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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NA GRADUAÇÃO: UMA INTRODUÇÃO AO TEMA MAIRA BERNARDI SANDRO JOSÉ RIGO (org.) SÔNIA DONDONIS DAUDT Editora Unisinos, 2015 SUMÁRIO Apresentação Capítulo 1 – Histórico e concepções de EaD Capítulo 2 – Fundamentos de recursos digitais Capítulo 3 – Perfil do aluno EaD Capítulo 4 – Fluência e aproveitamento na utilização de espaços digitais Sobre os autores Informações técnicas APRESENTAÇÃO Neste livro o leitor vai encontrar um apanhado geral de aspectos importantes da Educação a Distância (EaD), organizados de modo que possam lhe servir como apoio para o início (e continuidade) de sua experiência nesta modalidade de ensino. Além disso, são apresentados elementos relacionados com o contexto de cursos em EaD, que proporcionam soluções para diversas atividades, como a utilização de tecnologias que possibilitam ao aluno o acesso a recursos educacionais complementares, formas de comunicação com colegas, acompanhamento de notícias e informações sobre assuntos de interesse, além da busca de informações na Web. Também é apresentada uma análise de necessidades, atitudes, posicionamentos e hábitos que são muito importantes para que o aluno nesta modalidade obtenha sucesso e satisfação nos estudos. Na parte inicial, apresenta-se um breve histórico com o surgimento da EaD, bem como modelos mais gerais de cursos nessa modalidade. Em seguida, são descritos os fundamentos dos recursos digitais. Também são comentados os aspectos da convergência digital observada atualmente e a forma como estes se relacionam com cursos em EaD. Tendo como base essas informações históricas, contextuais e tecnológicas, o livro propõe um aprofundamento dos conhecimentos dos recursos digitais e suas utilizações dentro do contexto de EaD, apresentando possibilidades complementares para o seu uso. Nesse momento, são tratadas com maior detalhamento as ferramentas a serem utilizadas pelo aluno em Ambientes Virtuais de Aprendizagem e outros espaços digitais. Desse modo, o leitor poderá observar um panorama de possibilidades que serão empregadas pelos professores como elementos para o seu aprendizado. Junto com esses tópicos, são tratadas questões importantes para a boa utilização do curso pelo aluno, tais como a organização do tempo, a autonomia, a interação e a etiqueta na Internet, sendo indicados e analisados aspectos fundamentais para o melhor aproveitamento do curso e das suas possibilidades. CAPÍTULO 1 HISTÓRICO E CONCEPÇÕES DE EAD Este capítulo é dedicado a descrever brevemente aspectos históricos da Educação a Distância e identificar modelos e concepções que são comumente encontrados em diferentes cursos nesta modalidade. O objetivo do capítulo é auxil iar o leitor a identificar um contexto histórico do desenvolvimento da modalidade, dentro do qual se justificam diferentes abordagens, com suas características, vantagens e desvantagens. 1.1 Aspectos históricos Uma das necessidades que se coloca ao discutir a importância da educação a distância (EaD) é, primeiramente, compreender seu significado partindo da sua história na educação brasileira. De acordo com dados pesquisados (PETERS, 2004; FRANCO, 2004; MOORE e KEARSLEY, 2007, LITWIN, 2001, entre outros), existem diferentes abordagens sobre as gerações que configuram a evolução da EaD no Brasil e no mundo. Otto Peters (2004) é um dos autores que destaca como primeira tentativa de EaD as epístolas escritas por São Paulo na Antiguidade, considerando que ele fez uso das tecnologias de escrita e dos meios de transporte com o objetivo de realizar seu trabalho missionário, ensinando as comunidades cristãs da Ásia Menor a como viverem pautados nos princípios cristãos em um ambiente hostil. Na opinião do autor, pode-se considerar que houve a substituição da pregação e do ensino face a face pela utilização da escrita e do transporte como tecnologias numa abordagem pré-industrial de “ensino assíncrono e mediado”. Peters (2004) estabelece a história da EaD no advento de três gerações: a 1ª geração é considerada como as experiências de ensino via correspondência; a 2ª geração surge devido ao uso adicional do rádio e da TV; e, finalmente, a 3ª geração se deve à criação das “universidades abertas”, como forma diferenciada de estruturação do ensino através da EaD, a partir da visão europeia. Outros autores, como Maia e Mattar (2007), compartilham da divisão da história da EaD em três gerações. Para Moore e Kearsley (2007), são cinco gerações que vislumbram o mapeamento da história da EaD.1 Esta abordagem será seguida no presente estudo, ao tratar da evolução da EaD e da definição dos períodos associados aos avanços tecnológicos. A divisão realizada pelos autores franr Realce franr Realce franr Realce apresenta as tecnologias que caracterizam cada geração e a sua difusão educativa. Percebe-se que as primeiras gerações tiveram uma maior duração de tempo. Para os autores, vive-se atualmente a 5ª geração, caracterizada pelo uso da Internet/Web, envolvendo práticas de ensino e aprendizagem online e a proliferação das universidades virtuais. Com base nas ideias dos autores citados, é possível traçar uma linha do tempo sobre a evolução da educação a distância, refletindo em gerações pautadas no uso progressivo das diferentes mídias que foram sendo criadas, conforme mostra a Figura 1. A seguir, são descritas as cinco gerações, sendo respaldadas pelas experiências desenvolvidas em cada uma delas nas terras brasileiras. Figura 1 – Linha do tempo da evolução da EaD. Fonte: elaborada pelos autores. 1.1.1 Primeira geração – O ensino por correspondência A 1ª geração orienta-se pelo primeiro modelo didático de EaD, no qual os cursos faziam uso de material impresso entregue aos alunos através do correio, sendo esta a mesma forma de os alunos remeterem as tarefas, depois de realizadas, para sua correção. De acordo com Moore e Kearsley (2007, p. 25), os cursos eram intitulados estudo por correspondência, estudo em casa ou, ainda, estudo independente, caracterizando uma educação a distância individualizada, na qual o meio de comunicação utilizado era basicamente textual. Na época (em torno de 18902), o uso do correio como uma tecnologia beneficiava o acesso daqueles que residiam geograficamente afastados das instituições de ensino presencial, como também oportunizavam educação para muitas mulheres, visto a possibilidade de estudar em casa. A primeira notícia sobre esta modalidade é datada no Brasil em 1891, sobre um curso de datilografia via correio oferecido através de anúncio de jornal. Outros dados apontam que a partir de 1900 foi utilizada a mídia impressa, com envio de materiais instrucionais via correio, e, nos idos de 1920, foi incorporado o uso do rádio. Depois, nas décadas de 1960 e 1970, iniciou o uso da rede televisionada, e, na década de 1980, o uso do computador e da Internet. Acompanhando estes dados, verifica-se que a educação a distância é anterior à utilização da informática (LITWIN, 2001). O uso de correio para envio de materiais impressos, fitas cassete, franr Realce franr Realce franr Realce franr Realce vídeos e o uso do rádio foram, então, os primeiros recursos incorporados na educação a distância. Pode-se dizer, neste sentido, que a educação procurava acompanhar o surgimento e familiarização com esses recursos, tirando proveito de suas potencialidades, introduzindo-os nas práticas educativas. Nas primeiras experiências dos cursos por correspondência, como já apresentado, os estudantes recebiam apostilas e demais conteúdos de estudo e, posteriormente, enviavam os testes para a correção das atividades. Nesta modalidade, a atividade de ensino caracterizava-se pelos princípios da instrução, transmissão de conhecimentos e informações, na qual o correio não servia como uma ferramenta que possibilitava a comunicação entre os alunos e o professor para possíveis esclarecimentos e a abertura de um diálogo colaborativo. Mesmo com estas limitações, esta primeira modalidade de EaD viabilizou para muitas pessoasa oportunidade efetiva de acesso às atividades educativas na época. Entende-se que a tendência primeira foi focalizada na realização de cursos autoinstrucionais. Em 1941, surgia o Instituto Universal Brasileiro,3 instituição muito reconhecida, com o objetivo de oferecer formação profissional nos níveis fundamental e médio em todo o território nacional. 1.1.2 Segunda geração – Educação a distância via rádio e TV De acordo com Moore e Kearsley (2007), o surgimento da 2ª geração deu-se com a introdução de novos meios de comunicação de massa. No Brasil, iniciou a partir da década de 1920, com o uso de áudio (rádio e fitas cassete) e, posteriormente (anos 1960), do vídeo, com a televisão. Percebe-se que, nesta geração, começou a ser ampliado o uso de múltiplas tecnologias, pois as duas novas tecnologias eram utilizadas para a transmissão das aulas. Para a comunicação entre professor e alunos, no esclarecimento de dúvidas e acesso aos materiais impressos, permanecia o envio de correspondência; mais tarde, difundiu-se o uso do telefone e, depois, também do fax. Sobre o uso do rádio no país, aponta-se como a data de início o ano de 1923. Com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, um grupo formado por Henrique Morize e Roquete Pinto iniciou as primeiras atividades de educação pelo rádio. Esse grupo, inclusive, realizou um acompanhamento através de um programa de pesquisa e avaliação, procurando relatar as experiências que oportunizaram resultados positivos franr Realce franr Realce ou negativos como recurso de ensino por volta de 1936, quando a emissora foi doada ao Ministério da Educação e Saúde. No ano seguinte, foi criado o Serviço de Radiofusão Educativa do Ministério da Educação (MEC). No entanto, observa-se que em outras pesquisas aparecem dados relativos aos anos 1950, quando as Forças Armadas dos Estados Unidos garantiram o financiamento de um importante programa de pesquisa sobre o uso do rádio no ensino. Desse