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ANÁLISE LITERÁRIA - Vestibular UFPR 2020/2021 - LIVRO - Casa de Pensão

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COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ 
ENSINO MÉDIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DA OBRA 
 
CASA DE PENSÃO 
 
DE ALUÍSIO AZEVEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2020 
COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ 
ENSINO MÉDIO 
 
 
 
 
 
 
 
CASA DE PENSÃO 
 
 
 
 
Alunos: Ana Beatriz Silva de Souza (n°03); 
 Felipe Dos Santos de Oliveira (n° 11); 
 Luana Beatriz Graciano Braz (n° 23); 
 Vitória Trucolo Ribeiro (n°32); 
 
Turma: 3° ano F. 
Prof°: Janeslei Aparecida Albuquerque. 
Disciplina: Português/Literatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2020 
1. FICHA TÉCNICA: 
Título: Casa de Pensão; 
Autor: Aluísio Azevedo; 
Ano em que foi escrito: 1884; 
Ano de publicação: 1890; 
Nacionalidade: Brasileiro; 
Número de Capítulos: 22; 
Narrativa: Impessoal, onisciente e onipresente (3° pessoa); 
Influência externa: Questão Capistrano, crime ocorrido em 1876/1877; 
Movimento literário: Naturalismo; 
Espaço: Rio de Janeiro; 
Tempo: Em nenhum momento a história nos relata um tempo preciso, até 
porque pressupõe que sendo uma história baseada em fatos reais, o caso 
Capistrano, deduz que se passe em 1876, data precisa do ocorrido que abalou 
a cidade do Rio de Janeiro. 
 
2. INTRODUÇÃO 
 Neste trabalho apresentamos uma visão ampla sobre a obra “casa de 
pensão” de Aluísio Azevedo, com o objetivo de mostrar nossa compreensão 
sobre o livro. 
 Com todos requerimentos atendidos, pudemos desenvolver este trabalho de 
forma eficiente e direta, acompanhando a trajetória da personagem principal, o 
jovem Amâncio. 
 A nossa metodologia utilizada foi a leitura e o entendimento da obra. 
 Acompanhemos agora esta trajetória de Amâncio, jovem provinciano do 
Maranhão, que se muda para a cidade do Rio de Janeiro, onde poderia fazer 
um curso de medicina e, assim ganhar um título na sociedade. Os estudos 
afiguram-se maçantes para esse rapaz que anseia por aventuras amorosas na 
cidade carioca. A hospedagem na pensão de João Coqueiro e de Madame 
Brizard representa a independência sonhada e suas desventuras. Com base 
nas teorias deterministas, as páginas descrevem a rotina local, sublinhando 
com fina ironia a degradação e a imoralidade que caracterizam o pensionato. 
 
 
 
3. CONHECENDO O AUTOR 
 Aluísio Azevedo (Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo) nasceu em São 
Luís, Maranhão, no dia 14 de abril de 1857. Em 1871 matriculou-se no Liceu 
Maranhense e dedicou-se ao estudo da Pintura. Com 19 anos foi levado pelo 
irmão, o teatrólogo e jornalista Artur Azevedo, para o Rio de Janeiro. Começou 
a estudar na Academia Imperial de Belas-Artes, onde revelou seus dons para o 
desenho. Logo passou a colaborar, com caricaturas para os jornais "O 
Mequetrefe", "Fígaro" e "Zig-Zag". 
 
- Escola Literária 
 Com a morte do pai, em 1879, Aluísio volta para São Luís e começa a 
carreira literária para ganhar a vida. Publica seu primeiro "Romance 
Romântico", Uma Lágrima de Mulher (1879), onde se mostra exageradamente 
sentimental para satisfazer um público ávido pelo romantismo. 
 Em 1881, publica O Mulato, romance que iniciou o “Movimento Naturalista no 
Brasil”. A obra denunciava o preconceito racial existente na burguesia 
maranhense e provocou uma reação indignada da sociedade, que se viu 
retratada nos personagens, mas o livro foi um sucesso de vendas. 
 Durante os intervalos da sua intensa produção literária, Aluísio Azevedo 
procurava escrever livros sérios e mais trabalhados. Surgem suas obras mais 
importantes, que pertencem à fase “Naturalista” do escritor, entre elas: O 
Homem, Livro de Uma Sogra, O Cortiço e Casa de Pensão. 
 
Carreira diplomática 
 Em 1895, com quase quarenta anos, Aluísio vence um concurso para cônsul 
e ingressa na carreira diplomática, servindo na cidade de Vigo, na Espanha, no 
Japão, na Inglaterra, Itália, Uruguai, Paraguai e Argentina. Durante todo esse 
período não mais se dedicou a produção literária. Vivia com a argentina 
Pastora Luquez, junto com os dois filhos, Pastor e Zulema, por ele adotados. 
 Aluísio Azevedo faleceu em Buenos Aires, Argentina, no dia 21 de Janeiro de 
1913. Seis anos depois, no governo de Coelho Neto, a urna funerária de 
Aluísio Azevedo foi transferida para São Luís, sua terra natal. 
 
 
 
 
 
 
4. RESUMO DA OBRA 
4.1 Enredo inicial 
 
 A história se inicia apresentando os personagens Luís Campos e Amâncio 
Vasconcelos. Há o convite de Campos para que Amâncio vá morar com ele e 
assim o garoto faz. Entre esse caminho, apresenta a história do protagonista, 
como e onde cresceu, aborda a relação com seu pai Vasconcelos, um 
português rígido e sua mãe Ângela, uma dócil mulher que dava de tudo pelo 
filho. Amâncio é de uma família rica do Maranhão. 
 Mostra-nos a vida do garoto travesso em sua época de escola, onde ele 
apanhava de um professor mal-humorado aclamado pelos pais dos meninos, 
que diziam que apenas com severidade se poderia educar os garotos. Conta 
sobre os acontecidos e evidencia a aspereza do pai do protagonista e sobre 
como isso moldou a sua personalidade, já que ele queria tanto que Amâncio 
fosse um homem assim como ele, forte e que soubesse lidar com a vida da 
maneira correta. 
 Ao chegar à vida adulta, após uma vida escolar conturbada e por ser um 
adolescente travesso, Amâncio decide que quer ganhar sua vida no Rio de 
Janeiro, para a tristeza de sua mãe que fica desesperada e doente com a sua 
partida e a aclamação de seu pai que diz que apenas assim ele se tornaria um 
“homem”. Amâncio parte para o Rio de Janeiro para cursar medicina, que não 
era de seu agrado, mas de acordo com ele era melhor do que cursar direito, 
que era o curso que queria, na província, onde ele não via futuro para si. Como 
o clássico jovem burguês vindo de outra cidade menor, buscava os luxos e 
prazeres da capital. 
 Amâncio se hospeda na casa de negócios de Campos e sua família, que era 
formada por Hortênsia, sua esposa, e a irmã da mulher, a Carlota. Eles eram 
uma família respeitosa, rica e tradicional. Amâncio se sentia preso na casa de 
Luís tanto quanto se sentia em sua casa, graças a todas as regras impostas, 
por isso não se sentia confortável e queria se mudar de lá. Além disso ele havia 
começado a sentir desejos românticos por Hortênsia. 
 
