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Trabalho Direito Administrativo Responsabilidade Civil do Estado

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1 
 
TRABALHO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
TEMA 1- RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
Profª Me. Ivana Mussi Gabriel 
Discente: Ana Luíza Azevedo – DIR1800049 
Leia o livro “Ninguém escreve ao coronel”, de Gabriel Garcia Marquez, faça uma resenha e depois, 
responda, com fundamento no ordenamento jurídico brasileiro, se existe (ou não) responsabilidade 
civil do Estado na história do coronel. Importante citar doutrina e jurisprudência nacional. 
 
A narrativa acerca do drama de vida do combatente da Guerra dos Mil Dias inicia-se durante o 
luto enfrentado por ele e sua esposa, pela perda de seu único filho, Augustín. O rapaz, alfaiate 
e envolvido em rinhas de galo, abatido a tiros pela ditadura censuradora, deixa a seus pais 
como herança seu instrumento de trabalho, a máquina de costura, e seu galo de briga, um 
animal magricelo e aparentemente adoentado. O conflito central do livro desenrola-se em 
relação à espera interminável do Coronel pela carta de concessão de sua pensão vitalícia 
pelos serviços militares prestados ao seu país. A quinze anos, religiosamente às sextas-feiras, 
o idoso traja-se em seu melhor terno, se dirige ao cais da cidade para aguardar a lancha do 
correio, aonde é recebido, com requinte de desdém, pelo carteiro, que afirma: “Ninguém 
escreve ao Coronel!”. 
Comovente, o Coronel nos conduz por sua jornada de subsistência, visto que se encontra em 
condição tão miserável que se vê submetido a vender seus pertences para garantir que a fome 
não o encontre juntamente com sua esposa, uma senhora asmática. Por fim, se vê diante de 
um impasse: vender o galo de briga para assegurar um mínimo sustento, mas deixar ir a 
memória de seu filho, atada com a esperança de dias mais dignos em sua velhice. 
A história do Coronel, analisada por um viés jurídico, expressa uma gigantesca lacuna do 
Estado, além de evidente negligência, o que acarreta responsabilidade civil ao Estado. O 
ordenamento jurídico brasileiro apresenta diversos dispositivos capaz de salvaguardar o direito 
fundamental de uma vida digna, ainda mais na ancianidade. Senão vejamos: 
A Constituição Federal de 1988, de maneira generalizada, manifesta em seu 1º art., inciso III, 
o direito fundamental inerente a todos, a dignidade da pessoa humana. No artigo 3º, ainda, 
estipula que um dos objetivos fundamentais da República é o de promover o bem de todos, 
sem preconceito ou discriminação em face da idade do cidadão. 
Partindo desses preceitos, o constituinte externa explicitamente que os meios legais para 
assegurar a vida digna desde o nascimento até o momento da morte para os cidadãos dessa 
pátria. Completando essa ideia, Alexandre de Moraes acrescenta que: 
Mais do que reconhecimento formal e obrigação do Estado 
para com os cidadãos da terceira idade, que contribuíram para 
seu crescimento e desenvolvimento, o absoluto respeito aos 
direitos humanos fundamentais dos idosos, tanto em seu 
2 
 
aspecto individual como comunitário, espiritual e social, 
relaciona-se diretamente com a previsão constitucional de 
consagração da dignidade da pessoa humana. O 
reconhecimento àqueles que construíram com amor, trabalho e 
esperança a história de nosso país tem efeito multiplicador de 
cidadania, ensinando às novas gerações a importância de 
respeito permanente aos direitos fundamentais, desde o 
nascimento até a terceira idade. 
 
O artigo 203° da CF, ainda, em caput e em seus incisos I e V, aborda a função social da 
assistência concedida pelo Estado: 
 
 A assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por 
objetivos: 
 I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à 
velhice; 
(...) 
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa 
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir 
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua 
família, conforme dispuser a lei. 
 
O artigo 230° da CF é ainda mais enfático ao citar o encargo do Estado em relação à pessoa 
idosa: 
 A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as 
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, 
defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à 
vida. 
 