resultado foram publicados vários volumes voltados para a orientação do uso do rádio como ferramenta de ensino. Outros dados relativos ao uso do rádio na educação são datados de 1946, no Rio de Janeiro e São Paulo, com a criação da Universidade do Ar pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), a fim de alcançar 318 localidades brasileiras, atendendo cerca de 80 alunos. Já em 1959, a Diocese da cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, criou algumas escolas radiofônicas, surgindo, a partir daí, o Movimento de Educação de Base (MEB) em 1961, apoiado por um acordo entre o Governo Federal e a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Este movimento primava pelo oferecimento de alfabetização para jovens e adultos. Suas atividades e aulas eram transmitidas através de programas de rádio para estudantes de localidades rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. O foco nestas regiões devia-se por serem áreas nas quais os indicadores econômicos e sociais demonstravam resultados aquém dos desejados, apontando situação de pobreza. Em 1962, a Ocidental School, uma instituição de ensino americana e atuante no campo da eletrônica, é fundada em São Paulo. Nos idos de 1967, o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) inicia suas ações na modalidade de educação a distância, na área de educação pública, utilizando o ensino por correspondência. Neste mesmo ano, a Fundação Padre Landell de Moura cria seu núcleo de educação a distância usando os recursos do ensino por correspondência e também via rádio. O uso da TV na educação começa a ser divulgado no Brasil nos anos 1960 e 70 através de vários projetos. Grande parte destes buscava o treinamento dos professores e a oferta do ensino supletivo nos níveis primário e secundário, voltados para aqueles que não puderam estudar na escola regular. Devido à realidade brasileira dessa época, a proliferação dos telecursos aproximou o conceito de educação a distância da comunicaçcão de massa. Algumas propostas destes projetos oportunizavam a reunião dos alunos em grupos que, juntamente com seus tutores, poderiam explorar o conteúdo das aulas. Entretanto, a maior parte dos telecursos foi desenvolvida na modalidade de estudo individual. Com a popularização dos telecursos em educação, a Associação Brasileira de Teleducação (ABT), instituída nos anos 1970, passou a ter, no início dos anos 1980, um grande e significativo número de associados e de seções estaduais. Tal situação culminou no reconhecimento internacional através de estudos realizados sobre educação a distância, que colocaram o Brasil, na década de 1970, entre os principais líderes desta modalidade de ensino, juntamente com países como a Índia, a Espanha e o Reino Unido. Dentre os projetos a serem destacados, cita-se o Projeto Minerva, criado em 1970. Este visava atender aos objetivos do governo militar brasileiro que, desde 1964, tinha interesse em promover um grande impacto no sistema educativo, com a utilização do rádio e da televisão. O governo via neste projeto uma tentativa de solucionar os problemas da área educativa com a criação de uma cadeia de rádio e TV. O projeto Minerva foi concebido numa ação conjunta do MEC, da Fundação Padre Anchieta e da Fundação Padre Landell de Moura, seguindo os pressupostos da Lei n.º 5692 de 1971, que previa a ênfase na educação de adultos. Este seria transmitido, em rede nacional, por emissoras de rádio e de televisão de todo o país, a fim de garantir a preparação de estudantes para a realização de exames supletivos de Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial. O projeto findou no começo dos anos 1980, enfrentando sérias críticas, muitas delas provenientes dos resultados pouco expressivos devido ao baixo índice de aprovação, pois 77% dos inscritos não conseguiram obter o diploma como era esperado (MENEZES e SANTOS, 2008). 1.1.3 Terceira e quarta gerações – Novas experiências em EaD Conforme os autores Peters (2003) e Moore e Kearsley (2007), no final dos anos 1960 a 3ª geração é principalmente caracterizada pelas experiências em EaD, que resultaram em uma nova modalidade de organização da educação. Através destas, começou a se investir na capacitação de recursos humanos para o desempenho profissional na área da EaD e também no uso integrado das tecnologias disponíveis, associando o uso do material impresso às transmissões radiofônicas e por meio da TV e do telefone, sendo acrescidos dos vídeos pré-gravados, das conferências por telefone e da elaboração dos “kits” com materiais para a realização de experiências práticas. Neste contexto, os autores citados destacam ainda a criação das Universidades Abertas4 como espaços estruturais que viabilizaram a implantação das universidades totalmente a distância. Do ponto de vista pedagógico da EaD, este foi um importante período de análise e reorganização das práticas educativas, que iniciaram com a aplicação das técnicas de instrução e foram sendo ampliadas, gerando estudos teóricos sobre a modalidade a distância de educação. Os estudos realizados impulsionaram novas experiências e a busca pela difusão do acesso para os diferentes níveis de ensino. Nesta época, o modelo Universidade Aberta foi então reproduzido, com a criação de diversas instituições dessa modalidade em todo o mundo (MAIA e MATTAR, 2007, p. 22). Mesmo com a criação das novas tecnologias, destaca-se a permanência da importância dada ao material impresso como recurso principal de transmissão de conteúdo. A partir de meados dos anos 1980, com o advento da informática e a popularização do computador pessoal, somados ao uso da Internet, tornaram-se possíveis novas formas de comunicação, com o uso do correio eletrônico, salas de bate-papo, fóruns de discussão e videoconferências. Os autores Moore e Kearsley (2007) caracterizam a 4ª geração pelo uso da teleconferência (conferência a distância) como a principal tecnologia a ser destacada neste período. De acordo com os autores, tornou-se possível então a interação em tempo real, o que transformou não somente as relações entre professorese alunos, mas também as novas formas de ensinar e aprender. No Brasil, destaca-se o projeto SACI - Satélite Avançado de Comunicações Interdisciplinares, criado em 1974. Este foi desenvolvido a partir de uma ação conjunta do Ministério da Educação, do Centro Nacional de Pesquisas e Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e previa o oferecimento de educação primária escolar para todo o país utilizando um sistema via satélite integrado com outros meios de comunicação, como TV, rádio e material impresso, para atendimento das quatro séries do primeiro grau. A idealização do SACI seguia o relatório Advanced System for Comunications and Education in National Development (Ascend), desenvolvido pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que prestou consultoria para a criação do projeto. Neste relatório eram apresentados resultados sobre um protótipo de sistema de utilização de recurso audiovisual para a educação primária. A implantação deste sistema de educação por satélite estava sendo apoiada como uma possibilidade de se resolver o problema do analfabetismo brasileiro, considerado nos anos 1970 como um dos fatos que emperrava a modernização do país, enfocando a realidade das regiões Norte e Nordeste (SARAIVA, 1996). O projeto SACI fornecia aulas pré-gravadas transmitidas via satélite, no formato de telenovela, e contava ainda com suporte de material impresso para os alunos das séries iniciais e professores leigos do antigo ensino primário no Rio Grande do Norte. Nesse Estado, foi realizada a implantação do projeto piloto com recepção em 510 diferentes escolas de 71 municípios. O projeto foi extinto em 1978 devido aos altos custos na manutenção dos satélites e pela dificuldade em atender a demanda das diferenças culturais das regiões brasileiras e o perfil adotado pelos programas produzidos no interior de São Paulo. Ressalta-se ainda que o projeto SACI foi considerado uma inovação pioneira de nível mundial, que o levou à conquista de uma premiação especial do Júri Internacional do Prêmio Japão. A valorização deste projeto deve-se à qualidade do planejamento e do design instrucional construído, embora o mesmo não tenha sido replicado para os demais estados. Conforme as fontes de pesquisa analisadas, este projeto fazia parte de um programa espacial brasileiro que pretendia avaliar as potencialidades de um satélite de comunicação destinado a atividades educacionais (SARAIVA, 1996). Além dos projetos citados, pode-se apontar ainda o sistema Telecurso da educação secundária do Maranhão, o qual foi difundido como modelo para outros países pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e ainda os programas “Supletivo”, lançados em vários estados antes do conhecido Telecurso da Fundação Roberto Marinho. Chama-se a atenção para o fato de este ainda permanecer no ar até hoje, enquanto os demais projetos mantidos pelo setor público já foram extintos. Ainda na década de 1970, o Brasil institucionalizou a educação a distância no âmbito de seus sistemas estaduais de ensino, com a criação de uma alternativa de concretização da educação básica através dos Centros de Ensino Supletivo (CES). No entanto, esta alternativa acabou por ser referenciada como uma modalidade educativa de "segunda linha", orientada às classes mais pobres, excluídas do acesso ou do direito de concluir os estudos básicos. Nesta experiência o estudo baseava-se em princípios da instrução programada, tendo como materiais de apoio livros- texto e de exercícios elaborados em formato de módulos. Observa-se que, no modelo de educação a distância apresentado, o enfoque era de um ensino voltado para o pobre e tendo por objetivo ser mais um instrumento de dominação. Esse modelo de EaD vai de encontro a uma de suas principais características atuais, que é a promoção da democratização da educação. 