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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E USO DE TECNOLOGIAS
DIGITAIS NA GRADUAÇÃO: UMA INTRODUÇÃO AO TEMA
MAIRA BERNARDI
SANDRO JOSÉ RIGO (org.)
SÔNIA DONDONIS DAUDT
Editora Unisinos, 2015
SUMÁRIO
Apresentação
Capítulo 1 – Histórico e concepções de EaD
Capítulo 2 – Fundamentos de recursos digitais
Capítulo 3 – Perfil do aluno EaD
Capítulo 4 – Fluência e aproveitamento na utilização de espaços digitais
Sobre os autores
Informações técnicas
APRESENTAÇÃO
Neste livro o leitor vai encontrar um apanhado geral de aspectos
importantes da Educação a Distância (EaD), organizados de modo que
possam lhe servir como apoio para o início (e continuidade) de sua
experiência nesta modalidade de ensino. Além disso, são apresentados
elementos relacionados com o contexto de cursos em EaD, que
proporcionam soluções para diversas atividades, como a utilização de
tecnologias que possibilitam ao aluno o acesso a recursos educacionais
complementares, formas de comunicação com colegas,
acompanhamento de notícias e informações sobre assuntos de interesse,
além da busca de informações na Web. Também é apresentada uma
análise de necessidades, atitudes, posicionamentos e hábitos que são
muito importantes para que o aluno nesta modalidade obtenha sucesso e
satisfação nos estudos. 
Na parte inicial, apresenta-se um breve histórico com o surgimento
da EaD, bem como modelos mais gerais de cursos nessa modalidade.
Em seguida, são descritos os fundamentos dos recursos digitais.
Também são comentados os aspectos da convergência digital observada
atualmente e a forma como estes se relacionam com cursos em EaD.
Tendo como base essas informações históricas, contextuais e
tecnológicas, o livro propõe um aprofundamento dos conhecimentos dos
recursos digitais e suas utilizações dentro do contexto de EaD,
apresentando possibilidades complementares para o seu uso. Nesse
momento, são tratadas com maior detalhamento as ferramentas a serem
utilizadas pelo aluno em Ambientes Virtuais de Aprendizagem e outros
espaços digitais. Desse modo, o leitor poderá observar um panorama de
possibilidades que serão empregadas pelos professores como
elementos para o seu aprendizado.
Junto com esses tópicos, são tratadas questões importantes para a
boa utilização do curso pelo aluno, tais como a organização do tempo, a
autonomia, a interação e a etiqueta na Internet, sendo indicados e
analisados aspectos fundamentais para o melhor aproveitamento do
curso e das suas possibilidades.
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO E CONCEPÇÕES DE EAD
Este capítulo é dedicado a descrever brevemente aspectos históricos da
Educação a Distância e identificar modelos e concepções que são comumente
encontrados em diferentes cursos nesta modalidade. O objetivo do capítulo é auxil iar o
leitor a identificar um contexto histórico do desenvolvimento da modalidade, dentro do
qual se justificam diferentes abordagens, com suas características, vantagens e
desvantagens.
1.1 Aspectos históricos
Uma das necessidades que se coloca ao discutir a importância da
educação a distância (EaD) é, primeiramente, compreender seu
significado partindo da sua história na educação brasileira. De acordo com
dados pesquisados (PETERS, 2004; FRANCO, 2004; MOORE e
KEARSLEY, 2007, LITWIN, 2001, entre outros), existem diferentes
abordagens sobre as gerações que configuram a evolução da EaD no
Brasil e no mundo.
Otto Peters (2004) é um dos autores que destaca como primeira
tentativa de EaD as epístolas escritas por São Paulo na Antiguidade,
considerando que ele fez uso das tecnologias de escrita e dos meios de
transporte com o objetivo de realizar seu trabalho missionário, ensinando
as comunidades cristãs da Ásia Menor a como viverem pautados nos
princípios cristãos em um ambiente hostil. Na opinião do autor, pode-se
considerar que houve a substituição da pregação e do ensino face a face
pela utilização da escrita e do transporte como tecnologias numa
abordagem pré-industrial de “ensino assíncrono e mediado”.
Peters (2004) estabelece a história da EaD no advento de três
gerações: a 1ª geração é considerada como as experiências de ensino via
correspondência; a 2ª geração surge devido ao uso adicional do rádio e da
TV; e, finalmente, a 3ª geração se deve à criação das “universidades
abertas”, como forma diferenciada de estruturação do ensino através da
EaD, a partir da visão europeia. Outros autores, como Maia e Mattar (2007),
compartilham da divisão da história da EaD em três gerações.
Para Moore e Kearsley (2007), são cinco gerações que vislumbram
o mapeamento da história da EaD.1 Esta abordagem será seguida no
presente estudo, ao tratar da evolução da EaD e da definição dos períodos
associados aos avanços tecnológicos. A divisão realizada pelos autores
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apresenta as tecnologias que caracterizam cada geração e a sua difusão
educativa. Percebe-se que as primeiras gerações tiveram uma maior
duração de tempo. Para os autores, vive-se atualmente a 5ª geração,
caracterizada pelo uso da Internet/Web, envolvendo práticas de ensino e
aprendizagem online e a proliferação das universidades virtuais. 
Com base nas ideias dos autores citados, é possível traçar uma
linha do tempo sobre a evolução da educação a distância, refletindo em
gerações pautadas no uso progressivo das diferentes mídias que foram
sendo criadas, conforme mostra a Figura 1. A seguir, são descritas as
cinco gerações, sendo respaldadas pelas experiências desenvolvidas em
cada uma delas nas terras brasileiras.
Figura 1 – Linha do tempo da evolução da EaD. 
Fonte: elaborada pelos autores.
1.1.1 Primeira geração – O ensino por correspondência
A 1ª geração orienta-se pelo primeiro modelo didático de EaD, no
qual os cursos faziam uso de material impresso entregue aos alunos
através do correio, sendo esta a mesma forma de os alunos remeterem as
tarefas, depois de realizadas, para sua correção. De acordo com Moore e
Kearsley (2007, p. 25), os cursos eram intitulados estudo por
correspondência, estudo em casa ou, ainda, estudo independente,
caracterizando uma educação a distância individualizada, na qual o meio
de comunicação utilizado era basicamente textual. Na época (em torno de
18902), o uso do correio como uma tecnologia beneficiava o acesso
daqueles que residiam geograficamente afastados das instituições de
ensino presencial, como também oportunizavam educação para muitas
mulheres, visto a possibilidade de estudar em casa.
A primeira notícia sobre esta modalidade é datada no Brasil em
1891, sobre um curso de datilografia via correio oferecido através de
anúncio de jornal. Outros dados apontam que a partir de 1900 foi utilizada
a mídia impressa, com envio de materiais instrucionais via correio, e, nos
idos de 1920, foi incorporado o uso do rádio. Depois, nas décadas de
1960 e 1970, iniciou o uso da rede televisionada, e, na década de 1980, o
uso do computador e da Internet. Acompanhando estes dados, verifica-se
que a educação a distância é anterior à utilização da informática (LITWIN,
2001).
O uso de correio para envio de materiais impressos, fitas cassete,
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vídeos e o uso do rádio foram, então, os primeiros recursos incorporados
na educação a distância. Pode-se dizer, neste sentido, que a educação
procurava acompanhar o surgimento e familiarização com esses recursos,
tirando proveito de suas potencialidades, introduzindo-os nas práticas
educativas.
Nas primeiras experiências dos cursos por correspondência, como
já apresentado, os estudantes recebiam apostilas e demais conteúdos de
estudo e, posteriormente, enviavam os testes para a correção das
atividades. Nesta modalidade, a atividade de ensino caracterizava-se pelos
princípios da instrução, transmissão de conhecimentos e informações, na
qual o correio não servia como uma ferramenta que possibilitava a
comunicação entre os alunos e o professor para possíveis
esclarecimentos e a abertura de um diálogo colaborativo. Mesmo com
estas limitações, esta primeira modalidade de EaD viabilizou para muitas
pessoasa oportunidade efetiva de acesso às atividades educativas na
época. Entende-se que a tendência primeira foi focalizada na realização de
cursos autoinstrucionais.
Em 1941, surgia o Instituto Universal Brasileiro,3 instituição muito
reconhecida, com o objetivo de oferecer formação profissional nos níveis
fundamental e médio em todo o território nacional.
1.1.2 Segunda geração – Educação a distância via rádio e TV
De acordo com Moore e Kearsley (2007), o surgimento da 2ª
geração deu-se com a introdução de novos meios de comunicação de
massa. No Brasil, iniciou a partir da década de 1920, com o uso de áudio
(rádio e fitas cassete) e, posteriormente (anos 1960), do vídeo, com a
televisão. Percebe-se que, nesta geração, começou a ser ampliado o uso
de múltiplas tecnologias, pois as duas novas tecnologias eram utilizadas
para a transmissão das aulas. Para a comunicação entre professor e
alunos, no esclarecimento de dúvidas e acesso aos materiais impressos,
permanecia o envio de correspondência; mais tarde, difundiu-se o uso do
telefone e, depois, também do fax.
Sobre o uso do rádio no país, aponta-se como a data de início o ano
de 1923. Com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, um
grupo formado por Henrique Morize e Roquete Pinto iniciou as primeiras
atividades de educação pelo rádio. Esse grupo, inclusive, realizou um
acompanhamento através de um programa de pesquisa e avaliação,
procurando relatar as experiências que oportunizaram resultados positivos
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ou negativos como recurso de ensino por volta de 1936, quando a
emissora foi doada ao Ministério da Educação e Saúde.