4.2 Desenvolvimento 
 Um dia o protagonista encontrou seu amigo da província, Paiva Rocha, e 
este lhe apresentou outros amigos, que consistiam em João Coqueiro que tinha 
uma Casa de Pensão, a qual convidou Amâncio para conhecer, garantindo que 
ele iria gostar do local. Amâncio promete visitar e assim o faz, dando assim o 
início do desenvolvimento da história. 
 Neste ponto, fomos introduzidos ao personagem João Coqueiro, que era 
nascido no Rio de Janeiro e, assim como Amâncio, tinha um pai carrasco e 
uma mãe dócil. O pai queria que o garoto, que era muito inocente e chorão, 
virasse “macho” e para isso fazia o garoto beber bebidas alcoólicas que o 
faziam mal e uma vez lhe deu um revólver, dizendo que ele iria aprender no 
mínimo a atirar, coisa que não foi possível. João tinha uma irmã mais nova 
chamada Amélia. Eles eram uma família rica, porém o dinheiro foi ficando 
escasso e com a morte do pai, quem passou a sustentar a casa era apenas a 
mãe de João. Ela conseguiu bancar os filhos abrindo uma casa de Pensão. 
Esta foi de muito sucesso e aclamada pelos hóspedes, com isso Coqueiro 
conseguia bancar seus estudos iniciais e Amélia ajudava na casa. Toda a 
alegria e paz foram embora quando a senhora Coqueiro pegou uma pneumonia 
e acabou morrendo, os negócios foram à falência e João teve que abandonar 
os estudos para cuidar dos negócios e de sua irmã. Ele arranjou um trabalho, 
mas teve que vender a pensão e estava muito triste por todos os acontecidos. 
A forma de reconstruir sua vida e de sua irmã foi casar-se com uma mulher 
mais velha por conveniência, umaviúva, com três filhos providos de seu 
segundo casamento. Desses filhos, uma era casada com um sujeito político e 
tinha boa vida, outra havia perdido o marido e ficou “louca” e o último era um 
garoto novo, ainda criança. Esta era Mme. Brizard, a qual agora vinha a se 
tornar esposa de João Coqueiro e cunhada de Amélia. Assim, João voltou para 
os estudos, e juntamente com Mme. Brizard, abriu uma Casa de Pensão, 
fizeram-na virar um lugar convidativo para se morar na famosa cidade turística. 
 Voltando ao ponto onde a história havia parado, após convidar Amâncio, 
Vasconcelos vai visitar a casa de pensão. Coqueiro e sua esposa tinham o 
plano de fazer o protagonista se casar com Amélia, já que ele era rico e isso a 
daria um bom futuro. Amélia prontamente aceita a ideia de tentar o seduzir. 
 Amâncio, ao chegar na residência dos Coqueiros, foi muito bem recebido, 
tratado como um membro família. Foi apresentado a Mme. Brizard, Amélia e 
todos os outros hospedes da casa, os quais o chamou atenção Lúcia, casada 
com Pereira. João leva Amâncio até onde seria seu quarto e o provinciano 
gosta do lugar, aceitando morar lá, no outro dia se despede da família de 
Campos, onde o garoto tem certeza de que se tivesse ficado mais tempo por lá 
mais tempo teria feito a Hortênsia cair em seus encantos, já que em sua visão 
não faltava muito para isso acontecer. 
 