1.1.4 Quinta geração – Uso da Internet e das redes de computadores Na opinião dos autores referenciados (MOORE e KEARSLEY, 2007), vive-se atualmente na 5ª geração da EaD, evidenciada pelo uso da Internet e das redes de computadores, as quais oportunizam o uso associado de tecnologias como texto, áudio e vídeo, através de uma plataforma de comunicação. É possível acompanhar a proliferação de programas de EaD desenvolvidos por diversas universidades, abrangendo o uso da Internet. Além dos programas, estão sendo construídos e utilizados ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), associados ou não ao uso de aparelhagem para a transmissão multidirecional de áudio e vídeo, videoconferências via satélite, sem abandonar outros recursos, como o material impresso, ligações gratuitas aos serviços 0800, encontros presenciais, vídeos pré-gravados, dentre outros. Desta forma, incorporam- se os benefícios de cada tecnologia empregada desde as gerações anteriores para cada vez mais ultrapassar as distâncias geográficas, garantindo o acesso às formas de comunicação. Através dos dados pesquisados, com relação ao Brasil se observa que poucas eram as instituições de ensino superior que tinham algum estudo ou pesquisa nos anos 1970 e 80 sobre a educação a distância. Foi nos anos 1980 que o Brasil iniciou uma discussão acerca da aplicação da informática na educação. O marco deste início oficial foi a promoção de um seminário pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e pela Secretaria Especial de Informática (SEI). Assim, em 1981 foi realizado, na Universidade de Brasília (UNB), o I Seminário Nacional de Informática na Educação. Este evento, além do patrocínio do MEC e da SEI, contou com o apoio do CNPq. Sua realização serviu para mediar discussões acerca das implicações econômicas, políticas e sociais do uso do computador na educação em países em desenvolvimento, sendo apontadas as vantagens, limitações e a sua viabilidade no Brasil. No ano seguinte foi realizada a segunda edição do seminário, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Neste evento o enfoque voltava-se para a utilização do computador no ensino do 2º Grau (atual ensino médio); foi elaborado um relatório que havia sido solicitado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no qual estava sendo proposto um Programa Nacional para Introdução do Método de Informática nos ensinos de 1º e 2º Graus (atual ensino fundamental e médio), além de reunir propostas e estratégias sobre o uso do computador no âmbito educativo. Em 1984, o Governo Federal criou o Projeto Nacional de Informática na Educação (Educom), como resultado de várias discussões promovidas no interior do país. O projeto havia sido elaborado um ano antes pela Secretaria Executiva da Comissão Especial de Informática na Educação.5 O objetivo do Educom era incentivar a constituição de núcleos para investigar os propósitos sobre o uso do computador na educação e capacitar pessoal qualificado para atuação na área. Foram aplicados projetos em cinco universidades – a Universidade de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foram essas as instituições responsáveis pelas primeiras experiências em pesquisa e desenvolvimento de metodologias e recursos como ambientes de aprendizagem a serem utilizados no computador no Brasil. Cada uma delas desenvolveu projetos individuais, anteriormente avaliados e selecionados pela SEI em 1984. Outras ações direcionadas ao estudo sobre o uso da informática na educação foram promovidas pelo MEC e, com o advento da Internet, foram impulsionadas, tornando a EAD uma modalidade de ensino consolidada relevante para a pesquisa. Dentre estas, ressalta-se o Projeto Nacional de Formação de Recursos Humanos em Informática na Educação (Formar), iniciado em 1987. O mesmo havia sido indicado pelo Comitê Assessor de Informática e Educação do Ministério da Educação (CAI/MEC). Sua criação objetivava a formação de professores atuantes no ensino de 1º e2º Graus, a fim de capacitar estes profissionais para sua atuação em centros de informática educativa criados para os sistemas públicos de educação. Em 1989, o MEC implantou o Programa Nacional de Informática na Educação (Proninfe), criado com a pretensão de implementar o exercício da informática educativa a partir de projetos pedagógicos de relevância e atualização. O desenvolvimento do projeto foi realizado em mais de 40 centros de informática na educação em todo o território brasileiro, sendo a maioria com acesso à Internet, na formação dos professores de 1º, 2º e 3º Graus (ensino fundamental, médio e superior, respectivamente), sendo ainda ampliado para a área de educação especial e para a pós- graduação. Dentre suas propostas estava o incentivo à pesquisa sobre a utilização dos computadores como ferramenta educativa, procurando, assim, incentivar a interatividade e a interconectividade. Contando com a iniciativa de programas municipais e estaduais, posteriormente foram criados mais 400 subcentros, partindo do modelo implementado pelo projeto Educom/UFRGS. Outros 400 laboratórios de informática foram também financiados por governos estaduais e municipais para as escolas públicas brasileiras. Quanto ao número de professores capacitados através do programa Proninfe, atingiu-se cerca de 10 mil profissionais. O Proninfe é tido como referência nas ações planejadas e desenvolvidas pelo MEC até nos dias atuais, principalmente por manter-se continuamente ativo por mais de dez anos, como resultado de atividades e experiências obtidas em torno do estudo da EaD. Outras atividades de pioneirismo na área da EaD merecem ser destacadas, como a criação do Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEaD) da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em 1992. O NEaD é responsável pelo oferecimento do primeiro curso de graduação a distância do Brasil. Com a criação da Secretaria de Educação a Distância do MEC (SEED/MEC), foi possível viabilizar, em 1997, o lançamento do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Sua proposta era semelhante ao programa Proninfe, contando agora com maior investimento financeiro e atingindo um maior número de estados brasileiros. Uma das suas metas era a construção dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs), os quais seriam destinados à realização de pesquisas, ao desenvolvimento de projetos educativos na área da informática educativa e à capacitação de professores. Também foi criado o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) E-Proinfo.6 Ainda nos anos 1990, foram desenvolvidos projetos utilizando recursos como rádio e televisão, voltados para a complementação das atividades desenvolvidas em sala de aula. Pode-se citar o projeto TV Escola, promovido em 1996. Trata-se de um canal de televisão via satélite destinado à veiculação de programas exclusivamente educativos. Cada escola pública com mais de 100 alunos recebia um kit com televisão, antena parabólica, aparelho de videocassete e fitas VHS para a gravação dos programas. A programação do canal veiculava 12 horas de programação diária, com a reprise de alguns programas. Os temas abordados eram complementados com recursos impressos, como revistas, livros, guias de programação e de orientação destinados aos professores. Durante os fins de semana, apresentava-se o programa denominado Escola Aberta, com a veiculação de assuntos destinados à integração das famílias com a comunidade escolar. Também foi desenvolvido o projeto Rádio Escola,7 em 2000, pela Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED), destinado à produção de programas de capacitação e formação continuada para professores alfabetizadores em Educação de Jovens e Adultos (EJA). Foram utilizados ainda materiais impressos com sugestões de como inserir os programas radiofônicos nas atividades de sala de aula e demais orientações técnicas e pedagógicas. O programa teve atuação em regiões com alto índice de analfabetismo no país, sendo direcionado aos coordenadores do Projeto Alfabetização Solidária.8 O mesmo material foi também encaminhado a emissoras de rádio integrantes da Rede de Comunicação pela Educação. Foram projetos como este que impulsionaram e impulsionam, também hoje, as práticas em torno da EaD no Brasil. Atualmente, todas estas possibilidades continuam sendo utilizadas, conforme exemplificado, porém destinadas a públicos e situações específicas. O que realmente pode-se considerar é um maior impacto do uso dos recursos digitais e também da maior interação entre professores e alunos. Além desses recursos, existem possibilidades que iniciam sua popularização na década de 1990 e progressivamente são integradas às possibilidades de cursos em EaD. Trata-se dos ambientes de imersão, que possibilitam a utilização de mundos virtuais, adicionando o componente espacial às possibilidades de interação já existentes. Além disso, os novos dispositivos móveis e as tecnologias de comunicação sem fio desenvolveram-se a ponto de disponibilizarem equipamentos com boa capacidade de processamento, comunicação com a Internet em velocidades altas e uma série de recursos integrados, como câmera, GPS, gravador de som, entre outros. Os jogos digitais ampliaram ainda mais estes contextos, já que possibilitam a simulação de situações de forma bastante realística, aliando aspectos lúdicos e interfaces amigáveis e atraentes. Recursos estes que facilitam a geração de um contexto favorável à experimentação e possibilitam o desenvolvimento de habilidades de forma bastante efetiva. Além das modificações puramente tecnológicas, observam-se também aspectos sociais relevantes associados ao contexto histórico da Educação a Distância. Esta modalidade está intimamente associada às mudanças globais na sociedade atual, sendo que algumas tendências destas modificações estão refletidas em questões como a produção e o direcionamento do material ou então no formato de distribuição destes recursos. Observa-se, com a popularização do acesso às redes de computadores, que existe um movimento de produção de material que ocorre em paralelo com as entidades inicialmente envolvidas