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Tecnica de Generos de Pintura

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Prévia do material em texto

2019
1a Edição
Técnicas e Gêneros de 
PinTura
Profª. Aline Sabbi Essenburg
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Profª. Aline Sabbi Essenburg
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
ES78t
 Essenburg, Aline Sabbi
 Técnicas e gêneros de pintura. / Aline Sabbi Essenburg. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2019.
 233 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0283-9
1. Pintura - Técnica. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 750
III
aPresenTação
Caro acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina Técnicas e Gêneros de 
Pintura. O estudo e a pesquisa em torno desta temática almejam proporcionar 
o conhecimento acerca de aspectos relevantes sobre a prática pictórica.
A primeira unidade versará sobre os gêneros da pintura, a saber, a 
histórica, o retrato, a paisagem, a natureza-morta e as chamadas pinturas 
de gênero, adentrando em seus respectivos subgêneros. Alguns artistas de 
realce serão estudados, a fim de verificarmos sua prática e o contexto em que 
estavam inseridos. Expoentes brasileiros e contemporâneos não ficarão de 
fora, além do entendimento do caráter de inacabamento de uma obra.
A segunda unidade abordará o desenvolvimento do processo 
criativo com a pintura. Para tanto, serão discutidos conceitos como imitação 
e expressão, aspectos que caracterizam um trabalho de arte e seus elementos 
constituintes. Neste momento, também será verificado o novo cenário 
artístico e como a pintura se delineia e se reconfigura nele, em um diálogo 
com a tecnologia, a moda e o design. A pintura na escola será tratada no 
terceiro tópico desta seção.
As técnicas de pintura (têmpera, guache, arte mural, encáustica, 
aquarela, óleo e acrílica) serão estudadas na última unidade, de modo a 
verificar como os artistas se valeram delas em seus trabalhos e quais ainda 
perduram atualmente. Os pigmentos, solventes, suportes, pincéis, acessórios, 
molduras e aspectos sobre conservação e limpeza também serão verificados.
É importante, diante de tais questões, termos um olhar apurado a 
respeito de tudo o que está em torno da arte, ou seja, o mundo e suas esferas: 
econômica, política, histórica, social. Desse modo, a criticidade, tão almejada 
no mundo contemporâneo, se fará presente.
Sugerimos, ao aluno proativo, não olvidar dos textos complementares 
e as indicações de leitura e pesquisa sugeridas ao longo deste Livro de 
Estudos, que auxiliarão com o conteúdo para apontamentos questionadores 
e embasamentos consistentes, fazendo com que o conhecimento neste campo 
de estudos aumente progressivamente.
Ao trabalho! 
Prof.ª Aline Essenburg.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – GÊNEROS DE PINTURA ........................................................................................... 1
TÓPICO 1 – A PINTURA E SEUS MOTIVOS ................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 PINTURA HISTÓRICA ....................................................................................................................... 4
2.1 PINTURA ALEGÓRICA ................................................................................................................. 5
2.2 PINTURA ICÔNICA E RELIGIOSA ............................................................................................. 7
2.3 PINTURA MITOLÓGICA ............................................................................................................. 9
3 RETRATO ............................................................................................................................................... 10
3.1 AUTORRETRATO ........................................................................................................................... 13
3.2 NU ...................................................................................................................................................... 15
4 PAISAGEM ............................................................................................................................................ 19
5 NATUREZA-MORTA........................................................................................................................... 21
5.1 VANITA ............................................................................................................................................. 23
6 PINTURA DE GÊNERO ...................................................................................................................... 24
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 30
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 31
TÓPICO 2 – A PINTURA COMO OBRA DE ARTE ......................................................................... 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 GRANDES MESTRES DA ARTE DE PINTAR ............................................................................... 34
2.1 TICIANO ........................................................................................................................................... 34
2.2 POUSSIN ........................................................................................................................................... 36
2.3 UTRILLO ........................................................................................................................................... 38
2.4 DIEGO RIVERA ...............................................................................................................................40
3 O INACABAMENTO DA PINTURA .............................................................................................. 42
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47
TÓPICO 3 – NOVOS RUMOS DA PINTURA................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 PINTORES CONTEMPORÂNEOS ................................................................................................... 49
3 A PINTURA NO BRASIL .................................................................................................................... 58
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 66
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 70
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 71
UNIDADE 2 – DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO COM A PINTURA ........ 73
TÓPICO 1 – ESPECIFICIDADES ESTÉTICAS E HISTÓRICO-CULTURAIS 
 DA PINTURA ................................................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75
2 DESENHO E PINTURA: IMITAÇÃO E EXPRESSÃO .................................................................. 75
3 O QUE CARACTERIZA UMA PINTURA COMO OBRA DE ARTE? ...................................... 83
sumário
VIII
4 NATUREZA E ELEMENTOS DA PINTURA ................................................................................. 86
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 92
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 93
TÓPICO 2 – PINTURA NO CAMPO AMPLIADO ........................................................................... 95
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 95
2 A PINTURA E O NOVO CENÁRIO ARTÍSTICO ......................................................................... 95
3 PERSPECTIVAS NA PINTURA ........................................................................................................ 99
4 AS NOVAS TECNOLOGIAS DA PINTURA CONTEMPORÂNEA ........................................104
5 A ARTE E SEUS DESDOBRAMENTOS PARA A MODA E O DESIGN ................................107
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................115
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................116
TÓPICO 3 – PINTURA NA ESCOLA ................................................................................................119
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119
2 O ENSINO DA ARTE ........................................................................................................................120
3 ARTE E COMUNICAÇÃO ................................................................................................................123
4 A PINTURA NA EDUCAÇÃO ........................................................................................................126
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................135
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................141
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142
UNIDADE 3 – TÉCNICAS DE PINTURA ........................................................................................143
TÓPICO 1 – MATERIAIS FUNDAMENTAIS PARA A PINTURA .............................................145
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145
2 PIGMENTOS E SOLVENTES ..........................................................................................................148
2.1 PIGMENTOS ..................................................................................................................................148
2.2 SOLVENTES E ADITIVOS ............................................................................................................151
3 SUPORTES ...........................................................................................................................................152
4 PINCÉIS E ACESSÓRIOS .................................................................................................................156
4.1 PINCÉIS NATURAIS ....................................................................................................................156
4.2 PINCÉIS SINTÉTICOS ..................................................................................................................158
4.3 PALETAS .........................................................................................................................................162
4.4 GODÊS .............................................................................................................................................163
5 CONSERVAÇÃO E MOLDURAS ...................................................................................................164
5.1 HIGIENIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO ..........................................................................................164
5.2 AS MOLDURAS .............................................................................................................................165
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170
TÓPICO 2 – ESTUDANDO PRÁTICAS DE PINTURA ................................................................171
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171
2 TÊMPERA .............................................................................................................................................172
3 GUACHE ..............................................................................................................................................177
4 MURAL ..............................................................................................................................................179
5 ENCÁUSTICA .....................................................................................................................................185
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................191
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................192IX
TÓPICO 3 – CONHECENDO TÉCNICAS DE PINTURA TRADICIONAIS ............................193
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................193
2 AQUARELA .........................................................................................................................................193
3 ÓLEO .....................................................................................................................................................201
4 ACRÍLICA ............................................................................................................................................204
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................208
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................214
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................215
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................217
X
1
UNIDADE 1
GÊNEROS DE PINTURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os gêneros que compuseram a história da pintura, bem como 
compreender sobre a antiga hierarquia;
• verificar a qualidade dos trabalhos de alguns artistas reconhecidos 
historicamente e compreender a questão do inacabamento de uma 
pintura;
• refletir sobre o lugar da pintura na contemporaneidade por meio da 
produção de alguns artistas, e percorrer a trajetória da arte produzida no 
Brasil.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A PINTURA E SEUS GÊNEROS
TÓPICO 2 – A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
TÓPICO 3 – NOVOS RUMOS DA PINTURA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
A PINTURA E SEUS MOTIVOS
1 INTRODUÇÃO
Os seres humanos sempre se expressaram por meio de imagens. É possível 
identificarmos algumas temáticas no decorrer da arte da antiguidade, entretanto, 
elas se unificam na era cristã. Multiplicam-se imagens narrativas e icônicas, ou seja, 
surgem pinturas que contam uma história (seja de cunho religioso ou profano), que 
retratam um personagem, uma igreja, um acontecimento bíblico. Essas representações 
pretendiam que o espectador refletisse, meditasse ou orasse a partir dela.
Com o Renascimento, os artistas começam a produzir sob alguns temas 
peculiares. A esta segmentação denominamos gêneros, são eles: Pintura Histórica, 
Retrato, Paisagem, Natureza-morta e Pintura de Gênero.
Com a estruturação de uma tipologia, a atividade pictórica se desenvolve, 
bem como o pensamento sobre a arte, e a maioria dos pintores passa a se especializar 
e a se dedicar a um motivo específico, como Jean Chardin (1643–1713) com suas 
naturezas-mortas, Nicolas de Largillière (1656–1746) e Rembrandt Harmenszoon 
van Rijn (1606–1669) com os retratos, e Claude Joseph Vernet (1714–1789) com 
suas paisagens. As propensões de cada pintor decorrem de sua personalidade, da 
época e da região em que se situam.
Na Europa do sul, latina e católica, ou nas regiões reconquistadas 
pela Contrarreforma (Flandres, Baviera, Áustria...), predominam a 
pintura religiosa. Já nas regiões atingidas pela Reforma, onde os temas 
religiosos eram proibidos, os pintores se voltam para o retrato, as cenas 
de gênero e as naturezas-mortas (LANEYRIE-DAGEN, 2006, p. 10).
