Prévia do material em texto
FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 1 FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 2 Módulo I A origem da Educação Sexual no Brasil De acordo com o artigo de Oscarina Maria da Silva, A história da sexualidade é tão antiga quanto à história da humanidade. Durante todo este percurso encontramos as mais variadas formas de expressão da sexualidade ocidental, carregada de valores, estigmas e preconceitos de cada época e cada sociedade. Nos três últimos séculos, há em torno do sexo uma valorização exagerada, tornando-o, desta forma, o segredo, o problema. As palavras para expressá-lo são controladas, definiu- se onde e quando , em quais situações e quem poderia falar dele. Uma das instituições liberadas para falar do assunto é a escola. Segundo Foucault, a partir do século XVIII, as escolas multiplicam-se, aperfeiçoam-se e aparecem como um dispositivo de poder. A sua função era disciplinar o corpo e o sexo do homem e da mulher. A sexualidade das crianças era um dos alvos principais de preocupação, afinal, na criança estava o futuro cidadão. Aliados aos pedagogos, os médicos passam a vigiar os hábitos solitários das crianças com o propósito de evitar o seu maior e mais perigoso vício: o onanismo. Este era visto como uma das patologias mais sérias daquela sociedade como podemos perceber na citação abaixo: Os pedagogos e os médicos combateram, realmente, o onanismo das crianças como uma epidemia a ser extinta. De fato, ao longo desta campanha secular, que mobilizou o mundo adulto em torno do sexo das crianças, tratou- se de apoiá-la nesses prazeres tênues, de constituí-los em segredos (...); FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 3 em todo canto onde houvesse o risco de se manifestarem, foram instalados dispositivos de vigilância, estabelecidas armadilhas para forçar confissões, impostos discursivos inesgotáveis e corretivos; foram alertados os pais e educadores, sendo entre eles semeada a suspeita de que todas as crianças eram culpadas e o medo de que eles próprios viriam a ser considerados culpados caso não desconfiassem suficientemente: tiveram de permanecer vigilantes diante desse perigo recorrente, foi prescrita a sua conduta e recodificada a pedagogia; e implantadas sobre o espaço familiar as bases de todo um regime médico-sexual. (Foucault,1990:71) Em 1971, a Lei 5.692/71 determinou a obrigatoriedade da Orientação Educacional desenvolvida pelo orientador educacional com formação superior em todas as escolas. Este profissional, embora sem formação específica na área da sexualidade acabou por enveredar por este caminho devido ao caráter de proximidade e intimidade com o problema do educando no desenvolver do processo educativo. Ainda de acordo com esta mesma Lei que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, não havia nenhuma proibição formal contra a educação sexual, o que se encontra realmente sobre o assunto é o parecer nº 2.264/74 do Conselho Federal de Educação, aprovado em agosto de 1974, e que menciona a educação sexual como um propósito a ser desenvolvidos nos programas de Educação da Saúde a nível de 2º grau. Fica claro então que, somente os especialistas da educação e da saúde é que poderiam tratar do assunto. Esta preocupação decorreu de um novo momento social-sexual surgido na década 60/70 Nos anos 80, essa nova situação requereu da educação formal diretrizes para nortear este novo modelo de comportamento sexual. O aumento da gravidez indesejada (principalmente na adolescência) e a proliferação das DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) agravados ainda mais com o aparecimento do HIV e da AIDS, exigindo uma preocupação maior das autoridades nesta área. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 4 A partir de meados dos anos 80, a demanda por Orientação Sexual nas escolas se intensificou devido a preocupação dos educadores com o crescimento da gravidez indesejada entre adolescentes e com o risco da contaminação pelo HIV (vírus da Aids) entre os jovens. (Brasil, 1995:1). VERIFIQUE SE HÁ ALGO MAIS PRA COLOCAR.... http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/GT.13/GT13_4_2002.pdf ORIENTAÇÃO SEXUAL NOSPARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS http://www.scielo.br/pdf/ref/v9n2/8641.pdf http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/GT.13/GT13_4_2002.pdf http://www.scielo.br/pdf/ref/v9n2/8641.pdf FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 5 Modulo II COMO TRABALHAR SEXUALIDADE EM SALA DE AULA Apresentar o assunto sexualidade em sala de aula significa dizer que o ser humano tem desejos, necessidades, capacidade de sentir, compartilhar, respeitar a si e ao outro. O profissional da educação tem de ter em mente que o adolescente tem curiosidade, necessidade de explorar e entender as transformações