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52 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Unidade II 5 ENERGIA RENOVÁVEL Anteriormente, discutimos energia, matrizes energéticas, consumo de energia elétrica no Brasil e fontes de energia não renováveis. O principal objetivo agora é abordar a importância de utilizarmos a energia sem prejudicar o meio ambiente. Além disso, demonstrar alternativas que o homem pode criar para diminuir a ação prejudicial ao meio ambiente, caso seja inevitável. Iniciaremos falando da utilização de fontes de energia renováveis, discutindo cada tipo de energia. Ato contínuo, debateremos sustentabilidade e ações que o homem poder realizar a favor do meio ambiente, sem comprometer o desenvolvimento da comunidade. 5.1 Energia hidráulica Uma das funções da água, sem ser a destinada ao consumo, é a formação de energia, também conhecida como energia hidráulica, a qual constitui uma parcela significativa da matriz energética mundial (cerca de 18%). Esse tipo de energia também é a principal fonte de energia elétrica em mais de 30 países – no Brasil, equivale a 90% de toda a fonte de energia. Historicamente, o uso desse tipo de energia foi uma das primeiras substituições do trabalho animal pelo mecânico, como na moagem de grãos e no bombeamento de água. Mesmo com todas essas explicações anteriores, você saberia dizer o que significa energia hidráulica? É um tipo de energia que se vale do fluxo das águas em usinas, nos quais as obras civis e equipamentos têm mesmas importância e relevância no processo. Assim, podemos dizer que a energia hidráulica é um tipo de energia com características positivas, para além do rótulo de renovável, como a disponibilidade de recursos e a facilidade de aproveitamento. Além disso, advém da irradiação solar e da energia gravitacional, que favorece a evaporação, condensação e precipitação da água sobre a Terra. A primeira hidrelétrica a ser construída foi a das Cataratas do Niágara, ao final do século XIX. Na mesma época, o Brasil construiu sua primeira hidrelétrica, em Diamantina (remanejando as águas do Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha). Dados matemáticos apontam que China, Índia e Brasil, além de União Soviética e países da América do Norte são potencialmente favoráveis ao aproveitamento da água para a geração de energia – sendo a China o país que efetivamente mais investe em energia hidrelétrica no mundo –, já o continente africano é o mais desfavorável. 53 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Lembrando que esse aproveitamento também depende do clima no planeta, o qual se tem modificado durante as últimas décadas, devido ao efeito estufa, a ser discutido em detalhes mais adiante. No Brasil, a energia hidráulica é a principal matriz energética (mesmo que existam investimentos em outras fontes de energia) e o estudo da hidrometria está relacionado à geração de energia pela construção de usinas hidrelétricas, utilizando bacias hidrográficas e volumosos rios. Vale ressaltar que o Brasil é o país com maior potencial hidrelétrico do mundo. Cerca de 40% da energia gerada pelas bacias hidrelétricas advém da Bacia do Amazonas, seguida da do Paraná (23%), do Tocantins (10,6%), do São Francisco (10%), sendo que a do Uruguai e Atlântico Leste equivalem 5% cada uma. Além disso, existem as sub‑bacias que auxiliam os municípios na geração de energia elétrica, criando pequenas centrais hidrelétricas. Existem ainda outras usinas que aproveitam o desnível para a geração de energia, como a de Henry Borden (Cubatão, SP), a do Rio Paraíba do Sul (Rio de Janeiro, RJ) e a de Itaipu (Foz do Iguaçu, PR), que é a maior usina do mundo, sendo responsável por cerca de 25% da produção total de energia hidráulica do Brasil. Figura 36 – Usina de Itaipu De forma geral, o aproveitamento da energia hidráulica acontece pelo uso de turbinas hidráulicas que estão acopladas a um gerador de energia elétrica e a potência de energia depende da força das turbinas e a velocidade com que a água passa por elas. Explicando de forma mais completa, para produzir energia hidrelétrica é importante que exista a integração da vazão de um rio, sua quantidade de água e os desníveis do relevo. A usina tem a função de colaborar para a captação desse tipo de energia. A estrutura da usina é composta por barragem (que interrompe o curso normal do rio e cria um reservatório, que permite também a formação de desníveis, captação de água e regularização da vazão), sistema de captação e adução de água, casa de força e vertedouro (cuja função é permitir a saída de água sempre que os níveis fiquem acima do limite, principalmente em épocas de chuva), que funcionam em conjunto. Existem usinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar energia, através de turbinas, mas não conseguem reservar água, tornando isso um problema em épocas de estiagem. 