No ano seguinte, foi criado o Serviço de Radiofusão Educativa do
Ministério da Educação (MEC). No entanto, observa-se que em outras
pesquisas aparecem dados relativos aos anos 1950, quando as Forças
Armadas dos Estados Unidos garantiram o financiamento de um
importante programa de pesquisa sobre o uso do rádio no ensino. Desse
resultado foram publicados vários volumes voltados para a orientação do
uso do rádio como ferramenta de ensino.
Outros dados relativos ao uso do rádio na educação são datados de
1946, no Rio de Janeiro e São Paulo, com a criação da Universidade do Ar
pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), a fim de
alcançar 318 localidades brasileiras, atendendo cerca de 80 alunos. Já em
1959, a Diocese da cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte,
criou algumas escolas radiofônicas, surgindo, a partir daí, o Movimento de
Educação de Base (MEB) em 1961, apoiado por um acordo entre o
Governo Federal e a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).
Este movimento primava pelo oferecimento de alfabetização para jovens e
adultos. Suas atividades e aulas eram transmitidas através de programas
de rádio para estudantes de localidades rurais das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste do país. O foco nestas regiões devia-se por
serem áreas nas quais os indicadores econômicos e sociais
demonstravam resultados aquém dos desejados, apontando situação de
pobreza. 
Em 1962, a Ocidental School, uma instituição de ensino americana
e atuante no campo da eletrônica, é fundada em São Paulo. Nos idos de
1967, o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) inicia suas
ações na modalidade de educação a distância, na área de educação
pública, utilizando o ensino por correspondência. Neste mesmo ano, a
Fundação Padre Landell de Moura cria seu núcleo de educação a distância
usando os recursos do ensino por correspondência e também via rádio.
O uso da TV na educação começa a ser divulgado no Brasil nos
anos 1960 e 70 através de vários projetos. Grande parte destes buscava o
treinamento dos professores e a oferta do ensino supletivo nos níveis
primário e secundário, voltados para aqueles que não puderam estudar na
escola regular.
Devido à realidade brasileira dessa época, a proliferação dos
telecursos aproximou o conceito de educação a distância da
comunicaçcão de massa. Algumas propostas destes projetos
oportunizavam a reunião dos alunos em grupos que, juntamente com seus
tutores, poderiam explorar o conteúdo das aulas. Entretanto, a maior parte
dos telecursos foi desenvolvida na modalidade de estudo individual. Com
a popularização dos telecursos em educação, a Associação Brasileira de
Teleducação (ABT), instituída nos anos 1970, passou a ter, no início dos
anos 1980, um grande e significativo número de associados e de seções
estaduais. Tal situação culminou no reconhecimento internacional através
de estudos realizados sobre educação a distância, que colocaram o Brasil,
na década de 1970, entre os principais líderes desta modalidade de
ensino, juntamente com países como a Índia, a Espanha e o Reino Unido.
Dentre os projetos a serem destacados, cita-se o Projeto Minerva,
criado em 1970. Este visava atender aos objetivos do governo militar
brasileiro que, desde 1964, tinha interesse em promover um grande
impacto no sistema educativo, com a utilização do rádio e da televisão. O
governo via neste projeto uma tentativa de solucionar os problemas da
área educativa com a criação de uma cadeia de rádio e TV.
O projeto Minerva foi concebido numa ação conjunta do MEC, da
Fundação Padre Anchieta e da Fundação Padre Landell de Moura,
seguindo os pressupostos da Lei n.º 5692 de 1971, que previa a ênfase na
educação de adultos. Este seria transmitido, em rede nacional, por
emissoras de rádio e de televisão de todo o país, a fim de garantir a
preparação de estudantes para a realização de exames supletivos de
Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial. O projeto findou no começo
dos anos 1980, enfrentando sérias críticas, muitas delas provenientes dos
resultados pouco expressivos devido ao baixo índice de aprovação, pois
77% dos inscritos não conseguiram obter o diploma como era esperado
(MENEZES e SANTOS, 2008).
1.1.3 Terceira e quarta gerações – Novas experiências em EaD
Conforme os autores Peters (2003) e Moore e Kearsley (2007), no
final dos anos 1960 a 3ª geração é principalmente caracterizada pelas
experiências em EaD, que resultaram em uma nova modalidade de
organização da educação. Através destas, começou a se investir na
capacitação de recursos humanos para o desempenho profissional na
área da EaD e também no uso integrado das tecnologias disponíveis,
associando o uso do material impresso às transmissões radiofônicas e
por meio da TV e do telefone, sendo acrescidos dos vídeos pré-gravados,
das conferências por telefone e da elaboração dos “kits” com materiais
para a realização de experiências práticas. Neste contexto, os autores
citados destacam ainda a criação das Universidades Abertas4 como
espaços estruturais que viabilizaram a implantação das universidades
totalmente a distância.
Do ponto de vista pedagógico da EaD, este foi um importante
período de análise e reorganização das práticas educativas, que iniciaram
com a aplicação das técnicas de instrução e foram sendo ampliadas,
gerando estudos teóricos sobre a modalidade a distância de educação.
Os estudos realizados impulsionaram novas experiências e a busca pela
difusão do acesso para os diferentes níveis de ensino. Nesta época, o
modelo Universidade Aberta foi então reproduzido, com a criação de
diversas instituições dessa modalidade em todo o mundo (MAIA e MATTAR,
2007, p. 22). Mesmo com a criação das novas tecnologias, destaca-se a
permanência da importância dada ao material impresso como recurso
principal de transmissão de conteúdo.
A partir de meados dos anos 1980, com o advento da informática e a
popularização do computador pessoal, somados ao uso da Internet,
tornaram-se possíveis novas formas de comunicação, com o uso do
correio eletrônico, salas de bate-papo, fóruns de discussão e
videoconferências. Os autores Moore e Kearsley (2007) caracterizam a 4ª
geração pelo uso da teleconferência (conferência a distância) como a
principal tecnologia a ser destacada neste período. De acordo com os
autores, tornou-se possível então a interação em tempo real, o que
transformou não somente as relações entre professorese alunos, mas
também as novas formas de ensinar e aprender.
No Brasil, destaca-se o projeto SACI - Satélite Avançado de
Comunicações Interdisciplinares, criado em 1974. Este foi desenvolvido a
partir de uma ação conjunta do Ministério da Educação, do Centro Nacional
de Pesquisas e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e previa o oferecimento de
educação primária escolar para todo o país utilizando um sistema via
satélite integrado com outros meios de comunicação, como TV, rádio e
material impresso, para atendimento das quatro séries do primeiro grau. A
idealização do SACI seguia o relatório Advanced System for Comunications
and Education in National Development (Ascend), desenvolvido pela
Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que prestou consultoria
para a criação do projeto. Neste relatório eram apresentados resultados
sobre um protótipo de sistema de utilização de recurso audiovisual para a
educação primária. A implantação deste sistema de educação por satélite
estava sendo apoiada como uma possibilidade de se resolver o problema
do analfabetismo brasileiro, considerado nos anos 1970 como um dos
fatos que emperrava a modernização do país, enfocando a realidade das
regiões Norte e Nordeste (SARAIVA, 1996).
O projeto SACI fornecia aulas pré-gravadas transmitidas via satélite,
no formato de telenovela, e contava ainda com suporte de material
impresso para os alunos das séries iniciais e professores leigos do
antigo ensino primário no Rio Grande do Norte. Nesse Estado, foi
realizada a implantação do projeto piloto com recepção em 510 diferentes
escolas de 71 municípios. O projeto foi extinto em 1978 devido aos altos
custos na manutenção dos satélites e pela dificuldade em atender a
demanda das diferenças culturais das regiões brasileiras e o perfil
adotado pelos programas produzidos no interior de São Paulo.
Ressalta-se ainda que o projeto SACI foi considerado uma inovação
pioneira de nível mundial, que o levou à conquista de uma premiação
especial do Júri Internacional do Prêmio Japão. A valorização deste projeto
deve-se à qualidade do planejamento e do design instrucional construído,
embora o mesmo não tenha sido replicado para os demais estados.
Conforme as fontes de pesquisa analisadas, este projeto fazia parte de
um programa espacial brasileiro que pretendia avaliar as potencialidades
de um satélite de comunicação destinado a atividades educacionais
(SARAIVA, 1996).
Além dos projetos citados, pode-se apontar ainda o sistema
Telecurso da educação secundária do Maranhão, o qual foi difundido como
modelo para outros países pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e ainda os programas
“Supletivo”, lançados em vários estados antes do conhecido Telecurso da
Fundação Roberto Marinho. Chama-se a atenção para o fato de este ainda
permanecer no ar até hoje, enquanto os demais projetos mantidos pelo
setor público já foram extintos.
Ainda na década de 1970, o Brasil institucionalizou a educação a
distância no âmbito de seus sistemas estaduais de ensino, com a criação
de uma alternativa de concretização da educação básica através dos
Centros de Ensino Supletivo (CES). No entanto, esta alternativa acabou por
ser referenciada como uma modalidade educativa de "segunda linha",
orientada às classes mais pobres, excluídas do acesso ou do direito de
concluir os estudos básicos. Nesta experiência o estudo baseava-se em
princípios da instrução programada, tendo como materiais de apoio livros-
texto e de exercícios elaborados em formato de módulos. Observa-se que,
no modelo de educação a distância apresentado, o enfoque era de um
ensino voltado para o pobre e tendo por objetivo ser mais um instrumento
de dominação. Esse modelo de EaD vai de encontro a uma de suas
principais características atuais, que é a promoção da democratização da
educação.
