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1592599814E-BOOK_3__crime_eleitoral_pr-candi

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CONDUTAS VEDADAS
EM ANO ELEITORAL
AOS AGENTES
PÚBLICOS
SOBRE O AUTOR
Igor Pereira Pinheiro
Promotor de Justiça do MPCE, Especialista, Mestre e Doutorando em Ciências 
Jurídico-Políticas pela Universidade de Lisboa, Coordenador das Pós-Graduações 
em Direito Político/Prática Eleitoral, Direito Administrativo e Compliance/
Repressão à Corrupção, todas da Faculdade CERS. Autor dos livros “Condutas 
Vedadas em Ano Eleitoral”; “Crimes Eleitorais e Conexos”; “Lei do Abuso de 
Autoridade Comentada”, “Lei Anticrime Comentada” e “Vade Mecum de Direito 
Anticorrupção Comentado”, todos pela Editora JH Mizuno.
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
3
 
 
1. Uso de Organização Comercial 
e Atividades Beneficientes para 
a Realização de Propaganda ou 
Aliciamento de Eleitores
Art. 334. Utilizar organização comercial 
de vendas, distribuição de mercadorias, 
prêmios e sorteios para propaganda ou 
aliciamento de eleitores:
Pena - detenção de seis meses a um ano e 
cassação do registro se o responsável for 
candidato.
BREVE INTRODUÇÃO AO TIPO:
Tradicionalmente, um dos mecanis-
mos mais utilizados por pré-candidatos, 
candidatos, partidos políticos e cabos 
eleitorais para obter vantagem ilícita na 
corrida pela vitória nas urnas ocorre por 
meio da distribuição gratuita ou qua-
se não-onerosa (à preços módicos ou 
subvencionados) de benesses em geral 
(mercadorias, serviços ou prêmios), tudo 
como forma de aliciar eleitores, em es-
pecial aqueles mais humildes.
Trata-se de estratégia vil e que deve 
ser reprimida de maneira exemplar, uma 
vez que esse tipo de comportamento gera 
nos eleitores mais incautos uma mistura 
dos sentimento de gratidão1 e expectativa 
1 Nesse mesmo sentido: “A distribuição de mercadorias 
e de prêmios pode gerar vínculo psicológico no eleitor 
para com o doador, de maneira a cercear a liberdade do 
primeiro de escolher livremente o candidato conforme 
seus próprios critérios e suas próprias convicções 
político-morais.” (GOMES, José Jairo. Op. cit. p.146).
quanto à sua continuidade durante o man-
dato político a ser exercido pelo candidato 
“benfeitor”.
Ocorre que esses atos de “caridade 
política” (leia-se: cooptação eleitoral escu-
sa), cuja frequência e intensidade aumen-
tam em nível diretamente proporcional à 
proximidade do pleito eleitoral, podem 
ter também outro fim que não seja o de 
aliciar eleitores, mas, sim, o de promover 
politicamente determinado partido políti-
co, pré-candidato ou candidato oficializa-
do perante a Justiça Eleitoral.
Quem conhece a realidade, sabe da 
proliferação de bingos, rifas, bolões, baza-
res, ou qualquer evento assemelhado com 
os fins proibidos pelo tipo penal em estu-
do, razão pela qual deve-se atentar para 
a circunstância de que esse delito pode 
ser praticado a qualquer momento, 
independentemente de ser ou não 
ano eleitoral.2
2 - CRIME ELEITORAL. DELITO PREVISTO NO 
ART. 334 DO CÓDIGO ELEITORAL. RÉU 
ABSOLVIDO POR SENTENÇA DE PRIMEIRO 
GRAU. REFORMA DE SENTENÇA. 1 - O único 
objetivo visado pelo acusado na distribuição de 
cestas básicas foi a propaganda eleitoral, a fim de 
garantir sua permanência ad eternum no poder. 2 -É 
irrelevante a ocorrência ou não de pleito eleitoral. 
3 - Comprovado está nos autos que o acusado vem 
praticando este crime eleitoral desde o ano de 1997 
até março de 1999, o que subsume a figura penal 
da continuidade delitiva. 4 - Recurso conhecido e 
provido para reformar a sentença de primeiro grau. 
(TRE/ES, RECURSO CRIMINAL n 12, ACÓRDÃO 
n 100 de 17/09/2001, Relator(a) ALINALDO FARIA 
DE SOUZA, Relator(a) designado(a) MACÁRIO 
RAMOS JÚDICE NETO, Revisor(a) MAURÍLIO 
ALMEIDA DE ABREU, Publicação: DOE - 
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
4
 
 
Nesse contexto, não se pode deixar 
de referenciar diversas práticas desse 
crime no ano de 2020, por efeito da 
pandemia da COVID-19, quando ges-
tores públicos e outros pré-candidatos, 
supostamente “sensibilizados” com a grave 
crise sanitária e a queda no rendimento da 
população em geral, passaram a doar, mi-
diaticamente, itens de higiene pessoal, de 
proteção individual ou de cestas básicas, 
com a vil estratégia de divulgação e gran-
de promoção pessoal nas redes sociais, de 
natureza institucional ou mesmo particular. 
Em tais hipóteses, o dolo específico do 
tipo de aliciamento de eleitores está, em 
nosso sentir, plenamente caracterizado, 
devendo o Ministério Público Eleitoral, 
Polícia Federal e Justiça Eleitoral coibir, 
de maneira exemplar, práticas dessa natu-
reza, pois violadoras, a um só tempo, da 
igualdade de oportunidades que o crime 
tutela, bem como indiciária, no campo 
cível, da conduta vedada do artigo 73, IV 
e §10 c/c artigo 74 da Lei n°9.504/97 e 
do abuso de poder econômico e político 
(no casos dos gestores), sem embargo do 
desprezível comportamento imoral de al-
guém tentar tirar proveito eleitoreiro de 
uma dramática situação que atinge a to-
dos, em especial os os de maior vulnera-
bilidade social. 
Nesse contexto, portanto, de salvaguar-
da do processo eleitoral contra o abuso 
do poder econômico é que foi concebido 
Diário Oficial do Estado do Espírito Santo, Data 
22/10/2001, Página 104).
o presente tipo penal (com quatro mo-
dalidades delituosas), que não é o único 
mecanismo da legislação eleitoral a punir 
essas lastimáveis práticas do cenário polí-
tico-partidário brasileiro3.
BEM JURÍDICO TUTELADO:
O tipo penal em análise tutela dois 
bens jurídicos eleitorais, a saber: a) a liber-
dade do exercício do voto; b) a igualdade 
de oportunidades no pleito4.
SUJEITOS DO CRIME:
O crime em análise, que comporta 
quatro modalidades delituosas, pode ser 
próprio ou comum, a depender do caso 
concreto. 
Se a conduta for praticada por “organi-
zação comercial de vendas”, que pressupõe 
a figura do empresário (de direito ou de 
fato, regular ou irregular), o crime será 
próprio, o que não ocorre nas ouras três 
hipóteses, conforme já decidiu o Tribunal 
Superior Eleitoral (TSE):
3 Não se deve esquecer que, além do artigo 334, do 
Código Eleitoral, a doação de bens pode configurar 
outros ilícitos eleitorais, a saber: a) crime de corrupção 
eleitoral estrito senso (artigo 299, CE); b)captação ilícita 
de sufrágio (artigo 41-A, da Lei nº9504/97); c) conduta 
vedada aos agentes públicos em ano eleitoral (artigo 73, 
IV ou artigo 73, §10, ambos da Lei nº9504/97); d) abuso 
de poder econômico, a ser reprimido via AIME ou AIJE; 
d) irregularidade administrativa na propaganda eleitoral 
ou gastos ilícitos de campanha (artigo 39, §6º, da Lei 
nº9504/97).
4 TRE/MS, PROCESSOS E OUTROS FEITOS NAO 
ESPECIFICADOS n 4/98, Acórdão n 2898 de 
02/07/1998, Relator(a) FERNANDO MAURO 
MOREIRA MARINHO, Publicação: DJ - Diário de 
Justiça, Data 07/07/1998, Página 38.
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
5
 
 
-------------------------------------------------------------------------------------
Crime Eleitoral. Propaganda ou aliciamento 
de eleitores - Artigo 334 do Código Eleitoral. 
Abrangência. O artigo 334 do Código Eleitoral 
encerra quatro tipos penais, todos ligados a uti-
lização de meios objetivando a propaganda ou 
o aliciamento de eleitores: a) valer-se de orga-
nização comercial de vendas; b) distribuir mer-
cadorias; c) distribuir prêmios e d) proceder a 
sorteios. Os três últimos não pressupõem ne-
cessariamente, o envolvimento de organização 
comercial de vendas, podendo resultar de ati-
vidade desenvolvida por qualquer outra pessoa 
jurídica ou natural, como ocorre quando a dis-
tribuição de mercadorias seja feita por entidade 
assistencial, colocando-se nas cestas a fotogra-
fia de certo candidato. (TSE, Recurso Especial 
Eleitoral nº 9607, Relator(a) Min. Marco Aurélio 
Mendes De Farias Mello, Publicação: DJ - Diá-
rio de justiça, Data 09/08/1993,Página 15215).
-------------------------------------------------------------------------------------
CONDUTAS:
Como visto acima, o artigo 334 cri-
minalizou 4 (quatro) condutas específicas 
bem delimitadas, a saber:
1 – Utilizar organização comercial 
de vendas, que significa usar, empregar, 
servir-se de sociedade empresarial ou dos 
seus serviços para os fins específicos de pro-
paganda eleitoral (política, partidária e intra-
partidária) ou o aliciamento de eleitores. 
Nesse sentido, o Tribunal Regional 
Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE/
MS) decidiu5 que essa modalidade resta 
5 TRE/MS, RECURSO ORDINARIO n 1/98, Acórdão 
n 3410 de 25/05/1999, Relator(a) ANTONIO 
RIVALDO MENEZES DE ARAUJO, Publicação: DJ - 
Diário de Justiça, Data 27/05/1999, Página 44.
caracterizada com “a propaganda eleitoral 
veiculada por cartazes referentes a festival 
musical, donde consta dados identificadores 
dos patrocinadores como sendo candidatos, 
que se beneficiam politicamente de tal vei-
culação”. Outra hipótese factível de 
ocorrência diz respeito ao fato da “orga-
nização comercial” realizar promoções ou 
“queimas” nos preços dos seus produtos, 
deixando bem claro que se trata de me-
dida possível somente pelo empenho de 
determinado partido, pré-candidato ou 
candidato (nesse caso, a promoção é de 
fachada, pois os beneficiários pagam “por 
fora” ao empresário o valor correspon-
dente aos descontos concedidos).
