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Geografia Urbana: Estudo do Espaço Urbano

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Indaial – 2019
GeoGrafia Urbana
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L575g
 Lenz, Talita Cristina Zechner
 Geografia urbana. / Talita Cristina Zechner Lenz. – Indaial:
 UNIASSELVI, 2019.
 213 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0378-2
 1. Planejamento urbano. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 910.091732
III
apresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Geografia Urbana! 
Nesta disciplina, trataremos de aspectos conceituais e empíricos relacionados 
à geografia e suas interfaces com o espaço urbano. A geografia urbana 
procura explicar a distribuição das cidades e as semelhanças e contrastes 
socioespaciais que existem entre e dentro delas.
O tema central da Unidade 1 será “a cidade, o urbano e a urbanização: 
formulações teórico-conceituais”, que oferece um panorama geral dos 
assuntos e aspectos que são estudados no plano da geografia urbana. Além 
de revelar o campo de estudo da geografia urbana, outro ponto central desta 
unidade consiste em apresentar e discorrer a respeito dos diferentes critérios 
que podem ser utilizados para classificar os espaços urbanos. Você aprenderá, 
ainda, quais são os principais agentes produtores do espaço urbano, além de 
entender o que é urbanização. 
Na Unidade 1 desta disciplina, você conhecerá o conceito de rede 
urbana e poderá compreender como ocorre o processo de hierarquização e 
classificação das cidades. Seguindo este eixo temático, serão apresentadas as 
principais características do estudo Regiões de Influência das Cidades. Ao 
final desta primeira unidade, você irá conhecer as contribuições de Milton 
Santos no estudo da rede urbana brasileira.
Na Unidade 2, o foco dos estudos é o espaço urbano brasileiro. A 
unidade visa apresentar as principais fragilidades dos espaços urbanos 
brasileiros e, por outro lado, procura realçar algumas experiências positivas 
advindas das cidades brasileiras. Em se tratando dos problemas urbanos que 
afetam o Brasil e diversos outros países na atualidade, um dos importantes 
desafios que se impõe é o uso adequado dos recursos naturais e a busca 
por alternativas que visem minimizar os danos ambientais decorrentes do 
aumento da população residente em áreas urbanas, com o intuito de melhor 
a qualidade de vida da população e também de procurar um convívio mais 
harmonioso no que se refere à relação sociedade e natureza. Serão analisados 
aspectos como a rede de saneamento básico, violência urbana e a problemática 
das favelas. 
Ainda na Unidade 2, para evidenciar alguns aspectos positivos 
da urbanização brasileira, serão analisados a experiência de Brasília e 
de Curitiba. No caso de Brasília, o enfoque está em evidenciar como o 
planejamento das cidades pode contribuir para a construção de cidades 
que sejam mais apropriadas e agradáveis para se viver. Ao examinarmos a 
experiência de Curitiba, atenção especial é dedicada na análise dos espaços 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
urbanos com finalidade de uso direcionada para o lazer, tal como ocorre 
com os parques urbanos. Outro aspecto a ser tratado será a relação entre 
o turismo e os espaços urbanos. Vamos conhecer quais são as principais 
modalidades de turismo que ocorrem neste espaço e qual a relação entre 
turismo, espaço urbano e patrimônio histórico. 
Já na Unidade 3, o grande tema de estudo é o Planejamento Urbano. 
Vamos conhecer os aspectos conceitos do planejamento urbano e tomar 
contato com os principais instrumentos e ferramentas adotados no exercício 
de planejar as cidades. Além disso, vamos identificar e analisar alguns 
aspectos da dimensão ambiental do planejamento urbano. Por fim, o último 
tópico de estudos irá abordar o conceito de cidades para as pessoas, realçando 
a questão da mobilidade urbana. 
Desejo a você uma ótima leitura e uma excelente jornada de estudos!
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES 
 TEÓRICO-CONCEITUAIS......................................................................................... 1
TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA .............................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O QUE ESTUDA A GEOGRAFIA URBANA? ................................................................................ 4
2.1 O QUE É URBANO? ........................................................................................................................ 9
2.2 OS AGENTES PRODUTORES DO ESPAÇO URBANO ............................................................ 16
2.3 O QUE É URBANIZAÇÃO? ......................................................................................................... 21
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 28
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 29
TÓPICO 2 – O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL ............................................ 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31
2 REDE URBANA E FUNÇÕES URBANAS ...................................................................................... 31
2.1 HIERARQUIA URBANA E CLASSIFICAÇÃO DAS CIDADES .............................................. 34
2.2 REDE URBANA BRASILEIRA: HIERARQUIA DAS CIDADES, SEGUNDO O REGIC ...... 38
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 45
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 46
TÓPICO 3 – AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA ............ 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 AS CONTRIBUIÇÕESDE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA ................................ 49
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65
UNIDADE 2 – O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO ........................................................................ 69
TÓPICO 1 – DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS ......................................... 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71
2 A QUESTÃO DO SANEAMENTO BÁSICO .................................................................................. 72
3 O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA URBANA E A QUESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA ...... 86
4 AS FRAGILIDADES DA QUESTÃO DA HABITAÇÃO NO BRASIL: FAVELAS E 
 SEUS PROBLEMAS DE URBANIZAÇÃO .................................................................................... 93
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104
TÓPICO 2 – ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA .............................107
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107
2 A EXPERIÊNCIA DE BRASÍLIA .....................................................................................................107
3 A EXPERIÊNCIA DE CURITIBA .....................................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129
sUmário
VIII
TÓPICO 3 – O ESPAÇO URBANO E O TURISMO........................................................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 TURISMO NOS ESPAÇOS URBANOS .........................................................................................131
3 TURISMO CULTURAL E PATRIMÔNIO .....................................................................................134
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................139
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................143
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................145
UNIDADE 3 – PLANEJAMENTO URBANO ...................................................................................147
TÓPICO 1 – O QUE É PLANEJAMENTO URBANO? ...................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 O QUE É PLANEJAMENTO URBANO E QUAL SUA RELEVÂNCIA PARA AS 
 CIDADES? ............................................................................................................................................150
2.1 ETAPAS DO PLANEJAMENTO URBANO ...............................................................................161
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171
TÓPICO 2 – A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO .........................173
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173
2 COMPONENTES DA QUALIDADE AMBIENTAL URBANA .................................................173
3 PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO AMBIENTE URBANO ...........180
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................185
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................187
TÓPICO 3 – A CIDADE PARA AS PESSOAS .................................................................................189
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................189
2 CIDADE PARA PESSOAS, MOBILIDADE URBANA E ESPAÇOS PÚBLICOS ..................190
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................201
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................204
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................205
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................207
1
UNIDADE 1
A CIDADE, O URBANO E A 
URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES 
TEÓRICO-CONCEITUAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer o campo de estudo da geografia urbana;
• aprender quais critérios são utilizados para classificar os espaços urbanos; 
• reconhecer quais são os agentes produtores do espaço urbano;
• entender o que é urbanização;
 
• conhecer o conceito de rede urbana;
• compreender o processo de hierarquização e classificação das cidades;
• reconhecer as principais características do estudo das regiões de influência 
das cidades;
• conhecer as contribuições de Milton Santos no estudo da rede urbana 
brasileira.
Esta unidade está organizada em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
TÓPICO 2 – O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
TÓPICO 3 – CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE 
URBANA BRASILEIRA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste tópico é apresentar a Geografia Urbana enquanto campo 
de estudos. Para tanto, inicialmente será examinado quais as possibilidades de 
análise que este campo disciplinar oferece e quais são as abordagens usualmente 
empregadas. Em seguida, discute-se o conceito de urbano procurando apontar 
quais são os elementos fundamentais que o caracterizam. Avançando, será 
discutido o conceito de urbanização, realçando as nuances que este conceito 
adquire no âmbito da Geografia. 
O debate a respeito da geografia urbana toma força na atualidade, tendo 
em vista que a maior parte da população mundial reside em áreas urbanas. Além 
disso, mesmo aquela que vivem além dos limites administrativos ou funcionais de 
uma cidade terão seu estilo de vida influenciado em algum grau por uma cidade 
próxima ou mesmo distante. Neste sentido, compreender as interações espaciais 
que se estabelecem entre os espaços rurais e urbanos são questões relevantes 
no campo da geografia urbana. Outro aspecto interessante a ser observado éde 
que, o fenômeno de intensificação da urbanização desencadeia alguns problemas 
urbanos que são similares em distintas partes do mundo. Por outro lado, observa-
se que os resultados desses processos se manifestam na diversidade de ambientes 
urbanos que caracterizam o mundo contemporâneo.
De modo geral, poderíamos dizer que que a geografia urbana é o ramo 
da geografia humana relacionado aos vários aspectos que compõem as cidades. 
Particularmente, a geografia urbana procura ainda explicar a distribuição 
das cidades e as semelhanças e contrastes socioespaciais que existem entre e 
dentro delas.