1.1.4 Quinta geração – Uso da Internet e das redes de computadores
Na opinião dos autores referenciados (MOORE e KEARSLEY, 2007),
vive-se atualmente na 5ª geração da EaD, evidenciada pelo uso da Internet
e das redes de computadores, as quais oportunizam o uso associado de
tecnologias como texto, áudio e vídeo, através de uma plataforma de
comunicação. É possível acompanhar a proliferação de programas de EaD
desenvolvidos por diversas universidades, abrangendo o uso da Internet.
Além dos programas, estão sendo construídos e utilizados ambientes
virtuais de aprendizagem (AVA), associados ou não ao uso de
aparelhagem para a transmissão multidirecional de áudio e vídeo,
videoconferências via satélite, sem abandonar outros recursos, como o
material impresso, ligações gratuitas aos serviços 0800, encontros
presenciais, vídeos pré-gravados, dentre outros. Desta forma, incorporam-
se os benefícios de cada tecnologia empregada desde as gerações
anteriores para cada vez mais ultrapassar as distâncias geográficas,
garantindo o acesso às formas de comunicação.
Através dos dados pesquisados, com relação ao Brasil se observa
que poucas eram as instituições de ensino superior que tinham algum
estudo ou pesquisa nos anos 1970 e 80 sobre a educação a distância. Foi
nos anos 1980 que o Brasil iniciou uma discussão acerca da aplicação da
informática na educação. O marco deste início oficial foi a promoção de um
seminário pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e pela Secretaria
Especial de Informática (SEI). Assim, em 1981 foi realizado, na
Universidade de Brasília (UNB), o I Seminário Nacional de Informática na
Educação. Este evento, além do patrocínio do MEC e da SEI, contou com o
apoio do CNPq. Sua realização serviu para mediar discussões acerca das
implicações econômicas, políticas e sociais do uso do computador na
educação em países em desenvolvimento, sendo apontadas as
vantagens, limitações e a sua viabilidade no Brasil. No ano seguinte foi
realizada a segunda edição do seminário, na Universidade Federal da
Bahia (UFBA). Neste evento o enfoque voltava-se para a utilização do
computador no ensino do 2º Grau (atual ensino médio); foi elaborado um
relatório que havia sido solicitado pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), no qual estava sendo proposto um
Programa Nacional para Introdução do Método de Informática nos ensinos
de 1º e 2º Graus (atual ensino fundamental e médio), além de reunir
propostas e estratégias sobre o uso do computador no âmbito educativo.
Em 1984, o Governo Federal criou o Projeto Nacional de Informática
na Educação (Educom), como resultado de várias discussões promovidas
no interior do país. O projeto havia sido elaborado um ano antes pela
Secretaria Executiva da Comissão Especial de Informática na Educação.5
O objetivo do Educom era incentivar a constituição de núcleos para
investigar os propósitos sobre o uso do computador na educação e
capacitar pessoal qualificado para atuação na área. Foram aplicados
projetos em cinco universidades – a Universidade de Minas Gerais
(UFMG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Foram essas as instituições responsáveis pelas primeiras experiências
em pesquisa e desenvolvimento de metodologias e recursos como
ambientes de aprendizagem a serem utilizados no computador no Brasil.
Cada uma delas desenvolveu projetos individuais, anteriormente avaliados
e selecionados pela SEI em 1984.
Outras ações direcionadas ao estudo sobre o uso da informática na
educação foram promovidas pelo MEC e, com o advento da Internet, foram
impulsionadas, tornando a EAD uma modalidade de ensino consolidada
relevante para a pesquisa.
Dentre estas, ressalta-se o Projeto Nacional de Formação de
Recursos Humanos em Informática na Educação (Formar), iniciado em
1987. O mesmo havia sido indicado pelo Comitê Assessor de Informática
e Educação do Ministério da Educação (CAI/MEC). Sua criação objetivava a
formação de professores atuantes no ensino de 1º e2º Graus, a fim de
capacitar estes profissionais para sua atuação em centros de informática
educativa criados para os sistemas públicos de educação.
Em 1989, o MEC implantou o Programa Nacional de Informática na
Educação (Proninfe), criado com a pretensão de implementar o exercício
da informática educativa a partir de projetos pedagógicos de relevância e
atualização. O desenvolvimento do projeto foi realizado em mais de 40
centros de informática na educação em todo o território brasileiro, sendo a
maioria com acesso à Internet, na formação dos professores de 1º, 2º e 3º
Graus (ensino fundamental, médio e superior, respectivamente), sendo
ainda ampliado para a área de educação especial e para a pós-
graduação. Dentre suas propostas estava o incentivo à pesquisa sobre a
utilização dos computadores como ferramenta educativa, procurando,
assim, incentivar a interatividade e a interconectividade.
Contando com a iniciativa de programas municipais e estaduais,
posteriormente foram criados mais 400 subcentros, partindo do modelo
implementado pelo projeto Educom/UFRGS. Outros 400 laboratórios de
informática foram também financiados por governos estaduais e
municipais para as escolas públicas brasileiras. Quanto ao número de
professores capacitados através do programa Proninfe, atingiu-se cerca
de 10 mil profissionais.
O Proninfe é tido como referência nas ações planejadas e
desenvolvidas pelo MEC até nos dias atuais, principalmente por manter-se
continuamente ativo por mais de dez anos, como resultado de atividades e
experiências obtidas em torno do estudo da EaD.
Outras atividades de pioneirismo na área da EaD merecem ser
destacadas, como a criação do Núcleo de Educação Aberta e a Distância
(NEaD) da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em 1992. O
NEaD é responsável pelo oferecimento do primeiro curso de graduação a
distância do Brasil.
Com a criação da Secretaria de Educação a Distância do MEC
(SEED/MEC), foi possível viabilizar, em 1997, o lançamento do Programa
Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Sua proposta era
semelhante ao programa Proninfe, contando agora com maior
investimento financeiro e atingindo um maior número de estados
brasileiros. Uma das suas metas era a construção dos Núcleos de
Tecnologia Educacional (NTEs), os quais seriam destinados à realização
de pesquisas, ao desenvolvimento de projetos educativos na área da
informática educativa e à capacitação de professores. Também foi criado o
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) E-Proinfo.6
Ainda nos anos 1990, foram desenvolvidos projetos utilizando
recursos como rádio e televisão, voltados para a complementação das
atividades desenvolvidas em sala de aula. Pode-se citar o projeto TV
Escola, promovido em 1996. Trata-se de um canal de televisão via satélite
destinado à veiculação de programas exclusivamente educativos. Cada
escola pública com mais de 100 alunos recebia um kit com televisão,
antena parabólica, aparelho de videocassete e fitas VHS para a gravação
dos programas. A programação do canal veiculava 12 horas de
programação diária, com a reprise de alguns programas. Os temas
abordados eram complementados com recursos impressos, como
revistas, livros, guias de programação e de orientação destinados aos
professores. Durante os fins de semana, apresentava-se o programa
denominado Escola Aberta, com a veiculação de assuntos destinados à
integração das famílias com a comunidade escolar.
Também foi desenvolvido o projeto Rádio Escola,7 em 2000, pela
Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED),
destinado à produção de programas de capacitação e formação
continuada para professores alfabetizadores em Educação de Jovens e
Adultos (EJA). Foram utilizados ainda materiais impressos com sugestões
de como inserir os programas radiofônicos nas atividades de sala de aula
e demais orientações técnicas e pedagógicas. O programa teve atuação
em regiões com alto índice de analfabetismo no país, sendo direcionado
aos coordenadores do Projeto Alfabetização Solidária.8 O mesmo material
foi também encaminhado a emissoras de rádio integrantes da Rede de
Comunicação pela Educação. Foram projetos como este que
impulsionaram e impulsionam, também hoje, as práticas em torno da EaD
no Brasil.
Atualmente, todas estas possibilidades continuam sendo utilizadas,
conforme exemplificado, porém destinadas a públicos e situações
específicas. O que realmente pode-se considerar é um maior impacto do
uso dos recursos digitais e também da maior interação entre professores
e alunos.
Além desses recursos, existem possibilidades que iniciam sua
popularização na década de 1990 e progressivamente são integradas às
possibilidades de cursos em EaD. Trata-se dos ambientes de imersão,
que possibilitam a utilização de mundos virtuais, adicionando o
componente espacial às possibilidades de interação já existentes. Além
disso, os novos dispositivos móveis e as tecnologias de comunicação
sem fio desenvolveram-se a ponto de disponibilizarem equipamentos com
boa capacidade de processamento, comunicação com a Internet em
velocidades altas e uma série de recursos integrados, como câmera, GPS,
gravador de som, entre outros. Os jogos digitais ampliaram ainda mais
estes contextos, já que possibilitam a simulação de situações de forma
bastante realística, aliando aspectos lúdicos e interfaces amigáveis e
atraentes. Recursos estes que facilitam a geração de um contexto
favorável à experimentação e possibilitam o desenvolvimento de
habilidades de forma bastante efetiva.