2 – Distribuir mercadorias, que 
tem o sentido de dar, doar, oferecer ou 
entregar bens materiais (como remédios, 
próteses, combustível, cestas básicas, cal-
çados, material de construção ou de es-
porte, produtos de beleza, roupas etc) 
com vistas a realização de propaganda 
eleitoral (política, partidária e intraparti-
dária) ou o aliciamento de eleitores. 
É importante deixar registrado que 
nessa modalidade não há obrigatoriedade 
quanto à gratuidade na distribuição das 
mercadorias, uma vez que o legislador não 
fez esse tipo de restrição expressamente. 
Nesse tocante, aliás, cumpre lembrar o 
leitor de que a legislação eleitoral, quando 
quer registrar a gratuidade como funda-
mental para a configuração de um ilícito 
deixa isso registrado sem dúvidas, como 
é o caso da conduta vedada prevista no 
artigo 73, §10, da Lei nº9504/97. 
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
6
 
 
Assim, nesse caso, o importante é que a 
distribuição represente uma vantagem con-
siderável para o beneficiário (não necessa-
riamente a gratuidade – que é a regra geral, 
convenhamos), já que a finalidade é aliciar 
eleitores e não necessariamente comprar o 
seu voto (nesse caso, que configura o delito 
do artigo 299, a distribuição da mercadoria 
há de ser necessariamente gratuita e com o 
fim de obter voto ou abstenção). 
Citamos como exemplo de distribui-
ção vantajosa (não-gratuita) interditada por 
esse tipo a subvenção parcial ou quase total 
dos produtos distribuídos em determinado 
evento, em que as pessoas a serem alicia-
das apenas pagam uma “taxa” simbólica 
para cobrir os custos da segurança, energia, 
ou qualquer desculpa que seja dada.
3 – Distribuir prêmios, que tem o 
sentido de dar, doar, oferecer ou entre-
gar dádivas, que podem ser bens materiais 
(como remédios, próteses, combustível, 
cestas básicas, calçados, material de cons-
trução ou de esporte, produtos de bele-
za, roupas etc) ou a prestação de serviços 
(corte de cabelo, procedimentos estéti-
cos, dentários e de saúde em geral), tudo 
com vistas a realização de propaganda 
eleitoral (política, partidária e intraparti-
dária) ou o aliciamento de eleitores.
Nesse contexto, o Tribunal Superior 
Eleitoral (TSE) decidiu6 que configura o 
crime do artigo 334, do Código Eleito-
6 Recurso Especial Eleitoral nº 16247, Relator(a) Min. 
José Eduardo Rangel De Alckmin, Publicação: DJ - 
Diário de justiça, Data 02/06/2000, Página 59.
ral, “a distribuição de prêmios em festival 
musical patrocinado por candidatos com 
intuito de propaganda eleitoral”. É impor-
tante deixar registrado, mais uma vez, que 
nessa modalidade não há obrigatoriedade 
quanto à gratuidade na distribuição dos 
prêmios, uma vez que o legislador não 
fez esse tipo de restrição expressamente. 
Nesse tocante, aliás, cumpre lembrar o 
leitor de que a legislação eleitoral, quando 
quer registrar a gratuidade como funda-
mental para a configuração de um ilícito 
deixa isso registrado sem dúvidas, como 
é o caso da conduta vedada prevista no 
artigo 73, §10, da Lei nº9504/97, que fala 
exatamente da proibição da “distribuição 
gratuita de bens”.
Assim, no caso do delito sob estudo, 
o importante é que a distribuição repre-
sente uma vantagem considerável para o 
beneficiário (não necessariamente a gra-
tuidade7 – que é a regra geral, convenha-
mos), já que a finalidade é aliciar eleitores 
e não necessariamente comprar o seu 
voto (nesse caso, que configura o delito 
do artigo 299, a distribuição da mercado-
ria há de ser necessariamente gratuita e 
com o fim de obter voto ou abstenção). 
7 Caso bastante recorrente na prática é a distribuição 
de prêmios nos comícios eleitorais. Nesse sentido: 
Crime de aliciamento de eleitores mediante sorteio 
de bens valiosos (art. 334 do CE.) – acusação contra 
candidatos a prefeito municipal, vice e terceiros 
de terem sorteado brindes entre eleitores durante 
comício - denúncia recebida porque presentes os 
pressupostos a tanto necessários. (TRE/SP, RECURSO 
n 743, Acórdão n 133763 de 10/02/1999, Relator(a) 
Eduardo Bottallo, Publicação: DOE - Diário Oficial 
do Estado, Data 25/02/1999).
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
7
 
 
Citamos como exemplo de distribui-
ção vantajosa, mas não-gratuita, interdita-
da por esse tipo a cobrança de uma “taxa 
de administração ou de transporte” para o 
recebimento dos prêmios. 
4 – Utilizar sorteios, que significa 
usar, empregar, servir-se de eventos de 
sorteamento de prêmios para os fins es-
pecíficos de propaganda eleitoral (política, 
partidária e intrapartidária) ou o alicia-
mento de eleitores. 
É importante deixar registrado, mais 
uma vez, que nessa modalidade não há 
obrigatoriedade quanto à gratuidade para 
participação dos sorteios ilícitos, uma vez 
que o legislador não fez esse tipo de res-
trição expressamente. Nesse tocante, 
aliás, cumpre lembrar o leitor de que a 
legislação eleitoral, quando quer registrar 
a gratuidade como fundamental para a 
configuração de um ilícito deixa isso re-
gistrado sem dúvidas, como é o caso da 
conduta vedada prevista no artigo 73, §10, 
da Lei nº9504/97.
Assim, no caso do delito sob estudo, o 
importante é que ocorra o sorteio. Se pa-
gou ou não, isso é indiferente para a tipici-
dade (servindo apenas para análise quan-
do da fixação da pena), já que a finalidade 
é aliciar eleitores e não necessariamente 
comprar o seu voto. 
Citamos como exemplo de distribui-
ção vantajosa, mas não-gratuita, interdita-
da por esse tipo a cobrança de uma “taxa 
de participação” módica ou simbólica para 
que a pessoa possa participar do sorteio 
de prêmios. 
Sobre essas quatro modalidades, 
deve-se atentar para o fato de que a 
tipicidade do aliciamento de eleitores 
está condicionada ao direcionamento 
a eleitores (no plural, portanto, mais 
de um)! 
TIPICIDADE SUBJETIVA:
Todas as infrações penais eleitorais só 
comportam a sua prática na modalidade 
dolosa, motivo pelo qual inexiste crime 
eleitoral culposo. 
Essa regra é extraída a partir da consta-
tação de que nas infrações penais eleitorais 
inexiste qualquer menção à possibilidade de 
sua prática na modalidade culposa, o que faz 
com que, por força do disposto no artigo 
287 do Código Eleitoral, aplique-se o artigo 
18, parágrafo único do Código Penal.
É importante registrar que, nesse caso,há necessidade de comprovação do fim 
específico de realizar propaganda ou 
aliciar eleitores8, sob pena de atipi-
cidade da conduta9 ou, até mesmo, 
8 Recurso Criminal. Crime eleitoral. Utilização de organi-
zação comercial de vendas, distribuição de mercadorias, 
prêmios e sorteios para propaganda e aliciamento de 
eleitores. Venda de rifas. Artigo 334 da Lei n. 4.737/65 
do Código Eleitoral, na forma do artigo 71, caput, do 
Código Penal. Para a caracterização do crime pre-
visto no art. 334 do Código Eleitoral, é necessária 
prova robusta do intuito de realizar propaganda 
eleitoral ou de aliciar eleitores. Na espécie, ausente 
prova segura da autoria do delito. O recorrente não se 
desincumbiu do ônus probante que lhe cabia. (TER/RS, 
Recurso Criminal n 5622, ACÓRDÃO de 09/10/2014, 
Relator(a) DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS, Publi-
cação: DEJERS - Diário de Justiça Eletrônico do TRE-RS, 
Tomo 184, Data 13/10/2014, Página 2).
9 - RECURSO CRIMINAL - CANDIDATO A VEREA-
DOR - DOAÇÃO DE PRÊMIO PARA SORTEIO - BI-
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
8
 
 
caracterização de outro delito, que 
pode ser autônomo10 ou em concurso 
material11.
LHETE COM NOME DO CANDIDATO - PROPA-
GANDA ELEITORAL - ALICIAMENTO DE ELEITOR 
- DOLO ESPECÍFICO - INEXISTÊNCIA - CONDUTA 
TIPIFICADA NO ART. 334 DO CÓDIGO ELEITORAL 
- NÃO CONFIGURAÇÃO - PROVIMENTO DO RE-
CURSO. 1. Comporta o art. 334 do Código Eleitoral 
quatro tipos penais, mediante os quais, o agente, por 
sua livre e determinada vontade, age com o intuito de 
promover propaganda eleitoral ou aliciamento de elei-
tores. 2. Não há do que se falar no crime contra a 
propaganda tipificado no art. 334 do CE, apesar 
de a conduta ter sido praticada em ano eleitoral, 
quando inexistem provas robustas capazes de 
comprovar que o agente atuou especificamente 
com dolo, objetivando angariar qualquer benesse 
de natureza eleitoral. 3. Recurso provido. (TRE/CE, 
RECURSO CRIMINAL n 11123, ACÓRDÃO n 11123 
de 02/03/2009, Relator(a) HAROLDO CORREIA DE 
OLIVEIRA MÁXIMO, Publicação: DJ - Diário de justiça, 
Tomo 51, Data 18/03/2009, Página 138/139).
10 RECURSO ESPECIAL ELEITORAL. ELEIÇÕES 2008. 
PREFEITO. CRIME. ART. 299 DO CÓDIGO ELEITO-
RAL. CORRUPÇÃO ELEITORAL. ELEMENTO SUBJE-
TIVO DO TIPO. COMPROVAÇÃO. CONDUTA TÍPI-
CA. 1. O crime de corrupção eleitoral ativa (art. 299 do 
CE) consuma-se com a promessa, doação ou ofereci-
mento de bem, dinheiro ou qualquer outra vantagem 
com o propósito de obter voto ou conseguir abstenção. 
2. No caso, o candidato a prefeito realizou aproximada-
mente doze bingos em diversos bairros do município de 
Pedro Canário, distribuindo gratuitamente as cartelas e 
premiando os contemplados com bicicletas, televisões e 
aparelhos de DVD. 3. Ficou comprovado nas instâncias 
ordinárias que os eventos foram realizados pelo recor-
rente com o dolo específico de obter votos. No caso, 
essa intenção ficou ainda mais evidente por ter o recor-
rente discursado durante os bingos, fazendo referência 
direta à candidatura e pedindo votos aos presentes. 4. 