em tais atividades. Assim, surgem movimentos que questionam as atuais salvaguardas legais aos materiais produzidos e que sugerem a ampliação do compartilhamento destes materiais como forma de democratização e colaboração mais amplos. Podem ser tomados como exemplos o movimento de software livre9 ou licenças sobre o direito autoral, tais como o Creative Commons.10 Enquanto este tipo de iniciativa trata de formalizar meios para a divulgação e compartilhamento gratuito de materiais e outros artefatos, como programas de computador, observam-se também iniciativas para a efetiva disponibilização de materiais, de forma livre e sem custos, a partir da Internet. Trata-se de repositórios de materiais que podem ser utilizados livremente, facilitando a melhoria das condições da educação de forma geral. Estas iniciativas estão sendo ampliadas e já existem exemplos bastante consistentes e amplamente conhecidos. Por exemplo, no Brasil existe a iniciativa de disponibilização de materiais didáticos e de materiais em geral, tais como vídeos, imagens e outros, em dois websites, conhecidos como Domínio Público11 e Rived.12 No primeiro são encontrados materiais diversos, em uma base com mais de 146 mil elementos, entre vídeos, imagens, sons e textos, todos disponíveis para uso. No segundo são disponibilizados aos professores e alunos, livremente, objetos de aprendizagem desenvolvidos a partir de tecnologias multimídia interativas, consistindo de animações e simulações voltadas para as áreas de conhecimento dos ensinos fundamental e médio. Além desses exemplos, diversos outros repositórios de materiais instrucionais são encontrados, possibilitando a divulgação dos materiais e também o trabalho colaborativo entre professores de localidades diversas. Alguns exemplos são comentados a seguir. O banco internacional de objetos de aprendizagem13 consiste em uma enorme base de informações sobre objetos de aprendizagempara os diversos níveis de ensino, que podem ser acessados e utilizados livremente. Atualmente, existem mais de 8.600 objetos de aprendizagem, distribuídos em animações, imagens, áudio, softwares e hipertextos. Além de bancos de dados e repositórios de objetos de aprendizagem, seguem ampliando-se os espaços de compartilhamento gratuito de material, tal como em sistemas e serviços disponíveis a partir da chamada Web 2.0, em que diversas possibilidades de compartilhamento de material produzido pelos usuários da Internet estão livremente disponibilizadas. A Web 2.0 é caracterizada pela utilização dos blogs e chats e das redes sociais. Hoje já é reconhecida a Web 3.0, que considera o uso dos dispositivos e Internet móvel. Por fim, atualmente, existe o modelo de cursos massivos e de conteúdo aberto, denominados Massive Open Online Courses (MOOCs). Trata-se de um modelo de curso online, com uso de conteúdos livres, disponíveis para acesso por meio de sites ou plataformas específicas. A característica principal dos MOOCs ou cursos livres é a abertura e flexibilidade dos cursos e materiais para atingir um número expressivo de estudantes, que podem ter sua participação auto-organizada a partir de seus conhecimentos prévios e interesses comuns. A proposta desses cursos normalmente é organizada por equipe de formadores, sendo suas atividades baseadas no uso de videoaulas e material instrucional com a possibilidade de interação livre, sem necessariamente contar com uma tutoria, sendo os próprios participantes responsáveis em manter a interação ativa. Compreende-se, assim, que os MOOCs podem ampliar as possibilidades de aprendizado e a visão acerca do processo educativo através de uma proposta estratégica de autoformação que pode contribuir com a melhoria da qualidade da educação ao permitir o compartilhamento de conhecimentos e a capacitação. Estes exemplos tratam de um aspecto fundamental para o aluno de cursos na modalidade a distância e para pessoas interessadas em ampliar seus conhecimentos e habilidades de forma continuada. Existe atualmente uma tendência a ampliarem-se as possibilidades de acesso aos materiais, em diversos níveis e em uma ampla quantidade de países. Desta forma, as possibilidades para cooperação e colaboração são bastante abrangentes e interessantes. 1.2 Algumas definições Até o momento, neste livro, foram tratados diversos aspectos relacionados com o processo de ensino e aprendizagem na Educação a Distância. Trata-se de um contexto amplo e relativamente complexo, com ações ocorrendo atualmente em diversos países, com diversas combinações tecnológicas, propósitos, níveis de ensino e abordagens metodológicas. Uma análise que leve em conta os elementos empregados em cursos de EaD irá identificar diversos elementos também utilizados em cursos com ênfase no ensino presencial. Apesar disso, são destacadas diferenças entre essas duas modalidades. É preciso verificar que estas diferenças devem-se a um processo histórico e ainda em desenvolvimento, sendo que ambas as modalidades podem também ser empregadas de forma conjunta e complementar, sendo esta uma tendência geral identificada atualmente. Assim, analisaremos a seguir diversas definições apresentadas para a Educação a Distância. Mais do que o relato de definições dadas por diversos autores, buscamos aqui identificar alguns elementos fundamentais de modo que estes sejam comuns às definições apresentadas. Com estes elementos é possível ao leitor analisar e identificar com clareza as características de diferentes cursos na modalidade EaD, que se diferenciam em formato, metodologia, tecnologias, entre outros aspectos. De modo geral, quando se busca uma definição formal para o que seja Educação a Distância, depara-se com diversas indicações, realizadas muitas vezes em períodos históricos diferentes, que, apesar de não serem muito distantes, muitas vezes possuem uma diferença grande o suficiente para o surgimento e a adoção de novas metodologias ou tecnologias. Por isso, partiremos a seguir para uma análise de elementos comuns a diversas definições, como forma de possibilitar ao leitor um conjunto de parâmetros para o melhor entendimento destas atividades. Esta análise é precedida da descrição de papéis normalmente encontrados em cursos desta natureza. Os principais papéis identificados são, em geral: aluno, professor autor ou conteudista, professor da disciplina, tutor e assistente técnico. O aluno ou estudante é aquele participante do curso a distância, para o qual é realizado o acompanhamento durante todo o período do curso. Eventualmente, dependendo do nível de ensino e regulamentação do curso, este participante realiza também avaliações específicas, presenciais ou não, para atestar seus conhecimentos e as habilidades adquiridas. Quando se faz referência ao professor autor, ou professor conteudista, em geral busca-se identificar o responsável pela concepção, metodologia, materiais e avaliação do curso. Trata-se normalmente de um profissional com ampla experiência na área de conhecimento específica do curso, que realiza um trabalho de estruturação do mesmo, descrevendo detalhadamente a metodologia, etapas, avaliação e formas de interação. Este professor elabora os conteúdos disponibilizados no curso e descreve como devem ser avaliados. Em boa parte dos cursos a distância este professor autor não é o responsável pelo contato direto com os alunos durante o período de realização das disciplinas ou módulos. Entretanto, ele pode assumir também o papel de professor formador. Como existe a possibilidade de um grande número de alunos, em turmas diferentes, estarem cursando uma mesma disciplina, torna-se inviável que um profissional apenas mantenha contato e esteja em interação com os participantes do curso, casos em que um novo papel é estabelecido com a participação do tutor. O tutor de um curso a distância, em geral, possui como atribuições o acompanhamento das atividades realizadas e do percurso individual dos participantes. Por vezes o tutor realiza a apresentação de conteúdos específicos. Além disso, este profissional trata ou encaminha as dúvidas e demandas surgidas na realização do curso, ou seja, ele está em contato constante e realiza o atendimento e acompanhamento direto dos alunos. Também pode ser o responsável por atividades como a correção das avaliações. Em determinadas situações, pode-se encontrar uma diferenciação entre tutor a distância e tutor presencial, sendo que, na maioria dos casos, trata-se apenas da indicação da forma de contato com este profissional, pois, em muitos cursos, existe a possibilidade de contato pessoal nos polos de atendimento, sendo este atendimento realizado pelo tutor presencial. Por outro lado, no caso de atendimento apenas através de mediação tecnológica, denomina-se o profissional de tutor a distância. O assistente técnico está à disposição dos alunos para apoiar em problemas e situações associados exclusivamente ao ambiente tecnológico utilizado. Apesar de claras, estas delimitações de papéis podem ser encontradas com atribuições ligeiramente diferenciadas ou sobrepostas, em diferentes instituições de ensino ou mesmo níveis de ensino. Servem aqui apenas como referências mais gerais. A seguir, são identificadas características gerais de cursos na modalidade a distância. Os elementos abaixo são identificados como comuns em grande parte das definições encontradas. Para mais detalhes a respeito, consulte as recomendações de leitura adicional ao final deste capítulo. 