Além das modificações puramente tecnológicas, observam-se
também aspectos sociais relevantes associados ao contexto histórico da
Educação a Distância. Esta modalidade está intimamente associada às
mudanças globais na sociedade atual, sendo que algumas tendências
destas modificações estão refletidas em questões como a produção e o
direcionamento do material ou então no formato de distribuição destes
recursos. Observa-se, com a popularização do acesso às redes de
computadores, que existe um movimento de produção de material que
ocorre em paralelo com as entidades inicialmente envolvidas em tais
atividades. Assim, surgem movimentos que questionam as atuais
salvaguardas legais aos materiais produzidos e que sugerem a ampliação
do compartilhamento destes materiais como forma de democratização e
colaboração mais amplos. Podem ser tomados como exemplos o
movimento de software livre9 ou licenças sobre o direito autoral, tais como
o Creative Commons.10
Enquanto este tipo de iniciativa trata de formalizar meios para a
divulgação e compartilhamento gratuito de materiais e outros artefatos,
como programas de computador, observam-se também iniciativas para a
efetiva disponibilização de materiais, de forma livre e sem custos, a partir
da Internet. Trata-se de repositórios de materiais que podem ser utilizados
livremente, facilitando a melhoria das condições da educação de forma
geral. Estas iniciativas estão sendo ampliadas e já existem exemplos
bastante consistentes e amplamente conhecidos. Por exemplo, no Brasil
existe a iniciativa de disponibilização de materiais didáticos e de materiais
em geral, tais como vídeos, imagens e outros, em dois websites,
conhecidos como Domínio Público11 e Rived.12 No primeiro são
encontrados materiais diversos, em uma base com mais de 146 mil
elementos, entre vídeos, imagens, sons e textos, todos disponíveis para
uso. No segundo são disponibilizados aos professores e alunos,
livremente, objetos de aprendizagem desenvolvidos a partir de tecnologias
multimídia interativas, consistindo de animações e simulações voltadas
para as áreas de conhecimento dos ensinos fundamental e médio. Além
desses exemplos, diversos outros repositórios de materiais instrucionais
são encontrados, possibilitando a divulgação dos materiais e também o
trabalho colaborativo entre professores de localidades diversas. Alguns
exemplos são comentados a seguir.
O banco internacional de objetos de aprendizagem13 consiste em
uma enorme base de informações sobre objetos de aprendizagempara
os diversos níveis de ensino, que podem ser acessados e utilizados
livremente. Atualmente, existem mais de 8.600 objetos de aprendizagem,
distribuídos em animações, imagens, áudio, softwares e hipertextos.
Além de bancos de dados e repositórios de objetos de
aprendizagem, seguem ampliando-se os espaços de compartilhamento
gratuito de material, tal como em sistemas e serviços disponíveis a partir
da chamada Web 2.0, em que diversas possibilidades de
compartilhamento de material produzido pelos usuários da Internet estão
livremente disponibilizadas. A Web 2.0 é caracterizada pela utilização dos
blogs e chats e das redes sociais. Hoje já é reconhecida a Web 3.0, que
considera o uso dos dispositivos e Internet móvel.
Por fim, atualmente, existe o modelo de cursos massivos e de
conteúdo aberto, denominados Massive Open Online Courses (MOOCs).
Trata-se de um modelo de curso online, com uso de conteúdos livres,
disponíveis para acesso por meio de sites ou plataformas específicas.
A característica principal dos MOOCs ou cursos livres é a abertura e
flexibilidade dos cursos e materiais para atingir um número expressivo de
estudantes, que podem ter sua participação auto-organizada a partir de
seus conhecimentos prévios e interesses comuns. A proposta desses
cursos normalmente é organizada por equipe de formadores, sendo suas
atividades baseadas no uso de videoaulas e material instrucional com a
possibilidade de interação livre, sem necessariamente contar com uma
tutoria, sendo os próprios participantes responsáveis em manter a
interação ativa.
Compreende-se, assim, que os MOOCs podem ampliar as
possibilidades de aprendizado e a visão acerca do processo educativo
através de uma proposta estratégica de autoformação que pode contribuir
com a melhoria da qualidade da educação ao permitir o compartilhamento
de conhecimentos e a capacitação.
Estes exemplos tratam de um aspecto fundamental para o aluno de
cursos na modalidade a distância e para pessoas interessadas em
ampliar seus conhecimentos e habilidades de forma continuada. Existe
atualmente uma tendência a ampliarem-se as possibilidades de acesso
aos materiais, em diversos níveis e em uma ampla quantidade de países.
Desta forma, as possibilidades para cooperação e colaboração são
bastante abrangentes e interessantes.
1.2 Algumas definições
Até o momento, neste livro, foram tratados diversos aspectos
relacionados com o processo de ensino e aprendizagem na Educação a
Distância. Trata-se de um contexto amplo e relativamente complexo, com
ações ocorrendo atualmente em diversos países, com diversas
combinações tecnológicas, propósitos, níveis de ensino e abordagens
metodológicas. Uma análise que leve em conta os elementos
empregados em cursos de EaD irá identificar diversos elementos também
utilizados em cursos com ênfase no ensino presencial. Apesar disso, são
destacadas diferenças entre essas duas modalidades. É preciso verificar
que estas diferenças devem-se a um processo histórico e ainda em
desenvolvimento, sendo que ambas as modalidades podem também ser
empregadas de forma conjunta e complementar, sendo esta uma
tendência geral identificada atualmente.
Assim, analisaremos a seguir diversas definições apresentadas
para a Educação a Distância. Mais do que o relato de definições dadas por
diversos autores, buscamos aqui identificar alguns elementos
fundamentais de modo que estes sejam comuns às definições
apresentadas. Com estes elementos é possível ao leitor analisar e
identificar com clareza as características de diferentes cursos na
modalidade EaD, que se diferenciam em formato, metodologia,
tecnologias, entre outros aspectos.
De modo geral, quando se busca uma definição formal para o que
seja Educação a Distância, depara-se com diversas indicações, realizadas
muitas vezes em períodos históricos diferentes, que, apesar de não serem
muito distantes, muitas vezes possuem uma diferença grande o suficiente
para o surgimento e a adoção de novas metodologias ou tecnologias.
Por isso, partiremos a seguir para uma análise de elementos
comuns a diversas definições, como forma de possibilitar ao leitor um
conjunto de parâmetros para o melhor entendimento destas atividades.
Esta análise é precedida da descrição de papéis normalmente
encontrados em cursos desta natureza. Os principais papéis identificados
são, em geral: aluno, professor autor ou conteudista, professor da
disciplina, tutor e assistente técnico.
O aluno ou estudante é aquele participante do curso a distância,
para o qual é realizado o acompanhamento durante todo o período do
curso. Eventualmente, dependendo do nível de ensino e regulamentação
do curso, este participante realiza também avaliações específicas,
presenciais ou não, para atestar seus conhecimentos e as habilidades
adquiridas.
Quando se faz referência ao professor autor, ou professor
conteudista, em geral busca-se identificar o responsável pela concepção,
metodologia, materiais e avaliação do curso. Trata-se normalmente de um
profissional com ampla experiência na área de conhecimento específica
do curso, que realiza um trabalho de estruturação do mesmo, descrevendo
detalhadamente a metodologia, etapas, avaliação e formas de interação.
Este professor elabora os conteúdos disponibilizados no curso e descreve
como devem ser avaliados. Em boa parte dos cursos a distância este
professor autor não é o responsável pelo contato direto com os alunos
durante o período de realização das disciplinas ou módulos. Entretanto,
ele pode assumir também o papel de professor formador.
Como existe a possibilidade de um grande número de alunos, em
turmas diferentes, estarem cursando uma mesma disciplina, torna-se
inviável que um profissional apenas mantenha contato e esteja em
interação com os participantes do curso, casos em que um novo papel é
estabelecido com a participação do tutor.
O tutor de um curso a distância, em geral, possui como atribuições
o acompanhamento das atividades realizadas e do percurso individual dos
participantes. Por vezes o tutor realiza a apresentação de conteúdos
específicos. Além disso, este profissional trata ou encaminha as dúvidas e
demandas surgidas na realização do curso, ou seja, ele está em contato
constante e realiza o atendimento e acompanhamento direto dos alunos.
Também pode ser o responsável por atividades como a correção das
avaliações. Em determinadas situações, pode-se encontrar uma
diferenciação entre tutor a distância e tutor presencial, sendo que, na
maioria dos casos, trata-se apenas da indicação da forma de contato com
este profissional, pois, em muitos cursos, existe a possibilidade de
contato pessoal nos polos de atendimento, sendo este atendimento
realizado pelo tutor presencial. Por outro lado, no caso de atendimento
apenas através de mediação tecnológica, denomina-se o profissional de
tutor a distância.
O assistente técnico está à disposição dos alunos para apoiar em
problemas e situações associados exclusivamente ao ambiente
tecnológico utilizado.
Apesar de claras, estas delimitações de papéis podem ser
encontradas com atribuições ligeiramente diferenciadas ou sobrepostas,
em diferentes instituições de ensino ou mesmo níveis de ensino. Servem
aqui apenas como referências mais gerais. A seguir, são identificadas
características gerais de cursos na modalidade a distância.
Os elementos abaixo são identificados como comuns em grande
parte das definições encontradas. Para mais detalhes a respeito, consulte
as recomendações de leitura adicional ao final deste capítulo.
1.3 Características de cursos na modalidade a distância
Separação entre o aluno e o professor durante as atividades do
curso – não existe, com algumas exceções, necessidade de
interação ou participação em momentos expressamente
determinados, de modo que as atividades do aluno podem ser
realizadas em um período de tempo e em local físico
determinados pelo aluno.
