGHIROLI; COSTA, 2016, p. 135). Jesus; Lopes; Carvalho (2009, p. 3) define a erosão: “A erosão-processo envolve todo o conjunto de ações evolutivas (desagregação/transporte/sedimentação) que poderão se materializar com determinada aparência e estrutura, e que permitirão distinguir as formas erosivas em sulcos, ravinas ou voçorocas”. Oliveira (1999) tece algumas considerações sobre a terminologia e relação aos conceitos de ravinas e voçorocas. Nesse sentido, diz: “Ravinas e voçorocas podem ser consideradas como incisões que resultam da tendência de sistemas naturais a atingir um estado de equilíbrio entre energia disponível e eficiência do sistema em dissipar energia”. (OLIVEIRA, 1999, p. 58). Em relação aos solos, a alteração na quantidade de energia presente no ambiente (representada pela frequência e intensidade de precipitações), bem como mudanças no meio biótico-físico (cobertura da vegetação, uso da terra) podem acarretar a ocorrência de desequilíbrio entre a energia disponível no ambiente e a capacidade de realizar a dissipação de energia. (OLIVEIRA, 1999). Nessa pesquisa, iremos seguir as definições definidas na literatura internacional em relação à distinção entre ravina e voçoroca. Geralmente, prevalecem distinções de caráter dimensional e com base nesse critério, o termo ravina seriam incisões de até 50 centímetros de largura e profundidade. Já as voçorocas apresentam largura e profundidade superior a 50 centímetros. (OLIVEIRA, 1999, p. 59). Guimarães (2011, p. 42), explica que as voçorocas, no geral, apresentam talude instável, tendo evolução por meio de desabamento, notadamente ocorrente em solos arenosos. O autor faz referência à presença de voçorocas no município de Aquidauana (MS), típicas no espaço rural, e enfatiza que o desmatamento irregular como uma das principais causas do fenômeno, principalmente nas bacias hidrográficas dos rios Aquidauana, Negro e Taboco. Matiazo e Fortes (2016, p. 1145), destacam o papel do homem sobre os ambientes, ao afirmar: “O homem e suas ações perante o ambiente físico tem sido o agente impulsionador de processos geomorfológicos que se manifestam em um longo período de tempo, influenciando na ocorrência de fenômenos erosivos acelerados de cunho catastrófico e de custosa reparação de áreas degradadas”. A área de estudo apresenta um histórico do meio físico de fragilidade ambiental devido à reduzida cobertura vegetal de cerrado e solos susceptíveis a processo erosivo. 5. RESULTADOS E DICUSSÕES 5.1 Pluviometria da Área de Estudo Durante o monitoramento da feição erosiva ocorreu situação pluviométrica atípica para a região de Aquidauana que durante 55 anos ficou com o seu índice pluviométrico na faixa de 1.400 mm anuais distribuído sempre em cerca de 1.000 mm nos seis meses de verão (out./mar) e 400 mm no inverno (abr./set), sendo junho e agosto os meses mais secos conforme (SANT’ANNA NETO 1989). No período de maio de 2009 a maio de 2010 ocorreram precipitações pluviométricasacima da média dos últimos 33 anos que não passou dos 122,97 mm, bem abaixo da média do período de monitoramento que alcançou 377 mm num período curto de 13 meses, conforme dados coletados em campo, figura 2. Figura 2 - Índice pluviométrico de maio de 2009 a maio de 2010. 5.2 Análise da Voçoroca O corpo da voçoroca tem 71,0 metros de comprimento 20,0 metros de largura e 4,20 metros de profundidade com uma área de 659 m² com formato bulbiforme (IRELAND et al., 1939 apud BIGARELLA, 2003 p. 928) que funciona como rede de drenagem das águas pluviais que desce das partes mais altas em direção a o córrego Seco afluente sazonal do córrego Fundo em processo avançado de assoreamento. O monitoramento da voçoroca ocorreu do período de maio de 2009 a maio de 2010 com metodologia adaptada de Bigarella e Mazuchowski (1985), que consiste em fixar barras de vergalhões nos taludes da voçoroca sendo que uma na base e outro no topo distribuído em pontos estratégicos onde há maior recuo das cabeceiras do corpo da incisão erosiva. A cada precipitação de chuva mensurou-se cada ponto