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UMBANDA, UM RESUMO. Umbanda, religião brasileira por adoção. Nascida em terras do Antigo Egito, quando seus Faraós e sacerdotes praticavam rituais semelhantes a aqueles realizados hoje em dia. Esta religião renasceu e floresceu em território brasileiro com muita desenvoltura, pois que sua liturgia, misto das mais diversas liturgias ocidentais e orientais, encontrou terreno fértil para adaptar-se ao povo brasileiro, já tão acostumado à mistura de raças e costumes. esta facilidade de nosso povo, na aceitação de diversas culturas e tradições, fez com que este ritual milenar renascesse junto a nós. A Umbanda presta culto aos Orixás como uma qualidade manifesta de Deus. Sua compreensão dos Orixás a aproxima, e muito, dos frutos da Árvore da Vida dos kabalistas. A Umbanda não aceita o sacrifício animal em qualquer de seus rituais. Utiliza, para a sua magia, de ervas, flores, velas coloridas, fitas, certas bebidas, mel e qualquer outra dádiva da natureza que não ceife a vida. A Magia está contida na Umbanda de forma evidente. Aprende com o catolicismo e muitas outras religiões a defumar os ambientes para o culto; do judaísmo traz a compreensão dos Orixás; do Candomblé absorve o nome dos Orixás, seus mantras, instrumentos destinados aos cânticos e mitos fantásticos; das religiões orientais traz a noção do karma, a interpretação de Deus como Força Cósmica e o uso das Guias coloridas. Muitas são as religiões que trabalham com o processo de incorporação, ou seja, preparam indivíduos para servirem de intermediários entre o Plano Material e os Planos Superiores de Manifestação. A Umbanda, sem dúvida é a que mais desenvolve esta faculdade. Seu ritual está, basicamente, centrado no processo mediúnico, seja por incorporação, seja por canalização. Umbanda, religião muito nova, que somente agora começa a codificar-se e estruturar-se como religião. HINO À UMBANDA Refletiu a Luz Divina, Com todo seu esplendor, Vem do Reino de Oxalá, Onde há paz e amor. Luz que refletiu na Terra, Luz que refletiu no Mar, Luz que veio de Aruanda, Para tudo iluminar. A Umbanda é paz e amor, É um mundo cheio de Luz, É força que nos da vida, E a grandeza nos conduz. Avante Filhos de fé, Com a nossa Lei não há, Levando ao mundo inteiro, A Bandeira de Oxalá. (2x) CORPO MEDIÚNICO O Templo do Vale do Sol e da Lua tem como dirigente o Babalorixá Luiz Antonio Martins e o corpo mediúnico é constituído por 150 médiuns. Entre eles temos: Médiuns Coroados São aqueles que passaram por todos os rituais de Iniciação de nosso Templo, tornando-se um Iaô, um conhecedor do segredo. Seus Orixás de cabeça já foram plenamente estabelecidos e seu Guia-Mentor foi identificado. O Guia-Mentor é a Entidade maior que acompanha um médium, foi aquele que assumiu o compromisso de zelar por aquele filho e por sua caminhada espiritual. Todas as Entidades que trabalham através de um médium, por exemplo, seguem as orientações do Guia-Mentor. Sua relação com o médium deve ser a mais estrita possível e a entrega desse médium em suas mãos seria o clímax do desenvolvimento mediúnico. A partir desse momento, o médium teria alcançado a maturidade e deveria caminhar com mais força em suas próprias pernas. Até a Coroação, o Guia-Mentor de todos os membros da corrente mediúnica será o Caboclo do Sol e da Lua, ser ao qual o Guia de cada um entregou o preparo inicial do médium que será “devolvido” somente quando do ritual de Coroação. Lembramos que o médium coroado não alcançou ainda o estágio de Babalorixá ou Ialorixá. Muitos não caminharão no sentido da independência, continuando ligados à nossa Casa e ao nosso Babalorixá. Aquele que desejar ter seus próprios filhos deverá passar por outros rituais. É importante entender que a Coroação não santifica o médium ou o torna plenamente realizado. Ela seria o primeiro passo na caminhada espiritual legítima de um buscador sincero. Todos os anos que o filho se prepara em direção à Coroação serão os anos iniciais em sua vida espiritual, mesmo que a mesma já venha sendo vivida em inúmeras vidas passadas. O médium coroado é como o adolescente. Não deve pensar que possui um grau de sabedoria superior aos outros como o jovem que se considera líder em meio a crianças. Ainda deverá trilhar outros caminhos para se aprofundar em sua caminhada. O ritual de Coroação, também chamado por nós de Deitada de Sete Anos, uma vez que seu tempo médio de realização será sete anos após a entrada do médium na corrente mediúnica, é a consagração do médium que chega à maturidade. Ritual regido pelo Orixá Oxum, demonstra esse caráter conforme já foi dito, comparável à chegada da criança a adolescência partir do nascimento metafórico de seus Orixás de cabeça. Será seguido de outros rituais, outras Deitadas e Reimantações que continuarão o preparo do médium. Sete anos após a Coroação, o médium Iyaô passará por outro ritual ainda mais profundo a partir do qual será considerado um Ebomi, estando pronto para ter sua própria Casa e seus próprios filhos. Esse ritual seria regido pelo Orixá Yansã, símbolo da maturidade e entrada na vida adulta. Em contraste com o caráter maternal de Oxum, Yansã representa aquela energia que nos lança ao mundo em busca de novas conquistas munidos de nossa coragem e nossos conhecimentos adquiridos com o tempo. Seria a maioridade legal alcançada pelo médium que agora chega à vida espiritual adulta. Mediuns Feitos Feitos são os médiuns que já passaram por todas as etapas ritualísticas preparatórias à Coroação. Terão essa condição aqueles que participaram da chamada Deitada para Pai e Mãe, também chamado Borí de Pai e Mãe, ritual no qual serão firmados os Orixás que regem a citual seria regido pelo Orixá Irtidamente, seus filhos.cizados, ou seja, carregados de muita emoç forma a se europeizar o cultooroa do filho, preparando-o no sentido do nascimento dos Orixás. Dentro da analogia proposta no capítulo dos Orixás, a deitada em questão seria o primeiro exame realizado pelo médico no qual o bebê se manifestaria. Aqui, verificam-se as qualidades e as condições em que se encontra aquele ser como em um ultra-som. Antes de deitar para Pai e Mãe, o médium já terá realizado o ritual de Deitada para Exu, no qual será feita a preparação do Exu Guardião (Bara) do médium, aquela energia que nos protege os corpos durante nossa vida encarnados. Antes ainda o médium será batizado, ritual simbólico de aceitação da Egrégora da Casa perante o filho que se apresenta. Assim, o médium feito já foi batizado, já tem seu Exu Guardião (Bara) devidamente assentado e já realizou o ritual de Imantação dos Orixás de sua coroa. Seu processo de Iniciação será finalizado com a futura coroação devendo, até essa realização, ficar o médium aberto a todos os ensinamentos que ainda deverá reter para se tornar um Iaô. Deve livrar seu coração de qualquer sinal de prepotência ou vaidade, grandes inimigos de qualquer um que caminhe na nossa Umbanda. Tendo chegado tão longe no seu processo em nossa Casa, não deve agora ceder perante os desafios apresentados. Deve vencer todos os obstáculos enfrentados, eliminar as dúvidas e preparar as condições e a maturidade necessárias à Coroação. Médiuns Prontos Pronto será todo médium da corrente que concluiu seu processo de educação mediúnica. A partir desse momento, ele poderá servir como instrumento aos trabalhos de forma mais harmônica e de acordo com as determinações do Babalorixá. Nem todo médium terá papel de trabalhar incorporado, podendo o médium pronto atuar em qualquer trabalho para o qual for designado. Um médium cambono pronto certamente viabilizará o trabalho da Entidade de uma forma mais perfeita que aquele que ainda está, como dizemos, em desenvolvimento. Não temos um ritual específico que determina que o médium está pronto, ficandoesta determinação a cargo do Babá. Esse médium não necessariamente concluiu este ou aquele ritual e pode, em certos casos, ser declarado pronto já na entrada na corrente. Alguns possuem um passado de práticas espirituais que já determinam um desempenho mediúnico perfeito não necessitando de educação nesse sentido. Não se deve, no entanto, deixar que essa consideração afete a caminhada do médium em direção à Meta Final. Não podemos nos esquecer que a religião não é um substituto aos dramas sociais e não deve o médium buscar glória ou fama com seu trabalho. Aquele que se deixa levar por honrarias transitórias nunca alcançará a Realização Plena. Nenhuma coroa ou declaração do Babalorixá pode substituir o desejo sincero e a humildade que devem sempre habitar os corações dos umbandistas verdadeiros. Médiuns em desenvolvimento Estes médiuns são aqueles que estão em estágio de aprendizado em relação à manifestação de sua mediunidade. Não podem ser vistos ou tratados com desdém por quem quer que seja, uma vez que o processo de todos deve começar aqui. Ninguém nasce pronto e mesmo aquele que possui total controle e conhecimento de sua mediunidade deve saber nutrir a humildade que possibilita o verdadeiro aprendizado. Nossa Casa prima por um desenvolvimento aprofundado dos médiuns da corrente. Assim, diferentemente de outras casas nas quais uma pessoa que apresente incorporação aparentemente perfeita poderia ser imediatamente designada para os trabalhos de consulta, nós buscamos, com paciência, o ensino correto dos primeiros passos de qualquer pessoa dentro da nossa Umbanda. Algumas crianças andam antes que outras mas é vital que o aprendizado não se transforme em corrida ou busca por mérito. Preferimos que uma criança demore mais a caminhar mas o faça de forma correta, possibilitando fazê-lo com firmeza por toda a sua vida. De que nos valeria apressar os passos de quem quer que seja, deixando