 Outro aspecto importante que será analisado neste tópico consiste na 
análise dos elementos que caracterizam o espaço urbano e como eles podem variar 
de acordo com os diferentes países. Vamos apresentar o conceito de morfologia 
urbana para você e analisar quais são os principais agentes produtores do espaço 
urbano. Por fim, vamos conhecer um pouco a respeito da história da urbanização. 
Venha conosco!
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
4
2 O QUE ESTUDA A GEOGRAFIA URBANA?
O mundo contemporâneo é um mundo urbano. Isso é evidente na 
expansão das áreas urbanas e na extensão das áreas de influências urbanas em 
grande parte da superfície habitável do planeta. Na atualidade, os moradores 
urbanos superam em número os residentes rurais (PACIONE, 2005). Os 
lugares urbanos — cidades e vilas — são de fundamental importância: para 
a distribuição da população dentro dos países; na organização da produção, 
distribuição e das trocas econômicas; na estruturação da reprodução social e da 
vida cultural; e na alocação e exercício do poder (PACIONE, 2005). Na Figura 1 
podemos observar o fenômeno da população urbana distribuída espacialmente 
pelo mundo. Acompanhe.
FIGURA 1 – MUNDO: POPULAÇÃO URBANA EM 2014
FONTE: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_populacao_
urbana.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2019.
Ademais, além do que pudemos perceber na Figura 1 estima-se que o 
número de habitantes urbanos e o nível de urbanização global provavelmente 
aumentarão nos próximos anos. Mesmo aqueles que vivem além dos limites 
administrativos ou funcionais de uma cidade, terão seu estilo de vida influenciado 
em algum grau por uma cidade próxima ou mesmo distante. Nós habitamos 
um mundo urbano em que a disseminação de áreas urbanas e de influências 
urbanas se constituem de um fenômeno global. Os resultados destes processos 
se manifestam na diversidade de ambientes urbanos que caracterizam o mundo 
contemporâneo (PACIONE, 2005).
Observe na Figura 2 como o padrão de urbanização na cidade de Toronto, 
no Canadá, é planejado e organizado. 
População residente 
em área urbana (%)
menos de 20
de 20 a 40
de 20 a 60
de 60 a 80
mais de 80
sem dados
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
5
FIGURA 2 – TORONTO (CANADÁ): EXEMPLO DE CAPITAL URBANA
FONTE: <https://achahistory.org/images/conferences/2011_toronto/toronto_skyline.jpg>. 
Acesso em: 19 jun. 2019.
Toronto é uma das principais cidades do Canadá, e, como podemos 
observar nesta paisagem, vários traços eminentemente urbanos caracterizam 
essa cidade, tais como edificações verticalizadas e a concentração de um conjunto 
expressivo de prédios na área urbana. O estudo das cidades é um elemento central 
de diversas ciências sociais, incluindo a geografia, que oferece em seu aparato 
metodológico recursos específicos para analisar condição urbana. De acordo 
com Pacione (2005), o escopo e o conteúdo da Geografia Urbana são abrangentes 
e incluem o estudo de lugares urbanos como "pontos no espaço", bem como a 
investigação da estrutura interna das áreas urbanas.
Além disso, da Geografia Urbana derivam subáreas de estudo que 
procuram analisar aspectos como a dinâmica populacional no espaço urbano, 
economia urbana, política e governança, comunidades urbanas, habitação ou 
questões de transporte, entre outros temas. Para tanto, os estudos de Geografia 
Urbana baseiam-se em uma rica mistura de informações teóricas e empíricas para 
avançar nos conhecimentos sobre a cidade. 
Por sua vez, Briney (2018) comenta que a Geografia Urbana é o ramo da 
geografia humana relacionado aos vários aspectos que compõem as cidades. Neste 
sentido, no rol de atribuições do geógrafo urbano está o estudo dos processos 
espaciais que criam padrões que podem ser observados em áreas urbanas. Para 
fazer isso, eles estudam, por exemplo, as características de determinado local, sua 
evolução e seu crescimento e, trabalhar com classificações como aldeias, vilas, 
municípios, cidades entre outros recortes espaciais, que variam conforme o país 
em que atuam. Outro aspecto que é estudado na Geografia Urbana é a localização 
da cidade e sua importância em relação a diferentes regiões e cidades. Aspectos 
econômicos, políticos e sociais dentro do espaço urbano também são importantes 
no estudo da Geografia Urbana.
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
6
Para estudar as diferentes dimensões que compõem o espaço das cidades, 
a Geografia Urbana articula saberes advindos de outras áreas da geografia. A 
geografia física, por exemplo, é importante para entender por que uma cidade 
está localizada em uma área específica, uma vez que as condições ambientais 
e locais desempenham um grande papel no desenvolvimento ou não de uma 
cidade. Já a geografia cultural pode ajudar na compreensão de várias condições 
relacionadas às pessoas que residem em determinada área sob o prisma da 
cultura, enquanto a geografia econômica ajuda a entender os tipos de atividades 
econômicas e empregos disponíveis em uma área. Campos fora da geografia, 
como gerenciamento de recursos, antropologia e sociologia urbana, também se 
articulam com a Geografia Urbana (BRINEY, 2018). 
A Geografia Urbana procura ainda explicar a distribuição das cidades e as 
semelhanças e contrastes socioespaciais que existem entre e dentro delas. Neste 
sentido, Pacione (2005) sustenta que se todas as cidades fossem únicas e distintas, 
isso seria uma tarefa praticamente impossível. No entanto, embora cada cidade 
tenha um caráter individual e particular, os locais urbanos também exibem 
características comuns que variam apenas em grau de incidência, ou importância, 
dentro de cada tecido urbano específico. Todas as cidades contêm áreas de 
espaço residencial, linhas de transporte, atividades econômicas, infraestrutura de 
serviços, áreas comerciais e prédios públicos.
 Em diferentes regiões do mundo, o processo histórico de evolução 
urbana pode ter seguido uma trajetória semelhante. Cada vez mais, processos 
semelhantes, como os de suburbanização e gentrificação, estão operando dentro 
de cidades distintas espalhadas ao redor do mundo. Além disso, as cidades 
também apresentam problemas comuns em graus variados, incluindo moradia 
inadequada, constrangimentos econômicos, pobreza, problemas de saúde, 
desigualdade social, congestionamentos e poluição ambiental (PACIONE, 2005). 
Em resumo, muitas características e preocupações comuns são 
compartilhadas pelos lugares urbanos. Essas características e preocupações 
compartilhadas representam as bases para o estudo da Geografia Urbana. O 
caráter dos ambientes urbanos, em todo o mundo, é o resultado de interações entre 
uma série de forças ambientais, econômicas, tecnológicas, sociais, demográficas, 
culturais e políticas que operam em uma variedade de escalas geográficas que 
vão do global ao local (PACIONE, 2005).
NOTA
Acadêmico! Você conhece as expressões suburbanização e gentrificação?
Apresentamos a seguir, de modo resumido, o significado de cada uma delas, acompanhe.
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
7
Suburbanização: é um processo relacionado com o desenvolvimento de 
subúrbios em torno das grandes cidades e áreas metropolitanas. O processo de 
suburbanização é gerado pelo crescimento demográfico (aumento da população 
total) e pelareestruturação interna das cidades. Muitos residentes das grandes 
cidades já não vivem e trabalham na mesma área urbana, optando por viver em 
subúrbios e deslocar-se para trabalhar noutras áreas. Os subúrbios são áreas 
habitadas localizadas na periferia imediata de uma cidade, fora dos limites 
administrativos desta ou mesmo no exterior dos limites de uma conturbação. 
FONTE: <http://www.forumdascidades.pt/content/suburbanizacao>. Acesso em: 19 jun. 2019. 
A respeito do tema da suburbanização, é interessante apontar que, 
antigamente, os subúrbios eram relacionados a pessoas de baixo poder aquisitivo, 
que moravam nestes lugares pois o custo era mais baixo. Hoje, a procura por 
subúrbios tem vindo de pessoas com poder aquisitivo considerável e que buscam 
condomínios fechados de alto padrão, de modo a preservar-se do caos e da 
violência dos grandes centros, além de contar, muitas vezes, com o slogan de 
morar mais próximo de atrativos naturais. 
Gentrificação: para entender a gentrificação imagine um bairro 
histórico em decadência ou que apesar de estar bem localizado é reduto de 
populações de baixa renda, portanto, desvalorizado. Lugares que não oferecem 
nada muito atrativo para fazer. Enfim, lugares que você não recomendaria o 
passeio a um amigo. Pense, porém, que de um tempo para cá, a estrutura deste 
bairro melhorou muito: aumentou a segurança pública e agora há parques, 
iluminação, ciclovias, novas linhas de transporte, ruas reformadas, variedade 
de comércio, restaurantes, bares, feiras de rua etc. Uma verdadeira revolução 
que traria muitos benefícios para os moradores da região, porém eles não 
podem mais morar ali, pois, depois de todos esses melhoramentos, o valor do 
aluguel dobrou, a conta de luz triplicou e as idas semanais ao mercadinho da 
esquina ficaram cada vez mais caras, ou seja, junto com toda a melhora, o custo 
de vida subiu tanto que não cabe mais no orçamento dos atuais moradores. E 
o mais cruel de tudo é perceber que, enquanto o antigo morador procura um 
novo bairro, pessoas de maior poder aquisitivo estão indo morar no seu lugar. 