Planejamento diferenciado dos materiais, interações e avaliações
– a distância entre professor e aluno e a autonomia conferida aos
estudantes faz necessárioo planejamento do curso de modo
bastante cuidadoso, proporcionando flexibilidade aos alunos e, ao
mesmo tempo, garantindo a cobertura de todos os assuntos
previstos.
Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) –
recursos tecnológicos de comunicação e informação são
empregados para garantir a divulgação do material de forma
adequada e atraente, além de possibilitar a necessária interação
entre alunos e professores.
Abordagem focada no protagonismo do aluno – aproximação de
um paradigma em que maior autonomia é atribuída ao aluno, na
qual o professor acompanha e direciona o processo, auxiliando
em situações demandadas pelos alunos, de acordo com suas
necessidades.
Interação – apesar de algumas metodologias aplicadas em
educação a distância não utilizarem extensivamente o
componente da interação, trata-se de um elemento importante
para que o aluno desenvolva habilidades fundamentais e que
seja possibilitada a construção do conhecimento de forma
cooperativa.
Podemos realizar um resumo destas características básicas,
reunindo estes elementos da seguinte forma: “Educação a Distância é um
processo de ensino e aprendizagem no qual se utilizam recursos
tecnológicos diversos e um planejamento diferenciado a fim de
potencializar a autonomia, o atendimento às demandas individualizadas
do aluno e a criação de laços de colaboração e interação, possibilitando a
liberdade de acesso e participação quanto a aspectos como tempo e
espaço”. Estas características estabelecem um processo no qual o aluno,
durante a realização de um curso, possui liberdade e autonomia, sendo
acompanhado pelos professores e tutores em seu percurso e atendido
em suas necessidades, levando consigo a responsabilidade de auto-
organização para o cumprimento das atividades propostas a partir do
planejamento efetuado.
Alguns requisitos para que ocorra esta flexibilidade são: (1) o
planejamento, permitindo ao aluno participar de um ambiente de interação,
de forma que seja possível estabelecer um percurso interativo com seus
colegas, mas levando em consideração suas necessidades individuais;
(2) a organização pessoal do aluno deve ser motivada e apoiada para que
sejam desenvolvidas habilidades, caso necessário, que lhe garantam a
organização necessária para o desenvolvimento de competências
planejadas; (3) a viabilidade de acesso aos materiais deve ser também
garantida e acompanhada, de modo que o aluno não seja limitado em seu
processo devido a questões de caráter técnico.
Ao professor e tutor devem estar disponíveis mecanismos de
relacionamento que possibilitem o acompanhamento dos processos
individuais de cada participante de um curso. Em cada situação em que
ocorre a necessidade de contato, este deve ser realizado da maneira mais
apropriada, de acordo com os diversos meios disponíveis em cada
formato de curso. Em geral, observa-se nos cursos a distância uma
ampliação das possibilidades de contato, quando se compara um curso
presencial pelo uso dos ambientes virtuais de aprendizagens e demais
ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona.
1.4 Modelos e abordagens em cursos a distância
Os cursos de Educação a Distância podem ser agrupados de modo
a identificar aspectos mais gerais, tais como sua finalidade, nível de
ensino ou forma de aplicação.
No caso da finalidade e nível de ensino dos cursos de Educação a
Distância, são conhecidos os cursos voltados à simples capacitação,
como os cursos técnicos, os cursos profissionalizantes, os treinamentos
específicos de capacitação, em geral desenvolvidos dentro de empresas
ou instituições. A este conjunto somam-se os cursos nos diversos níveis
de ensino, desde supletivos para ensino médio e fundamental, cursos
para educação de jovens e adultos, cursos de graduação, pós-graduação
e extensão.
Além destas diferenciações, que podem ser feitas com base em
objetivos dos cursos, podem ser analisados os diferentes modelos que
surgem com as configurações específicas entre tecnologias,
planejamento e metodologias. Alguns destes modelos podem ser
considerados inclusive como reflexos de momentos nos quais
determinados recursos encontravam-se disponíveis.
Assim, temos as situações em que o principal aspecto esperado é
o de estudo individual, no qual são planejadas poucas atividades
envolvendo a interação entre os alunos e destes com os professores.
Nestas condições, os principais materiais utilizados são os impressos,
vídeos, áudio e ainda material digital implementando simulações e
animações, propondo situações de experimentação ao aluno. As
metodologias empregadas nestes casos abordam a avaliação
especialmente a partir de testes e exercícios que são desenvolvidos de
forma individual.
Nas situações em que o modelo geral do curso envolve a interação
mesmo que de forma simplificada ou caracterizando-se como um curso
com pouca interatividade, modificam-se alguns aspectos, envolvendo
basicamente o uso de ambientes virtuais que proporcionam uma base
para o estabelecimento de comunicação. Nestes ambientes, em geral,
existe a possibilidade de disponibilização de materiais diversos, tais como
os citados no modelo anterior. Além disso, diversas ferramentas de
interação e comunicação com características específicas são encontradas.
Alguns exemplos são os fóruns de discussão, ferramentas de entrega de
tarefas ou salas de conversa. Com este contexto, existe já a possibilidade
de contato entre os alunos e destes com os professores de forma mais
efetiva e simplificada. A avaliação pode envolver, além de testes e
exercícios individuais, etapas que considerem atividades de interação dos
alunos.
Em modelos com ênfase em atividades de cooperação, interação e
comunicação, normalmente encontram-se mais opções de ferramentas
disponibilizadas para os alunos. Muitas destas permitem atividades de
construção de textos de forma colaborativa (Wiki), a publicação de relatos
dos alunos em blogs ou diários, além das ferramentas já citadas, tais
como fóruns, salas de conversa ou ferramentas para tarefas. Nestes
casos, desde o início da realização do curso as atividades de interação
são estimuladas como parte fundamental do processo, proporcionando-
se, além de percursos individuais de trabalho, situações de realização
coletiva, como trabalhos em grupo. A avaliação envolve todos os fatores do
processo, desde os trabalhos individuais, as interações, o
acompanhamento do processo e as produções em grupo.
Justamente o desenvolvimento de aspectos tecnológicos a partir da
popularização da Internet proporcionou a concretização dos recursos
necessários para as demandas descritas em modelos nos quais a
metodologia envolve aspectos mais complexos como a interação e a
colaboração. Assim, modelos de cursos em EaD que estejam voltados
principalmente para a disponibilização de material possuem
necessidades diversas de modelos que privilegiem a interação. O acesso
ao material é basicamente garantido com repositórios, ambientes virtuais,
utilização de e-books ou mesmo com o envio ao aluno de material
impresso em papel ou ainda disponibilizado em suportes como CDs,
DVDs ou Blu-ray.
A necessidade de interação pode envolver ferramentas diversas,
que serão normalmente disponibilizadas ao aluno a partir de uma base
comum em um ambiente virtual de aprendizagem. Nesta segunda
situação, as ferramentas envolvem também o aluno em uma rede de
contatos com todos os demais participantes do curso. Ferramentas
comumente encontradas neste contexto são o fórum de discussão, a sala
de conversa, a opção de realização de tarefas, questionários, páginas de
escrita colaborativa, entre outras. Além das possibilidades de interação
criadas para os alunos, este contexto também proporciona aos
professores o material necessário para o acompanhamento do percurso
destes alunos. Todas as interações de um aluno no ambiente, inclusive as
suas realizações de exercícios ou entregas de produções, podem ser
identificadas e analisadas de forma a ampliar a percepção do professor
sobre demandas, interesses e situações a encaminhar para estes alunos.
Desta maneira,os suportes tecnológicos proporcionam a
disponibilidade de material, as ferramentas de interação e prática, bem
como as opções de acompanhamento necessárias ao estabelecimento
de uma comunidade de prática.
Quando o modelo envolve maior interação e ferramentas diversas, a
partir de um ambiente virtual, conta-se com um fator adicional importante
para a qualidade e o resultado positivo dos cursos nesta modalidade. Todo
o material gerado nas etapas de interação, tais como as tarefas realizadas
em cooperação, as mensagens trocadas em fóruns de discussões, o
histórico do acesso aos exemplos e aos exercícios publicados, além de
todas as demais situações envolvendo relação entre os participantes,
estão armazenados e podem ser acessados em forma de relatórios ou
indicadores. Este fator proporciona aos professores as informações
necessárias ao acompanhamento das atividades gerais de uma
comunidade e dos percursos individuais dos alunos.
Além das ferramentas disponibilizadas em ambientes virtuais de
aprendizagem, a metodologia desenvolvida pode necessitar ou sugerir o
acesso a materiais instrucionais mais específicos, normalmente
desenvolvidos como objetos de aprendizagem. Estes possibilitam ampliar
e potencializar as situações de simulação, identificação e descrição de
áreas de conhecimento. Também proporcionam o questionamento e
atividades de experimentação descritas por professores.
PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS:
Sugestões de leituras adicionais:
FRANCO, Sérgio Roberto Kieling (org.). Educação a distância na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, UFRGS, 2004.
LITWIN, Edith. A Educação em tempos de internet. In: Pátio – Revista
Pedagógica, ano V, n. 18, ago/out., 2001.
MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD – A Educação a Distância hoje. São
Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2007.
MENEZES, Ebenezer Takunode; SANTOS, Thais Helena dos. "Projeto
Minerva" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira -
EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível em:
<http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=291>. Acesso em:
mar. de 2015.
