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Indaial – 2019
GeoGrafia Urbana
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
L575g
 Lenz, Talita Cristina Zechner
 Geografia urbana. / Talita Cristina Zechner Lenz. – Indaial:
 UNIASSELVI, 2019.
 213 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0378-2
 1. Planejamento urbano. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
Da Vinci.
CDD 910.091732
III
apresentação
Caro acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Geografia Urbana! 
Nesta disciplina, trataremos de aspectos conceituais e empíricos relacionados 
à geografia e suas interfaces com o espaço urbano. A geografia urbana 
procura explicar a distribuição das cidades e as semelhanças e contrastes 
socioespaciais que existem entre e dentro delas.
O tema central da Unidade 1 será “a cidade, o urbano e a urbanização: 
formulações teórico-conceituais”, que oferece um panorama geral dos 
assuntos e aspectos que são estudados no plano da geografia urbana. Além 
de revelar o campo de estudo da geografia urbana, outro ponto central desta 
unidade consiste em apresentar e discorrer a respeito dos diferentes critérios 
que podem ser utilizados para classificar os espaços urbanos. Você aprenderá, 
ainda, quais são os principais agentes produtores do espaço urbano, além de 
entender o que é urbanização. 
Na Unidade 1 desta disciplina, você conhecerá o conceito de rede 
urbana e poderá compreender como ocorre o processo de hierarquização e 
classificação das cidades. Seguindo este eixo temático, serão apresentadas as 
principais características do estudo Regiões de Influência das Cidades. Ao 
final desta primeira unidade, você irá conhecer as contribuições de Milton 
Santos no estudo da rede urbana brasileira.
Na Unidade 2, o foco dos estudos é o espaço urbano brasileiro. A 
unidade visa apresentar as principais fragilidades dos espaços urbanos 
brasileiros e, por outro lado, procura realçar algumas experiências positivas 
advindas das cidades brasileiras. Em se tratando dos problemas urbanos que 
afetam o Brasil e diversos outros países na atualidade, um dos importantes 
desafios que se impõe é o uso adequado dos recursos naturais e a busca 
por alternativas que visem minimizar os danos ambientais decorrentes do 
aumento da população residente em áreas urbanas, com o intuito de melhor 
a qualidade de vida da população e também de procurar um convívio mais 
harmonioso no que se refere à relação sociedade e natureza. Serão analisados 
aspectos como a rede de saneamento básico, violência urbana e a problemática 
das favelas. 
Ainda na Unidade 2, para evidenciar alguns aspectos positivos 
da urbanização brasileira, serão analisados a experiência de Brasília e 
de Curitiba. No caso de Brasília, o enfoque está em evidenciar como o 
planejamento das cidades pode contribuir para a construção de cidades 
que sejam mais apropriadas e agradáveis para se viver. Ao examinarmos a 
experiência de Curitiba, atenção especial é dedicada na análise dos espaços 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
urbanos com finalidade de uso direcionada para o lazer, tal como ocorre 
com os parques urbanos. Outro aspecto a ser tratado será a relação entre 
o turismo e os espaços urbanos. Vamos conhecer quais são as principais 
modalidades de turismo que ocorrem neste espaço e qual a relação entre 
turismo, espaço urbano e patrimônio histórico. 
Já na Unidade 3, o grande tema de estudo é o Planejamento Urbano. 
Vamos conhecer os aspectos conceitos do planejamento urbano e tomar 
contato com os principais instrumentos e ferramentas adotados no exercício 
de planejar as cidades. Além disso, vamos identificar e analisar alguns 
aspectos da dimensão ambiental do planejamento urbano. Por fim, o último 
tópico de estudos irá abordar o conceito de cidades para as pessoas, realçando 
a questão da mobilidade urbana. 
Desejo a você uma ótima leitura e uma excelente jornada de estudos!
Prof.ª Talita Cristina Zechner Lenz
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES 
 TEÓRICO-CONCEITUAIS......................................................................................... 1
TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA .............................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O QUE ESTUDA A GEOGRAFIA URBANA? ................................................................................ 4
2.1 O QUE É URBANO? ........................................................................................................................ 9
2.2 OS AGENTES PRODUTORES DO ESPAÇO URBANO ............................................................ 16
2.3 O QUE É URBANIZAÇÃO? ......................................................................................................... 21
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 28
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 29
TÓPICO 2 – O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL ............................................ 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 31
2 REDE URBANA E FUNÇÕES URBANAS ...................................................................................... 31
2.1 HIERARQUIA URBANA E CLASSIFICAÇÃO DAS CIDADES .............................................. 34
2.2 REDE URBANA BRASILEIRA: HIERARQUIA DAS CIDADES, SEGUNDO O REGIC ...... 38
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 45
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 46
TÓPICO 3 – AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA ............ 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 AS CONTRIBUIÇÕESDE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA ................................ 49
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 59
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 65
UNIDADE 2 – O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO ........................................................................ 69
TÓPICO 1 – DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS ......................................... 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71
2 A QUESTÃO DO SANEAMENTO BÁSICO .................................................................................. 72
3 O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA URBANA E A QUESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA ...... 86
4 AS FRAGILIDADES DA QUESTÃO DA HABITAÇÃO NO BRASIL: FAVELAS E 
 SEUS PROBLEMAS DE URBANIZAÇÃO .................................................................................... 93
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104
TÓPICO 2 – ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA .............................107
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107
2 A EXPERIÊNCIA DE BRASÍLIA .....................................................................................................107
3 A EXPERIÊNCIA DE CURITIBA .....................................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129
sUmário
VIII
TÓPICO 3 – O ESPAÇO URBANO E O TURISMO........................................................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 TURISMO NOS ESPAÇOS URBANOS .........................................................................................131
3 TURISMO CULTURAL E PATRIMÔNIO .....................................................................................134
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................139
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................143
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................145
UNIDADE 3 – PLANEJAMENTO URBANO ...................................................................................147
TÓPICO 1 – O QUE É PLANEJAMENTO URBANO? ...................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 O QUE É PLANEJAMENTO URBANO E QUAL SUA RELEVÂNCIA PARA AS 
 CIDADES? ............................................................................................................................................150
2.1 ETAPAS DO PLANEJAMENTO URBANO ...............................................................................161
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................171
TÓPICO 2 – A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO .........................173
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173
2 COMPONENTES DA QUALIDADE AMBIENTAL URBANA .................................................173
3 PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO AMBIENTE URBANO ...........180
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................185
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................187
TÓPICO 3 – A CIDADE PARA AS PESSOAS .................................................................................189
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................189
2 CIDADE PARA PESSOAS, MOBILIDADE URBANA E ESPAÇOS PÚBLICOS ..................190
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................201
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................204
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................205
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................207
1
UNIDADE 1
A CIDADE, O URBANO E A 
URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES 
TEÓRICO-CONCEITUAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer o campo de estudo da geografia urbana;
• aprender quais critérios são utilizados para classificar os espaços urbanos; 
• reconhecer quais são os agentes produtores do espaço urbano;
• entender o que é urbanização;
 
• conhecer o conceito de rede urbana;
• compreender o processo de hierarquização e classificação das cidades;
• reconhecer as principais características do estudo das regiões de influência 
das cidades;
• conhecer as contribuições de Milton Santos no estudo da rede urbana 
brasileira.
Esta unidade está organizada em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
TÓPICO 2 – O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
TÓPICO 3 – CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE 
URBANA BRASILEIRA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste tópico é apresentar a Geografia Urbana enquanto campo 
de estudos. Para tanto, inicialmente será examinado quais as possibilidades de 
análise que este campo disciplinar oferece e quais são as abordagens usualmente 
empregadas. Em seguida, discute-se o conceito de urbano procurando apontar 
quais são os elementos fundamentais que o caracterizam. Avançando, será 
discutido o conceito de urbanização, realçando as nuances que este conceito 
adquire no âmbito da Geografia. 
O debate a respeito da geografia urbana toma força na atualidade, tendo 
em vista que a maior parte da população mundial reside em áreas urbanas. Além 
disso, mesmo aquela que vivem além dos limites administrativos ou funcionais de 
uma cidade terão seu estilo de vida influenciado em algum grau por uma cidade 
próxima ou mesmo distante. Neste sentido, compreender as interações espaciais 
que se estabelecem entre os espaços rurais e urbanos são questões relevantes 
no campo da geografia urbana. Outro aspecto interessante a ser observado éde 
que, o fenômeno de intensificação da urbanização desencadeia alguns problemas 
urbanos que são similares em distintas partes do mundo. Por outro lado, observa-
se que os resultados desses processos se manifestam na diversidade de ambientes 
urbanos que caracterizam o mundo contemporâneo.
De modo geral, poderíamos dizer que que a geografia urbana é o ramo 
da geografia humana relacionado aos vários aspectos que compõem as cidades. 
Particularmente, a geografia urbana procura ainda explicar a distribuição 
das cidades e as semelhanças e contrastes socioespaciais que existem entre e 
dentro delas.
 Outro aspecto importante que será analisado neste tópico consiste na 
análise dos elementos que caracterizam o espaço urbano e como eles podem variar 
de acordo com os diferentes países. Vamos apresentar o conceito de morfologia 
urbana para você e analisar quais são os principais agentes produtores do espaço 
urbano. Por fim, vamos conhecer um pouco a respeito da história da urbanização. 
Venha conosco!
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
4
2 O QUE ESTUDA A GEOGRAFIA URBANA?
O mundo contemporâneo é um mundo urbano. Isso é evidente na 
expansão das áreas urbanas e na extensão das áreas de influências urbanas em 
grande parte da superfície habitável do planeta. Na atualidade, os moradores 
urbanos superam em número os residentes rurais (PACIONE, 2005). Os 
lugares urbanos — cidades e vilas — são de fundamental importância: para 
a distribuição da população dentro dos países; na organização da produção, 
distribuição e das trocas econômicas; na estruturação da reprodução social e da 
vida cultural; e na alocação e exercício do poder (PACIONE, 2005). Na Figura 1 
podemos observar o fenômeno da população urbana distribuída espacialmente 
pelo mundo. Acompanhe.
FIGURA 1 – MUNDO: POPULAÇÃO URBANA EM 2014
FONTE: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_populacao_
urbana.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2019.
Ademais, além do que pudemos perceber na Figura 1 estima-se que o 
número de habitantes urbanos e o nível de urbanização global provavelmente 
aumentarão nos próximos anos. Mesmo aqueles que vivem além dos limites 
administrativos ou funcionais de uma cidade, terão seu estilo de vida influenciado 
em algum grau por uma cidade próxima ou mesmo distante. Nós habitamos 
um mundo urbano em que a disseminação de áreas urbanas e de influências 
urbanas se constituem de um fenômeno global. Os resultados destes processos 
se manifestam na diversidade de ambientes urbanos que caracterizam o mundo 
contemporâneo (PACIONE, 2005).
Observe na Figura 2 como o padrão de urbanização na cidade de Toronto, 
no Canadá, é planejado e organizado. 
População residente 
em área urbana (%)
menos de 20
de 20 a 40
de 20 a 60
de 60 a 80
mais de 80
sem dados
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
5
FIGURA 2 – TORONTO (CANADÁ): EXEMPLO DE CAPITAL URBANA
FONTE: <https://achahistory.org/images/conferences/2011_toronto/toronto_skyline.jpg>. 
Acesso em: 19 jun. 2019.
Toronto é uma das principais cidades do Canadá, e, como podemos 
observar nesta paisagem, vários traços eminentemente urbanos caracterizam 
essa cidade, tais como edificações verticalizadas e a concentração de um conjunto 
expressivo de prédios na área urbana. O estudo das cidades é um elemento central 
de diversas ciências sociais, incluindo a geografia, que oferece em seu aparato 
metodológico recursos específicos para analisar condição urbana. De acordo 
com Pacione (2005), o escopo e o conteúdo da Geografia Urbana são abrangentes 
e incluem o estudo de lugares urbanos como "pontos no espaço", bem como a 
investigação da estrutura interna das áreas urbanas.
Além disso, da Geografia Urbana derivam subáreas de estudo que 
procuram analisar aspectos como a dinâmica populacional no espaço urbano, 
economia urbana, política e governança, comunidades urbanas, habitação ou 
questões de transporte, entre outros temas. Para tanto, os estudos de Geografia 
Urbana baseiam-se em uma rica mistura de informações teóricas e empíricas para 
avançar nos conhecimentos sobre a cidade. 
Por sua vez, Briney (2018) comenta que a Geografia Urbana é o ramo da 
geografia humana relacionado aos vários aspectos que compõem as cidades. Neste 
sentido, no rol de atribuições do geógrafo urbano está o estudo dos processos 
espaciais que criam padrões que podem ser observados em áreas urbanas. Para 
fazer isso, eles estudam, por exemplo, as características de determinado local, sua 
evolução e seu crescimento e, trabalhar com classificações como aldeias, vilas, 
municípios, cidades entre outros recortes espaciais, que variam conforme o país 
em que atuam. Outro aspecto que é estudado na Geografia Urbana é a localização 
da cidade e sua importância em relação a diferentes regiões e cidades. Aspectos 
econômicos, políticos e sociais dentro do espaço urbano também são importantes 
no estudo da Geografia Urbana.
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
6
Para estudar as diferentes dimensões que compõem o espaço das cidades, 
a Geografia Urbana articula saberes advindos de outras áreas da geografia. A 
geografia física, por exemplo, é importante para entender por que uma cidade 
está localizada em uma área específica, uma vez que as condições ambientais 
e locais desempenham um grande papel no desenvolvimento ou não de uma 
cidade. Já a geografia cultural pode ajudar na compreensão de várias condições 
relacionadas às pessoas que residem em determinada área sob o prisma da 
cultura, enquanto a geografia econômica ajuda a entender os tipos de atividades 
econômicas e empregos disponíveis em uma área. Campos fora da geografia, 
como gerenciamento de recursos, antropologia e sociologia urbana, também se 
articulam com a Geografia Urbana (BRINEY, 2018). 
A Geografia Urbana procura ainda explicar a distribuição das cidades e as 
semelhanças e contrastes socioespaciais que existem entre e dentro delas. Neste 
sentido, Pacione (2005) sustenta que se todas as cidades fossem únicas e distintas, 
isso seria uma tarefa praticamente impossível. No entanto, embora cada cidade 
tenha um caráter individual e particular, os locais urbanos também exibem 
características comuns que variam apenas em grau de incidência, ou importância, 
dentro de cada tecido urbano específico. Todas as cidades contêm áreas de 
espaço residencial, linhas de transporte, atividades econômicas, infraestrutura de 
serviços, áreas comerciais e prédios públicos.
 Em diferentes regiões do mundo, o processo histórico de evolução 
urbana pode ter seguido uma trajetória semelhante. Cada vez mais, processos 
semelhantes, como os de suburbanização e gentrificação, estão operando dentro 
de cidades distintas espalhadas ao redor do mundo. Além disso, as cidades 
também apresentam problemas comuns em graus variados, incluindo moradia 
inadequada, constrangimentos econômicos, pobreza, problemas de saúde, 
desigualdade social, congestionamentos e poluição ambiental (PACIONE, 2005). 
Em resumo, muitas características e preocupações comuns são 
compartilhadas pelos lugares urbanos. Essas características e preocupações 
compartilhadas representam as bases para o estudo da Geografia Urbana. O 
caráter dos ambientes urbanos, em todo o mundo, é o resultado de interações entre 
uma série de forças ambientais, econômicas, tecnológicas, sociais, demográficas, 
culturais e políticas que operam em uma variedade de escalas geográficas que 
vão do global ao local (PACIONE, 2005).
NOTA
Acadêmico! Você conhece as expressões suburbanização e gentrificação?
Apresentamos a seguir, de modo resumido, o significado de cada uma delas, acompanhe.
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
7
Suburbanização: é um processo relacionado com o desenvolvimento de 
subúrbios em torno das grandes cidades e áreas metropolitanas. O processo de 
suburbanização é gerado pelo crescimento demográfico (aumento da população 
total) e pelareestruturação interna das cidades. Muitos residentes das grandes 
cidades já não vivem e trabalham na mesma área urbana, optando por viver em 
subúrbios e deslocar-se para trabalhar noutras áreas. Os subúrbios são áreas 
habitadas localizadas na periferia imediata de uma cidade, fora dos limites 
administrativos desta ou mesmo no exterior dos limites de uma conturbação. 
FONTE: <http://www.forumdascidades.pt/content/suburbanizacao>. Acesso em: 19 jun. 2019. 
A respeito do tema da suburbanização, é interessante apontar que, 
antigamente, os subúrbios eram relacionados a pessoas de baixo poder aquisitivo, 
que moravam nestes lugares pois o custo era mais baixo. Hoje, a procura por 
subúrbios tem vindo de pessoas com poder aquisitivo considerável e que buscam 
condomínios fechados de alto padrão, de modo a preservar-se do caos e da 
violência dos grandes centros, além de contar, muitas vezes, com o slogan de 
morar mais próximo de atrativos naturais. 
Gentrificação: para entender a gentrificação imagine um bairro 
histórico em decadência ou que apesar de estar bem localizado é reduto de 
populações de baixa renda, portanto, desvalorizado. Lugares que não oferecem 
nada muito atrativo para fazer. Enfim, lugares que você não recomendaria o 
passeio a um amigo. Pense, porém, que de um tempo para cá, a estrutura deste 
bairro melhorou muito: aumentou a segurança pública e agora há parques, 
iluminação, ciclovias, novas linhas de transporte, ruas reformadas, variedade 
de comércio, restaurantes, bares, feiras de rua etc. Uma verdadeira revolução 
que traria muitos benefícios para os moradores da região, porém eles não 
podem mais morar ali, pois, depois de todos esses melhoramentos, o valor do 
aluguel dobrou, a conta de luz triplicou e as idas semanais ao mercadinho da 
esquina ficaram cada vez mais caras, ou seja, junto com toda a melhora, o custo 
de vida subiu tanto que não cabe mais no orçamento dos atuais moradores. E 
o mais cruel de tudo é perceber que, enquanto o antigo morador procura um 
novo bairro, pessoas de maior poder aquisitivo estão indo morar no seu lugar. 
Gentrificação vem de gentry, uma expressão inglesa que designa pessoas ricas, 
ligadas à nobreza. O termo surgiu nos anos 60, em Londres, quando vários 
gentriers migraram para um bairro que, até então, abrigava a classe trabalhadora. 
Este movimento disparou o preço imobiliário do lugar, acabando por “expulsar” 
os antigos moradores para acomodar confortavelmente os novos donos do 
pedaço. O evento foi chamado de gentrification, que numa tradução literal, 
poderia ser entendida como o processo de enobrecimento, aburguesamento 
ou elitização de uma área [...]. Um processo de gentrificação possui bastante 
semelhança com um projeto de revitalização urbana, com a diferença que a 
revitalização pode ocorrer em qualquer lugar da cidade e normalmente está 
ligada a uma demanda social bastante específica, como reformar uma pracinha 
de bairro abandonada, promovendo nova iluminação, jardinagem, bancos etc. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
8
E quem se beneficia da obra são os moradores do entorno e, por tabela, a cidade 
toda [...]. Note, na charge a seguir, como o fenômeno da gentrificação altera a 
forma de uso dos espaços. 
FONTE: <http://www.courb.org/pt/o-que-e-gentrificacao-e-por-que-voce-deveria-se-
preocupar-com-isso/>. Acesso em: 19 jun. 2019. 
Assim, ao iniciarmos o estudo da Geografia Urbana uma das primeiras 
inquietações que despontam consiste em entender o que estuda este campo 
disciplinar da geografia. Pacione (2005) pontua que existem duas abordagens 
básicas para a Geografia Urbana. A primeira refere-se à distribuição espacial dos 
municípios e cidades e às ligações entre elas: o estudo dos sistemas das cidades. 
A segunda refere-se à estrutura interna dos espaços urbanos: o estudo da cidade 
como um sistema (PACIONE, 2005). 
Seguindo esta linha de pensamento, Strohaeckher (2017, p. 202) 
complementa que:
A Geografia Urbana [...] é o ramo da Geografia que se concentra nos 
estudos e interpretações sobre a localização e o arranjo espacial das 
cidades. Ela tem como objeto de estudo a sociedade urbana a partir 
de sua organização espacial, enfocando duas dimensões básicas: 
a interurbana e a intraurbana. Na escala interurbana, a Geografia 
estuda as relações/interações que se estabelecem entre diferentes 
cidades no âmbito econômico, político, social, cultural e/ou de gestão, 
conformando as redes e os sistemas urbanos. Na escala intraurbana, a 
Geografia objetiva analisar a organização espacial de uma cidade ou 
metrópole, especificamente, através do estudo de sua gênese, formação 
e dinâmica socioespacial, dos processos espaciais, dos agentes 
produtores do espaço urbano e seus interesses políticos e econômicos, 
do direito à cidade, das formas de representação do espaço social, da 
questão ambiental urbana.
Estes aspectos, atrelados a escala interurbana e intraurbana, serão 
examinados no decorrer desta disciplina. A autora, pontua ainda que:
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
9
Outro elemento importante sobre o estudo inerente ao campo da 
Geografia Urbana é a compreensão de que as categorias espaço e 
tempo jamais devem estar dissociadas. O anacronismo temporal pode 
conduzir a interpretações equivocadas do fenômeno da urbanização da 
sociedade. Em síntese, espaço e tempo são categorias fundamentais e 
indissociáveis para a compreensão da organização espacial da sociedade 
humana ao longo da história (STROHAECKHER, 2017, p. 203). 
2.1 O QUE É URBANO?
Ao abordar o conceito de urbano, é útil fazer uma distinção entre a questão 
do que é um lugar urbano e o que é urbano. Isso é mais do que um exercício 
de semântica. A distinção entre o urbano como uma entidade física e o urbano 
como uma qualidade que nos ajuda a entender a complexidade da vida urbana 
e ilumina diferentes abordagens para o estudo das cidades (PACIONE, 2005). 
Sobre o assunto, convém apontar que: 
Apesar de tradicionalmente estabelecidas como modos de qualificar 
as sociedades e o espaço, as categorias rural e urbano estão sujeitas 
às transformações que vem sendo operadas no decorrer do tempo. 
Com efeito, a realidade histórica sobre tais categorias demonstra uma 
grande diversidade de estruturas e organizações (IBGE, 2017, p. 10).
Iniciamos nossa abordagem reconhecendo, sob o prisma internacional, 
os principais métodos empregados para identificar o espaço urbano, embasados 
nas contribuições de Pacione (2005), importante e renomado geógrafo britânico, 
a saber:
a) Tamanho da população: como os lugares urbanos são geralmente maiores do 
que os locais rurais, em algum momento, ao longo da escala do tamanho da 
população, deveria ser possível discernir quando uma aldeia/vila se torna uma 
cidade. Na prática, esse limiar populacional urbano varia ao longo do tempo 
e do espaço. Na Suécia, qualquer assentamento com mais de 200 habitantes é 
classificado como urbano no censo nacional, enquanto nos EUA o mínimo de 
população para o status urbano é de 2.500; na Suíça é 10.000, aumentando para 
30.000 no Japão. Essa diversidade reflete o contexto social. Dada a distribuição 
esparsa do assentamento em muitas áreas da Suécia, um limiar de 200 pode 
ser apropriado, enquanto que em um país densamente povoado como o Japão, 
praticamente todos os assentamentos excedem uma população tão baixa de 
limiar urbano. Se não for explicitado, essas diferenças podem complicar a 
comparação internacional (PACIONE, 2005).
b) Base econômica: em alguns países o tamanho da população é combinado 
com outros critérios diagnósticos para definir um lugar urbano. Na Índia, por 
exemplo, um assentamento deve ter mais de 75% da população masculina 
adulta engajada em trabalho não agrícola para ser classificada como urbana 
(PACIONE, 2005).
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
10
c) Critérios administrativos: a maioria das cidades e vilas do mundosão 
definidas de acordo com critérios legais ou administrativos. A definição de 
lugares urbanos pelos governos nacionais leva a uma grande diversidade, o 
que cria dificuldades para a pesquisa comparativa que só pode ser superada 
por analistas urbanos construindo suas próprias definições e aplicando-as 
uniformemente em todo o mundo. Um segundo problema com as definições 
administrativas é que elas podem ter pouca correspondência com a extensão 
física real da área urbana. Um problema frequente é a subutilização, em que a 
área construída da cidade se estende além do limite administrativo urbano. Isso 
pode levar a grandes dificuldades fiscais para a cidade, que pode vir a sofrer 
com constrangimentos no que tange a arrecadação de impostos (PACIONE, 
2005).
d)	Definições	funcionais: para abordar situações como as manchas urbanas, os 
pesquisadores urbanos criaram "regiões urbanas funcionais" que refletem a 
extensão real da influência urbana. 
Conforme fica evidente, a adoção de distintos critérios, sejam eles o 
tamanho da população, a base econômica, os critérios administrativos ou 
funcionais, dependem do posicionamento e das intencionalidades dos diferentes 
gestores públicos, situados em distintos tempos e espaços. Além disso, as 
características inerentes a cada cidade também interferem no peso atribuído a 
cada um dos critérios apresentados. 
Ainda no que diz respeito a distinção entre o espaço rural e urbano, um 
estudo do IBGE (2017) aponta que:
Conceitos centrais da Geografia, os espaços urbanos e rurais se 
apresentam na atualidade com características diversas e são marcados 
por relações e funções cada vez mais interligadas, o que evidencia 
a complexidade na definição de uma abordagem única para sua 
delimitação. Mesmo reconhecendo a dificuldade em estabelecer 
distinções entre o meio urbano e o meio rural, não se pode ignorar 
sua importância para fins da ação pública e privada tendo em 
vista o planejamento territorial do Brasil. A grande demanda de 
classificações por parte da academia, da administração pública 
e da sociedade em torno desse tema não deixa dúvidas quanto à 
pertinência dessa discussão de forma contínua, considerando diversas 
abordagens e escalas. As transformações que ocorreram no campo e 
nas cidades nos últimos 50 anos vêm a demandar, nos dias de hoje, 
abordagens	multidimensionais	na	classificação	territorial. O rural e 
o urbano, enquanto manifestações	socioespaciais, se apresentam de 
forma bastante complexa e heterogênea, portanto, a identificação de 
padrões dessas manifestações se constitui um desafio principalmente 
ao se considerar a extensão do território brasileiro (IBGE, 2017, p. 7, 
grifo nosso). 
Complementando a classificação proposta por Pacione (2005), no quadro a 
seguir estão elencadas as técnicas e critérios de classificação do rural e do urbano, 
publicados recentemente em um estudo do IBGE, acompanhe: 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
11
QUADRO 1 – PRINCIPAIS CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA DEFINIR O ESPAÇO COMO URBANO
FONTE: Adaptado de IBGE (2017)
Como você pode observar, a utilização de cada critério depende do objetivo 
e da intencionalidade do sujeito responsável em classificar determinado espaço. 
Na prática, quando pensamos em abordagens multidimensionais, precisamos ter 
em mente que todas estas dimensões, ou seja, todos os aspectos da vida urbana, 
apontados anteriormente, operam no espaço concomitantemente, engendrando 
sua configuração espacial. Quer dizer, no campo disciplinar da geografia parece 
fazer sentido ter em mente uma pergunta de fundo quando se ouvir falar em 
“urbano” e “rural”. Urbano a partir de qual dimensão? Ou ainda: urbano segundo 
qual definição? E ainda refletir sobre: quem estabeleceu esta definição? A quem 
ela interessa? E quais são as possibilidades e os limites das mesmas?
Colaborando com esta discussão, Duarte (2007, p. 46) traz o exemplo de 
Portugal para contribuir com a reflexão: 
Em outros países, a classificação de um município como urbano é 
feita por critérios estruturais e funcionais. Nos critérios estruturais 
estão os dados demográficos, como o número de habitantes, eleitores 
e, principalmente, a densidade demográfica; nos critérios funcionais 
encontra-se a presença de serviços básicos para a vida da cidade. 
Em Portugal, é preciso, para que um aglomerado populacional seja 
considerado cidade, que haja pelo menos metade dos seguintes serviços: 
hospital, farmácias, bombeiros, casa de espetáculo ou centro cultural, 
museu e biblioteca, hotel, escola de ensino médio, escola de ensino pré-
primário e creches, transporte público, parques e jardins públicos. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
12
Retomando a descrição exposta no Quadro 1 (Principais critérios utilizados 
para definir o espaço como urbano), os quatro critérios iniciais têm sua compreensão 
facilitada pois você provavelmente já se aproximou, de alguma forma, deste 
conteúdo, direta ou indiretamente, ao longo do seu curso. Contudo, o debate 
sobre a morfologia urbana insere-se, particularmente, no âmbito dos estudos da 
Geografia Urbana. Vamos entender melhor do que se trata este conceito? 
A morfologia urbana refere-se à forma, à função e ao layout da cidade. 
Neste sentido, atributos geográficos, incluindo forma, densidade e padrão 
de categorias de uso da terra refletem o resultado do processo de urbanização 
(MAYHEW, 2015). Sposito (2017a) também discorre sobre o tema. Acompanhe o 
fragmento da explicação, selecionado e exposto, a seguir:
MORFOLOGIA URBANA
Maria Encarnação Beltrão Sposito
Se o termo morfologia urbana designa aquilo que se refere à forma, o 
conceito de morfologia urbana vai muito além da análise das formas urbanas 
em si, embora a contemple. O próprio sentido dado ao termo “forma urbana” 
é variado e, apenas para ilustrar, vale lembrar que o apreço que arquitetos e 
urbanistas têm em relação ao estudo e ao projeto das formas urbanas. Num 
primeiro sentido, poderíamos identificar forma ao aspecto visível de uma 
coisa, ao arranjo ordenado de objetos ou a um padrão (SANTOS, 1985, p. 50). 
Em outras palavras, forma refere-se à aparência externa que um dado objeto 
tem e, ainda, como ressalta Serra (1987, p. 51), apoiando-se nas ideias de 
Locke, ao contorno de um dado objeto ou de um espaço, associando, assim, 
a forma às partes externas ou limítrofes de uma extensão, bem como ao que 
está circunscrito a esses limites. Assim pensando, o conceito de morfologia 
urbana, compreendendo o estudo da forma urbana, deveria se voltar à análise 
da extensão urbana.
Talvez, por isso, não sem frequência, o estudo da forma urbana remete 
à apreensão da planta urbana e à elaboração de tipologias, segundo as quais se 
procuram classificar diferentes planos urbanos e reconhecer as formas que as 
cidades têm em função desses planos ou mesmo da ausência deles, quando a 
configuração resultante da disposição das vias e de outros espaços da cidade 
é desordenada e/ou resulta de um processo em que o desenho prévio ou o 
planejamento não ocorreu.
Considerando-se a forma como um dos elementos constitutivos da 
morfologia e o plano urbano como arcabouço dessa forma, poderíamos 
reconhecer a extensão urbana como designativa da morfologia de uma cidade, 
já que a extensão do plano ou da planta urbana é o que, via de regra, orienta 
a expansão territorial e dá materialidade real ou potencial à redefinição da 
morfologia urbana [...].
FONTE: SPOSITO, M. E. B. Morfologia Urbana. In: SPOSITO, E. S. (Org.). Glossário de geografia 
humana e econômica. São Paulo: Editora Unesp, 2017. p. 297.
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
13
A seguir, acompanhe um exemplo visual de uma morfologia urbana e o 
modo como se configura o desenho das ruas e a ocupação dos espaços:
FIGURA 3 – EXEMPLO DE MORFOLOGIA URBANA
FONTE: <https://i2.wp.com/epum.eu/wp-content/uploads/2018/09/
Screenshot-2018-09-07-20.53.48-1.png?w=1361>. Acesso em: 19 jun. 2019.Outra possibilidade de estudar o espaço urbano é a partir das análises 
dos fluxos. É adequado que a relação entre os espaços urbanos e rurais considere 
as ligações urbano-rurais, que podem ser representadas pelos fluxos de bens, 
pessoas, recursos naturais, capital, trabalho, serviços, informação e tecnologia, 
conectando zonas rurais e urbanas, tendo em vista que essas conexões são 
complementares e sinérgicas, interferindo na configuração espacial (IBGE, 2017).
Acerca da leitura do espaço a partir do prisma dos fluxos e sobre a 
combinação desta análise com distinção entre o urbano e o rural, Duarte (2007, p. 
37) observa que:
Na economia brasileira, a grande revolução dos últimos anos foi o 
chamado agronegócio. Não mais aquela paisagem agrária ligada 
ao atraso, como um estágio pré-urbano. Não, pelo contrário, são 
regiões com vocação agrícola que apresentam os mais altos índices 
de desenvolvimento econômico e de qualidade de vida. Porém, é 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
14
inegável que isso aconteceu graças a inovações mecânicas, físico-
químicas e biológicas. As inovações mecânicas têm alguma relação 
com a história da mecanização da produção no campo; já as inovações 
físico-químicas e biológicas ganharam impulso nas últimas décadas. 
Em relação a essas inovações, por mais que sejam aplicadas no campo, 
nas regiões agrícolas, o desenvolvimento de pesquisa em ciência e 
tecnologia está intimamente ligado à realidade urbana. Os centros 
de excelência de pesquisa agrícola geralmente estão localizados em 
centros urbanos ou fazem parte de uma rede de instituições públicas e 
privadas dispersas pelo território nacional e internacional [...].
Ou seja, o comentário do autor ressalta que é possível que se estabeleça 
um entrelaçamento entre o espaço rural e o espaço urbano, que ocorre, sobretudo, 
em virtude das redes geográficas que se engendram. 
Dependendo do enfoque pretendido, o uso de uma determinada forma 
de classificação do espaço pode ser insuficiente para apreender a realidade que 
se apresenta: 
No Brasil, o Decreto Lei n. 311, de 02.03.1938 associa a delimitação 
de zonas rurais e urbanas aos municípios. Contudo, muitas vezes 
as transformações	 econômicas	 e	 sociais alteram profundamente a 
configuração	 espacial dos municípios sem que a legislação consiga 
acompanhar em tempo hábil as novas estruturas territoriais e o processo 
de distribuição espacial das populações e das atividades econômicas. 
É verdade também que os limites	oficiais	entre	zona	urbana	e	zona	
rural, são em grande parte instrumentos definidos segundo objetivos 
fiscais que enquadram os domicílios sem considerar necessariamente 
as características territoriais e sociais do município e de seu entorno. 
Atendem, portanto, aos objetivos das prefeituras, mas dificultam 
políticas públicas e investimentos preocupados com as outras facetas 
e escalas da classificação rural-urbano (IBGE, 2017, p. 10, grifo nosso).
É notável que as transformações que ocorrem no espaço são dinâmicas 
e o balizamento a partir de uma lei, dependendo da situação, pode representar 
atrasos. Observe, também, que a lei que delimita as zonas rurais e urbanas é 
antiga, de 1938. Note as especificações apontadas na lei:
DICAS
Para acessar o conteúdo integral do Decreto da Lei n° 311, de 02/03/1938, acesse 
o link a seguir: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-311-2-
marco-1938-351501-publicacaooriginal-1-pe.html.
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
15
Vale realçar, ainda, que em se tratando dos limites oficiais entre zona 
urbana e zona rural e os objetivos fiscais, existem aspectos passíveis de críticas no 
que diz respeito ao tipo de imposto cobrado. O texto a seguir esclarece qual o tipo 
de imposto cobrado nas áreas rurais e urbanas.
ITR x IPTU – Qual imposto a pagar?
Muitos proprietários que possuem terras no entorno das cidades já 
depararam com este problema. Eles são surpreendidos com a cobrança do 
IPTU (Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana) de suas terras, nas 
quais mantêm suas atividades agrícolas ou pastoris. Há casos até de cobrança 
simultânea dos dois impostos: o IPTU e o ITR (Imposto sobre a Propriedade 
Territorial Rural).
Esse fato tornou-se mais comum depois da Constituição de 1988, que 
deu mais poderes aos municípios para tributar. Com isso, eles decretaram a 
ampliação do perímetro urbano do município, abrangendo áreas rurais que 
estão sendo ocupadas com lavouras e pastagens. Só que muitas dessas áreas 
não têm nada de urbano.
O Código Tributário Nacional, em seu Artigo 31, estabelece os critérios 
pelos quais o imóvel pode ser considerado urbano. Tem que ter pelo menos três 
itens de uma lista de equipamentos e serviços públicos, como vias públicas, 
posteamento, iluminação pública, calçada, meio fio, rede de água e esgotos, 
escola pública e posto de saúde até 3 quilômetros de distância. 
Essa confusão acontece em razão do critério adotado para a tributação 
dos imóveis nessas condições. O Código Tributário Nacional adotou o critério 
da localização. Ele diz que imóvel rural é aquele localizado fora da zona urbana 
do município. No entanto, para efeitos de tributação, a legislação agrária adotou 
o critério da destinação. Todo imóvel que for destinado à produção agrícola, 
avícola, pecuária etc. paga o ITR, independentemente de sua localização.
Para os casos dessa natureza, além de prevalecer a legislação agrária, 
a jurisprudência brasileira já consolidou esse entendimento. Portanto, o 
proprietário que tenha recebido a cobrança do IPTU deve pedir imediatamente 
o cancelamento desse imposto na prefeitura. Enquanto a propriedade for 
destinada à produção agrícola, o imposto devido é o ITR. Lembre-se: pagar 
dois impostos sobre o mesmo imóvel é bitributação, o que é ilegal.
FONTE: <http://www.nippo.com.br/campo/lei/lei438.php>. Acesso em: 17 mar. 2019. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
16
2.2 OS AGENTES PRODUTORES DO ESPAÇO URBANO
Além de entendermos quais são os critérios adotados para distinguir e 
caracterizar o espaço urbano, é necessário compreender quem são os agentes 
produtores do espaço urbano. Neste sentido, a contribuição de Roberto Lobato 
Corrêa é relevante. Em sua obra O espaço urbano, de 1989, considerada um 
clássico nos estudos da Geografia Urbana, o autor lança o questionamento: quem 
produz o espaço urbano? Para responder esta indagação, o autor criou uma 
tipologia de natureza analítica que identifica os principais agentes que formam 
o espaço urbano. Selecionamos um resumo desta obra acerca desta questão e o 
apresentamos a seguir.
Quem são estes agentes sociais que fazem e refazem a cidade?
 
a) Os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes industriais. 
b) Os proprietários fundiários. 
c) Os promotores imobiliários. 
d) O Estado.
e) Os grupos sociais excluídos.
 