O empenho e o consequente desenvolvimento de certos gêneros, em 
respectivos territórios, também perpassam por questões sociais, econômicas, 
religiosas e políticas. Afinal, há os governantes que quiseram imortalizar seus 
feitos, patrocinando retratos, conflitos ou guerras vencidas. Aqui, percebemos 
que começa a ocorrer uma certa hierarquia, sendo preferidas às pinturas religiosas 
e históricas aos retratos, paisagens, naturezas-mortas e temas cotidianos. 
Esses patamares de importância começam a se dissipar levemente no século 
XVIII. No século XIX, progressivamente, acontece seu nivelamento, quando 
há o auge das pinturas de paisagem e quando os próprios pintores começam 
a se questionar sobre a necessidade de categorias. Paul Cézanne (1839–1906), 
inclusive, recusa-se a classificar seus quadros. No século XX parecem findar as 
preferências e discussões a respeito da hierarquia de gêneros. Assim, a própria 
palavra “gênero” é substituída por “tema” (LANEYRIE-DAGEN, 2006, p. 13) e na 
contemporaneidade o uso da palavra “poética” ganha amplitude.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
4
Vamos, agora, adentrar às temáticas, ou melhor, aos gêneros artísticos 
que permearam a história da arte, e compreender sobre a hierarquia que foi 
estabelecida como maneira valorativa de um quadro.
2 PINTURA HISTÓRICA
As cenas históricas foram tidas como o gênero mais importante na 
história da arte, no momento em que efervesciam as discussões a respeito do 
tema (do Renascimento ao Impressionismo), justamente por representar e 
retratar acontecimentos de realce, como coroações e batalhas. De fato, as pinturas 
históricas constroem e alicerçam a história de um país. Essa preocupação se 
evidencia em Debret (1768–1848), pintor na corte de Napoleão. Ele chegou no 
Brasil com a Missão Francesa e lecionou pintura histórica na Academia Imperial 
de Belas Artes, concomitantemente, com a execução de suas obras as quais 
retratam os costumes, as paisagens e as características dos homens locais. Com 
seus trabalhos, tinha a função de documentar e divulgar o que acontecia no 
território, a exemplo do quadro Coroação de Dom Pedro, conferindo-lhe um caráter 
político e cívico. 
FIGURA 1 - JEAN BAPTISTE DEBRET. COROAÇÃO DE DOM PEDRO I, 1828. ÓLEO SOBRE TELA. 
340 X 640 CM. PALÁCIO DO ITAMARATY, BRASÍLIA
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean-Baptiste_Debret_-_
Coroa%C3%A7%C3%A3o_de_D._Pedro_I,_1828.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
No Brasil, vemos cenas históricas retratadas pelo paraibano Pedro Américo 
(1843–1905) e o catarinense Victor Meirelles (1832–1903).
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
5
As obras de cunho histórico geralmente eram feitas sob a encomenda de 
governantes, de modo a mostrar sua força, poder e influência, por isso percebemos, 
muitas vezes, a idealização das figuras em telas de grandes dimensões. 
Ao contrário da pintura de gênero, que retrata personagens comuns em sua 
vida diária, a histórica enfatiza personalidades e grandes acontecimentos. E para 
isso, os artistas deveriam dominar os demais motivos, afinal, havia a paisagem, 
objetos e muitos retratos a serem pintados em uma mesma cena. Todos os gêneros 
eram contemplados, além de exibir novas composições a cada obra pictórica. 
Cabe ressaltar que, no Romantismo, artistas se valeram da pintura 
histórica para contestar e expressar suas insatisfações diante do poder político. 
E assim fizeram Francisco de Goya (1746–1828), Jean-Louis Théodore Gericault 
(1791–1824) e Ferdinand Victor Eugène Delacroix (1798–1863).
2.1 PINTURA ALEGÓRICA
A alegoria compreende um subgênero da pintura histórica. Aqui são 
representadas ideias ou sentimentos, de modo que as figuras possuem um 
significado simbólico, a exemplo de A Fortaleza e Temperança com seis heróis antigos, 
de Pietro Vannucci (1446–1523), conhecido como Perugino. 
FIGURA 2 - PERUGINO. A FORTALEZA E TEMPERANÇA COM SEIS HERÓIS ANTIGOS, 1497. 
AFRESCO. 291 X 400 CM. CORSO PIETRO VANNUTTI, PERUGIA
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Eug%C3%A8ne_Delacroix_-_La_
libert%C3%A9_guidant_le_peuple.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
6
Victor Meirelles (1832–1903) e sua Moema adentram a pintura alegórica 
nacional. Inspirada no Canto VI do poema Caramuru (1781), do frei José de SantaRita Mourão (1722–1784), o artista pinta Moema que, depois de ser abandonada 
por Caramuru (nome pelo qual é chamado o português Diogo Álvares Correia) 
lança-se ao mar atrás do navio e morre afogada. Seu corpo, então, é levado até a 
margem pelas águas. 
FIGURA 3 - VICTOR MEIRELLES. MOEMA, 1866. ÓLEO SOBRE TELA.
129 X 190 CM. MASP, SÃO PAULO
DICAS
Walter Benjamin, em A Origem do Drama Barroco Alemão (primeira publicação: 
1928), discorre sobre a importância da alegoria para a percepção barroca do mundo, além de 
indicar como ela aparece na pintura moderna.
FONTE: BENJAMIN, Walter. A Origem do drama barroco alemão. São Paulo: Brasiliense, 1984.
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Victor_Meirelles_-_Moema.jpg>.
Acesso em: 18 set. 2018.
O tema indianista, pertencente ao imaginário nacional, dá-nos a ver a 
“incompletude”, característica crucial para a alegoria, quando a ligação entre a 
imagem e sua significação não é clara, como acontece ao vermos uma cruz, por 
exemplo. Seu significado é intelectualmente construído, ou seja, a alegoria fala de 
algo que não está em si mesma, assim como acontece com a metáfora nas obras 
literárias.
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
7
2.2 PINTURA ICÔNICA E RELIGIOSA
No início do Império Bizantino destacou-se a pintura icônica, realizada 
sobre madeira e segundo regras rígidas de representação, como a utilização do 
dourado, os halos em torno das cabeças e os tamanhos das figuras de acordo com 
os níveis hierárquicos. Dessa forma, a maioria das imagens se assemelhavam. 
Antes de iniciar uma pintura, o artista deveria fazer jejum e orar, além 
de viver de acordo com os preceitos religiosos. Acreditavam que somente desta 
maneira conseguiriam representar os ícones corretamente. Andrey Rublev (1360–
1430) é considerado um dos melhores pintores de ícones, afrescos e iluminuras, 
cujas imagens aparecem sempre calmas e serenas.
FIGURA 4 - ANDREY RUBLEV. SANTÍSSIMA TRINDADE, 1410. TÊMPERA SOBRE MADEIRA.
142 X 114 CM. GALERIA TRETYAKOV, MOSCOU
FONTE: <http://o-povo.blogspot.com/2015/04/santissima-trindade-troitsa.html>.
Acesso em: 18 set. 2018.
A pintura religiosa ou sacra também se constitui como um subgênero, e 
vem para figurar as cenas bíblicas e seus personagens. Vigorava sobretudo na 
Idade Média, e ,na época, acreditava-se que ao fazer as representações, era como 
se a própria divindade estivesse ali. Essa peculiaridade se denomina teofania.
As imagens tinham a função didática, de modo a ensinar os preceitos 
cristãos e narrar acontecimentos bíblicos para os analfabetos, além de afirmar 
verdades teológicas e valorizar as virtudes cristãs. Cabe observar que ainda não 
havia a denominação “artista”, sendo, os pintores, considerados artesãos ou 
mestres de ofício. Um exemplo é Fra Angélico (1395–1455), que logo quando 
chegou ao convento dominicano de Fiesole recebeu treinamento artístico, atuando, 
depois, no Convento São Marcos. Suas pinturas possuem traços refinados, 
característicos do gótico internacional, juntamente com uma tímida perspectiva.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
8
FIGURA 5 - FRA ANGELICO. ANUNCIAÇÃO, 1435. OURO E TÊMPERA SOBRE MADEIRA. 194 X 
194 CM. MUSEU DO PRADO, MADRID
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Anuncia%C3%A7%C3%A3o_(Fra_Angelico,_Prado)>. 
Acesso em: 18 set. 2018.
No decorrer da época renascentista, houve maior liberdade na 
representação e composição das figuras. Muitos artistas foram convidados 
a pintar os interiores das capelas e igrejas, como Michelangelo (1475–1564) e 
Leonardo da Vinci (1452–1519), de modo que essa tarefa deixou de ser restrita 
aos monges e artesãos devotos.
No Barroco, a dramaticidade e a teatralidade, bem como os contrastes 
simbólicos, auxiliam na promoção do fervor da religiosidade e o controle das 
crenças nos cidadãos, afinal, isso era benquisto pelo poder político.
Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio (1571–1610), em A 
vocação de Matheus, descreve a passagem bíblica em que Jesus vê Matheus contando 
dinheiros com seus colaboradores, e lhe diz: “Segue-me”, e assim ele o fez. 
FIGURA 6 - CARAVAGGIO. A VOCAÇÃO DE MATHEUS, 1599-1600. ÓLEO SOBRE TELA. 340 X 
322 CM. IGREJA SÃO LUIS DOS FRANCESES, ROMA
FONTE: <http://www.noticiasdabota.com/2016/01/a-vocacao-de-sao-mateus-de-caravaggio.
html>. Acesso em: 22 nov. 2018.
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
9
Pode-se observar o contraste intenso que o pintor consegue com o uso 
da luz e da sombra, sinalizando a dualidade do mundo terreno e espiritual. O 
vestuário das imagens da esquerda contrasta com os pés descalços de Jesus e 
Pedro, de modo a enfatizar a humildade. A iluminação recai sobre os personagens 
sentados, mas também sobre as mãos e o rosto de Cristo.