Gentrificação vem de gentry, uma expressão inglesa que designa pessoas ricas, 
ligadas à nobreza. O termo surgiu nos anos 60, em Londres, quando vários 
gentriers migraram para um bairro que, até então, abrigava a classe trabalhadora. 
Este movimento disparou o preço imobiliário do lugar, acabando por “expulsar” 
os antigos moradores para acomodar confortavelmente os novos donos do 
pedaço. O evento foi chamado de gentrification, que numa tradução literal, 
poderia ser entendida como o processo de enobrecimento, aburguesamento 
ou elitização de uma área [...]. Um processo de gentrificação possui bastante 
semelhança com um projeto de revitalização urbana, com a diferença que a 
revitalização pode ocorrer em qualquer lugar da cidade e normalmente está 
ligada a uma demanda social bastante específica, como reformar uma pracinha 
de bairro abandonada, promovendo nova iluminação, jardinagem, bancos etc. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
8
E quem se beneficia da obra são os moradores do entorno e, por tabela, a cidade 
toda [...]. Note, na charge a seguir, como o fenômeno da gentrificação altera a 
forma de uso dos espaços. 
FONTE: <http://www.courb.org/pt/o-que-e-gentrificacao-e-por-que-voce-deveria-se-
preocupar-com-isso/>. Acesso em: 19 jun. 2019. 
Assim, ao iniciarmos o estudo da Geografia Urbana uma das primeiras 
inquietações que despontam consiste em entender o que estuda este campo 
disciplinar da geografia. Pacione (2005) pontua que existem duas abordagens 
básicas para a Geografia Urbana. A primeira refere-se à distribuição espacial dos 
municípios e cidades e às ligações entre elas: o estudo dos sistemas das cidades. 
A segunda refere-se à estrutura interna dos espaços urbanos: o estudo da cidade 
como um sistema (PACIONE, 2005). 
Seguindo esta linha de pensamento, Strohaeckher (2017, p. 202) 
complementa que:
A Geografia Urbana [...] é o ramo da Geografia que se concentra nos 
estudos e interpretações sobre a localização e o arranjo espacial das 
cidades. Ela tem como objeto de estudo a sociedade urbana a partir 
de sua organização espacial, enfocando duas dimensões básicas: 
a interurbana e a intraurbana. Na escala interurbana, a Geografia 
estuda as relações/interações que se estabelecem entre diferentes 
cidades no âmbito econômico, político, social, cultural e/ou de gestão, 
conformando as redes e os sistemas urbanos. Na escala intraurbana, a 
Geografia objetiva analisar a organização espacial de uma cidade ou 
metrópole, especificamente, através do estudo de sua gênese, formação 
e dinâmica socioespacial, dos processos espaciais, dos agentes 
produtores do espaço urbano e seus interesses políticos e econômicos, 
do direito à cidade, das formas de representação do espaço social, da 
questão ambiental urbana.
Estes aspectos, atrelados a escala interurbana e intraurbana, serão 
examinados no decorrer desta disciplina. A autora, pontua ainda que:
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
9
Outro elemento importante sobre o estudo inerente ao campo da 
Geografia Urbana é a compreensão de que as categorias espaço e 
tempo jamais devem estar dissociadas. O anacronismo temporal pode 
conduzir a interpretações equivocadas do fenômeno da urbanização da 
sociedade. Em síntese, espaço e tempo são categorias fundamentais e 
indissociáveis para a compreensão da organização espacial da sociedade 
humana ao longo da história (STROHAECKHER, 2017, p. 203). 
2.1 O QUE É URBANO?
Ao abordar o conceito de urbano, é útil fazer uma distinção entre a questão 
do que é um lugar urbano e o que é urbano. Isso é mais do que um exercício 
de semântica. A distinção entre o urbano como uma entidade física e o urbano 
como uma qualidade que nos ajuda a entender a complexidade da vida urbana 
e ilumina diferentes abordagens para o estudo das cidades (PACIONE, 2005). 
Sobre o assunto, convém apontar que: 
Apesar de tradicionalmente estabelecidas como modos de qualificar 
as sociedades e o espaço, as categorias rural e urbano estão sujeitas 
às transformações que vem sendo operadas no decorrer do tempo. 
Com efeito, a realidade histórica sobre tais categorias demonstra uma 
grande diversidade de estruturas e organizações (IBGE, 2017, p. 10).
Iniciamos nossa abordagem reconhecendo, sob o prisma internacional, 
os principais métodos empregados para identificar o espaço urbano, embasados 
nas contribuições de Pacione (2005), importante e renomado geógrafo britânico, 
a saber:
a) Tamanho da população: como os lugares urbanos são geralmente maiores do 
que os locais rurais, em algum momento, ao longo da escala do tamanho da 
população, deveria ser possível discernir quando uma aldeia/vila se torna uma 
cidade. Na prática, esse limiar populacional urbano varia ao longo do tempo 
e do espaço. Na Suécia, qualquer assentamento com mais de 200 habitantes é 
classificado como urbano no censo nacional, enquanto nos EUA o mínimo de 
população para o status urbano é de 2.500; na Suíça é 10.000, aumentando para 
30.000 no Japão. Essa diversidade reflete o contexto social. Dada a distribuição 
esparsa do assentamento em muitas áreas da Suécia, um limiar de 200 pode 
ser apropriado, enquanto que em um país densamente povoado como o Japão, 
praticamente todos os assentamentos excedem uma população tão baixa de 
limiar urbano. Se não for explicitado, essas diferenças podem complicar a 
comparação internacional (PACIONE, 2005).
b) Base econômica: em alguns países o tamanho da população é combinado 
com outros critérios diagnósticos para definir um lugar urbano. Na Índia, por 
exemplo, um assentamento deve ter mais de 75% da população masculina 
adulta engajada em trabalho não agrícola para ser classificada como urbana 
(PACIONE, 2005).
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
10
c) Critérios administrativos: a maioria das cidades e vilas do mundosão 
definidas de acordo com critérios legais ou administrativos. A definição de 
lugares urbanos pelos governos nacionais leva a uma grande diversidade, o 
que cria dificuldades para a pesquisa comparativa que só pode ser superada 
por analistas urbanos construindo suas próprias definições e aplicando-as 
uniformemente em todo o mundo. Um segundo problema com as definições 
administrativas é que elas podem ter pouca correspondência com a extensão 
física real da área urbana. Um problema frequente é a subutilização, em que a 
área construída da cidade se estende além do limite administrativo urbano. Isso 
pode levar a grandes dificuldades fiscais para a cidade, que pode vir a sofrer 
com constrangimentos no que tange a arrecadação de impostos (PACIONE, 
2005).
d)	Definições	funcionais: para abordar situações como as manchas urbanas, os 
pesquisadores urbanos criaram "regiões urbanas funcionais" que refletem a 
extensão real da influência urbana. 
Conforme fica evidente, a adoção de distintos critérios, sejam eles o 
tamanho da população, a base econômica, os critérios administrativos ou 
funcionais, dependem do posicionamento e das intencionalidades dos diferentes 
gestores públicos, situados em distintos tempos e espaços. Além disso, as 
características inerentes a cada cidade também interferem no peso atribuído a 
cada um dos critérios apresentados. 
Ainda no que diz respeito a distinção entre o espaço rural e urbano, um 
estudo do IBGE (2017) aponta que:
Conceitos centrais da Geografia, os espaços urbanos e rurais se 
apresentam na atualidade com características diversas e são marcados 
por relações e funções cada vez mais interligadas, o que evidencia 
a complexidade na definição de uma abordagem única para sua 
delimitação. Mesmo reconhecendo a dificuldade em estabelecer 
distinções entre o meio urbano e o meio rural, não se pode ignorar 
sua importância para fins da ação pública e privada tendo em 
vista o planejamento territorial do Brasil. A grande demanda de 
classificações por parte da academia, da administração pública 
e da sociedade em torno desse tema não deixa dúvidas quanto à 
pertinência dessa discussão de forma contínua, considerando diversas 
abordagens e escalas. As transformações que ocorreram no campo e 
nas cidades nos últimos 50 anos vêm a demandar, nos dias de hoje, 
abordagens	multidimensionais	na	classificação	territorial. O rural e 
o urbano, enquanto manifestações	socioespaciais, se apresentam de 
forma bastante complexa e heterogênea, portanto, a identificação de 
padrões dessas manifestações se constitui um desafio principalmente 
ao se considerar a extensão do território brasileiro (IBGE, 2017, p. 7, 
grifo nosso). 