Que estratégias e ações concretas desempenham no processo de fazer e refazer 
a cidade? 
a) Os grandes proprietários industriais e as grandes empresas comerciais 
são, em razão da dimensão de suas atividades, grandes consumidores de 
espaço. Necessitam de terrenos amplos e baratos que satisfaçam requisitos 
locacionais pertinentes às atividades de suas empresas – junto a portos, a 
vias férreas ou em locais de ampla acessibilidade à população. Porém, as 
relações entre os proprietários dos meios de produção e a terra urbana são 
mais complexas. A especulação fundiária tem duplo efeito. De um lado onera 
os custos de expansão na medida em que esta pressupõe terrenos amplos e 
baratos. Do outro, o aumento do preço dos imóveis, resultante do aumento do 
preço da terra, atinge os salários da força de trabalho. É importante também 
considerar, que os conflitos entre proprietários industriais e fundiários não 
mais constituem algo absoluto como no passado. Isso se deve: 
• ao desenvolvimento das contradições entre capital e trabalho, que tornaperigosa a abolição de qualquer forma de propriedade, entre elas a da terra, 
pois isto poderia levar a que se demandasse a abolição da propriedade 
capitalista; 
• através da ideologia da casa própria, que inclui a terra, pode-se minimizar as 
contradições entre capital e trabalho; 
• à própria burguesia adquirir terras, de modo de que a propriedade fundiária 
passou a ter significado no processo de acumulação; 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
17
• à propriedade da terra ser pré-requisito fundamental para a construção 
civil que, por sua vez, desempenha papel extremamente importante no 
capitalismo, amortecendo áreas de atividade industrial; e 
• à propriedade fundiária e seu controle pela classe dominante terem ainda 
função de permitir o controle do espaço através da segregação residencial, 
cumprindo, portanto, significativo papel na organização do espaço. 
Nas grandes cidades, onde a atividade fabril é expressiva, a ação 
espacial dos proprietários industriais leva à criação de amplas áreas fabris 
em setores distintos das áreas residenciais nobres, onde mora a elite, porém 
próximo às áreas proletárias. Deste modo, a ação deles modela a cidade, 
produzindo seu próprio espaço e interferindo decisivamente na localização 
de outros usos da terra. 
b) Os proprietários de terras atuam no sentido de obterem a maior renda 
fundiária de suas propriedades, interessando-se em que estas tenham o uso 
mais remunerador possível, especialmente uso comercial ou residencial 
de status. Estão interessados no valor de troca da terra e não no seu valor 
de uso. Alguns dos proprietários fundiários, os mais poderosos, poderão 
até mesmo ter suas terras valorizadas através do investimento público em 
infraestrutura, especialmente viária. 
A demanda de terras e habitações depende do aparecimento de novas 
camadas sociais, que tenham rendas capacitadas a participar do mercado de 
terras e habitações. Depende ainda da política que o Estado adota para permitir 
a reprodução do capital, como reforço do aparelho estatal pelo aumento do 
número de funcionários e através da ideologia da casa própria. Os diferenciais 
das formas que a ocupação urbana na periferia assume são, em relação ao uso 
residencial, o seguinte: urbanização de status e urbanização popular variando 
de acordo com a localidade da área. 
Aquelas bem localizadas são valorizadas por amenidades físicas, 
como mar, lagoa, sol, verde etc.; e agem pressionando o Estado visando à 
instalação de infraestrutura. Tais investimentos valorizam a terra; e campanhas 
publicitárias exaltando as qualidades da área são realizadas ao mesmo tempo; 
consequentemente seu preço sobe. 
Estas terras são destinadas à população de status. Como se trata de uma 
demanda solvável, é possível aos proprietários tornar-se também promotores 
imobiliários; loteiam, vendem e constroem casas de luxo. E com isso os bairros 
fisicamente periféricos não são mais percebidos como estando localizados na 
periferia urbana, pois afinal de contas bairros de status não são socialmente 
periféricos. Como exemplos, as cidades litorâneas como Rio de Janeiro, 
Salvador, Recife e Fortaleza, são frutos das valorizações fundiárias. 
Naquelas mal localizadas e sem amenidades, serão realizados os 
loteamentos: as habitações serão construídas pelo sistema de autoconstrução 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
18
ou pelo Estado, que aí implanta enormes e monótonos conjuntos habitacionais, 
que ocasionam vários distúrbios sociais. 
c) Por promotores imobiliários, entende-se um conjunto de agentes que 
realizam, parcialmente ou totalmente, as seguintes operações: incorporação; 
financiamento; estudo técnico; construção ou produção física do imóvel; 
e comercialização ou transformação do capital-mercadoria em capital-
dinheiro, agora acrescido de lucro. 
Quais são as estratégias dos promotores imobiliários? 
Produzir habitações com inovações, com valor de uso superior às 
antigas, obtendo-se, portanto, um preço de venda cada vez maior, o que amplia 
a exclusão das camadas populares. 
É possível haver a produção de habitações para os grupos de baixa 
renda? Quando esta produção é rentável? 
• é rentável se são super ocupadas por várias famílias ou por várias pessoas 
solteiras que alugam um cômodo; 
• é rentável se a qualidade da construção for péssima, com seu custo reduzido 
ao mínimo; 
• é rentável quando se verifica enorme escassez de habitações, elevando os 
preços a níveis insuportáveis.
A estratégia basicamente é a seguinte: dirigir-se, em primeiro lugar, à 
produção de residências para satisfazer a demanda solvável; e, depois, obtém-
se ajuda do Estado no sentido de tornar solvável a produção de residências 
para satisfazer a demanda não solvável. Exemplos: BNH, COHABS, FGTS. 
As estratégias dominantes, de construir habitações para a população 
que constitui a demanda solvável, tem um significativo rebatimento espacial. 
De fato, a ação dos promotores se faz correlacionada a: preço elevado da terra 
de alto status do bairro; acessibilidade, eficiência e segurança dos meios de 
transporte; amenidades naturais ou socialmente produzidas; e esgotamento 
dos terrenos para a construção e as condições físicas dos imóveis anteriormente 
produzidos. 
A atuação espacial dos promotores se faz de modo desigual criando e 
reforçando a segregação residencial que caracteriza a cidade capitalista. E, na 
medida em que os outros setores do espaço produzem conjuntos habitacionais 
populares, a segregação é ratificada. 
d) O Estado atua também na organização espacial da cidade. Sua atuação 
tem sido complexa e variável tanto no tempo como no espaço, refletindo a 
dinâmica da sociedade da qual é parte constituinte. 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
19
O Estado dispõe de um conjunto de instrumentos que pode empregar 
em relação ao espaço urbano. São os seguintes: 
• direito de desapropriação e precedência na compra de terras; 
• regulamentação do uso do solo; 
• controle de limitação dos preços das terras; 
• limitação da superfície da terra de que cada um pode se apropriar; 
• impostos fundiários e imobiliários que podem variar segundo a dimensão 
do imóvel, uso da terra e localização; 
• taxação de terrenos livres, levando a uma utilização mais completa do espaço 
urbano; 
• mobilização de reservas fundiárias públicas, afetando o preço da terra e 
orientando; 
• espacialmente a ocupação do espaço; 
• investimento público na produção do espaço, através de obras de drenagem, 
desmontes, aterros, e implantação de infraestrutura; 
• organização de mecanismos de créditos à habitação; e 
• pesquisas, operações testes como materiais e procedimento de construção, 
bem como o controle de produção e do mercado deste material. 
e) Os grupos sociais excluídos são aqueles que não possuem renda para pagar 
o aluguel de uma habitação digna e muito menos para comprar um imóvel. 
Este é um dos fatores, que ao lado do desemprego, doenças, subnutrição, 
delineiam a situação social dos grupos excluídos. A estas pessoas restam 
como moradia: cortiços, sistemas de autoconstrução, conjuntos habitacionais 
fornecidos pelo agente estatal e as degradantes favelas. 
As três primeiras possibilidades habitacionais pressupõem uma 
vinculação a um agente sem, no entanto, ocasionar transformação da camada 
populacional excluída em agente modelador do espaço urbano. É na produção 
da favela, em terrenos públicos e privados que os grupos sociais excluídos 
se tornam, efetivamente, agentes modeladores. A ocupação destes terrenos 
que dão ensejo à criação das favelas é uma forma de resistência à segregação 
social e sobrevivência ante a absoluta falta de outros meios habitacionais. 
Aparentemente desprovida de qualquer elaboração espacial, as favelas 
acrescentam uma lógica que inclui a proximidade a mercados de trabalho. 
Outro fenômeno observado é a progressiva urbanização da favela, 
até se tornar um bairro popular.Isto se explica pela ação dos moradores que 
pretendem a melhoria das condições de vida, conjuntamente com o Estado 
que, por motivos diversos, destina recursos à urbanização das favelas. 
No processo de produção concreta de um bairro residencial ou de um 
distrito industrial, vários agentes estão presentes. Como exemplo, o bairro de 
Copacabana. Desde a década de 1870, são verificadas tentativas de valorização 
fundiária da área, entretanto de início malsucedidas. A partir de 1892, iniciou-se 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
20
a valorização do local resultante de uma aliança de interesses comuns, firmada 
entre proprietários fundiários, promotores imobiliários, bancos e empresas 
industriais e comerciais. O Estado fazia-se presente pelos interesses comuns 
no poder. O capital fundiário imobiliário, associado a outros capitais, estava, 
entretanto, interessado apenas em produzir habitações para a população de 
status elevados, produzindo mesmo residências de veraneio e novos espaços. 
Do exposto dessume-se de que a partir de fins do século XIX, a cidade tornou-
se objeto de lucro. Assim como em Copacabana, de modo semelhante, repetiu-
se o fenômeno na Barra da Tijuca. 
FONTE: <http://reverbe.net/cidades/wp-content/uploads/2011/08/Oespaco-urbano.pdf>. Acesso 
em: 9 mar. 2019. 
Considerando o período que se estende de 1989 até a década de 2010, 
vários avanços surgiram no campo de estudo do espaço urbano e da atuação dos 
agentes na transformação das cidades. Furini (2014) sintetizou de modo didático 
como os agentes urbanos podem ser agrupados, tendo em vista seu campo de 
atuação, observe.
QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES URBANOS CONFORME OS CAMPOS DE AÇÃO
FONTE: Adaptado de Furini (2014) 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
21
Com base na proposta de classificação de Furini (2014), vamos pensar 
em alguns possíveis exemplos de atores? Como exemplo de agente que ajuda 
a produzir o espaço urbano em uma escala interurbana, poderíamos mencionar 
o presidente de um conselho estadual de turismo. Um agente individual que 
interfere no espaço urbano poderia ser uma pessoa física que se dirige até a sede 
da prefeitura municipal buscando orientações sobre quais regras seguir, no que 
diz respeito às obrigações de manutenção da calçada em frente à sua casa. Como 
agente privado, podemos mencionar uma construtora que “adota” e ajuda a 
manter e a cuidar da pracinha situada em frente ao local onde o edifício da referida 
construtora foi construído. Exemplo de agente urbano ativo seria o vereador que, 
na ocasião de realização da sessão da câmara, traz à tona as preocupações dos 
residentes de uma determinada rua que estão lidando com a ocupação indevida 
e desorganizada de um prédio situado no bairro. Já, um agente casual poderia ser 
um sujeito que está interessado em organizar uma maratona no centro da cidade 
para celebrar o aniversário do município, ou seja, irá realizar uma atividade 
pontual. Por sua vez, um dos agentes produtores do espaço urbano classificado 
como direto, seria o prefeito do município, enquanto que os representantes 
dos movimentos sociais, poderiam ser vistos como agentes subjetivos. Por fim, 
um exemplo de possível agente urbano regulamentado seriam os técnicos e 
especialistas do setor de planejamento urbano.
Esses exemplos nos ajudam a refletir sobre a diversidade de atores que 
atuam no espaço urbano. Lembre-se que dependendo do tipo de análise ou do 
tipo de direcionamento de uma pesquisa, poderão ser ponderados e selecionados 
determinados agentes em detrimento de outros. Neste momento, interessa 
ressaltar que é ampla a gama de atores envolvidos no processo de produção e 
consumo do espaço urbano. 
2.3 O QUE É URBANIZAÇÃO? 
A história da urbanização está atrelada à história das cidades. Em termos 
históricos, Uruk é considerada a cidade mais antiga, tendo sido erguida na 
região da Mesopotâmia, por volta de 4.500 a.C. Posteriormente, a cidade de Ur 
foi erguida por volta de 3.800 a.C. e é considerada emblemática na história das 
cidades. Ambas estavam situadas nas proximidades das margens do Rio Eufrates. 
Para os sumérios, no entanto, a primeira cidade foi Eridu, que foi fundada em 
5.400 a.C., mas, provavelmente, não era uma “cidade” da mesma forma que Uruk 
ou Ur seria definida, considerando que as formas de organização deste espaço 
eram menos sofisticadas (MARK, 2014). 
No ano de 2.600 a.C., Ur era uma metrópole próspera e, em 2.900 a.C., era 
uma cidade murada com uma população de aproximadamente 65.000 habitantes. 
A urbanização continuou à medida que a cidade se expandia a partir do centro e, 
com o tempo, os campos outrora férteis que alimentavam a população estavam 
esgotados. O uso excessivo da terra, combinado com uma misteriosa mudança no 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
22
rio Eufrates, que tirou as águas da cidade, resultou no complexo sendo finalmente 
abandonado por volta de 500 a.C. Eridu, talvez, por razões semelhantes, foi 
abandonado em 600 a.C. e Uruk em 650 a.C. (MARK, 2014). Verifica-se assim que 
o surgimento das cidades está relacionado com às possibilidades de sobrevivência 
humana propiciada pela produção de excedentes alimentares.
No centro de Ur, como em todas as cidades da antiga Mesopotâmia, estava 
o grande templo que era o local das funções cerimoniais, comerciais e sociais. As 
atividades religiosas, como os festivais, eram as principais reuniões sociais da 
época e essas ocasiões eram frequentemente usadas para distribuir alimentos e 
suprimentos excedentes para a população da cidade. Os sacerdotes do templo, que 
também eram os governantes da cidade a partir de 3.400 a.C., eram responsáveis 
por essa distribuição e dependiam fortemente dos agricultores da região para 
fornecer o excedente de que precisavam. Esse excesso de produção do campo não 
apenas supria a população da cidade com alimentos, mas também aumentava o 
comércio de longa distância com outras cidades ao longo do Eufrates, como Tikrit 
e Eridu. Como a urbanização continuou, no entanto, a necessidade de mais e mais 
matérias-primas esgotou os recursos naturais da região e, eventualmente, levou à 
falta de recursos necessários e ao abandono da cidade (MARK, 2014). 
A urbanização se espalhou da Mesopotâmia para o Egito e de lá para a 
Grécia. No Egito, grande cuidado foi tomado para que o uso excessivo da terra 
não levasse ao esgotamento dos recursos. O foco das chamadas grandes cidades 
do Faraó estava em aspectos culturais como o desenvolvimento da escrita, 
arquitetura, leis, administração, além dos cuidados com o saneamento e estímulo 
ao comércio e à produção de artesanato. No Egito, o padrão de urbanização 
observado foi o disperso, caracterizada por assentamentos urbanos menores e 
mais especializados (MARK, 2014). 
Em termos gerais, é possível afirmar que as cidades surgem a partir 
da necessidade de organização de um dado espaço no sentido de integrá-lo, e 
aumentar sua independência visando determinado fim, merecendo destaque a 
ideia de sobrevivência do grupo (SILVA JÚNIOR; ALMEIDA; VERAS, 2017).
Saltando desta fase inicial da história na qual surgiram as primeiras 
cidades, entre os séculos IV a XI, ocorre o desenvolvimento do feudalismo, 
pautado em uma nova estrutura de classes sociais e em um cenário no qual a terra 
passa a ser considerada sinônimo de riqueza. Nesta fase da história, a população 
passou a viver direta ou indiretamente da produção agrícola e surgiram cidades 
nos cruzamentos de estradas e nas embocaduras dos rios. Sob o prisma da 
urbanização, esta fase se caracteriza mais pela proliferação do que pelo aumento 
do tamanho das cidades. Ademais, as Cruzadas ocorrem por volta do século 
XI, ampliando o alcance e as diversificações dos produtos do comércio (SILVA 
JÚNIOR; ALMEIDA; VERAS, 2017).
Contudo, é com o advento do capitalismo e com as transformações 
decorrentes da Revolução Industrial queo fenômeno da urbanização e da 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
23
expansão das cidades se intensifica. Carlos (2009) explica que a origem da cidade 
está atrelada à existência de uma ou mais funções urbanas, tais como: industrial, 
cultural, comercial, administrativa ou política que variam conforme suas 
condições históricas e suas diferenciações espaciais. Carlos (2009) pontua que a 
existência da cidade estaria vinculada à, pelo menos, seis elementos: divisão do 
trabalho; divisão da sociedade em classes; acumulação tecnológica; produção do 
excedente agrícola decorrente da evolução tecnológica; sistema de comunicação; 
e certa concentração espacial das atividades não agrícolas.
Assim, com o aumento das cidades, ocorre também o avanço dos estudos 
relacionados a este processo de transformação social e espacial e interessados em 
compreender o fenômeno da urbanização. 
Pensar em urbanização nos remete a pensar no aumento das áreas urbanas 
e nas implicações espaciais deste processo. 
Para Strohaecker (2017, p. 426):
a urbanização pode ser compreendida como um processo que se 
refere tanto à espacialização dos artefatos geográficos em suas 
diferentes configurações (abordagem físico-demográfica) bem como 
às mudanças nas relações comportamentais e sociais que ocorrem na 
sociedade, como resultado das inovações tecnológicas. 
Envolve o estudo dos problemas e desafios envoltos neste processo de 
expansão das cidades. Estes aspectos atrelados à urbanização serão discutidos ao 
longo desta disciplina. Iniciaremos este debate, examinando os principais sentidos 
e usos atribuídos a este termo no campo da geografia. Para tanto, apresentamos 
as reflexões feitas por Sposito (2017b) a respeito do tema. Acompanhe: 
Urbanização: um dos termos mais diversamente utilizados nas análises 
produzidas sobre o fato urbano é urbanização. A multiplicidade de acepções 
com as quais ele vem sendo empregado é consequência, de um lado, da 
variedade de profissionais que lidam com a problemática em pauta, cada um 
deles, recebendo uma formação diferente e dando realce a um aspecto desse 
processo multifacetado. De outro lado, lembramos que essa expressão já foi 
apropriada pela sociedade, no nível do senso comum, o que acaba esvaziando, 
muitas vezes, o seu conteúdo conceitual. Além disso, mesmo no âmbito 
científico, a compreensão de um conceito só é possível no escopo de uma 
teoria e, como há várias teorias para explicar a urbanização, o que se tem é 
uma multiplicação de sentidos. Para os profissionais do campo da engenharia, 
urbanização significa implantação de infraestruturas em espaços urbanos, 
como sistemas viários, redes de fornecimento ou captação, área de lazer etc. 
Muito frequentemente, para tais profissionais, todas as ações que envolvem 
a transformação material de espaços não urbanos em espaços urbanos são 
reconhecidas como urbanização. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
24
Para os que se dedicam à compreensão de dinâmicas demográficas, o 
sentido atribuído a esses termos tem sido o do aumento relativo das populações 
que vivem em cidades, havendo, então, a associação do conceito de urbanização 
à proporção de distribuição da população entre o campo e a cidade. Arquitetos 
e urbanistas abordam a urbanização de forma bastante associada ao urbanismo 
e, em função dessa identificação, prevalece a análise das configurações 
espaciais e dos conjuntos arquitetônicos que compõem os espaços urbanos, 
priorizando-se a abordagem das formas urbanas e das funções que se realizam 
em cada parcela dos territórios urbanos. Mesmo reconhecendo a identidade 
ou a indistinção que essas profissionais estabelecem entre os dois termos, 
é preciso observar, como destacou Choay (1965, p. 8), que urbanismo é um 
termo pesado e ambíguo, surgido em 1910, segundo Bardet (1959), e que tem 
muitos significados desde aqueles referentes aos trabalhos de engenharia civil, 
designando também os planos urbanos ou as formas urbanas características 
de cada época. Slater (1988, p.96), por exemplo, ressalta que, na bibliografia 
sobre o desenvolvimento urbano da América Latina, o termo urbanização 
“se encontra reduzido a uma consideração da estrutura social urbana, ou até 
mesmo, limitado a um estudo sobre a questão da habitação”. 
Embora as visões apresentadas de forma sucinta possam ser identificadas 
com diferentes formações profissionais ou diferentes realidades urbanas, não 
se pode estabelecer generalizações ou se afirmar que essas acepções sejam 
utilizadas ou expressas pela totalidade dos profissionais que cada uma das 
áreas de formação citadas, ou que possam ser aceitas como consensuais para se 
aplicar a quaisquer realidades urbanas [...].
Há geógrafos que adotam, por exemplo, a visão demográfica do termo. 
Laborde (1994, p. 5), ao iniciar a abordagem da “dinâmica da urbanização”, 
apoia-se nos dados referentes ao aumento da população urbana no conjunto 
total da população, ainda que destaque, nas páginas seguintes, fatos, causas 
e consequências dessa dinâmica, ampliando o escopo inicial da análise. 
Embora utilize informações relativas aos parâmetros demográficos e políticos-
administrativos considerados para se definir o que é cidade, Beaujeu-Garnier 
(1980, p. 24) é bastante ampla em seu enfoque: 
urbanização é o movimento de desenvolvimento das cidades, 
simultaneamente em número e tamanho, isto é, o desenvolvimento 
numérico e espacial das cidades; ocupa-se de tudo que esta ligado à 
progressão direta do fenômeno urbano e transforma, pouco a pouco, 
as cidades ou os arredores e, frequentemente, umas e outros. 
O esforço de se apresentar uma “definição” de cidade, como no 
dicionário organizado por Johnston (1994, p. 651, tradução nossa), também 
revela a pluralidade de acepções com as quais o termo vem sendo utilizado: 
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
25
se a urbanização for encarada apenas como um fenômeno 
demográfico, os lugares urbanos são aqueles nos quais os limiares de 
excesso da população e/ou densidade são frequentemente utilizados 
em definições dos censos dos lugares urbanos. Contudo, se a 
urbanização também for considerada tanto como processo estrutural 
ou processo de comportamento, então os lugares urbanos são aqueles 
com população acima de um certo tamanho ou densidade, contendo 
funções econômicas particulares na divisão espacial do trabalho, e 
com seus próprios estilos particulares de vida. 
[...] Embora de formas diferentes, as perspectivas apresentadas até aqui 
incorporam às conceituações apresentadas para a urbanização a abordagem da 
dimensão espacial, ainda que, em nem todas elas, a dimensão temporal tenha 
sido privilegiada. A urbanização é um processo e, como tal, deve ser lida como 
movimento espaço espaço-temporal. Sposito (1992) ressaltou a importância de 
se realizar um esforço no sentido de buscar a unicidade tempo-espaço e de 
superar a tradição positivista de legar a análise do tempo à História e a análise 
do espaço à Geografia. [...] 
Em função do exposto, para a compreensão da urbanização, enfocar 
as articulações entre o espaço e tempo exige que se enfrente o desafio de 
analisar as relações entre diferentes ritmos temporais, entre diferentes escalas 
e supõe o reconhecimento de rupturas temporais e descontinuidades espaciais. 
Tomando essa perspectiva, a urbanização é um processo de longa duração, 
que se inicia com o aparecimento das primeiras cidades e que se revela a partir 
de diferentes modos de produção, sob diversas formas. Em seu bojo podem 
ser reconhecidos fatos, dinâmicas e formas de intervenção que, estudados por 
diferentes profissionais, como nos exemplos já dados, devem ser entendidos 
e/ou planejados no contexto do processo maior. Essa abordagem teórica 
pressupõe a aceitação de que a urbanização expressa e ampara a existência de 
uma divisão social do trabalho entre o campo e a cidade, ela mesma divisão 
territorial, pois:
A urbanização contém/expressaa ideia de processo, remete, 
necessariamente, à análise da origem da evolução histórica das cidades, em 
relação ao nível de desenvolvimento das forças produtivas, ao estágio da divisão 
social e territorial do trabalho, às transformações de ordem política e social, às 
manifestações de caráter cultural e estético, às revoluções e contrarrevoluções 
ideológicas e do conhecimento, à Filosofia e à especulação, à Ciência e ao 
quadro do cotidiano, como já destacou Lefebvre em sua obra (SPOSITO, 1992). 
FONTE: SPOSITO, M. E. Urbanização. In: SPOSITO, E. S. (Org.). Glossário de geografia humana 
e econômica. São Paulo: Editora Unesp, 2017, p. 469.
Como podemos observar, parte relevante do debate conceitual sobre 
urbanização se aproxima da complexidade que envolve a conceituação de urbano, 
vista anteriormente. Feitos estes esclarecimentos de natureza teórica, que visam 
situar você, acadêmico, sobre o ponto do qual partem as análises que serão feitas 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
26
ao longo da disciplina, no próximo tópico, vamos analisar, especificamente, as 
questões urbanas vinculadas à realidade brasileira. Todavia, antes de finalizar este 
tópico, deixamos uma sugestão de plano de aula para trabalhar estes conteúdos 
em sala. 
DICA DE PLANO DE AULA
O que é espaço?
Elaborado pelo professor Luiz Carlos Parejo
Direcionado para aulas do ensino médio
Objetivos 
O aluno deverá: 
1) Compreender a organização do espaço e a sua construção.
2) Perceber que existem diferentes percepções acerca do que é espaço nas 
diferentes áreas do conhecimento. A Geografia se preocupa com o espaço 
produzido a partir das relações da sociedade com a natureza e das relações 
sociais em si.
3) Compreender que as relações econômicas, sociais, políticas, culturais etc. se 
materializam na forma de casas, prédios, ruas, rede urbana, equipamentos, 
sistemas de transportes, sistemas de produção agrícola etc. Esses objetos 
técnicos se fixam no espaço e permanecem por um certo tempo, convivendo 
com objetos de períodos mais recentes.
4) Perceber que equipamentos urbanos (objetos técnicos) mais antigos e novos 
formam o espaço atual, sendo que os antigos, muitas vezes, apresentam 
novos usos. Como exemplo temos o uso atual dos antigos casarios coloniais 
e do período cafeeiro ou da cana-de-açúcar por redes de fast-food e bancos, 
pontes que eram utilizadas para a passagem de animais e agora são usadas 
para passagem de automóveis.
5) Compreender que as análises e os estudos geográficos do espaço se realizam 
em uma perspectiva dialética de tempo e espaço e que o antigo e o novo 
interagem no processo de mudança, percebendo que esta herança espacial 
ajuda a entender a organização do espaço. Por exemplo, as cidades maiores 
de hoje, junto às linhas ferroviárias, correspondem a antigos entroncamentos 
ferroviários. 
6) Compreender, a partir das abordagens anteriores, que o espaço é uma 
acumulação desigual de tempos e que se a lógica que o criou mudar, partes 
dele podem se transformar em um obstáculo e devem ser substituídos por 
novos objetos ou reaproveitados a partir de uma nova lógica.
Estratégias 
1) Identificar, em um lugar da cidade: a rua da escola, a rua mais antiga, no 
bairro mais importante, no centro comercial etc. a arquitetura das edificações. 
Os alunos deverão fotografar estes imóveis e organizar as fotos a partir da 
idade deles (eles devem organizar as fotos de forma intuitiva, a partir da sua 
visão de mundo).
TÓPICO 1 | ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GEOGRAFIA URBANA
27
2) Escolher alguns imóveis e pedir para que os alunos descubram, através de 
pesquisas e entrevistas: 
a) Quando cada edificação foi construída?
b) Como eram usadas no início (residência, comércio, indústria etc.)? 
c) Qual é o uso atual? 
d) O que foi modificado do projeto inicial?
e) O imóvel tem um valor de mercado elevado ou baixo?
3) Pesquisar sobre o crescimento da mancha urbana da cidade (evolução) e/ou 
das modificações na área rural (rodovias, ferrovias, sistemas de irrigação, 
tamanho das propriedades etc.).
4) Localizar, em um mapa ou planta, a área pesquisada, indicando os itens e 
colocando legenda com informações auxiliares e explicativas.
5) A partir da análise empírica, apresentar os conceitos de: acumulação desigual 
de tempos, rugosidades (marcas do passado no espaço), relação sociedade-
natureza, organização do espaço etc.
6) A partir de filmes e/ou documentários e de um roteiro, apresentar as 
diferentes paisagens que formam a área pesquisada. 
Correlacionar com os conceitos e avaliar como as s heranças "ajudaram" 
ou "atrapalharam" o desenvolvimento do lugar (a presença ou a falta de 
rodovias, ferrovias, aeroportos ou hidrovias, por exemplo). 
Conclusão da atividade
Convidar moradores antigos para comparar o lugar, como era e 
como é hoje. Convidar um representante da associação de bairro, um político 
ou um representante de uma ONG para um debate acerca dos problemas e 
potencialidades do lugar. Montar um painel sobre alguns lugares, como eram 
antes e como são hoje. Podemos usar como exemplo os engenhos de cana no 
Nordeste, as cidades cafeeiras do Centro Sul, a capital de São Paulo, o Rio de 
Janeiro etc. ou comparar as capitais Salvador (no ciclo da cana), Rio de Janeiro 
(ciclo do ouro até 1960) e Brasília (a partir da sua construção). Observar que as 
mudanças em Brasília foram muito pequenas. 
Conceitos 
Espaço, construção do espaço, acumulação desigual de tempos, 
rugosidade, relação sociedade-natureza. 
Habilidades e Competências 
Ler, observar, analisar, interpretar, compreender, selecionar e elaborar 
sistemas de investigação, reconhecer na aparência das formas visíveis e 
concretas do espaço geográfico atual os processos históricos construídos em 
diferentes tempos, descrever, localizar, pesquisar, sintetizar, questionar. 
FONTE: <https://educacao.uol.com.br/planos-de-aula/fundamental/geografia-o-que-e-espaco.
htm>. Acesso em: 17 mar. 2019. 
28
Neste tópico, você aprendeu que:
• O estudo das cidades é um elemento central de diversas ciências sociais, 
incluindo a geografia, que oferece em seu aparato metodológico recursos 
específicos para analisar condição urbana.
• Outro aspecto que é estudado na Geografia Urbana é a localização da cidade e 
sua importância em relação a diferentes regiões e cidades. Aspectos econômicos, 
políticos e sociais dentro das cidades também são importantes neste estudo.
• A Geografia Urbana procura, ainda, explicar a distribuição das cidades e as 
semelhanças e contrastes socioespaciais que existem entre e dentro delas.
• Embora cada cidade tenha um caráter individual e particular, os locais 
urbanos também exibem características comuns que variam apenas em grau 
de incidência ou importância dentro de cada tecido urbano específico.
• Muitas características e preocupações comuns são compartilhadas pelos 
lugares urbanos, tais como questões de mobilidade, congestionamentos, 
violência urbana e ocupação de áreas irregulares. 
• A suburbanização é um processo relacionado com o desenvolvimento de 
subúrbios em torno das grandes cidades e áreas metropolitanas.
• Outro elemento importante sobre o estudo inerente ao campo da Geografia 
Urbana é a compreensão de que as categorias espaço e tempo jamais devem 
estar dissociadas.
• Apesar de tradicionalmente estabelecidas como modos de qualificar 
as sociedades e o espaço, as categorias rural e urbano estão sujeitas às 
transformações que vêm sendo operadas no decorrer do tempo.
• Diferentes critérios podem ser adotados para qualificar um local como urbano 
e os mesmos, variam entre os diferentes países.
• O conceito de morfologia urbana, compreendendo o estudo da forma urbana, 
deveria se voltar à análise da extensão urbana.
• Segundo Correa (1989), os principais agentes sociais que fazem e refazem a 
cidade são: os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes 
industriais; os proprietários fundiários; os promotores imobiliários;o Estado; e 
os grupos sociais excluídos.
• Existem várias discussões conceituais de urbanização, no campo da geografia, 
a ênfase recai na leitura e compreensão da dimensão espaço temporal do 
referido processo.
RESUMO DO TÓPICO 1
29
1 (ENADE, 2014) Os agentes sociais produtores do espaço urbano são aqueles 
que “fazem e refazem a cidade”: (I) os proprietários dos meios de produção 
(especialmente os industriais), (II) os proprietários fundiários, (III) os 
promotores imobiliários, (IV) o Estado e (V) os grupos sociais excluídos 
(CORREA, 1995). 
Sobre esse assunto, é importante dizer que há relação de conflito entre 
os agentes assinalados com I, II, III e IV, e os agentes assinalados com V, dadas 
as suas posições divergentes no sistema econômico capitalista, o que se reflete 
nas cidades.
Considerando a realidade urbana brasileira, pode se afirmar que o 
conflito se faz em razão de que, enquanto o primeiro grupo de agentes atua 
direta ou indiretamente no sentido da reprodução capitalista do espaço, os 
grupos sociais excluídos:
FONTE: <http://portal.inep.gov.br/provas-e-gabaritos3>. Acesso em: 29 jul. 2019. 
a) ( ) Determinam o processo produtivo do espaço urbano.
b) ( ) Atuam no sentido da reprodução da força de trabalho e se incluem na 
cidade, de acordo com o valor que sua renda pode pagar.
c) ( ) Ocupam espaços ociosos deixados pelos agentes do primeiro grupo e 
atuam no sentido da especulação imobiliária.
d) ( ) Promovem ao espaço urbano um caráter segregatório, pois, em função 
da sua baixa renda, ocupam a periferia das cidades.
e) ( ) Lutam pelos mesmos interesses do primeiro grupo, dado o contexto da 
ideologia capitalista
2 (UNISC, 2014) A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que 
acontecerão no Brasil, deram início a uma série de projetos de revitalização 
direcionados a determinadas zonas urbanas em cidades como Rio de Janeiro 
(RJ), São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG) e Manaus (AM). 
Um dos possíveis efeitos disto diz respeito ao enobrecimento dessas zonas 
por meio da especulação imobiliária que ocasionará, em muitos casos, a 
valorização de terrenos, casas e apartamentos. Consequentemente, poderá́ 
haver uma transformação, pautada em condições econômicas, no perfil das 
pessoas que passarão a viver e a consumir serviços em tais áreas. 
Qual alternativa apresenta o nome deste processo? 
FONTE: <https://geovest.files.wordpress.com/2016/03/questc3b5es-sobre-gentrificac3a7c3a3o.
pdf>. Acesso em: 29 jul. 2019. 
AUTOATIVIDADE
30
a) ( ) Conurbação.
b) ( ) Macrocefalia urbana.
c) ( ) Gentrificação. 
d) ( ) Verticalização. 
e) ( ) Urbanização. 
3 Para classificar determinado espaço como rural ou urbano é possível recorrer 
a diferentes critérios, entre os quais, os chamados critérios administrativos. 
Sobre os mesmos, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) A maioria das cidades e vilas do mundo é definida de acordo com 
critérios legais ou administrativos. 
b) ( ) A definição de lugares urbanos por governos nacionais leva a uma 
grande diversidade de situações.
c) ( ) Como os lugares urbanos são geralmente maiores do que os locais 
rurais este é o padrão internacional utilizado para classificar os espaços. 
d) ( ) A diversidade de classificações dos espaços cria dificuldades para a 
pesquisa comparativa dos analistas urbanos.
4 O advento do capitalismo é dos fenômenos que nos ajudam o compreender 
o aumento das cidades e a intensificação da urbanização. Com relação 
ao surgimento das cidades, vimos que a existência das cidades estaria 
relacionada com a presença de seis elementos. Disserte sobre três deles.
5 O espaço geográfico encontra-se permeado por diversos atores sociais 
que exercem poder e força. Por esta razão, o espaço geográfico encontra-
se em constante processo de redefinição. A respeito dos agentes urbanos, 
verifica-se que os mesmos podem ser classificados de distintas maneiras, 
dependendo do seu campo de atuação. Com relação às possíveis formas de 
classificação dos agentes urbanos, assinale a alternativa INCORRETA:
a) ( ) Intencional.
b) ( ) Objetivo.
c) ( ) Individual.
d) ( ) Indesejado.
31
TÓPICO 2
O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 1, desta unidade, analisamos como se constitui o campo de 
estudos da Geografia Urbana, quais são os agentes produtores do espaço urbano 
e entendemos o que é urbanização. Neste tópico, a intenção é averiguar os 
principais avanços realizados no estudo da Geografia Urbana no Brasil. 
Os estudos da Geografia Urbana contemplam as análises das redes 
geográficas, que se caracterizam pelos sofisticados fluxos de bens, serviços, 
capitais, pessoas e informações. O objetivo deste tópico é, inicialmente, discutir 
conceitualmente a ideia de rede urbana, identificando o conjunto de elementos 
que a formam. Além disso, outro conceito que será trabalhado é o de hierarquia 
urbana, que visa classificar as cidades com base em critérios específicos. Além 
disso, vamos conhecer o chamado estudo das Regiões de Influência – REGIC. 
Venha conosco!
2 REDE URBANA E FUNÇÕES URBANAS 
No âmbito dos estudos sobre a Geografia Urbana, conceitos como 
rede urbana, funções e classificação das cidades lançam luz sobre a leitura dos 
processos que transformam as cidades. Santos (1996) apud Sposito (2017b, p. 357) 
diz: “faz referência a polissemia do vocábulo rede, advertindo para as imprecisões 
e ambiguidades que podem decorrer desse fato.” Sendo assim, retomamos o 
entendimento (com base nas discussões realizadas na disciplina de Geografia do 
Brasil) de que, ao utilizarmos o conceito de redes, precisamos deixar evidente 
de qual base teórica está se partindo. No caso da Geografia Urbana, no plano 
nacional, é expressiva a contribuição de Roberto Lobato Corrêa, tendo como 
referência, seu livro intitulado A rede urbana, de 1989. 
Começaremos nosso estudo sobre a rede urbana brasileira apresentando 
os aspectos centrais trabalhados por Corrêa (1989) em sua obra. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
32
No bojo do processo de urbanização a rede urbana passou a ser o 
meio através do qual produção, circulação e consumo se realizam 
efetivamente. Via rede urbana e a crescente rede de comunicações a ela 
vinculada, distantes regiões puderam ser articuladas, estabelecendo-
se uma economia mundial (CORRÊA, 1989, p. 5).
Por este motivo, considerando a relevância do conceito de rede urbana, 
os estudos nesta área vêm avançando tanto no plano teórico como no âmbito de 
operacionalização do conceito. 
A seguir, é exposto o conceito de rede urbana trabalhando por Corrêa 
(1989, p. 6, grifo nosso): 
IMPORTANT
E
O que é rede urbana?
Admitimos a existência de uma rede urbana quando, ao menos, são satisfeitas as seguintes 
condições. Primeiramente haver uma economia de mercado com uma produção que é 
negociada por outra que não é produzida local ou regionalmente. Esta condição tem 
como pressuposto um grau mínimo de divisão territorial do trabalho. Em segundo lugar 
verificar-se a existência de pontos fixos nos territórios onde os negócios acima referidos são 
realizados, ainda que com certa periodicidade e não de modo contínuo. Tais pontos tendem 
a concentrar outras atividades vinculadas a esses negócios, inclusive aquelas de controle 
político-administrativo e ideológico, transformando-se assim em núcleos de povoamento 
dotados, mas não exclusivamente, de atividades diferentes daquelas da produção agropecuária 
e do extrativismo vegetal: comércio, serviços e atividades de produção industrial. 
A terceira condição refere-se ao fato da existência de um mínimo de articulação entre os 
núcleos anteriormente referidos, articulação que se verifica no âmbito da circulação, etapa 
necessária para que produção exportada e importada se realiza plenamente, atingindo os 
mercados consumidores.
A articulação resultante da circulação vai dar origem e reforçar uma diferenciação entrenúcleos urbanos no que se refere ao volume e tipos de produtos comercializados, às atividades 
político-administrativas, à importância como pontos focais em relação ao território exterior 
a eles, e ao tamanho demográfico. Esta diferenciação traduz-se em uma hierarquia entre os 
núcleos urbanos e em especializações funcionais [...].
Em síntese, Corrêa (1989) defende a ideia de que a rede urbana abarca um 
conjunto de centros funcionalmente articulados. Observe que a definição de rede 
urbana proposta por Corrêa (1989) está vinculada ao momento histórico em que 
ela foi concebida. O modo como o autor procura compreender os processos de 
produção, circulação e consumo foi adequado para aquele momento histórico. 
Sabemos que hoje, em face ao fenômeno da globalização e internacionalização 
da economia, o modo como se engendram espacialmente estes fluxos de 
TÓPICO 2 | O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
33
produção, circulação e consumo se alterou. Exemplo simples de tal situação, no 
caso brasileiro, é que diversas cidades — pequenas, médias e grandes — que 
contam com redes de supermercados, algumas inclusive pertencentes a redes 
internacionais, como é o caso da Walmart, que ofertam produtos advindos de 
vários cantos do mundo. Contudo, note que alguns elementos adotados como 
condutores da análise de Côrrea permanecem adequados para o estudo das 
redes urbanas na atualidade, tais como a ideia de articulação, diferenciação e 
hierarquia, conforme estudaremos adiante. 
Seguindo com as ideias propostas por Corrêa (1989) acerca das Redes 
Urbanas, o autor pontua que é a partir de 1955 que se verifica uma grande difusão 
dos estudos de redes urbanas. Corrêa (1989) identifica as principais abordagens 
adotadas nos estudos das Redes Urbanas. As mesmas foram sintetizadas e 
expostas no quadro a seguir: 
QUADRO 3 – DIFERENTES ABORDAGENS DOS ESTUDOS SOBRE REDE URBANA, SEGUNDO 
CORRÊA (1989)
Diferentes	abordagens	de	Estudos	das	Redes	Urbanas
Classificações	funcionais
Entende que as cidades possuem diferenças no que 
se refere às suas funções e tais estudos enfatizam 
as diferenças que as cidades apresentam para 
compreender sua organização espacial, analisando 
a divisão territorial do trabalho no âmbito da rede 
urbana.
Dimensões	básicas	de	variação	
Busca observar e comparar as características que 
variam entre cidades segundo as funções que 
desempenham. Adota técnicas descritiva que 
abrangem variáveis como ritmo de crescimento 
da população, a estrutura etária, a escolaridade, 
a proporção de homens e mulheres na população 
ativa, as taxas de desemprego e a renda per capita. 
Desta abordagem é criticado o fato de que grande 
número de variáveis é determinado sem nenhuma 
base teórica explícita. 
Tamanho e desenvolvimento
Considera toda a rede urbana de um país, 
estabelecendo relações entre o tamanho das 
cidades de uma rede urbana e certos aspectos 
da vida econômica e social, tais como o seu 
desenvolvimento, sua difusão espacial, sua 
influência cultural, e sua capacidade de integração 
nacional. Apoia-se na ideia de que é através das 
cidades que as ligações com o mercado interno e 
as relações externas se estabelecem e se realizam.
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
34
Hierarquia Urbana
Procura compreender a natureza da rede urbana 
segundo a hierarquia de seus centros. Usualmente, 
esses estudos derivam de questionamentos acerca 
do número, tamanho e distribuição das cidades 
na rede urbana do país. A teoria das localidades 
centrais, de Walter Christaller (1933) constitui-se em 
relevante base teórica sobre a questão da hierarquia 
urbana.
Relações	entre	cidades	e	
regiões
Trata da relação cidade-campo sob uma perspectiva 
geográfica considerando as relações entre uma 
grande cidade e sua hinterlândia constituída por 
centros urbanos menores e áreas rurais.
FONTE: adaptado de Corrêa (1989), Silva e Macêdo (2009) e Ferreira (2017)
Para Corrêa (1989, p. 70) “a rede urbana pode ser considerada como uma 
forma espacial através da qual as funções urbanas se realizam”. Por sua vez, as 
funções urbanas referem-se a atividades que são tipicamente realizadas na cidade, 
tais como função comercial, financeira, educacional, industrial entre outras. 
DICAS
Para compreender o conceito de rede urbana de modo mais prático, assista ao 
vídeo disponível no link a seguir a respeito do processo de desconcentração industrial no 
estado de São Paulo, iniciado na década de 1970. O vídeo revela que este processo alterou 
profundamente seu mapa e território: a mancha metropolitana da capital se expandiu em 
direção ao Vale do Paraíba, Sorocaba e às regiões de Campinas e Ribeirão Preto, conglomerados 
urbanos especializados se formaram ao longo de uma densa malha rodoviária e as cidades 
médias assumiram a liderança do mercado em seu entorno.
• https://www.youtube.com/watch?v=CU7c7cDW_Qg. 
2.1 HIERARQUIA URBANA E CLASSIFICAÇÃO DAS CIDADES
No Brasil, quando se trata do estudo dos espaços urbanos, uma preocupação 
recorrente dos pesquisadores consiste em classificar hierarquicamente as cidades 
procurando identificar e interpretar o significado das similaridades e das 
diferenças socioespaciais. Lembre-se que reconhecer um determinado padrão 
hierárquico não implica em desconsiderar as outras possibilidades teóricas e 
metodológicas de se estudar o modo como as cidades estabelecem relações inter 
e intra urbanas. Como vimos anteriormente, Corrêa (1989) contribui com os 
estudos pioneiros da rede urbana no Brasil. 
TÓPICO 2 | O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
35
No Brasil, uma forma de hierarquizar e classificar a rede urbana que 
vem sendo utilizado na prática, é o chamado estudo das regiões de influência. A 
respeito da hierarquização das cidades, Sposito (2017b, p. 364) comenta que:
Quando se analisam as redes urbanas do tipo hierárquico, verifica-
se que elas se estruturam segundo polos (cidades) e suas áreas de 
influência, havendo relação direta entre a cidade no âmbito da rede, 
o tamanho da área que ela comanda, e consequentemente, a distância 
em que se encontra de outros polos urbanos e áreas rurais que estão 
na área de polorização. 
Os estudos da rede urbana procuram analisar o comportamento da mesma 
em face às relações de subordinação, influência e complementaridade existentes 
entre elas. Neste sentido, o REGIC (Regiões de Influência das Cidades) é uma 
publicação organizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) 
que tem como objetivo estudar a hierarquia da rede urbana brasileira, com base 
nos fluxos de informações, bens e serviços. Para a organização e análise deste 
estudo, segundo o IBGE (2008, p. 8): 
buscou-se definir a hierarquia dos centros urbanos e delimitar 
as regiões de influência a eles associadas a partir dos aspectos 
de gestão federal e empresarial e da dotação de equipamentos e 
serviços, de modo a identificar os pontos do território a partir dos 
quais são emitidas decisões e é exercido o comando em uma rede de 
cidades. Para tal, foram utilizados dados de pesquisa específica e, 
secundariamente, dados de outros levantamentos também efetuados 
pelo IBGE, bem como registros provenientes de órgãos públicos e de 
empresas privadas.
Os objetivos do REGIC são os seguintes, segundo Stenner (2013):
Gerais:
• Hierarquizar os centros urbanos. 
• Delimitar as regiões de influência associadas aos centros urbanos. 
• Compreender a articulação entre as cidades.
Específicos: 
• Subsidiar o planejamento e as decisões quanto à localização das atividades 
econômicas de produção e consumo, das atividades culturais, dos serviços 
públicos. 
Conforme evidenciam os objetivos do REGIC, os dados levantados por 
este estudo contribuem de forma positiva para o delineamento de ações de 
planejamento do espaço urbano. Seguindo esta linha de pensamento, Cantarim 
(2015, p. 119) comenta sobre a relevância de tal estudo: 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS36
O estudo da rede urbana é essencial para se compreender relações 
econômicas, de dependência e articulação interna e externa ao 
país. Por conta disso, é considerado importante na formulação de 
diagnósticos e proposições de políticas, planos e programas em 
nível regional, estadual e nacional. Em alguns casos, atores do setor 
privado também podem se beneficiar de tais estudos, dependendo 
do segmento do serviço ou bem ofertado. O desenvolvimento desses 
estudos de rede urbana supõe uma base metodológica que reflita com 
nitidez a realidade das articulações internas ao sistema de cidades. 
Desde as primeiras teorias relacionadas à conectividade e formas de 
dependência entre centros urbanos, no final do século XIX, as principais 
questões foram a distância, capital, comércio, bens e serviços – sendo 
que cada centro era considerado de forma isolada dentro do sistema. 
Para exemplificar como é feito este tipo de análise, no mapa a seguir, 
apresenta-se a centralidade urbana avaliada em termos da oferta de serviços de 
saúde em todo o Brasil, observe: 
FIGURA 4 – BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
FONTE: IBGE (2008, p. 156) 
Nível de Centralidade
1
2
3
4
5
6
TÓPICO 2 | O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
37
Observe no mapa como é expressiva a concentração de serviços de saúde 
de alta centralidade na região Sudeste. Na Região Sul, Porto Alegre e Curitiba, 
ambas capitais, também se destacam na oferta dos serviços de saúde. E como 
estão espacialmente distribuídos os serviços de saúde na região onde você 
mora? É necessário se deslocar para outro município, caso você ou alguém de 
sua família necessita de um serviço médico especializado? Após estudarmos o 
conceito de rede urbana, você consegue identificar quais elementos da história do 
seu município ajudam a explicar a oferta ou a ausência de determinados serviços 
no seu local de residência?
Após observar os diferentes níveis de centralidade dos serviços de 
saúde apresentados no mapa, acompanhe no texto a seguir as análises acerca da 
distribuição espacial destes serviços: 
Comentários sobre a distribuição espacial e a centralidade urbana dos 
serviços de saúde do Brasil
A centralidade urbana avaliada em termos da oferta de serviços de 
saúde destaca, no primeiro nível, as duas metrópoles nacionais com maior 
porte e complexidade, São Paulo e Rio de Janeiro. O segundo e o terceiro níveis 
correspondem aos centros capazes de prestar atendimento mais complexo, 
distinguindo- se entre si pelo tamanho. No segundo, estão as áreas das maiores 
capitais estaduais: Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba, 
Goiânia, Salvador, Belém e Manaus, bem como Brasília e Campinas. No terceiro 
nível, além de dez capitais estaduais (Vitoria, João Pessoa, Cuiabá́, Campo 
Grande, Maceió́, Teresina, São Luís, Natal, Aracaju e Florianópolis) destacam-
se grandes centros regionais tradicionais, como Campina Grande, Juiz de Fora, 
Uberlândia, Ribeirão Preto e Londrina, entre outros. 
Em termos de organização da rede, verifica-se que São Paulo apresenta 
todos os níveis. Minas Gerais, Paraná́, Rio Grande do Sul e Bahia contam com 
todos os níveis a partir do segundo, e Maranhão, Piauí́, Rio Grande do Norte, 
Alagoas, Espírito Santo, Santa Catarina e Mato Grosso contam com todos os 
níveis a partir do terceiro. Apresentam redes truncadas os Estados do Rio de 
Janeiro, Ceará, Pernambuco, Goiás, Pará, Paraíba, Sergipe, Mato Grosso do Sul 
e Amazonas, com diversos níveis de primazia ou de carência. 
No quarto nível, os centros são de menor porte, mas ainda predominam 
condições de atendimento de mais alta complexidade. Embora apresente alta 
concentração nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná́ e Santa Catarina, o 
quarto nível está representado em todo o País, em centros regionais longamente 
estabelecidos, a exemplo de Montes Claros, Joinville, Maringá́, Arapiraca, Feira 
de Santana, Caruaru, Teresópolis, Sobral, Parnaíba, e em centros de projeção 
mais recente, como Sinop e Palmas. 
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
38
Cerca de 200 centros estão classificados no quinto nível, com condições 
de atender casos de média complexidade, e caracterizados pelo pequeno porte. 
Inexistentes apenas nos Estados do Amazonas e Roraima, estão distribuídos 
por todo o território, tal como ocorre com o último nível, constituído por 1.024 
cidades de menor porte e complexidade. Essa distribuição concorda com as 
conclusões de estudo anterior (OLIVEIRA; CARVALHO; TRAVASSOS, 2004), 
que descreve o padrão de interiorização da atenção médica. Segundo esse 
estudo, os serviços de uso mais frequente estão disponíveis em praticamente 
todo o território nacional, e menos de 20% dos pacientes internaram-se em 
centros localizados a mais de 60km (as pessoas residentes para além desse limite 
representam apenas 1,3% da população total). Nas redes de alta complexidade, 
apenas um pequeno número de centros presta atendimento, e as pessoas que 
vivem mais longe têm pouca possibilidade de deslocar-se: apenas 3% dos 
pacientes internados para cirurgia cardíaca residiam em municípios situados a 
mais de 60km do centro em que se internaram (nesses municípios concentram-
se cerca de 40% da população brasileira). Fica patente que, em relação à 
acessibilidade aos serviços de saúde no Brasil, as desigualdades têm impacto 
expressivo, o que compromete os ideais de equidade do atendimento. 
FONTE: IBGE. Regiões de influência das cidades, Rio de Janeiro: IBGE, 2008, p. 156. Disponível 
em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/PZEE/_arquivos/regic_28.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2019.
2.2 REDE URBANA BRASILEIRA: HIERARQUIA DAS CIDADES, 
SEGUNDO O REGIC
Segundo o estudo Regiões de Influência das Cidades (IBGE, 2008) a rede urbana 
brasileira é composta por 802 cidades que são denominadas de centros de gestão 
do território, classificadas de acordo com critérios como gestão pública, gestão 
empresarial e disponibilidade de equipamentos e serviços. No quadro a seguir, 
apresenta-se de maneira pormenorizada como as cidades foram classificadas em 
cinco grandes níveis, por sua vez subdivididos em dois ou três subníveis.
TÓPICO 2 | O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
39
QUADRO 4 – CATEGORIAS UTILIZADAS NO REGIC PARA CLASSIFICAR OS MUNICÍPIOS 
BRASILEIROS
FONTE: Adaptado de IBGE (2008)
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
40
QUADRO 5 - CATEGORIAS UTILIZADAS NO REGIC PARA CLASSIFICAR OS MUNICÍPIOS 
BRASILEIROS
FONTE: Adaptado de IBGE (2008)
Notou como cada município pode ser classificado no Brasil? Agora que 
você compreendeu como foram classificados os municípios, observe no mapa a 
distribuição espacial da rede urbana brasileira. Aproveite e observe as formas de 
classificação do município onde você reside e do seu entorno. 
TÓPICO 2 | O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
41
FIGURA 5 – BRASIL: REDE URBANA (2007)
FONTE: IBGE (2008, p. 12)
Acerca do padrão espacial observado com relação a distribuição dos 
níveis hierárquicos, é possível realçar que: 
A distribuição dos níveis hierárquicos no território é desigual, 
confrontando áreas que contam com uma rede urbana estruturada 
— com a presença de níveis encaixados e situados a intervalos 
regulares — e áreas onde há ausência de alguns níveis hierárquicos 
intermediários. O Centro-Sul do País é um exemplo do primeiro 
caso, pois conta com um significativo número de metrópoles, capitais 
regionais e centros sub-regionais, com grande articulação entre si. As 
Regiões Norte e Nordeste, por sua vez, ilustram o segundo caso, já que 
apresentam distribuições truncadas em que faltam níveis hierárquicos, 
apresentando um sistema primaz. Este ocorre tanto em áreas da 
Amazônia e do Centro-Oeste, onde há esparsa ocupação do território, 
quanto do Nordeste, apesar de sua ocupação consolidada e, em muitas 
áreas, densa. Nesta região, as capitais tradicionalmente concentram a 
oferta de equipamentos e serviços e sãopoucas as opções de centros 
de nível intermediário, ainda que deva ser notado que estes, apesar de 
poucos, são tradicionais, e exercem forte polarização em suas áreas, a 
exemplo de Campina Grande, Petrolina-Juazeiro, Juazeiro do Norte-
Crato-Barbalha e Mossoró (IBGE, 2008, p. 13, grifo nosso).
Regiões	de	Influência
Manaus
Belém
Fortaleza
Recife
Salvador
Belo Horizonte
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Porto Alegre
Goiânia
Brasilia
Os tracejados representam
redes de múltiplas vinculações. 
Hierarquia dos Centros Urbanos
Grande Metrópole
Nacional
Metrópole Nacional
Metrópole
Capital Regional A
Capital Regional B
Capital Regional C
Centro Subregional A
Centro Subregional B
Centro de Zona A
Centro de Zona B
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
42
Os estudos sobre a hierarquia urbana contribuem para o desenvolvimento 
de políticas públicas, além de oferecer indicativos sobre a distribuição espacial de 
serviços para outros atores, como empresas e pesquisadores da área de geografia 
e afins. Outra contribuição deste tipo de análise é identificar, por exemplo, qual 
distância uma pessoa que reside em determinada cidade usualmente percorre 
para alcançar um bem ou serviço, como um aeroporto ou hospital. 
Para finalizar este tópico, apresentamos uma sugestão de aula para você e 
inspirar o desenvolvimento de outras atividades. Acompanhe!
Estudo das Cidades: metrópoles, megalópoles, redes urbanas e áreas 
metropolitanas.
Área de conhecimento: geografia
Nível de ensino: ensino fundamental II
Conteúdos
Estudo das Cidades: metrópoles, megalópoles, redes urbanas e áreas 
metropolitanas.
Objetivos
Compreender as múltiplas interações entre sociedade e natureza nos 
conceitos de território, lugar e região, explicitando que, da interação de cada 
um, resulta a identidade das paisagens e lugares.
 
 Identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas 
consequências em diferentes espaços e tempos, de modo que construa 
referenciais que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas 
questões sociais, culturais e ambientais.
 
 Utilizar corretamente procedimentos de pesquisa da Geografia para 
compreender o espaço, a paisagem, o território e o lugar, seus processos de 
construção, identificando suas relações, problemas e contradições.
1ª Etapa: introdução do tema
Inicie a atividade dividindo a sala em pequenos grupos e sugira que, 
utilizando a ferramenta Google Maps, pesquisem a cidade em que a escola está. 
Oriente que os alunos localizem os centros comerciais, residenciais, industriais 
e rurais desta cidade. Disponibilizamos em “Para Organizar seu Trabalho e 
Saber Mais” o tutorial para o uso desta ferramenta.
 
 Peça para que os grupos criem mapas e socializem, comparando se 
selecionaram as mesmas regiões.
Questione se eles acreditam que a cidade sempre se configurou dessa 
maneira, ou como eles acreditam que a cidade era antigamente.
TÓPICO 2 | O ESTUDO DA GEOGRAFIA URBANA NO BRASIL
43
 Oriente que os grupos elaborem uma pesquisa sobre como era 
a cidade antigamente e como ocorreu o seu desenvolvimento, se foi um 
crescimento planejado ou não. Para isso sugira que os alunos busquem as 
informações na internet, em livros ou entrevistando os moradores mais 
antigos da região.
2ª Etapa: exploração do objeto
Organize os alunos em duplas produtivas, para que todos, de maneira 
colaborativa, explorem o objeto.
 
 Convide os alunos a explorar a atividade interativa “Estudo das 
Cidades”, disponível no NET Educação. Nessa atividade, os alunos poderão 
ser prefeitos por um dia e, resolvendo alguns problemas da região, poderão 
promover o crescimento de uma cidade imaginária. Com isso os alunos 
entrarão em contato com conceitos como: conturbação, rede urbana, áreas 
metropolitanas, metrópoles e megalópoles.
 
 Deixe que eles retornem à atividade interativa quantas vezes quiserem, 
conforme forem esclarecendo as dúvidas e se apropriando das informações. 
Aproveite para solucionar possíveis dúvidas a respeito dos conceitos que 
foram trabalhados.
3ª Etapa: construção de narrativa
Peça para aos alunos que, com as informações adquiridas durante 
a exploração da atividade interativa, classifiquem juntos a cidade que 
pesquisaram. Posteriormente, peça para que eles façam um levantamento dos 
pontos negativos e positivos em consequência de a cidade ser uma metrópole, 
uma megalópole, um centro urbano etc.
 
 Divida-os em grupos e, focando nos pontos negativos levantados 
anteriormente, peça para que elaborem um plano de ação para melhorias 
na cidade. Cada grupo deverá propor melhorias em um determinado setor, 
moradia, transporte etc.
 
 Oriente que, ao desenvolver o plano de ação, o grupo procure responder 
às seguintes perguntas:
- O que deverá ser feito para melhorar a situação da cidade?
- Quem serão os responsáveis pelas ações que deverão ser realizadas? 
- Por que as ações indicadas serão necessárias?
- Onde deverão ser implementadas as ações propostas?
- Como deverão ser implementadas cada uma das ações?
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
44
 Peça aos alunos que apresentem os planos de ação e discutam com 
a turma. Aproveite para incluir no debate a seguinte reflexão: quais são os 
desafios encontrados por um gestor público para cumprir com o plano de 
melhorias na cidade?
Materiais Relacionados
Caro professor, antes de iniciar esta atividade, é importante que se 
aproprie de algumas informações sobre o tema. Selecionamos os links abaixo 
para ajudá-lo. 
 
Leia o conteúdo disponível nos links abaixo:
Classificação das cidades: http://educacao.uol.com.br/geografia/ ult1701u56.
jhtm.
Urbanização:http://www.brasilescola.com/brasil/urbanizacao.htm.
Urbanização, causas e consequências: http://www.not1.com.br/urbanizacao-
causas-consequencias-conurbacao-metropole-megalopoles/.
IBGE mostra a nova dinâmica da rede urbana brasileira: http://www.ibge.
gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1246. 
Impactos ambientais da urbanização
Google Maps – como utilizar: http://www.google.com.br/help/maps/tour/.
Utilização do Google Maps e Google Earth no Ensino Médio: estudo de 
caso no Colégio Estadual da Polícia Militar – Diva Portela em Feira de Santana-
BA: http://www.dsr.inpe.br/sbsr2011/files/p1657.pdf.
FONTE: INSTITUTO CLARO EMBRATEL. Estudo das Cidades: Metrópoles, megalópoles, redes 
urbanas e áreas metropolitanas. 2019. Disponível em: https://www.institutonetclaroembratel.
org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/estudo-das-cidades-metropoles-megalopoles-
redes-urbanas-e-areas-metropolitanas/. Acesso em: 3 jul. 2019.
45
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A ideia de que a rede urbana abarca um conjunto de centros funcionalmente 
articulados.
• O estudo das redes urbanas pode ser realizado a partir de diferentes abordagens, 
merecendo destaque os seguintes critérios: classificações funcionais, dimensões 
básicas de variação, tamanho e desenvolvimento, hierarquia urbana e, relações 
entre cidades e regiões. 
• Quando se analisam as redes urbanas do tipo hierárquica, verifica-se que elas 
se estruturam segundo cidades e suas áreas de influência.
• Os estudos da rede urbana procuram analisar o comportamento da mesma em 
face às relações de subordinação, influência e complementaridade existentes 
entre elas.
• Os objetivos do REGIC são hierarquizar os centros urbanos; delimitar as regiões 
de influência associadas aos centros urbanos e, compreender a articulação entre 
as cidades.
46
1 (ENADE, 2014) 
AUTOATIVIDADE
Figura:	Noções	sobre	a	rede	urbana
Clássica Atual
Metrópole Nacional
MetrópoleRegional
Cidade Média
Cidade Pequena
Fluxo de pessoas
Fluxo de capital
e bens
O progresso técnico e os fatores institucionais facilitam o transporte 
de bens e pessoas, as comunicações e a mobilidade do capital, redundando no 
aumento de inter-relações e interdependência econômica entre firmas, cidadese países. A rede urbana sofre transformações sob o efeito da globalização 
econômico-financeira, assim, a complementaridade entre centros urbanos de 
mesmo nível hierárquico conhece um aumento.
Com base na figura e o texto, em relação às noções sobre a rede urbana, 
é CORRETO afirmar que:
a) ( ) Na noção atual, a rede urbana hierárquica mantém-se e é superposta 
por novos fluxos de capitais e bens.
b) ( ) Na noção clássica, o progresso técnico, apesar de determinar a noção 
de hierarquia urbana, restringia o fluxo de capitais e de pessoas.
c) ( ) Na noção clássica, as cidades pequenas mantêm relações hierárquicas 
com cidades médias e anárquicas com metrópoles nacionais.
d) ( ) na noção atual, as metrópoles nacionais perdem seu poder hierárquico 
face à ampliação dos papéis das cidades médias e das metrópoles 
regionais.
e) ( ) na noção atual, as cidades pequenas rompem relações com centros 
intermediários e o fluxo de capital segue direto para metrópoles 
regionais e nacionais.
FONTE: <http://portal.inep.gov.br/provas-e-gabaritos3>. Acesso em: 29 jul. 2019. 
47
2 (IBGE, 2016) A rede urbana brasileira convive atualmente com um padrão 
espacial do tipo clássico, em que a hierarquia entre as cidades é bem definida, 
e um padrão urbano em que algumas cidades, de maior dinamismo, graças 
à maior eficiência das comunicações, subvertem as noções de hierarquia 
e de proximidade entre cidades. Cidades com redes técnicas avançadas 
estão próximas a cidades muito distantes, enquanto que cidades vizinhas, 
em que as redes técnicas são deficientes, mantêm fracas relações entre si. A 
revolução tecnológica torna as redes urbanas cada vez mais diferenciadas e 
complexas.
O padrão dominantemente não hierarquizado pode ser observado:
a) ( ) Na estrutura das redes de gestão pública.
b) ( ) Na distribuição de bens e serviços centrais.
c) ( ) Nos fluxos baseados em especializações produtivas. 
d) ( ) Nas conexões determinadas pela gestão empresarial.
e) ( ) Na direção dos movimentos pendulares para trabalho. 
FONTE: <https://arquivo.pciconcursos.com.br/provas/24562646/6f0dce6354d5/tecnologista_
geografia_tipo_1.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2019. 
3 (UFC, 2010) A rede urbana brasileira está em contínua construção, 
constituindo-se em um conjunto de centros que tiveram origem nos diversos 
séculos da história do Brasil e que coexistem de forma hierarquizada em 
uma mesma região. Na Amazônia, a rede urbana, até os anos de 1960, tinha 
o padrão espacial dendrítico, comandada por Belém. As transformações 
verificadas a partir de 1970 introduziram maior complexidade à rede 
urbana, originando novos padrões espaciais não mais definidos pela 
rede fluvial nem por ligações exclusivas com a capital paraense. Assinale 
a alternativa que apresenta de modo correto a hierarquia de centros e 
metrópoles existentes na Região, de acordo com a classificação do IBGE. 
a) ( ) Centros sub-regionais, centros regionais e metrópole global. 
b) ( ) Centros sub-regionais, centros regionais e metrópoles nacionais. 
c) ( ) Centros sub-regionais, centros regionais e metrópoles regionais. 
d) ( ) Centros regionais, metrópoles regionais e metrópoles nacionais. 
e) ( ) Centros sub-regionais, metrópoles regionais e metrópoles nacionais.
FONTE: <https://suburbanodigital.blogspot.com/2014/01/exercicios-resolvidos-de-geografia.
html>. Acesso em: 29 jul. 2019.
4 O estudo da hierarquia urbana diz respeito à influência que as cidades 
exercem umas sobre as outras. Acerca do padrão espacial observado 
no Brasil com relação a distribuição dos níveis hierárquicos, assinale a 
alternativa CORRETA: 
48
a) ( ) A distribuição dos níveis hierárquicos no território é desigual.
b) ( ) A rede urbana brasileira é coesa e curva.
c) ( ) A distribuição dos níveis hierárquicos no território é homogênea. 
d) ( ) A rede urbana no Brasil é esparsamente povoada.
5 Os estudos da hierarquia urbana permitem caracterizar os diferentes níveis 
de complexidade de alguns serviços disponíveis em cada cidade. Neste 
sentido, tais estudos revelam a maneira como as cidades organizam-se 
dentro de uma escala de subordinação. Diante do exposto, disserte sobre a 
relevância do estudo das regiões de influência das cidades.
49
TÓPICO 3
AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA 
ANÁLISE URBANA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico de abertura desta unidade de estudo, nos debruçamos sobre o 
debate conceitual a respeito da Geografia Urbana e o processo de urbanização. 
No Tópico 2, conhecemos o conceito de rede urbana e suas contribuições para o 
estudo da geografia. Neste tópico, focaremos no estudo da obra de Milton Santos, 
no que se refere à temática urbana. 
O geógrafo Milton Santos contribuiu de forma expressiva na análise da 
geografia do Brasil. Neste tópico, a intenção é refletir sobre os ensinamentos de 
Milton Santos relacionados ao fenômeno urbano. Analisaremos as várias fases 
da produção científica de Milton Santos, procurando identificar e explicar os 
principais conceitos cunhados pelo autor e que são utilizados nas análises urbanas. 
2 AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE 
URBANA
Para estruturar nossa reflexão, partiremos da organização proposta por 
Sposito (1999). A referida autora organizou a produção de Milton Santos atrelada 
ao estudo do espaço urbano em três períodos.
A primeira	fase engloba a produção científica de Milton Santos realizada 
entre 1948 e 1963. Neste período, o fato urbano foi enfocado em duas escalas: a da 
cidade e da rede urbana. A segunda	fase abarca o período e de 1964 e 1977. Nesta 
fase, o autor residiu e trabalhou fora do Brasil. O distanciamento do Brasil, a 
possibilidade de trabalhar em diferentes países e o compromisso com a construção 
de uma Geografia a partir do Terceiro Mundo são marcas deste período. A 
característica marcante deste período foi a iniciativa de produzir uma leitura 
do fato urbano em países subdesenvolvidos, hoje nomeados como países em 
desenvolvimento, de modo a ser capaz de incorporar à análise as especificidades 
50
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
dessa realidade. “O autor passou a contribuir para uma compreensão do 
processo de estruturação interna das cidades e das relações dessas cidades com 
outros espaços, em países subdesenvolvidos, não mais, apenas, tomando como 
referência a realidade brasileira” (SPOSITO, 1999, p. 28).
Sobre este período, Sposito (1999, p. 29) realça que:
O autor contribuiu de forma significativa para a produção de um 
arcabouço teórico-metodológico capaz de permitir uma leitura universal 
dos processos e dinâmicas que caracterizam a produção e estruturação 
das cidades e das redes urbanas em países subdesenvolvidos, mas 
apresentou, também, análises que interessaram, particularmente, 
à compreensão desses processos e dinâmicas nas cidades de Lima, 
Guadalajara, Brasília, Salvador e em países como a Costa do Marfim, 
Brasil, Argélia, Madagascar e Venezuela. 
É nesta fase de sua produção científica que Milton Santos coloca a ênfase 
na análise das relações entre economia e estruturação dos espaços urbanos e 
cunha uma teoria denominada Os dois circuitos da economia urbana em países 
subdesenvolvidos. 
Santos (1977) distingue coexistência de dois circuitos distintos na economia 
urbana de países subdesenvolvidos: o circuito superior e o circuito inferior. Para 
o autor, a diferença fundamental entre as atividades do sistema superior e do 
sistema inferior está baseada nas diferenças tecnológicas e de organização.
Um destes dois sistemas de fluxo é o resultado direto da modernização 
e diz respeito a atividades criadas para servir ao progresso tecnológico 
e à população que dele se beneficia. O outro é também um resultado da 
modernização, mas um resultado indireto, visto que concerne àqueles 
indivíduos que só parcialmente se beneficiam, ou absolutamente, 
não se beneficiam, do recente progresso técnico e das vantagens a ele 
ligadas (SANTOS, 1977, p. 37). 
Seguindocom o entendimento de Santos (1977) sobre os fluxos que 
permeiam o espaço urbano, na sequência, selecionamos o fragmento do texto de 
Santos (1977, p. 38) no qual o autor discorre sobre os dois circuitos da economia 
urbana: 
Simplificando, pode-se afirmar que o fluxo do sistema superior está 
composto de negócios bancários, comércio de exportação e indústria 
de exportação, indústria urbana moderna, comércio moderno, serviços 
modernos, comércio atacadista e transporte. O sistema inferior está 
essencialmente constituído por formas de fabricação de “capital não 
intensivo”, por serviços não modernos, geralmente abastecidos pelo nível 
de venda e varejo e pelo comércio em pequena escala e não moderno. 
Além de Milton Santos, Sposito (1996, p. 45) também abordou, de maneira 
bastante esclarecedora, as características de cada circuito, conforme nos mostra o 
fragmento do seu texto exposto a seguir:
TÓPICO 3 | AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA
51
Características da teoria dos dois circuitos da economia urbana
O circuito superior seria caracterizado por:
• o comércio varejista moderno;
• a indústria, mesmo que, nos países subdesenvolvidos, representadas pelas 
servidões à tecnologia externa (equipamentos, know-how, capital etc.), e o 
comércio de exportação;
• os bancos, elo de ligação para a exportação de divisas a partir dos países 
subdesenvolvidos;
• pela dependência ao setor externo, representado por firmas multinacionais e 
conglomerados.
Em resumo, o circuito superior seria definido por: capital abundante; 
tecnologia mais avançada na produção; exportação dos produtos acabados; 
organização bem burocratizada; assalariamento de toda a força de trabalho; 
e grande estocagem de produtos. A essas características, pode-se acrescentar 
a proporção de área ocupada pelos estabelecimentos em relação à área do 
equipamento econômico urbano e sua localização periférica, buscando 
ou se utilizando de instalações ora existentes ou mesmo de áreas antes não 
pertencentes ao perímetro urbano. [...]
Outro importante elemento ligado ao circuito superior é o Estado; 
através de suas políticas de desenvolvimento, financiando e favorecendo as 
grandes firmas pelas políticas de impostos e como fornecedor de infraestruturas 
[...]. 
Por outro lado, o circuito inferior seria caracterizado por:
• subemprego, não emprego ou terceirização;
• pela pobreza, tanto no campo quando na cidade, gerando explorados e 
oprimidos e não econômica ou politicamente marginais; e seria original 
e complexo, compreendendo a pequena produção manufatureira, 
frequentemente artesanal, o pequeno comércio, de dimensões reduzidas, 
trabalham com pequenas quantidades, com pulverização de atividades e 
estoques reduzidos (trabalho em casa e vendedores rua).
Santos (1977, p. 43) sintetiza que: “o sistema superior utiliza um importante 
e elevado nível tecnológico, uma tecnologia de ‘capital intensivo’, enquanto no 
sistema inferior a tecnologia é ‘trabalho intensivo’, geralmente do local de origem 
ou localmente adaptada ou recriada”. 
Seguindo com as fases do trabalho de Milton Santos elencadas por Sposito 
(1999, p. 29, grifo nosso) “o retorno ao Brasil ao final dos anos 70 pode ser tomado 
como referência para a demarcação de uma terceira	fase, em que as preocupações 
teórico-metodológicas ganharam uma dimensão ainda maior”. Inúmeros livros 
e artigos foram publicados nesta fase, o que permitiria uma vasta reflexão e 
52
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
discussão sobre a produção científica deste período. Considerando o escopo 
delimitado para esta disciplina, optamos por analisar alguns conceitos teóricos-
metodológicos que emergiram neste período.
Tais conceitos tornaram-se, de certa forma, referência na produção 
acadêmica nos anos vindouros para os pesquisadores que optaram estudar a 
geografia com base nos trabalhos de Milton Santos, referida por alguns como 
“teoria miltoniana”. Feito estes esclarecimentos, iremos tecer alguns apontamentos 
sobre os seguintes conceitos: fixos	e	fluxos, horizontalidades e verticalidades, 
rugosidade,	meio	técnico-científico-informacional,	sistema	de	ações	e	sistemas	
de objetos e espaço	geográfico.
Comecemos com a ideia de fixos	e fluxos. De acordo com Santos (2006), 
a análise da configuração geográfica precisa atentar-se para o conjunto de fixos e 
fluxos que constituem o espaço: 
O espaço é, também e sempre, formado de fixos e de fluxos. Nós temos 
coisas fixas, fluxos que chegam a essas coisas fixas. Tudo isso, junto, é 
o espaço. Os fixos nos dão o processo imediato do trabalho. Os fixos 
são os próprios instrumentos de trabalho e as forças produtivas em 
geral, incluindo a massa de homens. [...] Os fluxos são o movimento, a 
circulação e assim eles nos dão, também, a explicação dos fenômenos 
da distribuição e do consumo (SANTOS, 2006, p. 77).
Para Santos (2006), os fixos provocam fluxos, isto é, movimento e 
circulação: 
Cada tipo de fixo surge com suas características, que são técnicas e 
organizacionais. E desse modo a cada tipo de fixo corresponde uma 
tipologia de fluxos. Um objeto geográfico, um fixo, é um objeto 
técnico, mas também um objeto social, graças aos fluxos. Fixos e fluxos 
interagem e se alteram mutuamente (SANTOS, 2006, p. 78). 
A respeito dos diferentes tipos de fixos e fluxos que caracterizam o espaço, 
Pereira (2015, p. 8) sintetiza que: 
O espaço geográfico é constituído por um conjunto de fixos formados 
pela infraestrutura e por um conjunto de fluxos representados pela 
circulação de pessoas e de bens materiais e imateriais, que mantiveram 
e/ou mantêm interações, alterações e transformações constantes ao 
longo da história da humanidade. 
Vale ressaltar que embora os fixos e os fluxos contenham em si 
particularidades, as interações socioespaciais que ocorrem entre eles são 
constantes. Seguindo esta linha de pensamento, Santos e Silveira (2003, p. 167) 
pontuam que “a criação de fixos produtivos leva ao surgimento de fluxos que, 
por sua vez, exigem fixos para balizar o seu próprio movimento”. 
TÓPICO 3 | AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA
53
Em sua obra, Milton Santos identificou novos recortes territoriais, os quais 
denominou de horizontalidades e verticalidades. Nas palavras do autor, “as 
horizontalidades serão os domínios da contiguidade, daqueles lugares vizinhos 
reunidos por uma continuidade territorial, enquanto as verticalidades seriam 
formadas por pontos distantes uns dos outros, ligados por todas as formas e 
processos sociais” (SANTOS, 2006, p. 16).
No plano global, as verticalidades é a expressão das forças exógenas, 
sendo assim, vetores de racionalidades vindas de fora, de cima e de longe. Por 
meio das redes técnicas e organizacionais, as verticalidades incidem e/ou se 
instalam no território e acabam sendo geradores de desagregação, divergência 
e desordem, mas, também, de novas possibilidades e dinâmicas. Por sua vez, na 
ordem local, as horizontalidades são a expressão das forças endógenas, sendo, 
portanto, vetores de racionalidades engendradas de dentro e de perto, no âmbito 
do espaço banal e contíguo, criadores de possível agregação e convergência, 
todavia, de eventuais conflitos e disputas (DEGRANDI, 2012).
Complementando esta ideia, Santos (2006) comenta que as forças que 
engendram o processo de horizontalização são centrípetas, ou seja, são forças de 
agregação e fatores de convergência em relação a uma base territorial específica. 
Por sua vez, a verticalização é conduzida por forças centrífugas, isto é, forças de 
fragmentação e fatores de desagregação (SANTOS, 2006). 
Com relação a análise das horizontalidades e verticalidades no plano 
urbano, selecionamos a seguir o fragmento do Capítulo 12, do livro A natureza do 
espaço, no qual o autor discorre sobre o tema. 
Fragmento do Capítulo 12: Horizontalidades e verticalidades
[...] Nas atuais condições, os arranjos espaciais não se dão apenas através 
de figuras formadasde pontos contínuos e contíguos. Hoje, ao lado dessas 
manchas, ou por sobre essas manchas, há, também, constelações de pontos 
descontínuos, mas interligados, que definem um espaço de fluxos reguladores. 
As segmentações e partições presentes no espaço sugerem, pelo menos, que se 
admitam dois recortes. De um lado, há extensões formadas de pontos que se 
agregam sem descontinuidade, como na definição tradicional de região. São 
as horizontalidades. De outro lado, há pontos no espaço que, separados uns 
dos outros, asseguram o funcionamento global da sociedade e da economia. 
São as verticalidades. O espaço se compõe de uns e de outros desses recortes, 
inseparavelmente. É a partir dessas novas subdivisões que devemos pensar 
novas categorias analíticas. 
Enquanto as horizontalidades são, sobretudo, a fábrica da produção 
propriamente dita e o locus de uma cooperação mais limitada, as verticalidades 
dão, sobretudo, conta dos outros momentos da produção (circulação, 
distribuição, consumo), sendo o veículo de uma cooperação mais ampla, tanto 
econômica e politicamente, como geograficamente. 
54
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
Veja-se, como exemplo, a relação cidade/campo, em que a atração entre 
subespaços com funcionalidades diferentes atende à própria produção, já que 
a cidade, sobretudo nas áreas mais fortemente tocadas pela modernidade, é o 
lugar da regulação do trabalho agrícola. No segundo caso, as verticalidades, 
a solidariedade é obtida através da circulação, do intercâmbio e do controle. 
Vejam, como exemplo, as relações interurbanas. Trata-se de entender essas 
novas formas de solidariedade entre os lugares. 
Poderíamos parafrasear Baudrillard, em seu Sistema dos Objetos, 
quando ele disse que “a funcionalidade não é mais o que se adapta a um fim, 
mas uma ordem de sistema”. De uma estruturação dita “natural”, existindo 
pela troca de energia entre os seus elementos (tal como eles são e como 
estão dispostos), passamos a uma valorização das coisas, por intermédio da 
organização, que comanda sua vida funcional. Na caracterização atual das 
regiões, longe estamos daquela solidariedade orgânica que era o próprio 
cerne da definição do fenômeno regional. O que temos hoje são solidariedades 
organizacionais. As regiões existem porque sobre elas se impõem arranjos 
organizacionais, criadores de uma coesão organizacional baseada em 
racionalidades de origens distantes, mas que se tornam um dos fundamentos 
da sua existência e definição. 
A verticalidade cria interdependências, tanto mais numerosas e atuantes 
quanto maiores as necessidades de cooperação entre lugar. Assim como nos 
diz Giller Paché (1990, p. 91), nessa “nova geografia dos fluxos dos produtos” 
cria-se “um sistema de produção reticular”, a partir de suportes territoriais 
largamente redistribuídos, que asseguram a coesão do processo produtivo. 
Essas interdependências tendem a ser hierárquicas e seu papel de 
ordenamento transporta um comando. A hierarquia se realiza através de 
ordens técnicas, financeiras, políticas, condição de funcionamento do sistema. 
A informação, sobretudo ao serviço das forças econômicas hegemônicas e ao 
serviço do Estado, é o grande regedor das ações que definem as novas realidades 
espaciais. Um incessante processo de entropia desfaz e refaz contornos e 
conteúdos dos subespaços, a partir das forças dominantes, impondo novos 
mapas ao mesmo território. E o crescente processo de homogeneização se dá 
através um processo de hierarquização crescente. A homogeneização exige 
uma integração dependente, referida a um ponto do espaço, dentro ou fora 
do mesmo país. Nos outros lugares, a incorporação desses nexos e normas 
externas têm um efeito desintegrador das solidariedades locais então vigentes, 
com a perda correlativa da capacidade de gestão da vida local. 
De um modo geral, as cidades são o ponto de intersecção entre 
verticalidades e horizontalidades. Estudando a diferença entre lugares 
modernizados e lugares letárgicos no planalto no norte da Patagônia argentina, 
M. L. Silveira (1994, p. 75-77) examina o funcionamento da produção e da 
TÓPICO 3 | AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA
55
circulação, e mostra como “essas lógicas cruzam as cidades e produzem um 
arranjo territorial” em que se superpõem vinculações horizontais e verticais. 
As verticalidades são vetores de uma racionalidade superior e do discurso 
pragmático dos setores hegemônicos, criando um cotidiano obediente e 
disciplinado. As horizontalidades são tanto o lugar da finalidade imposta de 
fora, de longe e de cima, quanto o da contrafinalidade, localmente gerada. Elas 
são o teatro de um cotidiano conforme, mas não obrigatoriamente conformista 
e, simultaneamente, o lugar da cegueira e da descoberta, da complacência e da 
revolta. 
Paralelamente, forças centrípetas e forças centrífugas atravessam o 
território, como tendências ao mesmo tempo contrastantes e confluentes, 
agindo em diversos níveis e escalas. 
As forças centrípetas resultam do processo econômico e do processo 
social, e tanto podem estar subordinados às regularidades do processo de 
produção, quanto às surpresas da intersubjetividade. Essas forças centrípetas, 
forças de agregação, são fatores de convergência. Elas agem no campo, 
agem na cidade e agem entre cidade e campo. No campo e na cidade, elas 
são, respectivamente, fatores de homogeneização e de aglomeração. E entre o 
campo e a cidade, elas são fatores de coesão. 
Nas condições atuais do meio técnico-científico, os fatores de coesão 
entre a cidade e o campo se tornaram mais numerosos e fortes. A agricultura 
moderna, à base de ciência, tecnologia e informação, demanda um consumo 
produtivo cuja resposta, imediata, deve ser encontrada na cidade próxima. 
Com a divisão interurbana do trabalho, as tarefas especializadas reduzem os 
respectivos custos unitários, aumentando a produtividade e a rentabilidade de 
cada agente individual e fortalecendo o conjunto de cidades. 
As forças centrífugas podem ser consideradas um fator de 
desagregação, quando retiram à região os elementos do seu próprio comando, 
a ser buscado fora e longe dali. Pode-se falar numa desestruturação, se nos 
colocamos em relação ao passado, isto é, ao equilíbrio anterior. E de uma 
reestruturação, se vemos a coisa do ponto de vista do processo que se está 
dando. Entre os fatores longínquos, causadores de uma tensão local, contamos 
o comércio internacional, as demandas da grande indústria, as necessidades do 
abastecimento metropolitano, o fornecimento dos capitais, as políticas públicas 
ditadas nas metrópoles nacionais ou estrangeiras. 
Forças centrípetas conduzem a um processo de horizontalização, forças 
centrífugas conduzem a um processo de verticalização. Mas, em todos os casos, 
sobre as forças centrípetas, vão agir forças centrífugas. Essas forças centrífugas 
se dão em diversas escalas, a maior delas sendo o planeta tomado como um 
todo, e seriam o que G. Uribe Sc S. de López (1993, p. 172) chamam de “fluxos 
56
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
universais”. Entre o lugar e o mundo, as outras escalas são regionais, supra-
regionais, nacionais, continentais. Tal superposição faz com que a explicação 
do que se passa dentro de cada área deva obrigatoriamente incluir as escalas 
superiores. A solidariedade interna ao subespaço, providenciada pelas forças 
centrípetas, está permanentemente perturbada pelas forças centrífugas e deve 
permanentemente ser refeita. 
O próximo conceito trabalhado por Milton Santos que iremos examinar 
é o de rugosidade. Propondo uma analogia simples, assim como as rugas são 
as marcas que temos em nosso rosto como resultado de condições e ações que 
se desenvolveram no passado, Santos (2006) defende a utilização deste conceito 
para analisar o espaço geográfico: 
O que na paisagem atual representa um tempo passado, nem sempre é 
visível como tempo, nem sempre é redutívelaos sentidos, mas apenas 
ao conhecimento. Chamemos rugosidade ao que fica do passado 
como forma, espaço construído, paisagem, o que resta do processo de 
supressão, acumulação, superposição, com que as coisas se substituem 
e acumulam em todos os lugares. As rugosidades se apresentam 
como formas isoladas ou como arranjos. É dessa forma que elas são 
uma parte desse espaço [...]. Ainda que sem tradução imediata, as 
rugosidades nos trazem os retos de divisões do trabalho já passadas 
(todas as escalas da divisão do trabalho), os restos dos tipos de capital 
utilizados e suas combinações técnicas e sociais com o trabalho. [...] 
(SANTOS, 2006, p. 92). 
Colocando em termos simples, as rugosidades podem ser entendidas 
como heranças naturais e sociais, ou físico territoriais, socioterritoriais e 
sociogeográficas — para usar a adjetivação adotada por Santos (2006). Outra 
ideia que ajuda a entender este conceito é de combinações dos diversos fatores 
que compõem um arranjo espacial, em um tempo e espaço determinado. Pois 
como disse o autor: “as rugosidades, vistas individualmente ou nos seus padrões, 
revelam combinações que eram as únicas possíveis em um tempo e lugar dados” 
(SANTOS, 2006, p. 92).
Avançando na exposição dos conceitos trabalhados por Milton Santos 
(2006) iremos discorrer sobre o meio	técnico-científico-informacional. O autor 
sustenta que a história do meio geográfico pode ser entendida por meio de três 
etapas: o meio natural, o meio técnico, o meio técnico-científico-informacional. 
Com relação a etapa do meio natural, Santos (2006, p. 157) explica que: 
Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas 
suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da 
vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, 
essas condições naturais que constituíam a base material da existência 
do grupo. Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem 
sem grandes transformações. As técnicas e o trabalho se casavam 
com as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra 
mediação.
TÓPICO 3 | AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA
57
Sobre o período seguinte, ou seja, o segundo, que autor denomina de meio 
técnico e suas características, vale ressaltar que: 
O período técnico vê a emergência do espaço mecanizado. Os objetos 
que formam o meio não são, apenas, objetos culturais; eles são culturais 
e técnicos, ao mesmo tempo. Quanto ao espaço, o componente 
material é crescentemente formado do “natural” e do “artificial”. Mas 
o número e a qualidade de artefatos variam. As áreas, os espaços, as 
regiões, os países passam a se distinguir em função da extensão e da 
densidade da substituição, neles, dos objetos naturais e dos objetos 
culturais, por objetos técnicos. Os objetos técnicos [...] juntam à razão 
natural sua própria razão, uma lógica instrumental que desafia as 
lógicas naturais, criando, nos lugares atingidos, mistos ou híbridos 
conflitivos. Os objetos técnicos e o espaço maquinizado são lócus de 
ações “superiores”, graças a sua superposição triunfante às forças 
naturais [...] Os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor aos 
tempos naturais (SANTOS, 2006, p. 158).
Seguindo esta linha de pensamento é que autor inaugura o conceito de 
meio	 técnico-científico-informacional, o qual viria a ser bastante aludido em 
pesquisas científicas da área realizadas posteriormente. Nas palavras do autor 
Santos (2006, p. 159, grifo nosso):
O terceiro período começa praticamente após a Segunda Guerra 
Mundial, e sua afirmação, incluindo os países de terceiro mundo, vai 
realmente dar-se nos anos 70. É a fase a que R. Richta (1968) chamou de 
período técnico-científico, e que se distingue dos anteriores pelo fato da 
profunda	interação	da	ciência	e	da	técnica, a tal ponto que certos autores 
preferem falar de tecnociência para realçar a inseparabilidade atual dos 
dois conceitos e das duas práticas. Essa união entre técnica e ciência 
vai dar-se sob a égide do mercado. E o mercado, graças exatamente à 
ciência e a técnica, torna -se um mercado global. A ideia de ciência, a 
ideia de tecnologia e a ideia de mercado global devem ser encaradas 
conjuntamente e desse modo podem oferecer uma nova interpretação 
à questão ecológica, já que as mudanças que ocorrem na natureza 
também se subordinam a essa lógica. Neste período, os objetos técnicos 
tendem	a	ser	ao	mesmo	tempo	técnicos	e	informacionais, já que, graças 
à extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles 
já surgem como informação; e, na verdade, a energia principal de seu 
funcionamento é também a informação. Já hoje, quando nos referimos às 
manifestações geográficas decorrentes dos novos progressos, não é mais 
de meio técnico que se trata. Estamos diante da produção de algo novo, 
a que estamos chamando de meio técnico-científico-informacional.
Em síntese, Milton Santos realizou uma periodização do meio geográfico, 
conforme a sua apropriação pelas atividades humanas. Para tanto, identificou 
os três períodos anteriormente mencionados: meio natural, meio técnico e meio 
técnico-científico-informacional.
Milton Santos trabalha também com a ideia de sistema	de	ações	e	sistemas	
de objetos. O autor elege tais sistemas como dados centrais de uma definição do 
espaço geográfico e para a compreensão do mesmo. Santos (2006, p. 39) explica 
que:
58
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e 
também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, 
não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a 
história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos 
naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos 
fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, 
fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma 
máquina. Através da presença desses objetos técnicos: hidroelétricas, 
fábricas, fazendas modernas, portos, estradas de rodagem, estradas 
de ferro, cidades, o espaço é marcado por esses acréscimos, que lhe 
dão um conteúdo extremamente técnico. O espaço é hoje um sistema 
de objetos cada vez mais artificiais, povoado por sistemas de ações 
igualmente imbuídos de artificialidade, e cada vez mais tendentes 
a fins estranhos ao lugar e a seus habitantes. Os objetos não têm 
realidade filosófica, isto é, não nos permitem o conhecimento, se os 
vemos separados dos sistemas de ações. Os sistemas de ações também 
não se dão sem os sistemas de objetos. Sistemas de objetos e sistemas 
de ações interagem. De um lado, os sistemas de objetos condicionam 
a forma como se dão as ações e, de outro lado, o sistema de ações leva 
à criação de objetos novos ou se realiza sobre objetos preexistentes. É 
assim que o espaço encontra a sua dinâmica e se transforma.
No entendimento de Milton Santos o espaço geográfico ao ser definido 
como um conjunto de sistemas de objetos e ações e, portanto, envolve tanto 
os elementos artificiais, como prédios e praças, bem como o sistema de ações 
realizadas pelas pessoas que manipulam tais instrumentos no sentido de construir 
e transformar o meio, seja ele natural ou social. Caro acadêmico, seguindo com 
esta linha e pensando no espaço urbano do município onde você reside, quais 
elementos deste espaço poderiam ser classificados como sistemas de objetos e 
sistemas de ações? 
Por fim, outro conceito trabalhado por Milton Santos que está atrelado 
aos conteúdos analisados pelo Geografia Urbana e pela ciência geográfica, de 
modo abrangente, é o de espaço	geográfico. A análise deste conceito permeia as 
discussões apresentadas nos conceitos anteriormente expostos. Para o presente 
estudo, selecionamos o fragmento de um artigo que discute o conceito de 
espaço geográfico trabalhado por Milton Santos e o apresentamos como leitura 
complementar na sequência. Boa leitura! 
TÓPICO 3 | AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOSNA ANÁLISE URBANA
59
LEITURA COMPLEMENTAR
MILTON SANTOS: CONCEPÇÕES DE GEOGRAFIA, 
ESPAÇO E TERRITÓRIO
Geografia,	espaço	e	território
[...]
Encontrar uma definição única para espaço, ou mesmo para território, 
relata Milton Santos, é tarefa árdua, pois cada categoria possui diversas acepções, 
recebe diferentes elementos de forma que toda e qualquer definição não é uma 
definição imutável, fixa, eterna; ela é flexível e permite mudanças. Isso significa 
que os conceitos têm diferentes significados, historicamente definidos, como 
ocorreu com o espaço e com o território. 
Em Por uma geografia nova (1978), o conceito de espaço é central e 
compreendido como um conjunto de formas representativas de relações sociais 
do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações que estão 
acontecendo e manifestam-se através de processos e funções. “O espaço é um 
verdadeiro campo de forças cuja formação é desigual. Eis a razão pela qual a 
evolução espacial não se apresenta de igual forma em todos os lugares” (SANTOS, 
1978, p. 122).
[...] O espaço por suas características e por seu funcionamento, pelo 
que ele oferece a alguns e recusa a outros, pela seleção de localização 
feita entre as atividades e entre os homens, é o resultado de uma práxis 
coletiva que reproduz as relações sociais, [...] o espaço evolui pelo 
movimento da sociedade total (SANTOS, 1978, p. 171).
Na segunda parte dessa obra, o conceito de espaço aparece de modo 
mais evidente, apresentado como fator social e não somente como um reflexo 
social. Milton Santos denomina-o como uma instância da sociedade. Segundo o 
autor: “[...] o espaço organizado pelo homem é como as demais estruturas sociais, 
uma estrutura subordinada subordinante. É como as outras instâncias, o espaço, 
embora submetido à lei da totalidade, dispõe de uma certa autonomia (SANTOS, 
1978, p. 145)”.
Para Milton Santos, o espaço precisa ser considerado como totalidade: 
conjunto de relações realizadas através de funções e formas apresentadas 
historicamente por processos tanto do passado como do presente. O espaço é 
resultado e condição dos processos sociais, elaboração amplamente difusa 
na geografia dos anos 1970-80 em países como a França, EUA e Brasil, pois 
era compreendido como uma categoria fundamental quando predominava a 
utilização de princípios do materialismo histórico e dialético.
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
60
Desse modo, o espaço, além de instância social que tende a reproduzir-se, 
tem uma estrutura que corresponde à organização feita pelo homem. É também 
uma instância subordinada à lei da totalidade, que dispõe de certa autonomia, 
manifestando-se por meio de leis próprias. Assim, o espaço organizado é também 
uma forma resultante da interação de diferentes variáveis. O espaço social 
corresponde ao espaço humano, lugar de vida e trabalho: morada do homem, 
sem definições fixas. O espaço geográfico é organizado pelo homem vivendo em 
sociedade e, cada sociedade, historicamente, produz seu espaço como lugar de 
sua própria reprodução.
Nessa obra, é possível perceber a diferenciação entre território e espaço. 
Para Santos (1978), “a utilização do território pelo povo cria o espaço”; imutável 
em seus limites e apresentando mudanças ao longo da história, o território 
antecede o espaço. Já o espaço geográfico é mais amplo e complexo, entendido 
como um sistema indissociável de sistemas de objetos e ações, em que a instância 
social é uma expressão concreta e histórica. O território é um conceito subjacente 
em sua elaboração teórico-metodológica e representa um dado fixo, delimitado, 
uma área.
É importante notar que, se entendermos o território apenas como uma 
área delimitada e constituída pelas relações de poder do Estado, consoante se 
entende na geografia, estaríamos desconsiderando diferentes formas de enfocar 
o seu uso, as quais não engessam a sua compreensão, mas a torna mais complexa 
por envolver uma análise que leva em consideração muitos atores e muitas 
relações sociais. 
Assim, o território pode ser considerado como delimitado, construído 
e desconstruído por relações de poder que envolvem uma gama muito grande 
de atores que territorializam suas ações com o passar do tempo. No entanto, a 
delimitação pode não ocorrer de maneira precisa, pode ser irregular e mudar 
historicamente, bem como acontecer uma diversificação das relações sociais num 
jogo de poder cada vez mais complexo. 
Milton Santos elege as categorias forma, função, estrutura, processo e 
totalidade como as principais que devem ser consideradas na análise geográfica 
do espaço; este constitui a categoria principal e auxilia na compreensão do 
território. O espaço, dessa maneira, é construído processualmente e contém uma 
estrutura organizada por formas e funções que podem mudar historicamente em 
consonância com cada sociedade.
 De acordo com Santos (1978), a forma é o aspecto visível, exterior de um 
conjunto de objetos: as formas espaciais; função é a atividade desempenhada pelo 
objeto criado; a estrutura-social-natural é definida historicamente: nela, formas 
e funções são criadas e instituídas. As formas e as funções variam no tempo e 
assumem as características de cada grupo social. É uma concepção histórica e 
relacional de geografia e do espaço. 
TÓPICO 3 | AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA
61
O processo significa a ação que é realizada de modo contínuo, visando a 
um resultado que implica tempo e mudança. Os processos ocorrem no âmbito 
de uma estrutura social e econômica, resultando de suas contradições internas. 
Assim, ao considerarmos esses processos em conjunto, podemos analisar os 
fenômenos espaciais na sua totalidade. 
Totalidade e tempo são categorias fundamentais para o estudo do espaço. 
A totalidade possui caráter global e tecnológico; apresenta-se pelo modo de 
produção, pelo intermédio da FES (Formação Econômica e Social) e da história; 
é inseparável da noção de estrutura. Portanto, a totalidade espacial é estrutural.
O espaço deve ser considerado como uma totalidade, a exemplo da 
própria sociedade que lhe dá vida [...] o espaço deve ser considerado 
como um conjunto de funções e formas que se apresentam por 
processos do passado e do presente [...] o espaço se define como um 
conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e 
do presente e por uma estrutura representada por relações sociais que 
se manifestam através de processos e funções (SANTOS, 1978, p. 122).
Em síntese, o conceito de espaço é central em sua abordagem eminentemente 
econômica e política elaborada conjugando aspectos das teorizações de 
pensadores como K. Marx, J. P. Sartre, D. Harvey e P. Claval. O espaço é 
organizado socialmente, com formas e funções definidas historicamente, pois se 
trata da morada do homem e do lugar de vida que precisa ser constantemente 
reorganizado. O espaço e o homem são sínteses dialéticas compreendidas numa 
combinação teórico-metodológica (bem elaborada pelo autor) entre elementos 
das argumentações de K. Marx e J. P. Sartre (existencialismo humanista): assim, 
Milton Santos dá centralidade ao sujeito-homem na construção do mundo e do 
espaço. Já o território é compreendido como espaço de uma nação, delimitado 
e regulado. Apresenta elementos fixos, resultantes da ação homem e seu 
trabalho bem como relações sociais e diferentes formas de ocupação e produção; 
corresponde ao recorte do espaço pelo processo de formação de um Estado-nação.
Outra obra muito importante da década de 1970 é Espaço e Sociedade 
(1979). Nela, Milton Santos retoma a discussão sobre o espaço e a FES – Formação 
Econômica e Social; o espaço apresenta-se como uma organização histórica que 
abarca a totalidade da vida social. Para Santos (1978), a totalidade corresponde 
às condições da evolução capitalista, exibida pelas estatísticas da produção e do 
comércio, mostrada pelas discussões em todos os níveis e pelos mais diversos 
meios de difusão easpectos sociais, assim como as desigualdades geradas pelo 
próprio sistema capitalista.
 Para Santos (1979), como o espaço é organizado socialmente, espaço e 
natureza são sinônimos, desde que se considere a natureza como uma instância 
transformada, uma segunda natureza, conforme Marx a denominou. O espaço, 
dessa maneira, corresponde às transformações sociais feitas pelos homens.
UNIDADE 1 | A CIDADE, O URBANO E A URBANIZAÇÃO: FORMULAÇÕES TEÓRICO-CONCEITUAIS
62
O espaço reproduz a totalidade através das transformações 
determinadas pela sociedade, modos de produção, distribuição 
da população, entre outras necessidades, desempenham funções 
evolutivas na formação econômica e social, influencia na sua 
construção e também é influenciado nas demais estruturas de modo 
que torna um componente fundamental da totalidade social e de seus 
movimentos (SANTOS, 1979, p. 10). 
O espaço consta como matéria trabalhada, constituindo-se num dos 
objetos sociais com maior imposição sobre o homem, ele faz parte do cotidiano 
dos indivíduos, por exemplo, a casa, o lugar de trabalho, os pontos de encontro, 
os caminhos que unem esses pontos são igualmente elementos passivos que 
condicionam as atividades dos homens e comandam a prática social. O espaço, 
mais uma vez, é produto e condição da dinâmica socioespacial. De acordo com 
Santos (1979), há uma organização social, um arranjo do espaço, de acordo com 
os interesses e necessidades de cada grupo.
 O território também se repete como conceito subjacente e aparece 
como palco onde o capitalismo internacional prolifera enquanto o Estado 
empobrece, perdendo sua capacidade para criar serviços sociais. Nesse 
mesmo palco, ocorre uma apropriação da mais-valia desvalorização dos 
recursos controlados pelo Estado e supervalorização dos recursos destinados 
às grandes empresas, principalmente nos países periféricos. O território é o 
palco da proliferação do capital, espaço apropriado pelos agentes do capital 
através da divisão social do trabalho. 
O espaço pode ser definido pelo conjunto de lugares compreendidos como 
porções do espaço produtivo e de consumo. Como já vimos na obra anterior, 
forma, função e estrutura são fundamentais para a compreensão da totalidade 
e do espaço; são aliadas na formação espacial junto com outros elementos que 
podemos destacar: divisão social do trabalho, urbanização e sistemas de fluxos, 
pois todos esses fatores têm influência na forma como o espaço é organizado.
 