de formar a base firme sobre a qual aquela pessoa caminhará por toda a vida? Muitos, em nome da pressa, acabam gerando médiuns que aparentemente caminham bem mas que poderão desenvolver problemas nas pernas futuramente por vícios de postura ou condições similares. Sabemos o quão complexo é caminhar. Não o fazemos somente com as pernas mas sim com todo o corpo físico. Caminhando é que o ser humano se distingue de todos os outros de nosso planeta mas não deve se enganar aquele que move corretamente suas pernas. Se a pessoa não souber coordenar as pernas, os braços e talvez o mais importante, a coluna, não poderá caminhar sem prejuízos futuros para seu corpo. Essa metáfora do aprendizado do caminhar nos serve para compreender o valor que damos à educação mediúnica. Por isso não apressamos a educação de quem quer que seja e esperamos que o médium tenha total confiança na orientação do Babalorixá, como a criança que confia em seus pais, sem ilusão de independência ou prepotência, compreendendo a importância vital de um perfeito desenvolvimento e educação mediúnicos no futuro de toda a caminhada daquela pessoa. Os Ogãs São os responsáveis por interagir com os Atabaques durante os trabalhos. Sua atuação deve seguir a orientação da Entidade dirigente e ainda a hierarquia existente entre eles próprios. O trabalho de todos no ritual depende de sua atuação e para isso eles também passam por um longo processo de aprendizagem antes de assumirem a responsabilidade de lidar com esse vital elemento ritualístico. Muito acerca do papel do Ogã será esclarecido quando falarmos sobre a função dos Atabaques no ritual. Também o Ogã não deve permitir o surgimento em seu coração de qualquer sentimento de arrogância ou prepotência. Eles também trabalham, completamente entregues, com a finalidade comum de possibilitar ou facilitar toda manifestação mágica e mediúnica. Sendo membros da corrente, os Ogãs também tem como objetivo final a plena realização de sua espiritualidade e não devem se perder no caminho em busca de glórias passageiras ou protagonismos incoerentes. Ninguém pode querer brilhar de forma destacada na nossa Umbanda. Nossos Ogãs ainda devem lidar com esses desafios de forma mais viva uma vez que os Atabaques, por mais que sua função seja vital e imprescindível, não devem assumir nenhum destaque no ritual. Não estamos assistindo a um concerto de percussão e a finalidade deles também é de medianeiros, possibilitando a manifestação, em nosso plano, de condições muito maiores que nossa compreensão limitada pode, por vezes, abarcar. Que os Ogãs possam sempre manter sua dignidade e sua perfeita compreensão da missão que possuem em todos os rituais em nossa Casa. Que sua luz viabilize os trabalhos e que não haja desarmonia em sua atuação, função tão importante para todos mas também um caminho seguro de desenvolvimento espiritual para aquele que não se deixa vencer pelos desafios do condicionamento e da vaidade humanos. Os Cambonos Cambono é o médium designado para auxiliar uma Entidade em qualquer trabalho. É um ponto de apoio material daquele ser que atua incorporado. O cambono tem função vital no ritual umbandista e muitas Entidades se recusam a realizar qualquer tipo de trabalho sem a presença do cambono. Ele orienta os consulentes e viabiliza a consulta intermediando a Entidade quando ela necessitar. Algumas vezes a pessoa da assistência não está familiarizada com a forma de falar da Entidade ou mesmo com alguma determinação dessa que pode não ter ficado clara. Cabe ao cambono esclarecer qualquer dúvida tanto do consulente quanto da Entidade sem, no entanto, interferir nos trabalhos. Nunca deverá, o cambono, assumir o papel de orientador ou conselheiro durante a consulta. Seria absurdo aquele que desempenha papel de ajuda e serviço numa gira tomar a frente da Entidade em relação a um consulente. Situação hilária mas muitas vezes testemunhada, estando a própria Entidade calada, possivelmente a entender com compaixão o impulso egóico do médium, enquanto o cambono se põe a tagarelar com o consulente. O papel do cambono é sutil. Deve compreender seu caráter imprescindível na realização de qualquer trabalho mas permanecer atuando nos bastidores, sem desejos de protagonizar qualquer feito e mantendo sempre a humildade acima de tudo. Nunca se deve ver o cambono como pessoa de hierarquia inferior ou menos preparada que outras. Ele deve ter um preparo completo uma vez que permanece desincorporado durante os trabalhos. Recebem inúmeros ensinamentos das Entidades tanto em relação ao ritual quanto em relação à religião em sentido mais amplo. Ao cambonar, o médium assume uma das funções mais nobres em nossa Umbanda, doando-se para que tudo ocorra segundo a Vontade Divina. Já mencionamos que o trabalho desapegado (Karma Yoga) é um dos caminhos para a Realização Plena e que não pode nunca liderar aquele que não souber, antes, servir aos outros. PRECES DE ABERTURA I) SAUDAÇÃO À UMBANDA E A TODOS OS ORIXÁS Salve a Umbanda! SALVE! Salve a Força de Exu! LAROYÊ EXU! Salve nosso Pai Oxalá! OXALÁ BABÁ! Salve Tempo! ZARA TEMPO ZARA! Salve nosso Pai Omolu! ATOTÔ OBALUAYÊ! Salve nossa Mãe Yemanjá! ODÔ FIABÁ YEMANJÁ! Salve nossa Mãe Ewá! RIRÓ EWÁ! Salve Osaiyn! EUÊ OSAIYN! Salve Nanã! SALUBÁ NANÃ! Salve Ogum! OGUM YÊ! Salve Oxosi! OKÊ OXOSI! Salve Oxum. ORA IÊ IÊ OXUM! Salve Yansã! EPA HEYI YANSÃ! Salve Oxumarê! ARRÔBÔ BÔYI OXUMARÊ! Salve Xangô! KAWÔ CABIÊ SILÊ MEU PAI! Salve todos os Orixás de Umbanda! SALVE! II) INTRODUTÓRIA Estamos todos reunidos neste momento de união e fé, para que juntos formemos uma corrente forte e sólida, para que possamos inundar a tudo e a todos nesta hora…ASSIM SEJA! III) ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS Senhor, fazei de mim um instrumento de Vossa paz. Onde haja ódio, consenti que eu semeie o amor. Perdão, onde haja injúria. Fé onde haja dúvida. Verdade onde hajamentira. Esperança onde haja desespero. Luz onde haja trevas. União onde haja discórdia. Alegria, Senhor, onde haja tristeza. Divino Mestre, permiti que eu não procure tanto ser consolado quanto consolar. Ser compreendido quanto compreender. Ser amado quanto amar. Porque é dando que recebemos. Perdoando é que somos perdoados. E morrendo é que nascemos para a vida eterna. QUE ASSIM SEJA! IV) SAUDAÇÕES Salve Melkezedeque! SALVE! Salve o Mestre Gautama – Senhor do Mundo! SALVE! Salve Saint-Germain! SALVE! Invocamos e pedimos a Saint-Germain, Chohan do Sétimo Raio, que nos auxilie e nos ampare em todos os momentos e durante os trabalhos que iremos realizar. Que a Força do Raio Violeta nos transforme e nos ilumine. Que nosso Eu interior possa senti-la, modificando-nos e transportando-nos para os planos mais elevados. Salve Saint-Germain, SALVE! Grande Mestre Ascencionado e Senhor da Magia! Bem-Amado Mestre Saint-Germain, Bem-Amado Arcanjo Ezequiel e Bem-Amado Elohim Arcturos, eu Vos amo e Vos abençôo. Agradeço por Vossa assistência a mim e a toda a humanidade. Traga-nos o amor e a Força para os nossos trabalhos! ASSIM SEJA! Salve os Elementais! SALVE! Eu Os invoco para os nossos trabalhos. Eu Os amo e peço-vos que nos auxiliem em nossos trabalhos. Que Sua Força nos sirva de auxílio, crescimento e proteção. E que desabe sobre mim toda vez que Os invocar de forma negativa. Salve Gohb, Rei dos Gnomos! SALVE! Salve Djin, Rei das Salamandras! SALVE! Salve Paralda, Rei dos Silfos! SALVE! Salve Nicksa, Rei das Ondinas! SALVE! Salve o Arcanjo ____ SALVE, que governa nesta época de ____. Salve os Anjos ____ e ____. SALVE! Salve ____. SALVE! Chefe do Signo, eu Vos amo, Vos abençôo e invoco a Vossa proteção. QUE ASSIM SEJA! Salve ____, ____ e ____. SALVE! Salve o Grande Elohim ____. SALVE, a quem invocamos e abençoamos. Salve ____. SALVE, Governante e Senhor de Saturno, a quem solicito o auxílio para os nossos trabalhos. Salve ____ SALVE! Governante desta hora. Carregai-nos com o Vosso Poder. Salve Vo-Ael, que nos envia as visões. SALVE! Salve Samael, o Grande e poderoso espírito da Magia. SALVE! Salve Anael, que nos intui sobre o Universo. SALVE! Salve Zaimel, Guardião eterno do bastão de Moisés. SALVE! Salve ____ e ____ SALVE! A Vós invocamos e abençoamos, pedindo a proteção para nossos trabalhos. QUE ASSIM SEJA! V) PRECE DE CÁRITAS Deus, nosso Pai, que tendes poder e bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade. Deus, dai ao viajor a Estrela Guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso. Pai, dai ao culpado, o arrependimento, dai ao espírito a verdade, dai à criança o Guia, ao órfão o pai. Senhor, que a Vossa bondade se estenda sobre tudo o que criastes. Piedade, meu Deus, para aquele que não Vos conhece, esperança para aquele que sofre. Que a Vossa bondade permita hoje aos espíritos consoladores derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé. Deus! Um raio, uma faísca do Vosso amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber da fonte dessa bondade fecunda e infinita e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. Um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e amor. Como Moisés sobre a montanha, nós esperamos com os braços abertos para Vós, Oh Bondade! Oh Beleza! Oh Perfeição! E queremos, Pai, de alguma sorte, forçar a Vossa misericórdia. Deus, dai-nos a força de ajudar ao progresso a fim de subirmos até Vós. Dai-nos a caridade pura. Dai-nos a fé e a razão. Dai-nos a simplicidade, Pai, que fará de nossas almas o espelho onde se deve refletir a Vossa imagem! QUE ASSIM SEJA! VI) PRECE PESSOAL VII) PRECE AO CABOCLO DO SOL E DA LUA Salve o Caboclo do Sol e da Lua! SALVE! Salve o Caboclo do Sol e da Lua! SALVE! Salve o Caboclo do Sol e da Lua! SALVE! Que a luz do Teu Sol ilumine nosso Eu interior, fazendo-nos elevar