Além dos dispositivos da Constituição, existe uma legislação mais específica no que concerne 
à assistência social, a fim de endossar como o Estado detém formas de auxiliar aqueles que se 
encontram em situação de vulnerabilidade, como a miséria. A Lei 12.435/11 dispõe, em seu art. 
2º: 
A assistência social tem por objetivos: 
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e 
à prevenção da incidência de riscos, especialmente: 
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à 
velhice; 
3 
 
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa 
com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de 
prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; 
Em seara mais estrita, o Estatuto do Idoso visa garantir, mais acertadamente, a dignidade na 
velhice, de modo a satisfazer as necessidades da classe. Pérola Melissa Vianna Braga, em sua 
obra Direitos do Idoso, destaca: 
Esta lei é um marco importante no estudo dos direitos dos idosos 
brasileiros. Tanto assim que merece estudo próprio e individualizado, 
no entanto, é impossível deixar de citar, ao menos, alguns de seus 
pontos importantes. E uma vez definida a pretensão, podemos afirmar 
que sua maior contribuição é, sem dúvida alguma, a publicidade dada à 
temática do envelhecimento. A sociedade começa a perceber-se como 
envelhecida e os índices já divulgados pelos institutos de pesquisa 
passam a ser notados. O Estatuto do Idoso é um instrumento que 
proporciona autoestima e fortalecimento a uma classe de brasileiros 
que precisa assumir uma identidade social. Ou seja, o idoso brasileiro 
precisa aparecer! Precisa se inserir na sociedade e, assim, passar a 
ser respeitado como indivíduo, cidadão e participe da estrutura 
politicamente ativa. 
O entendimento jurisprudencial abaixo expressa o que a demora para concessão do benefício 
pode acarretar: 
ADMINISTRATIVO. CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS 
MORAIS. ATRASO NA IMPLANTAÇÃO DE BENEFÍCIO 
PREVIDENCIÁRIO. DESCUMPRIMENTO DE COISA JULGADA PELO 
INSS – RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. DANO MORAL – 
CABÍVEL. A responsabilidade objetiva independe da comprovação de 
culpa ou dolo, ou seja, basta estar configurada a existência do dano, da 
ação e do nexo de causalidade entre ambos (art. 37, §6º da CF/88). O 
simples indeferimento de benefício previdenciário, ou mesmo o 
cancelamento de benefício por parte do INSS, não se prestam para 
caracterizar dano moral. Somente se cogita de dano moral quando 
demonstrada violação a direito subjetivo e efetivo abalo moral, em 
razão de procedimento flagrantemente abusivo ou equivocado por 
parte da Administração, já que a tomada de decisões é inerente à sua 
atuação. 
Inexistindo justificativa do INSS para demora em cumprir a ordem 
judicial transitada em julgado que determinou a implantação do 
benefício de amparo assistencial, fica demonstrado que o ato 
estatal foi o causador da restrição de recebimento de verba 
alimentar por parte da autora, o que transpõe meros 
aborrecimentos e dissabores do cotidiano. 
Comprovada a responsabilidade do INSS pelos danos decorrentes da 
não implantação do benefício previdenciário, cabível a indenização por 
danos morais. Na quantificação do dano moral devem ser sopesadas 
as circunstâncias e peculiaridades do caso, as condições econômicas 
das partes, a menor ou maior compreensão do ilícito, a repercussão do 
fato e a eventual participação do ofendido para configuração do evento 
danoso. A indenização deve ser arbitrada em valor que se revele 
4 
 
suficiente a desestimular a prática reiterada da prestação de serviço 
defeituosa e aindaevitar o enriquecimento sem causa da parte que 
sofre o dano. 
APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA – INDENIZAÇÃO POR 
DANO MATERIAL – DEMORA NA CONCESSÃO DE 
APOSENTADORIA – MILITAR – FALHA NA PRESTAÇÃO DO 
SERVIÇO – RESPONSABILIDADE OBJETIVA – REMESSA 
NECESSÁRIA NÃO CONHECIDA E RECURSO VOLUNTÁRIO 
DESPROVIDO. Descabe a remessa necessária quando o ente público 
utiliza-se da prerrogativa de recorrer. A demora injustificada da 
administração pública para apreciar pedido de aposentadoria, 
obrigando o servidor a continuar exercendo suas funções gera o 
dever de indenizar. 
(TJ-MS - APL: 08313668420188120001 MS 0831366-
84.2018.8.12.0001, Relator: Des. Marcelo Câmara Rasslan, Data de 
Julgamento: 12/02/2020, 1ª Câmara Cível, Data de Publicação: 
14/02/2020) 
 
Em síntese, dado os dispositivos e entendimentos jurisprudenciais e doutrinários expostos, é 
indubitável que houve ineficiência em cumprir um dos preceitos basilares que é a assistência 
social a fim de assegurar a dignidade na velhice, além de situação de vulnerabilidade, tal qual o 
Coronel enfrenta. A responsabilidade civil do estado está configurada.

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