Recurso especial desprovido. (Recurso Especial Eleito-
ral nº445480, Acórdão, Relator(a) Min. Fátima Nancy 
Andrighi, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Data 19/08/2011, Página 15/16).
11 “É possível o concurso material entre o delito de 
corrupção eleitoral tipificado no art. 299 do CE e 
o crime do art. 334 do CE, sobretudo quando este é 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
O tipo se consuma a partir do momen-
to em que ocorre qualquer das condutas 
previstas no tipo, pouco importando se 
houve ou não aptidão para influenciar o 
cidadão no seu voto.
Apenas nas modalidades de distribuir 
mercadorias e prêmios, faz-se necessária 
a efetiva entrega para a consumação, pois, 
impedida a tempo, haverá apenas tentativa. 
Nas outras duas hipóteses (utilizar or-
ganização comercial e realizar sorteios), 
a simples conduta proibida consuma do 
delito. É exatamente por isso que não po-
dem ocorrer os bingos e rifas com a finali-
dade eleitoral12. 
Como se trata de crime plurissubsis-
tente, admite-se a tentativa, como no caso 
de apreensão do material a ser utilizado 
para os fins proibidos pelo tipo penal em 
estudo.
praticado sob a modalidade do aliciamento. É o caso, p. 
ex., em que o autor do delito organiza e dá publicidade 
de evento em que haverá distribuição de prêmios e, no 
momento em que os eleitores estão presentes, passa a 
oferecer dinheiro em troca do voto. Quando, porém, o 
crime deste art.334 do CE é cometido com a finalidade 
de propaganda eleitoral, torna-se mais tênue a distinção 
com a corrupção eleitoral. Parece coerente admitir que 
se os eleitores são expostos coletivamente à propaganda 
eleitoral, incide o art. 334; se existe abordagem direta, 
com pedido de votos, ainda que implícito, aplica-se o 
art. 299.” (MEDEIROS, Marcílio Nunes. Op. cit., 
p.669).
12 “Sob esse prisma, também são penalmente proscritos 
todos e quaisquer sorteios (ex. rifas, bingos) e a 
distribuição de prêmios, quando presente a finalidade 
específica de aliciamento do tipo penal.” (ZILIO, 
Rodrigo López. Op. cit.p.184).
https://www.editorajhmizuno.com.br/produto/crimes-eleitorais-e-conexos-aspectos-materiais-e-processuais-eleicoes-2020-81151
9
 
 
POSSIBILIDADE DE RESPONSA-
BILIZAÇÃO PENAL DO DIRETÓRIO 
LOCAL DE PARTIDO POLÍTICO:
O artigo 336, do Código Eleitoral, 
estabelece que “na sentença que julgar a 
ação penal pela infração de qualquer dos 
artigos. 322, 323, 324, 325, 326,328, 329, 
331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz ve-
rificar, de acordo com o seu livre conven-
cimento, se diretório local do partido, por 
qualquer dos seus membros, concorreu para 
a prática de delito, ou dela se beneficiou 
conscientemente”, de modo que, “nesse 
caso, imporá o juiz ao diretório responsável 
pena de suspensão de sua atividade eleito-
ral por prazo de 6 a 12 meses, agravada até 
o dobro nas reincidências.”
Trata-se da responsabilidade penal do 
Diretório local do partido beneficiado com 
qualquer das condutas delituosas pratica-
das por seus membros, cuja eficácia é ple-
na à luz da atual Carta Política, desde que 
o ente partidário participe do processo 
judicial, isto é, seja denunciado ou chama-
do ao processo no primeiro momento em 
que se verificar a possibilidade aplicação da 
sanção, haja vista a necessidade de respeito 
aos postulados constitucionais do contradi-
tório e da ampla defesa (artigo 5º, LIV e LV, 
da CF/88).
É importante salientar que, para a inci-
dência dessa responsabilização penal das 
agremiações locais, é necessário compro-
var sempre algum comportamento doloso 
(já que não existe crime eleitoral culposo) 
de um dos seus membros, que pode se 
dar com a realização de qualquer das con-
dutas proibidas ou se agiu de forma a se 
beneficiar do ilícito.
2. Investigações Criminais “Guarda-
-Chuvas” ou “Fishing Expedition”
Sendo o inquérito policial uma ação ad-
ministrativa do Estado, deve o mesmo ser 
conduzido à luz dos direitos e garantias 
fundamentais elencados no Texto Supremo 
e dos princípios (explícitos e implícitos) da 
Administração. 
Nesse sentido, só se justifica uma in-
vestigação oficial quando há fato(s) su-
postamente criminoso(s) a ser(em) 
apurado(s)13, sendo vedada a instauração 
de procedimentos abstratos e genéricos, 
que, via de regra, servem apenas para per-
seguir pessoas. 
Infelizmente, ainda se vê muito na prá-
tica os “inquéritos guarda-chuvas”, 
que são exatamente aqueles que possuem 
o objeto genérico e indeterminado. Trata-
-se de expediente ilegal, conhecido na 
doutrina como “fishing expedition” ou 
“expedição de pesca”14:
“Aplicando-se isso ao processo penal, tem-se que 
a fishig expedition é a conduta da autoridade que 
lança mão de um procedimento investigatório 
13 Vide artigo 4°, do Código de Processo Penal: A políciajudiciária será exercida pelas autoridades policiais no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por 
fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
14 ARAUJO, Fábio Roque e COSTA, Klaus Negri. Op. 
cit. P.175.
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sem um objetivo certo ou delimitado, na espe-
rança de que – com sorte – algo do interesse da 
investigação aparecerá. Pode ser um objeto de 
investigação ou mesmo uma pessoa. Não se sabe. 
Nas palavras de Ghizoni Silva, Melo e Silva e 
Morais da Rosa, define-se pesca probatória 
“como a apropriação de meios legais para, sem 
objetivo traçado, pescar qualquer espécie de 
evidência, tendo ou não relação com o caso 
concreto. Trata-se de uma investigação especu-
lativa indiscriminada, sem objetivo certo ou de-
clarado, que, de forma ampla e genérica, lança 
suas redes com a esperança de pescar qualquer 
prova, para subsidiar uma futura acusação ou 
para tentar justificar uma ação já iniciada.” 
É de se destacar que o uso desse ex-
pediente na área criminal15 revela indí-
cio forte da prática do crime de abuso 
de autoridade previsto no artigo 27, da 
Lei n°13.869/201916, pois a forma como 
15 No campo cível, não se pode falar de “fishing expe-
dition” no caso de inquéritos civis públicos ou proce-
dimentos administrativos que tratam da prevenção e 
repressão à ilícitos, uma vez que o Ministério Público 
tem o dever de zelar pela regularidade dos serviços 
públicos, o respeito às leis e, em especial, combater 
a corrupção, de modo que a sua lei orgânica autoriza, 
inclusive, a expedição de recomendações `as auto-
ridades públicas e particulares com o fim de evitar 
ou sustar práticas ilícitas, sendo dominante o entendi-
mento institucional a nível disciplicar que a expedição 
dessas recomendações só pode ocorrer no bojo de 
um procedimento prévio(vide artigo 27, parágrafo 
único, da Lei n°8.625/93). Ora, se ao Parquet defere-
-se legalmente a possibilidade jurídica de recomen-
dar a abstenção de determinados comportamentos 
ilegais, claro que não existe ilicitude na instauração 
de procedimentos voltados para esse fim e, se a pes-
soa recomendada descumpre as mesmas, já existe 
fundamento para a continuidade do procedimento e 
ajuizamento das providências cabíveis.
16 Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar proce-
dimento investigatório de infração penal ou adminis-
se dá a operacionalização dessas investi-
gações criminais genéricas aponta que o 
investigador quer coletar provas contra al-
guém ou um grupo específico (elementar 
da satisfação pessoal exigida pelo artigo 
1° do mesmo diploma legal), mesmo sem 
possuir qualquer indício, e tenta legitimar 
essa finalidade específica com discursos 
genéricos de “defesa da legalidade” etc. 
Em nosso sentir, não se aplica aqui a 
consagrada tese jurisprudencial de que as 
irregularidades cometidas no bojo de 
um inquérito não contaminam a ação 
penal17, pois estamos diante de um vício de 
trativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer 
indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de 
infração administrativa: Pena - detenção, de 6 (seis) 
meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Não 
há crime quando se tratar de sindicância ou investiga-
ção preliminar sumária, devidamente justificada.
17 HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E POS-
SE DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO. IN-
QUÉRITO POLICIAL. CONTRADITÓRIO E AMPLA 
DEFESA. AUSÊNCIA. NULIDADE. NÃO OCOR-
RÊNCIA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. ILE-
GALIDADE FLAGRANTE NÃO CONFIGURADA. 
1. O inquérito policial, ou outro procedimento inves-
tigatório, constitui peça meramente informativa, sem 
valor probatório, apenas servindo de suporte para a 
propositura da ação penal. Eventual vício ocorrido 
nessa fase não tem o condão de contaminar a ação 
penal, sendo que a plena defesa e o contraditório são 
reservados para o processo, quando há acusação for-
malizada por meio da denúncia (RHC n. 19.543/DF, 
Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 11/2/2008). 
2. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça, o processo penal é regido pelo princípio do 
pas de nullité sans grief e, por consectário, o reco-
nhecimento de nulidade, ainda que absoluta, exige a 
demonstração do prejuízo (CPP, art. 563), o que não 
ocorreu na espécie (RHC n. 101.956/MG, Ministro 
Felix Fisher, Quinta Turma, DJe 3/10/2018). 3. Ao to-
mar conhecimento das questões levantadas pela de-
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origem que macula a própria finalidade do 
ato administrativo (sim, atos do inquérito 
policial possuem essa característica), cuja 
consequência é a sua nulidade ex tunc (vide 
artigo 2°, da Lei n°4.717/65), salvo se hou-
ver outros elementos de prova coletados, 
que sejam independentes. Até porque não 
se trata de irregularidade, mas de crime!
3. Saiba Tudo Sobre Corrupção 
Eleitoral
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar 
ou receber, para si ou para outrem, 
dinheiro, dádiva, ou qualquer outra 
vantagem, para obter ou dar voto e para 
conseguir ou prometer abstenção, ainda 
que a oferta não seja aceita:
Pena - reclusão até quatro anos e 
pagamento de cinco a quinze dias-multa.