até às Consciências Iluminadas dos planos superiores. Que a Tua presença, junto a nós, se faça sentir em cada momento e, que nos guies para o caminho do saber, da humildade e do amor. Que a força do Teu Sol, na união e construção deste Templo, se estenda pelo nosso templo interior, edificando em nossas almas a senda da ascensão, que nos levará à verdadeira felicidade, morada de nosso espírito. Que a Tua Lua resplandeça a força da Tua humildade, trazendo para os nossos corações, o despojamento de todas as imperfeições a que estamos sujeitos. Que esta Lua seja impressa em nosso peito, operando a grande alquimia em nosso ser, fazendo-nos de guardiães da Tua mensagem pura, justa e, acima de tudo, Divina. Caboclo do Sol e da Lua, nosso Guia e Mentor, a Ti dedicamos a nossa abnegação, o nosso despojamento das vaidades terrenas e a renúncia dos prazeres desta hora, para sermos envolvidos pela majestade do Teu amor celestial, a fim de que possamos, como um instrumento da Tua vontade, irradiá-lo a tudo e a todos. E, se por algum motivo, achares que não somos dignos de podermos Te sentir junto a nós, pedimos que não hesites em mostrar-nos o erro, usando do Teu grande e eterno amor. Dando louvores a Ti, nos reverenciamos! SALVE O CABOCLO DO SOL E DA LUA! SALVE O CABOCLO DO SOL E DA LUA! SALVE O CABOCLO DO SOL E DA LUA! VIII) PRECE DOS MÉDIUNS Oh! Deus de amor e misericórdia, dai a nós, médiuns do Templo do Vale do Sol e da Lua, a compreensão perfeita da santidade da missão que nos foi confiada e da responsabilidade que nos cabe no desempenho dessas funções! Deus, nosso Pai, permiti que sintamos fortemente a influência invisível e salutar de nossos Guias e Protetores, a fim de que possamos mais facilmente, eliminar de nossos corações e dos nossos pensamentos todos os maus sentimentos e todas as imperfeições de que se acham imbuídos os nossos espíritos, a fim de que possamos subir até Vós! Bons espíritos, que pela misericórdia de Deus, permaneceis junto a nós, médiuns do Templo do Vale do Sol e da Lua, para nosso consolo, dai-nos um grande amor pelas virtudes! Inspirai-nos tudo que é bom! Afastai de nós os espíritos trevosos e maleficentes a fim de trilharmos o caminho luminoso que pode ser a nossa vida terrena! Virgem Mãe da Terra, rogai a Deus por nós e pelos nossos irmãos desencarnados, que ainda se acham na ignorância, nas trevas e no sofrimento! Jesus, bom e amado Mestre Jesus, permiti que as falanges organizadas que trabalham na prática do bem, possam nos dispensar bastante proteção, para que nossos trabalhos sejam coroados de êxito! Benditas e Louvadas sejam as Forças da Criação! PARA SEMPRE SEJAM LOUVADAS! Salve o Arcanjo Miguel! SALVE! Salve a Ordem dos Templários! SALVE! Salve o Arcanjo Gabriel! SALVE! Salve a Ordem dos Guardiães! SALVE! Salve o Arcanjo Rafael! SALVE! Salve a Ordem dos Hospitalares! SALVE! Salve o Arcanjo Uriel! SALVE! Salve a Ordem dos Tributários! SALVE! Salve todas as Falanges de Umbanda! SALVE! E em nome de Deus Todo Poderoso, de Miguel Arcanjo, de nossos Guias e toda a Egrégora do Templo do Vale do Sol e da Lua, EU ME REVERENCIO PARA A PRÁTICA DO BEM, ASSIM SEJA! IX) SAUDAÇÃO FINAL Neste momento, pedimos a proteção de Miguel Arcanjo e que sua flamejante espada azul possa descer sobre nós! ADONAI MICHAELILLU! ADONAI MICHAELILLU! ADONAI MICHAELILLU! E agora pedimos licença a toda Hierarquia Espiritual de nosso Planeta para dar início aos nossos trabalhos! SALVE A GRANDE HIERARQUIA ESPIRITUAL! SALVE! SALVE TODOS OS ORIXÁS DE UMBANDA! SALVE! SALVE O TEMPLO DO VALE DO SOL E DA LUA! SALVE! X) PONTOS DE ABERTURA Hino à Umbanda: Refletiu a Luz Divina, Em todo seu esplendor, Vem do Reino de Oxalá, Onde há paz e amor. Luz que refletiu na Terra, Luz que refletiu no Mar, Luz que vem lá de Aruanda, Para tudo iluminar. A Umbanda é paz eamor, É um mundo cheio de Luz, É força que nos da vida, E a grandeza nos conduz. Avante Filhos de fé, Como a nossa Lei não há, Levando ao mundo inteiro, A Bandeira de Oxalá. (2x) Hino ao Caboclo do Sol e da Lua: No Oriente distante Onde o Sol despontou Clareou todo o vale Foi XANGÔ quem mandou (2x) Com o cetro da Lua Que alivia a dor Traz a justiça divina Traz a paz do Senhor (2x) Saudação a Hierarquia Espiritual do nosso Planeta: Quem vem, quem vem lá de tão longe São os anjinhos que vêm trabalhar (2x) O dai-me forças, pelo amor de Deus, meu Pai O dai-me forças, aos trabalhos meus Abertura da Gira: Meu Santo Antônio, me abre a gira e fecha a porta. Ô abre a Gira como abre na Aruanda Okê Obá, abrimos com as bênçãos de Oxalá EXPLICAÇÃO SOBRE AS PRECES DE ABERTURA Todo trabalho mágico requer uma preparação. A invocação das Forças não se faz da mesma forma que chamamos a uma pessoa. É preciso que utilizemos as palavras adequadas para invocar a Egrégora que se deseja. Quando invocamos uma determinada Força, temos que ter em nossa mente que é preciso lhe oferecer “assento”. Fazendo uma analogia, quando convidamos uma pessoa à nossa casa, é necessário e educado que lhe ofereçamos acomodações adequadas, a fim de não deixá-la mal acomodada, obrigando-a a partir antes da hora prevista e deixando-a impaciente pelas acomodações inadequadas. Da mesma forma, quando iniciamos um trabalho mágico, é preciso que todas as Forças envolvidas na magia encontrem seu “assento”. Este assento será o responsável pelo sucesso de todo o trabalho. Em Magia denominamos este assento de assentamento das Forças a serem invocadas. É, sem dúvida o momento mais importante para o sucesso dos objetivos a serem alcançados. Cabe esclarecer que todas estas preces têm um caráter exotérico e não esotérico, ou seja, são preces feitas para a participação do público. Outras preces existem para trabalhos velados de magia. A seguir a explicação das bases para o assentamento das Forças invocadas no processo mágico do Templo do Vale do Sol e da Lua. 1) Saudação à Umbanda e a todos os Orixás Como o ritual dos trabalhos está baseado na Umbanda, iniciam-se as preces pela saudação à Umbanda e a todos os seus Orixás com os mantras característicos, oriundos na língua dos povos Yorubás. Os mantras são invocados em seu original em yorubá, a fim de preservar a força mântrica, pois a tradução para o português reduziria, e muito, a força invocatória. Como ilustração, lembramos a grande perda da força no ritual católico quando é abolida a língua latina. Os mantras devem ser preservados na sua língua de origem, pois ali reside a grande força. 2) Introdutória Uma pequena prece inicia fazendo menção ao motivo pelo qual estamos reunidos. É a abertura da “janela” do mundo astral. O Assim Seja! substitui o Amém, originado no Egito Antigo, da palavra do Deus Amon, o Oculto. 3) Oração a São Francisco de Assis (ou Mestre Kut Humi, ocupando o cargo de Instrutor do Mundo na Hierarquia espiritual) É o paraninfo do Templo do Vale do Sol e da Lua. É uma espécie de padrinho, que em qualquer momento está pronto a estender suas bênçãos sobre nossos trabalhos. 4) Saudações Aqui é o momento mais importante em toda a prece É aqui que iremos invocar as Forças envolvidas na Magia. Inicia-se pela invocação de Melkezedeque, o responsável por toda a humanidade. Aquele que vela por todos nós. Melkezedeque é também conhecido por Sanati Kumara, o maior de todos os Kumaras, seres venuzianos, dos quais Lúcifer, o portador da Luz, faz parte. Em seguida, fazemos a invocação do Senhor do Mundo, grau imediatamente abaixo na hierarquia espiritual, ocupado, atualmente, pelo Grande Avatar Gautama que veio a tornar-se um Buddha. A saudação ao Mestre Saint Germain, Chohan (palavra sânscrita que designa Mestre) do Sétimo Raio e dirigente da Luz Violeta para o mundo é feita a seguir, uma vez que, nenhum trabalho de Magia deve ser realizado sem a invocação deste Mestre, considerado o Senhor da Magia, regente da Luz Violeta (o mesmo que Chama Violeta e o mesmo que a Força de Omulu) para nosso planeta. Como o Sétimo Raio, ou a Sétima Força é a regente da Magia, a invocação deste Mestre é necessária. O Raio Violeta, ou Omulu é o grande poder de transformação. Omulu é o Orixá da transformação, oriundo no néther egípcio Anúbis, o deus da transformação e do embalsamamento. Todo trabalho mágico, em última análise, requer a transformação de alguma coisa em outra. Quando invocamos o Mestre e não a Força somente, estamos aceitando nossa incapacidade de discernir entre o certo e o errado. Nossa visão parcial do mundo não nos permite fazer julgamentos. Somente um ser na condição de um Mestre pode realizar tal julgamento sobre o que pode e o que não pode ser feito. O Raio Violeta, através de seu poder de transformação, é invocado a fim de que realize a maior de todas as transformações em um trabalho de Magia, qual seja, a transformação de nosso Ego pessoal em nosso Eu Superior. Em outras palavras, a transmutação de nossa personalidade, com todos os nossos desejos e instintos, na mais pura ligação com as coisas divinas. É a própria exposição do coração do Mestre Jesus. A seguir são feitas as invocações da Hierarquia Angelical e da Hierarquia Elemental. Lembrando que são três as Hierarquias que compõem nosso Sistema Solar: Hominal, Angelical e Elemental, ou em outras palavras, dos homens, dos anjos e dos elementais (da terra, da água, do ar e do fogo). Estas três Hierarquias são saudadas. A Hominal, na figura do Mestre Saint Germain. Correspondendo ao Raio da Magia, fazemos a invocação do Arcanjo Ezequiel, dirigente deste Raio, pela hierarquia Angelical e do Elohim Arcturos, dirigente deste raio pela hierarquia Elemental. Quando utilizamos as palavras “eu vos amo e vos abençôo” significa que, naquele momento, o dirigente, através de seu Eu Superior, faz a saudação àqueles seres. Não é uma saudação feita de um