MOORE, M.G.; KEARSLEY, G. Educação a Distância: uma visão Integrada.
São Paulo: Cengage Learning, 2007.
PETERS, O. A educação a Distância em transição. São Leopoldo: Unisinos,
2004.
SARAIVA, Terezinha. Avaliação da Educação a Distância: sucessos,
dificuldades e exemplos. Boletim técnico do Senac. Rio de Janeiro, v. 21, n.
3, p. 32-45, set./dez. 1996.
REVISÃO DE CONCEITOS:
Ao identificarmos no histórico da EaD momentos em que os
recursos utilizados eram a impressão de materiais e o envio destes pelo
correio, podemos associar o seu desenvolvimento e atual expansão com a
ampliação dos recursos tecnológicos e possibilidades de interação e
comunicação. Em diversos marcos históricos, nos quais o uso de
tecnologias foi disponibilizado, observa-se também o surgimento de ações
inovadoras com a utilização destas tecnologias na educação.
Atualmente, existem diversos modelos de cursos na modalidade a
distância, de acordo com objetivos e metodologias assumidas, que fazem
uso de recursos tecnológicos em combinações muito flexíveis, que podem
ser adequados às situações necessárias. A figura 2 apresenta uma
síntese do capítulo.
http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=291
Figura 2 – Síntese do capítulo 1.
Fonte: elaborada pelos autores.
__________
1 Os autores discriminam as datas de cada geração a partir das experiências
desenvolvidas internacionalmente. Serão enfatizados neste capítulo os períodos
disseminados de cada geração na realidade brasileira.
2 As datas referenciadas pelos autores para o estabelecimento de cada geração têm
como base o surgimento da EaD em diferentes países.
3 Disponível em: <http://www.institutouniversal.com.br/>.
4 O movimento conhecido como “open university” começou a ser uti l izado nos anos
1970 como forma inovadora de ensino superior. Também denominadas de
universidades livres, trata-se de instituições com liberdade para a produção de
conhecimentos sem necessidade de aval governamental ou compromisso com a
habilitação profissional. O interesse está no oferecimento de formação universitária em
larga escala.
5 Informações obtidas através dos sites do MEC/SEED/Proinfo, disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/>.
6 Disponível em: <http://e-proinfo.mec.gov.br/>.
7 Para saber mais sobre a Rádio Escola e seus materiais, acesse:
<http://200.130.3.122/>.
8 O programa Alfabetização Solidária foi criado em 1997 pelo Conselho da
Comunidade Solidária – um fórum de desenvolvimento de ações sociais através da
parceria entre Governo Federal, iniciativa privada e sociedade civil. Atualmente é
dirigido por uma organização não governamental – Associação de Apoio ao Programa
Alfabetização Solidária (AAPAS). Trata-se de uma entidade do terceiro setor, sem fins
lucrativos e de util idade pública. O objetivo do programa permanece voltado para a
redução dos índices de analfabetismo no Brasil, através do acesso de jovens e adultos à
educação nos municípios com maior índice de analfabetismo. O Programa apresenta
hoje resultados significativos. De acordo com os dados apresentados, da implantação
até 2001, um número superior a 2,4 milhões de jovens e adultos brasileiros foram
beneficiados. Mais informações sobre o projeto podem ser pesquisadas no site:
<http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044529.pdf>.
9 Disponível em: <http://www.softwarelivre.gov.br/>.
10 Disponível em: <http://www.creativecommons.org.br>.
11 Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/>.
12 Disponível em: <http://rived.mec.gov.br/>.
13 Disponível em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/>.
http://www.institutouniversal.com.br/
http://portal.mec.gov.br/
http://e-proinfo.mec.gov.br/
http://200.130.3.122/
http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044529.pdf
http://www.softwarelivre.gov.br/
http://www.creativecommons.org.br
http://www.dominiopublico.gov.br/
http://rived.mec.gov.br/
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTOS DE RECURSOS DIGITAIS
Este capítulo apresenta de forma simplificada os fundamentos necessários para
que o leitor compreenda as características dos recursos digitais disponíveis atualmente.
Como os cursos em EaD estão, em geral, apoiados nestes recursos, é objetivo do
capítulo possibil itar a criação de uma relação de intimidade com as possibil idades e
formas de util ização destes recursos.
2.1 Alguns conceitos básicos
Quando nos referimos a recursos digitais, neste texto, procuramos
identificar uma ampla gama de possibilidades que se encontram à
disposição de usuários atualmente. Parte destes recursos é conhecida a
partir do termo Tecnologias de Informação e Comunicação; outra parte, a
partir de termos como microinformática, digitalização ou convergência de
mídias. Em todos os casos, existem dois componentes importantes
coexistindo e interdependentes: algum recurso tecnológico envolvendo
digitalização e o processamento de informações, utilizado em
necessidades de aplicações diversas, tais como entretenimento,
comércio, pesquisa ou educação.
Compreender as possibilidades atuais de recursos digitais é
extremamente importante para o aluno, seja de cursos em Educação a
Distância ou não, pois estes recursos estão modificando rapidamente os
contextos anteriormente estabelecidos e proporcionam oportunidades
importantes para a execução de diversas tarefas.
Além disso, são cada vez mais rápidos os movimentos inovadores,
trazendo novas configurações de recursos e interações entre os mesmos.
Assim, com o conhecimento necessário para o entendimento e a avaliação
crítica de sua pertinência para necessidades existentes, um usuário pode
se valer do acompanhamento desta evolução para continuamente tratar do
aperfeiçoamento de processos ou atendimento de demandas.
Para situar o leitor no universo de opções aqui relacionadas,
destacam-se a seguir alguns aspectos e possibilidades de
microeletrônica. Este ramo da Eletrônica é fundamental em áreas como a
Informática e aTelecomunicação. A partir destas, sua influência pode ser
observada em setores diversos de produção, comércio, serviços, estando
presente em elementos cotidianos como eletrodomésticos, aparelhos
para entretenimento, carros, aviões, elevadores, telefones,
microcomputadores, equipamentos médicos, sensores, somente para
citar alguns exemplos. A grande contribuição da microeletrônica para a
sociedade atual está relacionada com os processos de fabricação e
integração de circuitos eletrônicos, que possibilitam a captura de
informações do mundo real, seu armazenamento e seu processamento. A
fabricação deste tipo de componente é feita atualmente em escala
microscópica, na ordem de milionésimos ou bilionésimos de um metro.
Daí vem sua grande capacidade, pois eles possuem uma velocidade de
operação muito alta, aliada a uma grande capacidade de armazenamento
de materiais.
O armazenamento dos dados neste tipo de componente é feito com
base em uso da eletricidade, sendo definidos estados conhecidos como
binários, para diferentes valores de eletricidade presentes nos
componentes. Isso permite que estes circuitos sejam construídos com
níveis de abstração para os valores tratados, considerando valores como
“zero” e “um”, encontrados comumente como sinônimos de “ligado” e
“desligado”, “verdadeiro” ou “falso”. Existe uma abordagem diversa, a
abordagem analógica, que não utiliza estes níveis de abstração, mas
considera todo o espectro de variações possíveis dos valores. Este tipo de
componente possui menor capacidade de miniaturização e integração,
sendo utilizado em áreas específicas dentro da eletrônica, como, por
exemplo, na confecção de sensores.
Em paralelo aos esforços desenvolvidos na área de eletrônica,
diversas outras áreas buscam melhorias para os problemas de
armazenamento e processamento de informações, como a computação
quântica, que trabalha em uma escala de miniaturização ainda maior do
que a observada em circuitos eletrônicos. Esta tecnologia ainda está em
desenvolvimento, sendo que sua expectativa é processar uma quantidade
maior de informações do que é possível atualmente.
A seguir, serão detalhadas utilizações deste tipo de componente
baseado em eletrônica na construção de microcomputadores e na
digitalização e comunicação de informações. Além dos aspectos ligados
aos equipamentos e dispositivos, que continuam em evolução, devemos
prestar atenção aos aspectos ligados à sua utilização, pois, com o
desenvolvimento de formas eficientes de organizar o funcionamento
destes, cada vez mais observa-se o surgimento de novas aplicações para
este tipo de equipamento, que pode inclusive ser projetado de acordo com
demandas específicas.
2.1.1 Microinformática
Os primeiros computadores foram desenvolvidos como um esforço
de guerra, tendo sido utilizadas tecnologias diferentes das atuais. Os
primeiros equipamentos construídos possuíam dimensões enormes e
consumiam uma grande quantidade de eletricidade. A rápida evolução na
área da microeletrônica proporcionou a miniaturização de componentes,
permitindo a fabricação de microprocessadores, memórias e outros
elementos, dentro de uma escala que favorece cada vez mais a ampliação
de sua capacidade. Desta forma, passamos de um computador cuja
instalação precisava de dois andares para computadores que podem ser
usados em uma mesa de trabalho, outros que podem ser transportados
em uma pasta de trabalho, ou, ainda, computadores que podem ser
carregados no bolso.
Atualmente, existem diversos dispositivos com as capacidades
tradicionalmente consideradas básicas para um microcomputador. Estas
capacidades seriam o armazenamento de dados, o processamento
destes com a execução de programas de computador, a visualização e a
manipulação de informações, além da integração com outros usuários
através de redes de comunicação. Estas possibilidades estão sendo
ampliadas desde o início da popularização da microinformática, quando
foram desenvolvidos computadores pessoais com capacidades
suficientes para o atendimento produtivo de diversas tarefas.