BREVE INTRODUÇÃO AO TIPO:
A corrupção eleitoral, infelizmente, é 
uma realidade marcante do processo elei-
toral brasileiro, sendo eleitores e políticos 
recorrentes nessa prática criminosa. Estes 
se dizem “vítimas” daqueles, que suposta-
mente se aproveitam do período eleitoral 
para “tirar alguma vantagem de quem só 
aparece de 4 em 4 anos”. 
fesa, o Magistrado abriu novamente o contraditório, 
dando oportunidade às partes para se manifestarem 
sobre o assunto. Assim, não há falar em violação dos 
princípios do contraditório e da ampla defesa. 5. Or-
dem denegada. (STJ, HC 410.942/SP, Rel. Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado 
em 19/03/2019, DJe 26/03/2019).
É uma simbiose criminosa, sem dúvi-
das, mas de maior culpabilidade por par-
te dos players da disputa eleitoral. Exigir 
consciência política e democrática de 
quem, muitas vezes, não sabe ler/escrever 
ou não tem o que comer no dia seguinte 
é ignorar a realidade dos fatos em um ro-
mantismo ou garantismo inútil ao aperfei-
çoamento de nossa democracia.
A gravidade da corrupção eleitoral é 
severa para a legitimidade do processo de-
mocrático e da classe política, uma vez que 
o povo não se vê representado de fato por 
quem ostenta essa qualidade formal. A cul-
pa, como já dito, não é do eleitor, mas da 
classe política, que transformou o processo 
eleitoral em um “vale-tudo”, em que a única 
vergonha é a de perder. Raras são as exce-
ções, infelizmente! 
Essa triste constatação é estimulada, 
em certa parte, pela ineficiência penal do 
artigo 299 do Código Eleitoral, que não 
pune exemplarmente quem comete um 
dos mais sérios atentados à higidez das 
eleições, colocando em xeque o próprio 
sistema democrático. 
Praticar “compra de votos” e ter a cer-
teza de que, se for primário, poderá gozar 
dos benefícios da suspensão condicional 
do processo ou de eventual acordo de 
não persecução penal é uma das causas 
que levam cabos eleitorais e políticos a 
“investirem” nessa conduta, pois o custo 
benefício compensa. Ah, lembram daque-
la célebre frase tupiniquim: “No Brasil, o 
crime compensa!”? Eis um exemplo claro. 
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Exatamente por isso, defendo que não 
são cabíveis, a priori, os institutos des-
penalizadores da suspensão do pro-
cesso ou do acordo de não persecu-
ção penal para o crime de corrupçãoeleitoral, pois acordos extrapenais não 
possuem, diante de nossa realidade social, 
a aptidão para inibir novos comportamen-
tos dessa natureza, pois o que se vê, no 
mundo real, é a sensação da mais absolu-
ta impunidade. Ressalvo, porém, que, no 
caso do criminoso aceitar eventual condi-
ção de renúncia a candidatura presente ou 
futura o acordo de não persecução seria 
cabível, pois teríamos, de fato, uma medi-
da concreta, socialmente perceptível, de 
que o crime não compensou. Do contrá-
rio, é quase um jogo de loteria que vale a 
pena o corruptor apostar, pois as chances 
dele ser flagrado duas vezes pelo mesmo 
crime é muito pequena.
Pois bem, o que se espera de lege 
ferenda é uma punição exemplar para 
as condutas criminosas do artigo 299, 
tal como ocorre com o artigo 11, V, da 
Lei nº6091/74, em que só há uma pena: 
cassação do registro ou do diploma do 
candidato beneficiado pela conduta cri-
minosa. 
Até lá, porém, cabe a todos exigir dos 
órgãos de fiscalização e do Poder Judi-
ciário uma postura intransigente contra 
atos desse jaez, sendo medida de rigor 
a decretação da prisão preventiva (pelo 
menos até o dia da eleição) daqueles que 
forem flagrados praticando esse crime em 
concurso de crimes18. Essa é a única forma 
de tutelar a lisura eleitoral, bem jurídico 
de envergadura constitucional e pressu-
posto para a legitimidade da democracia 
nacional.
Cito, nessa linha, os seguintes pre-
cedentes do Tribunal Superior Eleitoral 
(TSE):
-------------------------------------------------------------------------------------
1 - “(...) Os requeridos, utilizando recursos 
públicos e outros de origem não identifica-
da, praticaram vários crimes, prometendo 
e distribuindo dinheiro e diversos bens em 
troca de votos. Ora, não se pode desconsi-
derar que esses atos foram praticados duran-
te o período eleitoral. É preciso, pois, punir 
com rigor aqueles que pretendem ofender 
o sistema democrático, tencionando in-
fluenciar, na livre vontade do eleitor e, em 
consequência, comprometer a legitimida-
de do sufrágio. (...) Ademais, a garantia da 
ordem pública não é de ser entendida somen-
te como medida abortiva de novos crimes que 
porventura possam os agentes praticarem mas 
também como elemento tranquilizador da so-
ciedade, onde um crime de proporções sérias 
reverbera mais intensamente, preservando, da 
mesma forma, a credibilidade da Justiça, con-
fiando-se ao Juiz do processo o cotejo destes 
questões, que é quem melhor pode sopesá-las. 
Em suma, as imputações que pesam con-
tra os requeridos são gravíssimas e, por 
terem sido praticadas durante o período 
18 “A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral 
entende que incide a regra do concurso formal 
impróprio quando o candidato, em conduta única, 
promete bem ou vantagem em troca de voto de 
dois ou mais eleitores, com desígnios autônomos.” 
(Recurso Especial Eleitoral nº 4210, Acórdão, 
Relator(a) Min. Edson Fachin, Publicação: DJE - 
Diário de justiça eletrônico, Data 23/10/2019).
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eleitoral, coloca os delitos, sob uma lente 
de aumento, pois as provas documentais e os 
conteúdos neles inseridos demonstram que os 
atos praticados visavam, claramente, a captação 
do voto dos eleitores. Outrossim, ao atingir 
a população mais carente, os requeridos 
atentaram contra a própria dignidade da 
pessoa humana, na medida em que a doa-
ção ou promessa de doação de bens e ser-
viços tais como os já demonstrados, gera 
um processo alienante e de dependência, 
excluindo as camadas menos favorecidas 
da sociedade do real conceito de cidadãos, 
conforme a fundamentação feita em brilhante 
voto do Excelentíssimo Membro desta Corte 
Juiz Federal Antônio Francisco do Nascimento, 
quando de sua passagem por esta Corte, com 
a propriedade que lhe é peculiar (Ac. TRE n°. 
930/2006 de 14.12.2006). Lamentavelmente, 
ao contrário da campanha empreendida 
pelo Eg. Tribunal Superior Eleitoral na mí-
dia nacional de que “o voto não tem preço, 
tem consequências”, verifica-se no presen-
te caso que um voto pode valer dinheiro 
e diversos outros bens como material de 
construção, telhas e outros. (HC - Habeas 
Corpus nº 666 - tapauá/AM, Decisão Monocrá-
tica de 19/11/2009, Relator(a) Min. ARNALDO 
VERSIANI LEITE SOARES , Publicação:DJE - 
Diário da Justiça Eletrônico, Data 24/11/2009, 
Página 14-17)
2 – “Sustenta que alegação de que a 
prisão da paciente seria necessária para 
conveniência da instrução criminal tem 
por base mera suposição, visto que não 
foram apontados fatos concretos que 
demonstrem que ela poderá distorcer a 
prova já produzida. Nesse tocante, invoca 
os fundamentos apresentados em decisão limi-
nar concedida nos autos do Habeas Corpus nº 
92.914 pelo Ministro Marco Aurélio, no qual 
se assentou que, ¿ausente a coerência entre 
a fundamentação fática e o motivo legal invo-
cado, há que se reconhecer que não subsiste 
motivação fática e legal para a manutenção 
do decreto de prisão” (fl. 22). Ressalta que a 
prova testemunhal já foi produzida pela Polícia 
Federal, o que equivaleria ao encerramento da 
instrução e afastaria o alegado risco de inter-
ferência da paciente na instrução, devendo-se 
aplicar o disposto no art. 648, VI, do Código 
de Processo Penal. Argui que a autoridade 
coatora, com base em temor pessoal, está 
atribuindo à paciente uma capacidade que ela 
não possui, qual seja a de afetar a lisura do plei-
to. Assevera que “a paciente está submetida 
a medida mais drástica do que enfrentaria no 
caso de oferecimento de denúncia ou mesmo 
ao final do processo” (fl. 25), visto que o crime 
a ela imputado, por prever pena máxima de 
quatro anos e não incluir, entre suas elementa-
res, características relacionadas à violência ou 
grave ameaça, admite, em tese, a substituição 
da pena privativa de liberdade por restritiva de 
direitos, bem como a suspensão condicional 
do processo. Requer o deferimento do pedido 
de liminar, a fim de que seja ordenada a ime-
diata libertação de Ivanilde da Silva Serrador, 
com base no art. 5º, LXV, da Constituição 
Federal. Decido. No caso em exame, o Juiz 
Marcelo Nazur homologou o auto de prisão 
em flagrante e decretou a prisão preventiva da 
paciente, pelos seguintes fundamentos (fl. 29): 
Da análise das declarações das Testemunhas e 
das contradições da Indiciada na comparação 
de seu depoimento para com aquelas, con-
cluo tratar-se a Indiciada de pessoa cuja 
convivência em sociedade neste período 
eleitoral é perigosa, colocando em ris-
co a ordem pública com a devolução de 
sua liberdade ao promover a eleição de 
pessoas às custas de votos comprados e 
ao ser instigada e fortalecida esta práti-
ca nojenta entre seus demais criminosos 
adeptos. Ademais, a soltura da Indiciada tam-
bém abalará a credibilidade da Justiça junto aos 
cidadãos de bem que ainda acreditam na de-
mocracia e na liberdade de expressão, pois se 
sentirão desestimulados a continuar obedien-
tes ao ordenamento legal quando da notícia da 
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condescendência deste Poder para com aquela 
cidadã que pouco antes fora flagrada desafian-
do a lei e difundindo o crime! Também é da 
conveniência da instrução criminal sua 
segregação cautelar, pois a Indiciada, am-
parada nos seus mantenedores políticos, 
poderá exercer grande influência sobre as 
testemunhas, as quais certamente serão 
persuadidas a esconder a verdade acaso 
continue livre, diante das suas hipossufi-
ciências financeira e material.Por sua vez, 
o juiz plantonista do Tribunal Regional Eleitoral 
do Roraima indeferiu o pedido de liminar em 
face da prisão preventiva (fls. 30-31): Exami-
nando o teor da decisão do Juiz Marcelo Mazur 
(fls. 41 a 43), observo quea autoridade apon-
tada como coatora assinala a existência de for-
tes indícios de que a paciente teria cooptado 
eleitores em episódio de compra de votos. O 
magistrado apontou que tal conclusão decorre 
das declarações das testemunhas Sandro Al-
meida Silva Figueiredo, Liana Joyce Andrade 
de Maios, Macedônia Pereira da Silva Souza. 