2.3 PINTURA MITOLÓGICA 
Nas pinturas caracterizadas como mitológicas, são utilizados figuras e 
elementos de modo a fazer referência aos mitos. No período renascentista houve 
um forte retorno aos valores e estética clássica grega e romana, assim, ícones 
daquelas civilizações foram usados demasiadamente nos quadros. No Barroco, 
elas se uniram à representação dramática, a exemplo de Vênus e Adônis, de Peter 
Paul Rubens (1577–1640). 
FIGURA 7 - PETER PAUL RUBENS. VÊNUS E ADONIS, 1636-1638. ÓLEO SOBRE TELA. 197,5 X 243 
CM. KUNSTHISTORISCHES MUSEUM, VIENA
FONTE: <http://virusdaarte.net/rubens-venus-e-adonis/>. Acesso em: 18 set. 2018.
No quadro, Vênus tenta impedir que Adônis parta para a caçada, com 
medo de que ele seja vítima de animais selvagens. Os cães retratados denunciam 
a ansiedade da partida e, de fato, de acordo com o mito, o jovem é morto por um 
javali.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
10
A palavra grega mimese quer dizer imitação. Associa-se ao teatro, à música, 
à narrativa e às demais artes. Seria a cópia, a reprodução ou a representação da natureza. 
Aristóteles afirmava ser essa ação o que fundamentava a arte e o que diferenciava os seres 
humanos dos animais, afinal, toda a aprendizagem depende de um ato mimético. Já a 
concepção platônica coloca a arte em um patamar baixo, por se tratar de uma imitação das 
aparências (do real).
NOTA
Na pintura, o retrato se dá quando algum indivíduo (ou mais de um) 
é representado na tela. Esse processo pode se dar a partir de alguma imagem 
impressa, de uma lembrança, ou com base em um modelo vivo. Essa prática, 
inclusive, é muito utilizada até hoje nas academias para o estudo minucioso do 
corpo humano (formas, proporções, luz e sombra).
Pode-se observar esse gênero na arte egípcia, grega e romana, até seu 
auge no século XIV, quando ganha autonomia. Em cada época ele adquiriu uma 
funcionalidade, seja de cunho funerário, religioso ou mesmo comemorativo.
O retrato ganha destaque e se desenvolve tecnicamente na Renascença. 
Desse modo, podemos afirmar que é o precursor da fotografia. Foi por meio 
dele que podemos saber como era a aparência do filósofo francês René Descartes 
(1596–1650) e de tantos outros protagonistas da história. 
O retrato permite-nos vislumbrar um sem fim de traços de carácter que 
os dados históricos não nos podem proporcionar. O nosso interesse 
advém, sem dúvida, do que ainda resta de uma antiga convicção de 
que um retrato capta não apenas a semelhança física, mas também a 
alma do retratado (JANSON, 1998, p. 20).
Você sabe qual é o retrato que é considerado mais famoso? É La Gioconda, 
ou seja, a Monalisa, pintado por Leonardo da Vinci (1452–1519) entre os anos de 
1503 a 1507, de apenas 77 cm x 53 cm. 
3 RETRATO
O termo retrato vem do verbo latino retrahere, que significa copiar. Possui 
a mesma natureza da mimese.
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
11
FIGURA 8 - LEONARDO DA VINCI. MONALISA. 1503-1507. ÓLEO SOBRE MADEIRA DE ÁLAMO. 
77 X 53 CM. MUSEU DO LOUVRE, PARIS
FONTE: <https://www.pinterest.pt/pin/7951736819936742/>. Acesso em: 18 set. 2018.
Por trás desse quadro está a proporção áurea, ou seja, o número de 
ouro (chamado de phi, que corresponde ao número 1,618), utilizado desde a 
antiguidade. Da Vinci salientou que a lei também faziaparte do corpo humano.
ATENCAO
A seção áurea recebe o nome de Phi em homenagem a Phídeas (Fídias), que a 
utilizou para conceber o Phartenon. Além dos gregos, os egípcios também já haviam utilizado.
Leonardo Fibonacci (1170–1250) buscou, na observação da natureza 
e na geometria, a explicação para o funcionamento do cosmos. Ao viajar pelo 
Mediterrâneo, deparou-se com a matemática islâmica e a trouxe para os seus 
cálculos, de modo a propor uma sequência numeral que consistia no seguinte: 
o numeral seguinte resulta da soma dos anteriores, e o resultado da divisão 
desse mesmo número e seu antecessor é o Phi. O matemático observou que essa 
proporção estava na natureza, como nas folhas das bromélias e em conchas, 
conferindo harmonia a uma imagem.
Interessante observar que atualmente algumas medidas são padronizadas 
seguindo esse cálculo, como o tamanho de uma folha de papel, cartão de crédito, 
revistas e fotografias.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
12
Em uma simplificação da razão áurea está a “técnica do terço”. Sobre a 
imagem a ser trabalhada são traçadas quatro linhas imaginárias (duas verticais 
e duas horizontais), de modo a dividir o quadro em terços. Os objetos de maior 
interesse são colocados nos pontos de intersecção, resultando em uma composição 
harmônica. E para que haja a simetria, o objeto pode ser colocado no meio. 
FIGURA 9 - TÉCNICA DO TERÇO UTILIZADA EM FOTOGRAFIA
FONTE: <http://www.entreculturas.com.br/2011/03/curso-de-fotografia-aula-4/>.
Acesso em: 18 set. 2018.
É incrível como fotógrafos e pintores utilizam essa técnica até hoje. Veja 
o pintor inglês da contemporaneidade, Paul Wright (1973), que procura pela 
vitalidade em cada um de seus modelos, acentuando o estado de ânimo de cada 
um deles, com uma rica paleta de cores e texturas. 
FIGURA 10 - PAUL WRIGHT, THE GREEN HAT, 2015. ÓLEO SOBRE TELA
FONTE: <http://www.thompsonsgallery.co.uk/exhibition.php/PAUL-WRIGHT---HEAD-
STRONG-153/>. Acesso em: 18 set. 2018.
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
13
Vale notar a abstração presente em seus trabalhos, pouco encontrada em 
retratos.
3.1 AUTORRETRATO
O autorretrato é considerado um subgênero, configura-se como sendo o 
retrato do artista feito por ele mesmo. Em considerável parcela da história da 
arte, artistas se valeram da pintura autobiográfica, como Rembrandt (1606–1669) 
e Albrecht Dürer (1471–1528). Em um dos autorretratos deste último, vemos a 
inscrição: “Eu Albrecht Dürer de Nuremberg, pintei-me a mim próprio em cores 
apropriadas a mim aos 28 anos de idade”.
FIGURA 11 - ALBRECHT DÜRER. AUTORRETRATO COM MANTO DE PELICA, 1500. ÓLEO SOBRE 
MADEIRA, 67 X 49 CM. ALTE PINAKOTHEK, MUNIQUE
FONTE: <http://artesteves.blogspot.com/2011/05/albrecht-durer-auto-retrato.html>.
Acesso em: 18 set. 2018.
É recorrente que o rosto seja focado nesses quadros — raramente o 
semblante é de felicidade — e escondendo os possíveis defeitos, a exemplo do 
famoso Autorretrato com orelha enfaixada (1888), de Van Gogh (1853–1890). Por 
vezes, artistas se retratam em atividade, como Courbet (1819–1877) em O Ateliê do 
Pintor: Uma Real Alegoria que Define uma Fase de Sete Anos de Minha Vida Artística. 
Esse trabalho possui dimensões de uma pintura histórica, mas retrata o ateliê em 
Paris, no qual estão 30 figuras representadas em tamanho natural.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
14
FIGURA 12 - GUSTAVE COURBET. O ATELIÊ DO PINTOR, 1854-1855. ÓLEO SOBRE TELA. 361 X 
598 CM. MUSEÉ D’ÓRSAY, PARIS
FONTE:<http://virusdaarte.net/courbert-o-atelie-do-artista/>. Acesso em: 18 set. 2018.
FIGURA 13 - AUTORRETRATOS
FONTE: <http://arteref.com/arte/top-10-mestres-do-autorretrato-para-voce-conhecer/>.
Acesso em: 18 set. 2018.
Leonardo da Vinci
1452-1519
Anita Malfatti
1889-1964
MC. Escher
1898-1972
Salvador Dali
1904-1989
Frida Kahlo
1907-1987
Andy Warhol
1928-1987
Paul Gauguin
1848-1903
Pablo Picasso
1881-1973
Amedeo Modigliani
1884-1920
Tarsila do Amaral
1886-1973
O trabalho artístico de Frida Kahlo (1907–1987) girou em torno de seus 
autorretratos. Agora veja como ela e alguns outros artistas se retrataram:
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
15
DICAS
Não deixem de pesquisar sobre a artista Cindy Sherman, que faz uma crítica 
aos estereótipos por meio desse subgênero. De grande representatividade no cenário 
contemporâneo, utiliza o próprio corpo para suas múltiplas personificações.
3.2 NU
Não podemos deixar de mencionar o nu como outro subgênero. Escultores 
gregos o utilizaram muito em suas obras, pois acreditavam que o corpo era o 
espelho da alma, assim, o representavam sempre em seus pormenores e com 
graciosidade, perfeição e beleza. Entretanto, com a difusão da religiosidade, 
deixou de ser utilizado de modo recorrente até o Renascimento. E mesmo nesse 
período, era relacionado às noções bíblicas e mitológicas.
Já em 1875, Jules Joseph Lefebvre (1836–1911) se destacou com a pintura 
de Chloe (modelo parisiense), a qual se tornou capa de inúmeras revistas e nomeou 
vinhos e poemas.