Em Espaço e Sociedade (1979), a forma aparece como condição da história. 
Milton Santos afirma que as formas permanecem como herança das divisões 
do trabalho efetivadas no passado e as formas novas surgem como exigência 
funcional da divisão do trabalho atual. As formas, que não têm as mesmas 
significações ao longo da história do país, da região, do lugar, representam a 
acumulação de tempo e sua compreensão depende do que foram as divisões do 
trabalho. Portanto:
Seria impossível pensar em evolução do espaço se o tempo não 
tivesse existência no tempo histórico, [...] a sociedade evolui no tempo 
e no espaço. O espaço é o resultado dessa associação que se desfaz 
e se renova continuamente, entre uma sociedade em movimento 
permanente e uma paisagem em evolução permanente. [...] Somente a 
partir da unidade do espaço e do tempo, das formas e do seu conteúdo, 
é que se podem interpretar as diversas modalidades de organização 
espacial (SANTOS, 1979, p. 42-43). 
TÓPICO 3 | AS CONTRIBUIÇÕES DE MILTON SANTOS NA ANÁLISE URBANA
63
Assim, para Milton Santos, o espaço é o resultado do desenvolvimento 
das forças produtivas, das relações de produção e das necessidades de circulação 
e distribuição. As regiões e os lugares não dispõem de autonomia, porém, sendo 
funcionais na totalidade espacial, influenciam no desenvolvimento do país; já 
a urbanização é resultado de tais processos historicamente determinados como 
localização geográfica seletiva das forças produtivas e das instâncias sociais [...]. 
FONTE: SAQUET, M. A.; SILVA, S. S. Milton Santos: concepções de geografia, espaço e território. 
Geo UERJ, v.10 n.2, p. 24-42, 2008.
64
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
 
• Milton Santos contribuiu de forma significativa para a produção de um 
arcabouço teórico-metodológico capaz de permitir uma leitura universal dos 
processos e dinâmicas que caracterizam a produção e estruturação das cidades 
e das redes urbanas em países subdesenvolvidos.
• Santos distingue coexistência de dois circuitos distintos na economia urbana 
de países subdesenvolvidos: o circuito superior e o circuito inferior. 
• O circuito superior utiliza um importante e elevado nível tecnológico, uma 
tecnologia de “capital intensivo”, enquanto no circuito inferior a tecnologia é 
“trabalho intensivo”, geralmente do local de origem ou localmente adaptada 
ou recriada. 
• De acordo com Santos (2006) a análise da configuração geográfica precisa 
atentar-se para o conjunto de fixos e fluxos que constituem o espaço.
• Embora os fixos e os fluxos contenham em si particularidades, as interações 
socioespaciais que ocorrem entre eles são constantes.
• Em sua obra, Milton Santos (2006) identificou novas recortes territoriais os 
quais denominou de horizontalidades e verticalidades.
• As rugosidades podem ser entendidas como heranças naturais e sociais, ou 
físico territoriais, socioterritoriais e sociogeográficas. 
• Milton Santos trabalha também com a ideia de sistema de objetos e sistemas de 
objetos. O autor elege tais sistemas como dados centrais de uma definição do 
espaço geográfico e para a compreensão do mesmo.
• Segundo Milton Santos (2006), o espaço organizado pelo homem é como as 
demais estruturas sociais, uma estrutura subordinada subordinante. É como 
as outras instâncias, o espaço, embora submetido à lei da totalidade, dispõe de 
uma certa autonomia.
• Milton Santos (2006) elege as categorias forma, função, estrutura, processo e 
totalidade como as principais que devem ser consideradas na análise geográfica 
do espaço.
65
1 (ENADE, 2014)
AUTOATIVIDADE
A Terceira Revolução Industrial foi responsável por uma nova 
configuração espacial do mundo, a qual o geógrafo Milton Santos denominou 
de meio técnico-científico-informacional. Os objetos técnicos passam a ser, ao 
mesmo tempo, técnicos e informacionais, reorganizando o espaço com:
a) ( ) Uma intencionalidade que extrapola os limites nacionais, permitindo 
uma organização do espaço geográfico através de redes que ampliam 
os fluxos possíveis, mesmo sem a fixação concreta das atividades 
produtivas em muitos pontos do espaço.
b) ( ) Uma ampliação das desigualdades em escala global, reduzindo a 
importância dos capitais fixos (estradas, pontes, silos etc.) e dos capitais 
constantes (maquinário, veículos, fertilizantes etc.).
c) ( ) Uma maior propagação da informação e menor difusão das técnicas 
em escala global, fazendo com que as especializações produtivas sejam 
solidárias em nível mundial, apesar da inserção periférica de diversas 
partes do globo no processo produtivo.
d) ( ) Uma coexistência de pontos contínuos e contíguos, implicando 
em verticalidades formadas por pontos que se agregam sem 
descontinuidade e horizontalidades com pontos que, mesmo separados 
uns dos outros, asseguram o funcionamento da economia.
Pessoas online por cada
100 mil pessoas na
população
0-5
6-10
11-15
16-20
21-25
26-30
31+
nenhum dado
Pessoas online por cada 100 mil pessoas na população
66
e) ( ) Um conteúdo técnico e científico, substituindo um meio técnico 
por um meio cada vez menos artificializado, isto é, sucessivamente 
instrumentalizado a parir dos interesses dos grupos hegemônicos
FONTE: <http://portal.inep.gov.br/provas-e-gabaritos3>. Acesso em: 29 jul. 2019. 
2 (PREFEITURA ACARI, 2016) A figura a seguir esquematiza as relações entre 
cidades em uma rede urbana no período técnico-científico-informacional 
atual, correspondendo, portanto, a uma ilustração do modelo informacionalde hierarquia urbana.
Metrópole
Nacional
Metrópole Regional
Centro Regional
Cidade Local
Vila
ESQUEMA ATUAL
FONTE: Santos, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1997, p.55.
 (adaptado).
Sobre as relações entre cidades nesse modelo de rede urbana é 
CORRETO afirmar que:
a) ( ) A metrópole nacional comanda as relações entre as cidades da rede 
urbana por dispor da maior concentração e diversidade de indústrias.
b) ( ) As cidades locais, com papéis específicos, podem estar articuladas 
diretamente com a metrópole nacional, sem que as relações dependam 
de agentes localizados em cidades intermediárias, promovendo o 
chamado curto-circuito da cidade próxima.
c) ( ) A metrópole regional reforça e amplia a sua influência na rede urbana em 
vista da montagem das modernas vias de transportes e da constituição 
dos meios de informação em tempo real (internet e telefonia celular, por 
exemplo), enfraquecendo a influência de metrópole nacional na área 
onde exerce essa função.
d) ( ) O centro regional atrai os agentes que desenvolvem atividades 
econômicas específicas e modernas da cidade local e da vila localizadas 
em seu entorno, reforçando o caráter escalonado entre as cidades nesse 
modelo de hierarquia urbana.
e) ( ) As vilas e cidades locais tecem as suas relações com a metrópole nacional 
em uma série de degraus ou etapas, que correspondem ao centro local e 
à metrópole regional, evidenciando o padrão piramidal e militar desse 
modelo de hierarquia urbana.
FONTE: <https://questoes.grancursosonline.com.br/questoes-de-concursos/geografia-
urbanizacao/810577>. Acesso em: 29 jul. 2019. 
67
3 (CESGRANRIO, 2010) Referindo-se às manifestações geográficas 
decorrentes dos novos progressos, Milton Santos revela “a diferença, 
ante as formas anteriores do meio geográfico, vem da lógica global que 
acaba por se impor a todos os territórios e a cada território como um todo. 
[...] O meio geográfico tende a ser universal. Mesmo onde se manifesta 
pontualmente, [o meio geográfico] ele assegura o funcionamento 
dos processos encadeados a que se está chamando de globalização”. 
Na perspectiva teórica anterior, o autor considera que estamos diante 
de um meio geográfico que representa a produção de algo novo, ao privilegiar 
a interação entre:
a) ( ) Natureza e trabalho.
b) ( ) Técnica e natureza.
c) ( ) Sociedade e história.
d) ( ) Ciência, natureza e redes sociais.
e) ( ) Técnica, ciência e informação.
FONTE: <http://www.mapadaprova.com.br/provas/cesgranrio/2010/seplag-pref-salvador-ba#>. 
Acesso em: 29 jul. 2019. 
68
69
UNIDADE 2
O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os principais desafios dos espaços urbanos brasileiros;
• reconhecer os aspectos positivos da urbanização brasileira;
• compreender a relação entre espaço urbano e turismo;
• analisar o conceito de patrimônio histórico.
Esta unidade está organizada em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
TÓPICO 2 – ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
TÓPICO 3 – O ESPAÇO URBANO E O TURISMO
70
71
TÓPICO 1
DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
A urbanização brasileira está intimamente relacionada ao processo de 
industrialização, atividade que desencadeou um aumento da população que 
passou a residir em áreas urbanas. Fenômenos como o êxodo rural também 
contribuíram para esse processo de intensificação da população urbana. 
Particularmente, no Brasil, o fenômeno da migração tomou força a partir da 
década de 1970, tendo como importante estímulo as migrações motivadas pela 
busca de novas oportunidades de trabalhos no setor industrial. 
Por conta deste e de outros fatores, a urbanização brasileira em muitos casos 
se deu de modo desordenado e gerando um inchaço populacional em municípios 
que não dispunham de condições adequadas, como de moradia, saneamento 
básico e empregos. Em face a este fenômeno, verifica-se, na atualidade, diversos 
problemas sociais, econômicos e ambientais nas áreas urbanas brasileiras. O 
objetivo deste tópico é conhecer e refletir sobre alguns dos principais problemas 
urbanos brasileiros. 
Descreveremos e analisaremos questões relacionadas ao saneamento 
básico e suas implicações para a saúde pública. Ademais, analisaremos o 
padrão de distribuição espacial da rede de saneamento pelo território brasileiro, 
observando a disponibilidade ou não de rede de esgoto e do acesso à água 
encanada, atrelando esta problemática aos condicionantes sociais e econômicos. 
Vamos discorrer também sobre a violência urbana e o problema da segurança 
pública. Por fim, será feito uma discussão sobre a espacialidade das chamadas 
favelas e dos principais problemas de urbanização que se manifestam em tais 
espaços. Venha conosco!
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
72
2 A QUESTÃO DO SANEAMENTO BÁSICO
Ao se tratar dos problemas urbanos na atualidade, um dos importantes 
desafios que se impõe é o uso adequado dos recursos naturais e a busca por 
alternativas que visem minimizar os danos ambientais decorrentes do aumento 
da população residente em áreas urbanas, com o intuito de melhorar a qualidade 
de vida da população e, também, de procurar um convívio mais harmonioso no 
que se refere à relação sociedade e natureza. Sobre este tema, Ojima (2006, p. 3) 
pontua que: 
A bibliografia internacional acerca dos processos de expansão urbana 
vem apontando um conjunto de fatores associados aos impactos que o 
padrão de ocupação das áreas urbanas pode trazer, sendo eles desde 
os aspectos estéticos até impactos nos gastos públicos (consumo de 
água, energia elétrica e combustíveis fósseis, afastamento das áreas 
agrícolas, alocação de bens e serviços públicos), nos aspectos sociais 
(heterogeneização socioespacial, segregação social, aumento das 
distâncias diárias de locomoção) e nos aspectos ambientais (poluição 
da água e do ar, ilhas de calor, mudança nos regimes de precipitação, 
aumento de áreas alagáveis e alterações na incidência de doenças e 
problemas de saúde associados). 
Ojima (2006) realça que para se pensar em alternativas que conciliam o 
uso do espaço urbano com as condições naturais existentes, pressupõe equilíbrio 
e práticas de planejamento: 
Dentro do debate sobre os dilemas ambientais na virada do século 
podemos apontar a relação entre urbanização e meio ambiente 
como uma das mais evidentes. Não podemos negar que é na cidade 
que	 este	 dilema	 se	 torna	 mais	 contundente,	 pois	 as	 interfaces	
sociais, econômicas e políticas se dão com maior intensidade. 
Mas embora natureza e cidade sempre estivessem na pauta das 
discussões sobre a crise ambiental como partes antagônicas de um 
processo de degradação sistemática, colocar o urbano em oposição à 
natureza	reduz	significativamente	a	capacidade	analítica	das	forças	
sociais intrínsecas à chamada “crise ambiental”. Enfim, a natureza 
em si não pode ser interpretada única e exclusivamente como áreas 
“intocadas”, selvagens ou naturais (em seu sentido literal) (OJIMA, 
2006, p. 3, grifo nosso).
Tal como se observa na citação, visões dicotômicas que separam a 
“sociedade” e a “natureza”, o “urbano” e o “rural” se mostram insuficientes para 
lidar com a dinâmica real e concreta dos assentamentos humanos na atualidade. 
O homem, no seu exercício de sobrevivência, seja no espaço rural ou urbano, 
interage e passa a fazer parte da natureza. O desafio consiste em se pensar em 
estratégias que permitam um convívio mais harmonioso entre estas partes.
Assim, iniciaremos nossa reflexão analisando a questão do saneamento 
básico no Brasil. Em nosso país, conforme a Lei nº 11.445/2007, saneamento 
básico é considerado como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
73
operacionaisde: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza 
urbana e manejo de resíduos sólidos; drenagem e manejo das águas pluviais 
urbanas (HELLER, 2015). 
Contribuindo para este debate, no que tange ao campo da geografia 
que analisa o saneamento urbano, Heller (2015, p. 13, grifo nosso), ressalta que 
um aspecto fundamental no âmbito do saneamento básico refere-se à definição 
e estimativa da parcela da população que irá demandar por estes serviços em 
determinado tempo e em determinado espaço: 
O setor de saneamento básico do Brasil acumula alguma tradição 
em operar com mudanças. Em verdade, na origem dos projetos 
de engenharia mais estruturados, que orientaram e orientam as 
intervenções	no setor, projeções	 sobre	o	 crescimento	populacional 
e da demanda pelos serviços constituem-se preocupação central. Tais 
projetos visam a certo alcance temporal e, para tanto, a prospecção 
sobre o futuro, ao longo desse período de alcance, procura ser 
desenvolvida. Essa tradição é muito vinculada a técnicas de projeção 
demográfica, uma vez que foi consolidada durante as décadas de 1960 
a 1980, quando o crescimento populacional ocorria em taxas elevadas 
e se fazia necessário procurar sintonizar a capacidade dos sistemas, 
especialmente de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, a 
uma população futura provável. 
Na atualidade, contudo, as estratégias de planejamento urbano, no que 
se refere à oferta de serviços de saneamento básico se alteraram. “O crescimento 
das populações deixou de ser significativo, sendo que, entre seus componentes, o 
crescimento vegetativo, graças à estabilização das taxas de fecundidade, deu lugar 
aos processos migratórios, afetando assimetricamente os municípios brasileiros” 
(HELLER, 2015, p. 13). A projeção do efeito desta dinâmica migratória sobre um 
dado município é complexa e demanda esforços de planejamento capazes de 
incorporar este aspecto da dinâmica populacional.
FIGURA 1 – O PROBLEMA DA FALTA DE TRATAMENTO DE ESGOTO EM ÁREAS URBANIZADAS
FONTE: <http://arquivos.ana.gov.br/imprensa/publicacoes/ATLASeESGOTOSDespoluicaodeBaci
asHidrograficas-ResumoExecutivo_livro.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
74
Embora o acesso à água e ao esgotamento sanitário seguros, conforme a 
Resolução A/RES/64/292, da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 2010, sejam 
considerados direitos humano fundamentais (HELLER, 2015), no Brasil verifica-
se que este direito ainda não é assegurado para todas as parcelas da população. A 
respeito do quadro do saneamento no Brasil: “quadro do atendimento adequado 
por serviços e soluções de saneamento no País ainda se revela preocupante: 
déficit	de	cerca	de	40%	da	população	total	em	abastecimento	de	água,	de	60%	
em	esgotamento	sanitário	e	de	40%	no	manejo	de	resíduos	sólidos	urbanos” 
(HELLER, 2015, p. 15, grifo nosso). 
Em se tratando do modo como a população brasileira tem acesso à água em 
suas residências, no gráfico a seguir, verificam-se as soluções e práticas utilizadas 
para o abastecimento de água em proporção de domicílios por macrorregião e 
Brasil, observe:
GRÁFICO 1 – GRÁFICO BRASIL E MACRORREGIÕES: FORMAS UTILIZADAS PARA O 
ABASTECIMENTO DE ÁGUAS NOS DOMICÍLIOS
FONTE: Heller (2015, p. 16)
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
75
Antes de comentarmos sobre o gráfico, a seguir, elencamos o glossário da 
legenda:
GLOSSÁRIO IBGE
Abastecimento:
1) Com canalização interna: a) por rede geral: quando o domicílio for servido de 
água canalizada proveniente de rede geral de abastecimento, com distribuição 
interna para um ou mais cômodos; b) poço ou nascente: quando o domicílio 
for servido de água canalizada ligada a poço ou nascente, com distribuição 
interna para um ou mais cômodos; c) outra forma: quando o domicílio tiver 
distribuição interna, mas o reservatório (ou caixa) for abastecido com águas 
das chuvas, por carro-pipa etc. 
2) Sem canalização interna: a) por rede geral: quando o domicílio for proveniente 
de uma rede geral, canalizada para a propriedade, sem haver distribuição 
interna no domicílio; b) poço ou nascente: quando o domicílio for servido de 
água proveniente de poço ou nascente próprios, sem distribuição interna; c) 
outra forma: quando a água utilizada no domicílio for apanhada em fonte 
pública, poço, bica etc., localizados fora da propriedade e sem distribuição 
interna no domicílio
FONTE: <https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/
glossario_PNAD_2009.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2019. 
Observe no gráfico que em todas as regiões brasileiras existem parcelas 
da população que ainda não possuem acesso à água, sendo que o maior 
constrangimento, neste sentido, ocorre na Região Norte. É também na Região 
Norte onde se situa a maior parcela da população brasileira que conta com um 
acesso limitado de água, qualificado como rede geral, poço ou nascente e outra 
forma sem canalização interna, ou seja, o nível de conforto e comodidade deste 
montante da população é bastante reduzido, pois precisam “buscar” a água fora 
de casa. A Região Sudeste é a que apresenta a melhor situação no que se refere à 
presença de uma rede geral de água com canalização, seguida pelas Regiões Sul 
e Centro Oeste. 
Em se tratando das dificuldades de acesso à água, este problema apresenta-
se de forma mais acentuada em populações urbanas do que em populações rurais, 
tal como evidencia o gráfico a seguir.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
76
GRÁFICO 2 – BRASIL: POPULAÇÃO URBANA E RURAL RESIDENTE EM DOMICÍLIOS COM 
AUSÊNCIA DE CANALIZAÇÃO INTERNA DE ÁGUA, SEGUNDO AS DIFERENTES FORMAS DE 
ABASTECIMENTO
FONTE: Heller (2015, p. 16) 
Dentre os fatores que explicam a maior dificuldade da população em 
ter acesso à água nas áreas urbanas, menciona-se o fato de que parte expressiva 
da população urbana reside em áreas de ocupação irregular, onde o problema 
da falta de acesso à água é acentuado. Cumpre realçar que a falta de acesso à 
água constitui-se em um importante problema de saúde pública, pois a ausência 
deste recurso aumenta significativamente o risco em relação à algumas doenças. 
O professor do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola 
Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Paulo Barrocas, assevera que a falta de 
água aumenta o risco de diarreia, hepatite A e cólera (GRILLO; SULINA, 2015). 
Nesta entrevista, Barrocas explica que a falta de água canalizada pode ser 
perigosa, pois fontes, poços, carros pipas nem sempre são alternativas seguras 
sob o ponto de vista sanitário. Por conta disso, aumenta o risco de a população 
contrair as chamadas doenças de veiculação hídrica, isto é, que derivam da falta 
da qualidade da água. Doenças como diarreia, hepatite A, cólera e parasitoses, 
para ilustrar são causadas pelo consumo de água ou alimentos contaminados por 
fezes. Além disso, o especialista reforça que quando a água não está canalizada na 
residência, elevam-se os riscos de uma inadequada higienização dos alimentos e 
das mãos, o que pode aumentar as doenças gastrointestinais, com destaque para 
a diarreia (GRILLO; SULINA, 2015). 
A respeito dos problemas estruturais responsáveis pelo quadro da 
distribuição espacial do acesso à água encontrada no Brasil, Heller (2015, p. 17) 
analisa que estas situações:
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
77
Envolvem, entre outros aspectos, baixa capacidade de adequadamente 
planejar e executar as obras; baixo nível de fiscalização quanto à 
correta e responsável aplicação de recursos públicos; incapacidade de 
assegurar sustentabilidade às intervenções realizadas; grande distância 
entre o caráter pontual das intervenções e seu enquadramento em um 
planejamento de mais longo alcance; modelos tarifários financeira 
e socialmente discutíveis; regulações inexistentes ou ineficazes; 
incipiente controle social; inadequadas e, muitas vezes, conflituosas 
relações interfederativas; insuficientes relações intersetoriais.
Como podemosperceber, ações de políticas públicas voltadas ao acesso 
da água, em condições seguras e de qualidade, constitui-se em um importante 
desafio a ser superado. 
Após analisarmos a questão do acesso à água, vamos estudar a situação 
do acesso à rede de esgoto no Brasil. Para tanto, no mapa a seguir é exposto o 
panorama da distribuição espacial do sistema de esgoto pelas diversas regiões 
brasileiras. 
FIGURA 2 – BRASIL: PANORAMA GERAL DA COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTOS
FONTE: <http://arquivos.ana.gov.br/imprensa/publicacoes/ATLASeESGOTOSDespoluicaodeBaci
asHidrograficas-ResumoExecutivo_livro.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
78
A interpretação do mapa nos mostra que a situação do atendimento da 
população brasileira com serviços de esgotamento sanitário revela insuficiências 
e limitações, quando percebemos que 43% da população é atendida por sistema 
coletivo (rede coletora e estação de tratamento de esgotos) e que 12% é atendida 
por solução individual (fossa séptica). 
Você sabe o que é uma fossa séptica? Apresentamos a definição a seguir 
para que você possa acompanhar e compreender de maneira adequada a situação 
do saneamento no Brasil.
IMPORTANT
E
 O que é uma fossa séptica?
 As fossas sépticas são recipientes construídos ou instalados no local para manter 
durante tempo determinado os dejetos domésticos, industriais, ou comerciais, com o 
objetivo de sedimentar os sólidos e reter o material contido nos esgotos, para transformá-
los bioquimicamente, em substâncias e compostos mais simples e menos poluentes. São 
utilizadas em locais desprovidos de rede pública de esgoto. A fossa séptica pode receber 
os dejetos de uma ou várias edificações, desde que sua capacidade seja compatível com a 
quantidade de pessoas que utilizam. Fossa séptica é um dispositivo de tratamento de esgotos 
destinado a receber a contribuição de um ou mais domicílios e com capacidade de dar aos 
esgotos um grau de tratamento compatível com a sua simplicidade e custo. Normalmente é 
constituída de sistema muito simples, uma caixa enterrada no solo, onde permanece a parte 
sólida, e a parte líquida segue para um processo de purificação para ser diluída e absorvida 
pelo solo.
 As fossas sépticas evitam o lançamento dos dejetos humanos em rios, mananciais, 
e na superfície. Sua utilização ainda impede alterações nas formas de vida aquática dos 
corpos receptores, não contaminando solo e água. [...] O sumidouro consiste basicamente no 
mesmo princípio da fossa, com a diferença que o objetivo não é a retenção, mas a dispersão 
dos resíduos líquidos no solo.
FIGURA – EXEMPLO DE FOSSA SÉPTICA E SUMIDOURO
FONTE: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/Man_SaneamentoBasicoResidencial_m
.pdf>. Acesso em: 15 abr. 2019. 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
79
Seguindo com o mapa, verifica-se que 18% da população se enquadra na 
situação em que os esgotos são coletados, mas não são tratados. Este panorama é 
crítico, pois embora o risco de contado direto da população com os resíduos seja 
minimizado, diminuindo de alguma forma o risco de doenças relacionadas ao contato 
direto com os rejeitos, sob o ponto de vista ambiental, a situação é preocupante. O 
estudo da Agência Nacional de Águas (2017), ressalta que o problema da falta de 
tratamento do esgoto é ainda mais acentuado nas áreas urbanas: 
O lançamento de esgotos domésticos nos corpos d’água sem 
adequado tratamento ou em desconformidade com os atuais padrões 
legais estabelecidos para lançamento de efluentes, resulta em 
comprometimento da qualidade da água do corpo receptor e pode 
inviabilizar o atendimento aos usos atuais e futuros dos recursos 
hídricos a jusante do lançamento. Isso ocorre especialmente em áreas 
urbanizadas. Numa avaliação do Índice de Qualidade de Água – 
IQA, realizada pela ANA, para dados de qualidade da água obtidos 
em 1.683 pontos em todo o País no ano de 2013, 19% apresentaram 
qualidade considerada regular/ruim/péssima. Esse número sobe para 
39% ao se considerar apenas os pontos de monitoramento localizados 
nas áreas urbanas (ANA, 2017, p. 23). 
Por fim, o dado mais alarmante refere-se aos 27% da população completamente 
desprovidos de atendimento, ou seja, não há coleta nem tratamento de esgotos. Heller 
(2015) comenta a insuficiência do setor de saneamento básico no Brasil: 
[...] não é exagero indicar que a situação da área de saneamento básico 
tem se mostrado em descompasso com o padrão de desenvolvimento 
almejado pela sociedade brasileira, não tendo sido ainda capaz de 
romper com seu legado histórico de exclusão das parcelas mais pobres 
da população, com reflexos na saúde humana e com o significativo 
passivo ambiental acumulado. Assim, por razões diversas, pode-
se afirmar que o setor ainda não vem acompanhando, na mesma 
velocidade, os avanços observados em outras políticas públicas 
brasileiras, a despeito da maior consolidação de seu ordenamento 
institucional e legal (HELLER, 2015, p. 13).
FIGURA 3 – O PROBLEMA DA FALTA DE ESGOTO NO BRASIL
FONTE: <https://www.bancadejornalistas.com.br/falta-de-saneamento-basico-no-brasil-e-
grande-ameac%CC%A7a-a-saude-publica>. Acesso em: 15 abr. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
80
O fato de os problemas relacionados ao saneamento básico apresentarem-
se de modo mais intenso nas áreas urbanas, está vinculado à relação que se 
estabelece entre geração de esgotos e tamanho da população. Isto é, áreas urbanas, 
por serem densamente povoadas, precisam lidar com uma quantidade excessiva 
de rejeitos que não são condizentes com a disponibilidade hídrica disponível em 
tais espaços. 
Como se sabe, as principais concentrações populacionais ocorrem 
nas capitais das Unidades da Federação e seu entorno, em decorrência da 
disponibilidade de serviços, infraestrutura, logística e outros elementos que 
privilegiam o desenvolvimento de todos os tipos de atividades nessas regiões, 
o que acaba atraindo um maior número de pessoas para tais espaços e, por 
conseguinte, concentrando a maior quantidade dos esgotos gerados (ANA, 2017). 
Para se ter uma ideia mais precisa deste problema, a Agência Nacional de 
Águas (2017, p. 28) estimou a carga de esgotos geradas utilizando como indicador 
a chamada “Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO, parâmetro que caracteriza 
a parcela orgânica dos efluentes provenientes de esgotamento sanitário, 
usualmente empregado na avaliação de impactos nos corpos receptores e no 
dimensionamento de processos de tratamento”. Os resultados dessa mensuração 
revelaram que:
Nessa estimativa foi considerado o valor “per capita” de 54 g DBO/
habitantes/ dia e dados de população urbana obtidos a partir de 
projeções do IBGE ou fornecidos diretamente pelos prestadores 
do serviço de esgotamento sanitário de cada município. No País 
são geradas cerca de 9,1 mil toneladas de DBO/dia, sendo os 106 
municípios com população acima de 250 mil habitantes responsáveis 
por	48%	desse	total (ANA, 2017, p. 28, grifo nosso). 
Para finalizar nossa reflexão sobre a questão do saneamento básico do 
Brasil, apresentamos uma reportagem publicada no portal de notícias UOL, 
acompanhe:
Como o Brasil pode melhorar o problema do saneamento básico?
Carlos Madeiro
Para especialistas ouvidos pelo UOL, a Lei do Saneamento Básico 
cumpriu uma parte importante do ponto de vista burocrático: ser o marco 
legal do setor, que até 2007 não tinha nenhuma lei que regulasse. Mas, na 
avaliação deles, faltaram investimentos para ampliar o acesso aos serviços, o 
que levou o país a avançar pouco nos índices. “O grande avanço foi o contorno 
legal, para que empresas públicas e privadas tivessem estabelecidas regras”, 
afirma o presidente da Abes, Roberval Tavares. “Mas quando a gente olha os 
indicadores, embora tenha havido avanço em algumas regiões, os índices, na 
média, são para lamentar”. 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
81
Tavares afirma que o pouco avanço se deve à histórica falta deinteresse 
dos governantes: “O grande princípio para melhoria está relacionado à 
prioridade de governo, tanto do Legislativo, quanto do Executivo. Tem que 
colocar com agenda de Estado, de forma perene”. 
O presidente do Instituto Trata Brasil, Edson Carlos, também viu 
avanços abaixo do esperado no país neste período. “O que se esperava com a 
Lei, com o Ministério das Cidades, era fazer o Brasil avançar numa velocidade 
maior, mas isso não aconteceu”, afirma. Com o baixo investimento, a meta de 
não ter mais casas sem esgoto ou sem água encanada até 2033 deve ser adiado. 
“Se você pensar o Plano Nacional de Saneamento foi promulgado dezembro 
2013 e estimou que o Brasil deveria gastar R$300 bilhões em 20 anos (para 
universalizar o sistema), teríamos então de ter aí entre R$15 e 16 bilhões por 
ano só para cumprir com o déficit. E em nenhum ano passou de R$12 bilhões, 
que foi em 2014. A CNI já fala em 2054 (o fim do déficit) se seguir os indicadores 
de investimentos. E olha que estamos falando de água potável e esgoto, que é 
o mínimo aos seus cidadãos”, pontua. 
[...]
“Modelo	exclusivo	de	financiamento	público	fracassou”	
Roberto Tavares, presidente da Associação das Empresas de Saneamento 
Básico Estaduais, afirma que o setor de saneamento precisa ter novos avanços e 
modernizar. “A lei foi positiva principalmente por ser um setor da infraestrutura 
que não tinha um marco legal, diferente de outros segmentos, como o elétrico 
e telecomunicações. Mas tangenciou em questões muito importantes do ponto 
de vista da segurança jurídica”, afirma Tavares. “Mesmo com a lei temos 
normas que hoje estão no STF (Supremo Tribunal Federal), como a titularidade 
do serviço das regiões metropolitanas”.
Tavares afirma que é necessário modernizar a lei para garantir menos 
burocracia ambiental e a entrada de empresas privadas nos investimentos 
do setor. “Esse modelo exclusivo de financiamento do setor público (FGTS e 
Orçamento Geral da União) não deu certo, e são os números quem dizem isso: 
22 Estados têm menos de 50% de cobertura de tratamento sanitário”, diz Tavares. 
“É mais fácil chegar em um rincão e encontrar o sujeito com um 
celular do que ele com água potável de qualidade e esgotamento sanitário de 
qualidade”. Outra coisa defendida pelas empresas estaduais de saneamento é 
a criação de um fundo garantidor às empresas que investirem no saneamento. 
“Não dá para ampliar a participação privada só dando como garantia os 
recebíveis que vão gerar aqueles negócios. As empresas poderiam capitalizar 
esse fundo com o PIS e Cofins que pagam mensalmente. Se todas as empresas 
aderissem, teríamos R$4 bilhões em um ano”, afirma Tavares. 
FONTE: MADEIRO, C. Como o Brasil pode melhorar o problema do saneamento básico? UOL Notícias, 
Maceió, fev. 2017. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/02/12/
como-o-brasil-pode-melhorar-o-problema-do-saneamento-basico.htm>. Acesso em: 20 abr. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
82
Quais são as condições da rede de esgoto no município onde você reside? 
Você conhece as condições da rede de esgoto no município onde você reside? 
Você as considera adequadas? Você consegue relacionar o quadro atual da rede 
de saneamento básico com alguns fatos históricos relevantes do seu estado ou 
município? Reflita sobre os fatores que desencadearam ou não mudanças recentes 
na estrutura de saneamento urbano da sua cidade. 
Tal como podemos observar na reportagem e nas reflexões apresentadas, o 
Brasil ainda precisa trabalhar fortemente na superação dos desafios relacionados 
aos problemas de saneamento básico. E tal como você aprendeu neste tópico, é 
necessário ter em mente que a busca de alternativas para isso preciso levar em 
conta a dimensão ambiental de tal processo, bem como estar em consonância com 
a realidade social e econômica do contexto no qual se encontra inserida. 
Trabalhamos até agora com a perspectiva do saneamento básico, destino 
de efluentes urbanos e esgoto, contudo, não menos importante, é o destino dos 
resíduos sólidos da cidade. Neste âmbito, apresentamos uma sugestão de plano 
de aula que permite trabalhar a questão do destino do lixo urbano com a alunos 
do ensino fundamental. 
Destinos do lixo urbano: aterro sanitário e lixão
Autora: Angélica Pall Oriani
Conteúdos
• Aterro sanitário
• Lixão
• Lixo urbano
Objetivos
• Discutir as diferenças entre aterro sanitário e lixão como destinação do lixo 
urbano.
• Relacionar o crescimento urbano ao aumento do consumo e produção de 
lixo.
• Refletir sobre o descarte de materiais consumidos na escola.
Série/Ano: 4º ano do Ensino Fundamental
Vale destacar que apesar da sugestão de atividade ser para o 4º ano, esse 
conteúdo pode ser retomado ou reforçado considerando outras abordagens 
nos anos sequenciais do primeiro ciclo do ensino fundamental.
Previsão para aplicação: 3 aulas (50 minutos/aula)
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
83
1ª Etapa: início de conversa
Inicie as atividades com os alunos indagando se sabem o que acontece 
com o lixo quando ele é colocado nas lixeiras externas de nossas residências. 
Na sequência, projete imagens de lixões e de aterros sanitários ou, caso não 
consiga projetar, mostre imagens impressas e passe para a turma visualizar.
Peça que descrevam as imagens e que assinalem as diferenças entre as 
condições de preparo para a recepção de resíduos por parte desses dois locais. 
Questione se conhecem algum desses dois locais, se já viram ou ouviram falar 
a respeito.
2ª Etapa: destinação do lixo urbano: aterro sanitário e lixão
Tendo conversado inicialmente com os alunos, explique que a produção 
de lixo no espaço urbano é um problema, já que não há tantos locais para a 
destinação adequada desses resíduos. Tente mostrar na lousa de giz ou no 
quadro branco que quanto maior e mais desenvolvida economicamente é uma 
cidade, mais ela tende a produzir lixos. Aproveite para explicar que não são 
apenas as pessoas em suas casas que produzem lixo, mas também as fábricas e 
empresas, e que muitas vezes todo o lixo gerado por esses estabelecimentos é 
encaminhado para um local específico.
Na sequência, anote na lousa as diferenças entre o lixão e o aterro 
sanitário e peça para que os alunos registrem em seus cadernos.
• Lixão: trata-se de um local que não teve nenhum tipo de preparo para receber 
os lixos. Neles, o líquido produzido pelo apodrecimento (use também a 
palavra adequada desse processo que é decomposição) dos resíduos pode 
penetrar no solo e comprometer a água que está embaixo da terra, que se 
chama lençol freático. Porque não são fiscalizados e controlados, os lixões 
atraem animais e insetos, como ratos, urubus e moscas, colocando em risco a 
saúde daqueles que trabalham nesses locais, como catadores informais que 
procuram materiais recicláveis.
• Aterro sanitário: trata-se de uma área previamente preparada para receber 
os resíduos. Nesse local, há impermeabilização do solo com materiais como 
a argila, o que impede a contaminação dos lençóis freáticos pelo chorume. 
Além disso, há captação do metano, que assim como o líquido de chorume, 
é um gás liberado no processo de apodrecimento do lixo e que pode ser 
utilizado para produzir energia.
Após ter explicado as diferenças fundamentais entre essas duas formas 
de destinação do lixo, você poderá questionar a turma sobre quais desses dois 
destinos existem com mais frequência e poderá aproveitar a ocasião para gerar 
um momento de leitura de um texto jornalístico, com o dessa matéria no site do 
G1, que afirma que no “Brasil tem quase 3 mil lixões em 1.600 cidades”. Caso 
prefira não levar a matéria impressa, poderá dividir a sala em pequenos grupos 
para que os alunos leiam o texto jornalístico ou realizar leitura em voz alta.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
84
Explique que cuidar do lixo produzido por uma cidade é um 
investimento alto e que os lixões acabam sendo mais baratos do que os aterros 
sanitários. Por isso, lixõessão mais comuns do que os aterros sanitários, com 
destinação adequada.
Na sequência, oriente os alunos a respeito da nossa própria produção 
de lixo. Fale que os lixões são espaços inadequados para a destinação do lixo e 
dos resíduos e que os aterros são mais adequados, ainda mais quando a eles se 
combinam outras ações, como a da separação do lixo e da coleta seletiva, que 
se trata do procedimento que contribui para a reciclagem.
3ª Etapa: investigando a escola
Após ter conversado com os alunos a respeito da produção de lixo, 
oriente-os a investigarem a produção de lixo na escola. Informe que a atividade 
será importante para que possam pensar e refletir sobre a produção de lixo 
em um espaço que existe na sociedade, que são as escolas. Ter uma visão do 
espaço em que o estudante está inserido é uma atividade muito pertinente no 
sentido de abordar o local, porém, vale orientar a turma para que estabeleça 
comparações e se relacione com o geral.
Divida os estudantes em grupos pequenos e oriente-os a investigar os 
pátios e dependências da escola, procurando as lixeiras e as formas por meio 
das quais os resíduos estão sendo armazenados. Dê alguns encaminhamentos 
no sentido de explicar aos alunos que devem percorrer todos os espaços da 
instituição, que devem anotar quantas lixeiras encontraram ou se encontraram 
lixo pelo chão, e, caso possível, que conversem com funcionários a respeito 
da produção de lixo pela escola para saber quantos sacos de lixo são gerados 
diariamente.
Seria pertinente se você dividisse os estudantes em grupos maiores no 
momento de explorar o espaço da escola, de modo que um grupo averigue 
a instituição antes do intervalo dos alunos e outro faça esse exercício após o 
intervalo. Ao retornarem à sala com as anotações em mãos, os grupos irão 
produzir coletivamente um texto informativo a respeito de seus achados.
4ª	Etapa:	compartilhando	os	resultados	das	investigações
Nesse penúltimo momento da atividade, os grupos irão compartilhar 
os resultados de suas investigações com o restante da turma. Organize as 
apresentações de modo que as diferenças entre o pré e o pós-intervalo na escola 
fiquem evidentes. Ao final das apresentações, faça uma breve síntese com os 
alunos, conduzindo a reflexão para que percebam a necessidade de propor 
soluções mais adequadas para o armazenamento e o descarte de resíduos na 
escola, para pensarem meios de levar isso para a vida em sociedade também.
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
85
Aproveite para fazer indagações e pedir que reflitam sobre o quanto 
todas as escolas da cidade, do estado e do país produzem de lixo; somada essa 
quantidade à produção de nossas casas, esses valores se tornam ainda maiores. 
Enfatize que para a preservação ambiental há necessidade de propor soluções 
para a destinação adequada dos lixos urbanos e que muitas dessas ações que 
podem contribuir para a preservação ambiental começam com nossas ações 
diárias nos espaços que frequentamos.
Questione-os a respeito dessas possíveis soluções para a escola e 
coletivamente reflitam sobre as que os alunos levantarem. Enfatize que as 
soluções podem ser de naturezas diversas e sugira aos alunos que tentem 
conscientizar outros estudantes da escola para que se sensibilizem acerca 
da produção de lixo no espaço escolar. Sugere-se a confecção de cartazes 
tematizando a produção de lixo na instituição, de modo que os estudantes 
possam pensar sobre o quanto de lixo cada um e todos produzem.
5ª	Etapa:	confecção	de	cartazes	e	sensibilização	dos	colegas	na	escola
Na última etapa dessa atividade, você poderá fornecer papel manilha 
ou cartolina e pedir aos alunos que, em grupos, confeccionem cartazes para 
serem fixados próximos aos locais em que mais observaram concentração de 
lixo após o intervalo, por exemplo. Os alunos poderão utilizar os resultados 
dos textos informativos que elaboraram para inserir nos cartazes. Além disso, 
se a escola não tem separação de resíduos para coleta seletiva, é possível 
propor que façam um cartaz contendo informações acerca da importância 
dessa atividade para a destinação adequada dos resíduos da escola. Oriente-os 
também a tentar sensibilizar os colegas a respeito da manutenção da limpeza 
dos espaços escolares.
Vale mencionar que o conteúdo desse conjunto de aulas aborda apenas 
a destinação de lixo urbano, mas que você, professor(a), poderá ampliar 
o conteúdo e tematizar a coleta seletiva e a reciclagem como formas de dar 
continuidade a essa questão.
Materiais relacionados
1) Professor(a), para compreender as diferenças entre lixão e aterro sanitário, 
bem como para refletir sobre a importância da destinação adequada do lixo 
urbano, assista no YouTube essa série com oito episódios, intitulada “O 
caminho do Lixo”.
2) Leia o artigo de Carlos Alberto Mucelin e Martha Bellini, intitulado “Lixo e 
impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano” (2008).
3) Investigue, também, se na sua cidade há um lixão ou um aterro, se há coleta 
seletiva e quais são as condições de destinação de resíduos. Assim, você 
poderá exemplificar ou até mesmo ter maiores detalhes a respeito do que 
acontece na sua localidade para ensinar aos alunos.
FONTE: <https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/
destinos-do-lixo-urbano-aterro-sanitario-e-lixao/>. Acesso em: 19 abr. 2019. 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
86
3 O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA URBANA E A QUESTÃO DA 
SEGURANÇA PÚBLICA
O estudo da violência é abrangente e perpassa diversas áreas do saber. 
Podemos discorrer sobre a violência a partir de diferentes perspectivas e campos 
disciplinares, tais como a psicologia, sociologia, antropologia, da saúde entre 
outros. Nossa intenção é realçar alguns aspectos relacionados ao aumento da 
violência que vêm aumentando nos últimos anos, sobretudo, nos espaços urbanos. 
A violência urbana sempre foi uma preocupação importante para os 
governos locais e para os formuladores de políticas públicas. Com o aumento 
da urbanização vivenciada na última década em diversos países e cidades, esta 
questão torna-se ainda mais urgente. Os centros urbanos são hoje o lar de metade 
da população mundial e estima-se que a população residente em áreas urbanas 
siga em ascensão nos próximos 25 anos (WORLD BANK, 2011).
O desenvolvimento das cidades tem contribuído para o crescimento 
econômico geral e abriu oportunidades para milhões de pessoas melhorarem 
expressivamente suas condições de vida e ascenderem socialmente em diversas 
partes do mundo. No entanto, ainda que a pobreza tenha diminuído em termos 
globais, observa-se que está crescendo em muitas áreas urbanas (WORLD 
BANK, 2011).
Nas grandes metrópoles, a desigualdade se mostra espacialmente nos 
contrastes das áreas que abrigam camadas ricas e prósperas da população, 
dignamente empregadas e vivendo em condições apropriadas no que diz respeito 
aos níveis básicos de conforto e segurança, em contraste com o ritmo expressivo 
de aumento da população urbana residentes em favelas. 
Em alguns casos, importantes áreas urbanas das cidades se deterioraram 
em “zonas proibidas” que prejudicam a governança geral da área e tendem a 
manter a população residente em tais áreas em um perigoso ciclo de pobreza 
e violência. Convém apontar que o aumento da violência não acompanhou 
o crescimento dos centros urbanos em todos os lugares do mundo de forma 
idêntica, de modo que a relação entre crescimento urbano e violência ainda não 
está absolutamente clara e resolvida. Ainda assim, é certo que muitas cidades 
viram uma dramática escalada de violência nas áreas urbanas, particularmente 
na América Latina e na África. Também está claro que, mesmo em regiões com 
níveis relativamente baixos de violência urbana, como o Oriente Médio ou 
a Europa Ocidental, em muitos casos, essa violência urbana é maior do que a 
violência baseada em zonas rurais (WORLD BANK, 2011).
Convém ressaltar que olhares advindos do campo disciplinar da geografiaurbana podem contribuir nos estudos sobre a violência urbana. A incidência da 
violência urbana varia no tempo e no espaço, revelando que nesta dinâmica são 
formados territórios específicos de violência, que podem por exemplo, serem 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
87
zonas de constantes arrastões ou verdadeiros circuitos de venda e consumo de 
drogas. Em nosso país, uma das áreas urbanas que, lamentavelmente, se constitui 
em exemplo emblemático de um território de violência urbana, é a Cracolândia:
FIGURA 4 – CRACOLÂNDIA
FONTE: <https://www.theguardian.com/cities/2017/nov/28/cracolandia-sao-paulo-feira-crack-
dentro>. Acesso em: 22 abr. 2019. 
Compreender a espacialidade da violência, neste sentido, pode ajudar 
na elaboração de planos de ações que almejem mitigar este terrível problema 
da sociedade atual. Em face a urgência do tema, no âmbito da geografia vem se 
engendrando uma área de estudos denominada “Geografia do Crime”. Sobre o 
assunto, Francisco Filho (2003, p. 27) explica que: 
A configuração de uma Geografia do Crime se daria da seguinte forma: 
O espaço urbano se apresenta como algo complexo, campo onde as 
relações humanas se estabelecem e se cristalizam nas suas formas 
e nas relações entre elas. É nesse espelhamento entre as ações e sua 
dinâmica no território que surge uma geografia do crime, em que cada 
ação de quebra da ordem e, consequentemente, de um ato de violação 
dos direitos do cidadão, adquire uma dinâmica e personalidade 
própria, estabelecendo um conjunto de ações que se interligam a 
outros fenômenos urbanos, interferindo e moldando a percepção 
que cada indivíduo passa a ser do espaço onde vive, estabelecendo 
novas texturas e morfologias no crescimento do tecido urbano, como 
consequência final de todo o processo. Falar em violência, portanto, 
e estabelecer sua geografia, é entender como o crime adquire uma 
organização, uma estrutura própria que faz seu reflexo no espaço 
urbano se sentir presente.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
88
As implicações relacionadas à chamada “violência crônica”, isto é, aquela 
que se apresenta de modo constante e vai sendo construída historicamente, são 
diversas e nocivas. Entre as quais, é possível mencionar que a violência recorrente 
transforma redes e relações sociais de formas que podem corroer a confiança e 
a ação coletiva efetiva. Ademais, o clima de medo e desconfiança criado pela 
violência crônica pode tornar-se tão arraigado que gera mais violência, que 
então se justifica como defesa. Além disso, a violência, ou o medo dela, impede 
o investimento, estigmatiza os bairros, corrói a coesão social e limita o acesso ao 
emprego e às oportunidades educacionais. No nível individual, os moradores 
urbanos em áreas de criminalidade e violência podem adiar o início de pequenos 
negócios e deixar de praticar algumas formas de solidariedade com vizinhos por 
medo de que essas ações os coloquem em maior risco de vitimização (WORLD 
BANK, 2011).
O clima resultante de insegurança também enfraquece a governança 
urbana, limitando a mobilidade e criando medo e desconfiança entre os membros 
da comunidade. Esses impactos são especialmente pronunciados em cidades 
nas quais as instituições já são frágeis. Tendo em vista os efeitos anteriores, a 
violência é claramente incapacitante tanto para as comunidades afetadas quanto 
para a cidade mais ampla (WORLD BANK, 2011).
Refletindo sobre a violência urbana, outro aspecto a ser ressaltado, sob o 
prisma da espacialidade, é o de que a incidência de crimes e ações violentas em 
determinadas áreas urbanas, acaba por constranger o acesso da população aos 
espaços públicos — especialmente os com finalidade de lazer, como as praças. 
Sobre este tema, García e Esteves Júnior (2017) advertem que o espaço público, 
sendo o lugar por excelência onde se materializam as relações entre os habitantes, 
o poder e a cidadania, tornou-se cenário de diversos problemas urbanos. A 
convivência com a violência, vandalismo, roubo, comércio e consumo de drogas 
tornou-se comum, atentando diretamente contra o direito de uma espacialidade 
coletiva saudável e livre, que permitisse que cada indivíduo fosse capaz de 
desfrutar de espaços públicos na sua cidade. 
As consequências e o alcance da violência e do crime são sérias e 
prolongadas, influenciando assim o desenvolvimento e o comportamento dos 
indivíduos, afetando suas relações na sociedade e capazes de desencadear 
diversos problemas de segregação social e urbana, como também socioespaciais, 
tais como o abandono da vida pública em espaços públicos. Isso pressupõe uma 
divisão, muitas vezes não perceptível, entre grupos sociais em um espaço físico 
específico, onde normalmente não se define por que essa divisão ocorre; nem 
o escopo de suas consequências é claro, e mesmo que seja possível preveni-las 
ou revertê-las por meio de políticas ou intervenções por parte do poder público 
(GARCÍA; ESTEVES JÚNIOR, 2017). 
Com o intuito de retratar e evidenciar a intensidade do problema da 
violência no Brasil na atualidade, apresentamos alguns resultados publicados 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
89
no Atlas da Violência de 2018, elaborado pela IPEA – Instituto de Pesquisa 
Econômica Aplicada em conjunto com o FBSP – Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública. Conforme a pesquisa realizada, salta aos olhos que: 
Em 2016, o Brasil alcançou a marca histórica de 62.517 homicídios, 
segundo informações do Ministério da Saúde (MS). Isso equivale a 
uma taxa de 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes, que corresponde 
a 30 vezes a taxa da Europa. Apenas nos últimos dez anos, 553 mil 
pessoas perderam suas vidas devido à violência intencional no 
Brasil. [...] Ao analisar a evolução dos homicídios no país na última 
década, verificamos uma enorme heterogeneidade entre as Unidades 
Federativas, em que se observaram variações nas taxas de -56,7%, 
como no caso de São Paulo, a +256,9%, como no Rio Grande do Norte. 
Os dados mostram como a situação é mais grave nos estados do 
Nordeste e Norte do país, onde se situam as sete UFs com maiores 
taxas de homicídios por 100 mil habitantes, sendo elas: Sergipe (64,7), 
Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), 
Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9). Quando analisamos a violência letal 
contra jovens, verificamos, sem surpresa, uma situação ainda mais 
grave e que se acentuou no último ano: os homicídios respondem 
por 56,5% da causa de óbito de homens entre 15 a 19 anos. Quando 
considerados os jovens entre 15 e 29 anos, observamos em 2016 uma 
taxa de homicídio por 100 mil habitantes de 142,7, ou uma taxa de 
280,6, se considerarmos apenas a subpopulação de homens jovens. A 
juventude perdida trata-se de um problema de primeira importância 
no caminho do desenvolvimento social do país e que vem aumentando 
numa velocidade maior nos estados do Norte (IPEA; FBSP, 2018, p. 3). 
Para termos uma ideia da dimensão do problema dos homicídios do 
Brasil, observe o mapa a seguir: 
FIGURA 5 – MUNDO: COMPARAÇÃO DO NÚMERO DE HOMICÍDIOS NO BRASIL EM RELAÇÃO 
AOS DEMAIS PAÍSES
FONTE: <https://super.abril.com.br/blog/contaoutra/o-brasil-tem-mais-assassinatos-do-que-
todos-estes-paises-somados/>. Acesso em: 29 abr. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
90
Os dados do mapa, referentes ao ano de 2015, nos mostram que ocorreram 
no país 59 mil assassinatos. Para efeito de comparação, este número de assassinatos 
refere-se à soma de todos os assassinatos ocorridos em 2015 nestes 52 países: 
EUA, Canadá, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egito, China, Mongólia, Malásia, 
Indonésia, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Japão, 
Portugal, Espanha, Reino Unido, Irlanda, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, 
Alemanha, Itália, Suíça, Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, 
Lituânia, Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Áustria, Hungria, Belarus, 
Ucrânia, Romênia, Moldávia, Bulgária, Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina,Sérvia, Montenegro, Albânia, Grécia e Macedônia. Infelizmente, é lamentável a 
situação do nosso país com relação à violência. 
Quando comparamos a evolução das taxas de homicídios do Brasil com 
outros países da América do Sul, constata-se que ficamos atrás apenas para a 
Colômbia, observe no gráfico: 
GRÁFICO 3 – EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE HOMICÍDIOS NA AMÉRICA LATINA
FONTE: IPEA, FBSP (2018, p. 12)
Observe no gráfico como é expressiva a taxa do número de homicídios 
no Brasil. Perdemos apenas para a Colômbia, país que ainda lida com conflitos 
políticos relacionados às guerrilhas. Se compararmos os dados do Brasil com 
a taxa da média mundial, fica evidente que ainda temos muitos desafios para 
serem superados se desejarmos alcançar níveis adequados de qualidade de vida. 
Examinemos agora a situação do Brasil em suas diferentes unidades federativas.
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
91
FIGURA 6 – BRASIL: TAXA DE HOMICÍDIOS POR UNIDADE FEDERATIVA EM 2016
FONTE: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/brasil-chega-a-taxa-de-30-assassinatos-
por-100-mil-habitantes-em-2016-30-vezes-a-da-europa-diz-atlas-da-violencia.ghtml>. Acesso 
em: 18 abr. 2019. 
Como podemos observar no mapa, a média geral do Brasil alcançou 
a taxa de 30 homicídios para cada 100 mil habitantes. Este número é bastante 
expressivo, mas é necessário levar em conta as particularidades das regiões desta 
taxa. Observe que a variação espacial destas taxas é notável, considerando que em 
Sergipe a taxa chega a 64,7%, seguida por Alagoas, com 54,2% e Rio Grande do 
Norte com 53,4%, apresentando as piores taxas do país. Por sua vez, no mesmo 
período a taxa de São Paulo foi de 10,9% e de Santo Catarina, 14,2%, sendo estes 
os estados com as menores taxas de homicídios do país. 
A respeito da redução do número de homicídios registrados em São Paulo, 
selecionamos o fragmento da matéria publicada na Gazeta do Povo (FONTES, 
2018, p. 1) que trata do assunto. 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
92
Os motivos para a redução, entretanto, não são consenso entre os 
estudiosos do tema. Um ponto sobre o qual os pesquisadores parecem 
concordar é que a redução não pode ser atribuída a um único fator. 
De um lado, aparecem iniciativas do poder público que contribuíram 
para o resultado. “A partir dos anos 2000 houve um aumento no 
número de casos de assassinato resolvidos pela polícia, ocasionando a 
prisão dos homicidas”, explica Zanetic." "Além do fortalecimento do 
setor de investigação da polícia, a maior apreensão de armas de fogo 
e o esforço das secretarias municipais em enfrentar o problema – que 
é, usualmente, da alçada dos governos do estado e federal – também 
têm relação com a queda na quantidade de assassinatos. Mais um 
fator importante é de ordem demográfica: a diminuição do número de 
jovens, que são as principais vítimas dos assassinatos do país. Outra 
questão relevante, entretanto, não se relaciona a políticas públicas, 
mas aos próprios criminosos. Ator determinante nesse cenário é a 
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que domina 
o tráfico de drogas em São Paulo. “Há muitos relatos, que vêm das 
comunidades e dos próprios policiais, de que essa organização controla 
ações violentas mais extremas”, afirma o pesquisador." Apesar do 
argumento ser refutado oficialmente pelas autoridades, a hipótese 
ganha força justamente se relacionada à maior eficiência da polícia 
nas investigações. Com maior risco de prisão, a ordem pode ter sido 
primar pela cautela em relação a assassinatos. “Não por bondade, mas 
porque muitos homicídios atrapalham os negócios”, afirma Zanetic.
Tal como se observa na citação, há sempre um entrelaçamento de fatores 
que contribuem para a melhoria dos indicadores. Além disso, observe que tais 
mudanças podem estar vinculadas a aspectos conjunturais. Para finalizar esta 
etapa da reflexão, questionamos: por que as cidades são tão frequentemente 
associadas à violência? Parte do conhecimento comum no plano da geografia 
urbana e da violência urbana delineia um cenário particular: o rápido crescimento 
das cidades alimenta a formação caótica de favelas, na qual a superlotação e a 
competição por recursos escassos se combinam com fraca presença da segurança 
do Estado para fomentar a criminalidade e a violência (WORLD BANK, 2011). 
Somado a tais fatores, a falta de acesso à saúde, educação e mercado de trabalho 
também integram o conjunto de aspectos que participam deste cenário. 
A análise sobre os problemas das favelas no Brasil será realizada na 
sequência. Contudo, é necessário realçar que não há nada inevitável sobre a 
violência no ambiente urbano. Megacidades como Cairo e Tóquio estão entre as 
cidades mais seguras do mundo. Da mesma forma, grandes cidades como Bogotá, 
Nova York e São Paulo tiveram uma queda notável nos crimes violentos, apesar 
das populações densas e em crescimento (WORLD BANK, 2011). 
Tenhamos em mente então, que a relação entre cidades e violência 
é bastante complexa e merece ser estudada sempre estando atento aos seus 
condicionantes temporais, espaciais, sociais, econômicos, culturais e ambientais. 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
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4 AS FRAGILIDADES DA QUESTÃO DA HABITAÇÃO NO 
BRASIL: FAVELAS E SEUS PROBLEMAS DE URBANIZAÇÃO 
Outro problema típico dos espaços urbanizados no Brasil refere-se ao 
crescimento do número de favelas. O fenômeno de emergência das favelas, 
contudo, não é recente. Neste sentido, para iniciarmos a discussão sobre o assunto, 
iremos expor o trecho do artigo de Adauto Lúcio Cardoso que contextualiza a 
ideia de favela historicamente. 
A questão das favelas assume hoje uma dimensão sem precedentes na 
história do Brasil. Embora seja considerado um problema com raízes históricas 
no final do século XIX, de início a favela era um problema localizado nos 
grandes centros e assumia, em termos proporcionais, ainda uma dimensão 
mais pontual. Cortiços, estalagens ou casas de cômodos eram as formas de 
moradia predominantes entre as camadas populares no final do século XIX 
e início do século XX. Identificadas, na concepção higienista, como focos de 
contaminação e de propagação de doenças, as habitações dos pobres eram 
também consideradas como locais de concentração das chamadas classes 
perigosas. Os cortiços foram formalmente proibidos pela legislação, já no 
final do século XIX, assim como também foram objeto de programas de 
erradicação, como, por exemplo, através da famosa política do “bota-abaixo” 
que caracterizou a gestão do Prefeito Pereira Passos (1903-1907) na cidade do 
Rio de Janeiro.
O sucesso da política de erradicação de cortiços no Rio de Janeiro 
resultou na transferência do problema: na falta de outras opções, a população 
de baixa renda subiu os morros, ocupou as áreas de mangues e alagados, 
as áreas públicas ou outros terrenos pouco valorizados pelo mercado. Esses 
assentamentos tinham como principais características a ocupação do solo sem 
parcelamento regular prévio, a precariedade física das moradias, a ausência 
de infraestrutura e a irregularidade da propriedade do solo. No entanto, em 
outras cidades, nem todas as favelas eram invasões: no Nordeste, era comum 
o denominado “aluguel do chão”, ou seja, a permissão da ocupação pelo 
proprietário, sem parcelamento, através da contrapartida do pagamento de 
um arrendamento, na grande maioria dos casos sem contratos formais. Essa 
situação favorecia o proprietário com a valorização do terreno, através da 
consolidação da ocupação, ocorrendo posteriormente o despejo dos moradores, 
sem direito à indenização, na medida em que não estavam protegidos por 
contratos formais. Em outras cidades, principalmente no Sudeste, a invasão era 
a forma predominante de ocupação, preferencialmente de terrenos públicos, o 
que aumentava a possibilidade de permanência. Em muitos casos, a ocupação 
era – e ainda é – apoiada por políticos ou por agentes públicos, em troca de 
apoio eleitoral, seguindo o esquema clientelistaclássico.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
94
Uma boa parte das favelas se localizava também, generalizadamente 
no país, através da ocupação de terras inadequadas, principalmente mangues, 
margens de cursos d’água ou encostas de alta declividade. Nos casos de 
mangues e assemelhados, o “terreno” ia sendo constituído juntamente com 
a construção da casa, através de aterros sucessivos e a consequente expansão 
do assentamento em direção à área alagada. Ao longo do século XX, as favelas 
foram se consolidando como a principal alternativa de moradia para as 
populações de baixos rendimentos [...].
Até os anos 1990, considerava-se que o processo de rápida urbanização 
com altas taxas de migração rural-urbana, era a principal causa da chamada 
favelização das grandes cidades. O crescimento urbano acelerado, associado 
à baixa capacidade de investimentos e de regulação pública sobre as áreas 
urbanas	estariam	na	raiz	do	problema	das	favelas,	segundo	a	interpretação	
dominante nas décadas de 60 e 70 [...].
O desenvolvimento econômico associado à urbanização acelerada 
ainda teve como fator agravante a incapacidade do poder público em realizar 
investimentos	em	infraestruturas	urbanas	e	em	ampliar	a	sua	capacidade	de	
regulação	do	mercado	 fundiário	 e	 imobiliário. As cidades cresceram, pois, 
com pouco ou nenhum planejamento, e com o investimento em infraestrutura 
seguindo (e não antecedendo) a ocupação efetiva do solo. Além dos problemas 
ambientais gerados pela ocupação de terras inadequadas e do custo elevado 
das soluções técnicas para urbanizar áreas já ocupadas, gerou-se uma enorme 
desigualdade de acessibilidade a recursos e serviços, o que agravou o processo 
de especulação com a terra. É importante ressaltar que, dado o baixo grau 
de consolidação do setor financeiro no país, até os anos 1970, as opções de 
investimento de capital eram restritas e parcela significativa das poupanças 
foi investida no setor imobiliário, o que resultou em fortes processos de 
especulação com a terra. Com isso gerou-se uma enorme disparidade entre os 
preços da terra nos mercados formais e as possibilidades de renda da maioria 
da população. É nesse quadro de escassez relativa de terra urbanizada a preços 
acessíveis, que se dá a formação das favelas [...]. 
FONTE: CARDOSO, A . L . Avanços e desaf ios na exper iênc ia bras i le i ra de 
urbanização de favelas.  Cadernos Metrópole, São Paulo, n. 17, p. 219-240, jan. – jun. 
2007. Disponível em: http://www.urbanismo.mppr.mp.br/arquivos/File/CARDOSO_
Avancosedesafiosnaxperienciabrasileiradeurbanizacaoeavelas.pdf. Acesso em: 22 jul. 2019. 
A questão das favelas no âmbito dos estudos da geografia urbana é 
bastante desafiadora pois é neste espaço em que se encontram várias condições 
que fogem do escopo de áreas urbanas planejadas, começando pelo fato de que 
tais áreas de habitação costumam ocupar espaços inadequados, muitos deles 
com restrições de uso previstas em lei devido às características ambientais (e as 
regras não são respeitadas). Observe a imagem a seguir:
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
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FIGURA 7 – FAVELA DA ROCINHA – RIO DE JANEIRO (RJ)
FONTE: <https://www.agenciapreview.com/favela-da-rocinha/>. Acesso em: 22 abr. 2019. 
Observe também como se deu o processo de ocupação urbana na favela de 
Patare, na Venezuela. Atente para o modo como a paisagem natural foi utilizada 
para receber moradias de modo não planejado.
FIGURA 8 – FAVELA PATARE NA VENEZUELA
FONTE: <https://www.pinterest.es/pin/555702041513135643/>. Acesso em: 22 jul. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
96
Ao lançarmos o olhar sobre a paisagem de uma favela, podemos contatar 
e deduzir a presença de algumas condições “anormais” ou “fora do padrão” se 
comparado com outros espaços urbanos em áreas das cidades que respeitam 
algumas normas consideradas necessárias e apropriadas para a estruturação 
de uma cidade. Vamos rapidamente pensar em alguns destes aspectos? Nesta 
imagem, verifica-se que muitas casas estão situadas próximas a áreas verdes (sem 
respeitar o recuo necessário), as residências encontram-se muito próximas (quase 
coladas umas nas outras) o que é bastante diferente do que se encontram em 
outros bairros da cidade do Rio de Janeiro (considerando o exemplo proposto), 
o padrão de arruamento não é adequado e nem suficientemente espaçoso, como 
ocorre em outras áreas, e o acesso à rede elétrica, em muitos casos, ocorre de 
forma irregular (aquilo que muitos conhecem como “gatos”). Estas são apenas 
algumas das características que diferem a favela de outros espaços urbanos das 
cidades. Iremos explorar quais são os elementos e aspectos constituintes de uma 
favela e refletir sobre alguns desdobramentos decorrentes.
No Brasil, no âmbito dos estudos geográficos, as favelas recebem a 
denominação de aglomerado subnormal. Este conceito é adotado no Censo 
Demográfico e utilizado como base de análise pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística – IBGE. Sobre este conceito, menciona-se que ele “possui 
certo grau de generalização de forma a abarcar a diversidade de assentamentos 
irregulares existentes no País, conhecidos como: favela, invasão, grota, baixada, 
comunidade, vila, ressaca, mocambo, palafita, entre outros” (IBGE, 2010, p. 26).
No estudo dos aglomerados subnormais, são levados em conta 
características como o seu tamanho, localização, acessibilidade, densidade de 
ocupação e características dos domicílios, incluindo os serviços disponíveis, como 
abastecimento de água, esgotamento sanitário, destino do lixo e disponibilidade 
de energia elétrica (IBGE, 2010). 
Com relação às formas de identificação de tais tipos de aglomerados, a 
seguir são expostos os critérios adotados pela instituição: 
Como	se	identifica	um	aglomerado	subnormal?
O setor especial de aglomerado subnormal é um conjunto constituído 
de, no mínimo, 51 (cinquenta e uma) unidades habitacionais (barracos, casas...) 
carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo 
ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou 
particular) e estando dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. 
A identificação dos Aglomerados Subnormais deve ser feita com base 
nos seguintes critérios:
a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade 
alheia (pública ou particular) no momento atual ou em período recente 
(obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou menos); e 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
97
b) Possuírem pelo menos uma das seguintes características: urbanização 
fora dos padrões vigentes — refletido por vias de circulação estreitas e de 
alinhamento irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais e construções 
não regularizadas por órgãos públicos; e precariedade de serviços públicos 
essenciais. 
Os Aglomerados Subnormais podem se enquadrar, observados os 
critérios de padrões de urbanização e/ou de precariedade de serviços públicos 
essenciais, nas seguintes categorias:
a) invasão;
b) loteamento irregular ou clandestino; e 
c) áreas invadidas e loteamentos irregulares e clandestinos regularizados em 
período recente.
FONTE: IBGE. Censo demográfico 2010: aglomerados subnormais, primeiros resultados. Rio de 
Janeiro: Ministério do Planejamento Desenvolvimento e Gestão, 2010. Disponível em: https://
biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/92/cd_2010_aglomerados_subnormais.pdf. 
Acesso em 25 de abril de 2019. 
Após analisarmos os elementos conceituais e descritivos que compõem 
um aglomerado subnormal, observe na imagem a seguir uma das deficiências 
encontradas neste tipo de aglomerado, relacionada à distribuição da rede elétrica. 
Registros de luz são instalados em barracos sem seguir padrões de segurança.
FIGURA 9 – EXEMPLO DE PRECARIEDADE DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS NOS 
AGLOMERADOS SUBNORMAIS
FONTE: <http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2012/12/com-nome-de-novela-
comunidade-nao-tem-agua-luz-e-servico-postal.html>.Acesso em: 22 abr. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
98
O estudo realizado pelo IBGE (2010) revela que o tamanho do aglomerado 
subnormal e sua inserção no tecido urbano formal varia bastante por toda a 
extensão territorial do Brasil, abarcando cidades que contavam com pequenos 
aglomerados subnormais, que se apresentavam de maneira fragmentada no 
conjunto urbano e, por outro lado, incluem cidades onde predominavam grandes 
aglomerados subnormais, alguns com mais de 10 mil domicílios. 
Observe no cartograma a seguir a comparação de duas áreas de 
aglomerados subnormais. O primeiro, retrata um exemplo de uma grande favela 
enquanto o segundo, por sua vez, representa espacialmente várias pequenas 
favelas distribuídas pelo tecido urbano de São Paulo. Porém, antes de partir para 
a análise do cartograma, você se recorda quais são as características desta forma 
de representação espacial? Vamos recordar? De acordo com Sanchez (1973, p. 37), 
o cartograma “é um tipo de representação que se preocupa menos com os limites 
exatos e precisos, bem como as coordenadas geográficas, para se preocupar 
mais com as informações que serão objeto da distribuição espacial no interior 
do mapa”. Trata-se de uma forma de representação que pode ser utilizada para 
pequenos ou grandes espaços e que pode ser construída em qualquer escala. 
FIGURA 10 – CARTOGRAMAS COMPARATIVOS DE AGLOMERADOS SUBNORMAIS
FONTE: IBGE (2010, p. 30)
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
99
Segundo a investigação do IBGE (2010), a respeito do tamanho e da 
densidade das áreas ocupadas pelos aglomerados subnormais, elas interferem 
na qualidade de vida da população, tendo em vista que quanto mais densa a 
área, a acessibilidade, a circulação de ar e a insolação apresentam condições 
mais críticas. 
A respeito da distribuição espacial deste tipo de aglomerado, constata-
se que ele “pode surgir da ocupação de áreas pouco propícias à urbanização 
regular, como encostas de elevada declividade, áreas sujeitas à inundação, 
áreas de manguezal ou de praia” (IBGE, 2010, p. 28-29). Outro fato relevante é 
que tais tipos de aglomerados costumam surgir próximos a áreas com grandes 
concentrações de emprego e infraestrutura, como é o caso da área conturbada das 
metrópoles. Exemplo de tal situação pode ser visualizado na imagem a seguir. 
FIGURA 11 – AGLOMERADO SUBNORMAL CAMINHO DAS ÍNDIAS, NO LITORAL DE 
SÃO PAULO, OCUPANDO O MANGUE
FONTE: <http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2012/12/com-nome-de-novela-
comunidade-nao-tem-agua-luz-e-servico-postal.html>. Acesso em: 22 abr. 2019. 
No mapa a seguir observa-se a distribuição espacial dos aglomerados 
subnormais no Brasil, com base nas informações do último Censo de 2010. 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
100
FIGURA 12 – BRASIL: DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS AGLOMERADOS SUBNORMAIS EM 2010
FONTE: IBGE (2010, p. 39)
A leitura deste mapa evidencia como a problemática dos aglomerados 
subnormais está estreitamente relacionada à localização das metrópoles. De 
acordo com o estudo realizado, “as metrópoles que constituem o topo da 
hierarquia urbana são polos de concentração da produção econômica e do 
emprego, lugar onde estava localizada a maioria dos aglomerados subnormais” 
(IBGE, 2010, p. 39). O estudo do processo de emergência dos aglomerados 
subnormais nos mostra que se trata de um fenômeno que salta escalas. Isto é, 
só podemos entender as origens e os fatores que levaram a formação de um 
aglomerado subnormal quando extrapolamos a dimensão espacial exclusiva de 
cada município. Em regiões metropolitanas, os fatores que ajudam a entender os 
motivos de formação de um aglomerado subnormal costuma estar fortemente 
atrelados às relações espaciais que se estabelecem com os municípios vizinhos. 
Como exemplo, não seria possível compreender a formação de favelas no 
TÓPICO 1 | DESAFIOS NOS ESPAÇOS URBANOS BRASILEIROS
101
município de Palhoça (SC), sem analisar os fluxos econômicos e sociais que se 
estabelecem com a capital Florianópolis, tal como, não seria possível “explicar 
a ocorrência de aglomerados subnormais em um município como Diadema (SP) 
sem levar em conta o contexto da Região Metropolitana de São Paulo, no qual ele 
está inserido” (IBGE, 2010, p. 40). Ademais, observe no mapa (Figura 12) como 
também é expressiva a concentração de tais aglomerados na Região Sudeste. 
Ainda com relação ao padrão de localização dos aglomerados subnormais, 
conforme estudamos, eles podem ser de diversos tamanhos. Neste sentido, 
conforme acompanhamos com frequência nos noticiários, nosso país abriga 
grandes favelas que chegam a ter o tamanho de verdadeiras cidades. Para termos 
uma ideia, em termos comparativos, as Regiões Metropolitanas de São Paulo, do 
Rio de Janeiro e de Belém somadas concentravam quase a metade (43,7%) dos 
domicílios em aglomerados subnormais do total do País (IBGE, 2010). 
Outro apontamento relevante identificado pelo IBGE (2010) refere-se à 
relação entre a incidência de aglomerados subnormais e o tamanho das cidades. 
Particularmente, constatou-se que: 
[...] 44,8% dos domicílios particulares ocupados em aglomerados 
subnormais estavam em municípios com mais de 1 milhão de 
habitantes, enquanto 55,2% estavam em municípios com menos 
de 1 milhão de habitantes [...]. Havia a presença de aglomerados 
subnormais em cidades de médio porte, mas a análise por Regiões 
Metropolitanas mostrou um número menor de domicílios em 
aglomerados subnormais nos espaços urbanos menos populosos 
(IBGE, 2010, p. 40).
Ou seja, em termos simples, o problema das favelas ocorre de modo mais 
acentuado nas grandes cidades, onde os espaços disponíveis para moradia são 
mais escassos e os preços dos terrenos, das moradias e dos aluguéis tendem a ser 
a mais caros quando comparados aos valores praticados em cidades pequenas 
ou médias, caracterizando a chamada especulação imobiliária, estudada pela 
geografia urbana. 
102
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que: 
• A urbanização brasileira está intimamente relacionada ao processo de 
industrialização, que desencadeou um aumento da população que passou a 
residir em áreas urbanas. 
• Saneamento básico é considerado como o conjunto de serviços, infraestruturas 
e instalações operacionais de: abastecimento de água potável; esgotamento 
sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; drenagem e manejo 
das águas pluviais urbanas.
• Em se tratando das dificuldades de acesso à água, este problema apresenta-
se de forma mais acentuada em populações urbanas do que em populações 
rurais.
• As fossas sépticas são recipientes construídos ou instalados no local para 
manter durante tempo determinado os dejetos domésticos, industriais, ou 
comerciais, com o objetivo de sedimentar os sólidos e reter o material contido 
nos esgotos, para transformá-los bioquimicamente, em substâncias e compostos 
mais simples e menos poluentes. São utilizadas em locais desprovidos de rede 
pública de esgoto.
• O lançamento de esgotos domésticos nos corpos d’água sem adequado 
tratamento ou em desconformidade com os atuais padrões legais estabelecidos 
para lançamento de efluentes, resulta em comprometimento da qualidade da 
água do corpo receptor e pode inviabilizar o atendimento aos usos atuais e 
futuros dos recursos hídricos a jusante do lançamento.
• A incidência da violência urbana varia no tempo e no espaço, revelando que 
nesta dinâmica são formados territórios específicos de violência.
• Compreender a espacialidade da violência pode ajudar na elaboração de 
planos de ações que almejem mitigar este terrível problema da sociedade atual.
• O clima resultante de insegurança enfraquece a governança urbana, limitando 
a mobilidade e criando medo e desconfiança entre os membros da comunidade.
• Cortiços, estalagens ou casas de cômodos eram as formas de moradia 
predominantes entre as camadas populares no final do século XIX e início do 
século XX os quais deram origem a favelização como conhecemoshoje.
103
• No estudo dos aglomerados subnormais, são levados em conta características 
como o seu tamanho, localização, acessibilidade, densidade de ocupação 
e características dos domicílios, incluindo os serviços disponíveis, como 
abastecimento de água, esgotamento sanitário, destino do lixo e disponibilidade 
de energia elétrica.
• O problema das favelas ocorre de modo mais acentuado nas grandes cidades, 
onde os espaços disponíveis para moradia são mais escassos e os preços dos 
terrenos, das moradias e dos aluguéis tendem a ser a mais caros quando 
comparados aos valores praticados em cidades pequenas ou médias. 
104
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2008) 
Considerando as Figuras 1 e 2 anteriores, e a relação homem-natureza 
no que se refere às questões ambientais, sociais e econômicas decorrentes da 
apropriação dos recursos naturais, julgue os itens seguintes.
I- O fenômeno verificado na Figura 1 não decorre de fato isolado, mas de 
um conjunto de acontecimentos interligados, resultantes do crescimento 
urbano e dos impactos deste sobre os ecossistemas. 
II- O Estatuto das Cidades (Lei Federal n° 10.257, de 10 de julho de 2001) 
prevê a desocupação urbana de áreas de preservação permanentes, como 
a representada na Figura 2, previstas pela legislação de zoneamento 
ambiental. 
III- Os manguezais, áreas especiais frágeis, são considerados de proteção 
permanente desde a aprovação do Código Florestal brasileiro. 
IV- Os manguezais, que se estendem da foz do rio Amazonas até o delta 
do rio Parnaíba (PI), têm recebido monitoramento dos órgãos federais 
e estaduais competentes, que asseguram os limites de ocupação dessas 
áreas pela urbanização. 
Agora, assinale a opção correta:
a) ( ) Apenas um item está certo.
b) ( ) Apenas os itens I e II estão certos. 
c) ( ) Apenas os itens I e III estão certos. 
d) ( ) Apenas os itens II e III estão certos. 
e) ( ) Todos os itens estão certos.
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/649032>. 
Acesso em: 22 ago. 2019.
FIGURA 2 - PAISAGEM DE MANGUEZAL 
DO LITORAL BRASILEIRO.
FIGURA 1 - PAISAGEM URBANA 
DO LITORAL BRASILEIRO.
FONTE: <http://twixar.me/QFY1>
Acesso em: 9 out. 2019
FONTE: <https://rochesterenvironment.
com/images/Genesee%20River%202010.
JPG> Acesso em: 9 out. 2019
105
2 (Concurso Prefeitura de São João do Araguaia – PA, 2018) Após quatro anos 
de quedas sucessivas, as favelas voltaram a se expandir no Rio de Janeiro. 
É o que mostra o levantamento feito pelo Instituto Pereira Passos (IPP) com 
fotos aéreas e publicado no jornal O Globo. A pesquisa revela que a área 
total das 1.018 comunidades cariocas aumentou 0,31% entre 2012 e 2016, 
totalizando 46,12 milhões de metros quadrados. Não parece muito, mas é 
como se, em quatro anos, surgisse na cidade do Rio outra favela com 10 mil 
habitantes. 
Esse processo espacial que ocorre nas grandes cidades brasileiras, 
como o Rio de Janeiro: 
a) ( ) Promove uma ocupação geográfica mais racional do espaço urbano, 
uma vez que aproxima a população mais carente do seu local de 
trabalho, reduzindo os custos com transportes. 
b) ( ) É provocado por fatores como a descontinuidade das políticas públicas 
voltadas para a moradia da população mais carente e o alto preço dos 
imóveis nas áreas com melhor infraestrutura. 
c) ( ) Está diretamente relacionado à especulação imobiliária promovida por 
movimentos sociais associados ao crime organizado, que reservam 
para os membros da comunidade os melhores lotes de terra. 
d) ( ) Trata-se da segregação socioespacial praticada pelas classes pobres 
com o objetivo de exigir melhorias da infraestrutura urbana dessas 
áreas a fim de valorizar suas moradias no mercado imobiliário.
FONTE: <http://www.tierrasdeamerica.com/2017/08/03/aumentam-favelas-rio-dejaneiro/>. 
Acesso em: 24 abr. 2018. 
3 (SEDUC-CE, 2018) Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as 
falsas com relação à urbanização brasileira: 
( ) Nos grandes centros urbanos, o aumento da degradação ambiental é 
consequência exclusiva da ação dos grupos mais pobres da sociedade, que 
poluem rios e lagoas com efluentes domésticos e lançam seus resíduos 
sólidos indiscriminadamente sobre ruas ou terrenos abandonados.
( ) Destaca as grandes cidades como palco de contradições entre inovações, 
modernização e pobreza.
( ) A primazia de metrópoles regionais como Manaus, Fortaleza e Curitiba 
se acentua, tornando-as centro de controle da vida econômica e política 
do País, rebaixando o tradicional comando exercido por São Paulo e Rio 
de Janeiro.
( ) Conjuntos habitacionais, favelas e cortiços, de um lado, e condomínios 
exclusivos, murados e controlados, de outro, demarcam os extremos da 
diferenciação espacial da habitação nas cidades brasileiras.
106
Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:
a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) F – F – V – V.
FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/bcf9e6d9-e6>. 
Acesso em: 22 ago. 2019.
4 A violência urbana é um problema que atinge cidades de diferentes 
tamanhos e incide em diversos países. No Brasil, dentre os fatores que estão 
atrelados a esta problemática, merece destaque a falta de planejamento 
urbano e a intensificação do tráfico de drogas. Acerca da violência urbana, 
avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
I- As consequências e o alcance da violência e do crime são sérias e prolongadas, 
influenciando o desenvolvimento e o comportamento dos indivíduos.
PORQUE
II- Tais consequências afetam as relações que os indivíduos estabelecem em 
sociedade e são capazes de desencadear diversos problemas de segregação 
social e urbana, como também socioespaciais, tais como o abandono da 
vida pública em espaços públicos.
A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA. 
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma 
justificativa da I. 
b) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição 
falsa. 
c) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é um complemento 
da I. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
107
TÓPICO 2
ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, examinamos os diversos problemas que decorrem de 
um processo de urbanização não planejado e seus diversos desdobramentos nas 
dimensões sociais, ambientais, políticas e econômicas. Neste tópico, a intenção 
é conhecer um pouco da história do projeto das cidades Brasília e Curitiba. A 
seleção destas cidades decorre do fato de que elas são consideradas exemplos de 
capitais planejadas. Vamos juntos conhecer a trajetória destas cidades? 
Neste tópico, você irá compreender que a construção da cidade de 
Brasília está atrelada a um contexto que ultrapassa a dimensão do planejamento 
urbano, articulando-se também a questões políticas e econômicas. Outro aspecto 
interessante que será apresentado é a relação entre a concepção de uma cidade e a 
escolha dos modais de transporte que serão privilegiados. Esta relação é bastante 
estreita e desencadeia consequências que se estendem por muitos e muitos anos, 
tendo em vista que o sistema viário é um importante elemento de sustentação 
para a cidade e as alterações nos mesmos, embora possíveis e desejáveis, no Brasil, 
tendem a ser onerosas e lentas. No caso de Curitiba, iremos realçar a dimensão dos 
espaços públicos, conhecendo um pouco mais da história da cidade que acabou 
ficando conhecida na atualidade, por seus parques e espaços públicos de lazer. 
2 A EXPERIÊNCIA DE BRASÍLIA
Para entendermos como surgiu a cidade de Brasília, precisamos ter em 
mente que esta cidade é fruto de um longo processo e de um plano urbanístico 
rigoroso. Mata (2014) observa que a criação da cidade foi apontada como marco 
das intenções que previam o desenvolvimento da região do Planalto Central e, 
por tersido projetada de acordo com diretrizes modernas, é considerada uma 
expressão do urbanismo moderno. Coelho (2008, p. 65) relata que: “a construção 
de Brasília no final dos anos 50 do século XX representa a tentativa de concretização 
de uma utopia urbana. A ideia de uma capital moderna como nova representante 
política do Brasil traduzia um projeto de sociedade num momento de grande 
desenvolvimento econômico no país”. 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
108
Coelho (2008) explica que a concepção de Brasília ocorreu 
concomitantemente com o boom da indústria automobilística e, sob o prisma do 
planejamento urbano, recebeu a interferência de dois conceitos em alta naquele 
momento histórico: os princípios da Carta de Atenas e o modelo das “Cidades 
Jardim” de Ebenezer Howard.
A Carta de Atenas é um documento que discorre sobre as premissas do 
urbanismo resultantes do IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna 
(CIAM), realizado em Atenas em 1933. Trata-se de um documento abrangente 
e que não será analisado de maneira pormenorizada em virtude do escopo 
delimitado para essa disciplina. Convém, todavia, realçar alguns elementos que 
o compõem para que possamos ter ideia do contexto urbanístico do período. 
A primeira parte do manifesto refere-se à relação da cidade com a sua 
região, acompanhe: 
A cidade é só uma parte de um conjunto econômico, social e político 
que constitui a região. Raramente a unidade administrativa coincide 
com a unidade geográfica, ou seja, com a região. O recorte territorial 
administrativo das cidades pode ter sido arbitrário desde o início ou 
pode ter vindo a sê-lo posteriormente, quando, em decorrência do seu 
crescimento, a aglomeração principal uniu-se a outras comunidades 
e depois as englobou. Esse recorte artificial se opõe a uma boa gestão 
do no conjunto. De fato, certas comunidades suburbanas puderam 
adquirir inopinadamente um valor imprevisível, positivo ou negativo, 
seja tornando-se sede de residências luxuosas, seja acolhendo centros 
industriais dinâmicos, seja reunindo miseráveis populações operárias. 
Os limites administrativos de aço que compartimentam o complexo 
urbano tornam-se então paralisantes. Uma aglomeração constitui o 
núcleo vital de uma extensão geográfica cujo limite é constituído pela 
zona de influência de uma outra aglomeração. Suas condições vitais são 
determinadas pelas vias de comunicação que asseguram suas trocas 
e ligam-se intimamente a sua zona particular. Só se pode enfrentar 
um problema de urbanismo referenciando-se constantemente aos 
elementos constitutivos da região e, principalmente, a sua geografia, 
chamada a desempenhar um papel determinante nessa questão: 
linhas de divisão de águas, morros vizinhos desenhando um contorno 
natural confirmado pelas vias de circulação, naturalmente inscritas no 
solo. Nenhuma atuação pode ser considerada se não se liga ao destino 
harmonioso da região. O plano da cidade é só um dos elementos do 
todo constituído pelo plano regional (CIAM, 1933, p. 1). 
Observe como já no início deste documento, publicado em 1933, são 
elencados aspectos que seguem em evidência na atualidade, tais como o alcance 
da região de influência de uma cidade e suas interfaces com o ambiente natural 
e com a esfera econômica. Como será examinado na sequência, a escolha de 
Brasília para a construção da capital do país, levou em conta aspectos como clima 
considerado estável, mudança da capital para o interior no intuito de protegê-la 
de possível invasões costeiras, tendo em vista que a antiga sede da capital era 
o Rio de Janeiro – RJ e, sob a ótica econômica, a ênfase em planejar uma cidade 
na qual o meio de transporte predominante seria o rodoviário que estava em 
consonância com o forte poder da indústria automobilística do momento.
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
109
DICAS
Para conhecer o conteúdo da Carta de Atenas na íntegra, você pode acessar o 
link a seguir:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Carta%20de%20Atenas%201933.pdf.
Outra inspiração do planejamento urbano que estava em voga no 
momento histórico da criação de Brasília era o chamado modelo das “Cidades 
Jardim”, de Ebezener Howard. Vamos entender do que se tratava esta modelo? 
Na concepção de Ebezener Howaerd, a Cidade Jardim é uma cidade projetada 
para garantir à sua população, condições de vida e de trabalho saudáveis; suas 
dimensões devem ser suficientes para permitir o pleno desenvolvimento da vida 
social; cercado por um cinturão rural, sendo o seu fundamento a totalidade de um 
bem público ou gerido por uma confiança em nome da comunidade (ANTONI, 
2004). Essa ideia de cidade visa oferecer uma alternativa às grandes cidades e 
subúrbios industriais. Essa expressão foi introduzida por Ebenezer Howard em 
1898 em sua obra: To-morrow ou Cidades-Jardins de Amanhã. Nesta concepção, a 
Cidade-Jardim constitui o módulo básico de uma metrópole, o protótipo de uma 
cidade ecológica e um satélite de uma grande cidade (ANTONI, 2004). 
Na imagem a seguir, apresentamos o modelo de Cidade-Jardim proposto 
por Ebezener Howard, observe.
FIGURA 13 – MODELO DE CIDADE-JARDIM PROPOSTO POR EBEZENER HOWARD
Área residencial Áreas verdes
Edificações institucionais
Grande avenidal
Área comercial
Área indústrial
FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/_-p34h9oGuCw/SRsaexnJdOI/AAAAAAAAASY/ouCAggzAjek/
s1600-h/normal_cidade-jardim-diagrama-n-2_cor.bmp>. Acesso em: 22 jul. 2019.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
110
A solução de Howard para os problemas vivenciados na época, por volta 
de 1898, relacionados ao despovoamento rural e ao crescimento desenfreado das 
grandes cidades foi a criação de uma série de pequenas cidades planejadas que 
combinariam as amenidades da vida urbana com o acesso imediato à natureza, 
típica dos ambientes rurais. As principais características do esquema de Howard 
eram: (1) a compra de uma grande área de terras agrícolas dentro de uma área 
circular; (2) o planejamento de uma cidade compacta cercada por um amplo 
cinturão rural; (3) o alojamento de residentes, indústria e agricultura dentro da 
cidade; (4) a limitação da extensão da cidade e a prevenção da invasão do cinturão 
rural; e (5) o aumento natural do valor da terra a ser usado para o bem-estar geral 
da cidade (GARDEN CITY, 20--). 
Neste sentido, a cidade-jardim ideal de Howard estaria localizada em 
uma área de seis mil acres e seria propriedade privada de um pequeno grupo de 
indivíduos; essa empresa, ao manter a propriedade, manteria o controle do uso 
da terra. A receita, para pagar a hipoteca e financiar os serviços da cidade, seria 
aumentada exclusivamente pelos aluguéis. A indústria privada seria incentivada 
a alugar e usar o espaço na cidade. Apenas uma fração da área do terreno seria 
construída pelos 30.000 habitantes da cidade; o resto seria usado para fins 
agrícolas e recreativos (GARDEN CITY, 20--).
Segundo o modelo de Howard, no centro da cidade haveria um jardim/
parque rodeado pelo complexo cívico e cultural, incluindo a prefeitura, uma 
sala de concertos, museu, teatro, biblioteca e hospital. Seis grandes avenidas 
principais iriam irradiar deste centro. Concêntrico a esse núcleo urbano, haveria 
um parque, um shopping center e um conservatório, uma área residencial e, no 
limite, a indústria. O tráfego se moveria ao longo de avenidas que se estendiam 
ao longo dos raios e avenidas concêntricas (GARDEN CITY, 20--).
 