 Na casa de Pensão todos viam Amâncio com olhares de interesse, afinal ele 
era um jovem rico. Amâncio começa a receber cartas, estas sendo enviadas 
por Lúcia que jurava estar apaixonada por ele, mas na verdade via Amâncio 
como uma fuga para seu próprio casamento que nem ao menos estava escrito 
no papel. Ela o queria por ser um rapaz com dinheiro, todavia, nisso também 
entrava Amelinha, sendo sempre incentivada pela família a seduzir Amâncio, e 
assim ela fazia, mas de forma falha, já que agora Amâncio estava caído de 
encantos por Lúcia. 
 Após uma briga na casa de Pensão, Amâncio vê a oportunidade de trocar de 
quarto e ir para o segundo andar, assim iria ficar mais próximo do quarto de 
Lúcia, mas isto não passa despercebido e não agrada nada os Coqueiros. 
Amâncio acaba por ficar doente, todos o mimam muito e cuidam dele. Campos, 
seu fiel amigo, providencia médicos e cuidados do melhor para ele, enquanto 
os donos da residência se dedicavam a cuidar do provinciano a todo momento, 
colocando Amélia como sua enfermeira no intuito de fazer o garoto se 
apaixonar. Enquanto não tinha ninguém no quarto, Lúcia entrava e ela e 
Amâncio ficavam juntos, mas nada que saísse de provocações vindas de 
Lúcia, pois ela dizia que não podia se entregar totalmente a Vasconcelos, já 
era casada, o jovem deveria a tirar do marido e fugir com ela, algo que o rapaz 
diz que faria quando estivesse saudável. Estas visitas feitas ao quarto de 
Amâncio não agradavam em nada o João e sua esposa, que sabiam as 
intenções de Lúcia. Então, os dois decidiram a despejar, aproveitando a 
desculpa de que ela e seu marido deviam os alugueis. Lúcia conta isso para 
Amâncio e também revela sobre o plano para que ele se case com Amélia. 
Como o provinciano não queria deixar sua amada ir embora, decide pagar seus 
aluguéis. Entretanto, mesmo com o aluguel pago, Lúcia e seu marido foram 
despejados e ela foi morar em outra pensão onde mandou carta dizendo o 
endereço para Amâncio, para ele ir a encontrar quando ficasse melhor. 
 A saúde de Amâncio acaba por ir piorando, porque após se recuperar da 
varíola ele acaba tendo problemas com reumatismo também. Assim, ele 
precisa se mudar para outro local, mas os Coqueiros se recusavam a deixá-lo 
sozinho. Desta forma, todos se mudaram com ele, abandonando aquela 
pensão e indo para outro local onde o médico recomendou ao provinciano, tudo 
isso pensando que valeria a pena quando ele se casasse com Amélia. Graças 
a mudança de ares, Amâncio fica saudável e assim consegue sair de casa a 
primeira coisa que faz é ir até Lúcia, a qual ele tentar beijar e ir mais fundo em 
sua relação, mas a mesma fala sobre seu casamento. Vasconcelos e ela 
acabam se desentendendo, fazendo assim com que Amâncio a mandasse “ao 
inferno” e desistindo da relação. Naquela noite, ao entrar na casa de Pensão, 
foi até a Amélia, dando pela primeira vez atenção a garota. Os dois se beijam e 
prometem se encontrar no quarto quando todos da casa estivessem recolhidos, 
assim fazem continuamente, até Amâncio tirar a pureza da, não mais virgem, 
Amelinha. 
 A relação de Amélia e Amâncio começa a ir muito bem, ele começa a fazer 
todos os gostos dela e ela vivia por ele, assim fazendo com que a família 
Coqueiro estivesse feliz e achando que seu plano estava indo para o caminho 
certo. Aproximando-se do período de provas de Amâncio, ele recebeu a notícia 
de que seu pai havia falecido. Assim, ele recebeu a herança de seu pai, mas 
também estava muito preocupado com sua mãe, queria ir visitá-la, porém os 
outros o convenceram a focar primeiramente nas provas e depois ele iria para 
o Maranhão encontrar D. Ângela. Fica muito nervoso e com medo de não 
conseguir passar na prova, mas acontece o contrário e ele se sai muito bem, 
tanto que Campos oferece sua casa para eles fazerem um jantar, não uma 
festa, considerando que Amâncio continuava em luto pela morte do pai. 
 Neste jantar, Amâncio é tratado com muito respeito e o jantar começa a se 
tornar uma festa, onde muitos começam a dançar e beber. Aproveitando que 
estava na casa de Campos, ele sobe para o terraço onde estava Hortênsia e 
tenta abusar dela, a beijar e tocar, ela não aceita e fica muito irritada com a 
falta de respeito, faz ele prometer nunca fazer isso novamente. Amâncio fica 
confuso sobre Hortênsia, pois não sabia se ela queria ele ou não e ao descobrir 
fofocas de que ela era apaixonada por outro faz com que ele fique 
inconformado e comece a frequentar a casa de Campos mais vezes. Mesmo 
assim nunca entende se a mulher tinha reações positivas ou negativas sobre 
suas ações. Isto acontece enquanto ele já estava em uma relação estável com 
Amélia, que não lhe agradava mais, pois havia se tornado monótona. 
 Amâncio decide escrever uma carta para Hortênsia declarando todo seu 
amor e perguntando em respostas exatas se ela o queria ou não. Amélia acha 
esta carta sem Amâncio saber e a esconde, o convencendo de que ele havia 
perdido e que ela nem a tinha visto, muito menos sabia do que se tratava. A 
menina leva a carta até o irmão que diz que era para ela continuar a agir 
normalmente, pois ele saberia usar essa carta no futuro. 
 O provinciano, por sua vez, decide finalmente que deveria ir ver sua mãe no 
Maranhão e iria passar dois ou três meses por lá, mas Amélia é totalmente 
contra isso, dizendo para ele que só o deixaria ir se ele fosse casado com ela, 
uma vez que estando lá ele iria a esquecer, ele nega e se justifica várias vezes. 
Até que, sendo aconselhado por Paiva, ele decide que não deveria explicações 
sobre seus atos para a família de Coqueiro, considerando que não era casado 
com Amélia e que não os devia nada, decide assim então ir para o Maranhão 
visitar sua mãe sem comunicar nada aos companheiros de moradia para evitar 
mais discussões sobre o assunto. Contudo, a família não acreditou na 
mudança de planos de Amâncio e João Coqueiro descobriu tudo sobre a 
viagem secreta que estava planejando. 
 
4.3 Desfecho 
 
 João, revoltado pelo que Amâncio estava fazendo e sem crer que deixaria 
sua irmã, que agora já não era mais pura graças a ele, decide ir até um 
advogado, o Sr.Tavares, um homem velho, mas muito bom no ramo. Conta a 
sua história esperando que ele pegasse o caso. João Coqueiro conta para Sr. 
Tavares, com “testemunhas”, que Amâncio tinha tirado a pureza de Amélia sem 
seu consentimento, havia a abusado. Outras pessoas que entraram junto 
nessa mentira de Coqueiro contaram que ouviram ela pedindo por ajuda no 
quarto enquanto Amâncioabusava dela. Sr. Tavares aceita o caso e antes que 
Amâncio pudesse ir para o Maranhão ele é chamado para o tribunal, onde 
estava sendo acusado por aquele crime, que não havia cometido, e sendo 
muito julgado por todos. 
 Campos, fiel amigo da família Vasconcelos e de Amâncio, é quem acha para 
ele um bom advogado e confia em sua palavra, correndo para ajudar o rapaz 
como se fosse salvar o próprio filho da prisão. No dia em que Campos iria 
pagar para fazerem manchetes sobre a inocência de Amâncio, ele recebe uma 
carta de João e, junto das palavras de Coqueiro vinha a carta que Amâncio 
havia escrito para Hortênsia se declarando. Isso faz Campos amaldiçoar 
Amâncio, um amigo por quem ele fazia tanto, mas que o traiu desta maneira. A 
partir disso, ele ficou do lado de Coqueiro e abandonou Amâncio, mandando 
para ele uma carta onde dizia sobre sua traição, está carta chega para 
Amâncio na prisão junto com uma carta de Hortênsia pedindo o pedindo 
desculpas, dizendo que parte daquilo era culpa dela e também o pedindo para 
encontrá-la quando saísse. Isso o deixa irritado com a mulher, por ela 
realmente ser a culpada de tudo, em sua visão, e também o deixa preocupado 
por ter perdido as ajudas de seu amigo mais influente. 
 Graças a má fama da família Coqueiro e a boa lábia de Amâncio, muitas 
pessoas ficam do lado do jovem e defendem sua inocência. Após três meses, 
ele é liberado e dado como absolvido, fazendo com que todos seus colegas da 
Academia onde estudava ficassem felizes e fizessem festa, junto com muitas 
outras pessoas que torciam pela liberdade do provinciano. Todavia, a alegria 
de todos não era a alegria da família de Coqueiro, que agora choravam e não 
tinham dinheiro para nada, já que haviam sacrificado muito pelo casamento 
que não deu certo e eram extremamente mal vistos pelo feito com Amâncio. 
Mme. Brizard xinga o marido e coloca nele a culpa de tudo nisso. Amélia só 
conseguia chorar por agora ser uma prostituída e por Amâncio não estar mais 
preso. Todas as alegrias e felicitações entregues a Amâncio por sua liberdade 
voltavam para João ao contrário, sendo alvo xingamentos diretos. Isto o faz 
cogitar se matar com o revólver que havia recebido do pai quando mais novo 
para aprender a atirar, mas ele não tem coragem para tirar sua própria vida. 
 No dia seguinte vai até onde Amâncio estava hospedado e atira nele, o 
matando. A última coisa que Amâncio fez foi chamar por sua mãe, antes de 
morrer segundos após o tiro. João Coqueiro corre do quarto, mas mesmo 
assim acaba preso pelo acontecido. Mesmo com aquilo, houve pessoas que 
defendiam sua causa, dizendo que se tivesse sido com suas irmãs, eles teriam 
feito o mesmo. Campos promete que iria cuidar de Mme. Brizard e de Amélia e 
nada faltaria a elas, em gratidão a vingança que João havia feito pelos dois. 
 O livro finaliza com a dona Ângela, mãe de Amâncio, indo para o Rio de 
Janeiro para tirar o filho da prisão, pois não sabia ainda sobre o fato dele ter 
sido assassinado. Descobre quando, ao passar pela rua e encontrar o nome e 
a foto de Amâncio Vasconcelos, assim ela vê o filho no necrotério e desaba em 
lágrimas. 
”Amâncio de Vasconcelos, assassinado por João Coqueiro no Hotel Paris, em 
tantos de tal.” 
 