Cartegiane Ferreira Rocha da Silva Olenia Go-
mes da Silva. Sidney da Silva e Tito Paulo da Sil-
va, em que se evidencia que a paciente estava 
de posse de recibos, cadernos de anotações e 
placas de candidatos e entregou dinheiro para 
eleitores, havendo, em um juízo delibatório. 
indícios de corrupção eleitoral. Em face des-
se contexto, tenho que a prisão preventiva 
está suficientemente fundamentada, sen-
do evidente que a convivência da paciente 
em sociedade durante o período eleitoral 
ó perigosa e representa risco á lisura do 
pleito conforme assinalado pela autoridade 
impetrada à folha 43. Anoto que as questões 
suscitadas pelos impetrantes, a princípio não 
se afiguram suficientes para revogação do de-
creto de prisão e serão oportunamente exa-
minadas quando da análise do mérito do wril. 
Na espécie, tenho que a decretação da prisão 
preventiva está devidamente fundamentada, 
na medida em que o juízo eleitoral a entendeu 
recomendável, considerado o período eleito-
ral em curso, o risco à ordem pública, além 
do que assinalou a necessidade de segregação, 
dada a conveniência da instrução criminal, 
“pois a Indiciada, amparada nos seus mantene-
dores políticos poderá exercer grande influên-
cia sobre as testemunhas, as quais certamente 
serão persuadidas a esconder a verdade caso 
continue livre” (fl. 29). Pelo exposto, indefiro 
o pedido de liminar. Solicitem-se informações 
à autoridade coatora. Após, vista ao Ministé-
rio Público Eleitoral. Publique-se. Intimem-se. 
Brasília, 21 de setembro de 2010. Ministro Ar-
naldo Versiani Relator 2996-16.2010.600.0000 
HC - Habeas Corpus nº 299616 - bonfim/RR 
Decisão Monocrática de 21/09/2010 
-------------------------------------------------------------------------------------
Não se deve também ignorar que, na 
maioria das vezes, esse tipo de crime 
é praticado mediante crimes associa-
tivos, que a despeito de exigirem esta-
bilidade temporal para a sua caracteriza-
ção (caso do artigo 288, do Código Penal 
ou do artigo 2°, da Lei n°13.850/2013), 
podem restar caracterizados mediante 
ação com unidade de desígnios por certo 
período do calendário eleitoral, não ne-
cessitando que seja anterior ao mesmo e 
que se mantenha após o pleito. Trata-se 
de constatação para a qual os que investi-
gam esse tipo de crime devem ficar aten-
tos, até pela possibilidade de medidas 
importantes para a elucidação dos fatos, 
como prisão temporária (Lei n°7.960/89).
Essa é a linha de pensamento seguida 
pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ):
-------------------------------------------------------------------------------------
“Para a configuração do delito de associação 
criminosa (art. 288 do CP), é indispensável de-
monstrar a estabilidade e a permanência do gru-
po formado por três ou mais pessoas, além do 
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elemento subjetivo especial do tipo, consistente 
no ajuste prévio entre os membros com a finali-
dade específica de cometer crimes. Na hipótese, 
as instâncias ordinárias, com base nas provas dos 
autos, concluíram que não se tratava de mero 
concurso eventual de agentes (art. 29 do CP), 
já que o vínculo entre os acusados era estável e 
permanente, com divisão de tarefas e papéis de-
finidos, não sendo desprezível o tempo em que 
permaneceram associados - cerca de 1/3 de du-
ração da campanha eleitoral -, havendo estrutura 
para o cometimento de grande número de ilíci-
tos de corrupção eleitoral (art. 299 do CE) até a 
data do pleito.” (TSE, Agravo de Instrumento nº 
71790, Acórdão, Relator(a) Min. Og Fernandes, 
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Tomo 52, Data 17/03/2020, Página 24/25).
-------------------------------------------------------------------------------------
Além disso, deve-se ressaltar que esse 
tipo de crime ocorre, muitas vezes, por 
meio de smartphones, motivo pelo qual 
as medidas de interceptação telefônica, 
quebra do sigilo telefônico mostram-se 
imprescindíveis para a completa elucida-
ção dos fatos19, vez que impera, na sua 
execução, a “lei do silêncio” entre os en-
volvidos.
19 “Atendeu-se no caso à norma de regência, pois o Parquet 
apontou indícios de prática de corrupção eleitoral e o 
esgotamento de outros meios de prova. Ademais, a 
imprescindibilidade da quebra é manifesta na espécie, 
em que se aponta que o aliciamento de eleitores ocorria 
principalmente por contatos telefônicos. Precedentes. 
Inexiste vício na quebra do sigilo telefônico com base 
na natureza e no modus operandi dos ilícitos, nos 
obstáculos que impedem esclarecer o crime por outros 
meios e na busca por medida eficaz que leve a concluir 
com sucesso as investigações iniciadas. Precedentes.” 
(TSE, Recurso em Habeas Corpus nº 060043866, 
Acórdão, Relator(a) Min. Luis Felipe Salomão, 
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 86, 
Data 05/05/2020, Página 84-89).
Isso sem prejuízo da medida de busca e 
apreensão, que traz à tona elementos que 
podem indicar beneficiários de entrega 
de bens ou dinheiro em troca de votos, 
recados, bilhetes, cartas, contas de água, 
luz e outros boletos dos eleitores, que en-
tregam os mesmos com o fim de vê-los 
quitados, o que vai caracterizar, além do 
crime em tela, provas robustas para abuso 
de poder econômico e “caixa 2” (crime do 
artigo 350, do Código Eleitoral)20. 
20 “5. Consoante a jurisprudência desta Corte Superior, 
o abuso de poder econômico ocorre pelo uso 
exorbitante de recursos patrimoniais, sejam eles 
públicos ou privados, de forma a comprometer a 
isonomia da disputa eleitoral e a legitimidade do 
pleito em benefício de determinada candidatura. 
Precedentes. 6. A Corte a quo concluiu que a 
elevada quantia de dinheiro apreendida em poder do 
segundo filho da Prefeita - omitida do ajuste contábil 
da campanha - fazia parte de esquema de compra de 
votos destinado a beneficiá-la, apto a desequilibrar 
o pleito. 7. No que toca ao flagrante, consignou ser 
inverossímil o argumento de que o filho não teria 
nada o que esconder, pois, ao ser abordado, retirou 
rapidamente as sacolas do carro e as jogou por cima 
do muro. 8. Quanto ao destino dos valores, o TRE/
TO ressaltou a inconsistência da alegação de que, 
do total, R$ 25.000,00 seriam para pagar honorários 
advocatícios, porquanto não veio aos autos sequer 
contrato com o profissional, que, por sua vez, declarou 
em juízo não ter recebido a importância. A dinâmica 
dos acontecimentos também remete à fragilidade da 
tese da defesa. 9. Na mesma linha, ficou evidenciado 
que a conta bancária de outro dos filhos foi utilizada 
para abastecer a campanha por meio do irmão, que 
sacou vários cheques cujos valores somaram R$ 
127.700,00, quantia omitida do balanço contábil. 10. 
O conhecimento dos beneficiários é explícito, já que 
a conduta foi praticada pelos filhos da candidata, 
um deles bem atuante na campanha e que assumiu 
o cargo de secretário municipal de finanças logo 
depois da posse de sua genitora. 11. A apreensão, às 
vésperas do pleito, de elevado valor em espécie, após 
denúncias do crime de corrupção eleitoral (art. 299 
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Feita essa análise preliminar, passemos 
ao estudo do tipo.
BEM JURÍDICO TUTELADO:
“O art. 299 do Código Eleitoral, ao qua-
lificar como crime ‘dar, oferecer, prometer, 
solicitar ou receber, para si ou para outrem, 
dinheiro, dádiva, ou qualquer outravanta-
gem, para obter ou dar voto e para con-
seguir ou prometer abstenção, ainda que a 
oferta não seja aceita’, tutela justamente o 
livre exercício do voto (o direito do eleitor 
de votar livremente em algum candidato, 
em branco ou nulo) ou a abstenção do elei-
tor no processo eleitoral. (TSE, Agravo de 
Instrumento nº 20903, Acórdão, Relator(a) 
Min. Gilmar Ferreira Mendes, Publicação: 
DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 43, 
Data 05/03/2015, Página 44/45).
SUJEITOS DO CRIME:
O crime em análise, tanto na sua mo-
dalidade ativa quanto passiva, é classifica-
do como sendo comum, pois pode ser 
praticado por qualquer pessoa, de modo 
que é plenamente possível a coautoria e 
suas diversas modalidades. 
do Código Eleitoral), com anotações de campanha 
e recibos de transferências bancárias, sem que os 
agravantes tenham apresentado justificativas e provas 
consistentes quanto à origem e ao destino desses 
recursos, leva ao abuso de poder econômico e ao 
“caixa dois”, com gravidade suficiente para macular a 
legitimidade do pleito, ainda mais em se tratando de 
município pequeno, que nas Eleições 2016 teve 1.710 
votos válidos e diferença de apenas 148 em favor 
dos vencedores da disputa. (TSE, Recurso Especial 
Eleitoral nº 105717, Acórdão, Relator(a) Min. Jorge 
Mussi, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Tomo 240, Data 13/12/2019, Página 41-42).
No polo passivo, temos o Estado.
CONDUTAS:
Sobre as condutas que caracterizam a 
consumação do delito (dar, oferecer, pro-
meter, solicitar ou receber), faz-se neces-
sário apresentar algumas observações à 
luz da jurisprudência do Tribunal Superior 
Eleitoral (TSE), a saber:
1 – “Para a configuração do crime de 
corrupção eleitoral, além de ser necessá-
ria a ocorrência de dolo específico, qual 
seja, obter ou dar voto, conseguir ou pro-
meter abstenção, é necessário que a con-
duta seja direcionada a eleitores identifica-
dos ou identificáveis21, e que o corruptor 
eleitoral passivo seja pessoa apta a votar.” 