ego comum para uma divindade. É uma saudação feita do Deus que existe em mim para o Deus que está em vós. O restante da frase está bastante claro. O agradecimento, assim como os pedidos, são feitos sempre para mim e para toda a humanidade, pois assim, estaremos realizando a verdadeira Magia Branca, altruísta e não a Magia Negra egoísta. Sempre as palavras Assim Seja tem o significado no Amém que tem sua origem no deus Amom egípcio, conhecido como Aquele que está oculto. A seguir vem a saudação a toda a Hierarquia Elemental. Esta Hierarquia tem uma saudação especial nas preces, uma vez que é a Hierarquia responsável pelos meios necessários a todo o trabalho mágico. Eles colocam todo o “material” necessário à consecução da magia. Fazendo uma analogia, não importa que tenhamos uma excelente cozinheira e um excelente fogão. Sem a matéria prima, que são os alimentos, nada pode ser feito. Nesta invocação percebe-se, novamente, uma certa dose de autoritarismo. Em Magia a palavra deve ser forte o suficiente para mostrar nossos propósitos sinceros de ajudar o próximo. Sempre é feito o pedido. Porém, caso percebam que nossos propósitos não condizem com os propósitos de elevação de toda a humanidade, com certeza, não virão em nosso amparo. Quando é dito que Sua Força haverá de nos trazer o crescimento, auxílio e proteção, devemos, por outro lado, dizer o que pode ser feito caso não cumpramos nossa promessa. Como estes seres só trabalham para o crescimento da humanidade, devemos fazer um pacto de compromisso, para quando não cumprirmos com as promessas. Devemos oferecer nossa própria vida quando não cumprirmos o pacto. Daí as palavras “que desabe sobre mim”. Estas palavras são ditas somente pelo oficiante e não por todos. São realizadas as invocações dos seres referentes aos quatro elementos: Gnomos, do elemento Terra, Djin, do elemento Fogo,Paralda, do elemento Ar e Nicksa, do elemento Água. Estes Reis ocupam um lugar especial nesta Hierarquia Elemental. A partir daqui serão realizadas as invocações referentes ao dia e a época em que a magia está sendo realizada. O ano é dividido em quatro estações. São os quatro grandes momentos mágicos. Cada estação tem um nome mágico, oriundo da Kabalah, que vem a ser uma das duas grandes Escolas de Magia, sendo a outra a Oriental. Como estamos no Ocidente, utilizamos a magia kabalística, fonte de todas as artes mágicas. A Kabalah tem a sua origem no Egito Antigo, berço de Moisés, criado pelos sacerdotes egípcios. O ano é dividido em vários períodos governados, cada um, por uma Potência Angelical. Iniciamos pela invocação do Arcanjo responsável pelo período e da época do ano. Cada época tem os Anjos responsáveis. A seguir é realizada a invocação do Chefe do Signo. Este Senhor é o responsável pelo escudo representativo da estação do ano em que nos encontramos. Agora virão as saudações pelo dia em que a magia se realiza. Inicia-se pela saudação a Ezequiel, da Hierarquia Angelical, Senhor de Saturno, uma vez que nossos trabalhos são realizados no sábado, dia consagrado a Saturno. Depois o Arcanjo regente da hora em que os trabalhos se iniciam, pois que cada hora é regida por uma Força e a cada Força um Arcanjo correspondente. Depois a saudação a outras Forças, igualmente importantes nos trabalhos de Magia. Por último, porém não menos importante, os Gênios tutelares do dia, no caso o sábado. 5) Prece de Cáritas A Prece de Cáritas é aqui inserida por dois motivos. O primeiro, é uma forma de abrandar um pouco todas as invocações realizadas. Ou melhor, é uma forma de “jogar” um pouco de água a tanto fogo invocado. Segundo, é, talvez, a mais conhecida de todas as orações não-católicas de nosso mundo tão influenciado pela Tradição Católica. 6) Prece Pessoal Aqui fazemos a invocação de todas as falanges da Umbanda, ressaltando a importância do Povo Trabalhador (Falange de Exu) que dá a sustentação necessária a todo o trabalho. É realizado um pequeno movimento com as mãos, mostrando a natureza telúrica desta grande Falange. 7) Prece ao Caboclo do Sol e da Lua Aqui é feita, através de Sua prece, a invocação do Guia Mentor da Casa onde se realizam os trabalhos. 8 ) Prece dos Médiuns Aqui é lembrado, através desta prece, a importante missão dos médiuns na Umbanda. Na maioria das vezes esquecem-se do caráter sacerdotal que tem um médium, julgando serem simples medianeiros entre os “deuses” e os homens. 9) Saudação Final Finalmente, com a invocação do Arcanjo Miguel, de nome místico Michael e utilizando-se do Seu mantra, estamos colocando em Suas mãos o destino de nossa Magia. Michael é o nosso grande guardião kármico. É Ele que eleva nosso eu inferior em contato com as grandes Potências. A seguir vem a saudação da Grande Hirarquia Espiritual do nosso Planetal que engloba todos os seres que, independente de credo, cor, religião ou qualquer outra qualidade distintiva da embotada mente humana, trabalha na elevação de nosso planeta e de nossas mentes ao encontro do Grande Criador. 10) Pontos de Abertura Característicos da Umbanda e de seu ritual. EXUS, POMBAGIRAS E CIGANOS. Também conhecida como Falange do Povo Trabalhador, são os grandes mensageiros do astral. Fazem a ligação entre os diversos planos, tanto da espiritualidade como o físico. São os Grandes Guardiões de todo o nosso processo kármico enquanto estivermos encarnados. As Entidades que aqui se apresentam são chamadas de Exu, no caso de Entidade masculina, e Pombagira, no caso de Entidade feminina. Costuma-se dizer que “sem Exu não se faz nada”. São eles que abrem os caminhos e destravam todas as encruzilhadas de nossa vida. São as Entidades que assumem uma forma mais facilmente identificada com nossa face mais oculta e essencial, sendo, por isso, sentidos tão próximos a nós. A Falange de Exu recebe, em nossa Umbanda, a influência da força do Orixá Exu do Candomblé, no caso da tradição Nagô, ou do Inquice Pumbo Ingila, no caso da tradição de Angola. Dessas influências advém os títulos dados a essas Entidades. Assumem, dessa forma, quando utilizam um corpo astral, qualidades semelhantes às daquelas forças enquanto princípio da comunicação, da fecundidade e tudo que diz respeito ao que há de telúrico em todos nós. Exu e Pombagira lidam magistralmente com nossas questões de cunho sexual e relacional como, por exemplo, relacionamentos afetivos, mas também empresariais ou financeiros. Como todas as Entidades, não encontram limitações em seus campos de atuação, mas podemos perceber a facilidade com a qual nos iluminam em questões bastante humanas. Estão voltados, principalmente, para o tripé básico de sustentação de qualquer ser humano encarnado: amor, saúde e trabalho. Entendem como ninguém nossas necessidades mais básicas e todas as nossas carências. Ajudam em todo o nosso processo evolutivo enquanto estivermos encarnados. Assumem muitas vezes a forma de prostitutas ou de bêbados e malandros alinhando-se, assim, ao arquétipo do que há de mais telúrico em nossa raça humana. Vemos também, aqui, a tendência da Umbanda de santificar todos os excluídos da sociedade, nos igualando perante a Divindade. De que outra forma poderiam estabelecer uma relação direta com nossa condição humana? Não podemos, no entanto, tomar de forma limitada e preconceituosa essa roupagem e passar a achar que os seres de elevada espiritualidade que se apresentam à nossa frente seriam vagabundos ou espíritos de baixa moral. Há também a facilidade desses seres em tomar corpos muito astralizados, ou seja, carregados de muita emoção, facilitando, assim, o processo de incorporação. Quando olharem para uma Pombagira e questionarem a moral e a ética por ela demonstradas, devem buscar a correta compreensão da imagem retratada, fugindo da ignorância do cão que, deparado com seu reflexo no espelho, o ataca ou dele foge com medo. O tridente carregado simbolicamente por Exu é o símbolo de Netuno, Poseidon e ainda de Shiva. Representa o equilíbrio das três Forças Básicas Universais. É o domínio dos quatro elementos (as três forças cósmicas e a força telúrica que vem representada pela haste). Além disto, o Tridente de Exu apresenta a Suástica na sua haste. A Suástica é o símbolo de todo o processo de vida e renovação do planeta ou de qualquer sistema e tem seu simbolismo enraizado na tradição hinduísta. É o construir e o destruir sucessivos. Concluímos, então, que Exu carrega o processo de Criação e Renovação do Mundo. Não pode, o rico simbolismo da suástica hinduísta, ceder frente aos abusos que foram cometidos por homens que a utilizaram como estandarte. O movimento nazista e neonazista assumiram a suástica para si mas suas breves décadas de mau uso não poderiam invalidar milênios de força simbólica. Aqui também temos uma forte lição: a força desses símbolos é tão marcante que não pode, o homem tomado por sentimentos pouco nobres, utilizá-los com sucesso por muito tempo. Cabem a Eles zelar por nosso desenvolvimento material ajudando-nos a viver corretamente dentro dos parâmetros da Lei. São as Entidades mais próximas, em sua forma, ao nosso plano terrestre, no qual ocorre toda a evolução. Não se iluda o buscador menosprezando o valor do telúrico em detrimento do cósmico. Não pode saltar em direção às alturas aquele que não tem os pés bem fincados no chão, assim como a árvore mais frondosa precisa fincar-se ao solo com raízes bem profundas para não ceder ante a primeira rajada de vento. E ninguém senão os Exus são os Senhores do chão, ensinando-nos a posição que devem tomar nossos pés em nossa caminhada rumo ao Todo. Exu e Pombagira são Entidades altamente disciplinadas, jamais quebram a hierarquia, sendo de altíssima espiritualidade. São os nossos GrandesProtetores. Acodem-nos em qualquer momento e em qualquer