1.3 Características de cursos na modalidade a distância Separação entre o aluno e o professor durante as atividades do curso – não existe, com algumas exceções, necessidade de interação ou participação em momentos expressamente determinados, de modo que as atividades do aluno podem ser realizadas em um período de tempo e em local físico determinados pelo aluno. Planejamento diferenciado dos materiais, interações e avaliações – a distância entre professor e aluno e a autonomia conferida aos estudantes faz necessárioo planejamento do curso de modo bastante cuidadoso, proporcionando flexibilidade aos alunos e, ao mesmo tempo, garantindo a cobertura de todos os assuntos previstos. Uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) – recursos tecnológicos de comunicação e informação são empregados para garantir a divulgação do material de forma adequada e atraente, além de possibilitar a necessária interação entre alunos e professores. Abordagem focada no protagonismo do aluno – aproximação de um paradigma em que maior autonomia é atribuída ao aluno, na qual o professor acompanha e direciona o processo, auxiliando em situações demandadas pelos alunos, de acordo com suas necessidades. Interação – apesar de algumas metodologias aplicadas em educação a distância não utilizarem extensivamente o componente da interação, trata-se de um elemento importante para que o aluno desenvolva habilidades fundamentais e que seja possibilitada a construção do conhecimento de forma cooperativa. Podemos realizar um resumo destas características básicas, reunindo estes elementos da seguinte forma: “Educação a Distância é um processo de ensino e aprendizagem no qual se utilizam recursos tecnológicos diversos e um planejamento diferenciado a fim de potencializar a autonomia, o atendimento às demandas individualizadas do aluno e a criação de laços de colaboração e interação, possibilitando a liberdade de acesso e participação quanto a aspectos como tempo e espaço”. Estas características estabelecem um processo no qual o aluno, durante a realização de um curso, possui liberdade e autonomia, sendo acompanhado pelos professores e tutores em seu percurso e atendido em suas necessidades, levando consigo a responsabilidade de auto- organização para o cumprimento das atividades propostas a partir do planejamento efetuado. Alguns requisitos para que ocorra esta flexibilidade são: (1) o planejamento, permitindo ao aluno participar de um ambiente de interação, de forma que seja possível estabelecer um percurso interativo com seus colegas, mas levando em consideração suas necessidades individuais; (2) a organização pessoal do aluno deve ser motivada e apoiada para que sejam desenvolvidas habilidades, caso necessário, que lhe garantam a organização necessária para o desenvolvimento de competências planejadas; (3) a viabilidade de acesso aos materiais deve ser também garantida e acompanhada, de modo que o aluno não seja limitado em seu processo devido a questões de caráter técnico. Ao professor e tutor devem estar disponíveis mecanismos de relacionamento que possibilitem o acompanhamento dos processos individuais de cada participante de um curso. Em cada situação em que ocorre a necessidade de contato, este deve ser realizado da maneira mais apropriada, de acordo com os diversos meios disponíveis em cada formato de curso. Em geral, observa-se nos cursos a distância uma ampliação das possibilidades de contato, quando se compara um curso presencial pelo uso dos ambientes virtuais de aprendizagens e demais ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona. 1.4 Modelos e abordagens em cursos a distância Os cursos de Educação a Distância podem ser agrupados de modo a identificar aspectos mais gerais, tais como sua finalidade, nível de ensino ou forma de aplicação. No caso da finalidade e nível de ensino dos cursos de Educação a Distância, são conhecidos os cursos voltados à simples capacitação, como os cursos técnicos, os cursos profissionalizantes, os treinamentos específicos de capacitação, em geral desenvolvidos dentro de empresas ou instituições. A este conjunto somam-se os cursos nos diversos níveis de ensino, desde supletivos para ensino médio e fundamental, cursos para educação de jovens e adultos, cursos de graduação, pós-graduação e extensão. Além destas diferenciações, que podem ser feitas com base em objetivos dos cursos, podem ser analisados os diferentes modelos que surgem com as configurações específicas entre tecnologias, planejamento e metodologias. Alguns destes modelos podem ser considerados inclusive como reflexos de momentos nos quais determinados recursos encontravam-se disponíveis. Assim, temos as situações em que o principal aspecto esperado é o de estudo individual, no qual são planejadas poucas atividades envolvendo a interação entre os alunos e destes com os professores. Nestas condições, os principais materiais utilizados são os impressos, vídeos, áudio e ainda material digital implementando simulações e animações, propondo situações de experimentação ao aluno. As metodologias empregadas nestes casos abordam a avaliação especialmente a partir de testes e exercícios que são desenvolvidos de forma individual. Nas situações em que o modelo geral do curso envolve a interação mesmo que de forma simplificada ou caracterizando-se como um curso com pouca interatividade, modificam-se alguns aspectos, envolvendo basicamente o uso de ambientes virtuais que proporcionam uma base para o estabelecimento de comunicação. Nestes ambientes, em geral, existe a possibilidade de disponibilização de materiais diversos, tais como os citados no modelo anterior. Além disso, diversas ferramentas de interação e comunicação com características específicas são encontradas. Alguns exemplos são os fóruns de discussão, ferramentas de entrega de tarefas ou salas de conversa. Com este contexto, existe já a possibilidade de contato entre os alunos e destes com os professores de forma mais efetiva e simplificada. A avaliação pode envolver, além de testes e exercícios individuais, etapas que considerem atividades de interação dos alunos. Em modelos com ênfase em atividades de cooperação, interação e comunicação, normalmente encontram-se mais opções de ferramentas disponibilizadas para os alunos. Muitas destas permitem atividades de construção de textos de forma colaborativa (Wiki), a publicação de relatos dos alunos em blogs ou diários, além das ferramentas já citadas, tais como fóruns, salas de conversa ou ferramentas para tarefas. Nestes casos, desde o início da realização do curso as atividades de interação são estimuladas como parte fundamental do processo, proporcionando- se, além de percursos individuais de trabalho, situações de realização coletiva, como trabalhos em grupo. A avaliação envolve todos os fatores do processo, desde os trabalhos individuais, as interações, o acompanhamento do processo e as produções em grupo. Justamente o desenvolvimento de aspectos tecnológicos a partir da popularização da Internet proporcionou a concretização dos recursos necessários para as demandas descritas em modelos nos quais a metodologia envolve aspectos mais complexos como a interação e a colaboração. Assim, modelos de cursos em EaD que estejam voltados principalmente para a disponibilização de material possuem necessidades diversas de modelos que privilegiem a interação. O acesso ao material é basicamente garantido com repositórios, ambientes virtuais, utilização de e-books ou mesmo com o envio ao aluno de material impresso em papel ou ainda disponibilizado em suportes como CDs, DVDs ou Blu-ray. A necessidade de interação pode envolver ferramentas diversas, que serão normalmente disponibilizadas ao aluno a partir de uma base comum em um ambiente virtual de aprendizagem. Nesta segunda situação, as ferramentas envolvem também o aluno em uma rede de contatos com todos os demais participantes do curso. Ferramentas comumente encontradas neste contexto são o fórum de discussão, a sala de conversa, a opção de realização de tarefas, questionários, páginas de escrita colaborativa, entre outras. Além das possibilidades de interação criadas para os alunos, este contexto também proporciona aos professores o material necessário para o acompanhamento do percurso destes alunos. Todas as interações de um aluno no ambiente, inclusive as suas realizações de exercícios ou entregas de produções, podem ser identificadas e analisadas de forma a ampliar a percepção do professor sobre demandas, interesses e situações a encaminhar para estes alunos. Desta maneira,os suportes tecnológicos proporcionam a disponibilidade de material, as ferramentas de interação e prática, bem como as opções de acompanhamento necessárias ao estabelecimento de uma comunidade de prática. Quando o modelo envolve maior interação e ferramentas diversas, a partir de um ambiente virtual, conta-se com um fator adicional importante para a qualidade e o resultado positivo dos cursos nesta modalidade. Todo o material gerado nas etapas de interação, tais como as tarefas realizadas em cooperação, as mensagens trocadas em fóruns de discussões, o histórico do acesso aos exemplos e aos exercícios publicados, além de todas as demais situações envolvendo relação entre os participantes, estão armazenados e podem ser acessados em forma de relatórios ou indicadores. Este fator proporciona aos professores as informações necessárias ao acompanhamento das atividades gerais de uma comunidade e dos percursos individuais dos alunos. Além das ferramentas disponibilizadas em ambientes virtuais de aprendizagem, a metodologia desenvolvida pode necessitar ou sugerir o acesso a materiais instrucionais mais específicos, normalmente desenvolvidos como objetos de aprendizagem. Estes possibilitam ampliar e potencializar as situações de simulação, identificação e descrição de áreas de conhecimento. Também proporcionam o questionamento e atividades de experimentação descritas por professores. PARA COMPLEMENTAÇÃO DE ESTUDOS: Sugestões de leituras adicionais: FRANCO, Sérgio Roberto Kieling (org.). Educação a distância na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, UFRGS, 2004. LITWIN, Edith. A Educação em tempos de internet. In: Pátio – Revista Pedagógica, ano V, n. 18, ago/out., 2001. MAIA, C.; MATTAR, J. ABC da EaD – A Educação a Distância hoje. São Paulo: Pearson/Prentice Hall, 2007. MENEZES, Ebenezer Takunode; SANTOS, Thais Helena dos. "Projeto Minerva" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=291>. Acesso em: mar. de 2015. MOORE, M.G.; KEARSLEY, G. Educação a Distância: uma visão Integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2007. PETERS, O. A educação a Distância em transição. São Leopoldo: Unisinos, 2004. SARAIVA, Terezinha. Avaliação da Educação a Distância: sucessos, dificuldades e exemplos. Boletim técnico do Senac. Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 32-45, set./dez. 1996. REVISÃO DE CONCEITOS: Ao identificarmos no histórico da EaD momentos em que os recursos utilizados eram a impressão de materiais e o envio destes pelo correio, podemos associar o seu desenvolvimento e atual expansão com a ampliação dos recursos tecnológicos e possibilidades de interação e comunicação. Em diversos marcos históricos, nos quais o uso de tecnologias foi disponibilizado, observa-se também o surgimento de ações inovadoras com a utilização destas tecnologias na educação. Atualmente, existem diversos modelos de cursos na modalidade a distância, de acordo com objetivos e metodologias assumidas, que fazem uso de recursos tecnológicos em combinações muito flexíveis, que podem ser adequados às situações necessárias. A figura 2 apresenta uma síntese do capítulo. http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=291 Figura 2 – Síntese do capítulo 1. Fonte: elaborada pelos autores. __________ 1 Os autores discriminam as datas de cada geração a partir das experiências desenvolvidas internacionalmente. Serão enfatizados neste capítulo os períodos disseminados de cada geração na realidade brasileira. 2 As datas referenciadas pelos autores para o estabelecimento de cada geração têm como base o surgimento da EaD em diferentes países. 3 Disponível em: <http://www.institutouniversal.com.br/>. 4 O movimento conhecido como “open university” começou a ser uti l izado nos anos 1970 como forma inovadora de ensino superior. Também denominadas de universidades livres, trata-se de instituições com liberdade para a produção de conhecimentos sem necessidade de aval governamental ou compromisso com a habilitação profissional. O interesse está no oferecimento de formação universitária em larga escala. 5 Informações obtidas através dos sites do MEC/SEED/Proinfo, disponível em: <http://portal.mec.gov.br/>. 6 Disponível em: <http://e-proinfo.mec.gov.br/>. 7 Para saber mais sobre a Rádio Escola e seus materiais, acesse: <http://200.130.3.122/>. 8 O programa Alfabetização Solidária foi criado em 1997 pelo Conselho da Comunidade Solidária – um fórum de desenvolvimento de ações sociais através da parceria entre Governo Federal, iniciativa privada e sociedade civil. Atualmente é dirigido por uma organização não governamental – Associação de Apoio ao Programa Alfabetização Solidária (AAPAS). Trata-se de uma entidade do terceiro setor, sem fins lucrativos e de util idade pública. O objetivo do programa permanece voltado para a redução dos índices de analfabetismo no Brasil, através do acesso de jovens e adultos à educação nos municípios com maior índice de analfabetismo. O Programa apresenta hoje resultados significativos. De acordo com os dados apresentados, da implantação até 2001, um número superior a 2,4 milhões de jovens e adultos brasileiros foram beneficiados. Mais informações sobre o projeto podem ser pesquisadas no site: <http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044529.pdf>. 9 Disponível em: <http://www.softwarelivre.gov.br/>. 10 Disponível em: <http://www.creativecommons.org.br>. 11 Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/>. 12 Disponível em: <http://rived.mec.gov.br/>. 13 Disponível em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/>. http://www.institutouniversal.com.br/ http://portal.mec.gov.br/ http://e-proinfo.mec.gov.br/ http://200.130.3.122/ http://unpan1.un.org/intradoc/groups/public/documents/CLAD/clad0044529.pdf http://www.softwarelivre.gov.br/ http://www.creativecommons.org.br http://www.dominiopublico.gov.br/ http://rived.mec.gov.br/ http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/ CAPÍTULO 2 FUNDAMENTOS DE RECURSOS DIGITAIS Este capítulo apresenta de forma simplificada os fundamentos necessários para que o leitor compreenda as características dos recursos digitais disponíveis atualmente. Como os cursos em EaD estão, em geral, apoiados nestes recursos, é objetivo do capítulo possibil itar a criação de uma relação de intimidade com as possibil idades e formas de util ização destes recursos. 2.1 Alguns conceitos básicos Quando nos referimos a recursos digitais, neste texto, procuramos identificar uma ampla gama de possibilidades que se encontram à disposição de usuários atualmente. Parte destes recursos é conhecida a partir do termo Tecnologias de Informação e Comunicação; outra parte, a partir de termos como microinformática, digitalização ou convergência de mídias. Em todos os casos, existem dois componentes importantes coexistindo e interdependentes: algum recurso tecnológico envolvendo digitalização e o processamento de informações, utilizado em necessidades de aplicações diversas, tais como entretenimento, comércio, pesquisa ou educação. Compreender as possibilidades atuais de recursos digitais é extremamente importante para o aluno, seja de cursos em Educação a Distância ou não, pois estes recursos estão modificando rapidamente os contextos anteriormente estabelecidos e proporcionam oportunidades importantes para a execução de diversas tarefas. Além disso, são cada vez mais rápidos os movimentos inovadores, trazendo novas configurações de recursos e interações entre os mesmos. Assim, com o conhecimento necessário para o entendimento e a avaliação crítica de sua pertinência para necessidades existentes, um usuário pode se valer do acompanhamento desta evolução para continuamente tratar do aperfeiçoamento de processos ou atendimento de demandas. Para situar o leitor no universo de opções aqui relacionadas, destacam-se a seguir alguns aspectos e possibilidades de microeletrônica. Este ramo da Eletrônica é fundamental em áreas como a Informática e aTelecomunicação. A partir destas, sua influência pode ser observada em setores diversos de produção, comércio, serviços, estando presente em elementos cotidianos como eletrodomésticos, aparelhos para entretenimento, carros, aviões, elevadores, telefones, microcomputadores, equipamentos médicos, sensores, somente para citar alguns exemplos. A grande contribuição da microeletrônica para a sociedade atual está relacionada com os processos de fabricação e integração de circuitos eletrônicos, que possibilitam a captura de informações do mundo real, seu armazenamento e seu processamento. A fabricação deste tipo de componente é feita atualmente em escala microscópica, na ordem de milionésimos ou bilionésimos de um metro. Daí vem sua grande capacidade, pois eles possuem uma velocidade de operação muito alta, aliada a uma grande capacidade de armazenamento de materiais. O armazenamento dos dados neste tipo de componente é feito com base em uso da eletricidade, sendo definidos estados conhecidos como binários, para diferentes valores de eletricidade presentes nos componentes. Isso permite que estes circuitos sejam construídos com níveis de abstração para os valores tratados, considerando valores como “zero” e “um”, encontrados comumente como sinônimos de “ligado” e “desligado”, “verdadeiro” ou “falso”. Existe uma abordagem diversa, a abordagem analógica, que não utiliza estes níveis de abstração, mas considera todo o espectro de variações possíveis dos valores. Este tipo de componente possui menor capacidade de miniaturização e integração, sendo utilizado em áreas específicas dentro da eletrônica, como, por exemplo, na confecção de sensores. Em paralelo aos esforços desenvolvidos na área de eletrônica, diversas outras áreas buscam melhorias para os problemas de armazenamento e processamento de informações, como a computação quântica, que trabalha em uma escala de miniaturização ainda maior do que a observada em circuitos eletrônicos. Esta tecnologia ainda está em desenvolvimento, sendo que sua expectativa é processar uma quantidade maior de informações do que é possível atualmente. A seguir, serão detalhadas utilizações deste tipo de componente baseado em eletrônica na construção de microcomputadores e na digitalização e comunicação de informações. Além dos aspectos ligados aos equipamentos e dispositivos, que continuam em evolução, devemos prestar atenção aos aspectos ligados à sua utilização, pois, com o desenvolvimento de formas eficientes de organizar o funcionamento destes, cada vez mais observa-se o surgimento de novas aplicações para este tipo de equipamento, que pode inclusive ser projetado de acordo com demandas específicas. 