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A ética protestante e o espírito capitalista presente na segunda guerra mundial

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ 
 CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS 
 CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO 
 PRESENTE NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
 
 
 
 
 
ALUNA: VICTORIA ALBUQUERQUE QUEIROZ 
MATRÍCULA: 1538130 
PROFESSOR: UBIRACY BRAGA 
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA CLÁSSICA 
 
 
 FORTALEZA-CEARÁ 
 2020 
 
 
 
 
 
Max Weber é considerado um dos pais da sociologia, além de sociólogo era também 
economista. N​asceu em Erfurt, Turíngia, Alemanha, no dia 21 de abril de 1864. Filho de 
um jurista e político do Partido Liberal Nacional. Estudou nas universidades de 
Heidelberg onde mais tarde passou a lecionar, mas também estudou em Berlim e 
Gotinga. Formou-se em Direito e doutorou-se em Economia. Lecionou também em 
diversas universidades da Alemanha, porém passou um tempo afastado do magistério 
em consequência de uma depressão, nesse período, realizou diversas viagens e 
dedicou-se ao trabalho acadêmico. Entre suas principais obras está “a ética protestante e 
o espírito do capitalismo” 
O título a ética protestante e o espírito do capitalismo pode ser traduzido em como os 
costumes protestantes contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo. A obra trás 
uma análise cultural e religiosa do capitalismo o qual é definido como racionalidade de 
lucro de uma pessoa individualista. Com base em estudos, Weber defende como 
principal idéia a de que as pessoas com grandes posições econômicas eram de religião 
protestante enquanto as de menores posições eram católicas. Assim como as regiões 
mais desenvolvidas também tinham a predominância do protestantismo de Martinho 
Lutero como, por exemplo, a Alemanha, já as regiões que tiveram certa demora em seu 
desenvolvimento econômico como Portugal e Espanha, eram católicas. 
O fundamento dessa idéia se dá pelo fato de que a igreja católica tinha uma doutrina 
controladora que deixava todos os adeptos da religião dependentes da mesma e sujeitos 
a ignorância, a missa era rezada em latim e poucos tinham domínio da língua então o 
real conteúdo da missa ficava em oculto resultando em católicos com uma cultura de 
prazeres alta e uma educação financeira baixa, sua conduta ética valorizava o ócio. Com 
a reforma protestante, seus novos seguidores quebraram os vínculos com a alienação 
católica e passaram a ter seus costumes próprios, caracterizados como legalistas, 
meritocráticos, individualistas, praticantes da renúncia aos prazeres da vida, além da 
grande valorização do trabalho, da disciplina, da moral e do hábito da poupança. 
Segundo Weber (1905, p.14) ​“coma ou durma bem. Neste caso o protestante prefere 
comer bem”. ​O capitalismo estabelece um grande vínculo com o protestantismo 
ascético: cumprimento do dever dado por Deus por meio do trabalho e a valorização do 
mesmo, não pelos prazeres que o trabalho e o dinheiro podem oferecer, mas sim como 
uma ordenança divina. O dinheiro deve ser usado conforme os padrões divinos e seus 
possuidores não devem jamais ultrapassar os limites impostos. Enquanto no catolicismo 
as grandes autoridades passavam a idéia de condenação do lucro. 
 
 
 