Complementando a classificação proposta por Pacione (2005), no quadro a 
seguir estão elencadas as técnicas e critérios de classificação do rural e do urbano, 
publicados recentemente em um estudo do IBGE, acompanhe: 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
11
QUADRO 1 – PRINCIPAIS CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA DEFINIR O ESPAÇO COMO URBANO
FONTE: Adaptado de IBGE (2017)
Como você pode observar, a utilização de cada critério depende do objetivo 
e da intencionalidade do sujeito responsável em classificar determinado espaço. 
Na prática, quando pensamos em abordagens multidimensionais, precisamos ter 
em mente que todas estas dimensões, ou seja, todos os aspectos da vida urbana, 
apontados anteriormente, operam no espaço concomitantemente, engendrando 
sua configuração espacial. Quer dizer, no campo disciplinar da geografia parece 
fazer sentido ter em mente uma pergunta de fundo quando se ouvir falar em 
“urbano” e “rural”. Urbano a partir de qual dimensão? Ou ainda: urbano segundo 
qual definição? E ainda refletir sobre: quem estabeleceu esta definição? A quem 
ela interessa? E quais são as possibilidades e os limites das mesmas?
Colaborando com esta discussão, Duarte (2007, p. 46) traz o exemplo de 
Portugal para contribuir com a reflexão: 
Em outros países, a classificação de um município como urbano é 
feita por critérios estruturais e funcionais. Nos critérios estruturais 
estão os dados demográficos, como o número de habitantes, eleitores 
e, principalmente, a densidade demográfica; nos critérios funcionais 
encontra-se a presença de serviços básicos para a vida da cidade. 
Em Portugal, é preciso, para que um aglomerado populacional seja 
considerado cidade, que haja pelo menos metade dos seguintes serviços: 
hospital, farmácias, bombeiros, casa de espetáculo ou centro cultural, 
museu e biblioteca, hotel, escola de ensino médio, escola de ensino pré-
primário e creches, transporte público, parques e jardins públicos. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
12
Retomando a descrição exposta no Quadro 1 (Principais critérios utilizados 
para definir o espaço como urbano), os quatro critérios iniciais têm sua compreensão 
facilitada pois você provavelmente já se aproximou, de alguma forma, deste 
conteúdo, direta ou indiretamente, ao longo do seu curso. Contudo, o debate 
sobre a morfologia urbana insere-se, particularmente, no âmbito dos estudos da 
Geografia Urbana. Vamos entender melhor do que se trata este conceito? 
A morfologia urbana refere-se à forma, à função e ao layout da cidade. 
Neste sentido, atributos geográficos, incluindo forma, densidade e padrão 
de categorias de uso da terra refletem o resultado do processo de urbanização 
(MAYHEW, 2015). Sposito (2017a) também discorre sobre o tema. Acompanhe o 
fragmento da explicação, selecionado e exposto, a seguir:
MORFOLOGIA URBANA
Maria Encarnação Beltrão Sposito
Se o termo morfologia urbana designa aquilo que se refere à forma, o 
conceito de morfologia urbana vai muito além da análise das formas urbanas 
em si, embora a contemple. O próprio sentido dado ao termo “forma urbana” 
é variado e, apenas para ilustrar, vale lembrar que o apreço que arquitetos e 
urbanistas têm em relação ao estudo e ao projeto das formas urbanas. Num 
primeiro sentido, poderíamos identificar forma ao aspecto visível de uma 
coisa, ao arranjo ordenado de objetos ou a um padrão (SANTOS, 1985, p. 50). 
Em outras palavras, forma refere-se à aparência externa que um dado objeto 
tem e, ainda, como ressalta Serra (1987, p. 51), apoiando-se nas ideias de 
Locke, ao contorno de um dado objeto ou de um espaço, associando, assim, 
a forma às partes externas ou limítrofes de uma extensão, bem como ao que 
está circunscrito a esses limites. Assim pensando, o conceito de morfologia 
urbana, compreendendo o estudo da forma urbana, deveria se voltar à análise 
da extensão urbana.
Talvez, por isso, não sem frequência, o estudo da forma urbana remete 
à apreensão da planta urbana e à elaboração de tipologias, segundo as quais se 
procuram classificar diferentes planos urbanos e reconhecer as formas que as 
cidades têm em função desses planos ou mesmo da ausência deles, quando a 
configuração resultante da disposição das vias e de outros espaços da cidade 
é desordenada e/ou resulta de um processo em que o desenho prévio ou o 
planejamento não ocorreu.
Considerando-se a forma como um dos elementos constitutivos da 
morfologia e o plano urbano como arcabouço dessa forma, poderíamos 
reconhecer a extensão urbana como designativa da morfologia de uma cidade, 
já que a extensão do plano ou da planta urbana é o que, via de regra, orienta 
a expansão territorial e dá materialidade real ou potencial à redefinição da 
morfologia urbana [...].
FONTE: SPOSITO, M. E. B. Morfologia Urbana. In: SPOSITO, E. S. (Org.). Glossário de geografia 
humana e econômica. São Paulo: Editora Unesp, 2017. p. 297.
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
13
A seguir, acompanhe um exemplo visual de uma morfologia urbana e o 
modo como se configura o desenho das ruas e a ocupação dos espaços:
FIGURA 3 – EXEMPLO DE MORFOLOGIA URBANA
FONTE: <https://i2.wp.com/epum.eu/wp-content/uploads/2018/09/
Screenshot-2018-09-07-20.53.48-1.png?w=1361>. Acesso em: 19 jun. 2019.Outra possibilidade de estudar o espaço urbano é a partir das análises 
dos fluxos. É adequado que a relação entre os espaços urbanos e rurais considere 
as ligações urbano-rurais, que podem ser representadas pelos fluxos de bens, 
pessoas, recursos naturais, capital, trabalho, serviços, informação e tecnologia, 
conectando zonas rurais e urbanas, tendo em vista que essas conexões são 
complementares e sinérgicas, interferindo na configuração espacial (IBGE, 2017).
Acerca da leitura do espaço a partir do prisma dos fluxos e sobre a 
combinação desta análise com distinção entre o urbano e o rural, Duarte (2007, p. 
37) observa que:
Na economia brasileira, a grande revolução dos últimos anos foi o 
chamado agronegócio. Não mais aquela paisagem agrária ligada 
ao atraso, como um estágio pré-urbano. Não, pelo contrário, são 
regiões com vocação agrícola que apresentam os mais altos índices 
de desenvolvimento econômico e de qualidade de vida. Porém, é 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
14
inegável que isso aconteceu graças a inovações mecânicas, físico-
químicas e biológicas. As inovações mecânicas têm alguma relação 
com a história da mecanização da produção no campo; já as inovações 
físico-químicas e biológicas ganharam impulso nas últimas décadas. 
Em relação a essas inovações, por mais que sejam aplicadas no campo, 
nas regiões agrícolas, o desenvolvimento de pesquisa em ciência e 
tecnologia está intimamente ligado à realidade urbana. Os centros 
de excelência de pesquisa agrícola geralmente estão localizados em 
centros urbanos ou fazem parte de uma rede de instituições públicas e 
privadas dispersas pelo território nacional e internacional [...].
Ou seja, o comentário do autor ressalta que é possível que se estabeleça 
um entrelaçamento entre o espaço rural e o espaço urbano, que ocorre, sobretudo, 
em virtude das redes geográficas que se engendram. 
Dependendo do enfoque pretendido, o uso de uma determinada forma 
de classificação do espaço pode ser insuficiente para apreender a realidade que 
se apresenta: 
No Brasil, o Decreto Lei n. 311, de 02.03.1938 associa a delimitação 
de zonas rurais e urbanas aos municípios. Contudo, muitas vezes 
as transformações	 econômicas	 e	 sociais alteram profundamente a 
configuração	 espacial dos municípios sem que a legislação consiga 
acompanhar em tempo hábil as novas estruturas territoriais e o processo 
de distribuição espacial das populações e das atividades econômicas. 
É verdade também que os limites	oficiais	entre	zona	urbana	e	zona	
rural, são em grande parte instrumentos definidos segundo objetivos 
fiscais que enquadram os domicílios sem considerar necessariamente 
as características territoriais e sociais do município e de seu entorno. 
Atendem, portanto, aos objetivos das prefeituras, mas dificultam 
políticas públicas e investimentos preocupados com as outras facetas 
e escalas da classificação rural-urbano (IBGE, 2017, p. 10, grifo nosso).
É notável que as transformações que ocorrem no espaço são dinâmicas 
e o balizamento a partir de uma lei, dependendo da situação, pode representar 
atrasos. Observe, também, que a lei que delimita as zonas rurais e urbanas é 
antiga, de 1938. Note as especificações apontadas na lei:
DICAS
Para acessar o conteúdo integral do Decreto da Lei n° 311, de 02/03/1938, acesse 
o link a seguir: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-311-2-
marco-1938-351501-publicacaooriginal-1-pe.html.