Em 1903, Ebezener Howard teve o prazer de ver seu plano realizado. Uma 
cidade-jardim chamada Letchworth foi desenvolvida a cerca de 48 quilômetros ao 
norte de Londres, em Hertfordshire, Inglaterra. Em 1920, a segunda cidade-jardim 
foi criada, a Welwyn Garden City. Ela também foi estabelecida nos arredores de 
Londres. O conceito de Howard de interligar o país e a cidade em uma cidade 
planejada de tamanho predeterminado gozou de ampla popularidade no 
planejamento de novas cidades subsequentes. Sua ênfase nas áreas de cinturões 
verdes e nas densidades populacionaiscontroladas também se tornou parte 
integrante do planejamento suburbano e urbano (GARDEN CITY, 20--).
DICAS
Se você desejar conhecer a obra Cidades-Jardins de Amanhã pode acessá-la 
no link: https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=aTjH3-4qUwkC&oi=fnd&pg=P
A7&dq=cidades+jardim%E2%80%9D+de+Ebenezer+Howard+&ots=po9MM3Fy2R&sig=mDc
fSrI2x1NgXBmVqU1NwQHA6Z4#v=onepage&q=cidades%20jardim%E2%80%9D%20de%20
Ebenezer%20Howard&f=false.
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
111
Inspirado pela ideia de Cidade-Jardim, de Ebezener Howard, o projeto de 
Brasília surge como uma cidade funcional e setorizada e procura racionalizar e 
maximizar a utilização do espaço. Coelho (2008, p. 66) pontua que: 
o projeto da construção de Brasília como uma “cidade do futuro” 
moderna pode ser associado ao projeto de mudança política, 
administrativa e espacial da capital brasileira para o interior do Brasil, 
região conhecida anteriormente pelo baixo povoamento e atraso de 
desenvolvimento econômico e social – o projeto de construção de 
uma capital moderna no interior do país visava alterar essa imagem. 
[...] O isolamento geográfico e a ausência de investimentos estatais 
dificultavam a dinamização econômica e populacional dessa parte 
do Brasil.
Após situarmos a criação de Brasília no contexto dos principais movimentos 
urbanísticos que estiveram atrelados à sua concepção, na sequência, será exposto 
um texto síntese a respeito da trajetória histórica da cidade, acompanhe:
História de Brasília
A pedra fundamental do novo centro do poder brasileiro foi lançada 
em 1922, no centenário da Independência, próximo a Planaltina, atual região 
administrativa do DF. Em 1956, com nova demarcação da futura capital, o então 
presidente da República, Juscelino Kubitschek, deu início de fato à realização 
do projeto que durou séculos. Na mesma área das coordenadas que Dom Bosco 
apontou e às margens do Lago Paranoá, Brasília começou a ser erguida.
O conceito
Para organizar a logística da obra, foi criada a Companhia Urbanizadora 
da Nova Capital (Novacap), que lançou no mesmo ano o “Concurso Nacional 
do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil” com o objetivo de selecionar projetos 
urbanísticos para a construção da cidade.
Dentre dezenas de propostas, a vencedora, do arquiteto e urbanista 
Lúcio Costa, foi escolhida justamente pela simplicidade: a ideia, entregue em 
uma folha branca e desenhada a lápis, partiu do traçado de dois eixos cruzando-
se em ângulo reto, como o sinal da cruz.
Uma dessas linhas, o Eixo Rodoviário, tinha o traço levemente 
inclinado, o que dava à cruz a forma de um avião. Ele seria a via que leva às 
áreas residenciais – hoje, Asa Sul e Asa Norte. A outra linha, que representava 
o Eixo Monumental, abrigaria os prédios públicos e o palácio do Governo 
Federal no lado leste; a Rodoviária e a Torre de TV no centro, e os prédios do 
governo local no lado oeste.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
112
Lúcio Costa não só desenhou os traços que definiram a capital do 
país, mas também previu como seria a alma de Brasília, como afirmou no 
livro “Memória descritiva do Plano Piloto”: Cidade planejada para o trabalho 
ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao 
devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além 
de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e 
sensíveis do país.
FIGURA - MARCO ZERO E ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS EM 30/09/1958
FONTE: <http://www.df.gov.br/historia/>. Acesso em: 1° maio 2019.
Com o projeto urbanístico aprovado, Juscelino escolheu Oscar Niemeyer 
como o arquiteto responsável pela construção dos monumentos. O carioca foi 
autor das principais estruturas da cidade: o Congresso Nacional, os Palácios da 
Alvorada e do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília. 
Além da dupla Oscar e Lúcio, completavam o time que fez desta cidade um 
museu a céu aberto, figuras inspiradas como Burle Marx, com jardins e praças, 
e Athos Bulcão, com os painéis de azulejos que são marca registrada da capital. 
FIGURA – OSCAR NIEMEYER E A CONSTRUÇÃO DOS MONUMENTOS DE BRASÍLIA
FONTE: <http://www.df.gov.br/historia/>. Acesso em: 1º maio 2019.
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
113
O nascimento
Em 21 de abril de 1960, Brasília nascia para o mundo e para a sua 
gente. Com os projetos urbanístico de Lúcio Costa e o arquitetônico de Oscar 
Niemeyer, surgia uma cidade sob formas inovadoras, diferente de tudo 
já feito até então. A data de seu nascimento não foi coincidência: marcava 
o dia da morte de Tiradentes, um dos líderes mineiros que defendeu a 
independência do Brasil no século XVIII. O simbolismo ajudou a fortalecer 
em Brasília o ideal de liberdade de um povo e a coragem de uma nação, 
associando a inauguração à ideia de independência e rendendo homenagem 
aos inconfidentes que haviam sonhado com um Brasil livre.
Conforme a construção de Brasília seguia em frente, foram 
surgindo pequenos acampamentos ao redor do Plano Piloto para abrigar 
os trabalhadores que vieram para construir a nova capital. O primeiro 
acampamento foi chamado de Cidade Livre, que hoje é o Núcleo Bandeirante. 
Os demais agrupamentos mais tarde tornaram-se inicialmente as cidades 
satélites que agora são as 31 regiões administrativas que compõem o Distrito 
Federal.
A consagração
Não são só os monumentos que fazem visitantes e turistas se renderam 
à grandeza da capital. Graças ao território plano e à ausência de grandes 
construções verticais, o céu de Brasília acabou conhecido como um dos mais 
bonitos do país, que, para muitos, praticamente substitui o mar ao emoldurar 
as construções de traços modernos e os largos espaços verdes que completam 
a paisagem.
Por conta desse conjunto de beleza e da importância arquitetônica, 
Brasília recebeu em 1987 o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, 
concedido pela Unesco. [...] A forma como Brasília foi povoada tornou-a 
plural, miscigenada e sincrética, representando a identidade de todo o Brasil. 
Na busca por dias e futuro melhores, milhares de brasileiros de diversos 
cantos do país, em especial do Nordeste e de Minas, vieram para construir a 
capital e buscar uma vida nova. Eles ficaram conhecidos como candangos. Os 
pioneiros, que fixaram moradia na cidade entre 1960 e 1965, ainda guardam 
histórias e casos daquela época. [...] Essa mistura de tanta gente diferente fez 
da nossa cidade um rico caldeirão de sotaques, sons e cores [...].
FONTE: DISTRITO FEDERAL. História: Brasília: a cidade sonho. Brasília: Governo do Distrito 
Federal, [20--]. Disponível em: <http://www.df.gov.br/historia/>. Acesso em: 2 maio 2019. 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
114
DICAS
No link a seguir, você poderá assistir a um vídeo de cinco minutos, com imagens 
do Arquivo Público do Distrito Federal, que sintetiza de forma animada como foi o processo 
de construção da cidade. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=qRjqdX9HlYs.
Embora no âmbito do planejamento urbano a experiência de Brasília 
seja emblemática, a experiência recente tem evidenciado que existem uma série 
problemas urbanos para serem enfrentados na atualidade. Sobre o assunto, 
Oliveira e Peluso (2017, p. 5) mencionam que: “no momento atual, o crescimento 
urbano faz-se em detrimento do meio natural e da qualidade de vida, seja em 
grandes metrópoles ou em pequenas cidades, seja em áreas nobres ou em áreas 
carentes, e a Capital Federal não é exceção à regra”.
Dentre os fatores que conduziram a esta situação, Oliveira e Peluso (2017) 
comentam que a população urbana aumentou continuamente no Distrito Federal, 
de modo que, da inauguração da cidade aos dias atuais, o vetor migratório 
para o Distrito Federal somado ao próprio crescimento natural têm gerado a 
densificação urbana que promove o uso intensivo do solo e sua mudança de uso. 
Outro problema encontrado é que os vários planos de ordenamento territorial 
não impediram que as áreas preservadasda cidade e, em especial, a área do 
tombamento, fossem ocupadas indevidamente. 
Por fim, salientamos a fala de Guia e Cidade (2010, p. 146) acerca dos 
principais problemas geográficos e contemporâneos de Brasília: 
No contexto da urbanização brasileira, mesmo com as condições 
favoráveis a um processo diferenciado da tradição urbana e social 
do país, Brasília fugiu à regra geral. A propriedade pública da 
terra e a forte presença estatal como “força motriz” da economia 
local passaram a ser utilizados como instrumentos de organização 
socioespacial seletivos e excludentes. O processo estendeu-se a 
toda a região que hoje conforma o Aglomerado Urbano. De forma 
simplificada, pode-se afirmar que o Aglomerado Urbano de Brasília 
vive, desde a sua implantação no Planalto Central, um impasse entre o 
crescimento demográfico, o oligopólio de terras e a forte presença do 
Estado na estruturação socioespacial. Tal impasse aponta para uma 
dupla realidade: a) a do centro urbano consolidado, concentrador 
de renda e população e b) uma periferia regional formada por 
municípios de baixa dinâmica econômica, com elevadas taxas de 
migração e mobilidade pendular, indicadores do forte descasamento 
espacial entre local de moradia e trabalho.
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
115
3 A EXPERIÊNCIA DE CURITIBA
Além de Brasília, Curitiba também é uma das cidades brasileiras que se 
destaca no âmbito do planejamento urbano, tendo ficado famosa pelo seu sistema 
de transporte e pela presença de parques públicos espalhados ao longo da cidade. 
Para entendermos melhor como a capital paranaense foi construída, iniciamos a 
reflexão apresentando um recorte de um artigo científico que resume os principais 
fatos atrelados ao planejamento urbano de Curitiba.
O Planejamento Urbano em Curitiba
A fundação da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais ocorreu 
em 29 de março de 1693 quando o capitão-povoador Matheus Martins Leme, 
respondendo aos “apelos de paz, quietação e bem comum do povo”, promoveu 
a primeira eleição para a Câmara de Vereadores e a instalação da Vila, como 
exigiam as Ordenações Portuguesas. 
No ano de 1721 a vila passou a ser chamada de Curitiba. O responsável 
por esta mudança foi o ouvidor Raphael Pires Pardinho. O Ouvidor Pardinho 
estabeleceu, então, que as casas não poderiam ser construídas sem autorização 
da Câmara e deveriam ser cobertas com telhas, e que as ruas já iniciadas teriam 
que ser continuadas, para que a vila crescesse com uniformidade. Pode-se 
observar nestes fatos a preocupação existente para que a cidade pudesse se 
desenvolver organizadamente.
Em 1886 foi criado o Passeio Público em área de banhado do Rio Belém. 
Na oportunidade, a intenção era instituir nesta área de 70.000 m² um ambiente 
onde a população curitibana pudesse passar momentos de lazer com seus 
familiares e amigos.
Esta primeira iniciativa em Curitiba serviu de exemplo para que 
posteriormente as ações de planejamento urbano previssem a criação de 
espaços públicos de lazer para a população local e que, ainda, pudessem 
proteger margens dos rios que cortavam a cidade.
Em 1895, elaborou-se o Primeiro Código de Posturas e, em 1905, foi 
proibida a construção de casas de madeira no centro da cidade. Ainda neste 
ano, as ruas centrais foram calçadas e, em 1913, os bondes puxados por mulas 
foram substituídos pelos bondes elétricos (OLIVEIRA, 2001, p. 97). 
No ano de 1940 o então prefeito Rozaldo de Mello Leitão contratou 
a Empresa de Engenharia Coimbra Bueno & Cia Ltda para conceber o Plano 
Diretor de Curitiba. Esta, por sua vez, contratou para este trabalho o urbanista 
francês Alfredo Agache (1943), que tinha como normas diretivas:
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
116
1) O saneamento, com a drenagem dos banhados, canalização 
dos rios e ribeirões e construção da rede de esgotos; arborização 
de ruas e avenidas, criação de um horto municipal; 2) Circulação: 
descongestionamento do centro da cidade e criação das perimetrais 
externas (0,1,2,3); 3) Órgãos funcionais: construção de um centro 
destinado às atividades administrativas, criação de um centro 
comercial, de um centro militar e de uma cidade universitária na 
periferia da cidade (OLIVEIRA, 2001, p. 97).
Na década de 50 iniciou-se estudos de planejamento visando à preservação 
do meio ambiente, sendo que o novo código de posturas dispunha de legislação 
sobre a destinação de lixo e a extração de areia em áreas ainda não ocupadas da 
cidade. Ainda neste período surgiu a Comissão de Planejamento de Curitiba – 
COPLAC que possuía como objetivo, controlar espacialmente a cidade.
A Linha do Tempo, apresentada a seguir, serve para situar o leitor sobre 
como a cidade de Curitiba vem tratando do planejamento urbano. Pode-se 
observar que as ações de intervenção da prefeitura para modificar e melhorar 
as condições da cidade se dá em torno de dez anos. Afirmar que houve a 
tentativa de proporcionar crescimento ordenado no meio urbano de Curitiba 
é correto, mesmo observando que o crescimento espacial desta, por vezes, 
foi mais rápido do que as previsões e ações dos gestores municipais, o que 
incisivamente provocou em determinados bairros crescimento desordenado e 
ocupação de áreas protegidas. 
TABELA – LINHA DO TEMPO DAS AÇÕES DE PLANEJAMENTO EM CURITIBA
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
117
A participação popular cresceu no começo dos anos 80 e a cidade se 
voltou às ações sociais. Com isso, Curitiba continuou a promover iniciativas 
nas áreas de meio ambiente, transporte, habitação, saúde, educação e geração 
de emprego e renda. Estas e outras ações nomearam a cidade segundo a 
municipalidade de “capital ecológica” e o urbanismo aplicado nesta passou a 
se chamar de urbanismo ecológico. 
“Ao propor-se à ideia de Curitiba como ‘capital ecológica’, procurou-se 
criar no imaginário da população um sentido de ‘identificação’ com a cidade, 
um sentido de orgulho em ‘pertencer’ à cidade de Curitiba” (MENEZES, 
1996, p. 154).
O título de capital ecológica exerceu - e ainda exerce na década de 2000 
- apelo a ação ambiental em Curitiba. Este conceito largamente divulgado e 
incentivado pelos meios de comunicação reproduziu:
Ao longo do período um repertório de imagens simbólicas (“cidade 
brasileira com melhor qualidade de vida”, “cidade que pode salvar 
o mundo”, “cidade do futuro”, “cidade modelo” e outras), além da 
educação ambiental que foi outro ponto de sustentação na construção 
do cenário de “capital ecológica”, partindo do princípio de que “é 
mais fácil conscientizar a população a partir do problema local, do 
problema do dia a dia das pessoas”, a educação ambiental passou 
a fazer parte da filosofia das atividades de planejamento da cidade 
(MENEZES, 1996, p. 155). 
Este cenário propiciou intenso crescimento e modificações no território 
urbano. A intervenção dos planejadores em bairros e favelas pretendia como 
objetivo orientar a conscientização ambiental para que a população residente 
passasse a exercer cidadania aliada à melhoria de qualidade de vida. 
A educação ambiental nos parques públicos tinha por finalidade 
fazer com que a população assumisse os espaços públicos da cidade. 
O sentido de assumir não significa que a população deva substituir 
o serviço de manutenção do patrimônio e dos locais públicos 
executados pela Prefeitura, mas sim conhecer melhor, os “espaços 
de encontro” disponíveis na cidade e suas potencialidades para 
o lazer. O desejo era de integração da população com os espaços 
públicos resultasse numa tomada de consciência com relação à sua 
importância como participante ativa no processo de conservação do 
meio em que vive (MENEZES, 1996, p. 157). 
Deste modo, os gestores municipais passaram a intensificar ações isoladas 
de planejamento em extensões territoriais ao longo de rios e remanescentes. 
As áreas verdes amplamente divulgadas, serviram para atender e projetar o 
município externamente. Esta atitude demonstrou a tendência em propor a 
integraçãoe melhoria da qualidade de vida diante das novas perspectivas do 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
118
lazer aos curitibanos. A partir da implantação destes parques, o cenário urbano 
transforma a organização espacial da cidade, altera a paisagem e estimula a 
integração com o meio ambiente.
FONTE: RIBEIRO, R. M.; SILVEIRA, M. A. Planejamento urbano, lazer e turismo: os parques públicos 
em Curitiba–PR. Turismo - Visão e Ação, Curitiba, v. 8, n. 2, p. 309-321, fev. 2006. Disponível 
em: https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/rtva/article/view/293/254. Acesso em: 15 abr. 2019. 
Como podemos observar no relato anterior, já no ano de 1721 Curitiba 
demonstrava ter preocupações com o padrão de construções de casas e de 
arruamento, aspectos considerados positivos na trajetória de construção desta 
metrópole. Chama atenção também, a tônica colocada sobre os espaços públicos 
voltados para o uso dos pedestres, destoando, deste modo, das inspirações de 
planejamento urbano de Brasília, que estavam voltadas para o uso de carros. A 
ideia de planejamento urbano de Curitiba apresenta assim alguns princípios que 
a aproximam da concepção de cidades para as pessoas, tal como examinaremos a 
seguir e você poderá compreender. 
A preocupação com o saneamento que, conforme vimos no tópico anterior, 
constitui-se em um problema importante das metrópoles atuais, estava previsto 
no chamado Plano Agache, de 1943. A preocupação com a questão ambiental 
também esteve em evidência ao longo da história do planejamento urbano de 
Curitiba. Dentre os vários aspectos que ajudaram a compor a capital paranaense, 
chama atenção a criação dos parques urbanos. 
Os chamados parques urbanos referem-se às áreas públicas com amplos 
espaços verdes e situados dentro das cidades. São usualmente frequentadas pela 
população para a prática de esportes, atividades de lazer, entretenimento e como 
opção de contato com a natureza nos centros urbanos (SEMEIA, 2018). 
Sobre este tema, Ribeiro e Silveira (2006, p. 314) observam que: 
A primeira iniciativa de planejar parques em Curitiba data de 1886 
com a inauguração do Passeio Público de Curitiba. Esta intervenção no 
território foi motivada para sanear as margens do Rio Belém, naquela 
região um charco, através de sua canalização. Esta foi considerada a 
primeira obra de saneamento da cidade e trouxe à sociedade da época 
uma opção de lazer para as famílias nos finais de semana, já que neste 
local foi instalado o primeiro zoológico da cidade. Após a criação dos 
vários outros parques em Curitiba e a transferência de vários animais 
para o novo Zoológico, localizado no Parque Regional do Iguaçu, este 
espaço deixou de receber grande número de visitantes, no entanto, é 
caminho de passagem para turistas no trajeto percorrido pela Linha 
Turismo e consta em material publicitário da cidade. 
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
119
Oliveira (1996, p. 40) lembra que:
A criação de parques e bosques em áreas urbanas insere-se dentro da 
política de preservação ambiental e melhoria da qualidade de vida, 
definida com base no II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), 
de 1976. Essa política de preservação institucionalizou-se na forma de 
leis e decretos municipais somente no final dos anos 70. Isto provocaria 
uma substancial modificação da paisagem urbana devido à expressiva 
arborização e ao embelezamento e restauração de praças, jardins e 
logradouros públicos. 
Conforme fica evidente na fala de Oliveira (1996), políticas de incentivo 
a preservação ambiental e melhoria da qualidade de vida contribuíram 
positivamente para que parques e bosques urbanos fossem construídos em meio 
à metrópole paranaense dando continuidade ao que já vinha sendo executado 
desde o início da organização da cidade nos séculos anteriores. Os benefícios 
dos parques situados em áreas urbanas são diversos, incluindo sua dimensão 
estética, sua possibilidade de uso como um espaço de convívio da família e das 
comunidades para atividades de lazer, recreação e práticas de esportes. Seja 
pelo seu apelo estético ou por suas possibilidades de uso, os parques urbanos 
também se constituem de relevantes atrativos turísticos. Os parques podem ainda 
contribuir com a reconstrução da tranquilidade dos indivíduos.
Além disso, os parques urbanos desempenham ainda outras funções 
socioambientais relevantes, merecendo destaque a atenuação de ruídos e sua 
função enquanto condicionar do microclima (MARTINS; ARAÚJO, 2014). A 
respeito dos espaços verdes situados em áreas urbanas, Rodrigues, Pasqualetto e 
Garção (2017, p. 27) destacam que:
É inegável os benefícios proporcionados pelas áreas verdes. De 
modo efetivo, a arborização contribui para melhoria e estabilidade 
microclimática, pela redução das amplitudes térmicas, diminuição da 
insolação direta, elevação das taxas de evapotranspiração, redução na 
velocidade dos ventos, dentre outros fatores de forma indireta, como 
redução da poluição visual, sonora, e valorização econômica das 
propriedades. 
Tal como se observa, são diversos os benefícios propiciados pelas áreas 
verdes nas cidades. Por conta disso, os planos diretores da cidade precisam estar 
atentos à necessidade que a população apresenta em usufruir de tais espaços, 
privilegiando ações voltadas para a expansão e manutenção de tais espaços 
públicos. Na reportagem exposta a seguir, comenta-se a respeito dos benefícios 
dos parques urbanos para as metrópoles, acompanhe: 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
120
Entenda a importância dos parques para o equilíbrio das metrópoles
As áreas verdes são os pulmões das cidades. Elas impactam positivamente na 
qualidade de vida de quem mora no seu entorno ou usufrui de sua estrutura
Morar pertinho de um parque, com pássaros, lagos e flores, e ter onde 
recarregar as energias em meio ao concreto é qualidade de vida para quem está 
nas metrópoles. Ao respirar fundo o ar mais puro das áreas arborizadas, além 
de aliviar o estresse da rotina moderna, o indivíduo afasta a possibilidade até 
mesmo de desenvolver doenças como depressão e ansiedade.
No Brasil, ao menos seis grandes cidades estão entre as mais arborizadas 
e todas elas contam com espaços verdes em suas áreas urbanas que cumprem 
esse papel: parques como o Farroupilha, em Porto Alegre, Flamboyant, em 
Goiânia, Serra do Curral, em Belo Horizonte, Lagoa do Taquaral, em Campinas, 
Jardim Botânico, em Curitiba e o Ibirapuera, em São Paulo.
A importância dos parques nessas estruturas urbanas é vital. Os parques 
funcionam como pulmões para a comunidade. “Pode-se dizer que são uma 
espécie de ar condicionado dentro das cidades. Uma metrópole de concreto, 
totalmente asfaltada, com muito cimento, não consegue reter a umidade e essas 
áreas ajudam a regular o clima”, explica Ângela Kuczach, diretora executiva da 
ONG Rede Nacional Pró Unidades de Conservação (Rede Pró UC).
As áreas verdes fazem ainda fazem mais pelo entorno. Elas servem, 
destaca Ângela, para mostrar ao homem que a natureza não depende dele 
para viver, ao contrário, é ele, o homem, quem depende da natureza. “As 
árvores fornecem oxigênio, mas não é só isso, tem a questão do bem-estar. 
É comprovado que estar em meio à natureza diminui o estresse e melhora a 
qualidade de vida”, diz. Os parques garantem o equilíbrio climático e uma boa 
qualidade do ar.
Além dos parques em si, a presença de árvores nas ruas e avenidas 
também impacta positivamente na vida das cidades. Essas mesmas seis cidades, 
Goiânia, Campinas, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e São Paulo estão no 
topo do ranking de arborização, de acordo com o último censo do IBGE de 2010.
Goiânia tem a maior proporção no país de domicílios com arborização 
nas quadras, com um índice de 89,5%. O levantamento levou em consideração 
apenas os municípios com mais de 1 milhão de habitantes. O estudo aponta 
também que quanto maior a arborização, melhor as condições do entorno. 
“São cidades que melhor respeitam os parâmetros urbanísticose equilibram 
urbanização com o plantio de árvores, por exemplo. Isso traz para a comunidade 
local não só um espaço de lazer, mas mostra o quanto é importante ter este 
contato com a natureza”, analisa Heitor Rodrigues Liberato Júnior, presidente 
da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana.
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
121
Mais qualidade de vida
O impacto de um parque em uma cidade vai além da função ecológica, 
estética e de lazer. “As áreas verdes nas cidades ajudam a manter a temperatura 
mais baixa, evitando as ilhas de calor, que são bastante frequentes em grandes 
metrópoles de intensa urbanização”, explica o presidente da Sociedade 
Brasileira de Arborização Urbana.
Muito mais do que uma mancha verde em meio ao concreto, os 
parques nas grandes metrópoles trazem benefícios reais à população. Ele 
cita como exemplo positivo de investimento em arborização o caso de Nova 
York, nos Estados Unidos. “Na época do governo Obama (Barack) foi feito 
um levantamento a respeito das áreas verdes e foi constatado que cada US$1 
investido no plantio de árvores gerava uma economia de US$2 em saúde”, 
destaca.
As principais áreas verdes das cidades mais arborizadas do país
Parque Flamboyant, em Goiânia - Em uma área superior a 125 mil 
metros quadrados, o parque concentra árvores nativas do Cerrado. Entre seus 
espaços comunitários estão pistas de corrida e ciclovia. É um convite à prática 
esportiva. Além disso, conta com dois lagos e área infantil.
Lagoa do Taquaral, Campinas - Considerado um dos mais importantes 
espaços de lazer da cidade, o parque reúne diversos espaços para atividades 
recreativas e culturais. Mas não é só isso! Além da área bastante arborizada no 
entorno da lagoa, há bosques para piquenique e um viveiro de pássaros.
Parque da Serra do Curral, Belo Horizonte - Com 400 mil quadrados, 
o parque tem espécies de Cerrado e Campo de Altitude. Além disso, mantém 
vestígios de Mata Atlântica. Você pode passear por córregos, fazer trilhas e 
curtir a vista em mirantes. O que não falta são áreas de convívio e muito espaço 
para relaxar e apreciar a natureza.
Parque Farroupilha, Porto Alegre - Conhecido como Parque da 
Redenção, reúne mais 10 mil árvores. Durante a floração, na Primavera, o 
colorido de espécies como o Ypê-roxo encantam quem passa pela região. 
Entre as atrações estão o lago, o espelho d’água e o chafariz. A Redenção 
conta ainda com o auditório Araújo Vianna, que recebe shows e espetáculos 
durante o ano todo.
Jardim Botânico, Curitiba - Área de proteção, o parque conta com 
coleções de plantas que são fontes de estudo e pesquisa. Com 178 mil metros 
quadrados, contabiliza mais de 60 espécies vegetais e mais de 40% de sua área 
total é um bosque de preservação permanente. Além dos moradores, o local 
atrai visitantes o ano todo.
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
122
Ibirapuera, São Paulo - Com uma área superior a 1,5 milhão metros 
quadrados, o Ibirapuera é um dos parques mais visitados da América Latina. 
Em seus domínios, o visitante encontra museus, como o Museu de Arte 
Contemporânea, auditório, planetário, viveiro e muitos, mas muitos locais 
para curtir a natureza e praticar esportes ao ar livre.
FONTE: <https://g1.globo.com/especial-publicitario/em-movimento/noticia/2018/07/23/entenda-
a-importancia-dos-parques-para-o-equilibrio-das-metropoles.ghtml>. Acesso em: 2 maio 2019. 
Você já havia pensado sobre os diversos benefícios que um parque 
urbano pode trazer para uma cidade? Para finalizar este assunto e retomarmos 
para a experiência de Curitiba, na atualidade a cidade conta com diversos 
parques e bosques, tais como o Bosque Alemão, Bosque Italiano, Bosque de 
Portugal, Parque Barigui, Parque Tanguá, Parque Tingui entre vários outros. 
Observe algumas imagens. 
FIGURA 14 – PARQUE TANGUÁ EM CURITIBA – PR
FONTE: <https://www.ademilar.com.br/blog/onde-morar/conheca-parque-tangua-curitiba/>. 
Acesso em: 2 maio 2019.
FIGURA 15 – PARQUE BARIGUI EM CURITIBA – PR
FONTE: <https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303441-d553398-
i68260668-Parque_Barigui-Curitiba_State_of_Parana.html>. Acesso em: 2 maio 2019.
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
123
Vale ressaltar que algumas das áreas transformadas em parques em 
Curitiba fazem parte de um processo de recuperação de áreas degradadas, como 
é o caso do parque Tanguá, que inicialmente era destinado a uma pedreira e, do 
parque São Lourenço que anteriormente havia sido uma fábrica de adubos e de 
cola. Ou seja, observe que os parques podem ser uma alternativa para recuperar 
áreas que foram degradadas e que não são mais adequadas para desenvolver 
determinadas atividades econômicas. 
Para finalizar este tópico, deixamos como sugestão o plano de aula a 
seguir que permite trabalhar aspectos relacionados ao planejamento ou da falta 
dele com os alunos do Ensino Médio. 
A importância do planejamento urbano para as cidades
Autor: Thiago Gerheim de Andrade 
Coautor(es): Bárbara da Silva Santiago
Estrutura Curricular:
• Modalidade – nível de ensino: Ensino Médio.
• Componente curricular: Geografia.
Tema: Estrutura e dinâmica de diferentes espaços urbanos e o modo de vida 
na cidade.
Dados da aula: o que o aluno poderá aprender com esta aula.
Perceber como o planejamento das cidades, em todas as esferas que as 
englobam, ajudam no crescimento destas e na melhoria da qualidade de vida 
dos moradores. 
Duração das atividades: 3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos	prévios	trabalhados	pelo	professor	com	o	aluno: que 
o aluno tenha conhecimento das principais causas do crescimento/inchaço das 
cidades.
Estratégias e recursos da aula
ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR(A): Professor, esta aula tem como 
objetivo mostrar a importância do planejamento das cidades, e caso exista, 
trabalhar o plano diretor do município.
 