 
Ao longo da obra é detalhado sobre o ascetismo laico: calvinismo, pietismo, metodismo 
e as seitas batistas. Cada uma das correntes citadas possui a cultura de gastar menos, 
guardar mais e da repulsa de desejos pecaminosos principalmente ligados ao gasto de 
dinheiro com festas e atos semelhantes. Cada uma delas relata que a certeza da sua 
salvação está em um dogma específico e que através dele se poderá identificar se terá 
salvação ou não. Weber também correlaciona o ascetismo laico com características do 
capitalismo: 
1- calvinismo: o calvinismo teve uma importância maior dentre os outros por conta de 
seu principal dogma: o da predestinação. Seus princípios são individualistas e defendem 
que as pessoas escolhidas por Deus não podem ser pobres, o que faz o indivíduo ter uma 
busca incansável pelo sucesso. Tendo em vista que o capitalismo é praticado por 
pessoas individualistas e a própria essência do capitalismo é a garantia do lucro 
individual e a posição de sucesso, o público calvinista teve uma enorme facilidade de se 
ajustar aos princípios capitalistas que se encontram em uma mesma visão. 
2- pietismo: o pietismo se fundamentava na repudia dos prazeres da vida e das vontades 
humanas chamadas religiosamente de “carne”. A prática dos mosteiros e conventos era 
comum e existia uma grande valorização do legalismo, pois a conduta correta era 
trabalhar bastante, ser sincero no trabalho e mantendo-se longe de roubos e práticas 
ilegais que a bíblia não apoiava. A conduta legalista foi importante para fortalecer o 
capitalismo mantendo os praticantes do legalismo no emprego, pois eram os que mais se 
encaixavam na sociedade. 
3- metodismo: o metodismo é tido como uma “religião emocional”, pois era 
fundamentado no sentimento do ato da conversão e da prática da santificação. A graça 
que era oferecida era o suficiente para se sentir feliz, desenvolvendo assim, paixão pelas 
coisas de Deus sendo uma delas o trabalho, então o indivíduo também criava um 
sentimento de “paixão” com o trabalho. A busca do indivíduo por santidade criava uma 
cultura de determinação, busca por aperfeiçoamento e até mesmo de ambição. Tal 
cultura foi facilmente adaptada ao ambiente de trabalho e por fim ao capitalismo. 
4- seitas batistas: as seitas batistas acreditavam na repudia total da carne. Através do 
batismo (praticado apenas por adultos) o indivíduo voltava toda a sua vida em 
dedicação a Deus usando a expressão “morrer pro mundo” o que o tornava cada vez 
mais focado no trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 A ética dos protestantes é totalmente favorável ao capitalismo, e eficaz quando 
se trata da busca pelo sucesso econômico. Até mesmo aqueles que não se consideram 
protestantes, mas praticam a sua conduta acabam desfrutando dos mesmos resultados 
econômicos praticados pelos protestantes como é o caso dos judeus pós primeira guerra 
mundial, onde os grandes empresários, banqueiros e a elite em si eram compostos por 
eles. Hitler culpou os judeus pela a situação econômica da Alemanha desencadeando 
assim, um grande conflito. Em seu discurso e em suas ações a presença da ética 
protestante em favor de si era marcante. Hitler queria usar estes princípios para reerguer 
o país. 
A Alemanha era uma grande potência, porém depois da primeira guerra mundial sua 
situação se encontrava em um período muito difícil que iniciou-se em 1919 com o 
tratado de Versalhes. Neste tratado os países que conseguiram terminar a guerra com 
maior vantagem impunham suas condições para os que terminaram com menos 
vantagem, ou seja, a Alemanha. O contrato declarava a Alemanha como culpada da 
guerra, tomava uma série de territórios da mesma, reduzia e limitava seu exército a 
apenas 100 mil soldados, além de ser exigida uma quantia de vinte bilhões de marcos 
alemães, sendo mais tarde cobrados mais duzentos bilhões, além de navios mercantes, 
locomotivas, recursos minerais e etc. 
Com toda essa perca, a Alemanha se encontrou em inflação, desemprego e 
desigualdade, o que exigia da população um posicionamento econômico que no 
momento era praticado pelos judeus. 
 O judaísmo crê na existência de um único Deus e no cumprimento de seu 
livro sagrado denominado torá, composto por cinco livros em comum com a bíblia 
sendo estes:​ ​Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Mesmo não sendo 
uma religião messiânica como o protestantismo, o judaísmo apresenta uma conduta 
semelhante ao calvinismo na questão da predestinação, mesmo não chamando da 
mesma forma que os calvinistas o judaísmo se considera uma religião não missionária, 
pois não busca novos convertidos, quem éjudeu, precisa nascer em uma família de 
judeus. Seus seguidores apresentam uma conduta mais familiar uns com os outros, se 
fechando para o mundo e acreditando que somente eles e seus descendentes são de fato 
o povo escolhido de Deus. Os judeus assim como os protestantes são legalistas, 
valorizam o trabalho, a disciplina e rejeitam os prazeres da vida sendo bem semelhantes 
ao protestantismo ascético, além de também possuírem várias características que podem 
 