FIGURA 14 - JULES JOSEPH LEFEBVRE. CHLOE, 1875. ÓLEO SOBRE TELA. 260 X 139 CM. 
YOUNG AND JACKSON HOTEL, MELBOURNE
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/467600373782409637/>. Acesso em: 18 set. 2018.
No século XIX, vários nus foram produzidos em nosso país nas mãos de 
Rodolfo Amoedo (1857–1941), Eliseu Visconti (1866–1944), Carlos Leão (1906–
1983), Ismael Nery (1900–1934), Clóvis Graciano (1907–1988), Flávio de Carvalho 
(1899–1973), Victor Meirelles (1832–1903) e Pedro Américo (1843–1905), que fez A 
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
16
Carioca. A pintura foi feita quando ele estava em Paris, a propósito de uma bolsa 
de estudos concedida pelo Imperador Pedro II, e recebeu Medalha de Ouro na 
Exposição Geral na Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro. Como 
agradecimento, Pedro Américo a enviou para o Imperador, mas foi recusada pelo 
Mordomo Mor, alegando ser, ela, inapropriada para os padrões morais do Palácio. 
O quadro, então, retorna ao ateliê do pintor, ora em Florença, e é adquirido pelo 
Imperador da Prússia Guilherme Primeiro. Passados 20 anos, Pedro Américo 
realiza uma réplica, que hoje está no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de 
Janeiro. Oliveira ratifica o acontecimento, agregando informações a respeito do 
título da obra:
Em 1864, o pintor brasileiro Pedro Américo, bolsista do Imperador 
Pedro II na Europa, envia para a Exposição Geral da Academia 
Imperial de Belas Artes, a tela A Carioca. A pintura recebe a medalha 
de Ouro e, Pedro Américo, em agradecimento ao financiamento de 
seus estudos, decide presentear Sua Alteza Real com o quadro. Para a 
surpresa do artista a pintura é recusada pelo Mordomo Mor da Casa 
Imperial, Paulo Barbosa, por considerá-la licenciosa. Em uma época 
em que a Mordomia da Casa Imperial tinha como uma de suas funções 
adquirir obras de arte que exaltavam a raça brasileira em formação, 
como a tela de Vitor Meirelles, A primeira missa no Brasil (1861), 
parece que a tela não evocava, para um representante do Império, um 
florão do triunfo do povo brasileiro.
[...]
Partindo do programa de construção da obra seguido pelo artista, a 
imagem d´A Carioca é uma alegoria ao Rio Carioca – principal fonte 
abastecedora de água da cidade na época - e não a mulher nascida no 
Rio de Janeiro. O primeiro registro histórico do Rio Carioca remonta 
o ano de 1503, quando o Governador Geral da Província do Rio de 
Janeiro Gonçalo Coelho manda construir uma casa em sua nascente, 
no Silvestre - região localizada no caminho da Floresta da Tijuca, no 
Rio de Janeiro. Os índios Tamoios que lá viviam passaram a chamar o 
Rio, de Rio Carioca – palavra que na língua indígena significa “Casa 
de Homem Branco”. Com o tempo, a palavra indígena que dava nome 
ao Rio passou, também, a aludir ao povo que vivia na cidade. O Rio 
Carioca ganhou importância ainda maior quando foi canalizado no 
século XIX, e construído o Aqueduto da Carioca, que possibilitou que 
a água chegasse até o Centro da cidade, tornando-se, assim, acessível 
à populaçãoda cidade. 
A Carioca, de Pedro Américo, sendo uma alegoria de enaltecimento 
à geografia local, não parecia em nada contrariar a política imperial 
em relação às artes e tampouco àquela levada a cabo pela Academia 
Imperial de Belas Artes. Desde a sua concepção, em 1826, a 
Academia tinha como ação principal incentivar seus artistas e dar a 
conhecer ao Imperador e à sociedade em geral os seus progressos. 
As obras executadas pelos alunos da Academia seriam, ao mesmo 
tempo, uma forma de homenagear o Imperador pelo patrocínio às 
artes, ao mesmo tempo em que davam início a uma galeria de obras 
útil a diversas finalidades, como, por exemplo, aquelas voltadas 
ao enaltecimento da história da cidade e da Nação. Havia, ainda, 
o interesse, por parte da Academia e do Imperador Pedro II, de 
formar artistas nacionais capazes de figurarem ao lado dos artistas 
estrangeiros. A produção nascida do fazer artístico desses mestres 
e alunos contribuiria para criar um acervo nacional, cujas obras 
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
17
FIGURA 15 - PEDRO AMÉRICO. A CARIOCA, 1882. ÓLEO SOBRE TELA. 205,5 X 134 CM. MUSEU 
NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Pedro_Am%C3%A9rico_-
_A_carioca_-_1882.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
Agora veja o tratamento geométrico que Ismael Nery confere ao seu nu, 
elaborado basicamente com formas ovais em contraste com os quadrados atrás da 
figura. Ele faz de suas pinturas o universo da androginia, em que duas polaridades 
convergem e se fundem, reunindo masculino e feminino, espiritualidade e 
carnalidade, como em seu poema Eu. 
“Eu sou a tangência de duas formas opostas e justapostas. Eu sou o 
que não existe entre o que existe. Eu sou tudo sem ser coisa alguma. Eu sou o 
amor entre os esposos. Eu sou o marido e a mulher. Eu sou a unidade infinita” 
(MATTAR, 2000, p. 6).
Ginsburg (1989, p. 97) nos lembra que: “A espécie humana tende a 
representar a realidade em termos e opostos. O fluxo das percepções, em outras 
palavras, é decomposto na base de categorias nitidamente contrapostas: luz e 
sombra, calor e frio, alto e baixo”. 
refletiriam a história do país, a peculiaridade das diversas regiões, 
a sua fauna e flora, as suas riquezas, a sua gente (OLIVEIRA, 2013, 
p. 01 – 02).
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
18
FIGURA 16 - ISMAEL NERY. FIGURA COM CUBOS, 1927. ÓLEO SOBRE TELA. 76 X 57,5 CM 
FONTE: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra1877/figura-com-cubos>.
Acesso em: 18 set. 2018.
O poeta Murilo Mendes (1901–1975) colocou em versos o processo criativo de 
Ismael Nery no poema Saudação a Ismael Nery, de 1930:
Acima dos cubos verdes e das esferas azuis 
um Ente magnético sopra o espírito da vida. 
Depois de fixar os contornos dos corpos 
transpõe a região que nasceu sob o signo do amor 
e reúne num abraço as partes desconhecidas do mundo. 
Apelo dos ritmos movendo as figuras humanas, 
solicitação das matérias do sonho, espírito que nunca descansa. 
Ele pensa desligado do tempo, 
as formas futuras dormem nos seus olhos. 
Recebe diretamente do Espírito 
a visão instantânea das coisas, ó vertigem! 
penetra o sentido das ideias, das cores, a tonalidade da Criação, 
olho do mundo, 
zona livre de corrupção, música que não para nunca, 
forma e transparência.
FONTE: MENDES, M. Poesias: 1925/1955. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1959.
NOTA
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
19
4 PAISAGEM
Esse gênero originou-se nos retratos de retábulos e de cenas medievais, 
mas a paisagem era somente a imagem secundária, coadjuvante da pintura, 
entretanto, mesmo nesses casos, o artista deveria ter habilidade, justamente para 
dar veracidade ao que era representado.
No Renascimento alguns pintores já demonstraram interesse pelo “pano 
de fundo” de seus personagens, como Giovanni Bellini (1430–1516) e Giorgio 
Barbarelli da Castelfranco, conhecido como Giorgione (1478–1510). Este último 
artista elaborou A Tempestade, um pequeno quadro com melancólicas e ricas 
cores, alvo de inúmeros estudos e interpretações. O pintor veneziano inaugura o 
que virá a ser a pintura de paisagem, uma vez que esta aparece de maneira mais 
significativa nesta obra.
FIGURA 17 - GIORGIONE. A TEMPESTADE, 1505. ÓLEO SOBRE TELA. 82 X 73 CM. GALLERIA 
DELL’ACCADEMIA, VENEZA
FONTE: <https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-tempestade-giorgione/>. 
Acesso em: 18 set. 2018.
A paisagem foi importante no Romantismo, retratada com a função de 
mostrar ao homem a sua pequenez diante do mundo, como nos trabalhos de 
Caspar David Friedrich (1844–1900), William Turner (1775–1851) e John Constable 
(1776–1837).
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
20
FIGURA 18 - CASPAR DAVID FRIEDRICH. THE CHASSEUR IN THE FOREST, 1814. ÓLEO SOBRE 
TELA. 66 X 47 CM
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/The_Chasseur_in_the_Forest_
by_Caspar_David_Friedrich.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
Inicialmente, os artistas visualizavam a paisagem e a estruturavam no 
ateliê, onde a pintura era trabalhada. Com o surgimento da tinta em bisnaga, eles 
passaram a pintar ao ar livre e estudar a luz e a cor da natureza, a exemplo de 
Paul Cézanne (1839–1906), Eugène-Henri-Paul Gauguin (1848–1903), Vincent van 
Gogh (1853–1890) e Oscar-Claude Monet (1840–1926).
A valorização desse gênero seguiu os desdobramentos da arte moderna em 
direção à libertação das temáticas mitológicas e históricas, de modo a possibilitar 
que o artista se debruçasse no registro de seu olhar acerca da natureza. Também 
salientamos que ela se uniu às pesquisas científicas, especialmente na área da 
botânica, conferindo valor estético ao trabalho investigativo do circundante.