 
 
 
 
5. ANÁLISE DA OBRA 
5.1. Linguagem 
 Uma técnica comum ao escritor desta obra é o abuso dos pormenores 
descritivo-narrativos de tal modo que a estória caminha devagar, lerda e até 
monótona. É a necessidade de ir juntando detalhes e situações para dar ao 
leitor uma impressão segura de que tudo é pura realidade. Essas minúcias se 
estendem a episódios, a personagens e a ambientes. Há detalhes de tempo, 
local e personagens. 
 Não se pode dizer que a linguagem do romance é regionalista, na verdade o 
padrão da língua usada é geral e o torneio frasal, a estrutura morfossintática é 
completamente fiel aos padrões da antiga gramática portuguesa. Como 
Machado de Assis, Aluísio Azevedo também usa alguns recursos 
desconhecidos da língua portuguesa do Brasil, principalmente na língua oral. 
 Assim, por exemplo, o caso da apossínclise (é uma posição especial do 
pronome oblíquo que não escutamos no Brasil, mas é comum até na língua 
popular de Portugal). São exemplos de apossínclise: "Há anos que me não 
encontro com o amigo." (Há anos que não me...). 
 
5.2. Naturalismo e a relação com o autor 
 O autor de Casa de Pensão, Aluísio Azevedo, é considerado um dos maiores 
escritores representantes do naturalismo. Uma característica marcante sobre 
ele é que escrevia de acordo com o gosto do público leitor da época. Ao 
contrário de outros escritores que apresentavam fases, Aluísio Azevedo 
produzia em seus trabalhos traços do naturalismo e do romantismo, 
simultaneamente. 
 Para o público escrevia romances românticos, chamados por ele 
de “comerciais” e também escrevia os romances naturalistas, chamados 
de “artísticos”. Aluísio Azevedo foi um grande caricaturista e conta a história 
que ele possuía um método bem original de escrita. Primeiro ele desenhava as 
personagens, depois começava a escrever as cenas. 
 A sua obra “Casa de Pensão”, de forma concisa, nos demonstra no decorrer 
de suas páginas, a presença do Naturalismo, que é a essência e o molde 
tomado como base para o decorrer da história presente em tal livro. O autor 
estuda as influências da sociedade sobre o indivíduo sem qualquer idealização 
romântica, retratando rigorosamente a realidade social trazendo para a 
literatura um Brasil até então ignorado. Encontramos na obra esse grande 
vínculo com a realidade, que tenta fortemente existir para que se suceda da 
forma mais natural. Pode-se pontuar também que o autor possui uma espécie 
de narrativa intermediária entre o romance de personagem e o romance de 
espaço, que respectivamente se apresentam de forma separada em outras 
duas obras de sua autoria, “O Mulato” (1881) e ”O Cortiço” (1990). Em O 
Mulato, todas as ações estão vinculadas à trajetória do herói. Mas, em O 
Cortiço, a conquista e manutenção de um espaço é que impulsiona a ação. E 
na obra Casa de Pensão, ambos os movimentos são perceptíveis e por isso é 
considerado intermediário. 
 Ainda em relação a ligação da obra ao naturalismo, podemos também 
pontuar algumas características como a criação a partir de fatos reais, a 
demonstração do determinismo, assim como a sua influência no indivíduo e 
qual era o foco abordado por ele neste livro, que eram problemas como 
preconceitos de classe, de raças, a miséria e as injustiças sociais. Ele descreve 
a vida nas pensões chamadas familiares, onde se hospedavam jovens que 
vinham do interior para estudar na capital. 
 Diferente do Romantismo em que também estava habituado a trabalhar, o 
Naturalismo enfatiza o lado patológico do ser humano, as perversões dos 
desejos e o comportamento das pessoas influenciado pelo meio em que vivem, 
e isso é fortemente marcado ao conhecer os personagens e suas 
particularidades, sendo até mesmo difícil para alguns leitores criar um carinho 
por eles, uma vez que nenhum se mostra 100% bonzinho ou vilão, mas 
apresentam ambições ou mentalidades que refletem como a sociedade 
realmente é, uma vez que sabemos que não há perfeição no mundo real, 
sendo assim, em uma obra naturalista, isto não seria retratado. 
 
5.3. Análise dos personagens 
Como citado anteriormente, as personagens, portando nomes fictícios, 
escondem pessoas reais e vão ser analisados de uma maneira mais 
aprofundada. 
 