lugar. São os grandes guardiões de nossa saúde, da nossa emoção e do nosso psiquísmo. Não há evolução sem a força de Exu ou Pombagira. Eles têm consciência plena de todos os seus atos. São Entidades que vêm ao plano terrestre para trabalhar positivamente. Não se deixam manipular por quem quer que seja. Apresentam-se de modo incomparavelmente bonito. As imagens que são colocadas à venda não têm nada da verdadeira beleza de Exu e Pombagira, mas representam, simbolicamente, com seus chifres e os pés de bode, a dualidade do cérebro e a nossa parte mais telúrica, respectivamente. São as Entidades mais belas que existem. Não ameaçam ninguém, nem, muito menos, são “compráveis”. Não exigem nada de ninguém. Não representam o diabo cristão. Utilizam as cores preto e vermelho que são as suas cores básicas, representando o elemento terra e a qualidade da comunicação, respectivamente, podendo usar, também, as cores correspondentes ao Orixá ao qual estão ligados ou qualquer outra que se preste aos objetivos dos seus trabalhos. Sabem manipular todos os elementos, cores, sons e trabalham sempre visando o bem de toda a humanidade. O Povo Trabalhador bifurca a sua vibração em dois tipos de energia: Encruzilhada e Kalunga. A encruzilhada manuseia a vibração em qualquer habitat da natureza, na interseção dos caminhos das praias, matas, estradas ou rios. A Kalunga dirige seus trabalhos para saúde, transformação ou transmutação. Não significa que todo Exu de Kalunga seja de Omolu ou de Nanã, Orixás que tem vibração ligada à Kalunga, os cemitérios. Dentro da linha de Kalunga temos Exus e Pombagiras de Xangô, Oxóssi, Yansã e todos os outros Orixás. O trabalho da Kalunga é mais sutil, mais interior. Já o trabalho de Encruzilhada pode ter qualquer fim. As encruzilhadas para os trabalhos dessa linha devem ser de barro, pois o asfalto funciona como isolante, prejudicando os trabalhos. Nessa Falange temos a presença de reis, sacerdotes, padres, médicos, entre outros. Sendo a Falange mais flexível da nossa Umbanda, normalmente nela se manifestam toda sorte de Falanges que podem ainda não desenvolver um trabalho próprio mas que não poderiam ser consideradas Exus ou Pombagiras. Esses seriam os casos do Povo Cigano, da Malandragem, do Povo da Estrada, dos Marinheiros, Boiadeiros, Mineiros, Baianos, enfim, Entidades que ainda não tem um ritual voltado, em nossa Casa, exclusivamente para a sua Falange mas que assumem características próprias em relação à sua forma de trabalho e mesmo de roupagem astral. Acabam sendo englobadas na Falange de Povo Trabalhador sem prejuízo dos trabalhos, uma vez que essa Falange não estabelece uma forma rígida de trabalho e sendo, por isso, considerada a mais flexível dentro da nossa ritualística. Origem do nome Esú (esfera) e Pombagira (Pumbo Injila ou Bombogira) são nomes, respectivamente, do Orixá (ketu) e Inquice (Angola) cujas características de comunicação e ligações com o Plano Telúrico fizeram com que nossa Umbanda utilizasse o mesmo nome para designar Falanges cujos trabalhos têm características arquetípicas semelhantes às dessas forças da Natureza. Mantra Laróye Esú (Salve Exú!); Exu Mojubá! (Senhor Exu, meus respeitos!); Gira girê Pombagira! Qualidade divina São os senhores da comunicação e da grande plasticidade do mundo astral. Instrumento/Insígnia Tridente, leque, baralho seriam alguns exemplos Astro canalizador Mercúrio Fase lunar Qualquer fase lunar Campo de ressonância Encruzilhadas e cemitérios Cor Vermelho, preto, dourado Número 1, 7 ou qualquer número par Flores Rosas vermelhas ou de qualquer cor, Cravos vermelhos, flores vermelhas em geral. Essências Cedro (Exu da Kalunga), Patchouli (Pombagira da Kalunga), Canela (Exu da Encruzilhada), Rosa vermelha ou verbena (Pombagira da Encruzilhada) Imãs (comida) Farofa de dendê e cachaça, alho, cebola, pimenta malagueta (Exu) ou dedo-de- moça (Pombagira) Libação (bebida) Cachaça (marafo), bebidas alcoólicas em geral Metal Ferro Pedra Pedra-cruz Datas comemorativas Todo o período do carnaval e 13 de junho Dia da semana Segunda-feira Horário vibratório 21h às 6h e 12h Exemplo de mandala Oferecer um pote com farofa (mistura de farinha com cachaça e dendê), decorado com pimenta, rodelas de cebola e regado com dendê. Ladear com uma vela branca, vermelha ou preta. Oferecer também um copinho com cachaça CABOCLOS. A Falange dos Caboclos agrupa seres que dirigem seu trabalho para o crescimento do nível de consciência das pessoas, fazendo-as ir de encontro à sua espiritualidade. Instigam a coragem no ser humano, fazendo-os lembrar que têm o direito à felicidade e ao amor. Que o ser humano nasce para ser próspero e feliz e que, somente pelo amor, serão capazes de realizar este intento. Quem, se não tiver coragem, se lançará no entendimento e busca de sua porção mais divina? É justamente esta coragem e esta determinação que esses grandes seres nos passam. Qualquer Caboclo, tenha ele a forma aparente de um índio, ou seja, revestindo-se de um corpo astral de índio para sua manifestação, tenha a forma de um sacerdote, médico ou qualquer outro grande ser dedicado à espiritualização de nossa humanidade, poderá participar desta Falange por nós denominada de Falange dos Caboclos, uma forma alegórica de mostrar toda a sua coragem ao enfrentar qualquer dificuldade e toda sorte de situações que poderiam nos fazer baixar a cabeça. Os Caboclos, atuando principalmente sobre o chakra cardíaco do médium, lhe conferem uma postura esguia que pode ser traduzida, ao leigo, como de arrogância e prepotência. É claro que estes grandes seres da espiritualidade não possuem esse tipo de arrogância tipicamente humana. Possuem, no entanto, a postura altiva dos que, de modo determinado, com disciplina e rigor, perseguem seus objetivos de despertar para a espiritualidade, avivando a partícula divina que habita no coração de cada ser humano. Esta Falange, no seu processo de ajuda à humanidade, nos incute a beleza da fé e de um mundo onde a paz convive no coração de todos. São os grandes doutores da trilha que, cada um de nós, mais cedo ou mais tarde, haverá de percorrer rumo ao encontro de Deus. Encontramos, na forma de Caboclos, uma grande variedade de seres como médicos, sacerdotes, além de todos aqueles que, não tendo um título que os designe, trabalham pela sutilização da humanidade para o encontro de Deus. Encontram grande ressonância com os trabalhos de cura de nossos corpos físico e psíquico e nos ensinam a não ceder frente às aparentes dificuldades ou doenças, sempre enfrentando tudo com o peito aberto. O índio brasileiro define muito bem esta Falange. E é, por este motivo, o símbolo maior deste agrupamento. O índio brasileiro, com sua destemida e divina arrogância no trato com o colonizador português, resistindo ao máximo por amor, acima de qualquer coisa, à sua liberdade, define, perfeitamente, estes grandes seres. É necessário ser livre para pensar, ser livre em todas as escolhas que a vida nos proporciona, para que, com toda a coragem, tomemos a estrada que nos levará à verdadeira felicidade, morada de nossos espíritos. A Falange dos Caboclos e Caboclas é a mais representativa da busca do pequeno ego humano que se esforça em seu crescimento para alcançar a Divindade, transmutando toda a sua energia em combustível para o desabrochar do Eu Superior. Origem do nome Sua apresentação na forma de índios mas com pleno conhecimento de nossa cultura e nossa língua trouxe essa denominação, a mesma dada aos nativos pré- colombianos que já se adaptavam à cultura do homem branco. Mantra Okê Caboclo! (Salve os Caboclos, aqueles que brandam!) Qualidade divina Representam a coragem, a desenvoltura e o desenvolvimento do psiquismo que deveriam servirde exemplo para todos nós. Instrumento/Insígnia O arco e flecha, a lança e o cocar seriam alguns exemplos Astro canalizador Depende do Orixá ao qual o Caboclo vem ligado Fase lunar Qualquer fase lunar Campo de ressonância Florestas e matas Cor Verde, branco e vermelho Número 6 Flores Flores brancas e vermelhas em geral mas também qualquer tipo de flor. Essências Eucalipto (Caboclos) e pinho (Caboclas) Imãs (comida) Frutas em geral, milho, mel Libação (bebida) Água de coco, sucos de frutas Metal Depende do Orixá ao qual está ligado Pedra Quartzo verde Datas comemorativas 20 de janeiro Dia da semana Todos os dias da semana Horário vibratório Todos os horários Exemplo de mandala Oferecer um prato de frutas regadas com mel. Decorar com flores e ladear com um potinho com água de coco e uma vela verde. PRETOS VELHOS. A Falange dos Pretos-Velhos, tão querida dentro da Umbanda e, talvez, a que melhor a represente, tem como característica principal a humildade em seus trabalhos. São seres que, apesar do altíssimo grau de espiritualidade, curvam-se diante de nós, em profundo ato de humildade e respeito. São considerados grandes Magos e são capazes de realizar muitos trabalhos envolvendo a cura. Entendem, como ninguém, a carência dos seres humanos, sua necessidade de ter um colo amigo onde possam chorar suas mágoas e tristezas. É com os Pretos- Velhos que a Umbanda se manifesta em toda a sua grandeza, pois foram estes mesmos “velhos” que a fizeram renascer em nossas terras. Reverenciados como as Almas Santas, Sagradas e Benditas, assumem um domínio por todo o campo astral. Assim, questões emocionais envolvendo, por exemplo, família e relacionamentos, ou ainda, superação de dificuldades emocionais como a morte de um ente querido são bem compreendidas por estes seres. É a eles que apelamos para guiar as almas desencarnadas em seu caminho até o plano divino e são eles que assumem a difícil função de receber e reconfortar aqueles que se acham nas trevas e na ignorância, em nosso plano