Teixeira Coelho nos relata que: 
Mas em pintura há um gênero em que coisas e homens se tornam uma 
unidade: a paisagem a partir do século 18, a nascente ciência moderna 
era uma disciplina que dividia a natureza em suas partes para analisá-
las. Ao lado, a pintura (e a pintura de paisagens) já era uma atividade 
de síntese propondo a unidade entre as emoções (a estética), os atos 
(a moral) e o conhecimento (a lógica) a unificação de todas as coisas 
(COELHO, 2008, s.p.).
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
21
Albert Eckhout (1610–1665), Franz Post (1612–1680), NicolasTaunay (1816–1821) 
e Debret (1768–1848), este último já citado na Pintura Histórica, foram destaques na pintura 
de paisagem durante a Missão Francesa no Brasil, de modo a documentar nosso país. 
NOTA
5 NATUREZA-MORTA
Uma pintura pode ser denominada natureza-morta quando se atém às 
frutas, flores, utensílios domésticos, objetos, ou seja, seres inanimados. Na língua 
inglesa e anglo-saxã, esse gênero é chamado de still-life (vida imóvel).
Seu surgimento data do Barroco, como uma derivação das cenas religiosas 
retratadas em ambientes populares, com destaque para Pieter Aertsen (1508–1575) 
e Jacopo Bassano (1510–1592). Os quadros de Giuseppe Arcimboldo (1527–1593) 
tornam-se peculiares pelo caráter simbólico e grotesco com o qual utiliza frutas 
e objetos.
FIGURA 19 - GIUSEPPE ARCIMBOLDO. SEATED FIGURE OF SUMMER, 1573. ÓLEO SOBRE TELA. 
63,5 X 76 CM. WEST DEAN HOUSE, SUSSEX
FONTE: <https://www.wikiart.org/en/giuseppe-arcimboldo/seated-figure-of-summer-1573>. 
Acesso em: 29 nov. 2018.
No século XVII, era tida como gênero menor, tanto em importância quanto 
em seu valor mercadológico, talvez por não abordar diretamente um indivíduo. 
Entretanto, a natureza-morta elaborada na região influenciada pela Reforma 
Protestante tinha a função de registrar a riqueza e as posses da família burguesa em 
ascensão. Willem Claeszoon Heda (1594–1680) é exímio nesse gênero, sobretudo 
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
22
na representação dos reflexos e superfícies. Na maioria de seus trabalhos ele 
utiliza a composição triangular, em que o objeto mais alto é colocado em uma das 
laterais, com predominância dos tons acinzentados, tornando a pintura quase 
que monocromática à primeira vista.
FIGURA 20 - WILLEM CLAESZOON HEDA.STILL LIFE WITH A GILT CUP, 1635. ÓLEO SOBRE 
TELA. 88 X 113 CM. RIJKSMUSEUM, AMTERDÃ
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Willem_Claesz._Heda_005.jpg>.
Acesso em: 18 set. 2018.
Observe agora como a harmonia entre as cores aparece na obra Natureza-
morta, de Amélia Toledo (1926–2017). A artista deixou submersos, à ação do 
tempo, alguns objetos de uso cotidiano para, depois, fazer a sua composição.
FIGURA 21 - AMÉLIA TOLEDO. COLHEITA OU NATUREZA-MORTA, 1982
FONTE: <https://ameliatoledo.com/catalogo/listagem/#!prettyPhoto>. Acesso em: 18 set. 2018.
Após a utilização da fotografia na arte contemporânea, a natureza-morta 
deixou de ser encontrada com facilidade, o que não significa que tenha sido 
deixada de lado, como vimos anteriormente.
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
23
5.1 VANITA
Como um subgênero da natureza-morta há as vanitas, termo que se 
refere às vaidades e ao caráter passageiro do mundo. Os quadros constituintes 
deste motivo procuravam ser um aviso quanto à frivolidade, à efemeridade e 
à fragilidade da existência humana, orientando as pessoas para os valores 
espirituais, assim, são retratados objetos simbólicos, como caveiras. 
O neerlandês Harmen Steenwijck (1612–1656) realizou suas pinturas 
na época do florescimento do comércio, da ciência e da cultura. É enaltecido 
pela obra Uma Alegoria das Vaidades da Vida Humana, compondo com riqueza de 
elementos simbólicos, os quais representam a morte e o vazio da vida. O relógio 
nos lembra o tempo, enquanto os instrumentos musicais fazem referência ao amor 
(a flauta, por exemplo, seria o masculino e os instrumentos arredondados aludem 
às formas femininas). A concha lembra a perfeição e riqueza, o livro representa 
a sabedoria, o jarro de vinho são os prazeres materiais. Vemos também uma fina 
fumaça saindo da lâmpada, que acaba de ser apagada, sinal da fragilidade da 
existência humana.
FIGURA 22 - HARMEN STEENWIJCK. UMA ALEGORIA DAS VAIDADES DA VIDA HUMANA, 1640. 
ÓLEO SOBRE TELA. 39 X 51 CM. NATIONAL GALLERY, LONDRES
FONTE: <https://nl.wikipedia.org/wiki/Harmen_Steenwijck#/media/File:Harmen_Steenwijck_-_
Vanitas_Still-Life_-_WGA21768.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
Steenwyck utilizou as diagonais do plano para construir a sua 
composição. Observe que na metade inferior direita do quadro estão os objetos 
simbólicos da vaidade humana, enquanto o vazio sobressai no lado superior 
esquerdo, representando o espiritual. É daqui que é projetado o feixe de luz que, 
dramaticamente, liga a vida ao plano superior e ilumina a caveira, justamente 
para enfatizar a efemeridade.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
24
DICAS
Que horas são no Paraíso é o nome da exposição de Albano Afonso (Casa 
Triângulo (São Paulo, 2007). Nela o artista trata da transitoriedade da vida, que, segundo o 
crítico Paulo Reis (2007), “somente a arte é capaz de perpetuar”.
Reis ainda coloca: 
Uma vanitas pop, luxuriante e sedutora aos olhos dos desavisados, pois o crânio humano, 
símbolo inequívoco da eminência da morte, foi sempre utilizado como alegoria. Comparece 
no monólogo existencial To Be or Not to Be, de Hamlet, bem como nas pinturas de naturezas-
mortas no Renascimento e no Barroco. A caveira de espelhos de Albano Afonso tem a 
mesma natureza metafórica da Black Kites (1997) de Gabriel Orozco — uma caveira tabuleiro 
de xadrez — e da  For the Love of God  (2007), a caveira de diamantes de Damien Hirst. 
Todas essas vanitas têm as mesmas procedências formais e buscam as razões conceituais 
que levaram Hans Holbein a pintar uma anamorfose de caveira em The Ambassadors (1533) 
diante das glórias e das riquezas da vida. É disso que tratam as obras de Gabriel Orozco, de 
Damien Hirst e de Albano Afonso.
Não deixe de ver o catálogo desta exposição, disponível em: <www.casatriangulo.com/
media/pdf/albano-afonso_portfolio2015_web_16.pdf>. Acesso em: 10 set. 2018.
FONTE: REIS, P. Que horas são no paraíso? Lisboa: Casa Triângulo, 2007.
6 PINTURA DE GÊNERO
O termo pintura de gênero refere-se às representações do cotidiano 
(trabalho e vida doméstica) que vigoraram a partir do século XVII, após a 
ideologia protestante que refutava as temáticas religiosas. As imagens ganham 
realismo e riqueza de detalhes, além de menores dimensões, uma vez que eram 
destinadas a espaços privados. É interessante observarmos que esse gênero pode 
ser uma rica fonte documental, pois mostra os costumes e os ambientes de cada 
época, de modo que a historiadora Svetlana Alpers (1983) o enfatiza como “arte 
da descrição”.
Pieter Bruegel (1525–1569), por exemplo, retrata os camponeses em seus 
trabalhos e festejos. O Casamento Aldeão ocorre dentro de um celeiro, e é pintado 
com ricos detalhes de personagens e situações em primeiro plano, além de grande 
cromatismo.
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
25
FIGURA 23 - PIETER BRUEGEL. A CASAMENTO ALDEÃO, 1568. ÓLEO SOBRE MADEIRA. 114 X 
164 CM. KUNSTHISTORISCHER MUSEUM, VIENA
FONTE: <http://historcuriosa.blogspot.com/2012/03/o-casamento-dos-camponeses-1567-de.
html>. Acesso em: 18 set. 2018.
Jan Steen (1626–1679) pega esse viés popular e representa com bastante 
humor as tavernas da época, e cenas da vida doméstica descontraída, cujos 
destaques são A festa de São Nicola (s/d), A festa na Osteria (1674), A festa de 
batizado (1664) e Na luxúria, preste atenção (1663), onde são trabalhadas ricamente 
as tonalidades das cores em uma pintura repleta de objetos, deixando-nos ver, 
inclusive, parte do cômodo ao lado, à direita do quadro.
FIGURA 24 - JAN STEEN. NA LUXÚRIA, PRESTE ATENÇÃO, 1663. ÓLEO SOBRE TELA. 105 X 145,5 
CM. KUNSTHISTORISCHER MUSEUM, VIENA
FONTE: <https://fr.wikipedia.org/wiki/Fichier:Jan_Steen_-_Beware_of_Luxury_(%E2%80%9CIn_
Weelde_Siet_Toe%E2%80%9D)_-_Google_Art_Project.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2018.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
26
Johannes Vermeer (1632–1675) deixou registros memoráveis de cenas 
da vida doméstica, realizadas com composição harmoniosa em que são focadas 
uma ou duas imagens, frequentemente com luz entrando por alguma janela à 
esquerda do quadro. O pintor utiliza sobretudo os azuis, amarelos e cinzas. Obras 
como Jarro de Vinho, Mulher lendo Diante da Janela, A Lição de Música e A leiteira são 
algumas de suas pinturas. Nesta última, vemos bem um instante de uma moça na 
cozinha, demonstrando, pela tranquilidade com a qual segura a jarra, que esse é 
um momento rotineiro.