21 “O Tribunal de origem rejeitou denúncia oferecida pela 
prática do delito do art. 299 do Código Eleitoral, sob 
o fundamento de que não foi configurado o crime de 
corrupção eleitoral, por ausência de lastro mínimo 
para o processamento de ação penal, ante o caráter 
genérico da promessa de regularização fundiária feito a 
uma comunidade com 144 famílias. O posicionamento 
adotado pela Corte de origem está em consonância 
com a jurisprudência do TSE, firmada no sentido de 
que, “a realização de promessas de campanha, as quais 
possuem caráter geral e usualmente são postas como 
um benefício à coletividade, não configuram, por si só, 
o crime de corrupção eleitoral, sendo indispensável que 
a promessa de vantagem esteja vinculada à obtenção 
do voto de determinados eleitores” (AI 586-48, rel. 
Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 13.9.2011). Segundo 
a orientação desta Corte, “na acusação da prática de 
corrupção eleitoral (Código Eleitoral, art. 299), a peça 
acusatória deve indicar qual ou quais eleitores teriam 
sido beneficiados ou aliciados, sem o que o direito de 
defesa fica comprometido” (RHC 452-24, red. para 
o acórdão Min. Henrique Neves, DJe de 25.4.2013).” 
(TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 157622, Acórdão, 
Relator(a) Min. Admar Gonzaga, Publicação: DJE 
- Diário de justiça eletrônico, Tomo 218, Data 
10/11/2017, Página 106).
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Assim, não há falar em corrupção elei-
toral mediante o oferecimento de servi-
ços odontológicos à população em geral e 
sem que a denúncia houvesse individuali-
zado os eleitores supostamente aliciados.” 
(Agravo de Instrumento nº 749719, Acór-
dão, Relator(a) Min. Maria Thereza Rocha 
De Assis Moura, Publicação: DJE - Diá-
rio de justiça eletrônico, Tomo 35, Data 
23/02/2015, Página 54). 
No mesmo sentido, conferir:
-------------------------------------------------------------------------------------
ELEIÇÕES 2006. AGRAVO REGIMENTAL. 
AGRAVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO PE-
NAL. CORRUPÇÃO ELEITORAL. ART. 299 
DO CÓDIGO ELEITORAL. IDENTIFICAÇÃO. 
CORRUPTOR ELEITORAL PASSIVO. INEXIS-
TENTE. ABSOLVIÇÃO. DESPROVIMENTO.
1. A mera indicação de que todos os eleito-
res do município são os supostos corrompidos 
passivos determináveis não é suficiente para a 
caracterização do delito.
2. Se a instrução processual não revela qual-
quer pessoa que comprovadamente tivesse 
sido agente passivo do delito, alterar a conclu-
são do julgamento envolveria o reexame das 
provas, o que é refutado pelo verbete nº 24 do 
Tribunal Superior Eleitoral.
3. “Ausente a adequada identificação do cor-
ruptor eleitoral passivo, fato esse que impede 
a aferição da qualidade de eleitores, como im-
põe o dispositivo contido no art. 299 do Códi-
go Eleitoral, devem ser reconhecidas a inépcia 
da denúncia e a ausência de justa causa para 
submissão do paciente à ação penal” (RHC nº 
13316/SC, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJe de 
10.2.2014).
-------------------------------------------------------------------------------------
2 – Ainda que na esfera cível-eleitoral 
já exista o reconhecimento jurisprudencial 
objetivo de que configura grave abuso de 
poder a compra de apoio político22, na 
seara criminal não é bem assim. Infeliz-
mente, a Corte Eleitoral tem negado a 
realidade dos fatos no mundo real para 
dizer que “a promessa de cargo a correli-
gionário em troca de voto não configura a 
hipótese do delito previsto no art. 299 do 
Código Eleitoral, ante a falta de elemen-
to subjetivo do tipo (Precedente: HC nº 
812-19/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 
20.3.2013)”, uma vez que “não é possí-
vel presumir que a nomeação em cargo 
na Prefeitura implique, necessariamente, 
oferta de benefícios aos seus familiares.” 
(Agravo de Instrumento nº 3748, Acór-
dão, Relator(a) Min. Luiz Fux, Publicação: 
DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 
237, Data 15/12/2016, Página 24/25). 
Não há como manter essa interpreta-
ção, data máxima vênia, alheia aos malefí-
cios sociais e administrativos decorrentes 
dessa odiosa realidade da politicagem do 
“toma lá, dá cá”, que começa bem antes 
22 Ação de impugnação de mandato eletivo. Corrupção. 
Caracteriza corrupção a promessa de, caso os 
candidatos se elejam, assegurar a permanência 
de pessoas em cargos na Prefeitura Municipal, 
certamente em troca de votos ou de apoio político-
eleitoral. Reconhecidas a potencialidade e a gravidade 
da conduta, devem ser cassados os mandatos do 
Prefeito e do Vice-Prefeito, com a posse da chapa 
segunda colocada. Recurso especial, em parte, 
conhecido e, nessa parte, provido. (TSE, Recurso 
Especial Eleitoral nº 28396, Acórdão, Relator(a) 
Min. Arnaldo Versiani Leite Soares, Publicação: DJ - 
Diário de justiça, Data 26/02/2008, Página 05).
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das eleições e a partir da qual se verifica o 
imoral loteamento de cargos, empregos e 
funções da futura gestão já bem antes do 
resultado das urnas. 
Não é possível que essa prática tão co-
mum nas eleições continue sendo tolerada 
como uma forma “natural” de se fazer polí-
tica, deixando que a simpatia de alguém por 
um projeto no qual o mesmo está contem-
plado derrogue as condutas do tipo e torne 
letra morta os princípios constitucionais da 
impessoalidade, moralidade administrativa e 
finalidade. 
O artigo 299 do Código Eleitoral diz 
ser crime dar, oferecer ou prometer algo 
para outrem em troca de voto, sem dife-
renciar a condição de apoiador ou não, 
sendo indevida essa exclusão realizada 
pela Corte Eleitoral. 
A inclinação política do destinatário da 
promessa ou entrega ilícita não é elemen-
tar do tipo! Esperamos a reversão dessa 
jurisprudência o mais rápido possível, para 
que os apoios políticosde cabos eleitorais 
ou simpatizantes sejam decorrentes da 
real crença de que o candidato é o melhor 
para a coletividade e não para os interes-
ses particulares daqueles.
3 – Felizmente, no que tange ao uso 
direto da pecúnia pública para atos políti-
co-partidários (passeatas, carreatas ou co-
mícios, por exemplo), a Corte tem agido 
mais firmemente e consignado que a con-
duta de doar dinheiro ou vales-combustível 
(à custa do erário) para a participação em 
atos daquela natureza pode configurar o 
crime em tela (artigo 299, CE) em concur-
so23 com o crime de peculato (artigo 312, 
do Código Penal ou artigo 1°, do Decreto
-lei n°201/67, se um dos responsáveis for 
o Prefeito Municipal266), tudo dependendo 
dos elementos do caso concreto, in verbis:24
23 “1.Tem-se que o TRE do Maranhão reformou 
parcialmente a sentença condenatória (condenação 
pelos crimes do art. 1º, I do DL 201/67 e do art. 299 
do CE) para reduzir as penas impostas aos agravados, 
por entender que a culpabilidade, as circunstâncias 
do crime e as circunstâncias agravantes haviam sido 
indevidamente valoradas pelo Juízo de 1º grau.2. É 
indevida a exasperação da pena-base, a partir de 
valoração negativa da culpabilidade do agente e dos 
motivos e consequências do crime, na hipótese 
em que esses elementos são inerentes ao próprio 
tipo penal. Precedente: HC 275.496/MG, rel. Min. 
LAURITA VAZ, <i style=”font-size: 10pt;”>DJe</
i> 2.9.2014.3. O desvio de recursos públicos com 
finalidade particular constitui delito com alto grau 
de reprovabilidade, sobretudo quando se trata de 
recursos que deveriam ter sido destinados à educação 
e ao pagamento de Servidores Públicos. Entretanto, o 
crime do art. 1º, I do DL 201/67 consiste, exatamente, 
em se apropriar de bens ou rendas públicas ou desviá-
los em proveito próprio ou alheio. Nesse caso, 
a culpabilidade foi definida pelo Legislador como 
elemento do próprio delito, motivo pelo qual não 
pode servir para majorar a pena-base, sob pena de 
dupla valoração. 4. Nas hipóteses do delito capitulado 
no art. 1º, I do DL 201/67, está intrínseco no tipo penal 
que a conduta típica tenha sido praticada em violação 
ao dever inerente ao cargo. Por tal motivo, é descabida 
a incidência da agravante prevista no art. 61, II, do CP, 
como decidido pela Corte Regional. Precedente: HC 
107.944/MS, rel. Min. LAURITA VAZ, DJ 21.2.2011.5. 
Alicerçada a decisão impugnada em fundamentos 
idôneos, merece ser desprovido o Agravo Interno, 
tendo em vista a inexistência de argumentos hábeis 
para modificá-la.” (TSE, Recurso Especial Eleitoral 
nº 123498, Acórdão, Relator(a) Min. Napoleão 
Nunes Maia Filho, Publicação: DJE - Diário de justiça 
eletrônico, Tomo 38, Data 23/02/2018, Página 41/42).
24 Sobre o tema, muito didático o seguinte julgado 
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “Na origem, 
o Ministério Público Eleitoral ofereceu denúncia 
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contra Edson Peres Ibrahim, José Miguel dos Santos, 
Jercé Euzébio de Souza, José da Rocha, José Antônio 
Frutuoso, Paulo Monteiro Mingotti e Nivaldo 
Silvestre, imputando-lhes a prática dos crimes de 
corrupção eleitoral (art. 299 do CE), de formação 
de quadrilha (art. 288 do CP) e de peculato (art. 