Os principais elementos de computadores pessoais podem ser
resumidos em unidade de processamento ou microprocessador,
memória, componentes de entrada e saída de dados. Por componentes
de entrada de dados, podemos encontrar dispositivos como teclado,
mouse, mesa digitalizadora, microfone, câmera ou joystick. Já a saída de
dados ocorre em componentes como monitor de vídeo, caixas de som,
impressoras. Alguns componentes permitem tanto a entrada como a saída
de dados, como os modems e as placas de comunicação. Esta
flexibilidade quanto aos componentes de entrada e saída e a
miniaturização de componentes possibilita a construção de diversos
dispositivos, tal como citado anteriormente.
A unidade de processamento, ou o processador, é responsável pela
maior parte das operações realizadas. Em alguns casos existem
processadores auxiliares para tarefas específicas que demandam muito
processamento, como o tratamento de imagens, jogos ou ambientes
virtuais. Por exemplo, alguns jogos ou ambientes de imersão, tal como o
Second Life, atualmente requerem, para seu bom funcionamento, placas
gráficas auxiliares. Os processadores podem ser comparados, de forma
simplificada, pela sua frequência de operação e pela taxa de instruções ou
operações realizadas por segundo. A primeira normalmente é medida em
unidades de oscilações por segundo, na ordem de milhões (MHz, ou
Megahertz) ou bilhões (GHz, ou Gigahertz). Os processadores utilizados
em computadores pessoais apresentam uma variação, desde a década
de 1970 até hoje, que vai de cerca de 600 mil instruções por segundo e
operação em 2 MHz até mais de 30 milhões de instruções por segundo e
mais de 3 GHz. A consequência prática observada pelos usuários é a
ampliação dos serviços disponíveis em um computador, pois o potencial
maior de processamento é utilizado pelos programas de computador para
o tratamento de problemas difíceis, para a criação de novas
funcionalidades e para melhorar os ambientes de interação,
especialmente a interface entre o computador e seu usuário. Ao selecionar
uma operação ou um programa, caso o processador seja adequado, o
usuário recebe o resultado imediatamente, sem necessidade de aguardar
o processamento, o que resulta em mais produtividade e satisfação.
A memória do computador é estruturada com diferentes tecnologias,
que são relacionadas de forma muito conveniente às diferentes
necessidades de uso para os dados armazenados em um computador.
Existe um tipo de memória chamado de memória primária, construída com
a mesma tecnologia e componentes eletrônicos usados pelos
processadores. Esta memória é muito rápida e nela são armazenados
todos os dados de trabalho quando o computador está em uso. Por
exemplo, ao editar um texto, todos os caracteres dele estarão
armazenados nesta memória principal. Isso garante aos programas de
computador o acesso eficiente aos dados, sendo utilizado no trabalho do
usuário. A quantidade de informações armazenada neste tipo de memória
varia tipicamente de 256 milhões até 4 bilhões de caracteres, em
computadores pessoais atuais. Uma característica desta memória é a sua
volatilidade, que determina que, ao ser desligado o computador, todos os
dados nela armazenados sejam perdidos. Ou seja, esta memória pode
ser imaginada como uma mesa de trabalho, na qual estão dispostos
todos os documentos necessários para um determinado trabalho, mas
que serão armazenados em outro local ao final da tarefa. Quanto maior a
capacidade desta memória, tanto maior a possibilidade do computador
em manipular grandes objetos, como documentos, imagens, áudio e
vídeo. Além disso, uma memória primária com boa capacidade possibilita
que diversos programas manipulem dados em paralelo, sem perda de
performance, o que é bastante comum atualmente, onde observamos
usuários realizando simultaneamente a cópia de documentos (download)
através da Internet, enquanto acessam documentos de textos a serem
lidos e interagem com colegas em programas de comunicação online.
Algumas memóriasdesenvolvidas mais recentemente permitem a
manutenção de seu conteúdo, mesmo quando desconectadas de um
computador, conhecidas como memória Flash. Isso possibilitou a
popularização de equipamentos portáteis para o armazenamento e
transporte de dados, conhecidos como pendrives, que possibilitam que
bilhões de caracteres sejam armazenados em um componente de
tamanho bastante reduzido e de fácil manuseio e transporte. Com estes
dispositivos, o usuário pode manter um acervo de documentos, vídeos,
áudios ou mesmo programas de forma a facilitar o seu acesso, pois o
mesmo pode ser conectado facilmente em computadores pessoais.
Além desse tipo de memória, são utilizados também meios
magnéticos e óticos para a manutenção segura de grandes quantidades
de dados. Os discos rígidos e as fitas magnéticas, assim como os CDs e
DVDs, são exemplos destas tecnologias. Normalmente os computadores
pessoais possuem unidades para discos rígidos, nas quais são
armazenadas, de forma estática, grandes quantidades de dados, que
podem ser de programas de computador ou dados de usuários. A
capacidade destes discos costuma variar entre vários bilhões de
caracteres até alguns trilhões de caracteres. Portanto, em média, são no
mínimo várias centenas de vezes maiores do que as memórias primárias.
Caso deseje continuar com a metáfora sugerida para as memórias
primárias, este tipo de memória pode ser imaginado como o equivalente a
várias estantes com materiais, ou mesmo várias salas cheias de estantes,
conforme o caso. Esta figura auxilia também a identificar uma
característica de operação relacionada ao tempo de acesso aos dados,
que, neste caso, é bastante superior ao tempo gasto no acesso a dados
armazenados em memória principal.
Alguns modelos destes equipamentos são externos ao computador.
Podem ser utilizados como uma biblioteca móvel, ou como equipamento
de cópia de segurança dos dados. Também os equipamentos conhecidos
como fitas magnéticas são utilizados como forma de realizar cópia de
segurança, devido a sua grande capacidade e relativo baixo custo.
Além de armazenamento e processamento de dados, o computador
utiliza-se de equipamentos de entrada e saída, que possibilitam a criação
de uma interface entre os usuários. Estes equipamentos vêm evoluindo
rapidamente, sendo encontrados já diversos dispositivos de exibição, tais
como os monitores, alguns inclusive com capacidade de interação por
meio de toque. A saída de sinais de áudio complementa este dispositivo,
proporcionando que o computador exiba vídeos ou que reproduza
conversas ou músicas. Nestes casos, equipamentos auxiliares como
microfones e câmeras são complementares e possuem cada vez maior
capacidade, sendo integrados diretamente em muitos modelos de
computadores pessoais. A entrada de dados é tradicionalmente realizada
com teclados e dispositivos de apontamento, como o mouse, entretanto
dispositivos relativamente recentes, como mesas digitalizadoras, joysticks
ou scanners possibilitam uma ampliação de possibilidades. Aliada a uma
maior capacidade de processamento do computador, esta classe de
dispositivos permite que novas formas de interação venham sendo
implementadas e popularizadas com uso de outros mecanismos. O
exemplo mais presente no uso cotidiano de computadores é a interação
por voz, que já permite até mesmo a inclusão digital de pessoas
portadoras de necessidades especiais. Com a interação por voz, o usuário
interage com o computador mediante comandos “falados”, e não
“escritos”. O processo de reconhecimento de voz permite que sejam
realizados desde comandos simples de operação de programas até
operações complexas como o ditado de um texto. Processos de síntese de
voz permitem ao usuário receber do computador informação não apenas
de forma visual, mas de forma sonora. Além da interação por voz, tornam-
se cada vez mais presentes e popularizadas as possibilidades de
interação pelo toque, nas quais o usuário interage diretamente com a tela
do computador ou do dispositivo (um computador de mão ou celular, por
exemplo), em vez de utilizar para isso um mouse ou uma caneta ótica.
Para termos uma ideia da diversidade possível atualmente, veja que
já existem dispositivos empregando estes componentes gerais, mas em
escalas diferenciadas. Os mais conhecidos talvez sejam os notebooks,
que já existem e evoluem desde a década de 1980, sendo computadores
portáteis com dimensões variadas e cada vez menores, com telas entre 13
e 15 polegadas, em média. Apresentam configurações de processamento
e memória bastante boas, além de dispositivos embutidos como câmera,
microfone, mouse e dispositivos de conexão diversos. Estes
computadores facilitam a mobilidade, permitindo que o usuário mantenha
uma base de trabalho instalada, com documentos e programas
necessários, além de possibilitar que esta base o acompanhe em viagens
ou outros deslocamentos.
Uma versão com maior facilidade para mobilidade está
exemplificada pelos computadores portáteis apelidados de netbooks, que
possuem dimensões reduzidas, com telas de tamanho entre 10 e 11
polegadas, não possuem dispositivo interno de armazenamento em disco
rígido e são equipados com acesso a redes sem fio. Estes equipamentos
apresentam preço reduzido quando comparados com os notebooks, são
bastante leves e possuem maior tempo de duração de baterias, em geral.
Estão sendo usados de forma crescente, associados com as
possibilidades de computação nas nuvens, o que reduz a necessidade de
instalação local de programas e armazenamento de dados.
Em consonância com esta tendência, popularizam-se cada vez mais
os computadores de mão, também conhecidos como assistentes
pessoais (PDA, do inglês Personal Digital Assistant), palmtops ou
handhelds. Estes computadores são um exemplo muito interessante de
possibilidades alcançadas com a integração de componentes eletrônicos
de forma miniaturizada. Pesam em geral pouco mais de 100 ou 150
gramas e possuem dimensões por volta de 7 por 12 centímetros.