Personagens principais, que o leitor conhece mais intimamente: 
- Amâncio da Silva Bastos e Vasconcelos (João Capistrano da Silva) 
“Era de vinte anos, tipo do Norte, franzino, amornado, pescoço estreito, cabelos 
crespos e olhos vivos e penetrantes, se bem que alterados por um leve 
estrabismo. Vestia casimira clara, tinha um alfinete de esmeralda na camisa, 
um brilhante na mão esquerda e uma grossa cadeia de ourosobre o ventre. Ao 
pés, coagidos em apertados sapatinhos de verniz, desapareciam-lhe 
casquilhamente nas amplas bainhas da calça.” 
 Este é o protagonista, um jovem do interior rico e disperso. Um estudante de 
20 anos, vindo do Maranhão até o Rio de Janeiro para tornar-se médico na 
Corte. Encanta-se com os luxos da capital e só quer viver de farras e 
bebedeiras. Era um jovem que apresenta até mesmo ser ingênuo em relação 
as pessoas e suas verdadeiras intenções e carrega consigo diversos 
problemas e memórias devido a sua infância, o que faz com que o leitor 
compreenda o caráter e algumas atitudes que ele tem ao longo da história. Seu 
pai o repreendia demais, não demostrava carinho o suficiente e era muito rígido 
com a criança. Assim como o Professor Pires, uma figura que lhe assombrava 
a mente mesmo após chegar na idade adulta. Em contrapartida, sua mãe o 
mimava muito e, pode-se dizer que até certo ponto, este é um dos motivos dele 
ter se tornado um garoto tão medroso e covarde, o que é mostrado em alguns 
momentos da trama, apesar dele se mostrar sempre muito bem resolvido em 
outros pontos. Ele é um romântico mulherengo, de certa forma, e isto tem 
influência das obras que lia em seus tempos de adolescência e pela maneira 
que ele via as mulheres desde essa época, não desejando casar antes de 
concluir seus outros planos de vida. Interessa-se por D. Hortênsia, esposa do 
homem que lhe deu abrigo e sempre o ajudava, mas nem isso fez com que o 
encanto pela mulher acabasse. 
 Ele foi enganado por várias pessoas apenas por ser rico. Tinha vários amigos 
ao seu redor e mulheres aparentemente atraídas por si, quando na verdade 
desejavam seu dinheiro. Apresenta umas atitudes problemáticas quando é 
rejeitado, agindo como uma criança mimada, como no caso que aconteceu 
com Lúcia, onde ela mais uma vez negou avançar a relação e ele a tratou 
agressivamente e terminou o caso que tinham, ou o que ocorreu ao Hortênsia 
negar-lhe um beijo, o que o tirou de controle e o fez apertá-la bruscamente, só 
se dando conta do que fazia ao escutar as reclamações da esposa de Campos. 
 É possível concluir que a educação severa do pai e do mestre-escola, a 
superproteção da mãe e a doença contraída da ama-de-leite são as geratrizes 
de uma personalidade reprimida e hipócrita. 
 
- João Coqueiro - Janjão - (Antônio Alexandre Pereira, irmão da moça 
Júlia Pereira e assassino de João Capistrano. Foi também absolvido pelo 
crime que cometeu) 
“seus olhos, pequenos e de cor duvidosa, conservavam a mesma penetração e 
a mesma fixidez incisiva de ave de rapina; sua boca estreita, bem guarnecida e 
quase sem lábios, tinha o mesmo riso arqueado, mal seguro e frio, de quem 
escuta e observa. Era de altura regular, compleição ética, rosto comprido, de 
um moreno embaciado, pouca barba, pescoço magro, nariz agudo, mãos 
pálidas e secas, voz doce e cabelo muito crespo, de colorido incerto, entre 
castanho e fulvo. Tinha vinte e sete anos, mas aparentava, quando muito, vinte 
e dois” Pág. 46 ... “O Coqueiro, com a sua figurinha de tísico, o seu rosto 
chupado e quase verde, os seus olhos pequenos e penetrantes, de uma 
mobilidade de olho de pássaro, com a sua boca fria, o seu nariz agudo, o seu 
todo seco egoísta, desenganado da vida, não era das coisa que, mais o 
atraíssem.” 
 Este personagem, com seus 27 anos, mostra-se extremamente ambicioso e 
com um duplo caráter, sendo objetivo em relação a seus desejos. Casou-se 
com Mme. Brizard, tendo pouco mais de 20 anos, principalmente por negócios 
e desde que conheceu Amâncio e soube de sua fortuna, quis tornar-se seu 
amigo e lhe oferece um quarto na pensão dele e de sua esposa. Entretanto, 
junto de sua irmã, Amélia, traçou planos para extorquir o dinheiro de Amâncio, 
fazendo com que ela, já com seus 23 anos, tentasse casar com o rapaz. 
 Sua infância também foi difícil, com pais extremamente rigorosos e que 
morrem cedo, fazendo com que ele se torne a figura paterna para Amelinha. 
Desta forma, é possível para o leitor compreender o porquê dele se mostrar tão 
objetivo em relação a mudar de vida e não apresentar um caráter muito bom, 
pois não teve bons exemplos ao longo da vida. 
 
- Amélia - (Júlia Pereira) a moça seduzida, pivô da tragédia. 
“O cabelo, denso e castanho, prendia-se-lhe no toutiço por um laço de seda 
azul, formando um grande molho flutuante, que lhe caía elegantemente sobre 
as costas O vestido curto, muito cosido ao corpo, enluvava-lhe as formas, 
dando-lhe um ar esperto de menina que volta do colégio a passar férias com a 
família. Era muito bem feita de quadris e de ombros. Espartilhada, como estava 
naquele momento, a voltas enérgica da cintura e a suave protuberância dos 
seios produziam nos sentidos de quem a contemplava de perto uma deliciosa 
impressão artística. Sentia-se-lhe dentro das mangas do vestido a trêmula 
carnadura dos braços; e os pulsos apareciam nus muito brancos, 
chamalotados de veiazinhas sutis, que se prolongavam serpeando. Tinha as 
mãos finas e bem tratadas, os dedos longos e roliços, a palma cor- de – rosa e 
as unhas curvas como um bico de papagaio. Sem ser verdadeiramente bonita 
de rosto, era muito simpática e graciosa. Tez macia de uma palidez fresca de 
camélia; olhos escuros, um pouco preguiçosos, bem guarnecidos e 
penetrantes; nariz curto, um nadinha arrebitado, beiços polpudos e viçosos, à 
maneira de uma fruta que provoca o apetite e dá vontade de morder. Usava o 
cabelo cofiado em franjas sobre a testa, e, quando queria ver ao longe, tinha de 
costume apertar as pálpebras e abrir ligeiramente a boca.” 
 Amélia, com seus 23 anos, já estava acostumada a lidar com pessoas, pois 
era experiente no seu trabalho na Casa de Pensão de Mme. Brizard. Ela é uma 
jovem astuta e virgem, que tem noção que está na idade para casar, de acordo 
com a época, e assim, está disposta a seduzir Amâncio. Quando ela alcança 
esse objetivo, revela uma outra face de si, chantageando Amâncio para 
conseguir o que deseja, sendo possesiva e ciumenta, além de materialista. 
Tenta abordar o tema “casamento” várias vezes nas discussões com o amante, 
mas ele sempre recusava a ideia, fazendo-a ficar irritada, uma vez que já havia 
deflorado a mulher e isso era a obrigação de Amâncio a partir daquele 
momento. Essa foi a principal razão que levou ao trágico acontecimento final 
do livro. 
 