AULA 1
 
Momento 1: mostrar aos alunos as duas imagens a seguir e pedir que 
eles respondam às questões propostas. (Esta atividade pode ser entregue aos 
alunos e as respostas às questões serem escritas ou o professor poderá levantá-
las em forma de debate e os alunos podem ir respondendo de forma oral).
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
124
FIGURA – FOTO AÉREA DE TERESÓPOLIS/RJ
FONTE: <http://www.tyba.com.br/portugues/minha_conta/ampliacao.php?file=cd218_238>. 
Acesso em: 20 abr. 2012.
FIGURA – FOTO AÉREA DE CURITIBA
FONTE: <http://www.flickr.com/photos/fotoaereabrasil/4363086025/>. Acesso em: 
20 abr. 2012.
1) O que você percebe de igual nessas duas fotos?
2) O que você percebe de diferente nas fotos?
3) Consegue identificar quais são as duas cidades?
4) Com relação ao crescimento dessas cidades, analisando somente as fotos é 
possível dizer qual suportaria esse crescimento com melhor qualidade? Por 
quê?
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
125
 Momento 2: apresente aos alunos as charges a seguir: (elas irão nortear os 
principais problemas referentes ao planejamento urbano nas cidades brasileiras).
FIGURA – CHARGE 1
FONTE: <http://architetandoverde.blogspot.com.br/2011/09/sustentabilidade-urbana.html>. 
Acesso em: 20 abr. 2012.  
FIGURA – CHARGE 2
FONTE: <http://www.eucurtoeucuido.com.br/site/noticias.php>. Acesso em: 20 abr. 2012. 
FIGURA – CHARGE 3
FONTE: <http://weslen.pereira.zip.net/>. Acesso em: 20 abr. 2012. 
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
126
FIGURA – CHARGE 4
A diferença entre 
estado de alerta ...
e estado
de calamidade.
FONTE: <http://www.matutando.com/charge-diferenca-entre-estado-de-alerta-estado-de-
calamidade/>. Acesso em: 20 abr. 2012.
FIGURA – CHARGE 5
FONTE: <http://www.matutando.com/charge-enchentes/>. Acesso em: 20 abr. 2012. 
FIGURA – CHARGE 6
Espere,
vai começar
"Insensato
Coração"!
Seja
sensata e 
saia logo
dai!
FONTE: <http://www.ambrosia.com.br/2012/04/03/o-universo-de-angeli/ocupacao-angeli-
charge-transito/>. Acesso em: 20 abr. 2012. 
TÓPICO 2 | ASPECTOS POSITIVOS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
127
AULA 2
 
Momento 1: o Professordeverá apresentar aos alunos o plano 
diretor do município, considerando ser este um instrumento da política de 
desenvolvimento dos municípios com a finalidade de orientar a atuação do 
poder público e privado na construção dos espaços urbanos essenciais, visando 
assegurar melhores condições de vida para a população.
Momento 2: propor uma atividade aos alunos de investigação em 
campo.
Os alunos serão divididos em seis grupos e caberá a cada grupo produzir 
um vídeo de sua cidade com base nos problemas urbanos apresentados nas 
charges.
Com caráter informativo, este material servirá para os alunos 
perceberem se o município está se preocupando e se organizando para resolver 
os principais problemas ligados ao planejamento urbano.
Os alunos, além de imagens, poderão consultar e entrevistar 
representantes do poder público ligados ao problema em questão.
 
AULA 3
 
Momento 1: estes vídeos, depois de editados pelos próprios alunos, 
serão apresentados para toda a turma.
Momento 2: com o uso dos vídeos o professor deverá fazer as 
considerações com relação ao planejamento em seu município utilizando da 
realidade de campo (trabalho feito pelos alunos).
Recursos Complementares
Perspectivas do Planejamento Urbano no Brasil (http://www.
flaviovillaca.arq.br/pdf/campo_gde.pdf).
A importância do Plano Diretor para os Municípios (http://www.
sebraesp.com.br/Institucional/PoliticasPublicas/Documents/cartilha_diretor.
pdf). 
Avaliação
A participação da turma em todos os momentos e o empenho na 
realização da atividade de campo deverá ser a forma de avaliar a turma nessa 
aula.
FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=40793>. Acesso 
em: 3 maio 2019. 
128
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Sob o prisma do planejamento urbano, a criação de Brasília recebe a interferência 
de dois conceitos em alta naquele momento histórico: os princípios da Carta de 
Atenas e modelo das “Cidades Jardim” de Ebenezer Howard.
• A criação de Brasília foi apontada como marco das intenções que previam o 
desenvolvimento da região do Planalto Central e, por ter sido projetada de 
acordo com diretrizes modernas é considerada uma expressão do urbanismo 
moderno.
• A ideia de uma capital moderna como nova representante política do Brasil 
traduzia um projeto de sociedade num momento de grande desenvolvimento 
econômico no país. 
• A concepção de Brasília ocorreu concomitantemente com o boom da indústria 
automobilística.
• O projeto da construção de Brasília como uma “cidade do futuro” moderna 
pode ser associado ao projeto de mudança política, administrativa e espacial 
da capital brasileira para o interior do Brasil, região conhecida anteriormente 
pelo baixo povoamento e atraso de desenvolvimento econômico e social — 
o projeto de construção de uma capital moderna no interior do país visava 
alterar essa imagem.
• Os arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foram importantes atores na 
construção de Brasília. 
• Curitiba é uma das cidades brasileiras que se destaca no âmbito do planejamento 
urbano, tendo ficado famosa pelo seu sistema de transporte e pela presença de 
parques públicos espalhados ao longo da cidade.
• Os chamados parques urbanos referem-se às áreas públicas com amplos 
espaços verdes e situados dentro das cidades.
• Os benefícios dos parques situados em áreas urbanas são diversos, incluindo 
sua dimensão estética, sua possibilidade de uso como um espaço de convívio 
da família e das comunidades para atividades de lazer, recreação e práticas de 
esportes.
• Os parques urbanos desempenham funções socioambientais relevantes, 
merecendo destaque a atenuação de ruídos e sua função enquanto condicionar 
do microclima.
129
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2011)
Existem diferenças fundamentais no processo de urbanização de 
países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Um dos exemplos de cidade de país 
desenvolvido é Frankfurt, na Alemanha, e um outro exemplo de cidade em 
país subdesenvolvido é Cabul, no Afeganistão. Com base no enunciado e nas 
figuras anteriores, assinale a opção que expressa características de urbanização 
em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, respectivamente. 
a) ( ) Formação de rede urbana mais recente, ligada à Primeira Revolução 
Industrial; existência de rede urbana bastante simples, mas completa na 
maioria dos países. 
b) ( ) Formação de rede urbana mais aberta e inconsolada; existência de rede 
urbana mais antiga, em especial após a Primeira Guerra Mundial. 
c) ( ) Formação de rede urbana mais antiga, ligada à Segunda Revolução 
Industrial; existência de rede urbana mais recente, em especial após a 
Segunda Guerra Mundial. 
d) ( ) Formação de rede urbana mais densa e interligada; existência de rede 
urbana bastante rarefeita e incompleta na maioria dos países. 
e) ( ) Formação de rede urbana acelerada e direcionada para um número 
reduzido de cidades; existência de rede urbana moderna, mas inacabada 
na maioria dos países. 
FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2011/GEOGRAFIA.
pdf>. Acesso em: 22 ago. 2019.
2 Os parques urbanos são áreas verdes que podem trazer qualidade de vida 
para a população das cidades. Dentre os benefícios proporcionados por tais 
espaços, é INCORRETO afirmar que:
a) ( ) Eles proporcionam contato com a natureza.
b) ( ) Permitem a realização de práticas de recreação e de lazer.
c) ( ) Representam um espaço de uso restrito aos turistas.
d) ( ) Colaboram com a qualidade de vida das áreas urbanas.
130
3 O projeto da construção de Brasília como uma “cidade do futuro” moderna 
pode ser associado a um projeto de mudança política. Com relação à 
transferência da capital brasileira e à construção de Brasília, analise as 
sentenças a seguir:
I- Os objetivos da transferência da capital do Brasil para o Planalto Central 
incluem o estímulo ao povoamento e ao desenvolvimento das regiões 
interioranas do país,
PORQUE 
II- Nesta época, a grande maioria da população brasileira estava concentrada 
nas regiões próximas ao litoral.
A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa 
da I. 
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma 
justificativa da I. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
131
TÓPICO 3
O ESPAÇO URBANO E O TURISMO
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
No âmbito dos estudos da Geografia Urbana, nos interessa compreender os 
diferentes processos e atividades que se desenrolam no espaço urbano, as causas 
e condições que o engendram e, por conseguinte, as derivações que decorrem 
desta dinâmica espacial. Neste sentido, o objetivo deste tópico é explicar de que 
forma o turismo se relaciona com o espaço urbano. 
Vamos conhecer também as relações entre turismo cultural patrimônio e 
espaços urbanos. Você vai entender que a prática do turismo cultural ocorre tanto 
em espaços tradicionalmente conhecidos, tais como igrejas, museus e teatros bem 
como, se manifesta através de passeios por zonas urbanas. Outro ponto a ser 
analisado, é que a experiência turística acontece apoiada tanto em elementos 
concretos, como praças e centros históricos, tal como, abarca dimensões subjetivas 
e tácitas. Também iremos discutir a relevância do planejamento turístico. Venha 
conosco!
2 TURISMO NOS ESPAÇOS URBANOS
Existem muitas formas adotadas para classificar os diferentes tipos de 
turismo. O critério utilizado depende do enfoque pretendido. Quando o elemento 
central da classificação é o turismo, é recorrente a categorização da atividade 
turística com base na motivação da viagem. Deste entendimento, derivam 
tipologias de turismo como: turismo religioso, turismo de negócios ou turismo 
de aventura. Vale ressaltar, que esta forma de classificação elege uma motivação 
principal — que não é exclusiva. Para exemplificar,imagine um turista que tenha 
como motivação principal de uma viagem, o apelo religioso e a experiência de fé 
que a viagem irá lhe proporcionar e que decide ir conhecer o Vaticano. Ainda que 
a motivação principal seja religiosa, é muito possível que este turista desfrute de 
experiências relacionadas ao turismo gastronômico, por exemplo. 
132
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
Outra forma de organizar e classificar as atividades turísticas, é adotar 
como critério a dimensão espacial da atividade, tendo como aspecto central o 
“onde” em qual espaço o turismo ocorre. Seguindo este pensamento, podemos 
refletir que o turismo no espaço rural, por exemplo, abarca amplo conjunto de 
práticas turísticas, tais como: o turismo de aventura, o turismo de natureza ou o 
agroturismo.
Ao discorrer sobre a natureza do turismo, Funari e Pinsky (2007, p. 7) 
pontuam: 
Por que as pessoas se deslocam, aos milhões? Pelas mais diferentes 
razões os objetivos da viagem podem ser o descanso, a diversão, mas 
também o trabalho, o aprendizado ou o aperfeiçoamento profissional, 
entre muitos outros. Todas essas movimentações implicam contato 
humano e cultural, troca de experiencias entre os viajantes e a 
população local.
Da mesma forma, o turismo no espaço urbano envolve diferentes tipologias 
de turismo, tais como o turismo de negócios, o turismo de eventos e o turismo 
cultural. A este respeito, observa-se que a prática do turismo pode contribuir para 
a conservação do patrimônio histórico das cidades. Para Henriques (2003) são 
muitas as motivações para que procurem destinos urbanos, podendo incluir neste 
rol a vontade de visitar familiares e amigos, viagens relacionadas ao universo do 
trabalho (visitas a clientes, congressos, feiras e reuniões) e fazer compras. Em se 
tratando da motivação de fazer compras, Henriques (2003, p. 165) esclarece que: 
“embora como principal motivação de turismo, nomeadamente internacional, 
não seja comum, ou tenha relevância apenas para segmentos bastante restritos 
e diferenciados de mercado, constitui causa frequente de deslocações de curta 
duração”. Este é o caso, por exemplo, de pessoas que residem em áreas que 
dispõem de uma gama de oferta de serviços e produtos menos vasta e sofisticada 
do que aquelas que são encontradas nas cidades maiores. Complementando esta 
análise, Henriques (2003, p. 165) observa que:
Assistir um acontecimento desportivo ou espetáculo, conhecer 
ou rever um museu, divertir-se num parque temático, fruir certa 
paisagem ou ambiente urbano, são outras motivações possíveis para 
visitar a cidade. (...) Já quem vai a Nova Iorque ou São Francisco, quem 
visita Salvador ou Buenos Aires, quem se aventura por Bombaim ou 
Marraquexe, vai, normalmente, ou na maior parte das situações, não 
por um determinado aspecto ou elemento em particular, mas pela 
própria experiência de viver a cidade, o seu colorido e movimento, 
respirar a atmosfera local, imbuir-se do espírito do lugar. Outras vezes 
ainda, não será tanto uma vontade específica, um qualquer interesse 
em concreto, mas mais o simples desejo de evasão, a vontade de gozar 
de uns dias de descanso e mudar de ambiente a justificar a viagem.
TÓPICO 3 | O ESPAÇO URBANO E O TURISMO
133
E você, gosta de viajar? Se pudesse escolher um destino para conhecer, 
qual seria? Seria um espaço natural ou urbano? Ao fazer este agradável exercício 
mental, observe que é muito provável que um amplo espectro de motivações 
cruze a sua mente ao mesmo tempo. E esta reflexão irá ajudá-lo a compreender 
que as motivações de viagem e os distintos modos de como cada atrativo turístico 
é desfrutado por cada turista. 
Ao entrar em uma igreja com relevantes atributos estéticos e históricos, é 
possível tirar uma fotografia em frente à escadaria principal e olhar brevemente o 
interior da mesma, ou então, é possível adentrar nesta igreja, se aquietar, observar 
cada detalhe que compõem o altar, imaginar quantas celebrações religiosas já 
aconteceram neste espaço, pensar em quantas pessoas já tiveram experiências de 
fé neste espaço, fazer uma prece, tirar algumas fotografias e então partir. Com 
este exemplo, nos interessa realçar que não existem visitas melhores ou piores, 
são visitas que ocorrem por motivações diferentes. Vale lembrar que, quando 
da ocasião da realização do planejamento turístico de uma cidade, é importante 
conhecer os diferentes tipos de turistas que irão visitar os atrativos e as implicações 
decorrentes destas distintas formas de uso. 
Ainda sobre este assunto, convém ressaltar dois aspectos centrais. O 
primeiro diz respeito à relação entre o turismo e a comunidade local. Tendo 
em vista que estes dois atores sociais se utilizam do mesmo espaço, menciona-
se que uma cidade, antes de atrair visitantes, deveria ser atraente para a 
própria comunidade. Evidentemente, se pensarmos que parte da experiência 
turística está pautada na busca pelo diferente, é “natural”, que um museu que 
conte a história dos colonizadores de determinado município, exerça mais 
atração aos visitantes advindos de outras cidades do que dos residentes, que 
possivelmente já conhecem a história. Ainda assim, nos interessa ressaltar que 
uma cidade turística poderia (e deveria) ser agradável e aprazível aos seus 
próprios citadinos. Retomando o exemplo dos parques urbanos de Curitiba, 
analisados no tópico anterior, tem-se um exemplo concreto de atrativo turístico 
e de atrativo para a comunidade. 
O segundo elemento a ser destacado é que o turismo é uma atividade 
que requer planejamento e organização. Para que a comunidade local possa 
desfrutar dos efeitos positivos advindos da cadeia multiplicadora do turismo 
(aqueles benefícios econômicos diretos e indiretos que acabam beneficiando 
a economia da cidade, seja pela arrecadação de impostos ou pelo estímulo à 
economia e aos empregos locais) o planejamento da atividade é fundamental. É 
mediante o planejamento turístico (e por conseguinte, a execução do mesmo) que 
os eventuais impactos negativos da atividade turística podem ser minimizados, 
que a utilização e conservação do patrimônio cultural pode ocorrer de forma 
equilibrada e ainda, trata-se de uma prática que permite o envolvimento da 
comunidade local em assuntos nos quais a participação da mesma é relevante.
134
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
3 TURISMO CULTURAL E PATRIMÔNIO
Dando continuidade ao debate sobre as formas de turismo que ocorrem 
no espaço urbano, nos aproximamos dos termos turismo cultural e patrimônio. 
Ao discorrer sobre a origem do termo patrimônio, Rodrigues (2007, p. 16) 
explica que:
A palavra patrimônio pode assumir sentidos diversos. Originalmente 
esteve relacionada à herança familiar, mais diretamente aos bens 
materiais. No século XVIII, quando, na França, o poder público 
começou a tomar as primeiras medidas de proteção aos monumentos 
de valor para a história das nações, o uso de “patrimônio” estendeu-se 
para os bens protegidos por lei e pela ação de órgãos especialmente 
constituídos, nomeando o conjunto de bens culturais de uma nação.
Ao pensarmos em patrimônio e turismo, é adequado entendermos que 
a ideia de patrimônio cultural é abrangente e ultrapassa as paredes dos antigos 
casarios e dos tetos maravilhosos das igrejas que foram pintadas a mão. Para 
ajudar a esclarecer esta ideia, selecionamos a explicação de Funari e Pinsky (2007, 
p. 8) a respeito do assunto.
O que entendemos por Patrimônio Cultural?
[...] Pode-se e deve-se, portanto, discutir se o fato em si do deslocamento 
já constitui um fato cultural. Talvez seja mais adequado observar que o turismo 
cultural efetiva-se quando da apropriação de algo que possa ser caracterizado 
como bem cultural, seja o que for. Antes que nos entendam mal, não estamos 
nos referindo a apropriar-se de um cinzeiro num café parisiense, um coral em 
Fernando de Noronha ou um santo barroco sobrevivente em uma igreja de 
Ouro Preto. Uma caminhada demorada pelo Quartier Latin, em Paris, pode ser 
culturalmente maisexpressiva que uma visita burocrática ao Museu do Louvre 
(e seguramente mais do que uma tarde no Magazine Printemps), da mesma 
forma que simples feijão com arroz num pequeno restaurante frequentado por 
baianos, na Baixa do Sapateiro, em Salvador, pode nos ajudar a entender mais 
a cidade do que um vatapá saboreado na companhia de uma legião de turistas.
Chegamos então ao ponto do que é e do que pode ser considerado 
patrimônio cultural. Poderíamos mesmo dizer que patrimônio cultural é tudo 
aquilo que constitui um bem apropriado pelo homem, com suas características 
únicas e particulares. Enquanto um sanduíche do McDonald’s busca ser 
rigorosamente igual em todo o mundo, dos ingredientes básicos ao tempero, da 
forma de servir aos acompanhamentos, um mesmo peixe pode ser preparado, 
a sua maneira, por diferentes cozinheiros: embrulhado em folhas de banana, 
no litoral paulista; com leite de coco e azeite de dendê no litoral baiano; 
cozido lentamente em panelas de barro nas moquecas capixabas; como filé, 
na manteiga, acompanhado de molho de alcaparras em restaurantes elegantes 
e simplesmente frito “a doré”, na beira da praia. Tanto o hambúrguer do Mc 
TÓPICO 3 | O ESPAÇO URBANO E O TURISMO
135
quanto o peixe podem ser vistos como bens culturais. O sanduíche, porém, 
representa um bem cultural global, padronizado, que passa a ideia de que 
as pessoas viajam, mas não saem do lugar. O pescado, neste exemplo, é uma 
iguaria local e é esta particularidade que muitos de nós buscam quando vão 
viajar (ainda que possamos, também, refugiarmo-nos no sanduíche, quando 
cansamos da imersão na cultura local).
Às vezes, a solenidade atribuída ao termo patrimônio sugere que 
dele façam parte apenas os grandes edifícios ou grandes obras de arte, mas 
o patrimônio cultural abrange tudo que constitui parte do engenho humano 
e, por isso, pode estar no cerne mesmo do turismo. Desta forma, podemos 
e devemos ampliar muito a nossa compreensão do conceito, com todas as 
implicações decorrentes das epistemológicas às práticas.
O turismo tende a considerar o patrimônio cultural como aquele que se 
volta para certos tipos de atividade mais propriamente “culturais”, tais como 
as visitas a museus, a cidades históricas ou a roteiros temáticos, como a rota dos 
queijos e dos vinhos, por exemplo. Este é um aspecto importante do turismo 
moderno, pois os maiores países, regiões e cidades receptoras de turistas 
podem ser identificados como destinos ávidos por cultura, como é o caso da 
Itália, o país com o maior número de patrimónios tombados pela Unesco, mas 
também da França, Egito, Grécia, Turquia e Grã-Bretanha. No Brasil, este é o 
caso das cidades coloniais de Minas Gerais e das missões jesuíticas no Sul. [...] 
Ainda que a política de patrimônio tenha preservado muito desigualmente os 
bens culturais, com o predomínio do grandioso e rebuscado em detrimento 
daquilo que representava os costumes e anseios de muitos, não cabe dúvida de 
que o contato direto com museus, edifícios e artefatos históricos permite uma 
salutar abertura para a variedade cultural, no passado e no presente. 
FONTE: FUNARI, P. P. A.; PINSKY, J. Turismo e patrimônio cultural. São Paulo: Contexto, 2007.
Notou na explicação de Funari e Pinsky (2007) como o conceito de 
patrimônio é amplo e fundamental para pensarmos sobre a prática do turismo nos 
espaços urbanos? Conhecer e entender o patrimônio de cada cidade é um ponto 
fundamental para o planejamento turístico e para propiciar uma experiência 
turística agradável ao visitante. Analisando este tema sob o prisma da geografia 
urbana, fica evidente que embora o turista se desloque para conhecer o padrão 
arquitetônico e a morfologia urbana de uma cidade (por exemplo), elementos 
estes que fazem com que a cidade visitada seja diferente da cidade de origem, 
os aspectos mais tácitos e subjetivos do patrimônio também irão fazer parte da 
experiência do visitante. Isto é, imagine um turista que observa atentamente o 
casario histórico de uma cidade colonial. No seu exercício de contemplar, ele 
também poderá estar atento ao modo como as pessoas caminham pelas ruas, o 
que elas estão fazendo, quais são os sons que caracterizam a cidade e uma série 
de outros aspectos, que ao longo da vivência do turista, caminham lado a lado, 
conferindo autenticidade as cidades, lugares e paisagens. 
136
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
Sobre este assunto, Rodrigues (2007, p.15) explica que: 
O turismo cultural, tal qual o concebemos atualmente, implica não 
apenas a oferta de espetáculos ou eventos, mas também a existência 
e preservação de um patrimônio cultural representado por museus, 
monumentos e locais históricos. Além do valor cultural específico, 
do ponto de vista do turismo cultural, esses bens materiais possuem 
outro valor, o de serem objetos indispensáveis, cujo consumo constitui 
a base de sustentação da própria atividade. 
Em face ao exposto, fica evidente a necessidade de se preservar o 
patrimônio histórico das nossas cidades. Sabe-se, contudo, que os trâmites 
e processos de preservação do patrimônio requerem importante esforço de 
negociação os diversos setores sociais, envolvendo cidadãos e poder público. 
Selecionamos algumas imagens de destinos urbanos que foram tombados como 
Patrimônios Históricos e Culturais da Humanidade que foram tombados pela 
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) 
no Brasil. Acompanhe! 
FIGURA 16 – CENTRO HISTÓRICO DE OURO PRETO (MG)
FONTE: <https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/patrimonios-culturais-da-humanidade-
unesco-brasil/>. Acesso em: 25 jul. 2019.
TÓPICO 3 | O ESPAÇO URBANO E O TURISMO
137
FIGURA 17 – CENTRO HISTÓRICO DE OLINDA (PE)
FONTE: <https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/patrimonios-culturais-da-humanidade-
unesco-brasil/>. Acesso em: 25 jul. 2019.
FIGURA 18 – RUÍNAS DE SÃO MIGUEL DAS MISSÕES (RS)
FONTE: <https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/patrimonios-culturais-da-humanidade-
unesco-brasil/>. Acesso em: 25 jul. 2019.
Preservar o patrimônio histórico e cultural das cidades — de forma 
eficiente e organizada — é uma prática benéfica para os residentes e para os 
visitantes, pois, como disse Rodrigues (2007, p. 17): 
138
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
A partir do final da década de 1970, verificou-se a valorização do 
patrimônio cultural como um fator de memória das sociedades. Hoje 
entendemos que, além de servir ao conhecimento do passado, os 
remanescentes materiais de cultura são testemunhos de experiencias 
vividas, coletiva ou individualmente, e permitem aos homens lembrar 
e ampliar o sentimento de pertencer a um mesmo espaço, de partilhar 
uma mesma cultura e desenvolver a percepção de um conjunto de 
elementos comuns, que fornecem o sentido de grupo e compõem a 
identidade coletiva. Assim, acreditamos que preservar o patrimônio 
cultural – objetos, documentos escritos, imagens, traçados urbanos, 
áreas naturais, paisagens e edificações – é garantir que a sociedade 
tenha maiores oportunidade de perceber a si própria.
DICAS
Para encerrar esta unidade, selecionamos uma proposta de plano de aula voltada 
para o ensino fundamental para trabalhar a temática do turismo nos espaços urbanos com os 
seus futuros alunos. Disponível no link: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.
html?aula=36864.
NOTA
Para conhecer mais sobre a prática do turismo nos espaços urbanos, acompanhe 
a leitura complementar que selecionamos para você a seguir. Boa leitura!
TÓPICO 3 | O ESPAÇO URBANO E O TURISMO
139
LEITURA COMPLEMENTAR
A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO EM FUNÇÃO 
DO TURISMO
Rachel Sant'Anna Murta
A	transformação	do	espaço	urbano	
A organização dos elementos que compõem o espaço urbano se dá a partir 
do estabelecimento de relações de ordem associadas a uma hierarquia de valores. 
Quando se pensa o desenvolvimento do turismo como uma possibilidade para 
uma determinada localidade configurada como área urbana, é preciso buscar noespaço dessa localidade os meios existentes para que as propostas relativas às 
atividades turísticas sejam bem-sucedidas. Castrogiovanni (2000) acredita que: 
O espaço deve ser visto como um fator da evolução social, portanto, 
produzido e reproduzido constantemente. O movimento histórico é 
que constrói o espaço, que é uma instância da sociedade, portanto, 
como instância, contém e é contido pelas demais instâncias. As cidades 
são partes representativas da complexidade que é o espaço geográfico. 
As instâncias móveis das cidades, ou seja, os fluxos, são importantes, 
pois são eles que dão vida aos fixos. Os turistas, papel que assumimos 
quando estamos em movimento no espaço, fazem parte dos fluxos. 
Eles não são meros observadores deste espetáculo de interações, mas 
parte dele. Os fluxos também interagem, formam resistências, aceleram 
mudanças, criam expectativas, desconstroem o aparentemente rígido 
cenário urbano (CASTROGIOVANNI, 2000, p. 24).
Esse autor considera que sobre a paisagem urbana projetam-se duas 
perspectivas: a visão global e a visão específica. A visão global abrange o conjunto 
regional como uma totalidade, partindo do geral para o específico, sugerindo uma 
leitura de conjunto em que é possível perceber a paisagem natural e a paisagem 
construída. A visão específica destaca os elementos marcantes e singulares da 
paisagem urbana, o que exige uma leitura minuciosa e atenta, e nela se incluem 
os indivíduos urbanos, considerados por Castrogiovanni (2000, p. 28) como “os 
atores que se movimentam e ajudam a construir o espaço urbano, portanto, 
a diferenciá-lo”. Suas ações marcam o espaço, criando sinais e signos que são 
historicamente incorporados à paisagem. Essas marcas ou marcos referenciais 
podem ser reconhecidos e destacados na paisagem por sua presença física ou por 
seu valor simbólico e contribuem para a configuração do espaço também como 
um recurso turístico. 
Na definição da Organização Mundial do Turismo (1998) recursos 
turísticos são todos os bens e serviços que, por intermédio da atividade do homem 
e dos meios com que ele conta, tornam possível a atividade turística e satisfazem 
140
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
as necessidades da demanda. Ao discutir o valor dos recursos turísticos culturais, 
cabe considerar o valor atribuído aos bens que constituem o patrimônio cultural 
material de uma localidade. Para essa função, entram em cena atores distintos 
que representam grupos sociais também distintos, com interesses diversos. Nesse 
sentido, Dias (2006) afirma que:
Um único bem pode dar margem, portanto, a várias leituras, que 
diferirão do conteúdo simbólico assumido pelo grupo social que o 
adota como patrimônio. Assim, um monumento poderá ser valorizado 
como um local de culto por uns, como um monumento de valor 
histórico e de qualidades estéticas por outros, enquanto os turistas 
poderão vê-lo como um símbolo que identifica determinado território 
(seja uma localidade, seja um país) (DIAS, 2006, p. 83).
O mesmo autor comenta que essa multiplicidade de abordagens não se dá 
de forma excludente, mas complementar, ou seja, o mesmo bem assume valores 
simbólicos múltiplos que devem ser considerados pelas políticas culturais que 
devem ser pensadas e aplicadas de acordo com novas demandas sociais “que 
incluem a participação e possibilitam conciliar os interesses gerais e nacionais da 
conservação do patrimônio cultural com as novas formas de concebê-lo em termos 
regionais, locais e de acordo com os diferentes grupos sociais que coexistem em 
um determinado território” (DIAS, 2006, p. 83).
Cabe aqui discutir tanto o processo de ressignificação dos espaços, que 
acontece destacadamente na dimensão física, por permitir a visualização das 
transformações, quanto o processo de ressignificação do patrimônio, que se 
configura no plano simbólico, no plano da interpretação e da atribuição de valor, 
sendo próprio de cada tempo, de cada contexto, de cada grupo da sociedade. 
Inicialmente tem-se que, na dimensão física, o processo de transformação das 
cidades, principalmente as metrópoles, pela relevância dos impactos sobre a sua 
população e também sobre as outras cidades em seu entorno, vem despertando 
o interesse de estudiosos que percebem na complexidade do fenômeno de 
transformação um campo fértil de análise.
Nos tempos atuais, uma sucessão de tendências socioeconômicas, 
políticas e culturais flexibilizam a caracterização das cidades, considerando, 
por exemplo, que atividades econômicas se desenvolvem em alguns locais e 
declinam em outros, podendo ou não ser resgatadas em uma etapa posterior. 
As tendências influenciam não somente a própria cidade, como também a sua 
relação com outras, tanto próximas quanto distantes. Law (2000) considera dois 
principais fatores de influência para analisar a transformação do espaço urbano 
nas metrópoles: a ampliação da base econômica urbana e a consolidação de sua 
condição como centro/polo regional de serviços. Este último fator diz respeito à 
referência que as grandes cidades passam a constituir para os municípios em seu 
entorno, no sentido de concentrarem uma rede completa de serviços, muitos dos 
quais não estão disponíveis em qualquer localidade. Além disso, o mesmo autor 
considera que a evolução nos processos e nos meios de comunicação também 
TÓPICO 3 | O ESPAÇO URBANO E O TURISMO
141
afetou o crescimento das cidades a partir do momento em que capacitou as 
cidades para competirem umas com as outras pela facilidade de divulgar suas 
qualidades, seu potencial, ampliando sua área de influência. 
As influências sobre o espaço da cidade variam com o tempo e as 
administrações públicas, representadas por seus órgãos competentes e, na 
melhor das hipóteses, com o respaldo da população local, vêm atuando no 
sentido de adaptar fisicamente o meio urbano às novas demandas de seu uso 
e funcionamento. Essas adaptações interferem no dia-a-dia dos moradores, na 
medida em que modificam o trânsito em áreas específicas, geram barulho e 
poeira, suspendem temporariamente atividades e comprometem a imagem 
urbana circunstancial ou definitivamente. Não com a mesma intensidade nem 
da mesma maneira, atingem também os turistas, que, se mal informados, podem 
avaliar negativamente a cidade pela imagem que diante deles se apresenta. Em 
contrapartida, os resultados das adaptações podem trazer benefícios facilitando 
o dia-a-dia da cidade que foi temporariamente afetado e apresentando novas 
possibilidades de uso dos espaços transformados tanto para a população quanto 
para os turistas, se for o caso.
O processo de transformação ligado ao turismo remete à ideia de criar na 
cidade espaços para serem “consumidos” como produtos turísticos e são diversas 
as consequências que daí decorrem. Sobre isso, recorre-se ao pensamento de 
Luchiari (2001): 
Se a conclusão mais fácil nos leva à constatação de que o processo de 
produção de lugares para o consumo acaba por consumir e degradar 
os próprios lugares, numa outra perspectiva podemos considerar que 
essas novas paisagens da urbanização turística representam também 
as formas contemporâneas de espacialização social, por meio das quais 
estamos construindo novas formas de sociabilidade, mais híbridas e 
mais flexíveis (LUCHIARI, 2001, p. 108). 
Nesse movimento de produção e reprodução de lugares turísticos, a 
mudança física contempla referências espaço-temporais que, se por um lado 
buscam no passado, na história cultural do lugar, o motor da atratividade 
pretendida, podem, por outro lado, projetar para o futuro, a partir de sua forma 
e função, um novo papel na atividade turística para uma cidade inteira ou uma 
área específica dentro do espaço urbano.
O espaço transformado é, então, ressignificado, ou seja, passa a integrar 
a paisagem urbana de uma nova maneira, com outra forma – seja um imóvel 
restaurado ou um novo espaço construído – e, talvez, outra função. Na dimensão 
física, percebe-se um novo elemento que marca presença visualmente, que épercebido, que pode ser compreendido e registrado na memória de quem passa 
diante dele. No contexto da transformação física, os elementos transformados, caso 
constituam bens patrimoniais, são passíveis de outro processo de ressignificação. 
Para construir a discussão sobre a ressignificação do patrimônio material, uma 
142
UNIDADE 2 | O ESPAÇO URBANO BRASILEIRO
análise que remete à dimensão simbólica dos bens e dos valores a eles atribuídos, 
parte-se da complexidade da cidade – cenário vivo no qual se inserem – que, 
segundo Corrêa (2003): 
pode ser analisada segundo diferentes dimensões que se 
interpenetram. A dimensão cultural é uma delas e por seu intermédio 
amplia-se a compreensão da sociedade em termos de suas relações 
sociais, econômicas e políticas, assim como tornam-se inteligíveis 
as espacialidades e temporalidades que estão associadas a essas 
dimensões (CORRÊA, 2003, p.157). 
O território da cidade assume características também complexas e 
apresenta-se fragmentado com relação a seu uso, a sua função, a seus fluxos, 
a seus habitantes e visitantes. Estes, referenciados em seus locais de origem, 
constroem novos significados no contato com o local visitado, buscando o “novo” 
que a experiência turística pretende e pode proporcionar. Sobre essa relação 
simbólica dos turistas com o local visitado, sobrepondo-se e não necessariamente 
integrando-se no cotidiano da população, Pereira (2006, p. 1) comenta que: 
O cotidiano, recriado por diretrizes racionais que não reconhecem os 
contornos imateriais dos diversos territórios que configuram o lugar e 
a cultura, deixa de ser o sustentáculo efetivo do turismo cultural. Assim 
novos significantes turísticos se colocam como possibilidade que 
não encontram expressão imediata na (i)materialidade em constante 
transformação, reacendendo desejos e recriando necessidades.
A recriação do cotidiano por essas diretrizes racionais, que se aplicam 
como uma espécie de máscara sobre as condições reais de conformação do 
território e de estabelecimento de relações sociais e práticas culturais próprias 
de cada localidade, produz questionamentos com relação à percepção do espaço 
e à identidade cultural. Esses questionamentos decorrem da ideia de que a 
fragmentação que caracteriza as sociedades acaba sendo forçadamente unificada 
por avaliações superficiais que desconsideram as mudanças evolucionárias a 
partir delas mesmas, o que Hall (2001) menciona ao escrever sobre a condição 
de “descentramento” das sociedades pós-modernas. Estas sociedades, sob o 
ponto de vista desse autor, são caracterizadas pela diferença e “atravessadas 
por diferentes visões e antagonismos sociais que produzem uma variedade de 
diferentes ‘posições de sujeito’ – isto é, identidades – para os indivíduos” (HALL, 
2001, p. 17). Tais identidades e as relações que são possíveis a partir de seu 
reconhecimento se projetam sobre o território da cidade e passam a ser analisadas, 
questionadas, assumidas e expressadas na construção da dimensão sociocultural 
de cada comunidade que habita o espaço urbano [...]. 
FONTE: MURTA, R. S. A transformação do espaço urbano em função do turismo. V 
Seminário da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo. Anais... 
Belo Horinzonte, 2008, p. s/p. 
143
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Existem muitas formas adotadas para classificar os diferentes tipos de turismo. 
O critério utilizado, depende do enfoque pretendido.
• O turismo no espaço urbano envolve diferentes tipologias de turismo.
• Uma cidade, antes de atrair visitantes, deveria ser atraente para a própria 
comunidade.
• O turismo é uma atividade que requer planejamento e organização.
• O turismo transformou-se numa das mais importantes faces da globalização, 
contribuindo para estreitar as distâncias entre as diversas partes do globo.
• O turismo é um consumidor do espaço, e a referência a este é permanente, pois 
o turista desloca-se do espaço de sua residência para outro em que permanecerá 
durante algum tempo; por outro lado há o espaço onde ocorre o deslocamento 
de um ponto a outro.
• São diversas as particularidades que caracterizam a relação entre o turismo e 
o território no que diz respeito à produção e ao consumo de territórios pelo 
turismo, considerando que o principal objeto de consumo do turismo é o 
espaço, com seus objetos e ações, com seus fixos e seus fluxos.
• Cidades podem ser incorporadas, espontaneamente, ao circuito das localidades 
turísticas, devido à sua valorização (cultural) pela atividade, ou, então, induzir 
o desenvolvimento do turismo, por meio de políticas e do planejamento da 
atividade, caso essa incorporação espontânea não ocorra, direcionando os 
equipamentos urbanos já construídos e aqueles a construir, em função de uma 
urbanização para o turismo.
• A organização dos elementos que compõem o espaço urbano se dá a partir do 
estabelecimento de relações de ordem associadas a uma hierarquia de valores.
• Recursos turísticos são todos os bens e serviços que, por intermédio da atividade 
do homem e dos meios com que ele conta, tornam possível a atividade turística 
e satisfazem as necessidades da demanda.
144
• As influências sobre o espaço da cidade variam com o tempo e as administrações 
públicas, representadas por seus órgãos competentes e, na melhor das hipóteses, 
com o respaldo da população local, vêm atuando no sentido de adaptar 
fisicamente o meio urbano às novas demandas de seu uso e funcionamento.
• A relação entre o turismo e o espaço urbano gera um processo denominado 
turistificação que, de forma simplificada, pode ser entendido como o processo 
de transformação de uma área específica da cidade em função do turismo, seja 
para o turismo ou pelo turismo.
145
1 (ENADE, 2018) O turismo e o lazer assumem, na contemporaneidade, papel 
destacado na regeneração e revitalização de centros urbanos. Por esse 
motivo, muitas cidades com potencial turístico têm direcionado esforços 
para desenvolver novos produtos e novas estratégias de regeneração 
e dinamização não só do seu tecido econômico e social, mas também na 
criação de novos territórios, no estímulo à fruição de diferentes patrimônios 
e na (re)funcionalização dos espaços de lazer, conferindo-lhes novos usos e 
significados. 
FONTE: SIMÕES, P. O turismo e o lazer na cultura de consumo: impactos nas variáveis do tempo 
e no espaço. Disponível em: <https://www.uc.pt/>. Acesso em: 10 de jul. 2018 (adaptado). 
Nesse contexto, espaços urbanos como praças e parques podem se tornar 
importantes áreas de lazer e turismo. Segundo estudos da área, três fatores 
devem ser considerados na adoção de práticas e atividades em determinado 
espaço público, para que sejam inclusivas: a função social desempenhada pelo 
local; as atividades já desenvolvidas no espaço; e a identificação dos padrões 
de comportamento dos usuários desse espaço público. Considerando essas 
informações, avalie as afirmações a seguir.
 