FIGURA 25 - JOHANNES VERMEER. A LEITEIRA, 1657 - 1658. ÓLEO SOBRE TELA. 45,5 X 41 CM. 
RIJKSMUSEUM, AMSTERDÃ
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Leiteira>. Acesso em: 18 set. 2018.
DICAS
Assista ao filme A moça com brinco de pérola, de Peter Webber, que foi 
inspirado no quadro homônimo de Jan Vermeer. Na película, lançada em 2003, discorre-se 
sobre a vida do pintor, bem como sobre a sociedade em questão.
Lichtenstein afirma que, para Hegel:
[...] a metamorfose artística de assuntos em si medíocres é a prova do 
poder do pintor sobre o mundo e, com isso, sua tarefa essencial. A 
análise das cenas de gênero holandesas, revelando a afeição de uma 
sociedade por um universo que ela construiu inteiramente, demonstra 
a coerência de um empreendimento que impõe a sua marca tanto nas 
criações artísticas como na própria realidade. Esse autor afirmava que 
os artistas holandeses conseguiam transformar um assunto banal, sem 
interesse, em uma obra maravilhosa. Ainda assim, a pintura de gênero 
era considerada menos importante do que as pinturas históricas, que 
abordavam eventos grandiosos como batalhas, coroações e grandes 
feitos dos governantes (LICHTENSTEIN, 2006, p. 106).
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
27
Muitos artistas se valeram desta temática para desenvolver seus trabalhos, 
como Jean-Baptiste-Siméon Chardin (1881–1955), Gustave Courbet (1819–1877), e 
mesmo os impressionistas e os que se seguiram. Pode-se afirmar que esse gênero 
revive as ilustrações encontradas em manuscritos medievais, como o Livro das 
Horas (1415–1416), o qual continha imagens das atividades correspondentesa 
cada mês do ano (em junho, por exemplo, há a imagem de pessoas ceifando e 
arrumando os fenos).
FIGURA 26 - LIVRO DAS HORAS, 1819-1877. ILUMINURA. 22,5 X 13,6 CM. CONDÉ MUSEUM, 
CHÂTEAU DE CHANTILLY
FONTE: <http://www.escritoriodolivro.com.br/historias/junho.php>. Acesso em: 28 nov. 2018.
No Brasil, a pintura de gênero encontra lugar nas mãos de Jean-Baptiste 
Debret (1768-1848). Integrante da Missão Francesa no Brasil, publicou Viagem 
Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834–1839), no qual deixou registrados aspectos 
da sociedade e da paisagem do país. Seu trabalho de pesquisa ganhou notável 
relevância ao nortear as formas e as cores da bandeira brasileira.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
28
FIGURA 27 – JEAN-BAPTISTE DEBRET. FAMÍLIA DE UM CHEFE CAMACAN SE PREPARANDO 
PARA UMA FESTA, c. 1820 – 1830. AQUARELA. 18,6 X 29,3 CM
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Famille_d%E2%80%99un_Chef_Camacan_
se_pr%C3%A9parant_pour_une_F%C3%AAte.jpg>. Acesso em: 28 nov. 2018.
José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899) foi aclamado por inserir na 
pintura brasileira temas regionais, sobretudo a cultura caipira, quando retrata 
anônimos de modo naturalista. Vale destacar que o Dia do Artista Plástico é 
comemorado em 08 de maio, data em que nasceu o pintor.
FIGURA 28 - ALMEIDA JUNIOR. CAIPIRA PICANDO FUMO, 1893. ÓLEO SOBRE TELA. 202 X 141 
CM. PINACOTECA, SÃO PAULO
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Caipira_picando_fumo.jpg>.
Acesso em: 18 set. 2018.
TÓPICO 1 | A PINTURA E SEUS MOTIVOS
29
Não podemos finalizar este tópico sem lembrar de Belmiro de Almeida 
(1858-1935), Henrique Bernardelli (1858-1936) e Modesto Brocos (1852-1936). Este 
último colocou, em xilogravuras e pinturas, imagens de típicos brasileiros com 
grande realismo, cujo destaque é Redenção de Cam, na qual denuncia a tese de 
branqueamento de João Batista de Lacerda.
FIGURA 29 - MODESTO BROCOS. REDENÇÃO DE CAM, 1895. ÓLEO SOBRE TELA. 199 X 166 
CM. MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Modesto_Brocos#/media/File:Reden%C3%A7%C3%A3o.
jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
Depois de saber a respeito das características dos gêneros da pintura e suas 
especificidades, podemos observar que alguns quadros atendem a duas ou mais 
especificidades. Fato que demonstra que, na arte, são árduas as categorizações 
estanques, dificuldade esta que acentua na contemporaneidade.
30
Neste tópico, você aprendeu que:
• O desenvolvimento de gêneros na pintura, em certos territórios, perpassa 
questões sociais, econômicas, religiosas e políticas.
• A hierarquia dos gêneros vigora do Renascimento ao século XIX, quando é 
superada.
• Os gêneros seguiam a seguinte ordem hierárquica: 
a) Pintura histórica: são retratados fatos históricos, como batalhas, guerras, 
ações de homens notáveis, sempre em grandes dimensões. 
o Alegórica: são representadas ideias ou sentimentos, cujo significado é 
simbólico.
o Icônica: ícones são retratados, sempre com regras rígidas de representação.
o Religiosa: destaca cenas bíblicas e seus personagens.
o Mitológica: contém figuras ou elementos que se referem aos mitos, 
sobretudo os gregos e romanos.
b) Retrato: quando um indivíduo é representado no quadro. Aparece na 
história da arte desde os egípcios, gregos e romanos, ganhando autonomia 
no século XIV. 
o Autorretrato: quando o artista representa a si mesmo. 
o Nu: os gregos o utilizavam com frequência, com perfeição das formas. 
Entretanto, ele deixa de vigorar com a difusão da religiosidade, voltando, 
aos poucos, a ser utilizado.
c) Natureza-morta: quando a pintura se atém às frutas, flores, utensílios 
domésticos, objetos, ou seja, seres inanimados. 
o Vanitas: faz menção às vaidades e ao caráter passageiro do mundo.
d) Paisagem: tem origem nos retábulos e cenas medievais, e ganha o primeiro 
plano no Renascimento.
e) Pintura de Gênero: cenas domésticas, cotidianas e personagens anônimos 
aparecem nos quadros.
RESUMO DO TÓPICO 1
31
AUTOATIVIDADE
1 Ao longo da História da Arte, foram definidas algumas 
temáticas na área da pintura, sobre as quais se debruçaram 
inúmeros artistas. Sobre elas, assinale a alternativa 
INCORRETA:
a) ( ) A Pintura Histórica era tida como a de maior valor hierárquico 
dentre os gêneros pictóricos.
b) ( ) Antes de iniciar uma Pintura Icônica, o artista deveria fazer jejum e 
orar.
c) ( ) Com o surgimento da tinta em bisnaga, os artistas permaneceram 
em seus ateliês.
d) ( ) O termo Pintura de Gênero refere-se às representações do cotidiano.
2 A partir do texto abaixo, contido na figura Homem Vitruviano, 
de Leonardo da Vinci, marque a alternativa CORRETA:
Os 4 dedos fazem uma palma e 4 palmas fazem 1 pé, 6 palmas 
fazem um cúbito; 4 cúbitos fazem a altura de um homem. 4 cúbitos fazem um 
passo e 24 palmas fazem um homem. Se abrir as pernas até termos descido 
1/14 de altura e abrirmos os braços até os dedos estarem ao nível do topo da 
cabeça então o centro dos membros abertos será no umbigo. O espaço entre 
as pernas abertas será um triângulo equilátero. O comprimento dos braços 
abertos de um homem é igual à sua altura. Desde as raízes dos cabelos até 
ao fundo do queixo é um décimo da altura do homem; desde o fundo do 
queixo até ao topo da cabeça é um oitavo da altura do homem; desde o topo 
do peito até ao topo da cabeça é um sexto da altura do homem; desde o topo 
do peito até as raízes do cabelo é um sétimo da altura do homem; desde os 
mamilos até ao topo da cabeça é um quarto da altura do homem. A maior 
largura dos ombros contém em si própria a quarta parte do homem. Desde 
o cotovelo até a ponta dos dedos é um quinto da altura do homem e desde 
o cotovelo até ao ângulo da axila é um oitavo da altura do homem. A mão 
inteira será um décimo da altura do homem. O início dos órgãos genitais 
marca o centro do homem. O pé é um sétimo do homem. Da sola do pé até 
debaixo do joelho é um quarto da altura do homem. Desde debaixo do joelho 
até o início dos órgãos genitais é um quarto do homem. A distância entre o 
fundo do queixo e o nariz e entre as raízes dos cabelos e as sobrancelhas é a 
mesma e é, como a orelha, um terço da cara (DA VINCI, 1490).
FONTE: <https://lucnix.be/index.php?/search/1728>. Acesso em: 4 fev. 2019.
Para melhor fixar o conteúdo desta unidade, resolva as três questões 
apresentadas abaixo:
32
a) ( ) A proporção áurea só foi utilizada a partir do Renascimento.
b) ( ) Essa lei é apenas um cálculo matemático, de modo que não se aplica 
à natureza.
c) ( ) A lei do terço enfatiza em quais pontos do quadro o olhar se detém.
d) ( ) Com o advento da fotografia, o gênero retrato deixou de ser 
utilizado pelos artistas.
3 A obra Untitled (Perfect Lovers), de Félix Gonzalez-Torres, 
apresenta dois relógios iguais que marcam o mesmo tempo. 