1º, I e § 1º, do Decreto-Lei nº 201/67), em virtude 
da utilização de recursos públicos da Prefeitura de 
Batayporã/MS para a aquisição de combustível que 
foi distribuído aos eleitores em troca de votos nas 
eleições municipais de 2008.2. Na sentença, todos 
os réus foram condenados pelos crimes previstos 
nos arts. 299 do CE (corrupção eleitoral) e 288 do 
CP (formação de quadrilha); condenaram-se, ainda, 
Jercé Euzébio de Souza (prefeito de Batayporã/
MS à época dos fatos), José da Rocha, José Antônio 
Frutuoso e Paulo Monteiro Mingotti pela prática do 
crime de peculato (art. 1º, I e § 1º, do Decreto-Lei 
nº 201/67); e absolveram-se Edson Peres Ibrahim, 
José Miguel dos Santos e Nivaldo Silvestre dessa 
última imputação em virtude de não serem agentes 
públicos ao tempo do crime. (...) Não há distinção 
ontológica entre o crime de peculato previsto no 
art. 312 do CP e a figura típica do art. 1º, I e § 1º, 
do Decreto-Lei nº 201/67. Precedente do STJ. A 
circunstância de caráter pessoal relativa à função 
pública se comunica aos coautores e partícipes 
do delito de peculato previsto no art. 1º, I e § 1º, 
do Decreto-Lei nº 201/67, ainda que se trate de 
pessoa alheia ao serviço público, nos termos do que 
preconiza o art. 30 do CP. Precedentes do STF e do 
STJ. Diante das premissas fincadas pela doutrina e 
pela jurisprudência, não se sustenta o fundamento do 
acórdão recorrido pelo qual foram absolvidos os réus 
Nivaldo Silvestre, Edson Peres Ibrahim e José Miguel 
dos Santos do crime de peculato. Da moldura fática 
delineada pelo acórdão recorrido, é possível concluir 
que as condutas imputadas aos corréus Nivaldo 
Silvestre, Edson Peres Ibrahim e José Miguel dos 
Santos se entrelaçam com os delitos que ensejaram 
a condenação dos demais, os quais foram praticados 
em concurso material (art. 69 do CP). Nesse 
contexto, tendo em vista que a circunstância pessoal 
de prefeito, ostentada por Jercé Euzébio de Souza, se 
comunica com os demais copartícipes por se tratar 
de elementar do delito tipificado no art. 1º, I e § 1º, 
do Decreto-Lei nº 201/67, não há como afastar a 
-------------------------------------------------------------------------------------
HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL 
INSTAURADO PARA APURAR SUPOSTA 
INFRAÇÃO AO ARTIGO 243 DO CÓDIGO 
ELEITORAL. DISPOSITIVO QUE NÃO VEI-
CULA TIPO PENAL. CONDUTA QUE, NÃO 
OBSTANTE, PODE SE ADEQUAR A OU-
TROS TIPOS PENAIS. DEPUTADO FEDERAL. 
COMPETÊNCIA DO STF PARA SUPERVISÃO 
DO INQUÉRITO. ORDEM CONCEDIDA DE 
OFÍCIO.
1. O artigo 243 do Código Eleitoral não veicula 
nenhum tipo penal. Não obstante, a qualifica-
ção legal equivocada do fato não é obstáculo ao 
prosseguimento das investigações, se a conduta 
apurada constitui, em tese, uma infração penal.
2. Suposta utilização de dinheiro público no 
abastecimento de veículos para participarem 
de passeata. Conduta que, dada a ausência de 
aprofundamento das investigações, pode carac-
terizar, teoricamente, os crimes dos artigos 312 
do Código Penal ou 299 do Código Eleitoral. 
(Habeas Corpus nº 8046, Acórdão, Relator(a) 
Min. Maria Thereza Rocha De Assis Moura, 
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Tomo 51, Data 16/03/2015, Página 26/27).
-------------------------------------------------------------------------------------
É importante ressaltar, contudo, que 
não é toda doação de combustível que 
configura o crime de corrupção eleitoral, 
pois é preciso configurar o dolo específi-
co da entrega ou oferecimento em troca 
condenação dos réus Nivaldo Silvestre, Edson Peres 
Ibrahim e José Miguel dos Santos, integrantes da 
quadrilha formada com o objetivo de comprar votos 
mediante a distribuição de combustível custeado pela 
Prefeitura Municipal de Batayporã/MS.” (Recurso 
Especial Eleitoral nº 16454, Acórdão, Relator(a) Min. 
Tarcisio Vieira De Carvalho Neto, Publicação: DJE - 
Diário de justiça eletrônico, Data 06/11/2018).
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do voto. Caso o combustível tenha sido 
um “estímulo” para que se participe de 
ato político-partidário (carreata, rally ou 
qualquer coisa do gênero), sem qualquer 
menção a voto, não haverá o crime em es-
tudo, a despeito de poder configurar abu-
so de poder econômico. Há precedente 
absolvendo nessa hipótese, em que se for-
malizou contrato de entrega do combustí-
vel em troca da colocação de adesivos no 
carro e a respectiva participação em ato25. 
25 Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE): 
“1.O Tribunal Regional Eleitoral de Roraima absolveu 
os agravados da imputação do delito de corrupção 
eleitoral ao fundamento de inadequação típica das 
condutas ao art. 299 do Código Eleitoral, por ausência 
de demonstração do dolo específico. 2. A prova 
dos autos, documental e testemunhal, descreve a 
distribuição de combustíveis para eleitores mediante 
assinatura de contrato e da assunção da obrigação 
destes aporem adesivos em seus veículos e com eles 
rodarem pelo Município. 3. Os elementos probatórios 
colacionados aos autos não são suficientes para 
demonstrar a existência do elemento subjetivo especial 
do tipo do art. 299 do Código Eleitoral - para obter ou 
dar voto e para conseguir ou prometer abstenção - 
porque há contraprestação necessária que, em tese, 
consumiria o insumo recebido.4. A demonstração do 
dolo específico do delito de corrupção eleitoral, em 
sua modalidade ativa, exigiria outras provas, distintas 
das já analisadas, que pudessem descortinar a presença 
do especial fim de agir dos agravados. 5. Inexistente 
a demonstração do elemento subjetivo especial 
do tipo do art. 299 do Código Eleitoral, a decisão 
regional se revela harmônica com o entendimento 
desta Corte Superior de que “o crime de corrupção 
eleitoral requer dolo específico de se obter o voto 
mediante promessa ou oferta de vantagem indevida” 
(REspe nº 6308, Acórdão, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 
de 08.8.2018, Tomo 157, Págs. 121/122), operando-
se o óbice da Súmula 30 desta Corte Superior. 6. 
Para se extrair do presente conjunto probatório o 
dolo específico do art. 299 do Código Eleitoral, seria 
necessário desconstruir os instrumentos contratuais e 
a prova oral e, então, desconsiderando todo o valor 
Trata-se de uma prova documental que, 
a priori, afasta do delito, mas que, diante 
das circunstâncias do caso concreto e da 
primazia da realidade sobre a forma, pode 
ceder se ficar demonstrado que esse do-
cumento é apenas uma forma de burla. 
4 - “A prova da corrupção eleitoral ra-
ramente surgirá de forma direta. No geral, 
haverá necessidade de reunir circunstân-
cias, criticamente as analisando para se 
conseguir segurança razoável quanto à 
ilicitude. Só que isso não pode represen-
tar um julgamento especulativo, fundado 
mais em suposições do que em evidên-
cias reais. Não se trata de ser tolerante 
com a compra de votos, mas de impedir 
injustiças” (TRE/SC. Acórdão n. 28.687, 
de 23.9.2013, Juiz Hélio do Valle Pereira). 
“Sendo elemento integrante do tipo em 
questão a finalidade de ‘obter’ ou dar voto 
ou prometer abstenção’, não é suficiente 
para a sua configuração a mera distribui-
ção de bens. A abordagem deve ser direta 
ao eleitor, com o objetivo de dele obter 
a promessa de que o voto será obtido ou 
dado ou haverá abstenção em decorrência 
do recebimento da dádiva” [TSE. Habeas 
Corpus n. 463, de 3.10.2003, rel. Min. Luiz 
Carlos Lopes Madeira]” (TRESC. Acórdão 
que lhes é intrínseco, reordenar os seus elementos que 
constituíram cada uma dessas provas para que melhor 
se amoldem à pretensão recursal. Essa pretensão, 
contudo, é inviável nesta Instância Especial, conforme 
vedação da Súmula 24 desta Corte Superior. 7. Agravo 
interno a que se nega provimento.” (TSE, Agravo de 
Instrumento nº 672, Acórdão, Relator(a) Min. Edson 
Fachin, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Tomo 45, Data 06/03/2020, Página 50/51).
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n. 26.894, de 20.8.2012, Juíza Bárbara 
Lebarbenchon Moura Thomaselli). (RE-
CURSO EM PROCESSO-CRIME ELEI-
TORAL n 2838, ACÓRDÃO n 30026 de 
27/08/2014, Relator(a) SÉRGIO ROBER-
TO BAASCH LUZ, Revisor(a) IVORÍ LUIS 
DA SILVA SCHEFFER, Publicação: DJE - 
Diário de JE, Tomo 152, Data 02/09/2014, 
Página 3).
Exatamente por isso, ajudas humani-
tárias realizadas por candidatos, por si só, 
não configuram o crime em referência26, a 
despeito de poderem configurar o crime do 
artigo 334, do Código Eleitoral, quando de-
monstrada o dolo específico de aliciar elei-
tores ou de realizar propaganda.
Contudo, se o candidato ou terceiro 
intimamente ligado ao mesmo realizam 
“serviço social”, “ajuda comunitária” ou 
qualquer denominação para ação que re-
presente o oferecimento de benefícios ou 
26 “A teor do art. 299 do Código Eleitoral, constitui crime 
‘dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si 
ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra 
vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir 
ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja 
aceita’. O crime de corrupção eleitoral requer dolo 
específico de se obter o voto mediante promessa 
ou oferta de vantagem indevida. Precedentes. Na 
espécie, não há prova de que o agravado ofereceu 
transporte a Adriana Cherubim em troca do voto 
dela e de outras seis pessoas, evidenciando-se apenas 
que o candidato e terceiros, sabedores que a filha da 
eleitora necessitava de urgente atendimento médico 
por fratura de um dos membros superiores há mais 
de uma semana, procuraram auxiliá-la, mas sem a 
condicionante do sufrágio.” (TSE, Recurso Especial 
Eleitoral nº 6308, Acórdão, Relator(a) Min. Jorge 
Mussi, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Tomo 157, Data 08/08/2018, Página 121/122).
vantagens ao eleitor de forma módica ou 
a preço irrisório apenas como forma de 
simular o ato de oferecimento/entrega de 
algo em troca do voto, haverá o crime em 
referência27. 