- Mme. Brizard - (D. Júlia Clara Pereira, esposa do assassino) 
 É uma viúva, dona da casa de pensão. Com seus cinquenta anos, era viúva 
de um afamado hoteleiro que lhe deixara muitas saudades e dúzia e meia de 
apólices da dívida pública. Nascida em Marselha, a francesa se casou aos 
quinze anos com um diplomata russo que morrera e não deixara filhos, estava 
viúva aos vinte. Depois apareceu Mr. Brizard, a subida de Luís Felipe ao trono 
o fez vir ao Brasil e se tornar hoteleiro, amava o Brasil. Após casar com João 
Coqueiro passa a ser a principal cúmplice nas tramoias para ludibriar o jovem 
Amâncio. 
 Era mãe três filhos, sendo abordados nessa história o pequeno César e Nini, 
uma moça que perdeu seu filho e a partir disso, desenvolveu problemas 
mentais, como histeria. 
 A senhora se mostrava uma ótima anfitriã e encarregada dos negócios. 
Assim como o marido, revelava seu lado bondoso quando tinha interesse em 
recompensas, e era isso que constantemente fazia com Amâncio. 
 
- Manoel Pedro Vasconcelos 
 Pai de Amâncio, homem muito rude e severo com filho. Um momento 
marcante da sua participação na história foi quando enviou uma carta ao filho, 
onde, pela primeira vez, haviam palavras de carinho. O seu tratamento rigoroso 
dirigido a Amâncio era devido ao fato de que ele, como um pai, pensava que 
deveria impor respeito e criar um homem forte. Porém, como o próprio Amâncio 
conclui após ler a carta do pai “o amor de pai é bem contrário ao amor de filho; 
não se lembrava de que aquele nasce e subsistepor si e que este precisa ser 
criado; que aquele é um princípio e que este é uma consequência; que um vem 
de dentro para fora e que o outro vem de fora para dentro. Não se lembrava, o 
infeliz, de que o primeiro existirá fatalmente, por uma lei indefectível da 
natureza; ao passo que o segundo só aparecerá se lhe derem elementos da 
vida. Foi desses elementos que Amâncio nunca dispôs para poder amar o pai”. 
 Assim, é perceptível que o pai amava sim o garoto, e ao não demostrar isso 
desde cedo, acabou, sem querer, não conquistando algo como o amor de seu 
filho, mas sim o medo, que ele julgava ser fruto do respeito que ele tinha por 
ele. 
 
- D. Ângela 
É a mãe de Amâncio, que o ama perdidamente e sofre muito pela saída do filho 
de sua casa para viver no Rio de Janeiro. Era ela quem o protegia e quem o 
socorria em momentos de medo e tristeza, sendo extremamente importante na 
vida de Amâncio e quem dirigia suas cartas após se mudar. 
 
 
 
 
- Pires 
Professor de Amâncio dos 7 aos 12 anos, um homem carrasco e que batia nos 
alunos, era um ditador em sala. Devido aos maus tratos, o protagonista carrega 
um trauma muito grande. 
 
- Luís Campos 
Este é o homem que comanda uma casa de negócios e hospeda inicialmente o 
jovem universitário. Sempre demostra ser extremamente correto e ético, além 
de possuir um respeito muito grande pela família Vasconcelos e, por isso 
abriga alegremente o jovem provinciano. Considera-se um amigo de Amâncio e 
está lá para ele em todos os momentos, até mesmo o defende quando é preso. 
Quando acontece a revelação dos sentimentos do amigo por sua esposa, ele 
torna-se indiferente em relação a Amâncio e não carrega nenhum carinho por 
nada relacionado a ele. 
 
- D. Hortênsia 
Esposa de Luís Campos que é assediada por Amâncio, resiste e, assim que 
sabe da prisão do rapaz, arrepende-se perdidamente. É considerada uma 
esposa perfeita para aquela época, mostrando-se servente e companheira, 
apesar de viver infeliz com o marido, pois viviam uma relação monótona de 
casados. Por isso a ideia de aceitar os flertes de Amâncio, de certa forma não 
a desagradava, era uma novidade em sua vida, mas como era uma esposa fiel, 
nunca traiu o marido. 
 
- Paiva Rocha 
É um conterrâneo de Amâncio, que lhe apresenta a vida boêmia, a companhia 
de João Coqueiro e de Simões. 
 
Os Hóspedes: o autor apresenta a singularidade de cada um dos moradores 
daquela pensão, como pessoas do cotidiano, o que demonstra esse traço 
condizente com a realidade. 
Nº 01: Dr. Tavares – Advogado, que gostava de fazer discursos inflamados e 
fantasiosos. 
Nº 02: Fontes – Era um homem que havia ficado rico, mas perdera todo seu 
dinheiro, agora tentava se reerguer vendendo “muamba” pela cidade. 
Nº 03 Piloto – Repórter do jornal Gazeta que não era muito presente nas 
confraternizações da pensão. 
Nº 04 Campelo – Misterioso, pouco se sabia sobre ele. 
Nº 05 Paula Mendes e Catarina – O marido era rabequista e ela pianista, 
tinham um relacionamento muito difícil e foram protagonistas de algumas 
brigas que agitavam a casa de pensão. Devido a situação financeira deles, são 
obrigados a vender o piano para quitar dívidas. 
Nº 06 O guarda-livros – Homem que paga sempre em dia e troca com 
Amâncio pelo gabinete no meio do livro, sendo assim, um hóspede valioso para 
os donos. 
Nº 07 Homem doente – Definha dia após dia e morre nas mãos de Amâncio. 
Um fato interessante sobre ele que deve ser analisado é como ele é ignorado 
com sua doença, era tísico (tinha tuberculose), mas quando Amâncio fica 
doente a situação é completamente contrária, mostrando como a diferença 
social e financeira dos dois corresponde a tratamentos diferenciados vindo das 
mesmas pessoas que estavam ao redor de ambos. 
Nº 08 Lúcia e Pereira – Lúcia era uma senhora interesseira que tentou seduzir 
Amâncio, e chegou até a delatar o plano dos donos da casa de pensão, mas 
João Coqueiro e Mme. Brizard mandaram-na embora. Pereira é um lento que 
só dorme e indigna Lúcia com isso. A casa de pensão do Coqueiro já era a 
sexta por onde percorriam com o seu suposto marido e assim eles viviam a 
vida, de pensão em pensão por não pagarem suas dívidas. Uma característica 
de Lúcia que intrigava Amâncio era a forma que ela o deixava esperando, e 
assim, ele se interessava cada dia mais por ela. 
Nº 09 Melinho – Funcionário da Caixa. 
Nº 10 Lambertosa – o Gentleman, homem metido a intelectual. 
Nº 11 Dr. Correia – Médico, alugava o quarto supostamente só para estudar 
 