2.1.1 Microinformática Os primeiros computadores foram desenvolvidos como um esforço de guerra, tendo sido utilizadas tecnologias diferentes das atuais. Os primeiros equipamentos construídos possuíam dimensões enormes e consumiam uma grande quantidade de eletricidade. A rápida evolução na área da microeletrônica proporcionou a miniaturização de componentes, permitindo a fabricação de microprocessadores, memórias e outros elementos, dentro de uma escala que favorece cada vez mais a ampliação de sua capacidade. Desta forma, passamos de um computador cuja instalação precisava de dois andares para computadores que podem ser usados em uma mesa de trabalho, outros que podem ser transportados em uma pasta de trabalho, ou, ainda, computadores que podem ser carregados no bolso. Atualmente, existem diversos dispositivos com as capacidades tradicionalmente consideradas básicas para um microcomputador. Estas capacidades seriam o armazenamento de dados, o processamento destes com a execução de programas de computador, a visualização e a manipulação de informações, além da integração com outros usuários através de redes de comunicação. Estas possibilidades estão sendo ampliadas desde o início da popularização da microinformática, quando foram desenvolvidos computadores pessoais com capacidades suficientes para o atendimento produtivo de diversas tarefas. Os principais elementos de computadores pessoais podem ser resumidos em unidade de processamento ou microprocessador, memória, componentes de entrada e saída de dados. Por componentes de entrada de dados, podemos encontrar dispositivos como teclado, mouse, mesa digitalizadora, microfone, câmera ou joystick. Já a saída de dados ocorre em componentes como monitor de vídeo, caixas de som, impressoras. Alguns componentes permitem tanto a entrada como a saída de dados, como os modems e as placas de comunicação. Esta flexibilidade quanto aos componentes de entrada e saída e a miniaturização de componentes possibilita a construção de diversos dispositivos, tal como citado anteriormente. A unidade de processamento, ou o processador, é responsável pela maior parte das operações realizadas. Em alguns casos existem processadores auxiliares para tarefas específicas que demandam muito processamento, como o tratamento de imagens, jogos ou ambientes virtuais. Por exemplo, alguns jogos ou ambientes de imersão, tal como o Second Life, atualmente requerem, para seu bom funcionamento, placas gráficas auxiliares. Os processadores podem ser comparados, de forma simplificada, pela sua frequência de operação e pela taxa de instruções ou operações realizadas por segundo. A primeira normalmente é medida em unidades de oscilações por segundo, na ordem de milhões (MHz, ou Megahertz) ou bilhões (GHz, ou Gigahertz). Os processadores utilizados em computadores pessoais apresentam uma variação, desde a década de 1970 até hoje, que vai de cerca de 600 mil instruções por segundo e operação em 2 MHz até mais de 30 milhões de instruções por segundo e mais de 3 GHz. A consequência prática observada pelos usuários é a ampliação dos serviços disponíveis em um computador, pois o potencial maior de processamento é utilizado pelos programas de computador para o tratamento de problemas difíceis, para a criação de novas funcionalidades e para melhorar os ambientes de interação, especialmente a interface entre o computador e seu usuário. Ao selecionar uma operação ou um programa, caso o processador seja adequado, o usuário recebe o resultado imediatamente, sem necessidade de aguardar o processamento, o que resulta em mais produtividade e satisfação. A memória do computador é estruturada com diferentes tecnologias, que são relacionadas de forma muito conveniente às diferentes necessidades de uso para os dados armazenados em um computador. Existe um tipo de memória chamado de memória primária, construída com a mesma tecnologia e componentes eletrônicos usados pelos processadores. Esta memória é muito rápida e nela são armazenados todos os dados de trabalho quando o computador está em uso. Por exemplo, ao editar um texto, todos os caracteres dele estarão armazenados nesta memória principal. Isso garante aos programas de computador o acesso eficiente aos dados, sendo utilizado no trabalho do usuário. A quantidade de informações armazenada neste tipo de memória varia tipicamente de 256 milhões até 4 bilhões de caracteres, em computadores pessoais atuais. Uma característica desta memória é a sua volatilidade, que determina que, ao ser desligado o computador, todos os dados nela armazenados sejam perdidos. Ou seja, esta memória pode ser imaginada como uma mesa de trabalho, na qual estão dispostos todos os documentos necessários para um determinado trabalho, mas que serão armazenados em outro local ao final da tarefa. Quanto maior a capacidade desta memória, tanto maior a possibilidade do computador em manipular grandes objetos, como documentos, imagens, áudio e vídeo. Além disso, uma memória primária com boa capacidade possibilita que diversos programas manipulem dados em paralelo, sem perda de performance, o que é bastante comum atualmente, onde observamos usuários realizando simultaneamente a cópia de documentos (download) através da Internet, enquanto acessam documentos de textos a serem lidos e interagem com colegas em programas de comunicação online. Algumas memóriasdesenvolvidas mais recentemente permitem a manutenção de seu conteúdo, mesmo quando desconectadas de um computador, conhecidas como memória Flash. Isso possibilitou a popularização de equipamentos portáteis para o armazenamento e transporte de dados, conhecidos como pendrives, que possibilitam que bilhões de caracteres sejam armazenados em um componente de tamanho bastante reduzido e de fácil manuseio e transporte. Com estes dispositivos, o usuário pode manter um acervo de documentos, vídeos, áudios ou mesmo programas de forma a facilitar o seu acesso, pois o mesmo pode ser conectado facilmente em computadores pessoais. Além desse tipo de memória, são utilizados também meios magnéticos e óticos para a manutenção segura de grandes quantidades de dados. Os discos rígidos e as fitas magnéticas, assim como os CDs e DVDs, são exemplos destas tecnologias. Normalmente os computadores pessoais possuem unidades para discos rígidos, nas quais são armazenadas, de forma estática, grandes quantidades de dados, que podem ser de programas de computador ou dados de usuários. A capacidade destes discos costuma variar entre vários bilhões de caracteres até alguns trilhões de caracteres. Portanto, em média, são no mínimo várias centenas de vezes maiores do que as memórias primárias. Caso deseje continuar com a metáfora sugerida para as memórias primárias, este tipo de memória pode ser imaginado como o equivalente a várias estantes com materiais, ou mesmo várias salas cheias de estantes, conforme o caso. Esta figura auxilia também a identificar uma característica de operação relacionada ao tempo de acesso aos dados, que, neste caso, é bastante superior ao tempo gasto no acesso a dados armazenados em memória principal. Alguns modelos destes equipamentos são externos ao computador. Podem ser utilizados como uma biblioteca móvel, ou como equipamento de cópia de segurança dos dados. Também os equipamentos conhecidos como fitas magnéticas são utilizados como forma de realizar cópia de segurança, devido a sua grande capacidade e relativo baixo custo. Além de armazenamento e processamento de dados, o computador utiliza-se de equipamentos de entrada e saída, que possibilitam a criação de uma interface entre os usuários. Estes equipamentos vêm evoluindo rapidamente, sendo encontrados já diversos dispositivos de exibição, tais como os monitores, alguns inclusive com capacidade de interação por meio de toque. A saída de sinais de áudio complementa este dispositivo, proporcionando que o computador exiba vídeos ou que reproduza conversas ou músicas. Nestes casos, equipamentos auxiliares como microfones e câmeras são complementares e possuem cada vez maior capacidade, sendo integrados diretamente em muitos modelos de computadores pessoais. A entrada de dados é tradicionalmente realizada com teclados e dispositivos de apontamento, como o mouse, entretanto dispositivos relativamente recentes, como mesas digitalizadoras, joysticks ou scanners possibilitam uma ampliação de possibilidades. Aliada a uma maior capacidade de processamento do computador, esta classe de dispositivos permite que novas formas de interação venham sendo implementadas e popularizadas com uso de outros mecanismos. O exemplo mais presente no uso cotidiano de computadores é a interação por voz, que já permite até mesmo a inclusão digital de pessoas portadoras de necessidades especiais. Com a interação por voz, o usuário interage com o computador mediante comandos “falados”, e não “escritos”. O processo de reconhecimento de voz permite que sejam realizados desde comandos simples de operação de programas até operações complexas como o ditado de um texto. Processos de síntese de voz permitem ao usuário receber do computador informação não apenas de forma visual, mas de forma sonora. Além da interação por voz, tornam- se cada vez mais presentes e popularizadas as possibilidades de interação pelo toque, nas quais o usuário interage diretamente com a tela do computador ou do dispositivo (um computador de mão ou celular, por exemplo), em vez de utilizar para isso um mouse ou uma caneta ótica. Para termos uma ideia da diversidade possível atualmente, veja que já existem dispositivos empregando estes componentes gerais, mas em escalas diferenciadas. Os mais conhecidos talvez sejam os notebooks, que já existem e evoluem desde a década de 1980, sendo computadores portáteis com dimensões variadas e cada vez menores, com telas entre 13 e 15 polegadas, em média. Apresentam configurações de processamento e memória bastante boas, além de dispositivos embutidos como câmera, microfone, mouse e dispositivos de conexão diversos. Estes computadores facilitam a mobilidade, permitindo que o usuário mantenha uma base de trabalho instalada, com documentos e programas necessários, além de possibilitar que esta base o acompanhe em viagens ou outros deslocamentos. Uma versão com maior facilidade para mobilidade está exemplificada pelos computadores portáteis apelidados de netbooks, que possuem dimensões reduzidas, com telas de tamanho entre 10 e 11 polegadas, não possuem dispositivo interno de armazenamento em disco rígido e são equipados com acesso a redes sem fio. Estes equipamentos apresentam preço reduzido quando comparados com os notebooks, são bastante leves e possuem maior tempo de duração de baterias, em geral. Estão sendo usados de forma crescente, associados com as possibilidades de computação nas nuvens, o que reduz a necessidade de instalação local de programas e armazenamento de dados. Em consonância com esta tendência, popularizam-se cada vez mais os computadores de mão, também conhecidos como assistentes pessoais (PDA, do inglês Personal Digital Assistant), palmtops ou handhelds. Estes computadores são um exemplo muito interessante de possibilidades alcançadas com a integração de componentes eletrônicos de forma miniaturizada. Pesam em geral pouco mais de 100 ou 150 gramas e possuem dimensões por volta de 7 por 12 centímetros. Entretanto, podem executar muitas das tarefas realizadas em um computador, tais como edição de documentos, visualização de imagens e vídeos, além