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
15
Vale realçar, ainda, que em se tratando dos limites oficiais entre zona 
urbana e zona rural e os objetivos fiscais, existem aspectos passíveis de críticas no 
que diz respeito ao tipo de imposto cobrado. O texto a seguir esclarece qual o tipo 
de imposto cobrado nas áreas rurais e urbanas.
ITR x IPTU – Qual imposto a pagar?
Muitos proprietários que possuem terras no entorno das cidades já 
depararam com este problema. Eles são surpreendidos com a cobrança do 
IPTU (Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana) de suas terras, nas 
quais mantêm suas atividades agrícolas ou pastoris. Há casos até de cobrança 
simultânea dos dois impostos: o IPTU e o ITR (Imposto sobre a Propriedade 
Territorial Rural).
Esse fato tornou-se mais comum depois da Constituição de 1988, que 
deu mais poderes aos municípios para tributar. Com isso, eles decretaram a 
ampliação do perímetro urbano do município, abrangendo áreas rurais que 
estão sendo ocupadas com lavouras e pastagens. Só que muitas dessas áreas 
não têm nada de urbano.
O Código Tributário Nacional, em seu Artigo 31, estabelece os critérios 
pelos quais o imóvel pode ser considerado urbano. Tem que ter pelo menos três 
itens de uma lista de equipamentos e serviços públicos, como vias públicas, 
posteamento, iluminação pública, calçada, meio fio, rede de água e esgotos, 
escola pública e posto de saúde até 3 quilômetros de distância. 
Essa confusão acontece em razão do critério adotado para a tributação 
dos imóveis nessas condições. O Código Tributário Nacional adotou o critério 
da localização. Ele diz que imóvel rural é aquele localizado fora da zona urbana 
do município. No entanto, para efeitos de tributação, a legislação agrária adotou 
o critério da destinação. Todo imóvel que for destinado à produção agrícola, 
avícola, pecuária etc. paga o ITR, independentemente de sua localização.
Para os casos dessa natureza, além de prevalecer a legislação agrária, 
a jurisprudência brasileira já consolidou esse entendimento. Portanto, o 
proprietário que tenha recebido a cobrança do IPTU deve pedir imediatamente 
o cancelamento desse imposto na prefeitura. Enquanto a propriedade for 
destinada à produção agrícola, o imposto devido é o ITR. Lembre-se: pagar 
dois impostos sobre o mesmo imóvel é bitributação, o que é ilegal.
FONTE: <http://www.nippo.com.br/campo/lei/lei438.php>. Acesso em: 17 mar. 2019. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
16
2.2 OS AGENTES PRODUTORES DO ESPAÇO URBANO
Além de entendermos quais são os critérios adotados para distinguir e 
caracterizar o espaço urbano, é necessário compreender quem são os agentes 
produtores do espaço urbano. Neste sentido, a contribuição de Roberto Lobato 
Corrêa é relevante. Em sua obra O espaço urbano, de 1989, considerada um 
clássico nos estudos da Geografia Urbana, o autor lança o questionamento: quem 
produz o espaço urbano? Para responder esta indagação, o autor criou uma 
tipologia de natureza analítica que identifica os principais agentes que formam 
o espaço urbano. Selecionamos um resumo desta obra acerca desta questão e o 
apresentamos a seguir.
Quem são estes agentes sociais que fazem e refazem a cidade?
 
a) Os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais. 
b) Os proprietários fundiários. 
c) Os promotores imobiliários. 
d) O Estado.
e) Os grupos sociais excluídos.
 
Que estratégias e ações concretas desempenham no processo de fazer e refazer 
a cidade? 
a) Os grandes proprietários industriais e as grandes empresas comerciais 
são, em razão da dimensão de suas atividades, grandes consumidores de 
espaço. Necessitam de terrenos amplos e baratos que satisfaçam requisitos 
locacionais pertinentes às atividades de suas empresas – junto a portos, a 
vias férreas ou em locais de ampla acessibilidade à população. Porém, as 
relações entre os proprietários dos meios de produção e a terra urbana são 
mais complexas. A especulação fundiária tem duplo efeito. De um lado onera 
os custos de expansão na medida em que esta pressupõe terrenos amplos e 
baratos. Do outro, o aumento do preço dos imóveis, resultante do aumento do 
preço da terra, atinge os salários da força de trabalho. É importante também 
considerar, que os conflitos entre proprietários industriais e fundiários não 
mais constituem algo absoluto como no passado. Isso se deve: 
• ao desenvolvimento das contradições entre capital e trabalho, que tornaperigosa a abolição de qualquer forma de propriedade, entre elas a da terra, 
pois isto poderia levar a que se demandasse a abolição da propriedade 
capitalista; 
• através da ideologia da casa própria, que inclui a terra, pode-se minimizar as 
contradições entre capital e trabalho; 
• à própria burguesia adquirir terras, de modo de que a propriedade fundiária 
passou a ter significado no processo de acumulação; 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
17
• à propriedade da terra ser pré-requisito fundamental para a construção 
civil que, por sua vez, desempenha papel extremamente importante no 
capitalismo, amortecendo áreas de atividade industrial; e 
• à propriedade fundiária e seu controle pela classe dominante terem ainda 
função de permitir o controle do espaço através da segregação residencial, 
cumprindo, portanto, significativo papel na organização do espaço. 
Nas grandes cidades, onde a atividade fabril é expressiva, a ação 
espacial dos proprietários industriais leva à criação de amplas áreas fabris 
em setores distintos das áreas residenciais nobres, onde mora a elite, porém 
próximo às áreas proletárias. Deste modo, a ação deles modela a cidade, 
produzindo seu próprio espaço e interferindo decisivamente na localização 
de outros usos da terra. 
b) Os proprietários de terras atuam no sentido de obterem a maior renda 
fundiária de suas propriedades, interessando-se em que estas tenham o uso 
mais remunerador possível, especialmente uso comercial ou residencial 
de status. Estão interessados no valor de troca da terra e não no seu valor 
de uso. Alguns dos proprietários fundiários, os mais poderosos, poderão 
até mesmo ter suas terras valorizadas através do investimento público em 
infraestrutura, especialmente viária. 
A demanda de terras e habitações depende do aparecimento de novas 
camadas sociais, que tenham rendas capacitadas a participar do mercado de 
terras e habitações. Depende ainda da política que o Estado adota para permitir 
a reprodução do capital, como reforço do aparelho estatal pelo aumento do 
número de funcionários e através da ideologia da casa própria. Os diferenciais 
das formas que a ocupação urbana na periferia assume são, em relação ao uso 
residencial, o seguinte: urbanização de status e urbanização popular variando 
de acordo com a localidade da área. 
Aquelas bem localizadas são valorizadas por amenidades físicas, 
como mar, lagoa, sol, verde etc.; e agem pressionando o Estado visando à 
instalação de infraestrutura. Tais investimentos valorizam a terra; e campanhas 
publicitárias exaltando as qualidades da área são realizadas ao mesmo tempo; 
consequentemente seu preço sobe. 
Estas terras são destinadas à população de status. Como se trata de uma 
demanda solvável, é possível aos proprietários tornar-se também promotores 
imobiliários; loteiam, vendem e constroem casas de luxo. E com isso os bairros 
fisicamente periféricos não são mais percebidos como estando localizados na 
periferia urbana, pois afinal de contas bairros de status não são socialmente 
periféricos. Como exemplos, as cidades litorâneas como Rio de Janeiro, 
Salvador, Recife e Fortaleza, são frutos das valorizações fundiárias. 
Naquelas mal localizadas e sem amenidades, serão realizados os 
loteamentos: as habitações serão construídas pelo sistema de autoconstrução 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
18
ou pelo Estado, que aí implanta enormes e monótonos conjuntos habitacionais, 
que ocasionam vários distúrbios sociais. 
c) Por promotores imobiliários, entende-se um conjunto de agentes que 
realizam, parcialmente ou totalmente, as seguintes operações: incorporação; 
financiamento; estudo técnico; construção ou produção física do imóvel; 
e comercialização ou transformação do capital-mercadoria em capital-
dinheiro, agora acrescido de lucro. 
Quais são as estratégias dos promotores imobiliários? 
Produzir habitações com inovações, com valor de uso superior às 
antigas, obtendo-se, portanto, um preço de venda cada vez maior, o que amplia 
a exclusão das camadas populares. 
É possível haver a produção de habitações para os grupos de baixa 
renda? Quando esta produção é rentável? 
• é rentável se são super ocupadas por várias famílias ou por várias pessoas 
solteiras que alugam um cômodo; 
• é rentável se a qualidade da construção for péssima, com seu custo reduzido 
ao mínimo; 
• é rentável quando se verifica enorme escassez de habitações, elevando os 
preços a níveis insuportáveis.
A estratégia basicamente é a seguinte: dirigir-se, em primeiro lugar, à 
produção de residências para satisfazer a demanda solvável; e, depois, obtém-
se ajuda do Estado no sentido de tornar solvável a produção de residências 
para satisfazer a demanda não solvável. Exemplos: BNH, COHABS, FGTS. 