físico ou mesmo já no plano astral. O trabalho dessa Falange está direcionado, em sentido amplo, para a sutilização desse plano astral de nosso planeta Terra. Explicando melhor, esse plano, com todas as nossas práticas danosas de desrespeito à Mãe Natureza, vem, a cada dia, sendo marcado com uma energia prejudicial ao nosso desenvolvimento espiritual. Além disto, todo e qualquer pensamento de desamor, mágoa, ciúme, ódio e todos os maus sentimentos que guardamos em nosso peito, contribuem para a formação dessas energias nesse plano, que geram, como reflexo, uma grande influência nos corpos astrais de todos aqueles que habitam nosso planeta. O derramamento de sangue pelas guerras horrendas contribui, em muito, para aumentar, ainda mais, a densificação desse plano tão importante para nosso desenvolvimento espiritual. São estes queridos Pretos-Velhos os grandes guardiões do Astral. São eles que nos protegem em todos os trabalhos de magia. São eles que velam pelas milhares de almas que, a cada dia, deixam o corpo de carne para despertarem no plano astral. São eles, enfim, que tanto ajudam no processo de sutilização deste plano tanto no sentido amplo, englobando todo nosso planeta, como no sentido estrito, ou seja, tomando cada um de nós em seu colo e acalmando nossas emoções no momento em que mais precisamos. Enquanto houver uma energia que seja maculando este Mundo Astral, ali haverá, com certeza, um Preto-Velho a cuidar para que esta mácula seja retirada, sutilizando-a no Amor Universal e Incondicional. Exemplo claro dessa dedicação pode ser visto na prece conhecida como “As sete lágrimas de um preto-velho”, modelo modificado do original exposto por Matta e Silva chamado então “As sete lágrimas do Pai-preto”1. É através do negro escravo, dentro das senzalas brasileiras, que o culto aos Orixás ganha força. Mais tarde, esse culto iria ganhar identidade própria e, deixando-se influenciar pelas mais diversas Tradições, iria surgir com uma nova ritualística, onde a cultura do negro, do branco, do índio e do oriental se manifestariam na mais perfeita harmonia, sem que uma pudesse sobrepujar a outra, todas coexistindo de forma a oferecer mais um caminho para o despertar humano. Foi na humildade do negro, que se inicia todo este processo de resgate, que a Umbanda encontra seu maior alicerce. Assim poderíamos definir esta grande Falange: através da humildade de seus integrantes. São eles que se curvam perante o ser humano já tão cansado com seus problemas cotidianos, mostrando que sempre haverá de brilhar a luz da esperança no coração de almas tão calejadas por qualquer tipo de sofrimento. Na incorporação, esses grandes seres curvam o corpo do médium, em uma tentativa de aproximar, o máximo que puderem, o chakra raiz do médium, localizado na região do esfíncter, com o chakra frontal, localizado entre as sobrancelhas, unindo, desta forma, a energia da Mãe Terra com a força da mente do Homem superior. Essas duas energias unidas levam o processo mágico ao seu ponto de aproveitamento total. O trabalho dessa Falange está revestido pelo grande amor que dedicam ao nosso planeta e à nossa humanidade. Quem, tendo tido a maravilhosa experiência de estar em frente a um Preto-Velho, não haveria de se lembrar do carinho e do afago que jamais saem de nossa lembrança. E esses seres, grandes Magos que são, humildemente se curvam perante nós, nos ensinando que somente pela humildade pode a Divindade ser despertada em nossos corações. Origem do nome O nome dessa Falange, uma das mais tradicionais na nossa Umbanda, foi tomando forma ao longo da história da nossa religião. Chamados também de Pais Pretos e Mães Pretas, Santas Almas, Povo do Cativeiro, entre outros. Mantra Adorei as Almas! ou Salve as Almas Santas, Sagradas e Benditas! Qualidade divina Representam a humildade que devemos ter perante a Divindade Instrumento/Insígnia Cachimbo e cajado são dois exemplos típicos Astro Canalizador Saturno e Lua Fase Lunar Qualquer fase lunar Campo de Ressonância Cemitérios, cruzeiros, águas profundas Cor Preto e Branco Número 13 Flores Rosa branca e flores brancas em geral Essências Junquilho e Rosa branca (Pretas-Velhas), Alecrim (Pretos-Velhos) Imãs (comida) Bolo de milho, pão de milho, mingau de arroz (chamado mingau das almas) Libação (bebida) Vinho tinto e café preto Metal Chumbo Pedra Obsidiana floco-de-neve Datas comemorativas 13 de maio Dia da semana Segunda-feira Ervas Arruda, guiné piu-piu, aroeira, alfazema, rosa branca, alecrim, manjericão. Horário Vibratório 18h às 6h Exemplo de Mandala Oferecer um pote mingau das almas enfeitado com 13 galhos de arruda. Ladear com uma xícara de café e uma vela branca. CRIANÇAS A Falange das Crianças, com toda a expressão da alegria, são os renascidos para a espiritualidade. São crianças na simplicidade das palavras, mas demonstram profunda sabedoria em seus ensinamentos. São considerados os seres de mais alta espiritualidade com os quais mantemos contato. A Falange das Crianças é talvez uma das mais incompreendidas Falanges da Umbanda. Apesar de se apresentarem com a roupagem fluídica de crianças, trazem dessas somente a pureza e a alegria contagiante. Na verdade são os grandes Magos do Universo. Foram grandes Sacerdotes quando de suas encarnações na Terra. Como já mencionamos, a Entidade não possui um corpo astral, ela precisa assumir esse corpo para o processo de incorporação. Assim, ela busca na matéria do campo astral o material de que necessita para esse processo. Realiza esse intrincado passo retirando do próprio médium matéria astral, bem como vai buscar em um dos corpos astrais de uma de suas últimas encarnações o fluído de que necessita para o processo de incorporação. Dessa forma passamosa entender o porquê destas Entidades se apresentarem como crianças. Escolheram esta forma por representar melhor a energia que elas manipulam, ou melhor, que elas emitem. Criança significa alegria e pureza, qualidades fundamentais para quem quer que deseje trilhar o caminho da alta espiritualidade. Por outro lado, no processo de incorporação, a energia desta Falange penetra em grande parte pelo chakra laríngeo, fazendo com que o médium modifique a voz, afinando-a. Além disto, também durante o processo de incorporação, acontece um fato bastante peculiar a esta Falange. Normalmente durante a incorporação, a energia da Entidade penetra por um ou mais de um chakra, resultando em um processo bem definido de incorporação. No caso da Falange das Crianças o processo é diferente, penetrando a energia por um dado chakra, mas sofrendo um processo de dispersão por todo o corpo, fazendo com que o médium assuma uma postura inquieta, movimentando todo o corpo com extrema leveza e até mesmo saltitando ou dançando. Daí resulta toda a má interpretação que diversos médiuns, infelizmente, dão a esta poderosíssima Falange. Entendem-na como criancinhas despreparadas, infantis, choronas, brigonas às vezes, indolentes, simplórias em seus trabalhos e, o que é o pior, comilonas e bagunceiras. Percebemos, assim, que lhes são atribuídas todas as qualidades negativas das crianças de nosso mundo. Mas não é nada disto que realmente ocorre. As Crianças fazem parte de uma Falange, atuando com poder incomparável. Nossa Umbanda costuma dizer que o que uma Criança não puder realizar, nenhuma outra Falange realizará. Não possuem aquelas qualidades negativas que lhes são atribuídas como resultado de tanta má compreensão e confusão. Nenhuma Criança é comilona. Seria impossível, do ponto de vista do processo de incorporação, um médium comer compulsivamente como tantas vezes é visto. Quando da incorporação, principalmente da Falange das Crianças, fecha-se a glote do médium, não permitindo que sejam ingeridas grandes quantidades de doces ou outros alimentos. Somente pequenas quantidades de doces podem ser ingeridas, até pela contribuição do açúcar para o equilíbrio energético do médium. Assim, vemos que os líquidos têm mais facilidade de ingestão que os doces sólidos neste processo. Muito cuidado deve ser tido, pois a forma como esse trabalho é desenvolvido pode gerar, no médium despreparado, a confusão da influência mediúnica com os impulsos de sua criança interior. Os dois devem ser explorados em momentos devidos, mas o segundo não tem lugar num ritual umbandista. O desejo de brincar, comer doces e interagir de forma infantil não podem interferir no processo mediúnico. Isso prejudicaria o médium, mas ainda mais aqueles que dele dependem na busca espiritual, como as pessoas da assistência. Cabe ao Babalorixá realizar a perfeita formação do médium, ensinando a esse a diferença entre a sua criança interior, que não deve se manifestar num ritual religioso, e a Criança-Entidade, ser de elevada espiritualidade. Quanto ao tipo de trabalho que estas tão valorosas Entidades realizam, também é bastante mal compreendido por todos podendo ser visto de maneira bastante simplória. Não devemos nunca confundir simploriedade com simplicidade. Muitas vezes um gesto simples pode realizar muito e muitas das brincadeiras infantis incluem esses gestos aparentemente simplórios, mas carregados de grande força. Sendo os grandes Magos do Universo, seus trabalhos não precisam de muita parafernália. Dominam todas as artes da Magia. Dominam todos os elementos. Sabem como invocar e, até mesmo evocar, todos os seres que necessitam para ajuda em seus trabalhos. Esta falange trabalha com dois elementos básicos na sua arte mágica: a alegria contagiante que aflora de dentro do coração e se expande pela mente; e a simplicidade em tudo o que fazem, principalmente, em suas mensagens altamente espiritualizadas e singelas, mas com profundo senso de amor e alegria, trazendo para o consulente a certeza de