54 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Canais, túneis ou condutos metálicos são utilizados para formar o sistema de captação e levam a água até o local para geração de força, onde estão as turbinas (que possuem pás ligadas a um gerador). Mas como as turbinas funcionam? Quando as pás giram, convertem a energia cinética em energia elétrica por geradores, enquanto a água que fez as turbinas girarem, após esse processo, retorna ao leito do rio pelo canal de fuga. Tudo isso segue esquematizado nessa figura. Reservatório Casa de força Linhas de transmissão de energia Perfil esquemático de usinha hidrelétrica Canal Duto RioTurbina Fluxo de água Figura 37 – Esquema da usina hidrelétrica no Brasil A classificação de uma usina hidrelétrica depende de fatores como altura da queda d’água (pode ser alta, média ou baixa), vazão, capacidade instalada (pode ser de grande, médio ou pequeno porte, determinando a dimensão da rede de transmissão), tipo de turbina (adaptada para funcionar em usinas com determinada faixa de altura de queda e vazão), localização, tipo de barragem e reservatório. Quanto aos tipos de reservatórios, eles podem ser do tipo acumulação (presentes em cabeceiras dos rios, em locais de grandes quedas de água) e fio d’água (gerando energia com o fluxo do rio). Contudo, o principal problema da utilização de todas as usinas é a presença de sedimentos nessas águas, os quais diminuem a vida útil das barragens. Outro fator importante é o sofrimento dos mananciais que subsidiam o abastecimento de água como consequências da falta de estudos científicos que melhorem a utilização dessas fontes, pois as pequenas bacias drenam as águas das cidades e recebem todos os tipos de dejetos provenientes de vários tipos de locais. Interessante ressaltar que o aproveitamento de potenciais hidráulicos para a geração de energia exigiu a formação de grandes reservatórios, causando, muitas vezes, inundação de algumas áreas produtivas ou de diversidade biológica, fazendo com que pessoas e animais migrassem dessas áreas. Tais migrações colaboraram para o surgimento de diversas doenças, como as sexualmente transmissíveis e até mesmo acidentes ou violência. Em relação ao meio ambiente, os reservatórios criaram microclimas que favoreceram a geração de algumas espécies, mas também a extinção de outras. A modificação das espécies também favoreceu o surgimento de doenças, principalmente associadas a vetores, como malária e esquistossomose. 55 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Outros impactos ambientais podem ser descritos pela implantação de uma usinahidrelétrica, como a que aconteceu com a construção da bacia hidrográfica de Tucuruí (do Rio Tocantins), de 1976 a 1984. A função dessa bacia era favorecer as cidades da Amazônia Oriental e levar desenvolvimento para a região Norte do Brasil. No entanto, a falta de legislação ambiental e a ausência tanto de planejamento como de conhecimento sobre a região provocaram diversos impactos ambientais, como: • isolamento da população ribeirinha após o enchimento do reservatório; • ocupação irregular; • conflito relativo ao uso de água; • aumento da quantidade de mosquitos; • intensificação da atividade madeireira predatória; • perdas de zonas de pesca a jusante do barramento; • aparecimento de grandes cardumes a montante; • enorme mortandade de animais com o enchimento do reservatório; • emissão de gases de efeito estufa a partir da superfície do lago; • reassentamento em áreas impróprias para a agricultura; • alto índice de abandono de lotes e de comercialização dos mesmos; • pressão na estrutura fundiária local; destruição das relações sociais das comunidades indígenas na região; • suprimento de energia seletivo, sem atendimento à população atingida; • mudanças da estrutura produtiva agroextrativista para industrial; • oferta de empregos aquém da mão de obra atraída para a região; • conflito entre pescas artesanal e comercial; • compensação financeira para os municípios que tiveram áreas inundadas, por conta da perda da rica biodiversidade local, decorrente da construção da Bacia. 