As estratégias dominantes, de construir habitações para a população 
que constitui a demanda solvável, tem um significativo rebatimento espacial. 
De fato, a ação dos promotores se faz correlacionada a: preço elevado da terra 
de alto status do bairro; acessibilidade, eficiência e segurança dos meios de 
transporte; amenidades naturais ou socialmente produzidas; e esgotamento 
dos terrenos para a construção e as condições físicas dos imóveis anteriormente 
produzidos. 
A atuação espacial dos promotores se faz de modo desigual criando e 
reforçando a segregação residencial que caracteriza a cidade capitalista. E, na 
medida em que os outros setores do espaço produzem conjuntos habitacionais 
populares, a segregação é ratificada. 
d) O Estado atua também na organização espacial da cidade. Sua atuação 
tem sido complexa e variável tanto no tempo como no espaço, refletindo a 
dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte. 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
19
O Estado dispõe de um conjunto de instrumentos que pode empregar 
em relação ao espaço urbano. São os seguintes: 
• direito de desapropriação e precedência na compra de terras; 
• regulamentação do uso do solo; 
• controle de limitação dos preços das terras; 
• limitação da superfície da terra de que cada um pode se apropriar; 
• impostos fundiários e imobiliários que podem variar segundo a dimensão 
do imóvel, uso da terra e localização; 
• taxação de terrenos livres, levando a uma utilização mais completa do espaço 
urbano; 
• mobilização de reservas fundiárias públicas, afetando o preço da terra e 
orientando; 
• espacialmente a ocupação do espaço; 
• investimento público na produção do espaço, através de obras de drenagem, 
desmontes, aterros, e implantação de infraestrutura; 
• organização de mecanismos de créditos à habitação; e 
• pesquisas, operações testes como materiais e procedimento de construção, 
bem como o controle de produção e do mercado deste material. 
e) Os grupos sociais excluídos são aqueles que não possuem renda para pagar 
o aluguel de uma habitação digna e muito menos para comprar um imóvel. 
Este é um dos fatores, que ao lado do desemprego, doenças, subnutrição, 
delineiam a situação social dos grupos excluídos. A estas pessoas restam 
como moradia: cortiços, sistemas de autoconstrução, conjuntos habitacionais 
fornecidos pelo agente estatal e as degradantes favelas. 
As três primeiras possibilidades habitacionais pressupõem uma 
vinculação a um agente sem, no entanto, ocasionar transformação da camada 
populacional excluída em agente modelador do espaço urbano. É na produção 
da favela, em terrenos públicos e privados que os grupos sociais excluídos 
se tornam, efetivamente, agentes modeladores. A ocupação destes terrenos 
que dão ensejo à criação das favelas é uma forma de resistência à segregação 
social e sobrevivência ante a absoluta falta de outros meios habitacionais. 
Aparentemente desprovida de qualquer elaboração espacial, as favelas 
acrescentam uma lógica que inclui a proximidade a mercados de trabalho. 
Outro fenômeno observado é a progressiva urbanização da favela, 
até se tornar um bairro popular.Isto se explica pela ação dos moradores que 
pretendem a melhoria das condições de vida, conjuntamente com o Estado 
que, por motivos diversos, destina recursos à urbanização das favelas. 
No processo de produção concreta de um bairro residencial ou de um 
distrito industrial, vários agentes estão presentes. Como exemplo, o bairro de 
Copacabana. Desde a década de 1870, são verificadas tentativas de valorização 
fundiária da área, entretanto de início malsucedidas. A partir de 1892, iniciou-se 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
20
a valorização do local resultante de uma aliança de interesses comuns, firmada 
entre proprietários fundiários, promotores imobiliários, bancos e empresas 
industriais e comerciais. O Estado fazia-se presente pelos interesses comuns 
no poder. O capital fundiário imobiliário, associado a outros capitais, estava, 
entretanto, interessado apenas em produzir habitações para a população de 
status elevados, produzindo mesmo residências de veraneio e novos espaços. 
Do exposto dessume-se de que a partir de fins do século XIX, a cidade tornou-
se objeto de lucro. Assim como em Copacabana, de modo semelhante, repetiu-
se o fenômeno na Barra da Tijuca. 
FONTE: <http://reverbe.net/cidades/wp-content/uploads/2011/08/Oespaco-urbano.pdf>. Acesso 
em: 9 mar. 2019. 
Considerando o período que se estende de 1989 até a década de 2010, 
vários avanços surgiram no campo de estudo do espaço urbano e da atuação dos 
agentes na transformação das cidades. Furini (2014) sintetizou de modo didático 
como os agentes urbanos podem ser agrupados, tendo em vista seu campo de 
atuação, observe.
QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES URBANOS CONFORME OS CAMPOS DE AÇÃO
FONTE: Adaptado de Furini (2014) 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
21
Com base na proposta de classificação de Furini (2014), vamos pensar 
em alguns possíveis exemplos de atores? Como exemplo de agente que ajuda 
a produzir o espaço urbano em uma escala interurbana, poderíamos mencionar 
o presidente de um conselho estadual de turismo. Um agente individual que 
interfere no espaço urbano poderia ser uma pessoa física que se dirige até a sede 
da prefeitura municipal buscando orientações sobre quais regras seguir, no que 
diz respeito às obrigações de manutenção da calçada em frente à sua casa. Como 
agente privado, podemos mencionar uma construtora que “adota” e ajuda a 
manter e a cuidar da pracinha situada em frente ao local onde o edifício da referida 
construtora foi construído. Exemplo de agente urbano ativo seria o vereador que, 
na ocasião de realização da sessão da câmara, traz à tona as preocupações dos 
residentes de uma determinada rua que estão lidando com a ocupação indevida 
e desorganizada de um prédio situado no bairro. Já, um agente casual poderia ser 
um sujeito que está interessado em organizar uma maratona no centro da cidade 
para celebrar o aniversário do município, ou seja, irá realizar uma atividade 
pontual. Por sua vez, um dos agentes produtores do espaço urbano classificado 
como direto, seria o prefeito do município, enquanto que os representantes 
dos movimentos sociais, poderiam ser vistos como agentes subjetivos. Por fim, 
um exemplo de possível agente urbano regulamentado seriam os técnicos e 
especialistas do setor de planejamento urbano.
Esses exemplos nos ajudam a refletir sobre a diversidade de atores que 
atuam no espaço urbano. Lembre-se que dependendo do tipo de análise ou do 
tipo de direcionamento de uma pesquisa, poderão ser ponderados e selecionados 
determinados agentes em detrimento de outros. Neste momento, interessa 
ressaltar que é ampla a gama de atores envolvidos no processo de produção e 
consumo do espaço urbano. 
2.3 O QUE É URBANIZAÇÃO? 
A história da urbanização está atrelada à história das cidades. Em termos 
históricos, Uruk é considerada a cidade mais antiga, tendo sido erguida na 
região da Mesopotâmia, por volta de 4.500 a.C. Posteriormente, a cidade de Ur 
foi erguida por volta de 3.800 a.C. e é considerada emblemática na história das 
cidades. Ambas estavam situadas nas proximidades das margens do Rio Eufrates. 
Para os sumérios, no entanto, a primeira cidade foi Eridu, que foi fundada em 
5.400 a.C., mas, provavelmente, não era uma “cidade” da mesma forma que Uruk 
ou Ur seria definida, considerando que as formas de organização deste espaço 
eram menos sofisticadas (MARK, 2014). 
No ano de 2.600 a.C., Ur era uma metrópole próspera e, em 2.900 a.C., era 
uma cidade murada com uma população de aproximadamente 65.000 habitantes. 
A urbanização continuou à medida que a cidade se expandia a partir do centro e, 
com o tempo, os campos outrora férteis que alimentavam a população estavam 
esgotados. O uso excessivo da terra, combinado com uma misteriosa mudança no 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
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rio Eufrates, que tirou as águas da cidade, resultou no complexo sendo finalmente 
abandonado por volta de 500 a.C. Eridu, talvez, por razões semelhantes, foi 
abandonado em 600 a.C. e Uruk em 650 a.C. (MARK, 2014). Verifica-se assim que 
o surgimento das cidades está relacionado com às possibilidades de sobrevivência 
humana propiciada pela produção de excedentes alimentares.
No centro de Ur, como em todas as cidades da antiga Mesopotâmia, estava 
o grande templo que era o local das funções cerimoniais, comerciais e sociais. As 
atividades religiosas, como os festivais, eram as principais reuniões sociais da 
época e essas ocasiões eram frequentemente usadas para distribuir alimentos e 
suprimentos excedentes para a população da cidade. Os sacerdotes do templo, que 
também eram os governantes da cidade a partir de 3.400 a.C., eram responsáveis 
por essa distribuição e dependiam fortemente dos agricultores da região para 
fornecer o excedente de que precisavam. Esse excesso de produção do campo não 
apenas supria a população da cidade com alimentos, mas também aumentava o 
comércio de longa distância com outras cidades ao longo do Eufrates, como Tikrit 
e Eridu. Como a urbanização continuou, no entanto, a necessidade de mais e mais 
matérias-primas esgotou os recursos naturais da região e, eventualmente, levou à 
falta de recursos necessários e ao abandono da cidade (MARK, 2014). 