ser comparadas ao ascetismo laico. O motivo pelo qual os judeus ocupavam grandes 
posições era pela prática da ética protestante. 
No começo do domínio de Hitler sobre a Alemanha os ataques a judeus eram cada vez 
mais freqüentes tanto no país quanto nos territórios conquistados pelo mesmo. A cada 
novo território parte dos judeus conseguiam fugir se deixassem todas as aquisições para 
o novo governo, os que não conseguiam eram submetidos a várias regras e submissões. 
No pensamento de Hitler estas medidas serviram para assegurar que os judeus não 
ficassem ricos de novo e assim usurpassem o lugar dos trabalhadores alemães que agora 
teriam liberdade para trabalhar. 
 Este pensamento era implantado na cabeça da população através de um discurso 
carismático que propunha acabar com a desigualdade e reerguer a economia. O ditador 
alegava abominar a corrupção defendendo o legalismo e deixava claro o quanto 
trabalharia duro pelo país, exaltando paixão e sentimento pelo mesmo. Tais condutas de 
Hitler eram semelhantes a ética protestante. O ditador era visto como um enviado por 
Deus para salvar a Alemanha e por isso era digno de confiança, ele seria alguém que 
usaria dos princípios da ética protestante a favor do partido nazista com o objetivo de se 
tornar uma potência econômica. Mesmo o partido se autodenominando socialista, os 
princípios de ambição, de competição e outras marcas capitalistas eram notados. O que 
era defendido era que a Alemanha deveria lucrar acima de tudo. 
Concluímos que a ética protestante pode ser aplicada em diversas situações 
proporcionando assim grandes avanços na econômia, ela pode ser praticada por 
qualquer indivíduo sendo protestante ou não mas deve ser usada com sabedoria de 
forma que não seja tendenciosa para idéias radicais de dominação. Como assistente 
social, penso que o atual capitalismo ainda favorece uma classe enquanto desmerece 
outra, mas que através de projetos voltados em empregar a população menos favorecida 
e fazer um acompanhamento da situação de forma eficaz, podemos assim dar um grande 
passo a favor da luta contra a desigualdade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referencias: 
WEBBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 
HITLER, Adolf. Minha luta. Vol.1 Rio grande do sul. Editora centaurus, 2001. 
https://www.youtube.com/watch?v=d3r70E6Dvfs&feature=youtu.be 
https://www.youtube.com/watch?v=N3Zym-T4ybY&feature=youtu.be 
https://www.youtube.com/watch?v=vCCYgjSZj0Y&feature=youtu.be 
https://www.ebiografia.com/max_weber/ 
https://www.youtube.com/watch?v=5GIt3YtCBeY 
https://escolaeducacao.com.br/judaismo/#Simbolos_praticas_e_costumes_dos_judeus 
https://www.youtube.com/watch?v=T-sajvY_F4Y 
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/tratado-versalhes.htm 
https://www.youtube.com/watch?v=d3r70E6Dvfs&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=N3Zym-T4ybY&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=vCCYgjSZj0Y&feature=youtu.be
https://www.ebiografia.com/max_weber/
https://www.youtube.com/watch?v=5GIt3YtCBeY
https://escolaeducacao.com.br/judaismo/#Simbolos_praticas_e_costumes_dos_judeus
https://www.youtube.com/watch?v=T-sajvY_F4Y
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/tratado-versalhes.htm

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