que ocorrem em seu corpo e, na maioria das vezes, não sabem o que fazer com toda explosão de sensações que se manifestam. Conscientizar-se de toda diferença existente ao redor e sobre o assunto, levando em conta as crenças, valores, história de vida, necessidades específicas, individualidade e até mesmo experiências vividas, é fundamental para que o educador aborde o tema com segurança e principalmente possa desmistificar a ideia de que tratar sexualidade é somente falar sobre o sexo em si. É na escola, principalmente, o maior contato entre meninos e meninas, ouvindo piadinhas pelos corredores sobre seu corpo, seus desejos, sentimentos e nada disso pode ser ignorados pelos professores, aproveitando a problemática para abordar o tema com base em reflexões e tomada de decisões coerentes com os valores específicos de cada um. Os Parâmetros Curriculares Nacionais(PCN) explica que: " A sexualidade é primeiramente abordada no espaço privado, por meio das relações familiares. Assim, de FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEODE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 6 forma implícita ou explícita, são transmitidos os valores que cada família adota como seus e espera que as crianças e os adolescentes assumam. De forma diferente, cabe à escola abordar os diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para auxiliar o aluno a construir um ponto de autorreferência por meio da reflexão. Nesse sentido, o trabalho realizado pela escola, não substitui nem concorre com a função da família, mas a completa. Constitui um processo formal e sistematizado que acontece dentro da instituição escolar, exige planejamento e propõe uma intervenção por parte dos profissionais da educação". (1997, p.299) Com base no texto acima, o professor deve ouvir, orientar de forma coerente dúvidas e questionamentos feitos pelos alunos, de forma a se manter imparcial, permitindo que o aluno reflita e chegue a sua própria conclusão e tomada de decisão sobre sua postura frente ao assunto. A escola ainda é para o adolescente o maior meio de convívio social. As diferenças entre as formas de criação, crenças e posturas os coloca frente a uma aprendizagem de tolerância de convívio, proporcionando a descoberta, aceitação, o desejo de escolha e a identificação para a formação do grupo, favorecendo trocas de informação e normas de condutas. Quando se reflete sobre a sexualidade humana, busca-se o além do biológico, uma vez que, falar sobre esse tema é ir de encontro à proteção e o bem-estar da saúde. Muitas vezes a dificuldade encontrada pelo professor em abordar o assunto, é devido ao preconceito ou a não aceitação do relacionamento sexual na adolescência. Lidar com o tema de forma natural se faz necessário nos dias de hoje, pois a gravidez na adolescência ou mesmo a gravidez indesejada apresenta alto índice de FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 7 incidência e a orientação correta, séria, com um diálogo sobre prevenção é imprescindível nesse século. Os jovens devem perceber que seu corpo é sua intimidade sofrendo transformações que os levam a sentir novas sensações pelo desabrochar do mesmo. Por esta razão, devem respeitá-lo e encontrar um equilíbrio perfeito do bem conviver consigo mesmo, se dando ao direito de dizer sim ou não na manifestação de suas escolhas. A sexualidade humana é também expressão de amor, afetividade, interagir com pessoas, construção de uma autoestima e autoimagem positiva, permitindo ao jovem o reconhecimento do outro, suas limitações, o sorrir, se dar, um verdadeiro envolvimento e troca de emoções, respeitando sempre a diversidade sexual muito mais exposta atualmente. A especialista em estudos sobre a sexualidade Jimena Furlani, coloca em seu livro Educação Sexual na Sala de Aula, oito princípios para a educação sexual: Princípio 1 - A educação sexual deve começar na infância e, portanto, fazer parte do currículo escolar. Princípio 2 - As manifestações da sexualidade não se justificam, apenas, pelo objetivo da reprodução. Princípio 3 - A descoberta corporal é expressão da sexualidade. Princípio 4 - Não deve haver segregação (separar para isolar; ficar distante) de gênero nos conhecimentos apresentados a meninos e meninas; portanto, a prática pedagógica da educação sexual deve acontecer sempre em coeducação. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 8 Princípio 5 - Meninos e meninas devem/podem ter os mesmos brinquedos. Princípio 6 - A linguagem plural, usada na educação sexual, deve contemplar tanto o conhecimento científico quanto o conhecimento familiar/popular/cultural. Princípio 7 - Há muitos modos de a sexualidade e o gênero se expressarem em cada pessoa, portanto, eu posso ter alunos/alunas se constituindo homossexuais. Princípio 8 - A educação sexual pode discutir valores como: respeito, solidariedade, direitos humanos. Com base nesses oito princípios, fica claro o papel fundamental do educador na orientação sexual dada em sala de aula, a iniciar pelo tom da voz, o olhar, a postura, a seriedade com que trabalhará cada assunto escolhido, são fatores fundamentais para estabelecer uma relação de confiança, liberdade para sanar dúvidas e a não banalização em torno do assunto mostrado ao educando. Dessa forma fica claro que se trata de um tema natural, evitando escandalizar tanto o aluno como a família na abordagem da sexualidade, sem causar espanto e fazer parecer para ambos algo surpreendente dentro da instituição de ensino. Os jovens assistem na TV cenas de erotismo, assim como nas letras de algumas músicas que ouvem. Não existe restrições a esses meios de comunicação em acharem que estão "induzindo" nossos adolescentes a práticas sexuais, nem tão pouco os ensinando alguma forma de preconceito com o que veem e ouvem. Por isso o professor deve tratar o assunto de forma científica, explicando ao estudante todas as transformações corporais que estão lhe ocorrendo. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 9 A educação sexual na escola pode abordar tanto a questão da sensação do prazer até o direito de exercer ou não a sexualidade, mas sempre como forma de esclarecimento e aquisição de conhecimento. A discussão sobre a sexualidade em sala de aula não deve ficar só por conta do professor da área de ciências ou biologia quando abordam o assunto sobre o aparelho reprodutor, mas as outras tantas disciplinas do núcleo comum. Qualquer professor ao observar uma atitude/comportamento entre os alunos que insinue sensualidade (como: gestos, danças), podem e devem aproveitar o momento para um debate, abordando a questão do limite, apresentando o direito de dizer "não" às aproximações indesejadas e o modo como utilizar e ver o corpo em expressão corporal. É de fundamental importância que ao trabalhar esse assunto o professor abra espaço para perguntas; o aluno tem de expor suas dúvidas e seus medos sobre sua sexualidade e a de outros de forma simples e tranquila, sem lhe causar constrangimento. E todo esse processo o professor não necessita ser o conhecedor de todo o assunto, mas é extremamente importante que esteja livre de tabus, aberto para refletir junto de seus alunos através de leituras de mundo e amostras de experiências vividas por eles. Durante todo o processo de conversação o educador deve estar atento a possíveis conceitos e valores trazidos, abordando-os sempre como forma de reflexão e não como imposição do conceito sobre "certo" ou "errado". Falar de sexualidade é falar também de prevenção, pois o que para os adolescentes pode ser um sonho em meio a tantas descobertas, emoções e sensações, pode se tornar um pesadelo eterno. Gravidez na adolescência e as doenças sexualmentetransmissíveis FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 10 devem fazer parte dos debates abertos em sala de aula. Toda intervenção feita pelo professor na abordagem sobre o assunto sexualidade, deve ser pertinente para suprir as angústias do adolescente ou do grupo, pois esse trabalho se faz problematizando, questionando e ampliando o leque de conhecimentos e opções para que o próprio aluno escolha seu caminho. "Propõe-se que a Orientação Sexual oferecida pela escola aborde com as crianças e os jovens as repercussões das mensagens transmitidas pela mídia, pela família e pelas demais instituições da sociedade. Trata-se de preencher lacunas nas informações que a criança e o adolescente já possui e, principalmente, criar a possibilidade de formar opinião a respeito do que lhes é ou foi apresentado. A escola, ao propiciar informações atualizadas do ponto de vista científico e ao explicitar e debater os diversos valores associados à sexualidade e aos comportamentos sexuais existentes na sociedade, possibilita ao aluno desenvolver atitudes coerentes com os valores que ele próprio eleger como seus". ( PCN. p. 300) A intervenção do profissional na abordagem sobre sexualidade deve se dar sem imposição e indução sobre seus próprios conceitos formados e vividos com suas experiências pessoais, mas sim, questionar, fazer com que o aluno aja de acordo com as concepções que se encaixe com seu bem-estar, convívio e comportamento considerado para ele normal dentro dos padrões já pré-estabelecidos por sua família. O professor deve estar consciente de que o assunto sexualidade é um material sutil e delicado envolvendo nele diferentes subjetividades. Por essa razão deverá rever seus próprios sentimentos e atitudes diante do tema. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 11 Módulo III O objetivo da educação sexual nas escolas O objetivo principal da educação sexual é preparar os adolescentes para a vida sexual de forma segura, chamando-os à responsabilidade de cuidar de seu próprio corpo para que não ocorram situações futuras indesejadas, como a contração de uma doença ou uma gravidez precoce e indesejada. Infelizmente o ser humano tende a acreditar que o perigo sempre está ao lado de outras pessoas e que nada irá acontecer com ele mesmo, o que o coloca vulnerável a tais situações. Os meios de comunicação, entre tantos outros que utilizam o sexo para chamar a atenção das pessoas, acabam por estimular e criar curiosidades precoces até em crianças, o que dificulta bastante o processo de conscientização e responsabilidade individual dessas sobre o assunto. Dessa forma, se torna cada vez mais importante ensinar os adolescentes quanto ao assunto, isso dentro de casa e nas instituições de ensino. Promover a educação sexual e reprodutiva e a conscientização do público adolescente e jovem a respeito da saúde e dos cuidados de prevenção é um papel que cabe tanto à família, como à sociedade e ao Estado. Os pais e outros familiares mais experientes devem conversar com eles com maior frequência sobre assuntos como afetividade, sexualidade, gravidez, métodos contraceptivos, uso de preservativos e doenças sexualmente transmissíveis. O ambiente escolar também é fundamental nesse processo, já que atua na formação dos alunos. Os professores podem complementar as informações repassadas pela família, ajudando a preparar o jovem para uma vida sexual segura. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 12 Nesse sentido, os Ministérios da Saúde e da Educação também unem esforços e desenvolvem políticas e ações voltadas aos alunos da rede pública de ensino, que atende quase 80% dos estudantes do país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009. O Programa Saúde na Escola (PSE), criado em 2007, é um dos exemplos desse trabalho conjunto. A iniciativa oferece cuidado integral de prevenção e atenção à saúde de crianças e jovens e, em 2009, beneficiou mais de oito milhões de estudantes de 695 cidades. Este ano, a meta é atingir 23,5 milhões de alunos. O PSE atua nos espaços escolares e também nas Unidades de Saúde, articulando os dispositivos existentes nas áreas de cultura, esporte, lazer, assistência social para promover a saúde e prevenir agravos. O programa atua em quatro áreas: • promoção da saúde e prevenção, com combate à violência, consumo de álcool, tabaco e outras drogas, além de abordagem sobre educação sexual e estímulo à atividade física; • avaliação das condições de saúde, como nutrição, incidência precoce de hipertensão e diabetes, higiene bucal e acuidade visual e auditiva; • educação permanente dos profissionais de educação e treinamento das equipes de saúde; • monitoramento e avaliação da saúde dos estudantes. Por meio do PSE, os educadores e os profissionais de saúde podem receber materiais de apoio pedagógico e clínicos e os alunos têm acesso a informativos e educativos, como a FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 13 Caderneta de Saúde de Adolescentes. Em dois anos, foram distribuídas cinco milhões de Cadernetas. Dentro do programa foi desenvolvido, em 2003, o projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), que trabalha especificamente a educação sexual e reprodutiva e conta com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). O projeto oferece materiais educativos, cursos de formação e seminários e estimula as escolas a adotar a educação sexual em seus currículos. Com o SPE, as redes públicas de educação e saúde e as organizações da sociedade civil atuam na busca pela participação dos jovens e pela promoção do diálogo na família, que também é envolvida no projeto. O foco desse trabalho é orientar os adolescentes sobre a importância de manter uma vida sexual segura e saudável e incentivar o uso de preservativos e métodos contraceptivos, construindo, assim, uma cultura de prevenção. O objetivo é reduzir a incidência de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo vírus da Aids (HIV) e diminuir os índices de gravidez não planejada entre a população adolescente. Como a escola deve falar de sexo? Falar de sexo com crianças e adolescentes é papel dos pais, certo? Sim, mas é importante que esse assunto também seja abordado em outros ambientes de convivência dos jovens, principalmente na escola. Afinal é no ambiente de estudos que aparecem as principais mudanças nas relações afetivas entre as crianças e os jovens:no primeiro ciclo de aprendizagem, o namoro inocente; já no Ensino Médio, namoros que fomentam vontades e descobertas sexuais se tornam mais comuns. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 14 "Hoje o sexo é abordado livremente na televisão e nas revistas. É preciso tratar do assunto também na escola", diz Ademar Francisco da Silva, coordenador da Escola Estadual Ary Corrêa, de Ourinhos, interior de São Paulo. "A escola tem de informar os alunos e tirar suas dúvidas, porque estudante precisa conhecer cientificamente o que acontece com seu corpo", completa. Ainda que o assunto seja tabu para muitas famílias, é preciso assumir o tema precisa ser abordado com os jovens já que o sexo está presente na vida. Qual deve ser o foco da discussão sobre sexo? A pesquisa "Retrato do Comportamento Sexual do Brasileiro", realizada pelo Ministério da Saúde em 2009 com 8 mil pessoas, mostra que 35,4% dos brasileiros fizeram sexo antes dos 15 anos de idade. É fato: crianças e adolescentes estão descobrindo a sexualidade e os limites do próprio corpo cada vez mais cedo. Por isso o foco deve ser a orientação sexual, mesmo. É preciso passar a informação sem reforçar mitos e preconceitos e possibilitando o diálogo da forma mais aberta possível. E isso deve acontecer tanto na escola quanto em casa. "Existe uma crença equivocada de que fornecer Educação Sexual é o mesmo que incentivar a inicialização da vida sexual na escola", diz Isabel Botão, técnica do Departamento de DST/ AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Ela acredita que é indispensável a criação de um canal confiável de debate sobre o tema nas escolas, local onde as crianças e os adolescentes passam a maior parte do tempo. "Sexo faz parte do cotidiano do jovem, não adianta negar", diz. Como a Educação Sexual deve ser abordada na escola? A Educação Sexual é muito mais do que a questão reprodutiva. O ensino nas escolas pode enfatizar tanto a questão do prazer quanto a do direito ao livre exercício da sexualidade. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 15 Mas lembre-se: como já dissemos, cabe à família e às instituições de ensino orientar qual a maneira mais segura e responsável de desfrutar dessa liberdade. Existe alguma lei que obrigue a escola a dar Educação Sexual? Hoje o Brasil não tem nenhuma lei que obrigue as escolas a inserirem a Educação Sexual em seus currículos. Porém, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sugerem que o assunto seja trabalhado em todas as disciplinas, sempre que uma oportunidade aparecer. "Orientação Sexual envolve sentimentos e desejos e, portanto, não pode ser abordada só com explicações sobre o funcionamento do aparelho reprodutor e palestras médicas nas aulas de Ciências", afirma Antônio Carlos Egypto, psicólogo e coordenador do Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, em São Paulo. Mesmo sem uma legislação específica, o número de instituições que abordam a Educação Sexual em diversas áreas do aprendizado tem aumentado. Além disso, projetos nacionais que abordam a sexualidade relacionada à saúde ganham cada vez mais força no ambiente escolar. Um exemplo é o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) criado em 2003, por meio de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o MEC. O Programa tem como objetivo promover a saúde sexual, reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e jovens às doenças sexualmente transmissíveis (DST), à infecção pelo HIV e à gravidez não-planejada. Qualquer escola pode aderir ao Programa Saúde e Prevenção. Basta entrar em contato com a Secretaria de Educação do respectivo Estado. Qual é o papel da escola ao oferecer Educação Sexual? Educadores aconselham que sejam feitas reuniões pedagógicas para explicar aos pais de que maneira o sexo será abordado no currículo. É nesses espaços que você, pai, deve http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/www.gtpos.org.br http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/www.gtpos.org.br http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=24052%0D FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 16 manifestar suas dúvidas sobre a Educação Sexual nas escolas ou mesmo reclamações sobre a forma como o conteúdo tem sido passado ao seu filho. Afinal, a abordagem do tema de maneiras extremas - "sexo é proibido antes do casamento" ou "transar com muitos parceiros sem preocupação não traz nenhum problema" - não é saudável para aprendizagem e muito menos corresponde a um método pedagógico de ensino. "Quando a criança consegue transmitir ao pai a Educação Sexual que aprende na escola de forma didática e a família entende que o aluno está sendo informado com o uso de termos científicos, os pais ficam tranquilos", conta o coordenador da Escola Estadual Ary Corrêa, em Ourinhos (SP), Ademar Francisco da Silva, que, quando dava aulas de Ciências na escola, apostava em um perfil didático e científico de abordagem. "Se vou falar de vagina, estou preparado para falar daquilo de maneira didática: é um órgão do corpo humano. Depois, os alunos já não dão mais risadas e tratam aquilo com seriedade, fazem perguntas e prestam atenção nas explicações", garante Silva. Como o assunto deve ser abordado na sala de aula? Na sala de aula, o recomendado pelos pesquisadores