A urbanização se espalhou da Mesopotâmia para o Egito e de lá para a 
Grécia. No Egito, grande cuidado foi tomado para que o uso excessivo da terra 
não levasse ao esgotamento dos recursos. O foco das chamadas grandes cidades 
do Faraó estava em aspectos culturais como o desenvolvimento da escrita, 
arquitetura, leis, administração, além dos cuidados com o saneamento e estímulo 
ao comércio e à produção de artesanato. No Egito, o padrão de urbanização 
observado foi o disperso, caracterizada por assentamentos urbanos menores e 
mais especializados (MARK, 2014). 
Em termos gerais, é possível afirmar que as cidades surgem a partir 
da necessidade de organização de um dado espaço no sentido de integrá-lo, e 
aumentar sua independência visando determinado fim, merecendo destaque a 
ideia de sobrevivência do grupo (SILVA JÚNIOR; ALMEIDA; VERAS, 2017).
Saltando desta fase inicial da história na qual surgiram as primeiras 
cidades, entre os séculos IV a XI, ocorre o desenvolvimento do feudalismo, 
pautado em uma nova estrutura de classes sociais e em um cenário no qual a terra 
passa a ser considerada sinônimo de riqueza. Nesta fase da história, a população 
passou a viver direta ou indiretamente da produção agrícola e surgiram cidades 
nos cruzamentos de estradas e nas embocaduras dos rios. Sob o prisma da 
urbanização, esta fase se caracteriza mais pela proliferação do que pelo aumento 
do tamanho das cidades. Ademais, as Cruzadas ocorrem por volta do século 
XI, ampliando o alcance e as diversificações dos produtos do comércio (SILVA 
JÚNIOR; ALMEIDA; VERAS, 2017).
Contudo, é com o advento do capitalismo e com as transformações 
decorrentes da Revolução Industrial queo fenômeno da urbanização e da 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
23
expansão das cidades se intensifica. Carlos (2009) explica que a origem da cidade 
está atrelada à existência de uma ou mais funções urbanas, tais como: industrial, 
cultural, comercial, administrativa ou política que variam conforme suas 
condições históricas e suas diferenciações espaciais. Carlos (2009) pontua que a 
existência da cidade estaria vinculada à, pelo menos, seis elementos: divisão do 
trabalho; divisão da sociedade em classes; acumulação tecnológica; produção do 
excedente agrícola decorrente da evolução tecnológica; sistema de comunicação; 
e certa concentração espacial das atividades não agrícolas.
Assim, com o aumento das cidades, ocorre também o avanço dos estudos 
relacionados a este processo de transformação social e espacial e interessados em 
compreender o fenômeno da urbanização. 
Pensar em urbanização nos remete a pensar no aumento das áreas urbanas 
e nas implicações espaciais deste processo. 
Para Strohaecker (2017, p. 426):
a urbanização pode ser compreendida como um processo que se 
refere tanto à espacialização dos artefatos geográficos em suas 
diferentes configurações (abordagem físico-demográfica) bem como 
às mudanças nas relações comportamentais e sociais que ocorrem na 
sociedade, como resultado das inovações tecnológicas. 
Envolve o estudo dos problemas e desafios envoltos neste processo de 
expansão das cidades. Estes aspectos atrelados à urbanização serão discutidos ao 
longo desta disciplina. Iniciaremos este debate, examinando os principais sentidos 
e usos atribuídos a este termo no campo da geografia. Para tanto, apresentamos 
as reflexões feitas por Sposito (2017b) a respeito do tema. Acompanhe: 
Urbanização: um dos termos mais diversamente utilizados nas análises 
produzidas sobre o fato urbano é urbanização. A multiplicidade de acepções 
com as quais ele vem sendo empregado é consequência, de um lado, da 
variedade de profissionais que lidam com a problemática em pauta, cada um 
deles, recebendo uma formação diferente e dando realce a um aspecto desse 
processo multifacetado. De outro lado, lembramos que essa expressão já foi 
apropriada pela sociedade, no nível do senso comum, o que acaba esvaziando, 
muitas vezes, o seu conteúdo conceitual. Além disso, mesmo no âmbito 
científico, a compreensão de um conceito só é possível no escopo de uma 
teoria e, como há várias teorias para explicar a urbanização, o que se tem é 
uma multiplicação de sentidos. Para os profissionais do campo da engenharia, 
urbanização significa implantação de infraestruturas em espaços urbanos, 
como sistemas viários, redes de fornecimento ou captação, área de lazer etc. 
Muito frequentemente, para tais profissionais, todas as ações que envolvem 
a transformação material de espaços não urbanos em espaços urbanos são 
reconhecidas como urbanização. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
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Para os que se dedicam à compreensão de dinâmicas demográficas, o 
sentido atribuído a esses termos tem sido o do aumento relativo das populações 
que vivem em cidades, havendo, então, a associação do conceito de urbanização 
à proporção de distribuição da população entre o campo e a cidade. Arquitetos 
e urbanistas abordam a urbanização de forma bastante associada ao urbanismo 
e, em função dessa identificação, prevalece a análise das configurações 
espaciais e dos conjuntos arquitetônicos que compõem os espaços urbanos, 
priorizando-se a abordagem das formas urbanas e das funções que se realizam 
em cada parcela dos territórios urbanos. Mesmo reconhecendo a identidade 
ou a indistinção que essas profissionais estabelecem entre os dois termos, 
é preciso observar, como destacou Choay (1965, p. 8), que urbanismo é um 
termo pesado e ambíguo, surgido em 1910, segundo Bardet (1959), e que tem 
muitos significados desde aqueles referentes aos trabalhos de engenharia civil, 
designando também os planos urbanos ou as formas urbanas características 
de cada época. Slater (1988, p.96), por exemplo, ressalta que, na bibliografia 
sobre o desenvolvimento urbano da América Latina, o termo urbanização 
“se encontra reduzido a uma consideração da estrutura social urbana, ou até 
mesmo, limitado a um estudo sobre a questão da habitação”. 
Embora as visões apresentadas de forma sucinta possam ser identificadas 
com diferentes formações profissionais ou diferentes realidades urbanas, não 
se pode estabelecer generalizações ou se afirmar que essas acepções sejam 
utilizadas ou expressas pela totalidade dos profissionais que cada uma das 
áreas de formação citadas, ou que possam ser aceitas como consensuais para se 
aplicar a quaisquer realidades urbanas [...].
Há geógrafos que adotam, por exemplo, a visão demográfica do termo. 
Laborde (1994, p. 5), ao iniciar a abordagem da “dinâmica da urbanização”, 
apoia-se nos dados referentes ao aumento da população urbana no conjunto 
total da população, ainda que destaque, nas páginas seguintes, fatos, causas 
e consequências dessa dinâmica, ampliando o escopo inicial da análise. 
Embora utilize informações relativas aos parâmetros demográficos e políticos-
administrativos considerados para se definir o que é cidade, Beaujeu-Garnier 
(1980, p. 24) é bastante ampla em seu enfoque: 
urbanização é o movimento de desenvolvimento das cidades, 
simultaneamente em número e tamanho, isto é, o desenvolvimento 
numérico e espacial das cidades; ocupa-se de tudo que esta ligado à 
progressão direta do fenômeno urbano e transforma, pouco a pouco, 
as cidades ou os arredores e, frequentemente, umas e outros. 
O esforço de se apresentar uma “definição” de cidade, como no 
dicionário organizado por Johnston (1994, p. 651, tradução nossa), também 
revela a pluralidade de acepções com as quais o termo vem sendo utilizado: 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
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se a urbanização for encarada apenas como um fenômeno 
demográfico, os lugares urbanos são aqueles nos quais os limiares de 
excesso da população e/ou densidade são frequentemente utilizados 
em definições dos censos dos lugares urbanos. Contudo, se a 
urbanização também for considerada tanto como processo estrutural 
ou processo de comportamento, então os lugares urbanos são aqueles 
com população acima de um certo tamanho ou densidade, contendo 
funções econômicas particulares na divisão espacial do trabalho, e 
com seus próprios estilos particulares de vida. 
[...] Embora de formas diferentes, as perspectivas apresentadas até aqui 
incorporam às conceituações apresentadas para a urbanização a abordagem da 
dimensão espacial, ainda que, em nem todas elas, a dimensão temporal tenha 
sido privilegiada. A urbanização é um processo e, como tal, deve ser lida como 
movimento espaço espaço-temporal. Sposito (1992) ressaltou a importância de 
se realizar um esforço no sentido de buscar a unicidade tempo-espaço e de 
superar a tradição positivista de legar a análise do tempo à História e a análise 
do espaço à Geografia. [...] 