56 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Exemplo de aplicação Gostaria de propor‑lhe uma reflexão sobre os momentos de seca que prejudicam a distribuição de água e, consequentemente, a produção de energia elétrica pelas hidrelétricas. Assim, após esse desastre, alguns aspectos importantes foram incorporados no planejamento e execução de novos projetos hidrelétricos. São eles: • um projeto hidrelétrico deve incluir objetivos de desenvolvimento local e regional, não se limitando à geração de energia elétrica e a benefícios externos à região; • a implantação de novos empreendimentos hidrelétricos deve ser efetuada previamente à revisão dos estudos de inventário hidrelétrico de toda sub‑bacia hidrográfica, contemplando, além da partição de queda, a avaliação dos impactos sociais e ambientais decorrentes; • a importância de um processo de avaliação prévia dos impactos ambientais de diversas alternativas exige a criação e aperfeiçoamento de novos mecanismos de participação pública em todas as etapas do projeto de grandes barragens; • a implantação de empreendimentos hidrelétricos deve contar com a avaliação e respaldo de um comitê de bacia hidrográfica, que deve disciplinar a negociação entre os diversos agentes e usuários da água; • devem ser objeto de revisão legal os critérios de definição da área diretamente impactada pelo empreendimento, com direito à compensação financeira, não se restringindo ao percentual de área inundada, e à criação de mecanismos de controle social da destinação e aplicação dos recursos financeiros; • a incerteza científica sobre a magnitude e a relevância dos impactos e riscos ambientais do empreendimento deve suscitar a adoção do “princípio de precaução” ao longo de todas as etapas de planejamento, construção e operação do projeto; • o empreendedor deve reconhecer que os movimentos sociais são interlocutores legítimos na definição das políticas públicas e na tomada de decisão que afetam o seu modo de vida; • deve haver garantia de acesso às informações técnicas, em linguagem apropriada ao domínio público, referente ao projeto e aos impactos associados; • é necessário criar canais permanentes de comunicação entre o empreendedor e as comunidades atingidas pelo empreendimento ao longo de todo o ciclo do projeto; 57 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS • devem ser promovidas ações de desenvolvimento integrado, com ênfase em projetos de energia renovável e de melhoria da qualidade de vida da população, principalmente nas áreas rurais e (ou) regiões menos desenvolvidas. 5.2 Biomassa O que é biomassa? É toda matéria orgânica (vegetal ou animal) que pode ser potencialmente utilizada para gerar energia, sendo um tipo de energia derivada indiretamente da energia solar, a qual é convertida em energia química, pela fotossíntese, que favorece os processos biológicos da Terra. A biomassa pode ser dividida de acordo com sua origem, ou seja, florestal, agrícola e rejeitos urbanos e industriais, como o lixo. Mesmo que a quantidade de florestas do planeta esteja comprometida, a quantidade de energia de biomassa é muito grande, quando comparada a outros sistemas que geram energia. Assim, pode‑se dizer que a biomassa é uma das fontes de produção de energia com maior potencial de crescimento, sendo uma das fontes energéticas mais diversas, as quais contribuem para diminuição dos derivados de petróleo, pois é possível a criação de outros combustíveis como etanol e biodiesel. A biomassa tem baixa eficiência, mas pode ser utilizada de forma direta, o que a torna atrativa. Um exemplo disso é a combustão de fornos e caldeiras. Diversas tecnologias têm sido aprimoradas para diminuir o dano ambiental desse processo, efetivando a conversão e favorecendo a utilização desse tipo de energia. No Brasil, a biomassa tem sido utilizada na geração de energia em sistemas de cogeração (setor sucroalcooleiro) e geração de energia para comunidades mais isoladas, como na Amazônia. Acredita‑se que biomassa é responsável por cerca de 14% da energia no mundo e, nos países em desenvolvimento, esse valor ultrapassa os 30%, superando o gás natural e o carvão. Contudo, ainda é precária a coleta de dados mundiais a respeito do uso da biomassa, isso se deve ao fato de que é um recurso tradicionalmente utilizado em países mais pobres e setores menos desenvolvidos, também se trata de uma fonte de energia dispersa e seu uso tradicional está erroneamente associado ao desflorestamento, bem como à desertificação. Vale ressaltar que esforços recentes para aferição do potencial energético da biomassa estão sendo realizados, com estudos e demonstrações, favorecendo o desenvolvimento de novas tecnologias de conversão, principalmente em países industrializados, o que demonstra que a biomassa tem controle sobre as emissões de CO 2 e enxofre. O Brasil utiliza a biomassa e tem evoluído muito nesse tipo de energia. Para a geração de combustíveis como etanol (a utilização de carros flex mais do que dobrou nos últimos anos), o Brasil destaca‑se mundialmente, superando o petróleo. Lembrando que o biodiesel também é uma fonte importante, mas sua grande utilização acontece fora do país, como o biocombustível. 