5.4. Análise aprofundada e intertextualidade 
 Em relação a busca de deixar a história o mais real possível, podemos 
lembrar que para isso houve como base o uso de um fato real, o crime que 
sensibilizou e se sucedeu em 1876/77 no Rio de Janeiro, a “Questão 
Capistrano”, que envolvia dois estudantes, em situação muito próxima à da 
narração de Aluísio Azevedo. Já em relação a crítica à sociedade da época 
podemos ver ela presente em todo o livro, abrangendo temas como a aplicação 
da disciplina a partir da brutalidade, a presença do patriarcalismo na sociedade, 
as classes sociais, a desigualdade social, o uso de influência para manipular 
informações, dentre vários outros que podem ser encontrados nessa obra que 
nos exprime tão detalhadamente a sociedade da época. 
 Pensando de uma forma mais voltada ao que está presente na obra, 
acabamos por perceber a influência do ambiente em que o indivíduo está 
contextualizado, por exemplo o fato de que Amâncio se tornou o que é na 
história devido a socialização que obteve desde sua infância, o mesmo ocorre 
para o Coqueiro e para a Lúcia, porém o fato de estarem em classes sociais 
distintas, faz com que o protagonista revele uma formação de um indivíduo 
totalmente diferente, com seus próprios ideais e sua própria forma de 
sobreviver no mundo. Pode-se complementar que essa divisão na sociedade 
causa uma desigualdade social bem evidente e podemos perceber isso no 
livro, por exemplo se estabelecermos novamente uma relação entre o hóspede 
tuberculoso e quando o Amâncio esteve doente, onde podemos perceber como 
os dois indivíduos foram tratados de forma diferente mesmo estando na mesma 
situação. Contudo, uma coisa é certa, todos irão em algum momento morrer 
não importando em que classe social esteja e para deixar mais claro podemos 
pensar no ditado popular “Todos os caminhos levam a Roma”, ou seja, há 
coisas que não temos como fugir e uma delas é a morte. 
 A saída de Amâncio da sua casa no Maranhão representa uma saída tardia 
de um jovem que vai em busca dos seus desejos e suas convicções, essa 
saída das “asas dos pais” representa a mesma vontade que é apresentado por 
Cartola na música “Preciso Me Encontrar”, onde é expressada a vontade de 
explorar o mundo e conhecer tudo o que ele tem a dispor, ou seja, uma viagem 
pela busca da liberdade. A ideia de ir ao Rio de Janeiro, é camuflada pela 
desculpa de ir lá estudar medicina, contudo sua real motivação decorre da sua 
concepção ingênua sobre como viver uma vida. Entretanto, o distanciamento 
da família e essa busca do “seu viver” leva ele a sua ruína, de forma que 
podemos relacionar isso ao ditado popular “Uma andorinha sozinha não faz 
verão”, pois nada caminha a seu favor. Tudo que se sucede em sua vida o 
deixa cada vez mais longe da liberdade que este procurava, o deixando cada 
vez mais engaiolado como um pássaro, onde não há como fugir/mudar a 
situação. 
 A frase “O homem é o lobo do homem” de Thomas Hobbes representa muito 
bem o fato de que o homem leva a si e aos outro ao seu fim, tanto que 
podemos relacionar isso ao que se sucedeu com a família do Coqueiro, que 
cobiçou a fortuna de Amância e almejou um casamento, a ponto de esquecer 
de pensar sobre suas ações, que acabaram por resultar em sua destruição, o 
que podemos relacionar aos ditados populares “Mais vale um pássaro na mão 
do que dois voando” e“Para baixo todo santo ajuda”, pois eles explicam muito 
bem o resultado da ação destes indivíduos. Em outras palavras, podemos 
relacionar o que foi abordado na frase inicial ao lado patológico do ser humano, 
as perversões dos desejos e o comportamento das pessoas influenciadas pelo 
meio em que vivem, isso acabaria por explicar o porquê das ações dos 
personagens acontecerem, por exemplo, podemos pensar nas ações 
machistas de Amâncio, onde este usa da força física para saciar suas paixões 
efêmeras. Portanto, podemos pensar que essas ações autodestrutivas e 
erradas são consequências do uso de um ponto de vista individualista, onde o 
que importa é o indivíduo conseguir sempre mais, não importando o que ele 
precise fazer para obter seu objeto de desejo. 
 As relações de poder se desenvolvem em todos os âmbitos, como por 
exemplo, o ideológico, o econômico e o político. No ideológico podemos pensar 
na ação do patriarcalismo, de forma que podemos ver ele na obra, como nas 
ações da família Coqueiro que eram resultados do que o João pensava ser 
melhor, tanto que esse ideal de que as ações estão nas mãos do homem da 
casa foi um dos fortalecedores da ideia de matar Amâncio e este levou sua 
família a ruína, podemos também pensar sobre o patriarcalismo expresso na 
imagem idealizada em que é posta D. Hortênsia, que remete ela a “mulher 
perfeita”, aquela que serve como exemplo para as demais mulheres. Pode-se 
relacionar essas relações a série “Coisa Mais Linda”, onde podemos observar o 
patriarcado dentro da sociedade e como ele atua de forma tão imponente no 
modo como os indivíduos vivem e como as relações de gênero são apresentam 
com uma valorização do homem e a desvalorização da mulher. 
 No econômico podemos pensar na família e nos status sociais em que o 
indivíduo se apresenta, por exemplo a família Vasconcelos que possui dinheiro 
e influência e dá a Amâncio uma chance de iniciar sua vida de uma forma 
muito melhor do que a obtida por Coqueiro, sendo essa a melhor expressão do 
principal influente na colocação social do indivíduo, pois o status social pode 
ser obtido com mais facilidade se o indivíduo possuir dinheiro e prestígio 
relacionado a ele ou a sua família. A educação e o criação de fortuna são as 
únicas formas de escalar essa cadeia social, pois respectivamente uma leva ao 
prestígio e a outra a influência, que pode ser comprada ou ganha com o tempo. 
 Contudo, quando a criação da fortuna ou a educação é impossibilitada, o 
indivíduo que está em uma classe social baixa continuará nela, pois não há a 
possibilidade de haver uma ascensão do mesmo, podemos até pensar na frase 
de Paulo Freire “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é 
ser o opressor”, pois é isso que acontece e podemos ver isso no personagem 
Coqueiro que não consegue sua ascensão na sociedade por conta dele e faz 
parte da população oprimida, não conseguindo a mobilidade social, entretanto, 
almeja estar no topo, ser um opressor, de forma que podemos ver isso quando 
o Coqueiro se agarra a Amâncio, pois nele ele acaba por encontrar a 
oportunidade de subir na vida. 
 A prisão de Amâncio nos proporciona criar uma relação com o uso da 
manipulação de informações no âmbito político, um problema que persiste na 
atualidade. A figura de Amâncio representa como um simples indivíduo pode se 
tornar uma grande figura, a partir do momento em que usam da sua história e a 
tornam maior ou mais significativa do que seria se não houvesse a proporção e 
o fato da mídia a propagar e tornar ele um símbolo popular, que podemos 
relacionar ao filme “Coringa” lançado em 2019, que representa bem como é 
possível usar de um “simples indivíduo” para representar a população e a 
injustiça falha, de forma que este indivíduo ganhe lugar no “coração popular”. 
 