dias melhores, retirando do coração das pessoas a mágoa, rancor e tristezas que são os grandes entraves na busca da felicidade. Por sua poderosíssima força, esta Falange é bastante considerada em todos os trabalhos. Sendo uma Falange que lida com uma manifestação bastante sutil, certos trabalhos de “limpeza”, serão preferencialmente assumidos por outras Falanges. Daí vermos, em nossa Casa, a invocação de outras Falanges para o “fechamento” dos trabalhos. A Criança, quando realiza o seu trabalho, no momento do passe, simplesmente retira o que pode estar atrapalhando a vida de uma pessoa, mas não conduz o que foi retirado para o devido lugar no plano físico. Como se retirasse e deixasse em um canto. Precisa, pois, de um “grupo especializado” como os Boiadeiros ou os Marinheiros para levar o que foi retirado para o seu devido lugar. É preciso se despir de todos os preconceitos, tirar todas as mágoas e ódios do coração para encontrar o reino dos Céus. Dessa forma, é preciso voltar a ser criança, como nos ensinou Mestre Jesus, para encontrarmos o verdadeiro caminho da espiritualidade. Origem do nome Ibeiji é o nome dos Orixás gêmeos da mitologia yorubá. Seriam filhos de Oxum ou de Yansã e alguns mitos ainda citam um terceiro irmão, que muitos relacionam com a figura de Doum. Representam, assim, a energia das crianças que essas Entidades manifestam. Mantra Oni Ibeijada! (Ó ní, ele fala; ou seja, As Crianças Falam!) Qualidade divina Representam a alegria sem a qual não se ascende aos planos superiores conforme o próprio ensinamento do Mestre Jesus em Lucas 18:15-17 Astro canalizador Sol Fase lunar Qualquer fase lunar Campo de ressonância Jardins, rios, mar, matas, cachoeiras Cor Rosa e azul claro Número 2 Flores Rosas cor-de-rosa e flores do campo Essências Maçã verde Imãs (comida) Doces em geral Libação (bebida) Guaraná ou qualquer bebida doce não-alcoólica Metal Mica Pedra Quartzo rosa Datas comemorativas 27 de setembro Dia da semana Domingo Ervas Alecrim, manjericão, alfazema, rosa branca, boldo. Horário vibratório 6h às 18h (entre o nascer-do-Sol e por-do-Sol) EXU Dedicamos um culto e uma compreensão especiais a Exu, que nos veio do Candomblé se destacando em importância em nossa Umbanda de tal forma que teve seu entendimento ainda mais dividido para possibilitar um enfoque em devida concordância com o resto do ritual A caracterização antropomórfica do Orixá Exu africano acabou sendo absorvida pela nossa religião em seu início como designação de uma Falange que se apresentava nos mesmos moldes arquetípicos que o mencionado Orixá. Não se tratava de um Orixá, mas tão somente da utilização do mesmo nome. Como o Orixá Exu representa a Força que mantém a Criação em sua dinâmica, não pode atuar de forma parcial ou mesmo de forma constante num mesmo sentido. Diferente de outros Orixás que tendem à apresentação de padrões e arquétipos bem definidos, Exu representa exatamente a quebra do pré-definido, a subversão da ordem estabelecida, entre outras funções essenciais ao pleno funcionamento do Cosmo. Não podemos nos deixar levar por possíveis ecos de uma criação cristã que tudo divide em certo e errado; bom e ruim; bem e mal. Não há luz sem sombra. Não há amargo sem doce. As polaridades são simplesmente indispensáveis. Iludido é o religioso que acredita só atuar em um sentido. Aquele que só olha para a luz, esquece a importância da sombra. Enquanto estivermos completamente subjugados pela dicotomia terrena, impossível será a caminhada espiritual legítima. Aproveitamos para rejeitar aqui qualquer comparação entre esta grande força da criação e o conceito cristão de diabo ou Satanás. Como nos ensina o professor Beniste: “Na cultura yorubá, como nos Candomblés Kétu, não há nenhuma divindade que se assemelhe aodiabo ou o demônio dos cristãos.” Enquanto este está em constante oposição ao Deus cristão, o Deus yorubá tem em Esu um servo fiel, com a função de informante dos acontecimentos diários na Terra.”¹ A satanização de Exu se dá na mesma linha de raciocínio empregada pelas religiões que se propõe à dominação religiosa e afirmação de sua supremacia pelo descrédito das crenças e dos deuses das outras religiões. Rejeitamos ainda a divisão comumente aplicada de nossa religião em umbanda e quimbanda, sendo a primeira representante do bem e a segunda do mal, pensamento claramente afetado por forte carga de religiosidade cristã mal compreendida. Tanto o bem como o mal são partes indivisíveis de Deus. Não haveria Criação ou criado sem os opostos. Acrescentamos ainda que o mundo dos opostos, conforme nos ensina brilhantemente a doutrina budista, é exatamente o que se encontra entre nós e a Plena Realização espiritual. Enquanto estivermos presos a julgamentos de valores mesquinhos e parciais, continuaremos presos à esta realidade. Como duas faces da mesma moeda, se escolhemos só realizar o denso, nos esquecendo do sutil, permaneceremos com uma das metades da realidade, presos ao cativeiro da parcialidade e da ignorância. Seria o deus Mercúrio na tradição européia, por exemplo. Como os deuses e os humanos não habitam o mesmo plano, deve-se sempre louvar a força responsável por deslocar do mundo dos homens em direção ao mundo dos deuses, qualquer pedido de intervenção desejado. Assim, a força de Exu é considerada, de forma genérica, a energia primordial, responsável pela comunicação entre os planos e realização de tudo quanto há. Exu deve ser sempre reverenciado em primeiro lugar uma vez que não podemos movimentar a energia que for sem o “consentimento” de Exu. Nenhum Orixá poderá ser animado sem que Exu esteja lá atuando no sentido desejado. Lembramos ainda mais uma vez que não se deve confundir essa força Exu considerada um padrão energético cósmico que atua de inúmeras formas, com a forma assumida por seres de planos elevados que conhecemos como a Falange de Exu e Pombagira. Vale ressaltar que Pumbo Ingila e, posteriormente, Bombogira, que gerariam a palavra Pombagira, seria o Inquice (nome dos deuses da tradição de Angola) equivalente ao Orixá Exu Nagô. Na Umbanda Exu toma o nome de Catiço para diferencia-lo do Orixá. Origem do nome – Esú (esfera) e Pombagira (Pumbo Injila ou Bombogira) são nomes, respectivamente, do Orixá (ketu) e Inquice (Angola) cujas características de comunicação e ligações com o Plano Telúrico fizeram com que nossa Umbanda utilizasse o mesmo nome para designar Falanges cujos trabalhos têm características arquetípicas semelhantes às dessas forças da Natureza. Mantra – Laróye Esú (Salve Exú!); Exu Mojubá! (Senhor Exu, meus respeitos!) Qualidade divina – São os senhores da comunicação e da grande plasticidade do mundo astral. Astro canalizador – Mercúrio Fase lunar – Qualquer fase lunar Campo de ressonância – Encruzilhadas e cemitérios. Cor – Vermelho, preto, dourado. Ferramenta – Ogó (bastão ou cetro, símbolo de poder) de ferro, Tridente e Adó (cabacinhas contendo elementos da criação do mundo). Número – 1, 7 ou qualquer número par. Chakra no qual atua – Primeiro (muladhara) e segunda (Swadhistana). Flores – Rosas vermelhas ou de qualquer cor, Cravos vermelhos, flores vermelhas em geral. Essências – Cedro (Exu da Kalunga), Patchouli (Pombagira da Kalunga), Canela (Exu da Encruzilhada), Rosa vermelha ou verbena (Pombagira da Encruzilhada). Metal – ferro e todos os demais. Pedra – Pedra-cruz. Datas comemorativas – Todo o período do carnaval e 13 de junho. Dia da semana – Segunda-feira. Horário vibratório – 21h às 6h e 12h. Imãs (comida) – Farofa de dendê e cachaça, alho, cebola, pimenta malagueta (Exu) ou dedo-de-moça (Pombagira). Suas comidas levam pimenta e atarê, pimenta-da-costa, que afasta a morte e cachaça. Para o seu assentamento se “encante” é preciso misturar à cachaça, a saliva da pessoa. Seu obi preferido é o vermelho. Os obis vermelhos também são usados para os Orixás “quentes” como Ogum e Yansã, ou para médiuns com mais de sete anos de feito, os Ebômis. As farofas são: Dendê – para agilizar algo. Acelerar. Waji – para dinamizar. Gema de ovo – para prosperidade. Clara de ovo – para ser despachado às sextas-feiras. Mel – feitiço para adoçar, amansar. Frutas: limão, banana cana-de-açúcar e todas as frutas cítricas. Bebidas: todas as bebidas fortes. Banana cozida – para ereção. Banana-da-terra com dendê – para esquentar aquele que é potente. Atarê – para afastar a morte. Orobô – para pessoas com problemas digestivos. Libação – (bebida) Cachaça (marafo), bebidas alcoólicas em geral. Ervas – Aroeira (Àjóbi); Pinhão Roxo (Bòtúje Pupa); Tiririca (Dandá); Mamona (Lárá); Picão (Abéré); Trombeta (Àgogó); Dormideira (Ápéjè); Pimenta Malagueta (Ata); Pimenta-do-Reino (Ata Dudu); Sapê (Ekun); Mastruço (Ewé Isinisini); Coroa-de-Cristo (Ikikigún); Cana-de-Açúcar (Ìrèké); Arrebenta-Cavalo (Ewé Bòbó); Bico-de-papagaio (Mulungu ou Odidi); Azevinho (Sukuí); Palmatória-de-Exu (cactus); Aroeira; Canela; Cravo (condimento); Amendoeira, Mirra, Pau-d’água (Pèrègún), Alfazema, Folha-de-bananeira. Número de Folhas – 7 ou qualquer número par. OXALÁ É o Orixá maior. Seu nome tem como uma das interpretações a junção de duas palavras: orisá + nla, significando esta última “grande, maior”. Também conhecido, por isso, por Orixalá ou ainda por Obatalá (Obá, rei, senhor; e Alá, pano branco), nome que faria referência ao papel fundamental de Oxalá como Orixá primordial, que na tradição iorubá é representado pelo branco, símbolo da pureza e do divino. Orixalá, Orixanlá, Oxalá ou Obatalá simboliza um elemento fundamental do começo dos começos, massa de ar e massa de água; um dos elementos que deram origem a novas formas de existência. Os Orixás funfun são os seres que manipulam e têm o domínio sobre a formação dos seres deste mundo – os ara aiyê e também a