fazendo-se uma relação entre a pluviosidade que também era monitorada através de um pluviômetro que foi instalado próximo a voçoroca e o recuo de cada cabeceira com o uso de uma trena, conforme figura 3. Figura 3 – Mapa de feição erosiva com os pontos monitorados com vergalhões. Devido à intervenção mecânica para escoamento das águas das chuvas onde se formaram ravinas e também a voçoroca monitorada pode-se observar no campo todos os estágios de formação de processos erosivos lineares, como a compactação do solo da área onde se formaram crostas na superfície, figura 4. Figura 4 – Solo compactado em área de pastagem degradada. Foto: Nelson O. Cunha (2010). A perda de solo por abate na feição erosiva é constante, devido ao solapamento da base dos taludes, conforme figura 5. Figura 5 - Perda de solo por abatimento de blocos na voçoroca em área de pastagem degradada. Foto: Vicente R. Silva (agosto de 2009). Notou-se durante o estudo que a perca de solo está diretamente ligada a o índice pluviométrico e que a maior perca de solo é devido a o abate dos blocos de solo e nos pontos onde se concentra o fluxo do escoamento superficial que foram nomeados de P6 e P7 sendo que os pontos P8 e P9 sofreram perda de solo pelo abate de bloco de solo. Os pontos P6 e P7 (figura 3) foram onde ocorreu maior perda de solo e recuo da cabeceira da feição erosiva, porque durante as precipitações chuvosas forma-se uma espécie de queda d’água (figura 6) nesses pontos onde ocorre a maior desagregação das partículas do solo principalmente da base dos taludes através da formação das alcovas de regressão que é uma espécie de solapamento que devido a força da gravidade ocorre o desmoronamento das paredes voçoroca que é o maior responsável pelo recuo da cabeceira aumentando as dimensões da feição erosiva em direção a montante com um formato bulbiforme (IRELAND et al., 1939 apud BIGARELLA, 2003, p. 928). A erosão por queda de água (plunge pool erosion), também conhecido com “efeito cachoeira” já foi observada por nós na área de estudo da voçoroca em uma pequena propriedade rural, próximo à rodovia (MS-450) que dá acesso ao distrito de Piraputanga no município de Aquidauana (MS). O episódio ocorreu no dia 23 de agosto de 2009, durante uma forte chuva, que provocou quedas de imensos blocos dentro da voçoroca e o “efeito cachoeira” de fluxo concentrado de água oriundo, a montante de uma área de pastagem adjacente (figura 6). Figura 6 - Erosão por “efeito cachoeira” e solapamento da base do talude da voçoroca, em área de pastagem. Foto: Vicente R. Silva (23 ago/2009). 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise pedomorfológica obtidas através das tradagens feitas na área de estudo contribuiu para um diagnóstico sobre um dos principais fatores que contribui para a formação da feição erosiva, devido a pouca coesão do solo e a falta de práticas conservacionistas no manejo do solo da área e o alto índice de precipitações pluviométricas que ocorreram durante o monitoramento da estação experimental. O estudo definiu que as ações antropogênicas foi um dos maiores fatores para a formação da voçoroca sendo que ela surgiu através de um canal construído pelo proprietário da área para desvio das águas pluviais que descem da vertente em direção ao vale do córrego fundo. As ações antropogênicas na área devem ser bem restritas devido à suscetibilidade e fragilidade do solo a ação do escoamento superficial das águas da chuva, e também a falta de técnicas no uso e manejo do solo o pisoteio do gado vão cada vez mais agravando a situação da área e o córrego Fundo recebe toda esta carga de sedimentos o que contribui ainda mais para seu assoreamento. REFERÊNCIAS BIGARELLA, João José. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis: UFSC, v. 3, 2003. BIGARELLA, João José; MAZUCHOWSKI, Jorge Z. Visão integrada da problemática da erosão. Livro guia do 3º Simpósio Nacional de Erosão. Curitiba, 1985. BOULET, René. Análise Estrutural da Cobertura Pedológica e Cartográfica. 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