6. OPINIÃO 
 Casa de pensão é um clássico da literatura brasileira que possui uma trama 
simples, mas muito bem amarrada e desenvolvida. Apesar de extremamente 
detalhista, o que em alguns momentos torna-se maçante – como quando, por 
exemplo, o autor narra a vida inteira de um personagem secundário - a escrita 
de Aluísio Azevedo não é complicada como a de outros escritores da época, 
fazendo com que a leitura não se torne complexa. 
 Os personagens de Casa de Pensão são todos bem construídos, com 
personalidade e história própria, além de papel na trama. São condizentes com 
a realidade, todos passíveis de corrupção e muito influenciados pelo meio. 
A malandragem, malícia e esperteza de todos eles os tornam representações 
perfeitas do conhecido “jeitinho brasileiro”. É impossível gostar ou odiar 
completamente os personagens, como por exemplo o Amâncio, sendo em 
certos momentos alguém digno de repúdio e em outros, alguém com que o 
leitor possa sentir simpatia, por se demostrar inocente em relação a verdadeira 
intenção das pessoas ao seu redor. É até mesmo possível se identificar com os 
personagens em determinados momentos. 
 É um livro que nos proporciona entender mais o Brasil do Século XIX, com 
uma crítica ao modo de vida da época, o que não deixa de tornar a obra bem 
atual. Com personagens de ações e índoles questionáveis vivendo em uma 
sociedade de aparências e de interesses, o autor obriga o leitor a encarar 
certas verdades sobre o caráter humano, ou a falta dele. Aluísio nos faz refletir 
o quanto somos influenciados pelo meio em que vivemos e como o desejo por 
algo pode nos levar a finais trágicos. 
 
 
7. CONCLUSÃO 
 No decorrer do trabalho, mostramos nossa compreensão e opinião a respeito 
da obra de Aluísio Azevedo. Vale ressaltar que, mesmo sendo uma história 
contextualizada em uma época distante, ainda pode ser considerada reflexo 
dos problemas atuais enfrentados pela sociedade brasileira, onde a diferença 
entre as classes sociais faz com que sejam reveladas características dos seres 
humanos, como a ambição. Também as relações interpessoais que ocorrem ao 
longo da vida moldam o caráter e personalidade do indivíduo. 
 Esses pontos foram apresentados com clareza pelo autor da obra e por isso, 
foram abordados de forma concisa no decorrer do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
8. REFERÊNCIA 
 
 AZEVEDO, Aluísio. Casa de Pensão. Edição 5. São Paulo: Ática, 1989. 
 
 BIOGRAFIA DE ALUÍSIO AZEVEDO 
(Fonte: https://www.ebiografia.com/aluisio_azevedo/); 
 
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Pens%C3%A3o; 
 
 https://beduka.com/blog/materias/literatura/resumo-de-casa-de-
pensao/#:~:text=Principais%20personagens&text=Am%C3%A9lia%20%
E2%80%93%20Ela%20%C3%A9%20uma%20jovem,se%20interessand
o%20pelo%20jovem%20Am%C3%A2ncio.; 
 
 https://www.passeiweb.com/estudos/livros/casa_de_pensao/ 
 
https://www.ebiografia.com/aluisio_azevedo/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Pens%C3%A3o
https://beduka.com/blog/materias/literatura/resumo-de-casa-de-pensao/#:~:text=Principais%20personagens&text=Am%C3%A9lia%20%E2%80%93%20Ela%20%C3%A9%20uma%20jovem,se%20interessando%20pelo%20jovem%20Am%C3%A2ncio.
https://beduka.com/blog/materias/literatura/resumo-de-casa-de-pensao/#:~:text=Principais%20personagens&text=Am%C3%A9lia%20%E2%80%93%20Ela%20%C3%A9%20uma%20jovem,se%20interessando%20pelo%20jovem%20Am%C3%A2ncio.
https://beduka.com/blog/materias/literatura/resumo-de-casa-de-pensao/#:~:text=Principais%20personagens&text=Am%C3%A9lia%20%E2%80%93%20Ela%20%C3%A9%20uma%20jovem,se%20interessando%20pelo%20jovem%20Am%C3%A2ncio.
https://beduka.com/blog/materias/literatura/resumo-de-casa-de-pensao/#:~:text=Principais%20personagens&text=Am%C3%A9lia%20%E2%80%93%20Ela%20%C3%A9%20uma%20jovem,se%20interessando%20pelo%20jovem%20Am%C3%A2ncio.
https://www.passeiweb.com/estudos/livros/casa_de_pensao/

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