I - A inter-relação entre as condições do meio físico, as atividades 
desenvolvidas e a diversidade das pessoas são de suma importância para 
se avaliar o grau de inclusão social que um espaço público propicia. 
II - Entre as atividades inclusivas a serem desenvolvidas em um espaço 
público, destacam-se as atividades espontâneas, como brincadeiras, 
caminhada, passeio e descanso, e as atividades formais, organizadas por 
instituições privadas ou públicas, como intervenções artísticas, eventos 
culturais e ações promocionais. 
III - A função social desempenhada por um espaço de lazer e turismo é 
dinâmica, visto que se configura de acordo com o contexto vivenciado em 
seu entorno e pode ser política, social, comercial, cultural e/ou turística. 
É correto o que se afirma em:
a) ( ) I, apenas. 
b) ( ) III, apenas. 
c) ( ) I e II, apenas. 
d) ( ) II e III, apenas.
e) ( ) I, II e III.
FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2018/turismo.pdf>. 
Acesso em: 22 ago. 2019.
AUTOATIVIDADE
1462 O turismo vem provocando a reconfiguração dos espaços e nas paisagens 
nas cidades chamando atenção à crescente prática do turismo urbano. Sobre 
o assunto, analise as sentenças a seguir:
I - A relação entre o turismo e o espaço urbano gera um processo denominado 
turistificação.
PORQUE 
II - A prática do turismo ocorre alheia aos interesses da comunidade e das 
entidades locais, sem gerar impactos. 
A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa 
da I. 
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma 
justificativa da I. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. 
3 O planejamento da atividade turística na esfera municipal envolve os 
princípios orientadores para o desenvolvimento da atividade turística no 
município. A respeito do assunto, assinale a alternativa INCORRETA: 
a) ( ) O planejamento turístico dá início ao processo de turistificação, que 
ocorre quando um espaço é apropriado pelo turismo.
b) ( ) Os territórios turísticos culturais permanecem constantes e idênticos ao 
longo do tempo e do espaço.
c) ( ) Os territórios eleitos pelo turismo na atualidade não são, em todos os 
casos, os mesmos de ontem, e não, necessariamente, serão os mesmos 
de amanhã.
d) ( ) Os territórios turísticos são decorrentes da competitividade espacial 
entre lugares.
147
UNIDADE 3
PLANEJAMENTO URBANO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer o conceito e os principais instrumentos do planejamento urbano;
• identificar e analisar alguns aspectos da dimensão ambiental do 
planejamento urbano;
• compreender o conceito de cidade para pessoas; 
• entender a relevância de ações sustentáveis para as cidades. 
Esta unidade está organizada em três tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
TÓPICO 2 – A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO
TÓPICO 3 – A CIDADE PARA AS PESSOAS
148
149
TÓPICO 1
O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste tópico é apresentar o campo de estudos do planejamento 
urbano e explicar como esse campo disciplinar está relacionado com a Geografia 
Urbana. Vamos compreender quais são as ideias centrais que permeiam o 
planejamento urbano e entender quais os principais mecanismos e instrumentos 
adotados para conduzir o processo de planejamento das cidades. 
De modo geral, para começarmos, realçamos que o planejamento urbano 
e regional nos remete à ideia de planejamento futuro do crescimento físico, 
dos usos e ocupações das cidades e de sua expansão em uma escala regional. 
Ressaltamos também que o planejamento urbano pode ser visto como um esforço 
para administrar a cidade, muitas vezes para evitar ou aliviar problemas urbanos 
comuns.
No decorrer dos estudos, entenderemos, também, que, em se tratando do 
planejamento urbano, os planos diretores, os planos de revitalização urbana e 
as legislações de zoneamento que regulam a ocupação do solo são instrumentos 
amplamente utilizados. 
Você estudará que o planejamento urbano envolve as etapas de 
diagnóstico, prognóstico, propostas e gestão urbana e, juntos, vamos desvendar 
as características de cada uma dessas etapa. Por fim, estudaremos que os planos 
de desenvolvimento regional permitem que ocorra uma articulação entre as 
distintas escalas geográficas nas quais se engendram os processos de planejamento 
e desenvolvimento. Preparado para começar? Então venha conosco!
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
150
2 O QUE É PLANEJAMENTO URBANO E QUAL SUA 
RELEVÂNCIA PARA AS CIDADES?
O termo planejamento urbano e regional nos remete à ideia de planejamento 
futuro do crescimento físico, dos usos e ocupações das cidades e de sua expansão 
em uma escala regional (OLIVEIRA, 2017). O planejamento urbano refere-se tanto 
a ações coletivas que moldam e melhoram os assentamentos humanos quanto a 
uma área profissional e acadêmica que se desenvolveu para guiar o crescimento 
urbano e melhorar as condições das cidades, sobretudo, das cidades industriais. 
Enquanto área de atuação profissional, o planejamento urbano deriva de áreas 
da arquitetura, engenharia civil e da saúde pública. O planejamento urbano do 
século XX recorreu cada vez mais a conhecimentos e práticas científicas sociais e, 
no final do século, a pesquisa de planejamento urbano passou a receber relevantes 
contribuições da geografia, da sociologia urbana, da antropologia urbana e da 
literatura de estudos urbanos e regionais (EHRENFEUCHT, 2016).
Para Mayhew (2005), o planejamento urbano é uma tentativa de 
administrar a cidade, muitas vezes para evitar ou aliviar problemas urbanos 
comuns, como a deterioração urbana, a superpopulação, problemas de tráfego e 
congestionamento, entre outros. Seguindo esta linha de pensamento, Duarte (2007) 
sustenta que se trata de um conjunto de medidas tomadas para que se alcance 
os objetivos previamente delimitados, considerando os recursos disponíveis e os 
fatores externos que podem influir no processo.
Acerca da relação entre o planejamento urbano e a geografia, verifica-se 
que o planejamento se sobrepõe à geografia quando examina os espaços da vida 
cotidiana, as relações espaciais entre suas diferentes dimensões e os processos 
que as criam. A pesquisa e a prática de planejamento urbano também envolvem 
ações e políticas públicas (EHRENFEUCHT, 2016). Duarte (2007) também ressalta 
a dimensão espacial inerente ao planejamento urbano, uma vez que tal processo 
reconhece e localiza as tendências locais e regionais que podem interferir no 
desenvolvimento das cidades e, além disso, mediante à definição de estratégias 
e valendo-se também das políticas públicas, estabelece as regras de ocupação do 
solo e explicita as restrições, proibições e limitações relacionadas ao espaço das 
cidades que deverão ser observadas para manter e aumentar a qualidade de vida 
dos moradores das cidades. 
Os estudos do planejamento urbano envolvem várias áreas de 
especializações inter-relacionadas, incluindo habitação, transporte, 
desenvolvimento comunitário, desenvolvimento econômico, planejamento 
ambiental, entre outros. Além disso, no período recente, o escopo do planejamento 
urbano se expandiu e passou a incorporar questões que vão desde a transição 
para fontes de energia renováveis, recuperação de áreas ambientais degradadas, 
mitigação da mudança climática e aumento da vulnerabilidade ambiental à 
preservação do patrimônio cultural e aspectos relacionados à convivência no 
espaço urbano (EHRENFEUCHT, 2016).
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
151
IMPORTANT
E
O planejamento urbano e regional refere-se também à concepção e à 
instituição de políticas e leis que servem para orientar o uso da terra, especialmente em áreas 
metropolitas ou subáreas, geralmente estando atrelada à direção de governos. 
O planejamento urbano e regional é uma atividade inerentemente espacial 
que visa fornecer uma estrutura espacial das atividades ou de usos da terra que, 
de alguma forma, possam ser melhores do o padrão existente sem planejamento 
(GREGORY et al., 2009). 
Para cumprir com seus objetivos, o planejamento urbano e regional 
envolve análises estatísticas preditivas sobre o crescimento futuro da população e 
das atividades economias, combinadas com projetos arquitetônicos e paisagísticos 
(muitas vezes na forma de mapas de uso da terra e de zoneamento) para prever 
e antecipar a manifestação física de tal crescimento no espaço. Nesse sentido, 
sistemas de informática (especialmente os de informação geográfica) auxiliam na 
execução dos projetos de planejamento urbano (GREGORY et al., 2009).
 
Discorrendo sobre o assunto, Duarte (2007) lembra que no contextodo 
planejamento urbano, as definições dos objetivos são fundamentais, pois são 
elas que:
i) motivam a equipe durante a elaboração do planejamento, 
incentivando a busca por soluções inovadoras; ii) servem de filtro para 
determinar qual a amplitude e a profundidade que são necessárias 
nas informações requeridas e; iii) são balizas que orientam, quando 
da execução do plano, os procedimentos de ajustes provocados pelas 
inevitáveis alterações do contexto externo (DUARTE, 2007, p. 23). 
Gregory et al. (2009) comentam que, em uma perspectiva histórica, os 
ideais utópicos para a disposição física e estrutura social das cidades e sociedades 
existem há séculos, mas a criação do planejamento formal como profissão e 
atividade na governança resultou de uma série de preocupações políticas e 
sociais. Entre elas, merecem destaque as preocupações relacionadas à saúde 
pública, ao saneamento, à pobreza e à violência nos espaços urbanos nos séculos 
XIX e XX, aspectos esses que acabaram por estimular este campo de estudos. 
De modo geral, o planejamento urbano se apoia nos ideais do modernismo e na 
crença de que a razão científica e o uso das técnicas são os caminhos apropriados 
para atingir os objetivos de ordem, coerência e regulação. 
No século XX, o planejamento foi institucionalizado em diferentes 
escalas de governo (por exemplo: federal, estadual e municipal) para gerenciar 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
152
o crescimento e a expansão das cidades, especialmente em termos de uso 
da terra e provisão de infraestrutura (particularmente transporte e serviços 
públicos) (GREGORY et al., 2009). Vale lembrar que o impacto da globalização 
e da competição entre as cidades globais reduz a autoridade dos planejadores 
que trabalham em escala urbana e regional, tendo em vista o amplo leque de 
interações espaciais que se formam no espaço urbano das cidades. Observe, nas 
imagens a seguir, uma experiência exemplar de planejamento urbano realizada 
na Dinamarca.
FIGURA 1 – EXEMPLO DE PLANEJAMENTO URBANO NO MUNICÍPIO DE BRONDLY, 
COPENHAGEN, DINAMARCA (VISTA AÉREA)
FONTE: <https://preview.redd.it/2wd7wemjkcxz.jpg?width=960&crop=smart
&auto=webp&s=588067d1aacf624aebf65454270fa41bb1226028>. 
Acesso em: 3 jun. 2019.
FIGURA 2 – EXEMPLO DE PLANEJAMENTO URBANO NO MUNICÍPIO DE BRONDLY, 
COPENHAGEN, DINAMARCA (VISTA DETALHADA)
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/e4/d9/9d/e4d99d0b49d0b42b3814a86ec799cfa5.jpg>. 
Acesso em: 31 maio 2019.
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
153
Observe na imagem o quão exitosa, organizada e, inclusive, bela é 
essa experiência de planejamento urbano. Na execução deste projeto foram 
considerados aspectos como: o número de residências que compõem cada pequeno 
núcleo, foi mantido um recuo do terreno apropriado entre as casas (para que elas 
não ficassem excessivamente próximas entre si); na porção individual de cada 
terreno, foi mantido uma área de jardim que embeleza o entorno paisagístico de 
cada propriedade; foi analisada e mantida uma distância adequada e confortável 
entre os diferentes núcleos que compõem a vizinhança; a afluência em relação 
à via de acesso mais próximo é bastante facilitado e organizado (note que cada 
núcleo conta com uma saída próxima para rodovia de entorno. Todos esses 
aspectos, e outros que poderiam ser apontados, contribuíram para a beleza 
estética deste conjunto de residenciais e, sobretudo, para o bem-estar e conforto 
dos seus residentes. Ao discutir a dimensão teórica do conceito de planejamento 
urbano e regional, Oliveira (2017, p. 318) pontua que: 
Qualquer tentativa de definição implica na compreensão da intensa 
disputa epistemológica e discursiva desse campo, bem como do 
próprio objeto do planejamento urbano e regional (espaço, cidade 
e região). Em termos gerais, essa disputa é permeada por visões 
dicotômicas entre espaço físico (receptáculo de unidades habitacionais 
e produtivas; lócus de relações e fluxo) e espaço produto social 
(construído a partir de relações sociais em permanente conflito). 
Parte dessas disputas estão relacionadas ao amplo espectro de temas 
trabalhados no contexto do planejamento urbano e regional. Por conta disso, existe 
um consenso referente ao seu caráter interdisciplinar. A respeito das contribuições 
advindas de distintos campos disciplinares no estudo do planejamento urbano, 
Oliveira (2017, p. 318) explica que: 
Nas abordagens teóricas é comum encontrar a distinção entre 
urbanismo — área de especialização de engenheiros e arquitetos-
urbanistas, relacionada a intervenções físicas nas cidades. Dentre 
elas estão obras viárias e de infraestrutura sanitária, melhoramento 
de edificações, embelezamento etc. — e planejamento urbano — 
abordagem multidisciplinar envolvendo, além dos engenheiros 
e arquitetos-urbanistas, conhecimentos específicos das áreas de 
administração pública, ciência política, sociologia urbana, economia 
urbana e regional, direito urbanístico, geografia e afins. Todas 
fundamentadas em uma concepção integrada e de longo prazo do 
fenômeno urbano, em torno de suas problemáticas espaciais, físicas 
e sociais. 
Conforme podemos observar, diferentes campos disciplinares enfocam 
dimensões particulares do planejamento urbano e regional. Ainda assim, na 
realização e execução de um projeto de planejamento urbano, o ideal é que este 
seja conduzido por uma equipe multidisciplinar apta a compreender a dimensão 
interdisciplinar inerente ao exercício do planejamento urbano, para assim ser 
capaz de propor melhores soluções para os sofisticados e entrelaçados problemas 
urbanos que atingem nossas cidades. No que se refere aos instrumentos utilizados 
no contexto planejamento urbano e regional, destacam-se os seguintes:
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
154
FIGURA 3 – PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DOS PLANEJAMENTOS URBANO E REGIONAL
FONTE: Adaptado de Oliveira (2017)
Conforme fica evidente na ilustração, ao se tratar do planejamento 
urbano, os planos diretores, os planos de revitalização urbana e as legislações 
de zoneamento que regulam a ocupação do solo são instrumentos amplamente 
utilizados. Por sua vez, no âmbito do planejamento regional, os planos de 
desenvolvimento regional, os estímulos fiscais, os fundos de financiamento e 
os investimentos em infraestrutura são ferramentas frequentemente utilizadas. 
Oliveira (2017) comenta que, na atualidade, a atividade de planejar, seja na 
escala urbana ou regional, vem incorporando preocupações atreladas às 
condições ambientais das cidades e regiões, levando em conta as premissas 
do desenvolvimento socioeconômico e sustentável e valendo-se também de 
ferramentas como o monitoramento de áreas de risco e o zoneamento ambiental. 
Vamos conhecer um pouco melhor estes instrumentos? 
• Plano diretor: “é o instrumento básico da política pública territorial municipal 
que tem como objetivo organizar o crescimento e o funcionamento de uma 
cidade” (SANTORO, 2017, p. 321). A elaboração do plano diretor é de iniciativa 
do poder executivo e o mesmo deverá ser aprovado por lei. No que diz respeito 
ao conteúdo do plano diretor, Santoro (2017, p. 321) explica que: “seu conteúdo 
envolve princípios, diretrizes e objetivos para a política urbana, além de regras 
territoriais para áreas urbanas e rurais, e instrumentos urbanísticos de gestão 
e financiamento da transformação do território”. Duarte (2007, p. 75) reforça 
que “o plano diretor é o instrumento por excelência do planejamento urbano, 
principalmente, quando se trata da escala municipal”. Esse instrumento está 
relacionado com as diretrizes propostas pelo Estatuto das Cidades, conforme 
abordaremos em seguida. A seguir, será exposto o conceito de plano diretor 
conforme sua definição legal, acompanhe:
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
155
NOTA
O artigo 40, do parágrafo primeiro, do Estatuto da Cidade, diz que o plano diretor 
é parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as 
diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporaras diretrizes e as prioridades nele 
contidas.
 O plano diretor é obrigatório (além das cidades com mais de 20 mil habitantes) para 
municípios em área de especial interesse turístico e sob influência de empreendimentos 
ou atividades com impacto ambiental de âmbito regional ou nacional [...]. Nas cidades com 
mais de 500 mil habitantes, é também obrigatória a implementação de um plano integrado 
de transportes. Outrossim, ciente das alterações promovidas pelo próprio plano diretor, além 
daquelas próprias das dinâmicas socioeconômicas, o estatuto prevê que aquele seja revisto 
a cada dez anos. 
Quem elabora o plano diretor? 
 [...] Em sua elaboração estão envolvidos técnicos, políticos, organizações da 
sociedade civil (como ONGs, associações de classes etc.) e toda e qualquer pessoa [...]. As 
diretrizes básicas do plano diretor são propostas por um corpo técnico formado por urbanistas, 
engenheiros, médicos, agrônomos, enfim, profissionais de diferentes áreas — diversidade 
que tende a tornar o plano mais bem estruturado. Esse corpo técnico pode ser interno à 
prefeitura, mas frequentemente, e isso é benéfico, são profissionais de ONGs e empresas 
privadas, que atuam na área de planejamento urbano, que são os condutores das propostas 
preliminares. Essa participação externa à prefeitura geralmente traz visões diferentes daquelas 
dos que estão em contato cotidiano com os problemas da cidade. Esses profissionais 
atuam em diferentes cidades, em contextos diversificados, por vezes com características 
socioeconômicas aproximadas — o que permite que tragam olhares diversificados aos 
problemas de cada município, enxergando soluções espelhadas em propostas contida no 
plano diretor [...]. 
Como é elaborado o plano diretor?
 Há etapas na elaboração do plano diretor, não importa a dimensão da cidade, que são 
comuns. Em alguns municípios, algumas dessas etapas merecem mais ou menos atenção. 
Porém, todas elas são fundamentais para o sucesso de um plano diretor, principalmente 
quando, desde a primeira etapa (o diagnóstico) até a última (gerenciamento e atualizações) 
todas elas estejam presentes na consciência dos envolvidos na elaboração do plano — dos 
técnicos à população e aos políticos [...].
Gerenciamento do plano diretor
 O plano diretor aprovado e, já implementado, não tem forças para conduzir, de 
forma autônoma, isto é, unicamente como uma lei a ser respeitada, suas propostas a 
bom termo. É necessário que a prefeitura municipal, através de uma ou algumas de suas 
características, por vezes de um órgão específico, mas sempre sob total responsabilidade 
da prefeitura, gerencie o plano [...]. Gerenciá-lo, portanto, compreende, em primeiro lugar, o 
controle para que suas recomendações sejam respeitadas, além de atualizações, uma vez 
que a cidade é um organismo vivo que se altera internamente ao longo do tempo e sofre 
influências externas de escalas distintas (regional, estadual, nacional e mesmo internacional) 
que modificam as condições sob as quais as propostas do plano foram feitas. 
FONTE: DUARTE, F. Planejamento urbano. Curitiba: Editora Ibpex, 2007. p. 93. 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
156
O plano diretor é um documento robusto e que contempla várias dimensões 
relacionados ao uso do espaço das cidades. No UNI a seguir, apresentamos um 
exemplo de plano diretor para você observar quais elementos caracterizam esse 
instrumento na prática. Observe como o instrumento dispõe sobre distintos 
aspectos relacionados ao uso e ocupação do município, tais como: gestão urbana, 
políticas de desenvolvimento econômico, políticas de desenvolvimento social, 
o planejamento da atividade turística (considerando que essa é uma atividade 
relevante que ocorre no espaço do município), habitação e regularização 
fundiária, saneamento, drenagem urbana, abastecimento de água, mobilidade 
urbana, zoneamento, manejo dos resíduos sólidos entre outros. 
DICAS
O documento pode ser acessado neste link: https://leismunicipais.com.br/
plano-diretor-balneario-camboriu-sc.
O município no qual você reside conta com um plano diretor? Você conhece 
esse documento? Pesquise e procure conhecer esse importante instrumento 
de gestão urbana das cidades. Caso você resida em um pequeno município, 
investigue e tome contato com o plano diretor de um município vizinho que 
disponha desse documento na sua região. Normalmente, é no site da prefeitura 
municipal que encontramos o plano diretor da cidade. 
Agora que entendemos as características do plano diretor, vamos analisar 
a relação desse instrumento com o Estatuto das Cidades. Conforme comentamos 
anteriormente, o surgimento dos planos diretores está historicamente atrelado às 
disposições contempladas no Estatuto das Cidades. Você já ouviu falar a respeito 
disso? 
Para iniciarmos esta discussão, partimos do pensamento de Duarte (2007) 
que afirma que o direito urbanístico é um par essencial para a consolidação do 
planejamento urbano. Além disso, o direito urbanístico permite que se organize 
o espaço da área urbana, tendo em vista que a abrangência do planejamento 
urbano ultrapassa o espaço urbano em si, pois ordena também o espaço das áreas 
rurais que em suas inter-relações afetam a cidade. Particularmente, essas ações 
ocorrem “através de imposições de ordem pública, expressas em normas de uso e 
ocupação do solo urbano ou urbanizável, ou de proteção ambiental, ou enuncia as 
regras estruturais e funcionais da edificação urbana coletivamente considerada” 
(MEIRELLES, 1993 apud DUARTE, 2007).
Nesse contexto, Santin e Marangoin (2008, p. 89) apontam que: 
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
157
O Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001), também denominado 
de Lei do Meio Ambiente Artificial, tem como objetivo formular 
diretrizes gerais de administração do ambiente urbano. Veio para 
regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal frente aos 
reclames de ordem pública, interesse social, bem-estar dos cidadãos e 
equilíbrio ambiental, estabelecendo normas gerais para a política de 
desenvolvimento urbano [...]. O Estatuto da Cidade deixou a cargo de 
cada Município efetivar os seus dispositivos segundo as características 
locais, regulamentadas no Plano Diretor.
O Estatuto das Cidades abarca tanto as chamadas diretrizes gerais 
para a execução da política urbana, que incluem aspectos relacionados à 
gestão democrática, cooperação entre governos, planejamento das cidades e a 
garantia do direito a cidades sustentáveis, bem como incluem instrumentos 
específicos direcionados para guiar a política urbana, incluindo o plano diretor 
— anteriormente comentado —, as regras relacionadas ao parcelamento, uso 
e ocupação do solo (que serão descritas com maiores detalhes em seguida), as 
diretrizes orçamentárias, entre outros. 
Em síntese, Duarte (2007) analisou o estatuto integralmente, identificou e 
comentou os aspectos centrais dispostos no Estatuto das Cidades, os quais serão 
transcritos a seguir:
Pontos de realce do Estatuto das Cidades
No primeiro parágrafo dessa lei, diz que esse estatuto regula o uso da 
propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos 
cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. E segue com 16 diretrizes gerais, 
que merecem ser resumidas e brevemente comentadas, quais sejam: 
I- a garantia do direito a cidades sustentáveis: que o direito à terra, aos 
equipamentos etc. estejam comprometidos tanto com a geração atual 
como com as futuras;
II- a gestão democrática: feita diretamente pela população ou por associações 
representativa em todas as fases do planejamento urbano, da formulação 
ao acompanhamento dos programas e projetos;
III- a cooperação: sendo esta uma palavra chave quando explicita 
envolvimento das diversas instâncias de governo, da iniciativa privada e 
dos setores da sociedade;
IV- o planejamento do desenvolvimento das cidades: cujo objetivo é o 
de evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos 
negativos sobre o meio ambiente;
V- aoferta de equipamentos urbanos (os quais devem ser públicos), além de 
serviços de transportes;
VI- a ordenação e controle do uso do solo: visando ao uso adequado dos 
imóveis; à compatibilidade de usos próximos; ao parcelamento do solo 
e uso de imóveis sem que causem impactos negativos na infraestrutura 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
158
urbana; ao uso de imóveis para bem comum, evitando excessivas 
especulações imobiliárias que prejudiquem o bom desenvolvimento 
urbano e, além disso, à boa qualidade ambiental;
VII- a complementaridade entre as atividades urbanas e rurais visando ao 
desenvolvimento socioeconômico integrado do município;
VIII- o respeito aos limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica: 
isso quando da permissão para a instalação de equipamentos e serviços;
IX- a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de 
urbanização;
X- a adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e 
financeira dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano;
XI- a recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado 
a valorização dos imóveis urbanos;
XII- a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e 
construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagísticos e 
arqueológico;
XIII- as audiências do poder público municipal e da população: sempre que 
envolver implantação de empreendimentos que possam ser prejudiciais 
ao contexto ambiental e social do entorno;
XIV- a regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por populações 
de baixa renda;
XV- a simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo: 
desse modo possibilita a redução de custos e aumento da oferta de 
unidades habitacionais;
XVI- a isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção 
de empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, 
atendido o interesse social. 
 