e educadores que abordam o tema da sexualidade na juventude é que os professores optem por metodologias mais fluidas do que, por exemplo, por palestras de especialistas sobre o tema. "Recomendamos que eles optem por metodologias participativas, aulas temáticas, discussões de vídeo, oficinas, seminários, gincanas, teatro, atividades ligadas à cultura e à arte", diz Isabel Botão, técnica do departamento de DST/ Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. É importante também que os professores de todas as disciplinas, principalmente aqueles que se sentem mais à vontade para trabalhar a temática, abordem questões sexuais nas salas de aula cotidianamente. "Acreditamos no canal permanente e cotidiano de discussão", completa Isabel. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 17 É preciso falar de sexo em casa também? A família ainda tem um papel essencial quando o assunto é sexo. Apesar da mudança na forma de abordagem, falar de sexo com os filhos pode ser motivo de constrangimento para muitos pais. Entretanto, é preciso assumir que, ainda que se tente evitar o assunto, o sexo está presente em todas as faixas etárias, seja nos questionamentos mais ingênuos de uma criança que está descobrindo o corpo - "Mamãe, por que eu não tenho ‘ pipi’ ?" -, seja na adolescência, quando oshormônios estão em ebulição e meninas e meninos ficam sedentos por informações ligadas à vida sexual. Essas situações são exemplos que ajudam a identificar quando é o momento de falar sobre questões sexuais com o seu filho Como falar de sexo em casa? Quando a criança ainda é muito pequena, vale fazer analogias para explicar os apetites sexuais. Uma boa explicação é a de que um cheiro gostoso de comida faz a gente sentir vontade de comer e um vento frio faz a pele se arrepiar. Do mesmo modo, algumas imagens (como um casal que se beija, por exemplo) estimulam os órgãos sexuais. Já com os mais velhos, pode ser uma conversa aberta sobre a necessidade do uso de métodos de proteção para a hora do sexo (caminhas masculinas e femininas, pílulas anticoncepcionais etc). Deixe claro ao seu filho que a intenção das conversas não é simplesmente ensiná-lo a usar esses métodos preventivos de forma prática, mas sim refletir sobre o seu uso correto, com a devida atenção e responsabilidade. Nessas horas, livros também podem ser bons aliados. Você pode encontrar obras específicas para tratar do assunto nas livrarias. E a leitura pode ser feita junto com a criança ou adolescente ou ele pode ler sozinho. É sempre importante agir da forma que for mais FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 18 agradável para o jovem e para o adulto. Como a Educação Sexual é abordada em outros países? Desde 2009, em Portugal, a lei nº 60 estabelece a aplicação da Educação Sexual em meio escolar nas instituições públicas e privadas de ensino básico do país. Entre os principais objetivos da lei, está o desenvolvimento de competências nos jovens que permitam escolhas seguras no campo da sexualidade; a melhoria dos relacionamentos afetivo- sexuais entre os alunos; a redução de consequências negativas dos comportamentos sexuais de risco, como a gravidez indesejada e as doenças sexualmente transmissíveis; e capacidade de proteção diante de todas as formas de exploração e de abuso sexuais. Já na Argentina, mesmo enfrentando diversas críticas, em 2006, o Congresso Nacional sancionou uma lei que obriga a Educação Sexual no currículo das escolas públicas e privadas. Com a entrada da lei em vigor, o Manual de Formação dos Professores passou a ser distribuído nas escolas do país. O material tem capítulos dedicados à Educação Sexual e à prevenção contra a Aids. Um dos casos mais interessantes é o da Inglaterra. Em 2008, o país tornou obrigatória nas escolas a criação de uma disciplina responsável por orientar alunos sobre temas pessoais, sociais e de saúde, incluindo a Educação Sexual. A disciplina é obrigatória para estudantes dos cinco aos 16 anos. Nos primeiros anos de ensino, os estudantes aprendem sobre as partes do corpo. E o ensino sobre reprodução humana só acorre quando as crianças estão mais velhas. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 19 6. livros para falar de sexo Sugestões de leitura que ajudam adultos a driblar embaraço para falar de sexo com as crianças "Para funcionar, a leitura precisa partir de uma demanda da criança e os pais têm de ler antes de apresentar o conteúdo para ela. Assim podem selecionar o que faz parte do interesse do filho", afirma Maria Helena Vilela, diretora-executiva do Instituto Kaplan - Centro de Estudos da Sexualidade Humana. Para os menores de sete anos, é importante que a obra tenha mais imagens do que texto. "A criança não consegue imaginar o conceito. Ela tem de visualizar", fala Maria Helena. Os maiores já estão mais ligados no comportamento das relações amorosas. É necessário ainda que o adulto não faça uma leitura maquinal. A interpretação fará com que o pequeno ouvinte assimile o conteúdo. Como muitos pais se sentem perdidos ao ter de falar de sexo com o filho, o livro funciona como um intermediário para estabelecer esse contato. "É um recurso muito mais válido para os pais", diz Maria Helena. Normalmente, os livros com conteúdo de educação sexual vêm com a faixa etária a que se destinam explicitada. Mas, apesar da indicação, segundo Maria Helena, vale os pais avaliarem a maturidade da criança. "O adulto pode pinçar o que é interessante ser dito naquele momento. Pode-se ir lendo gradativamente." Mesmo com o livro como anteparo, os adultos têm de estar preparados para responder aos FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 20 questionamentos da criança. "Quando meu sobrinho tinha sete anos, dei para ele ler o ‘ De Onde Viemos’ . Falei que depois que terminasse conversaríamos. Quando perguntei o que achou. Ele falou: ‘ entendi tudo. Só não como cabe um espermatozoide com cartola (uma das ilustrações da obra) dentro do saco’ ." A seguir confira títulos recomendados pela diretora do Instituto Kaplan: FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 21 FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 22 FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 23 Módulo IV Prevenção sexual deve ser tratada na escola? É papel da escola falar sobre prevenção sexual? Sim. Você pode achar que esse é um dever apenas dos pais, afinal, não faz parte do conteúdo formal escolar. Mas, além de ensinar equação de segundo grau e dissertação, a escola pode - e deve - trabalhar transversalmente essa questão. E por quê? Por que os jovens estão começando a transar cada vez mais cedo e, muitas vezes, transam sem proteção. Em outras palavras: quanto mais informação seu filho receber mais chance ele terá de se proteger se começar a vida sexual no Ensino Médio. Não há dúvidas de que os primeiros namoros na adolescência têm o ambiente escolar como pano de fundo. Afinal, é no espaço de ensino - ou em locais de convivência com os amigos da escola - que os jovens passam a maior parte do tempo. Por isso, a conscientização de que a proteção sexual é importante na juventude precisa caminhar junto com a aprendizagem na escola.O primeiro passo é admitir que grande parte dos adolescentes faz sexo, sim. E de nada adianta tentar negar isso. Segundo o Censo Escolar 2008, no Brasil, 44,7% dos estudantes têm vida sexual ativa. Um estudo do Ministério da Saúde sobre o comportamento sexual no Brasil realizado com 8 mil pessoas em 2009 mostrou que 35,4% dos brasileiros fizeram sexo antes dos 15 anos de idade. A mesma pesquisa traz outro dado alarmante: 39,1% da população entre 15 e 24 anos não usou preservativo na primeira relação sexual. FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 24 Diante desses números, é inevitável que Aids e outras DSTs acabem atingindo os adolescentes. Dados recentes do Ministério da Saúde indicam que 170 mil casos notificados de Aids no Brasil correspondem a portadores de 13 a 19 anos de idade. O número equivale a 30% dos casos notificados de Aids no país em todas as faixas etárias. É importante, portanto, proporcionar momentos de reflexão ao jovem - e não há lugar melhor para isso do que a escola. "O que eu quero para o meu futuro? Como será minha vida daqui a alguns anos?". Incentivar respostas a esse tipo de pergunta é uma maneira de orientar os adolescentes e fazer com que entendam a importância de prevenir uma gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis. O jovem está prevenido? Sim, mas não o suficiente. Segundo a pesquisa "Retrato do Comportamento Sexual do Brasileiro", realizada em 2009 pelo Ministério da Saúde, 35,4% dos entrevistados disseram ter tido a primeira relação antes dos 15 anos. E apesar de o uso do preservativo ter aumentado entre os jovens brasileiros de até 24 anos - 68% dos pesquisados afirmaram ter usado camisinha na última relação sexual -, ainda são muitas as justificativas para a não proteção na hora do sexo. Por que o jovem não usa camisinha? Segundo o Censo Escolar 2008, o principal motivo alegado por 42,7% dos estudantes para não usar o preservativo é não tê-lo na hora "H". Além disso, 9,7% dos estudantes declararam que não têm dinheiro para comprá-lo FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 25 O jovem recebe orientação sobre a DSTs nas escolas? Segundo o Ministério da Saúde, sim, o jovem recebe informações de como se prevenir contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis, as DSTs. Mas, hoje, no Brasil, não há nenhuma lei que obrigue as escolas a inserirem a Educação Sexual em seus currículos. Entretanto, o Ministério afirma que a maior parte das escolas do país começou a deixar os tabus de lado e atualmente