Entretanto, à medida que as pilhas se gastam, eles entram 
em um descompasso, denunciando a efemeridade, a morte, 
a ausência. A qual dos gêneros artísticos a obra de Gonzalez-Torres se 
aproxima? Justifique sua resposta:
FIGURA - FÉLIX GONZALEZ-TORRES. UNTITLED (PERFECT LOVERS), 1991
FONTE: <https://www.moma.org/collection/works/81074>. Acesso em: 18 set. 2018.
33
TÓPICO 2
A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, vimos as características dos gêneros mais difundidos 
na pintura, bem como o grau de importância de cada um deles. E, vale enfatizar, a 
importância de termos um olhar crítico, de modo a sempre relacionar a produção 
com o que ocorria na sociedade em que a obra foi produzida, em termos culturais, 
religiosos e políticos. Além de pensar no simbolismo dos trabalhos, é interessante 
observarmos os materiais que os artistas tinham disponíveis.
De fato, é confortável qualificarmos trabalhos de outras épocas como tal, mas 
diante de trabalhos contemporâneos, por vezes, a dúvida adentra os espectadores, 
sendo necessário, portanto, se valerem dos textos explicativos ou poéticos a respeito 
de uma exposição e ter um conhecimento sobrea história da arte. 
Para nos valermos melhor dessas questões artísticas, estudaremos com 
mais atenção alguns artistas, cujos trabalhos pulsam até hoje, e o que faz com 
que eles permaneçam com essa característica mesmo depois de passados tantos 
anos. Depois desse mergulho, pensaremos como a pintura dá, ao espectador, a 
oportunidade para continuá-la, justamente pela sua qualidade de inacabamento, 
fato que sustenta a cumplicidade do artista e do espectador.
DICAS
As novas maneiras da arte se apresentar requerem também mudanças nas 
concepções acerca dos locais em que as obras são mostradas. No Interior do Cubo Branco, 
livro de Brian O’Doherty, oferece inúmeras observações críticas acerca das relações visíveis e 
inerentes aos espaços expositivos, bem como auxilia o leitor no entendimento do contexto 
em que os trabalhos artísticos se inserem a partir do modernismo.
 Segue o referencial como uma boa opção de leitura: O´DOHERTY, Brian. No 
interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo, Martins Fontes, 2002.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
34
2 GRANDES MESTRES DA ARTE DE PINTAR
Observamos que, no decorrer da história, alguns artistas se destacaram 
de tal maneira que ainda hoje são utilizados como referenciais para quem 
quer saber um pouco mais sobre a arte, seja no fazer artístico ou na posição de 
apreciador. Então, vamos conhecer alguns deles, cujas obras ainda nos propõem 
questionamentos.
2.1 TICIANO
O famoso pintor veneziano, Ticiano Vecellio, nasceu por volta de 1485 na 
cidade de Cadore, nos Alpes, e morreu com 99 anos em 1576. Alguns historiadores 
relatam que até mesmo o imperador da época se abaixou para recolher um pincel 
do pintor que havia caído, o que significou um triunfo para a figura do artista e 
para a arte pictórica.
Ticiano era muito hábil com seus pincéis, assim, pôde se libertar das 
regras de composição estipuladas até então. No quadro Nossa Senhora com 
santos e membros da família Pesaro, o artista não coloca a Santa no lugar central da 
composição, e faz com que São Francisco e São Pedro participem da cena, não em 
posições simétricas. A pintura foi encomendada por Jacopo Pesaro, o qual Ticiano 
retratou ajoelhado diante da Virgem. Sua família aparece no canto inferior direito, 
sob os olhos do menino Jesus. Atrás do protagonista está um alferes, arrastando 
um prisioneiro derrotado em uma batalha contra os turcos. Tudo ocorre em um 
local aberto, emoldurado com duas colunas direcionadas até as nuvens, onde 
estão dois anjos. É interessante notar que essa assimetria, e fuga dos cânones 
vigentes, não apresenta desequilíbrio, mas continua harmônica, justamente pela 
maestria na utilização das cores e luminosidade. 
De acordo com Kennedy (2006, p. 37), o artista une “o formato do ex-
voto, onde os protagonistas se encaram de frente e são representados de perfil, 
com a tradicional pintura de altar”. O segundo plano é composto pelo céu e as 
duas colunas frontais “resolvem o enquadramento, [e] representam a entrada dos 
céus, tradicionalmente identificada com Maria” (DAVIES, 2010, p. 600).
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
35
FIGURA 30 - TICIANO VECELLIO. NOSSA SENHORA COM SANTOS E MEMBROS DA FAMÍLIA 
PESARO, 1519-1528. ÓLEO SOBRE TELA. 478 X 268 CM. IGREJA DE SANTA MARIA DEI FRARI, 
VENEZA
FONTE: <https://www.flickr.com/photos/28433765@N07/5309655903>.
Acesso em: 18 set. 2018.
Ticiano elaborou muitos retratos. Jovem Inglês ganhou notoriedade por 
ele, ainda, parecer estar entre nós, como podemos observar na imagem que segue.
FIGURA 31 - TICIANO VECCELIO. JOVEM INGLÊS, 1540. ÓLEO SOBRE TELA. 111 X 93 CM. 
PALÁCIO PITTI, FLORENÇA
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9b/Tizian_076.jpg>. 
Acesso em: 18 set. 2018.
Não diferente é a pintura do papa Paulo III em Nápoles, na qual o pintor 
coloca em diálogo o chefe eclesiástico com um parente, Alexandre Farnese, 
enquanto seu irmão Otávio observa o espectador.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
36
FIGURA 32 - TICIANO VECCELIO. O PAPA PAULO III COM ALEXANDRE E OTÁVIO FARNESE, 
1546. ÓLEO SOBRE TELA. 210 X 174 CM. GALERIA NACIONAL DE CAPODIMONTE, NÁPOLES
FONTE: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/ab/Titian_-_Pope_Paul_III_with_
his_Grandsons_Alessandro_and_Ottavio_Farnese_-_WGA22985.jpg>. Acesso em: 18 set. 2018.
Muitos artistas passaram pelo ateliê de Ticiano, a exemplo de El Greco. 
Após sua morte, vítima de febre oriunda da peste que atingiu Veneza em 1576, 
dois pintores dominaram o cenário artístico veneziano: Jacopo Robusti conhecido 
como Tintoretto (1518–1594) e Paolo Caliari Veronesse (1528–1588). Este último 
“[...] pintou imagens mais próximas da primeira fase de Ticiano, como a Virgem 
de Pesaro, com ênfase no realismo, Tintoretto explorou a teatralidade e a pincelada 
fluida da última pintura de Ticiano, a Pietà” (DAVIES et al., 2010, p. 629). Assim, 
cabe observar que o modo de utilizar as cores em oposições entre claro e escuro 
influenciou vários artistas posteriores, sobretudo no Maneirismo e Barroco.
2.2 POUSSIN
Nicolas Poussin (1594-1665), francês radicado em Roma, é considerado 
o maior mestre acadêmico, que estudou por demasiado as esculturas clássicas, 
em busca dos ares de outrora. Em Et in Arcadia ego o pintor retrata uma calma 
paisagem sob o Sol, em que pastores e uma bela jovem estão ao redor de uma 
lápide na tentativa de decifrá-la. O título da obra transcreve que a morte está, 
inclusive, na terra dos pastores. E Poussin a elabora com grande conhecimento 
técnico, só assim consegue transpor o sentimento de nostalgia, mesmo diante 
desta temática.
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
37
FIGURA 33 - NICOLAU POUSSIN. ET IN ARCADIA EGO, 1650-1655. ÓLEO SOBRE TELA. 85 X 121 
CM. MUSEU DO LOUVRE, PARIS
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nicolas_poussin,_i_pastori_dell%27arcadia_
(et_in_arcadia_ego),_1638-40_ca._02.JPG>. Acesso em: 18 set. 2018.
Muitos artistas se voltaram para as pinturas de Poussin, como fez Cézanne 
em busca de sua particularidade: “O projeto de Cézanne [...], é de reencontrar os 
princípios de Poussin, mais pelo estudo da natureza que pelo estudo acadêmico 
da arte” (SHIFF, 1995, p. 119).
Foi responsável pelas imagens figuradas na capela de Notre Dame e 
nomeado como Primeiro Pintor do Rei Luis XIII, na França, além de fazer projetos 
para o Louvre e ilustrar livros. Mas o desagradava ter muitos assistentes, fato este 
que o fez deixar seu país e fixar residência na Itália.
De grande destaque para sua vida artística foi O Julgamento de Salomão, A 
Sagrada Família na Escadaria e Eliézer e Rebeca. Nesta última, o artista representa 
uma cena bíblica, e enche de simbolismos sobre a fertilidade: poço com água 
abundante, torre com 12 janelas (na tradição mediterrânea construía-se um novo 
piso para cada geração).
FIGURA 34 - NICOLAS POUSSIN. ELIÉZER E REBECA, 1648. ÓLEO SOBRE TELA. 118 X 199 CM. 
MUSÉE DU LOUVRE, PARIS
FONTE: <http://pt.wahooart.com/@@/8XYMDY-Nicolas-Poussin-%60eliezer%60-e-rebecca-no-
bem>. Acesso em: 18 set. 2018.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
38
Ao nos depararmos com os quadros do pintor, devemos demorar nosso 
olhar sobre as figuras, uma vez que Poussin não nos possibilita sua compreensão 
imediata. Só assim podemos visualizar a riqueza de detalhes, elementos e 
expressões que constam em cada pintura.