FONTE: DUARTE, F. Planejamento urbano. Curitiba: Editora Ibpex, 2007. p. 80.
Como podemos observar nos pontos realçados por Duarte (2007), os 
aspectos contemplados no Estatuto das Cidades, nos Planos Diretores e nos demais 
instrumentos voltados ao planejamento urbano, existe um entrelaçamento entre 
todas essas dimensões que, em tese, deveriam conduzir os agentes que planejam 
o espaço urbano, em um caminho de sinergias e pautados em boa governança. 
No plano das ideias, podemos reconhecer que a ideia central por detrás de todos 
esses instrumentos é minimizar os possíveis efeitos negativos do processo de 
intensificação da urbanização, em linhas gerais. O debate e a emergência de 
ferramentas que facilitem a concepção e realização do planejamento urbano 
permitem que os problemas urbanos apontados na unidade anterior sejam 
mitigados. 
Em se tratando do ferramental utilizado no âmbito do planejamento 
urbano, podemos mencionar ainda os planos de revitalização urbana. A 
expressão “revitalização urbana” refere-se a um conjunto de iniciativas 
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
159
destinadas para reorganizar uma estrutura de cidade existente, particularmente 
em bairros em declínio devido a razões econômicas ou sociais. As iniciativas 
de revitalização urbana geralmente incluem a melhoria das características 
do ambiente urbano, como a qualidade do pavimento e a funcionalidade das 
calçadas. Ademais, dependendo do uso pretendido do bairro revitalizado, os 
projetos também podem contemplar a necessidade de melhorar o envolvimento 
da comunidade e a ocupação dos espaços públicos, oferecendo novas instalações 
de entretenimento, como parques e museus. Verifica-se que, em várias iniciativas, 
os projetos de revitalização visam preparar partes da cidade para cumprir a 
função econômica desejada, ajustando a rede de serviços públicos a requisitos 
específicos (URBAN, 2019). 
IMPORTANT
E
Um espaço urbano revitalizado, com infraestrutura efetiva, pode criar as 
condições para uma cidade eficiente, capaz de promover inovação, maior qualidade de vida 
e desenvolvimento econômico com prosperidade compartilhada e respeito ambiental. Nesse 
sentido, parcerias público-privadas podem ajudar a facilitar a implementação de projetos de 
revitalização urbana (URBAN, 2019).
Um dos projetos de revitalização urbana internacionalmente conhecidos 
é a experiência da cidade de Toronto, no Canadá. Dentre as várias ações 
desenvolvidas para revitalizar o espaço urbano da cidade, chamamos a atenção 
para a praia urbana construída na cidade, com o intuito de oferecer um espaço 
público de lazer para a comunidade e para os turistas, em plena área central da 
cidade, observe:
FIGURA 4 – PRAIA URBANA EM TORONTO, NO CADANÁ (1) 
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/2c/Hto_Park_and_Urban_
Beach_Skyline.jpg/800px-Hto_Park_and_Urban_Beach_Skyline.jpg>. Acesso em: 31 maio 2019.
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
160
FIGURA 5 – PRAIA URBANA EM TORONTO, NO CANADÁ (2)
FONTE: <https://www.claudecormier.com/wordpress/wp-content/uploads/2013/10/hto-urban-
beach-3.jpg>. Acesso em: 31 maio 2019.
Outro recurso utilizado para conduzir e ordenar o planejamento urbano 
são as chamadas legislações de zoneamento, que, em termos simples, são as leis 
que regem o uso dos terrenos urbanos. A respeito desse tipo de lei, é pertinente 
ressaltar que: 
O zoneamento é instrumento jurídico de ordenação do uso e ocupação 
do solo. Em um primeiro sentido o zoneamento consiste na repartição 
do território municipal à vista da destinação da terra e do uso do 
solo, definindo, no primeiro caso, a qualificação do solo em urbano, 
de expansão urbana, urbanizável e rural; e no segundo dividindo o 
território do Município em zonas de uso. Foi sempre considerado, 
nesta segunda acepção, como um dos principais instrumentos 
do planejamento urbanístico municipal, configurando um Plano 
Urbanístico Espacial (SILVA, 2007, p. 270). 
São as leis de zoneamento que vão determinar, por exemplo, quais áreas 
da cidade serão destinadas para a ocupação de indústrias, quais são adequadas 
para exercer a função residencial e quais apresentam restrições ambientais e 
que, por isso, requerem um conjunto de cuidados concernentes a sua ocupação 
específicos. 
Por fim, mencionamos os planos de desenvolvimento regional, que 
também exercem influência no contexto do planejamento urbano. Os planos 
de desenvolvimento regional permitem que ocorra uma articulação entre as 
distintas escalas geográficas em que se engendram os processos de planejamento 
e desenvolvimento. Assim, enquanto o planejamento urbano abarca fortes 
elementos locais, em virtude do próprio arcabouço que o forma, incluindo aí a 
elaboração dos planos diretores e a legislação de zoneamento — conforme vimos 
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
161
— são os planos de desenvolvimento regional, por sua vez, que permitem uma 
articulação entre o planejamento urbano e o seu contexto regional.
 Os planos de desenvolvimento regional são mais abrangentes e se 
ocupam em analisar e projetar as ações de desenvolvimento a partir de um 
espectro de análise mais robusto. O planejamento do desenvolvimento regional 
é realizado pelos governos e pode, também, contar com a participação da 
comunidade local e das entidades de classe e, de modo geral, procuram delinear 
e realizar propostas que visem melhorar o bem-estar das pessoas, preocupando-
se com as condições atuais e futuras dos indivíduos. Nesse sentido, tais planos 
deveriam articular-se com o planejamento urbano, a fim de intensificar as 
possíveis sinergias advindas desses dois campos de atuação de planejamento e 
desenvolvimento dos territórios. 
2.1 ETAPAS DO PLANEJAMENTO URBANO
Após analisarmos o conceito de planejamento urbano, compreendermos 
sua relevância para as cidades e conhecermos seus principais instrumentos, 
examinaremos as principais etapas que são percorridas durante a realização do 
planejamento urbano. O modo como o planejamento urbano pode ser subdividido 
pode variar deacordo com a metodologia empregada. Contudo, mesmo perante 
algumas particularidades, o desenvolvimento de um plano urbano segue alguns 
estágios em comum. Nesta disciplina, trabalharemos com a divisão sugerida por 
Duarte (2007), que tem a seguinte estrutura: 
FIGURA 6 – ETAPAS DO PLANEJAMENTO URBANO
Diagnóstico: é a analise de uma situação, compondo um
 cenário da realidade existente.
Prognóstico: considerando a situação atual da cidade, se 
nada for feito, como essa cidade será no futuro?
Propostas: são elas que tornam um futuro previsível e um 
futuro possível.
Gestão Urbana: conjunto de instrumentos e atividades que 
visam assegurar o bom funcionamento de uma cidade.
FONTE: Adaptado de Duarte (2007)
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
162
Tal como comentamos, algumas etapas do planejamento são gerais, 
embora seja possível encontrar variação de nomenclatura conforme a literatura 
e documentos disponíveis. Todas as fases listadas são atravessadas pela questão 
básica do planejamento, que consistem em manter em mente quais são seus 
objetivos, suas finalidades (DUARTE, 2007).
Partindo desse entendimento, a etapa do diagnóstico consiste na análise 
de uma situação, compondo o cenário da realidade existente. O diagnóstico é 
construído com base nos dados disponíveis ou que serão coletados (DUARTE, 
2007). O autor ressalta ainda que:
[...] se fizermos a análise da composição populacional de uma 
cidade, tendo como objetivo o planejamento urbano, precisaremos 
saber o número de habitantes da cidade, qual a taxa de crescimento 
da população nos últimos anos, a composição etária, o grau de 
escolaridade etc., mas não nos interessa saber, por exemplo, para que 
times torcem ou quantos deles bebem cerveja. Essas duas últimas 
informações são irrelevantes para o diagnóstico da cidade, se o objetivo 
for o planejamento urbano. Nesse caso, não é preciso obter esses 
dados, embora eles possam ser fundamentais se o objetivo for outro, 
como o de criar campanhas de marketing para uma marca regional 
de cervejas. Dizemos isso porque, para fazer o inventário de uma 
realidade, não partimos da coleta de dados, mas sempre, da pergunta 
transversal ao planejamento: para quê? E quando respondemos a essa 
pergunta (para um plano de desenvolvimento socioeconômico, por 
exemplo), já lançamos as bases analíticas que devem ser utilizadas 
(DUARTE, 2007, p. 25).
Observe no fragmento de Duarte (2007) a relevância de se compreender 
e incorporar no exercício de planejar a preocupação com a finalidade dos dados 
obtidos. Esse aspecto é realçado porque algumas vertentes teóricas comentam 
que o primeiro estágio do diagnóstico é a coleta de dados, também chamada de 
inventário. Note que esse estágio pode até ser verdadeiro, desde que se tenha 
claro como será analisada e trabalhada esta informação. 
Após apurar as informações que permitem caracterizar o recorte espacial 
delimitado e responder às perguntas de fundo do planejamento, o passo seguinte 
envolve a realização de três procedimentos que procuram responder quais são 
as condicionantes, as potencialidades e as deficiências de uma região (DUARTE, 
2007). Para responder a essas perguntas, uma das metodologias amplamente 
empregada é a chamada análise SWOT, termo em inglês que significa forças 
(strengthness), fraquezas (weakness), oportunidades (opportunities) e ameaças 
(threats), a qual se apresenta a seguir. 
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
163
FIGURA 7 – ELEMENTOS QUE COMPÕEM A ANÁLISE SWOT
FONTE: <https://www.consultoriaiso.org/wp-content/uploads/2017/04/IMAGEM-001.jpg>. 
Acesso em: 31 maio 2019.
Esse tipo de análise é utilizado em diversas áreas profissionais e de estudos, 
tais como o planejamento estratégico e a gestão de organizações. Pensando em 
uma cidade, podemos elencar alguns possíveis exemplos, para melhor elucidar 
o conceito. A ideia de forças nos remete a algum aspecto positivo e interno das 
cidades, que poderia ser, por exemplo, a presença de um centro histórico relevante 
para o patrimônio cultural de toda região; uma possível fraqueza, seria algum 
aspecto negativo do cenário da cidade, tal como a ausência de uma rota turística 
para estimular a visitação do centro histórico. Seguindo essa linha de pensamento, 
uma oportunidade seria algum fator externo a cidade, mas que poderia trazer 
benefícios ao planejamento urbano, tal como ônibus mais silenciosos e menos 
poluentes, há um preço mais acessível e adequados para circular no perímetro 
urbano. Por fim, uma ameaça seria um fator externo que poderia prejudicar o 
planejamento urbano de uma cidade, como o fato de um município estar situado 
às margens de um rio e estar suscetível a enchentes, por exemplo. A análise 
dos fatores internos e externos ajuda no delineamento do planejamento urbano 
e permite que busquem alternativas para minimizar os impactos negativos e 
estratégias adequadas para potencializar aquilo que a cidade tem de melhor. 
A próxima etapa do planejamento é o prognóstico. Sobre esse estágio, 
Duarte (2007, p. 27) esclarece que: “é importante chegar ao final do diagnóstico 
conhecendo com segurança como a cidade está hoje e como ela chegou a esse 
ponto. Aí, incluídos aspectos demográfico, físico-territoriais, legais, sociais e 
econômicos”. 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
164
Após conhecer os elementos do passado da história da cidade e analisar 
a situação atual, a intenção é refletir sobre o futuro da cidade. Trata-se de pensar 
em possíveis cenários caso nada seja feito no contexto do planejamento urbano. 
Em seguida, o propósito é tecer possíveis cenários e ações de planejamento 
urbano que permitam balizar a gestão da cidade da melhor forma possível. 
Duarte (2007) realça que, em se tratando de prognósticos, mesmo previsões 
cautelosas podem ser contestadas por mudanças bruscas na realidade. Nesse 
sentido, a habilidade de prever vários cenários, baseados na combinação de 
diferentes variáveis é importante para que o planejamento urbano do município 
possa gerar bons resultados. 
A etapa seguinte denomina-se propostas. As propostas são elaboradas 
com base nas informações previamente apuradas e considerando os possíveis 
cenários que foram desenhados. Duarte (2007, p. 30) menciona alguns exemplos 
de propostas de planejamento urbano, a saber: 
Nessas propostas entram aspectos de obras de infraestrutura que 
sirvam ao desenvolvimento econômico de uma região ou à melhoria 
da qualidade de vida da população de um bairro, com tendências a 
crescer além do que a situação atual comportaria; mudanças nas leis 
que regulam a ocupação do solo para evitar que áreas de mananciais 
sejam ocupadas e estimular que outras regiões cresçam mais longe 
do que é permitido; criação de formas alternativas de participação do 
cidadão no dia a dia da cidade, para que ele seja corresponsável pela 
qualidade de vida urbana. 
Por fim, a última etapa do planejamento urbano é a chamada gestão 
urbana, que se refere ao “conjunto de instrumentos, atividades, tarefas e 
funções que visam a assegurar o bom funcionamento de uma cidade” (ACIOLY 
JUNIOR; DAVIDSON, 1998, p. 75). Ou seja, trata-se de mecanismos e práticas 
adotados para assegurar que os itens dispostos e elencados no plano urbano 
sejam operacionalizados e controlados da melhor forma possível. Além disso, 
vale ressaltar que a execução do planejamento no município envolve o manejo de 
posições e pontos de vistas distintos. Nas palavras de Acioly Junior e Davidson 
(1998, p. 75): 
[...] ela visa garantir não somente a administração da cidade, como 
também a oferta dos serviços urbanos básicos e necessários para que 
a população e os vários agentes privados, públicos e comunitários, 
muitas vezes com interesses diametralmente opostos, possam 
desenvolver e maximizar suas vocações de forma harmoniosa. 
Conforme podemos notar no fragmento em realce, o exercício do 
planejamento urbano é sofisticado e requer esforços, também a execução de 
boas práticas de gestão por parte dos diversos atores envolvidos. Nessesentido, 
Duarte (2007) reforça que alguns aspectos são basilares para a gestão urbana, 
a saber: conhecimento das leis que regulamentam os planos diretores, clareza 
do provimento de recursos necessários, e qualificação dos profissionais para 
implementar e gerenciar as propostas. 
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
165
Para finalizar este tópico e pensando em sua futura atuação como professor, 
selecionamos um plano de aula de Geografia para o Ensino Fundamental II que 
permite trabalhar a questão dos diferentes tipos de uso do solo nas cidades, 
acompanhe!
PLANO DE AULA
Cidades
- Aprofunde conceitos sobre a importância de algumas medidas para o 
equilíbrio e manutenção da vida nos centros urbanos.
Conteúdos
- Urbanização.
- Alterações climáticas.
- Uso e ocupação do solo.
Objetivos
- Entender as chuvas como um fenômeno natural, que sofre interferência dos 
seres humanos e leva a consequências (inundações).
- Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, 
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente 
para a melhoria do meio ambiente.
- Identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas consequências em 
diferentes espaços e tempos, de modo que construa referenciais que possibilitem 
uma participação propositiva e reativa nas questões socioambientais locais.
- Questionar a realidade, formular problemas e propor soluções para eles, 
utilizando, para isso, o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a 
capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua 
adequação.
 1ª Etapa: atividade de campo
O próximo passo é organizar um roteiro de estudo do meio, para conhecer, 
in loco, como é o planejamento do uso do solo em sua cidade. Inicialmente, 
peça aos alunos que se organizem em grupos, cada um responsável por fazer 
uma lista de itens a se observar, de acordo com os pontos da discussão em sala 
de aula sobre o uso do solo: um grupo voltado para observar as áreas verdes 
(se são poucas, muitas, se estão espalhadas ou não), outro grupo voltado para 
observar as áreas de risco (áreas de encosta ou próxima as margens de rio, para 
verificarem como e onde as casas estão construídas), um terceiro grupo voltado 
para observar ações de prevenção relacionadas à drenagem de águas pluviais e 
coleta de lixo (se observam excesso de lixo nas ruas, entre outros).
Além de um roteiro de observação, cada grupo de alunos deve fazer 
um roteiro de entrevista com moradores nos pontos observados visando a 
descobrir se os moradores têm consciência desses problemas relacionados à 
ocupação do solo.
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
166
Por fim, antes de sair a campo, os alunos devem socializar as observações 
e perguntas que elaboraram para receber críticas dos próprios colegas. Assim 
eles podem finalizar o roteiro para sair a campo.
O passeio pela cidade deve incluir paradas em pontos estratégicos: 
locais próximos às margens de um rio ou represa, uma área de risco e uma área 
de forte concentração urbana.
No retorno da visita de campo, os alunos devem complementar suas 
observações fazendo uma busca na Internet para pesquisar dados gerais sobre 
a cidade (população, rede de esgoto, área verde, entre outras variáveis ligadas 
ao uso do solo). Uma opção de site para se pesquisar é: Portal de Cidades do 
IBGE (https://www.ibge.gov.br/cidades). 
Já em sites como os da Prefeitura de seu município, ou do Estado, peça 
aos alunos que pesquisem ações que estão sendo realizadas para reduzir riscos 
e consequências de catástrofes como enchentes e inundações.
		2ª	Etapa:	atividade	de	fechamento
Solicite aos alunos que criem um cartaz, trazendo os principais pontos 
levantados acerca do que observaram, registraram e pesquisaram na Internet, 
de modo que consigam conscientizar a população sobre maneiras de evitar 
ou, ao menos, minimizar problemas relacionados a possíveis catástrofes em 
decorrência da má ocupação do solo.
Observe as percepções inicial e final dos alunos sobre a relação entre 
fenômenos naturais e a interferência dos seres humanos na ocupação do solo, 
suas causas e consequências.
Verifique como os alunos realizaram os roteiros de pesquisa de campo, 
como os associaram suas pesquisas às informações disponibilizadas na 
Internet, e como interpretaram esse universo de informações para realizar a 
apresentação final.
 3ª Etapa: introdução do tema
Explore, em uma conversa inicial com seus alunos, o que eles observam 
em sua cidade, como eles imaginam que ela era há 10, 50, 100 anos atrás. Como 
era a paisagem — seus rios, seu relevo, os locais onde morava gente ou não 
morava?
Solicite aos alunos que busquem, na Internet ou outra fonte disponível 
(como familiares e conhecidos), fotos da cidade em diferentes épocas, 
registrados em imagens, demonstrando a ocupação do solo, por exemplo. É 
importante que você realize previamente uma pesquisa das imagens da cidade 
para socializar com os alunos e garantir que o conjunto das imagens possibilite 
a leitura sugerida a seguir.
TÓPICO 1 | O QUE É PLANEJAMENTO URBANO?
167
Pergunte o que eles observam nessas imagens. O que foi alterado com 
relação ao uso do solo? Por que foi alterado? Houve alguma consequência 
dessas alterações? Houve alguma população específica que mais tenha sofrido 
com essas consequências? Qual teria sido essa população?
Lembre os alunos de que chuvas são fenômenos naturais, que alterações 
climáticas podem interferir em fenômenos naturais, como o regime das chuvas, 
mas que ações do homem que alteram a paisagem podem provocar alterações 
climáticas — selecionando com eles, para exemplificar, algumas imagens da 
pesquisa proposta no início dessa atividade.
 4ª Etapa: atividades
Apresente aos alunos a leitura da reportagem: Enchente no Rio está 
entre as mais fatais nos últimos 12 meses no mundo (publicado em 07/04/2010 
no site do jornal “O Estado de São Paulo”). 
Esclareça os termos mais difíceis, e certifique-se de que os alunos 
compreenderam que a reportagem trata das consequências da grande enchente 
que atingiu a região serrana do Rio de Janeiro e foi uma das catástrofes maior 
gravide no mundo associadas a chuvas. 
Inicie um debate com eles a partir das seguintes questões: Por que 
ocorreram tantas mortes? O que são áreas de risco? O que essa catástrofe tem a 
ver com a ocupação do solo?
No último parágrafo, a matéria explica que “11% das pessoas expostas 
a catástrofes naturais vivem em países pobres, mas em países pobres ocorrem 
mais de 53% de mortes relacionadas a essas catástrofes”. Pergunte aos alunos o 
que isso quer dizer, e por que isso acontece.
Nesse momento, apresente a atividade interativa “Cidade: ocupação 
e saneamento”. Acompanhe os alunos durante a realização das atividades 
propostas e aproveite para discutir o que aprenderam a respeito dos seguintes 
aspectos: ocupação urbana, moradia em locais inadequados, enchentes e 
possíveis alternativas, coleta de lixo, dentre outros.
Materiais Relacionados
Antes de iniciar esta atividade é importante que se aproprie de algumas 
informações sobre o tema e conheça alguns sites que poderá indicar aos alunos 
no decorrer das atividades. Selecionamos os links a seguir para ajudá-lo.
Reportagem
https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,enchente-no-rio-esta-
entre-as-mais-fatais-nos-ultimos-12-meses-no-mundo,534900 (Enchente no Rio 
está entre as mais fatais nos últimos 12 meses no mundo) 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
168
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/urbanizacao-do-
brasil-consequencias-e-caracteristicas-das-cidades.htm (Urbanização do Brasil: 
consequências e características das cidades) 
 A cidade não para a cidade só cresce
Pode ser que seja necessário retomar com os alunos os conceitos de bacia 
hidrográfica e ciclo da água, para que compreendam a formação das enchentes. 
Sobre este tema, indicamos os seguintes links:
http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx (Agência nacional das águas)https://www.youtube.com/watch?v=g26Wk4gpkws (Vídeo Ciclo da 
Água do CODAU — Centro Operacional de Desenvolvimento e Saneamento 
de Uberaba). 
FONTE:<https://www.institutonetclaroembratel.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/
cidades-i/>. Acesso em: 3 jun. 2019. 
169
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O termo planejamento urbano e regional nos remete à ideia de planejamento 
futuro do crescimento físico, dos usos e ocupações das cidades e de sua 
expansão em uma escala regional.
• O planejamento urbano refere-se tanto a ações coletivas que moldam e 
melhoram os assentamentos humanos quanto a uma área profissional e 
acadêmica que se desenvolveu para guiar o crescimento urbano e melhorar as 
condições das cidades, sobretudo, das cidades industriais. 
• O planejamento urbano é uma tentativa de administrar a cidade, muitas vezes 
para evitar ou aliviar problemas urbanos comuns.
• O planejamento urbano reconhece e localiza as tendências locais e regionais 
que podem interferir no desenvolvimento das cidades.
• O planejamento urbano e regional refere-se à concepção e à instituição de 
políticas e leis que servem para orientar o uso da terra, especialmente em áreas 
metropolitas ou subáreas, geralmente estando atrelada à direção de governos.
• No século XX, o planejamento foi institucionalizado em diferentes escalas 
de governo (por exemplo: federal, estadual e municipal) para gerenciar o 
crescimento e a expansão das cidades, especialmente em termos de uso da terra 
e provisão de infraestrutura (particularmente transporte e serviços públicos).
• Ao se tratar do planejamento urbano, os planos diretores, os planos de 
revitalização urbana e as legislações de zoneamento que regulam a ocupação 
do solo são instrumentos amplamente utilizados. 
• No âmbito do planejamento regional, os planos de desenvolvimento regional, 
os estímulos fiscais, os fundos de financiamento e os investimentos em 
infraestrutura são ferramentas frequentemente utilizadas.
• O Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001), também denominado de Lei do 
Meio Ambiente Artificial, tem como objetivo formular diretrizes gerais de 
administração do ambiente urbano.
• A expressão “revitalização urbana” refere-se a um conjunto de iniciativas 
destinadas a reorganizar uma estrutura de cidade existente, particularmente 
em bairros em declínio devido a razões econômicas ou sociais.
170
• O zoneamento é um instrumento jurídico de ordenação do uso e ocupação do 
solo.
• Os planos de desenvolvimento regional permitem que ocorra uma articulação 
entre as distintas escalas geográficas em que se engendram os processos de 
planejamento e desenvolvimento.
• O planejamento urbano envolve as etapas de diagnóstico, prognóstico, 
propostas e gestão urbana. 
171
1 No processo de realizar o planejamento das cidades, os planos de 
desenvolvimento regional são um dos instrumentos utilizados. Com 
relação a esse instrumento, avalie as seguintes asserções e a relação 
proposta entre elas.
I- Os planos de desenvolvimento regional permitem que ocorra uma 
articulação entre as distintas escalas geográficas em que se engendram os 
processos de planejamento e desenvolvimento. 
PORQUE
II- Enquanto o planejamento urbano abarca fortes elementos locais, em virtude 
do próprio arcabouço que o forma, incluindo a elaboração dos planos 
diretores e a legislação de zoneamento, são os planos de desenvolvimento 
regional que permitem uma articulação entre o planejamento urbano e o 
seu contexto regional. 
A respeito destas asserções, assinale a opção CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa 
da I. 
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma 
justificativa da I. 
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição 
falsa. 
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
2 A geografia urbana e o planejamento urbano são dois campos de atuação e 
de estudos que se entrelaçam e se complementam. Com relação aos estudos 
do planejamento urbano, sabemos que este abarca olhares e dimensões 
interdisciplinares. Ademais, tal processo nem sempre foi institucionalizado. 
Nesse sentido, disserte sobre o processo de institucionalização do 
planejamento urbano ocorrido no século XX. 
3 ( ENADE, 2014) A Lei n° 10.257, aprovada em 2001, tem méritos que justificam 
seu prestígio em boa parte dos países do mundo e suas virtudes não se 
esgotam na qualidade técnica ou jurídica de seu texto. Num mundo que se 
urbaniza crescentemente e que a maior contribuição a esse processo ocorre 
nos países pobres, o tratamento dado à terra na lei merece ser conhecido. 
Portanto, em que pese a abordagem holística composta por diferentes 
aspectos, o tema central é a função social da propriedade. Em síntese, a lei 
AUTOATIVIDADE
172
define como regular a propriedade urbana de modo que os negócios que a 
envolvem não constituam obstáculo ao direito à moradia para a maior parte 
da população, visando, com isso, combater a segregação, a exclusão territorial, 
a cidade desumana, desigual e ambientalmente predatória.
FONTE: MAR/CATO, E. O Estatuto da Cidade Periférica. In: Carvalho, C. S.; ROSSBACH, A. C. 
O Estatuto da Cidade: comentado. São Paulo: Ministério das Cidades/Aliança das Cidades, 
2010. Disponível em: http://www.cidades.gov.br. Acesso em: 30 jul. 2014 (adaptado).
Considerando a citação que trata da política urbana do Estatuto da 
Cidade, avalie as seguintes afirmações.
I- A regulamentação dos artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 estabelece 
que o panejamento territorial municipal deve ser resultado de um trabalho 
restrito a técnicos de alto nível acadêmico, incorporando para esse fim os 
planos de gestão e ordenamento territorial elaborados nas escalas nacional, 
estaduais, regionais, metropolitanas, municipais e intermunicipais.
II- A Lei n° 10.257, denominada Estatuto da Cidade, define um extenso 
conjunto de instrumentos para que o município tenha condições de 
construir uma política urbana que concretize, de fato, a função social da 
propriedade urbana e o direito de todos à cidade. Contudo, tal legislação, 
embora fundamental, não é suficiente para resolver problemas estruturais 
de uma sociedade historicamente desigual, na qual o direito à cidade ou 
à moradia legal não são assegurados à maioria da população.
III- A Lei n° 10.257 não trata apenas da terra urbana, assumindo um enfoque 
holístico, pois abrange também, por exemplo: diretrizes e preceitos sobre 
planos e planejamento urbano; sobre gestão urbana e regulação estatal; fiscal 
e jurídica (em especial sobre as propriedades fundiárias e imobiliárias), 
regularização da propriedade informal, participação social nos planos, 
orçamentos, parcerias público-privadas, leis complementares e gestão urbana.
É CORRETO o que se afirma em:
a) ( ) I, apenas.
b) ( ) II, apenas.
c) ( ) I e III, apenas.
d) ( ) II e III, apenas.
e) ( ) I, II e III. 
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/642394>. 
Acesso em: 19 set. 2019.
173
TÓPICO 2
A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
O estudo do planejamento, conforme estamos acompanhando, apoia-
se em uma ampla gama de conceitos e instrumentos de gestão que auxiliam a 
conceber projetos e a gerenciar ações relacionadas ao espaço urbano. Neste tópico, 
a intenção é realçar a dimensão ambiental do planejamento urbano. Pretende-se 
evidenciar que a relação entre sociedade e natureza e a cidade e o meio ambiente, 
são indissociáveis.
Enquanto abordagens antigas tendiam a enxergar esses dois elementos 
de forma dicotômica, ou seja, o ambiente natural em oposição ao ambiente 
urbano, nos interessa ressaltar aqui como ações de planejamento urbano podem 
incorporar a dimensão ambiental de modo consciente e sustentável. 
2 COMPONENTES DA QUALIDADE AMBIENTAL URBANA
A expressiva concentração de pessoas e atividades econômicasem cidades 
inevitavelmente cria uma pressão localizada sobre o meio ambiente, pois, embora 
as áreas urbanas abriguem atualmente metade da população mundial, eles ocupam 
apenas 2,8% a área terrestre do mundo (UNITED NATIONS ENVIRONMENT 
PROGRAMME, 2013). Essa densa concentração de pessoas em uma pequena 
proporção de área de terra desencadeia alguns problemas ambientais urbanos. 
Dentre os problemas urbanos vinculados à dimensão ambiental, é 
possível mencionar a relação entre o meio ambiente e a saúde, que se manifesta 
em decorrência de adversidades no abastecimento de água e da provisão 
do saneamento. A qualidade do ar, a gestão dos resíduos sólidos e a questão 
da drenagem da água também podem desencadear importantes problemas 
ambientais urbanos. 
Ao mesmo tempo, atividades que ocorrem em áreas urbanas podem ter 
implicações para as condições ambientais em outros lugares no mundo. Isso 
porque as cidades dependem de uma ampla gama de recursos que advém de 
174
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
fora de suas fronteiras geográficas (incluindo água, energia, alimentos e matérias-
primas para a produção de bens): demandas que podem ter efeitos ambientais 
significativos sobre locais distantes (UNITED NATIONS ENVIRONMENT 
PROGRAMME, 2013). 
Sobre esse tema, há um crescente consenso a respeito da preocupação com 
o bem-estar das gerações futuras que precisam se casar com uma preocupação 
com o bem-estar das gerações atuais, e isso requer engajamento das esferas 
econômicas, políticas e sociais, em uma variedade de escalas, do local ao global 
(UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2013).
Ao discorrem sobre a dimensão ambiental do planejamento urbano, 
Ribeiro e Vargas (2001) defendem a ideia da qualidade urbana, que seria formada 
por um conjunto de componentes aptos para proporcionar a chamada qualidade 
ambiental urbana. Os aspectos componentes da qualidade ambiental urbana 
foram organizados no quadro a seguir.
QUADRO 1 – COMPONENTES DA QUALIDADE AMBIENTAL URBANA
ESPACIAIS BIOLÓGICO SOCIAIS ECONÔMICOS
Bem-estar, vegetação, 
espaços abertos, 
tranquilidade.
Saúde física, 
saneamento, 
isolamento, níveis 
de ruído, qualidade 
do ar.
Organização 
comunitária, de 
classe, associações.
Oportunidade de 
emprego, trabalho, 
negócios.
Acessibilidade, 
sistema viário, 
transporte.
Saúde mental, 
estresse, 
congestionamento, 
filas, solidão, 
reclamações.
Realização pessoal, 
amizade, afeto, 
reconhecimento.
Produtividade, 
economia e 
deseconomia de 
aglomeração, custo 
de vida, competição 
complementariedade.
Desenho urbano, 
elementos visuais, 
monotonia, 
desordem, 
informação.
Segurança, trânsito, 
edificações, 
marginalidade.
Contatos, encontros, 
privacidade, 
solidariedade.
Diversidade de 
escolhas.
Referências, 
orientação, história, 
marcos.
Atividades de lazer, 
recreação, cultura, 
compras.
Uso e ocupação do 
solo, densidades, 
conflito de uso, 
facilidades, 
permeabilidade, 
segregação.
Realização 
profissional, 
mobilidade, 
oportunidades.
Acesso e opções de 
moradia, trabalho, 
serviços urbanos, 
serviços sociais, 
transporte.
FONTE: Ribeiro e Vargas (2001 apud CUNHA, 2008, p. 269) 
TÓPICO 2 | A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO
175
Observe no quadro a diversidade de aspectos que interferem na qualidade 
ambiental urbana. Note como os aspectos estão entrelaçados e como os aspectos 
naturais e artificiais se combinam e, em conjunto, afetam a qualidade de vida 
dos residentes em áreas urbanas. Para além dos aspectos físicos em si, tal como 
uma praça com vegetação e beleza estética, é necessário, por exemplo, que as 
condições de segurança sejam adequadas para permitir que sua função, enquanto 
espaço público de lazer, se cumpra. 
NOTA
Vale lembrar que, dentre as várias funções desempenhadas pela cidade, ela é, 
provavelmente, antes de tudo, um espaço de vida. É o espaço no qual o ser humano vive e 
busca caminhos para a sua realização e bem-estar.
 Por isso, quando se projetam as linhas de um metro, por exemplo, para 
além dos aspectos meramente técnicos, seria fundamental que se pensasse no 
conforto e na conveniência dos usuários (tal como ocorre em alguns países 
desenvolvidos), de modo que a experiência de usar o transporte público, de 
modo global, fosse aprazível — que o trem fosse pontual, que a estação fosse 
confortável, que os horários das linhas fossem condizentes com a intensidade dos 
fluxos de passageiros e assim por diante. Nesse sentido, ressaltamos que, para 
além do planejamento dos espaços urbanos, é fundamental que se tenha acesso a 
mecanismos que viabilizem a gestão do ambiente urbano. 
Sobre este assunto, Ribeiro e Vargas (2001) comentam que os instrumentos 
tradicionais de gestão ambiental urbana podem ser agrupados em quatro grupos, 
tal como nos revela a ilustração a seguir, acompanhe: 
176
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
FIGURA 8 – INSTRUMENTOS TRADICIONAIS DE GESTÃO AMBIENTAL URBANA
Instrumentos tradicionais de
Gestão Ambiental Urbana
Normativos
Envolvem as
legislações de uso do 
solo, regulamentação 
de padrões de emissão 
de poluentes, dentre 
outros.
Corretivos Preventivos
Abarcam as intervenções
diretas de implantação
e manutenção de 
infraestrutura de
saneamento, plantio de
árvores, serviço de coleta
de resíduos, etc.
Fiscalização e Controle
Incluem a delimitação de
espaços territoriais protegidos
(parques e praças), avaliações
de impacto ambiental, análise
de risco e licenciamento 
ambiental entre outros.
Visam assegurar que
as atividades realizadas
no espaço urbano estejam
conformes às normas
vigentes.
FONTE: Adaptado de Ribeiro e Vargas (2001)
Observe no organograma que os instrumentos tradicionais podem ser de 
diferentes naturezas. Em outras palavras, eles podem ter como função orientar 
e precaver quais ações serão empreendidas no espaço geográfico e podem, 
ainda, ter a função de “punir”, ou seja, de utilizar-se de mecanismos que possam 
assegurar aquilo que foi anteriormente balizado. Lembre-se, então, que tais 
instrumentos podem ser normativos, corretivos, preventivos ou ter a finalidade 
de fiscalização e controle. Ou seja, parte desses instrumentos estão focados no 
“antes”, a precaução; e outros enfocam o “depois” da correção, o ajuste. 
Em termos conceituais, o instrumental tradicional apontado deveria ser 
capaz de conduzir e nortear a qualidade ambiental urbana. Na prática, contudo, 
os referidos instrumentos vêm apresentando algumas insuficiências. 
Ribeiro e Vargas (2001) observam que a restrição da eficácia estaria atrelada 
e condicionada a alguns aspectos, merecendo destaque a impossibilidade de se 
implementar todas as ações necessárias em decorrência da escassez de recursos 
financeiros, humanos e técnicos. Além disso, no espaço urbano cruzam-se 
interesses de diversas ordens (econômicos, sociais e culturais), antagônicos aos 
do gestor urbano, ou ainda, pode existir um desconhecimento generalizados 
sobre a dimensão ambiental que permeia o espaço urbano da cidade, levando 
ao imobilismo e colocando obstáculos para a realização dos objetivos delineados 
(RIBEIRO; VARGAS, 2001). Nesse cenário, o resultado é um só:
[...] a falta de cooperação e a dificuldade no estabelecimento de 
parcerias. As ações, em vez de se somarem, se neutralizam ou se 
confrontam, numa sinergia negativa, e a qualidade do ambiente 
urbano, ao invés de melhorar, frequentemente se deteriora, levando 
ao desamino de seus moradores e até mesmo ao desejo desses de 
mudarem de cidade (RIBEIRO; VARGAS, 2001, p. 14).
TÓPICO 2 | A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO
177
Para minimizar essa problemática, Ribeiro e Vargas (2001) sugerem a 
inclusão de “novos instrumentos”, para serem incorporados e aliados ao aparato 
instrumental tradicional, tais como: educação ambiental, projetos de comunicação 
voltados para a temática, além de ações de marketing e negociações ambientais, 
aptas a aumentar a eficiência dos responsáveis pela gestão ambiental urbana. Na 
visão das autoras,tais ações podem contribuir para a construção de sinergias 
positivas no panorama da gestão ambiental urbana.
Analisando as sinergias positivas atreladas ao meio ambiente e às cidades, 
elencamos a seguir algumas possibilidades de integrar a gestão ambiental e gestão 
urbana. As cidades podem usar uma variedade de princípios e abordagens para 
integrar o meio ambiente no planejamento e gestão urbana. 
É pertinente reconhecer que as ações tomadas nas cidades são essenciais 
para resolver ou minimizar os problemas ambientais globais. Pois é na escala 
local que a maioria das estratégias territoriais se desenvolve. Reforçamos que as 
cidades são locais importantes para se envolver com questões ambientais, tendo 
em vista que a maior parte da população vive em cidades. 
Estratégias ambientais para áreas urbanas precisam ser apoiadas por 
alguns princípios fundamentais, para que englobem o envolvimento dos 
residentes urbanos, o apoio político e o compromisso por parte dos gestores 
urbanos, assim como o entusiasmo generalizado dos residentes urbanos. As 
estratégias precisam ser sustentadas por estruturas de governança que facilitem a 
integração das preocupações ambientais no processo de planejamento (UNITED 
NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME, 2013).
Você conhece o termo governança? Vamos entender melhor do que se 
trata e como esta definição está associada à gestão dos territórios?
Governança Territorial
Valdir Roque Dallabrida
O território é ambiente de relações que se mesclam entre formas de 
disputa de poder, logo conflituosas, ou de cooperação, pois é onde se expressam 
as diferentes formas de pensar e agir das pessoas, não só daquelas que habitam 
o território, também daquelas que, mesmo de fora, têm interesses projetados 
naquele recorte espacial. Além disso, os atores internos ou externos que atuam 
e/ou interferem no território representam diferentes setores, que poderiam ser 
sintetizados em três termos que utilizamos cotidianamente: sociedade civil, 
agentes estatais e do mercado.
Assim sendo, hodiernamente, os processos de gestão do território são 
complexos, pois precisam integrar associativamente não apenas a ação do 
178
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
Estado e sociedade civil, também os agentes do mercado. Tais processos de 
gesta são chamados pela literatura contemporânea de governança territorial 
(DALLABRIDA, 2015, 2016). Como decorrência dessa compreensão, a dinâmica 
territorial precisa ser vista como espaços de concertação e governança territorial. 
A concertação social entendida como processo em que representantes das 
diferentes redes de poder socioterritorial, através de procedimentos voluntários 
de conciliação e mediação, assumem a prática de gestão territorial de forma 
decentralizada e colaborativa. Isso implica na participação de diferentes 
atores sociais, econômicos e institucionais, como protagonistas do processo 
(DALLABRIDA, 2007).
Em síntese, a governança territorial pode ser concebida como um 
processo de planejamento e gestão de dinâmicas territoriais que envolvem 
atores diferenciados, tais como, agentes estatais, empresariais e atores sociais, 
que transcorre em contextos de sociedades complexas, conflituosas e regidas 
por processos multiescalarmente interpenetrados, implicando desafios na sua 
prática (DALLABRIDA, 2016).
Acerca de sua noção, ou autores, em geral, referem-se aos processos de 
articulação de atores sociais, econômicos e institucionais em redes de poder 
socioterritorial (DALLABRIDA, 2007) com vista ao planejamento, tomado 
de decisão e gestão de assuntos públicos no território (FARINÓS, 2008; 
DALLABRIDA, 2007), como um modo de organização da ação coletiva. Como 
característica, tais processos se assentam numa lógica inovadora, partilhada e 
colaborativa (FERRÃO, 2010), numa concepção qualificada de democracia e 
num maior protagonismo da sociedade civil, respeitando, no entanto, o papel 
insubstituível do Estado (DALLABRIDA, 2015).
Assim, propõem-se o entendimento de governança territorial na forma 
como está expresso em Dallabrida (2015, p. 325): “A governança territorial 
corresponde a um processo de planejamento e gestão de dinâmicas territoriais 
que dá prioridade a uma ótica inovadora, partilhada e colaborativa, por meio 
de relações horizontais”. Esse processo inclui lutas de poder, discussões, 
negociações e, por vezes, deliberações, entre agentes estatais, representantes 
dos setores sociais e empresariais, de centros universitários ou de investigação. 
Uma questão importante deve ser ressaltada: processos desta natureza 
fundamentam-se num papel insubstituível do Estado, numa noção qualificada 
de democracia e no protagonismo da sociedade civil, objetivando harmonizar 
uma visão sobre o futuro e um determinado padrão de desenvolvimento 
territorial (DALLABRIDA, 2015). 
Entre os propósitos da governança territorial está a gestão dos assuntos 
públicos com impacto nos territórios com vistas a acordar uma visão partilhada 
para o futuro entre todos os níveis e atores envolvidos, de modo a assegurar 
TÓPICO 2 | A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO
179
a representação de diferentes grupos e interesses territoriais (FARINÓS, 2008; 
DALLABRIDA, 2007; 2015). Apesar da grandeza dos propósitos, análises 
sobre a prática de processos de governança territorial revelam ainda a falta de 
integração setorial e intragovernamental das políticas públicas que impactam 
os territórios. Ainda, em relação às experiências de associativismo territorial, 
seja de cunho social ou empresarial, a prática não demonstra a eficácia 
necessária para governar um território de forma associativa e participativa 
(DALLABRIDA, 2015). São apenas alguns dos desafios a serem superados, 
o que não significa desmerecimento de sua importância como estratégia de 
ampliação do protagonismo territorial.
Por fim, Jessop (2006) ressalta que, apesar do contexto mundial 
sociopolítico-econômico que exige novas formas de governo e em que 
emergem formas de governança, se mantêm um papel político central para o 
Estado nacional. No entanto, este papel se redefine devido à rearticulação mais 
geral dos níveis de organização política e econômica supranacionais, nacionais, 
regionais e locais. Com isso, a governança exige novos instrumentos jurídicos 
para o governo, orientados para favorecer o intercambio e a cooperação entre a 
pluralidade de atores que, hodiernamente, intervêm nos processos de decisão 
que incidem sobre os territórios.
FONTE: DALLABRIDA, V. R. Governança territorial. In: GRIRBELER, M. P. D.; RIEDL, M. (Orgs.) 
Dicionário de desenvolvimento regional e temas correlatos. Porto Alegre: Conceito, 2017. 
Caro acadêmico, você notou como os processos de governança territorial 
permitem a articulação entre os aspectos ambientais e urbanos que permeiam 
a gestão das cidades? Esse escopo conceitual nos ajuda a pensar em soluções e 
alternativas para os espaços onde residimos.
Cumpre reconhecer que, para incorporar a análise da dimensão 
ambiental nos estudos do planejamento urbano, é fundamental que se apoie 
em abordagens integradas. Tais abordagens permitem identificar as múltiplas 
dimensões e escalas dos problemas ambientais que ocorrem nos espaços 
urbanos. Essa abordagem deve priorizar os arranjos de governança, que podem 
fornecer uma base sobre quais ferramentas específicas para integrar o ambiente 
no planejamento e gerenciamento urbano possam ser utilizadas. Cidades em 
diferentes estágios de crescimento populacional e desenvolvimento econômico 
enfrentam problemas ambientais diferentes e exigem soluções adequadas para 
cada realidade. Em quaisquer que sejam os casos particulares, no entanto, a 
participação de uma série de partes interessadas e o compromisso político são 
importantes; assim como assegurar que as atividades sejam harmonizadas e 
integradas com outros níveis de governo (UNITED NATIONS ENVIRONMENT 
PROGRAMME, 2013).
180
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
3 PROCESSOS DE DEGRADAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO 
AMBIENTE URBANO
Seguindocom as reflexões sobre a dimensão ambiental do planejamento 
urbano, iremos ressaltar dois conceitos que são usualmente empregados ao se 
tratar do assunto: degradação e recuperação. 
De modo geral, a degradação ambiental refere-se ao processo pelo qual 
o meio ambiente — o ar, a água e a terra — é progressivamente contaminado, 
excessivamente explorado ou destruído. Quando o ambiente se torna danificado, 
diz-se que a degradação ambiental ocorre. Assim, a degradação ambiental é a 
deterioração do meio ambiente através do esgotamento de recursos como água 
do ar, solo e florestas, a destruição de ecossistemas e a extinção da vida selvagem 
(ENVIRONMENTAL, c2012). 
A degradação ambiental, tal como a degradação da terra e a poluição 
da água, do ar ou do solo, é causada pelo mau uso dos recursos, ausência de 
planejamento urbano, infraestrutura deficiente e má governança e monitoramento 
da gestão urbana. Tal descuido, somados a problemas como má administração 
de recursos alocados para gestão ambiental e urbana, acidentes industriais (que 
despejam resíduos e rejeitos na natureza excessivamente), aumento da poluição 
nas cidades, entre várias outras mazelas ambientais, têm crescido de tal forma na 
atualidade, que os chamados serviços ecossistêmicos estão sendo comprometidos 
em todas as regiões do mundo. Quando esses fatores são sobrepostos a fenômenos 
de mudança ambiental global, tal como mudanças climáticas (alterações nos 
padrões de precipitação, aumento do nível do mar, aumento da frequência de 
ondas de calor e assim por diante, dependendo da localização), a possibilidade 
da intensificação dos problemas ambientais nos espaços urbanos apresenta-se, 
infelizmente, como um cenário a ser enfrentado (RENAUD et al., 2008). 
Os efeitos da degradação ambiental nos espaços urbanos geram 
consequência para a saúde, qualidade de vida e produtividade das cidades. 
Dentre os problemas decorrentes da degradação ambiental, podemos ressaltar: 
a poluição da água e sua escassez; a poluição do ar; resíduos sólidos e tóxicos 
que não são descartados adequadamente (que além de prejudicar a saúde, afeta a 
produtividade através da poluição dos recursos hídricos subterrâneos); poluição 
sonora excessiva (que muitas vezes deriva da falta de planejamento urbano) entre 
vários outros problemas, conforme examinamos na unidade anterior deste livro 
didático. No tópico a seguir, discutiremos algumas possibilidades para melhorar 
a qualidade ambiental urbana das cidades. 
Por fim, deixamos uma sugestão de plano de aula para trabalhar com 
os alunos a questão dos aspectos ambientais relacionais ao espaço urbano. 
Particularmente, a atividade problematiza a questão do lixo. Acompanhe!
TÓPICO 2 | A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO
181
Plano de aula
Lixo	como	forma	de	poluição
Aula destinada para os alunos do quinto ano do ensino fundamental
Objetivos de aprendizagem: identificar o lixo como forma de poluição 
a partir de exemplo em seu entorno.
Habilidades da BNCC: identificar e descrever problemas ambientais 
que ocorrem no entorno da escola e da residência (lixões, indústrias poluentes, 
destruição do patrimônio histórico etc.), propondo soluções (inclusive 
tecnológicas) para esses problemas.
Materiais necessários: Papel A4.
Para você saber mais:
http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/lixo.pdf 
http://www.cenedcursos.com.br/meio-ambiente/lixo-consequencias-
desafios-e- solucoes/ 
Sugestões	de	link	que	apresenta	conceito	de	lixo:
https://portalresiduossolidos.com/o-que-e-lixo/ 
Sugestões	de	link	que	apresenta	conceito	de	poluição:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/tipos- poluicao.htm 
Contextos prévios: espera-se que os alunos já saibam o conceito de:
Lixo: um produto que foi descartado e que não tem valor nenhum. O 
lixo que pode ser reaproveitado de alguma forma é chamado de resíduo sólido. 
O lixo que não pode ser aproveitado é chamado de rejeito. 
Poluição: poluição é definida por alterações indesejáveis nas 
propriedades físicas, químicas e/ou biológicas do meio ambiente, trazendo 
danos e desequilíbrios à natureza e ao desenvolvimento de populações naturais 
e humanas. 
Tema da aula 
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UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
Tempo sugerido: 2 minutos
Orientações: leia o tema com os alunos. Pergunte aos alunos: “O que 
é lixo?”. Espera-se que os alunos respondam que lixo é o que não queremos 
mais, o que se pode jogar fora.
Contextualização
Tempo sugerido: 5 minutos
Orientações: leia as informações do slide com os alunos. Pergunte aos 
alunos: “Você sabe quantas sacolas de lixo sua família produz em casa?”, “E só 
você, quantas sacolas de supermercado você enche de lixo em um dia? Pense 
nas folhas que você arranca ou rasga do caderno, por exemplo”, “Aqui na 
escola você imagina quantas sacolas de lixo são produzidas por dia?” Se não 
for possível projetar o slide escreva em cartolinas/papel kraft ou no quadro, 
assim os alunos poderão acompanhar a leitura das informações do slide.
TÓPICO 2 | A DIMENSÃO AMBIENTAL DO PLANEJAMENTO URBANO
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Problematização
Tempo sugerido: 5 minutos 
Orientações: leia a pergunta com os alunos do slide projetado. Você 
pode escrever a pergunta no quadro se não for possível fazer a projeção. Faça 
os alunos pensarem sobre o trajeto que fazem todo dia, de sua casa para a escola 
e vice-versa, fazendo-os refletirem no que eles vêm ou não vêm no caminho. 
Alguns podem dar exemplos como: “quando eu venho para a escola eu tenho 
que descer da calçada porque está cheia de lixo.”, ”A rua é cheia de lixo no 
chão.”, “Tem um lugar que todo mundo joga as sacolas de lixo no fim da rua.”
Para estimular mais ideias aos alunos pergunte “Você considera o lixo 
um problema? Na sua casa, na escola, no bairro da escola?”.
Ação propositiva 
Tempo sugerido: 25 minutos 
Orientações: distribua uma folha de papel A4 para cada aluno. Explique 
aos alunos que eles devem desenhar o caminho, “um mapa”, da casa deles até 
a escola com os locais onde tem descarte de lixo como lixeiras, marcar onde as 
sacolas de lixo ficam acumuladas no chão (esquinas normalmente), onde tem 
184
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO URBANO
Tempo sugerido: 13 minutos 
Orientações: peça aos alunos que escrevam três ações para diminuir a 
quantidade de lixo no dia a dia deles. Espera-se que escrevam: “Não usar copo 
descartável”, “Usar sacola retornável”, “Usar garrafa de refrigerante de vidro”. 
Peça para os alunos lerem uma das ações escritas por eles. Incentive os alunos 
a falarem como colocariam essas ações em prática.
FONTE: <https://novaescola.org.br/plano-de-aula/5057/lixo-como-forma-de-poluicao>. Acesso 
em: 14 jun. 2019. 
entulho e outras formas de lixo que eles se lembrarem. Deixe-os desenhando 
por 15 minutos. Observe que o “mapa" é uma representação do caminho que 
o aluno faz, um mapa mental, não se espera que haja conceitos cartográficos, 
afinal não é o objetivo da aula. Por isso, não se espera desenhos complexos nesta 
faixa etária, veja exemplos de mapa mentais no link: https://www.neusarocha.
com.br/projetos/produzindo- mapas-mentais-6-ano.
Desenhe no quadro um exemplo com base nos mapas mentais do link. 
Entretanto, mesmo não sendo o foco da atividade, você proporcionará aos alunos a 
oportunidade de construção da noção de localização relativa dos objetos no espaço.
Após o tempo para desenhar, diga que vocês vão fazer uma lista, 
no quadro, das formas de descarte mais comuns, que mais apareceram nos 
desenhos. Peça aos alunos para ditarem as formas que eles desenharam, peça 
que cada um cite uma forma, assim todos poderão participar da atividade. Se 
espera que eles citem: “na lixeira”, ‘na calçada”, “no terreno vazio”. Quando as 
formas se repetirem marque com um “I” na frente do nome já escrito na lista, 
assim ao acabarem a lista é possível verificar qual o tipo mais comum.
Os mapas podem ser colados no mural da sala para que ocorra uma 
comparação entre as quantidades de lixo nos caminhos. 
Sistematização 
185
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico,

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