de possuírem acesso à Internet e contarem com dispositivos de captura de imagens ou de áudio. Estes dispositivos estão sendo cada vez mais considerados em opções de educação, a partir da área associada à Educação a Distância e conhecida como m-learning ou, ainda, aprendizagem móvel. Nestas iniciativas são estudadas as possibilidades destes dispositivos para fins educacionais. Além da óbvia vantagem da mobilidade, permitindo que o aluno acesse o material ou realize tarefas em diversos locais ou mesmo em trânsito, são também exploradas possibilidades de utilização mais direta da mobilidade em si, por meio de situações tais como jogos educacionais que envolvam deslocamentos em determinados ambientes, gerando informações de forma simultânea através destes equipamentos. Também os telefones inteligentes, ou smartphones, apresentam atualmente possibilidades equivalentes, em parte, às dos computadores de mão, sendo cada vez mais utilizados como mecanismo de comunicação e acesso a plataformas de materiais. Normalmente, as funcionalidades dos aparelhos conhecidos como smartphones são ampliadas como uso de um sistema operacional adaptado às suas características e limitações. Assim, é possível a utilização do aparelho para tarefas de comunicação e acesso a materiais, entre diversas outras possíveis. Em geral, estes equipamentos possuem câmera e microfone, e alguns deles também possuem equipamento de GPS (Global Positioning System), permitindo que programas possam receber e enviar as coordenadas geográficas (latitude, longitude) do local onde o mesmo se encontra. Estas funcionalidades são utilizadas em diversos programas interessantes, desde mecanismos para localização até programas para realidade aumentada, que permitem utilizar as imagens capturadas pelo celular em conjunto com outras informações obtidas a partir desse tipo de processamento. Com os processos avançados de digitalização existentes, os livros,antes disponibilizados de forma impressa, começaram a contar com versões digitais. Inicialmente, estas versões eram lidas em computadores, porém este processo não é considerado confortável por parte dos usuários. Uma alternativa em franco desenvolvimento são os leitores de livro eletrônicos (e-books). Tais equipamentos possuem dimensões reduzidas, em geral com telas em torno de nove polegadas, e permitem que sejam carregados livros através de conexão sem fio, a partir de acesso direto aos serviços de venda disponíveis na Internet. Os arquivos de livros podem também ser carregados por outros mecanismos. Alguns serviços podem incluir, por exemplo, a recepção diária ou periódica de jornais ou revistas. Estes equipamentos possuem baterias com duração de vários dias e capacidade de armazenamento de milhares de livros. Neste caso o usuário possui facilidades de acesso ao material de leitura, podendo carregar consigo o equivalente a uma biblioteca completa de obras. Além desta faixa de computadores e dispositivos destinados ao uso pessoal e delimitados a uma determinada faixa de processamento e memória, existe uma outra categoria de computadores, conhecida genericamente como servidores. Trata-se de computadores com os mesmos elementos básicos, porém com capacidades maiores de memória e processamento. Além disso, estes computadores são voltados normalmente a atividades críticas, para as quais é importante o funcionamento correto, contínuo, com alta disponibilidade do equipamento. Assim, estes servidores possuem esquemas de construção onde podem ser usados componentes redundantes e elementos específicos para verificação automática e contínua do seu funcionamento. Alguns exemplos de servidores bastante integrados ao nosso dia a dia, apesar de muitas vezes não serem conhecidos, são os servidores Web, que armazenam dados de websites, ou então os servidores de bases de dados, que mantêm conjuntos enormes de informações utilizadas por instituições, governos e empresas. Estes conjuntos de dados armazenados e manipulados possibilitam que diversos grupos de usuários tenham acesso a uma quantidade de recursos muito além do que seria viável em seu computador pessoal. Enquanto um computador pessoal pode tratar de conjuntos na ordem de bilhões de elementos, estes grandes servidores e bases de dados podem tratar de várias dezenas ou mesmo centenas de trilhões de elementos. Bons exemplos para ilustrar tais situações são as bibliotecas digitais, os repositórios de documentos, coleções de dados governamentais, além de material armazenado e tratado pelos sistemas de recuperação de informações. Por fim, como curiosidade, mencionamos aqui ainda outra categoria de computadores, conhecida como supercomputadores, que são os computadores de maior performance conhecidos a cada momento histórico. Em uma comparação simplificada, enquanto os computadores pessoais possuem performance estimada em alguns milhões de operações por segundo, os maiores supercomputadores atualmente apresentam performances de mais de um quadrilhão de operações por segundo. Em geral, estes computadores são destinados às simulações e projetos científicos. Para a utilização destes componentes, de modo geral conhecidos como hardware, são desenvolvidos programas de computador. Um programa de computador com finalidades específicas é conhecido como Sistema Operacional, sendo o responsável pela operação mais básica do computador, a integração entre os diversos dispositivos. Alguns exemplos de sistemas operacionais bastante conhecidos são os sistemas desenvolvidos pela Microsoft e pela Macintosh, ou o sistema operacional de código aberto Linux. Além do sistema operacional, os programas aplicativos são a grande força motriz para o uso flexível dos computadores. Estes programas recebem esta denominação por serem especialmente produzidos para tarefas específicas, normalmente adaptados a necessidades e processos existentes e utilizados por seus usuários. Alguns exemplos de programas aplicativos são os programas de edição de textos, as planilhas de cálculo, os editores de imagens, editores de vídeos, editores de apresentações, navegadores de Internet. Boa parte dos programas aplicativos é utilizada a partir do computador pessoal do usuário, mas existe uma tendência ao uso de aplicações disponibilizadas a partir de redes de computadores, tanto redes corporativas como redes abertas, como a Internet. Nestes casos, as aplicações ou os programas aplicativos estão instalados em servidores Web, que podem ser acessados pelos usuários através de uma conexão com a Internet. 2.1.2 Digitalização e convergência de mídias Inicialmente, os dados utilizados em informática eram dados fornecidos ao computador. Os mecanismos iniciais para tal foram chaves eletrônicas e cartões perfurados. O teclado e o mouse ampliaram esta possibilidade e facilitaram a indicação de letras, números ou de ações, tais como a indicação de uso de um programa ou a seleção de um item em uma lista de possibilidades. Porém o computador evoluiu rapidamente para uma variedade de fontes de dados que podem ser utilizadas, envolvendo um processo denominado digitalização. Pense em um computador que armazena e processa uma imagem, um trecho de áudio ou um vídeo. Para que o armazenamento e o processamento sejam possíveis, estes dados, sejam quais forem, precisam estar representados segundo a abstração utilizada pelos circuitos eletrônicos que compõem o computador, ou seja, a abstração de representação em valores binários (zero/um, verdadeiro/falso, ativo/desativo). Esta é a visão mais geral do processo de digitalização. Quando ocorre a digitalização, uma fonte externa de dados, tal como uma fotografia, é utilizada, em conjunto com um equipamento específico, que tratará algum aspecto desta fonte de dados, de modo a conseguir capturar os dados e transformá-los em dados no formato binário. Este processo pode ocorrer com diversos suportes, adequados a cada fonte de dados. Por exemplo, imagens serão analisadas a partir de cores e pontos que as constituem, sons serão analisados de acordo com a configuração de sua onda, textos podem ser reconhecidos a partir da análise de caracteres, traços podem ser identificados com equipamentos como mesas digitalizadoras. No caso de uma imagem, por exemplo, esta é organizada em linhas e colunas, formando uma matriz de elementos denominados pixels, ou pontos. Cada um destes pontos é identificado segundo sua posição e sua cor, o que normalmente é feito por equipamentos como scanners ou câmeras. Depois disso, o resultado da análise é armazenado em um arquivo, que pode então ser armazenado, processado ou transmitido através de redes de computadores. Este processo geral de digitalização já é parte integrante dos computadores e dos dispositivos mais atuais, nos quais já existem equipamentos para a digitalização de sons e imagens de forma a ampliar suas possibilidades. A digitalização como processo evolui constantemente, permitindo alcançar maiores resoluções e, com isso, gerar materiais com maior qualidade. Além desse processo técnico, existe um movimento social desenvolvendo grandes bases de material em formato digital, possibilitando que livros e obras estejam não mais disponíveis apenas em determinados locais, mas que sejam publicados em bibliotecas digitais e com isso estejam disponíveis para um público maior, virtualmente qualquer usuário de redes como a Internet, em alguns casos. Especialmente com a geração mais nova de equipamentos, que possui recursos de digitalização integrados, junto com equipamentos cada vez mais populares e acessíveis, como câmeras digitais, está se possibilitando a criação facilitada de materiais neste formato, que podem ser facilmente compartilhados. Este processo possui reflexos interessantes para a área da educação. Por exemplo, existe atualmente acesso às versões digitais de livros, textos, músicas, pinturas, esculturas, entre outras obras. Estes exemplos são bastante importantes para a educação, pois ampliam o potencial de acesso ao conhecimento
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