inclui Educação Sexual nas aulas de maneira natural e gradativa. O Programa Saúde e Prevenção na Escola (SPE) é um caminho para isso. Nascido em 2004, o SPE faz parte do Programa Saúde na Escola, que, entre outras medidas, desenvolve ações nas instituições de ensino relacionadas à sexualidade, atendendo prioritariamente escolas públicas com baixa nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Para participar, basta a escola entrar em contato com a Secretaria de Educação do seu Estado. Os pais podem - e devem - exigir isso. Outra tendência é a distribuição de preservativos para os alunos. Segundo o Censo Escolar 2008, do total de escolas públicas e particulares de Ensino Médio participantes do censo (8.366.100 instituições), apenas 2,9% (3.373) distribuem preservativos para os seus alunos. Meninos e meninas devem receber o mesmo tipo de orientação? A orientação não precisa necessariamente ser diferenciada, mas é necessário levar em consideração que meninos e meninas começam a vida sexual em momentos diferentes. Em 2009, a pesquisa "Retrato do Comportamento Sexual do Brasileiro", realizada pelo Ministério da Saúde com 8 mil pessoas, mostrou que, no país, os rapazes iniciam a vida sexual mais cedo - 36,9% tiveram a primeira relação antes de completar 15 anos, contra http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=24052%0D http://educarparacrescer.abril.com.br/nota-da-escola/ http://educarparacrescer.abril.com.br/nota-da-escola/ FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 26 apenas 17% das jovens. Entretanto, dados do Estudo Epidemiológico Aids/DST, divulgado em 2010 pelo Ministério da Saúde, mostram que entre 13 e 19 anos o número de casos de Aids entre as meninas é maior do que entre os meninos - no Brasil, a inversão apresenta-se desde 1998, com oito casos de Aids em meninos para cada 10 casos em meninas. Outro ponto a ser abordado é a diferença de gênero nas relações sexuais. "As meninas têm de saber, por exemplo, que podem exigir o uso da camisinha na hora do sexo", diz Isabel Botão, do departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Partindo do exemplo da especialista, vale sempre lembrar aos alunos e filhos que não é só a mulher que deve se preocupar com os riscos do sexo sem proteção. Como a proteção sexual deve ser abordada na escola? Para trazer o assunto à tona é interessante propor em classe atividades como discussões de vídeo, teatro, oficinas, seminários e gincanas. Tentar abordar o assunto sob perspectivas diferentes torna sua complexidade mais palatável para o adolescente. É importante que, nas aulas, seja incentivada a reflexão sobre o que os estudantes pensam fazer no futuro; quais as projeções que eles têm para daqui a cinco ou dez anos. Esse tipo de pensamento ajuda a analisar o quanto as consequências de relações sexuais sem proteção podem comprometer sonhos profissionais e pessoais tidos na juventude. Como falar de proteção sexual em casa? Conversar é sempre o melhor jeito de explicar a seu filho a importância de ser bem informado sobre as questões da sexualidade. Admitir a sexualidade do filho e saber que ele está pensando em sexo já é um bom começo para abrir esse canal. Ao negar isso, os pais FCE – FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO FCE – Faculdade Campos Elíseos Núcleo de Pós Graduação em Educação Rua Vitorino Carmilo, 644 – Bairro de Campos Elíseos São Paulo / SP - CEP. 01153-000 Telefones: 11-3661-5400 27 podem fechar para sempre as portas para o diálogo sobre o assunto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais, ética. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília; MEC/SEF, 1997. 146 p. -----------. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 164p. ------- -----------. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação dos temas transversais – terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 436 p. Artigos: SILVA, Oscarina Maria da – NIEPSEF : ORIGENS DA EDUCAÇÃO (SEXUAL) BRASILEIRA E SUA TRAJETÓRIAhttp://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/GT.13/GT13_4_200 2.pdf Quenn, Mariana- Como a escola deve falar de sexo? http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/educacao-sexual-406667.shtml FREITAS, Ava - Sugestões de leitura que ajudam adultos a driblar embaraço para falar de sexo com as crianças http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/livros-sexo-738986.shtml Organizada por: Prof.ª Cíntia Sitta Editada por: Cláudia R Esteves http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/GT.13/GT13_4_2002.pdf http://www.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/eventos/evento2002/GT.13/GT13_4_2002.pdf http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/educacao-sexual-406667.shtml http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/livros-sexo-738986.shtml