DICAS
Guy de Compiegne analisa as obras de Poussin, sobretudo seus detalhes, nos 
quais o pintor confere uma conotação simbólica inesperada para cada trabalho. Portanto, 
como sugestão de leitura, segue o referencial: COMPIEGNE, Guy de. Nicolas Poussin: 
L’Ambiguité Recherchée. France: Edições du Varulv, 2015.
2.3 UTRILLO
Grande referência do início do século XX é Maurice Utrillo (1883-1955), 
pertencente à Escola de Paris. Sua mãe, Suzanne Valadon (1865–1938, outrora 
modelo de Renoir), o incentivou a pintar, juntamente com seu padrasto, Miguel 
Utrillo (1862–1934) — que largou a engenharia pela pintura. Com 16 anos tornou-
se alcoólatra, e precisouser internado inúmeras vezes, o que não prejudicou a 
qualidade de seus trabalhos.
Escola de Paris é o nome dado a um grupo de artistas (muitos estrangeiros), 
que se reuniam em Paris no período compreendido entre as duas guerras mundiais. Apesar 
de terem conhecimento de todas as escolas e movimentos, não aderiram a nenhum deles.
NOTA
Seu estilo realista se vale de maior liberdade no uso das cores e das formas. 
Pintou inúmeras cenas de Montmartre e do subúrbio de Paris, transpassando 
enorme melancolia. Cabe destacar que, em 1925, foi convidado por Serguei 
Diaghilev (1872–1929) a criar figurinos e cenários para o Balé Russo.
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
39
FIGURA 35 - MAURICE UTRILLO. RUE DE LA JONQUIÈRE, 1910. ÓLEO SOBRE TELA. 60 X 81 CM
FONTE: <https://www.christies.com/lotfinder/Lot/maurice-utrillo-1883-1955-rue-de-la-5138451-
details.aspx>. Acesso em: 29 nov. 2018.
No quadro acima, o artista se vale de uma paleta em tons cinza para 
figurar uma rua parisiense, sob o céu cinza do inverno que concebe ares tristes 
e sombrios. Sua pintura tem características da tradicional representação realista, 
entretanto, utilizou formas e cores com maior liberdade, enfatizadas pelos 
emplastos conseguidos com tinta à óleo, notadamente visíveis quando retrata o 
coração do bairro Montmartre no quadro a seguir. Cabe notar que o local possui 
semblantes de uma vila, quando as cores quentes no plano inicial denotam um 
pouco de humanidade aos passantes.
FIGURA 36: MAURICE UTRILLO. LA PLACE ST. PIERRE ET LE SACRÉ COEUR DE MONTMARTRE, 
1938. ÓLEO SOBRE TELA. 41 X 33 CM
FONTE: <https://www.lempertz.com/en/catalogues/lot/1090-1/281-maurice-utrillo.html>. 
Acesso em: 18 set. 2018.
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
40
Utrillo, juntamente com Amedeo Clemente Modigliani (1884–1920), tinha 
gosto apurado pela vida noturna e cafés, motivo pelo qual sua família passa a 
mantê-lo em casa. Nesse momento, iniciou a produção de cartões-postais, com 
a mesma técnica de seus quadros, como se fossem miniaturas deles, afinal a 
pequena dimensão do suporte não trouxe prejuízos à sua expressão.
DICAS
Assista ao filme Modigliani: A Paixão pela Vida, dirigido por Mick Davis, mostra 
a rivalidade entre o artista e Pablo Picasso. Também revela traços da sociedade artística da 
época.
FIGURA 37 - MAURICE UTRILLO. LA TOUR EIFFEL, 1913. ÓLEO SOBRE CARTÃO. 49,9 X 66,7 CM. 
NATIONAL GALLERY OF VICTÓRIA, MELBOURNE
FONTE: <http://www.ngv.vic.gov.au/explore/collection/work/4428/>. Acesso em: 18 set. 2018.
Após casar-se, em 1935, o pintor tornou-se mais estável, religioso e parou 
de beber, entretanto, a depressão lhe acometeu até a sua morte.
2.4 DIEGO RIVERA
Diego María de la Concepción Juan Nepomuceno Estanislao de la Rivera y 
Barrientos Acosta y Rodríguez, o conhecido Diego Rivera (1886-1957), é considerado 
o maior muralista mexicano de todos os tempos. Aos 21 anos foi para a Europa, 
quando conheceu Pablo Picasso (1881–1973), Juan Miró (1893–1983), Salvador Dalí 
(1904–1989), Antoni Gaudí (1852–1926) e, consequentemente, toda a arte que estava 
sendo produzida na ocasião, o que o influenciou e o fez aprimorar a sua pintura. 
De volta à terra natal, volta-se para a arte mural, com o propósito de resgatar a 
suntuosidade dos tempos pré-colombianos vivenciada pelo México. Outro motivo 
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
41
para a escolha dos murais era porque acreditava que os quadros convencionais 
iriam para as coleções particulares da burguesia. Cabe indicar que se casou quatro 
vezes. Sua primeira esposa foi a pintora russa Angelina Beloff (1879 – 1969), a 
segunda foi a modelo e romancista Guadalupe Marín (1895 – 1983) e a terceira a 
talentosa e inesquecível Frida Kahlo (1907 – 1954). Um ano depois de sua morte, 
Rivera se une a Emma Hurtado (1907 – 1974), negociante de arte.
Por ser um ávido militante político, era comum ver em suas pinturas 
duras críticas, e justamente por uma crítica ao sistema capitalista, seu mural no 
Rockfeller Center foi derrubado antes mesmo de ser concluído. Rivera tornou-
se um ídolo da classe trabalhadora de seu país, uma vez que a história dos 
direitos civis ganhara destaque em suas mãos. Fazia questão de deixar claro o 
seu viés político-social e a vontade e luta a favor de reformas no sistema.
Assim, como nos murais de Portinari, havia nos murais de Rivera o aspecto 
racial; a necessidade de exprimir o vigor da natureza física e humana do México; 
a ideia era o povo reconhecer-se em suas obras, e para isso redefiniu seu estilo. 
No México, os murais sempre foram uma tradição, desde o século 
VI. No século XVI eram usados para decorar os primeiros conventos, 
porém na primeira metade do século XIX, as produções estavam 
paradas. A guerra da Independência havia destruído muita coisa no 
país; a miséria e a desordem cresceram sob o império da ditadura. 
Rivera inspirou-se muitas vezes nas culturas Maia e Asteca, para 
compor seus murais. 
[...]
Rivera trabalhou durante seis anos (1923-1929) em suas obras murais para 
a Secretaria da Educação, com temas mexicanos como: festas indígenas, 
mercados, manifestações populares, cenas das revoltas operárias, retratos 
dos revolucionários (Zapata e Carrilho Puerto), cenas de exploradores e 
aristocratas sendo humilhados pelos operários, trabalhadores do campo 
e soldados e, finalmente, a reconstrução do México. 
[...]
Em muitos retratos, Rivera coloca personagens políticos e membros 
do governo, como José Vasconcelos (Secretário da Educação Pública), 
cujas ideias políticas Rivera não compartilhava; Vasconcelos era 
colocado entre os intelectuais impotentes. Até mesmo o presidente foi 
retratado como magnata que consultava as cotações da bolsa. 
[...]
Rivera era incansavelmente preocupado com a política nacional 
e internacional; na Europa, o totalitarismo de direita estava em 
alta; na Itália e na Polônia, em 1926, ocorreu a consolidação de 
governos fascistas; na antiga União Soviética, o poder operário era 
transformado em totalitarismo burocrático de esquerda, por Stalin e 
seus partidários. Até a classe trabalhadora do Brasil estava insatisfeita 
com o desemprego, a carestia de vida e as reformas realizadas pelo 
governo de Getúlio Vargas. 
[...]
Artistas críticos como Diego Rivera e Cândido Portinari usaram 
toda sua técnica artística para expressar, através de suas obras, seus 
posicionamentos políticos e sociais; apesar disso, ambos sofreram 
críticas de outros artistas e intelectuais na questão polêmica da 
chamada “Arte Oficial”, em seus respectivos países. 
[...]
UNIDADE 1 | GÊNEROS DE PINTURA
42
Rivera desafiou políticos e figuras importantes da sociedade mexicana; 
através de seus murais destacou sempre a Cultura Maia e Asteca e os 
grandes revolucionários mexicanos (COLAR, 2007, p. 35–42).
FIGURA 38 - DIEGO RIVERA. NOITE DO POBRE, 1928. AFRESCO
FONTE: <http://pt.wahooart.com/@@/8BWNZS-Diego-Rivera-noite-do-pobre>.
Acesso em: 18 set. 2018.
DICAS
Assista ao filme Frida, de 2002, sob a direção de Julie Taymor. Onde é possível 
acompanhar a vida da artista, bem como a de Diego Rivera. 
3 O INACABAMENTO DA PINTURA 
Em 1935, Picasso afirmou o caráter vivo de uma pintura. Em suas palavras: 
[...] um quadro não é pensado e fixado de antemão. Enquanto o 
produzimos ele segue a mobilidade do pensamento. Depois de 
terminado ele continua a mudar, conforme o estado daquele que 
o contempla. Um quadro vive sua vida como um ser vivo, sofre as 
mudanças que a vida cotidiana nos impõe. Isso é natural, já que um 
TÓPICO 2 | A PINTURA COMO OBRA DE ARTE
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quadro só vive graças àquele que o contempla [...] (PICASSO, 1973 
apud CHIPP, 1999, p. 272).
Neste viés, muitos artistas defendem que a obra de arte é um organismo 
latente, pois suscita sensações e pensamentos nos espectadores, que modificam 
seu olhar perante o mundo e aspectos da sociedade. E uma obra, depois de 
começada, segue seu caminho próprio, ou seja, na medida em que o artista vai 
pintando, ela própria vai “pedindo” que se coloque mais um

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