Entretanto, podem executar muitas das tarefas realizadas em um
computador, tais como edição de documentos, visualização de imagens e
vídeos, além de possuírem acesso à Internet e contarem com dispositivos
de captura de imagens ou de áudio. Estes dispositivos estão sendo cada
vez mais considerados em opções de educação, a partir da área
associada à Educação a Distância e conhecida como m-learning ou,
ainda, aprendizagem móvel. Nestas iniciativas são estudadas as
possibilidades destes dispositivos para fins educacionais. Além da óbvia
vantagem da mobilidade, permitindo que o aluno acesse o material ou
realize tarefas em diversos locais ou mesmo em trânsito, são também
exploradas possibilidades de utilização mais direta da mobilidade em si,
por meio de situações tais como jogos educacionais que envolvam
deslocamentos em determinados ambientes, gerando informações de
forma simultânea através destes equipamentos.
Também os telefones inteligentes, ou smartphones, apresentam
atualmente possibilidades equivalentes, em parte, às dos computadores
de mão, sendo cada vez mais utilizados como mecanismo de
comunicação e acesso a plataformas de materiais. Normalmente, as
funcionalidades dos aparelhos conhecidos como smartphones são
ampliadas como uso de um sistema operacional adaptado às suas
características e limitações. Assim, é possível a utilização do aparelho
para tarefas de comunicação e acesso a materiais, entre diversas outras
possíveis. Em geral, estes equipamentos possuem câmera e microfone, e
alguns deles também possuem equipamento de GPS (Global Positioning
System), permitindo que programas possam receber e enviar as
coordenadas geográficas (latitude, longitude) do local onde o mesmo se
encontra. Estas funcionalidades são utilizadas em diversos programas
interessantes, desde mecanismos para localização até programas para
realidade aumentada, que permitem utilizar as imagens capturadas pelo
celular em conjunto com outras informações obtidas a partir desse tipo de
processamento.
Com os processos avançados de digitalização existentes, os livros,antes disponibilizados de forma impressa, começaram a contar com
versões digitais. Inicialmente, estas versões eram lidas em computadores,
porém este processo não é considerado confortável por parte dos
usuários. Uma alternativa em franco desenvolvimento são os leitores de
livro eletrônicos (e-books). Tais equipamentos possuem dimensões
reduzidas, em geral com telas em torno de nove polegadas, e permitem
que sejam carregados livros através de conexão sem fio, a partir de
acesso direto aos serviços de venda disponíveis na Internet. Os arquivos
de livros podem também ser carregados por outros mecanismos. Alguns
serviços podem incluir, por exemplo, a recepção diária ou periódica de
jornais ou revistas. Estes equipamentos possuem baterias com duração
de vários dias e capacidade de armazenamento de milhares de livros.
Neste caso o usuário possui facilidades de acesso ao material de leitura,
podendo carregar consigo o equivalente a uma biblioteca completa de
obras.
Além desta faixa de computadores e dispositivos destinados ao uso
pessoal e delimitados a uma determinada faixa de processamento e
memória, existe uma outra categoria de computadores, conhecida
genericamente como servidores. Trata-se de computadores com os
mesmos elementos básicos, porém com capacidades maiores de
memória e processamento. Além disso, estes computadores são voltados
normalmente a atividades críticas, para as quais é importante o
funcionamento correto, contínuo, com alta disponibilidade do equipamento.
Assim, estes servidores possuem esquemas de construção onde podem
ser usados componentes redundantes e elementos específicos para
verificação automática e contínua do seu funcionamento.
Alguns exemplos de servidores bastante integrados ao nosso dia a
dia, apesar de muitas vezes não serem conhecidos, são os servidores
Web, que armazenam dados de websites, ou então os servidores de
bases de dados, que mantêm conjuntos enormes de informações
utilizadas por instituições, governos e empresas. Estes conjuntos de
dados armazenados e manipulados possibilitam que diversos grupos de
usuários tenham acesso a uma quantidade de recursos muito além do
que seria viável em seu computador pessoal. Enquanto um computador
pessoal pode tratar de conjuntos na ordem de bilhões de elementos,
estes grandes servidores e bases de dados podem tratar de várias
dezenas ou mesmo centenas de trilhões de elementos. Bons exemplos
para ilustrar tais situações são as bibliotecas digitais, os repositórios de
documentos, coleções de dados governamentais, além de material
armazenado e tratado pelos sistemas de recuperação de informações. Por
fim, como curiosidade, mencionamos aqui ainda outra categoria de
computadores, conhecida como supercomputadores, que são os
computadores de maior performance conhecidos a cada momento
histórico. Em uma comparação simplificada, enquanto os computadores
pessoais possuem performance estimada em alguns milhões de
operações por segundo, os maiores supercomputadores atualmente
apresentam performances de mais de um quadrilhão de operações por
segundo. Em geral, estes computadores são destinados às simulações e
projetos científicos.
Para a utilização destes componentes, de modo geral conhecidos
como hardware, são desenvolvidos programas de computador. Um
programa de computador com finalidades específicas é conhecido como
Sistema Operacional, sendo o responsável pela operação mais básica do
computador, a integração entre os diversos dispositivos. Alguns exemplos
de sistemas operacionais bastante conhecidos são os sistemas
desenvolvidos pela Microsoft e pela Macintosh, ou o sistema operacional
de código aberto Linux.
Além do sistema operacional, os programas aplicativos são a
grande força motriz para o uso flexível dos computadores. Estes
programas recebem esta denominação por serem especialmente
produzidos para tarefas específicas, normalmente adaptados a
necessidades e processos existentes e utilizados por seus usuários.
Alguns exemplos de programas aplicativos são os programas de
edição de textos, as planilhas de cálculo, os editores de imagens, editores
de vídeos, editores de apresentações, navegadores de Internet.
Boa parte dos programas aplicativos é utilizada a partir do
computador pessoal do usuário, mas existe uma tendência ao uso de
aplicações disponibilizadas a partir de redes de computadores, tanto
redes corporativas como redes abertas, como a Internet. Nestes casos, as
aplicações ou os programas aplicativos estão instalados em servidores
Web, que podem ser acessados pelos usuários através de uma conexão
com a Internet.
2.1.2 Digitalização e convergência de mídias
Inicialmente, os dados utilizados em informática eram dados
fornecidos ao computador. Os mecanismos iniciais para tal foram chaves
eletrônicas e cartões perfurados. O teclado e o mouse ampliaram esta
possibilidade e facilitaram a indicação de letras, números ou de ações,
tais como a indicação de uso de um programa ou a seleção de um item
em uma lista de possibilidades.
Porém o computador evoluiu rapidamente para uma variedade de
fontes de dados que podem ser utilizadas, envolvendo um processo
denominado digitalização. Pense em um computador que armazena e
processa uma imagem, um trecho de áudio ou um vídeo. Para que o
armazenamento e o processamento sejam possíveis, estes dados, sejam
quais forem, precisam estar representados segundo a abstração utilizada
pelos circuitos eletrônicos que compõem o computador, ou seja, a
abstração de representação em valores binários (zero/um,
verdadeiro/falso, ativo/desativo). Esta é a visão mais geral do processo de
digitalização.
Quando ocorre a digitalização, uma fonte externa de dados, tal como
uma fotografia, é utilizada, em conjunto com um equipamento específico,
que tratará algum aspecto desta fonte de dados, de modo a conseguir
capturar os dados e transformá-los em dados no formato binário. Este
processo pode ocorrer com diversos suportes, adequados a cada fonte de
dados. Por exemplo, imagens serão analisadas a partir de cores e pontos
que as constituem, sons serão analisados de acordo com a configuração
de sua onda, textos podem ser reconhecidos a partir da análise de
caracteres, traços podem ser identificados com equipamentos como
mesas digitalizadoras.
No caso de uma imagem, por exemplo, esta é organizada em linhas
e colunas, formando uma matriz de elementos denominados pixels, ou
pontos. Cada um destes pontos é identificado segundo sua posição e sua
cor, o que normalmente é feito por equipamentos como scanners ou
câmeras. Depois disso, o resultado da análise é armazenado em um
arquivo, que pode então ser armazenado, processado ou transmitido
através de redes de computadores.
Este processo geral de digitalização já é parte integrante dos
computadores e dos dispositivos mais atuais, nos quais já existem
equipamentos para a digitalização de sons e imagens de forma a ampliar
suas possibilidades.
A digitalização como processo evolui constantemente, permitindo
alcançar maiores resoluções e, com isso, gerar materiais com maior
qualidade.
Além desse processo técnico, existe um movimento social
desenvolvendo grandes bases de material em formato digital,
possibilitando que livros e obras estejam não mais disponíveis apenas
em determinados locais, mas que sejam publicados em bibliotecas
digitais e com isso estejam disponíveis para um público maior,
virtualmente qualquer usuário de redes como a Internet, em alguns casos.
Especialmente com a geração mais nova de equipamentos, que
possui recursos de digitalização integrados, junto com equipamentos cada
vez mais populares e acessíveis, como câmeras digitais, está se
possibilitando a criação facilitada de materiais neste formato, que podem
ser facilmente compartilhados.
Este processo possui reflexos interessantes para a área da
educação. Por exemplo, existe atualmente acesso às versões digitais de
livros, textos, músicas, pinturas, esculturas, entre outras obras. Estes
exemplos são bastante importantes para a educação, pois ampliam o
potencial de acesso ao conhecimento

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