Em função do exposto, para a compreensão da urbanização, enfocar 
as articulações entre o espaço e tempo exige que se enfrente o desafio de 
analisar as relações entre diferentes ritmos temporais, entre diferentes escalas 
e supõe o reconhecimento de rupturas temporais e descontinuidades espaciais. 
Tomando essa perspectiva, a urbanização é um processo de longa duração, 
que se inicia com o aparecimento das primeiras cidades e que se revela a partir 
de diferentes modos de produção, sob diversas formas. Em seu bojo podem 
ser reconhecidos fatos, dinâmicas e formas de intervenção que, estudados por 
diferentes profissionais, como nos exemplos já dados, devem ser entendidos 
e/ou planejados no contexto do processo maior. Essa abordagem teórica 
pressupõe a aceitação de que a urbanização expressa e ampara a existência de 
uma divisão social do trabalho entre o campo e a cidade, ela mesma divisão 
territorial, pois:
A urbanização contém/expressaa ideia de processo, remete, 
necessariamente, à análise da origem da evolução histórica das cidades, em 
relação ao nível de desenvolvimento das forças produtivas, ao estágio da divisão 
social e territorial do trabalho, às transformações de ordem política e social, às 
manifestações de caráter cultural e estético, às revoluções e contrarrevoluções 
ideológicas e do conhecimento, à Filosofia e à especulação, à Ciência e ao 
quadro do cotidiano, como já destacou Lefebvre em sua obra (SPOSITO, 1992). 
FONTE: SPOSITO, M. E. Urbanização. In: SPOSITO, E. S. (Org.). Glossário de geografia humana 
e econômica. São Paulo: Editora Unesp, 2017, p. 469.
Como podemos observar, parte relevante do debate conceitual sobre 
urbanização se aproxima da complexidade que envolve a conceituação de urbano, 
vista anteriormente. Feitos estes esclarecimentos de natureza teórica, que visam 
situar você, acadêmico, sobre o ponto do qual partem as análises que serão feitas 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
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ao longo da disciplina, no próximo tópico, vamos analisar, especificamente, as 
questões urbanas vinculadas à realidade brasileira. Todavia, antes de finalizar este 
tópico, deixamos uma sugestão de plano de aula para trabalhar estes conteúdos 
em sala. 
DICA DE PLANO DE AULA
O que é espaço?
Elaborado pelo professor Luiz Carlos Parejo
Direcionado para aulas do ensino médio
Objetivos 
O aluno deverá: 
1) Compreender a organização do espaço e a sua construção.
2) Perceber que existem diferentes percepções acerca do que é espaço nas 
diferentes áreas do conhecimento. A Geografia se preocupa com o espaço 
produzido a partir das relações da sociedade com a natureza e das relações 
sociais em si.
3) Compreender que as relações econômicas, sociais, políticas, culturais etc. se 
materializam na forma de casas, prédios, ruas, rede urbana, equipamentos, 
sistemas de transportes, sistemas de produção agrícola etc. Esses objetos 
técnicos se fixam no espaço e permanecem por um certo tempo, convivendo 
com objetos de períodos mais recentes.
4) Perceber que equipamentos urbanos (objetos técnicos) mais antigos e novos 
formam o espaço atual, sendo que os antigos, muitas vezes, apresentam 
novos usos. Como exemplo temos o uso atual dos antigos casarios coloniais 
e do período cafeeiro ou da cana-de-açúcar por redes de fast-food e bancos, 
pontes que eram utilizadas para a passagem de animais e agora são usadas 
para passagem de automóveis.
5) Compreender que as análises e os estudos geográficos do espaço se realizam 
em uma perspectiva dialética de tempo e espaço e que o antigo e o novo 
interagem no processo de mudança, percebendo que esta herança espacial 
ajuda a entender a organização do espaço. Por exemplo, as cidades maiores 
de hoje, junto às linhas ferroviárias, correspondem a antigos entroncamentos 
ferroviários. 
6) Compreender, a partir das abordagens anteriores, que o espaço é uma 
acumulação desigual de tempos e que se a lógica que o criou mudar, partes 
dele podem se transformar em um obstáculo e devem ser substituídos por 
novos objetos ou reaproveitados a partir de uma nova lógica.
Estratégias 
1) Identificar, em um lugar da cidade: a rua da escola, a rua mais antiga, no 
bairro mais importante, no centro comercial etc. a arquitetura das edificações. 
Os alunos deverão fotografar estes imóveis e organizar as fotos a partir da 
idade deles (eles devem organizar as fotos de forma intuitiva, a partir da sua 
visão de mundo).
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
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2) Escolher alguns imóveis e pedir para que os alunos descubram, através de 
pesquisas e entrevistas: 
a) Quando cada edificação foi construída?
b) Como eram usadas no início (residência, comércio, indústria etc.)? 
c) Qual é o uso atual? 
d) O que foi modificado do projeto inicial?
e) O imóvel tem um valor de mercado elevado ou baixo?
3) Pesquisar sobre o crescimento da mancha urbana da cidade (evolução) e/ou 
das modificações na área rural (rodovias, ferrovias, sistemas de irrigação, 
tamanho das propriedades etc.).
4) Localizar, em um mapa ou planta, a área pesquisada, indicando os itens e 
colocando legenda com informações auxiliares e explicativas.
5) A partir da análise empírica, apresentar os conceitos de: acumulação desigual 
de tempos, rugosidades (marcas do passado no espaço), relação sociedade-
natureza, organização do espaço etc.
6) A partir de filmes e/ou documentários e de um roteiro, apresentar as 
diferentes paisagens que formam a área pesquisada. 
Correlacionar com os conceitos e avaliar como as s heranças "ajudaram" 
ou "atrapalharam" o desenvolvimento do lugar (a presença ou a falta de 
rodovias, ferrovias, aeroportos ou hidrovias, por exemplo). 
Conclusão da atividade
Convidar moradores antigos para comparar o lugar, como era e 
como é hoje. Convidar um representante da associação de bairro, um político 
ou um representante de uma ONG para um debate acerca dos problemas e 
potencialidades do lugar. Montar um painel sobre alguns lugares, como eram 
antes e como são hoje. Podemos usar como exemplo os engenhos de cana no 
Nordeste, as cidades cafeeiras do Centro Sul, a capital de São Paulo, o Rio de 
Janeiro etc. ou comparar as capitais Salvador (no ciclo da cana), Rio de Janeiro 
(ciclo do ouro até 1960) e Brasília (a partir da sua construção). Observar que as 
mudanças em Brasília foram muito pequenas. 
Conceitos 
Espaço, construção do espaço, acumulação desigual de tempos, 
rugosidade, relação sociedade-natureza. 
Habilidades e Competências 
Ler, observar, analisar, interpretar, compreender, selecionar e elaborar 
sistemas de investigação, reconhecer na aparência das formas visíveis e 
concretas do espaço geográfico atual os processos históricos construídos em 
diferentes tempos, descrever, localizar, pesquisar, sintetizar, questionar. 
FONTE: <https://educacao.uol.com.br/planos-de-aula/fundamental/geografia-o-que-e-espaco.
htm>. Acesso em: 17 mar. 2019. 
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Neste tópico, você aprendeu que:
• O estudo das cidades é um elemento central de diversas ciências sociais, 
incluindo a geografia, que oferece em seu aparato metodológico recursos 
específicos para analisar condição urbana.
• Outro aspecto que é estudado na Geografia Urbana é a localização da cidade e 
sua importância em relação a diferentes regiões e cidades. Aspectos econômicos, 
políticos e sociais dentro das cidades também são importantes neste estudo.
• A Geografia Urbana procura, ainda, explicar a distribuição das cidades e as 
semelhanças e contrastes socioespaciais que existem entre e dentro delas.
• Embora cada cidade tenha um caráter individual e particular, os locais 
urbanos também exibem características comuns que variam apenas em grau 
de incidência ou importância dentro de cada tecido urbano específico.
• Muitas características e preocupações comuns são compartilhadas pelos 
lugares urbanos, tais como questões de mobilidade, congestionamentos, 
violência urbana e ocupação de áreas irregulares. 
• A suburbanização é um processo relacionado com o desenvolvimento de 
subúrbios em torno das grandes cidades e áreas metropolitanas.
• Outro elemento importante sobre o estudo inerente ao campo da Geografia 
Urbana é a compreensão de que as categorias espaço e tempo jamais devem 
estar dissociadas.
• Apesar de tradicionalmente estabelecidas como modos de qualificar 
as sociedades e o espaço, as categorias rural e urbano estão sujeitas às 
transformações que vêm sendo operadas no decorrer do tempo.
• Diferentes critérios podem ser adotados para qualificar um local como urbano 
e os mesmos, variam entre os diferentes países.
• O conceito de morfologia urbana, compreendendo o estudo da forma urbana, 
deveria se voltar à análise da extensão urbana.
• Segundo Correa (1989), os principais agentes sociais que fazem e refazem a 
cidade são: os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes 
industriais; os proprietários fundiários; os promotores imobiliários;

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