formação de seres no além. Os vivos e os mortos, os dois Planos de Existência são controlados pelo Axé de Oxalá. O Alá, o grande pano branco, é o seu emblema. É embaixo do Alá estendido que Ele abriga a vida e a morte. O emblema maior de Oxalá é o Opaxorô (opa do mistério) que Oxalá diferencia o Orun do Aiyê, estabelecendo os dois níveis de existência. Foi ainda com o Opaxorô que Ele furou o Igi-opê (palmeira) e bebeu a sua seiva. Foi esta violação que o deixou sem forças, impotente. O mito diz que foi como se tivesse bebido do seu próprio sangue. Entre o povo jeje é conhecido por Lissa, em Angola por Lembá, Cassumbecá, Cassulembá, Assulembá, Lembaranganga, Lembadilê e Malemba e para os Cabinda é Gangazumba. Oxalá pode se apresentar como um velho sábio, Oxalufã, ou também como um jovem guerreiro, Oxaguiã, também chamado de Ajagunã. Oxalufã porta sempre seu Opaxorô e junto a Ele, todos os seus filhos se abaixam, porque ninguém pode ser maior que Ele. O arquétipo dos filhos de Oxalá é a timidez, romantismo, apaixonados e fiéis. São amigos, pacientes, dignos, avesso a fantasia, caseiro, amoroso, lúcido, discreto, desprendido, bom gosto, preciso, tranqüilo, explodindo por vezes, avesso à prática do esporte, sábio, austero, lógico, reservado, lento, inventivo, querendo saber como as coisas funcionam em detalhes, auto-suficiente, avesso à multidão e a luz solar, polido, invulgar, sóbrio, justo, observador, compreensivo, socialista, elevada moral, gosta de sexo e sabe como fazer. Gosta de música e de animais. Representa o princípio masculino fundamental e tem, por isso, sua mitologia sempre relacionada com o princípio feminino fundamental, oposto, chamado Oduduá. Os dois estão sempre em guerra, envolvidos em disputas pelo controle da criação ou simplesmente buscando se sobrepor um ao outro em importância. Por coincidênciaou não, foi o princípio masculino que assumiu maior importância tanto em nosso culto como na maioria dos grupos que trouxeram essa influência para o Brasil, ficando o culto a Oduduá praticamente esquecido. Talvez por isso Oxalá acabe assumindo caráter essencialmente andrógino e pode ser visto, em algumas tradições como uma força feminina. Na Santería cubana, é sincretizado com Nossa Senhora das Mercês demonstrando sua face feminina, possível influência da idéia original de Oduduá e Obatalá como complementos fundamentais. “O branco, representando a criação e o poder genitor, tanto masculino como feminino, parece acentuar ainda mais essa unidade. Oxalá teria então a função de Criador de nosso sistema, de nosso planeta e de todos os seres que o habitam. Ele moldaria esses seres que receberiam de Olorum o sopro da vida tornando-se, assim, seres vivos. Inúmeros mitos e cânticos apontam essas características de Oxalá e podemos relacionar seu papel com o desempenhado pelo Deus Brahma hindu, o Criador de nosso planeta. Não confundi-lo com Brahman, o grande Senhor do Cosmo. Equivaleria ao Criador da teosofia, faceta individualizada do Creador, este responsável, assim como Brahman, pelo Todo existente. Não é a toa que tem seu sincretismo também realizado com a figura de Jesus enquanto manifestação de Deus encarnado. Jesus assumiria para os cristãos o papel de Senhor do nosso mundo correspondente à figura de Oxalá. Fica claro, no entanto, que inúmeros desafios são enfrentados pelos cristãos para fazer sentido a idéia de humanização de Deus enquanto que o conceito do Orixá Oxalá, por mais que possa receber características humanas nos mitos e cânticos, nunca seria confundido com um ser que já encarnou. Outro exemplo seria o da manifestação dessa força enquanto princípio de manutenção do criado. Aquele que cria tem a função de zelar pelo criado muitas vezes não admitindo mudanças ou resistindo a elas. Como na trindade hindu, Brahma teria a função criadora mas é Vishnu quem mantêm e Shiva quem renova o criado. Oxalá seria o criador zelador e nesse papel teria o nome de Oxalufã (da palavra Ifon, nome da cidade africana com a qual se identifica o culto a esta forma de Oxalá, o Oxalá de Ifon, também chamado, por isso, de Olufon, Oló, senhor, ou seja, o senhor de Ifon), o velho criador. Nesse papel de Criador pode ainda ser comparado com o deus egípcio Hórus, divindade maior no panteão egípcio representada pela águia, única ave capaz de voar encarando a luz solar de frente, demonstrando sua forte ligação com a divindade, o deus Sol. Ainda outra qualidade de Oxalá o identifica como o artesão que modela as cabeças de todos os seres humanos. Nessa condição receberia o nome de Ajalá, o oleiro divino, conforme nos conta o professor José Flávio “quem modela os orís (cabeças) é Ajalá… ele é muito velho mas modela no barro com perfeição a cabeça dos homens… mistura no barro um pouco de cada coisa da natureza… se tem mais água a pessoa pode ser de Oxum ou Yemanjá, se é mais terra, de Obaluaiê, depois Olorum dá vida com seu emi (hálito)… São duas as cabeças, uma fica no Orum – terra dos orixás, e a outra vem para o Ayê – terra dos homens. Quando morremos as duas se encontram no Orum com Oxalá…”1 . Esses são apenas alguns exemplos de como a mesma força pode assumir características múltiplas. Em nossa Umbanda, Oxalá teria como representação mais característica a personificação da Paz e do Amor. Seria o segundo a ser reverenciado, logo após a energia multiforme de Exu, demonstrando a sua importância em nosso culto. Nada existe acima do Amor, nenhuma meta é mais elevada, nenhum entendimento mais valorizado. Por esse motivo, a única guia necessariamente comum a todos os médiuns é a guia de Oxalá, a primeira a ser confeccionada e sempre a primeira a ser colocada e última a ser retirada, simbolizando que antes de qualquer coisa, o Amor deve estar presente para que qualquer trabalho possa ser realizado corretamente. É através dessa força que entendemos a caridade, exercitamos a compaixão e alcançamos os planos mais elevados da espiritualidade. Origem do nome – Òrisá Nlá, O Grande Orixá Mantra – Oxalá Babá (O Pai dos Orixás); Exê Uepa Baba; Epa Epa Baba, Toque – Ogbin Qualidade – divina Força Cósmica do Amor e da Paz. É a grande força da Criação. Instrumento/Insígnia – Opaxorô (opa, cajado, xorô, mistério ou os òòrò, pingos), Alá (pano branco) e Agadá (espada) de Oxalufã; Alfange (espada curva) de Oxoguiã e Eninodô (mão-de-pilão) de Oxoguiã Sincretismo – Jesus Cristo (catolicismo brasileiro); Nossa Senhora das Mercês (santería cubana); Brahma ou Shri Krishna (Hinduísmo); Hórus (Egito Antigo). Astro canalizador – Sol Fase lunar – Cheia (Oxaguiã) e Minguante (Oxalufã) Campo de ressonância – Campos abertos, picos de altas montanhas e regiões nevadas. Cor – Branco e dourado Número – 10 Odu – Ofun Flores – Girassol, agapanto branco, camélia ou qualquer flor branca. Essências – Aloés Imãs (comida) – Canjica branca; bolinhos de inhame; arroz branco; obi Libação (bebida) – Mel Metal – Ouro amarelo Pedra – Diamante, Quartzo branco Datas comemorativas – 25 de dezembro (Natal) Dia da semana – Domingo Horário vibratório – 6h às 12h (Oxaguiã) e 18h às 24h (Oxalufã) Ervas Boldo – (Ewé Bàbá); Cana-do-Brejo (Tètèrègún); Fortuna (Orindundun); Cará (Àkan); Dama-da-Noite (Àlúkerésé); Trombeta (Antijuí); Malva Branca (Àsíkùtá); Manjericão (Efínrín Kékéré); Tabaco (Etába); Guandu; Ervilha-d’Angola (Èwá Igbó); Brilhantina (Ewé Mimolé); Trevo (Ewé Omí-Eró); Algodoeiro (Ewé Òwú); Alecrim (Ewéré); Fruta-pão (Gbèrèfútù); Mamoeiro (Ìbépe); Graviola (Igi Omo Funfun); Arroz (Ìresì); Inhame (Isu); Alfazema (Jobó); Saião (Òdúndún); Chapéu-de-Couro (Séséré); Caruru-de-mancha ou Bredo (Tètè); Videira; Maracujá (Kankìnse). TEMPO Tratado em nossa Casa como um Orixá, Tempo seria, em sua origem, um Inquice do culto de Angola. É o grande pára-raio dos Templos e dos Babalorixás. Grande é a discussão se há equiparação e se os Inquices do culto de Angola, os Orixás do culto Nagô e ainda os Voduns deveriam ou não ser tratados como um mesmo conceito. O tão discutido sincretismo, efeito natural em um movimento de confluência de tantos sistemas de crenças num mesmo local – o Brasil –, e sua contraparte, a busca pela pureza dos cultos, formam uma das maiores discussões atualmente no meio religioso brasileiro. Nossa Umbanda, no entanto, não participa dessa discussão. Somos exatamente o resultado da mistura, da convivência e da multiplicidade tão características de nosso povo. Nas palavras de Ivete Previtalli, “A questão do sincretismo no candomblé, não só entre os diversos elementos das nações, mas também com os santos católicos, como vimos, é uma questão que exige muito cuidado ao ser analisada. Percebe-se entre os sacerdotes entrevistados, seus filhos de santo, enfim, entre os adeptos do candomblé, que todos sabem, por exemplo, que o inquice Matamba não é Iansã e também não é Santa Bárbara, mas que em alguns momentos podem ser uma só.”1 Entendemos as distinções marcantes e ainda a singularidade de cada forma de expressão religiosa. Sabemos, por exemplo, que Ísis não é, literalmente, Yemanjá. No entanto, entendemos que, frutos de momentos históricos diversos e mesmo de civilizações bastante distintas, ambas as mencionadas deusas seriam representações do mesmo princípio original feminino: a Grande Mãe. Assim, com o devido entendimento, tratamos Orixás, Inquices, Vonduns, Santos, Budas ou Netheres como expressões ou qualidades de um único Deus. Se tradições diferentes chamam esse Deus por nomes diferentes e dedicam a Ele um culto distinto, entendemos que se dirigem a uma mesma Força e a um mesmo Princípio. Se um brasileiro colhe uma fruta e a chama maçã, um estadunidense poderia chamá-la apple e um espanhol manzana, mas estariam se referindo a mesmíssima
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