27 “Hipótese em que foi alegada a prática de corrupção 
eleitoral prevista no art. art. 299 do CE, visto 
que, a pretexto de desenvolverem projeto social, 
o recorrente e sua esposa teriam colocado à 
disposição da comunidade academia de musculação, 
com mensalidades a preço irrisório, como forma 
de oferecer vantagem aos frequentadores do 
estabelecimento e obter votos para a candidatura da 
segunda acusada, candidata ao cargo de vereador nas 
eleições de 2012.2. O acórdão recorrido consignou 
que a materialidade da conduta ilícita e a autoria 
ficaram demonstradas mediante as provas produzidas, 
tendo ressaltado que: (a) o agravante era o real 
proprietário e gestor da academia de ginástica cujos 
serviços foram usados para a prática da corrupção 
eleitoral (promessa e oferecimento de vantagem para 
obter voto) e que o contrato de locação apresentado 
não tinha relação com o aludido estabelecimento 
comercial, visto que se referia a outro imóvel (Espaço 
Cultural), a ser explorado por empresa do ramo de 
eventos culturais e artísticos (e não esportivos); (b) o 
recorrente interferia pessoalmente nos assuntos da 
academia de musculação, abordando frequentadores 
com vistas a garantir votos à sua esposa, então 
candidata à vereadora nas eleições de 2012; (c) é 
insuficiente o instrumento contratual para demonstrar 
a sua ausência de vínculo com o empreendimento.3. 
Chegar a entendimento diverso quanto à 
comprovação da autoria e da materialidade delitivas 
ensejaria o indevido reexame de fatos e provas na via 
do recurso especial. Incidência do Enunciado nº 24 da 
Súmula do TSE quanto à pretensão de absolvição do 
crime de corrupção eleitoral.4. Ausência de indicação 
do dispositivo legal que teria sido malferido quanto 
à pretensão de afastamento da circunstância judicial 
referente à culpabilidade, o que configura deficiência 
de fundamentação, atraindo o óbice do Verbete 
Sumular nº 27 do TSE.5. Negado provimento ao 
agravo interno.” (TSE, Recurso Especial Eleitoral 
nº 8958, Acórdão, Relator(a) Min. Og Fernandes, 
Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 
203, Data 18/10/2019, Página 64/65).
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5 – Para finalizar, deve-se destacar que 
é “descabida a condenação fundada 
exclusivamente em testemunha co-
partícipe na conduta delitiva,ainda 
que não denunciada” e que não é pos-
sível “a oitiva de corréu na qualidade 
de testemunha, irrelevante o fato de 
a eleitora corrompida ser denunciada 
pelo órgão ministerial.” (TSE, Recurso 
Especial Eleitoral nº 18875, Acórdão, Re-
lator(a) Min. Rosa Weber, Publicação: DJE 
- Diário de justiça eletrônico, Tomo 66, 
Data 05/04/2018, Página 105-106).
TIPICIDADE SUBJETIVA:
Todas as infrações penais eleitorais só 
comportam a sua prática na modalidade 
dolosa, motivo pelo qual inexiste crime 
eleitoral culposo. 
Essa regra é extraída a partir da cons-
tatação de que nas infrações penais elei-
torais inexiste qualquer menção à pos-
sibilidade de sua prática na modalidade 
culposa, o que faz com que, por força do 
disposto no artigo 287 do Código Eleito-
ral, aplique-se o artigo 18, parágrafo único 
do Código Penal.
É importante registrar que, nesse caso, 
há necessidade de comprovação do 
dolo específico, “consistente no especial 
fim de obter ou dar voto, conseguir ou pro-
meter abstenção.” (Recurso Especial Elei-
toral nº 998471411, Acórdão, Relator(a) 
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Publi-
cação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Tomo 57, Data 23/03/2017, Página 26). 
Nesse mesmo sentido:
-------------------------------------------------------------------------------------
ELEIÇÕES 2008. AGRAVO REGIMENTAL. 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO PENAL. IM-
PROCEDÊNCIA. CORRUPÇÃO ELEITORAL. 
DISTRIBUIÇÃO DE VALE-COMBUSTÍVEL 
EM TROCA DA AFIXAÇÃO DE ADESIVOS. 
DOLO ESPECÍFICO DE CAPTAR VOTOS. 
AUSÊNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. 
PROVIMENTO.
1. Segundo a jurisprudência desta Corte, para 
a configuração do crime descrito no art. 299 do 
CE, é necessário o dolo específico que exige o 
tipo penal, isto é, a finalidade de “obter ou dar 
voto” e “conseguir ou prometer abstenção” 
(RHC nº 142354, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 
5.12.2013).
2. Na espécie, o recebimento da vantagem - 
materializada na distribuição de vale combus-
tível -, foi condicionado à fixação de adesivo 
de campanha em veículo e não à obtenção do 
voto. Desse modo, o reconhecimento da im-
procedência da ação penal é medida que se 
impõe.
3. Agravo regimental provido para conhecer 
e prover o recurso especial e julgar improce-
dente a ação penal, afastando a condenação do 
agravante pela prática do crime de corrupção 
eleitoral. (Recurso Especial Eleitoral nº 291, 
Acórdão, Relator(a) Min. Maria Thereza Rocha 
De Assis Moura, Publicação: DJE - Diário de 
justiça eletrônico, Tomo 42, Data 04/03/2015, 
Página 220).
-------------------------------------------------------------------------------------
É importante observar que esse “espe-
cial fim de agir” não coincide necessaria-
mente com o pedido explícito de votos, 
sendo suficientes os comportamentos sor-
rateiros e ardilosos de candidatos e cabos 
eleitorais no sentido de deixar “no ar” que 
aquela conduta de prometer, dar ou ofe-
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recer algo ao eleitor refere-se ao proces-
so eleitoral, como ocorre nas frases “não 
esqueça de mim”, “estamos juntos”, “vou 
lembrar de você”, “eu ajudo quem me aju-
da” etc.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
“O crime de corrupção eleitoral ativa 
é crime instantâneo, cuja consumação é 
imediata, ocorrendo com a simples práti-
ca de um dos núcleos do tipo (dar, ofere-
cer, prometer, solicitar ou receber), bem 
como se qualifica como crime formal, pois 
a consumação independe do resultado, da 
efetiva entrega da benesse em troca do 
voto ou da abstenção, sendo irrelevante 
se o eleitor corrompido efetivamente vo-
tou no candidato indicado. 
Exige-se (i) que a promessa ou a ofer-
ta seja feita a um eleitor determinado ou 
determinável; (ii) que o eleitor esteja re-
gular ou que seja possível a regularização 
no momento da consumação do crime; 
(iii) que o eleitor vote no domicílio eleito-
ral do candidato indicado pelo corruptor 
ativo.” (TSE, Agravo de Instrumento nº 
20903, Acórdão, Relator(a) Min. Gilmar 
Ferreira Mendes, Publicação: DJE - Diá-
rio de justiça eletrônico, Tomo 43, Data 
05/03/2015, Página 44/45).
Além disso, é importante destacar 
que “o crime de corrupção eleitoral 
(Cód. Eleitoral, art. 299), na modalidade 
“prometer” ou “oferecer”, é formal e se 
consuma no momento em que é feita a 
promessa ou oferta, independentemente 
de ela ser aceita ou não”, de modo que 
“a oferta de dinheiro em troca do voto, 
realizada em ação única, a mais de uma 
pessoa, caracteriza o tipo do art. 299 em 
relação a cada um dos eleitores identifi-
cados.” Assim, “há concurso formal im-
próprio, ou imperfeito, quando o candi-
dato, em conduta única, promete bem 
ou vantagem em troca do voto de dois 
ou mais eleitores determinados, agindo 
com desígnios autônomos (Cód. Penal, 
art. 70, segunda parte). (TSE, Recurso 
Especial Eleitoral nº 1226697, Acórdão, 
Relator(a) Min. Henrique Neves Da Sil-
va, Publicação: DJE - Diário de justiça 
eletrônico, Tomo 183, Data 30/09/2014, 
Página 487/488).
Por fim, não custa lembrar que “a ab-
solvição do réu, por falta de provas, da 
imputação de crime de corrupção eleitoral 
(art. 299 do CE), nos autos de ação penal, 
por si só, não tem o condão de afastar a 
condenação por captação ilícita de sufrágio 
e abuso do poder econômico em sede de 
ação de investigação judicial eleitoral, pois 
a jurisprudência desta Corte consolidou-se 
no sentido da incomunicabilidade das esfe-
ras criminal e civil-eleitoral.” (TSE, Recurso 
Especial Eleitoral nº 82911, Acórdão, Re-
lator(a) Min. Admar Gonzaga Neto, Publi-
cação: DJE - Diário de justiça eletrônico, 
Volume, Tomo 170, Data 02/09/2016, Pá-
gina 72/73).
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4. Imunidades Prisionais e Crimes 
Eleitorais
A despeito da não-recepção do arti-
go 236 do Código Eleitoral, a Constitui-
ção Federal e algumas leis extravagantes 
preveem hipóteses de imunidade prisio-
nal que devem ser observadas. Vejamos, 
pois, cada uma delas resumidamente. 
4.1 – O REGIME PRISIONAL DO PRE-
SIDENTE DA REPÚBLICA E DEMAIS 
CHEFES DO PODER EXECUTIVO: De-
ve-se salientar que o Chefe do Poder Exe-
cutivo Federal goza, por expressa disposi-
ção constitucional, imunidade para prisão 
cautelar durante todo o seu mandato, só 
podendo ocorrer a sua segregação no 
caso de surgir sentença penal condenató-
ria irrecorrível. É o que deflui do §3° do 
artigo 86, da Constituição Federal à luz do 
julgado pelas ADC’s n°43 e 44 pelo Supre-
mo Tribunal Federal. 
Ocorre que, enquanto o Presidente 
da República só pode ser preso após 
o trânsito em julgado, o mesmo não 
ocorre com os demais Chefes do Poder 
Executivo, merecendo destacar que a 
Suprema Corte (STJ) já decidiu que é in-
constitucional qualquer previsão de 
imunidade prisional a Governadores 
ou Prefeitos:
PRINCÍPIO REPUBLICANO E RESPONSABI-
LIDADE DOS GOVERNANTES. - A responsa-
bilidade dos governantes tipifica-se como uma 
das pedras angulares essenciais a configuração 
mesma da ideia republicana. A consagração do 
princípio da responsabilidade do Chefe do Po-
der Executivo, além de refletir uma conquista 
basica do regime democratico, constitui con-
sequencia necessaria da forma republicana de 
governo adotada pela Constituição Federal. O 
princípio republicano exprime, a partir da ideia 
central que lhe e subjacente, o dogma de que 
todos os agentes publicos - os Governadores 
de Estado e do Distrito Federal, em particular - 
são igualmente responsaveis perante a lei. 
RESPONSABILIDADE PENAL DO GOVER-
NADOR DO ESTADO. - Os Governadores de 
Estado - que dispoem de prerrogativa de foro 
ratione muneris perante o Superior Tribunal de 
Justiça (CF, art. 105, I, a) - estao permanente-
mente sujeitos, uma vez obtida a necessaria 
licenca da respectiva Assembléia Legislativa

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