58 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Além da produção de etanol, queima em fornos e caldeiras, o Brasil percebeu um grande potencial na produção de energia elétrica. Assim, a quantidade de resíduos gerados na produção do etanol (cana‑de‑açúcar) é remanejada para a produção de energia elétrica. Adicionalmente, a feitura de madeira (lenha), carvão vegetal ou toras também gera resíduos que podem ser utilizados para produção de energia elétrica. Mas como a biomassa pode ser aproveitada? Por meio de combustão direta (por processos físicos, como a quebra, o corte, a compressão), termoquímicos (gaseificação, pirólise, liquefação e transesterificação) ou biológicos (digestão anaeróbica ou fermentação). A próxima figura elucida as fontes de biomassa, os processos de conversão e a geraçãoenergética dos processos. Fontes de Biomassa Sacarídeos Hidrólise Síntese Celulósicos Amiláceos Aquáticos Madeiras Agrícolas Urbanos Indústrias Óleos vegetais Vegetais não lenhosos Vegetais lenhosos Resíduos orgânicos Biofluídos Fermentação Etanol Liquefação Comix líquida Comix direta Calor Processo mecânico Lenha Pirálise Carvão Gaseificação Metanol Biodigestão Gás combústivel Craqueamento Biogás Esterificação Biodiesel Processo de Conversão Energético Figura 38 – Conversão energética da biomassa Agora, discutiremos em detalhes as principais tecnologias de aproveitamento da biomassa. Começaremos falando da combustão direta. Esse processo é a conversão de energia química em calor, por meio de reações dos elementos que foram fornecidos no processo. Tal processo geralmente acontece em fornos, caldeiras e fogões. O grande problema dele é a baixa eficiência energética. A gaseificação trata da conversão de combustíveis sólidos em gasosos, envolvendo vapor quente e ar ou oxigênio, podendo produzir gás sintético, que pode ser utilizado para a geração de qualquer hidrocarboneto. Pirólise, também conhecida como carbonização, é a mais antiga forma de conversão de um combustível em outro tipo melhor, como é o caso da lenha em carvão. Esse processo depende do 59 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS aquecimento alto do material sem ar. Os produtos do processo, como o líquido, podem ser aproveitados como óleo combustível. A digestão anaeróbia é um processo de decomposição (com auxílio de micro‑organismos) na ausência de ar e acontece de forma natural em compostos orgânicos. O aproveitamento energético desses compostos, como o esterco, pode ser feito por meio da digestão em biodigestores com umidade e aquecimento. Interessante ressaltar que o produto final desse processo é o biogás (metano e CO2), com alto conteúdo energético e o efluente serve como fertilizante. Assim como a digestão anaeróbia, a fermentação também é um processo biológico que deve acontecer na ausência de ar. No entanto, dois processos diferem em dois pontos: o tipo de produto e o que ele gera. Na fermentação, utilizam‑se os açúcares de plantas, como milho, beterraba e batata, para serem convertidos em álcool, que possui etanol e metanol, os quais, por sua vez, podem ser utilizados como combustíveis. A transesterificação é um processo químico que favorece a reação de óleos vegetais com um outro produto, como etanol ou metanol e hidróxido de sódio ou potássio. Essa reação gera a glicerina e o biodiesel, este último podendo ser aproveitado em automóveis. A geração de energia a partir da biomassa ainda é um aspecto muito discutido nacional e internacionalmente. Apesar de ser uma forma de produção de energia competitiva, ainda existe o desafio de diminuir a emissão de CO2. Para diminuir todos esses problemas, diversas legislações têm sido criadas para favorecer o uso da biomassa, inclusive o incentivo à cogeração de energia elétrica. Dessa forma, a biomassa é uma técnica de geração de energia competitiva e econômica, além de ser favorável ao meio ambiente. Investimentos em biomassa favorecem a geração local e descentralizada de empregos, redução do êxodo rural e dependência de apenas um tipo local de energia. A Finlândia utiliza a biomassa, e a geração descentralizada de energia é uma tradição, ocupando maior parte da matriz energética do país (20%). Já no Brasil, a biomassa representa 20% da oferta primária de energia, mas, infelizmente, não é capaz de diminuir o desmatamento de áreas importantes para a substituição dessas por pastagem. O maior exemplo do Brasil é o estado de São Paulo (grande produtor de cana‑de‑açúcar), e a utilização da biomassa para a geração de energia elétrica equipara‑se à hidráulica. Contudo, a geração de energia elétrica da biomassa não é somente derivada da cana‑de‑açúcar, mas também de resíduos madeireiros, agrícolas e de lenha. No entanto, o bagaço da cana‑de‑açúcar é o que tem maior potencial, pois 28% da cana‑de‑açúcar utilizada para a produção de etanol vira bagaço e pode ser aproveitada para geração de energia por biomassa (37% da queima do bagaço), por meio de centrais termelétricas. 60 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Saiba mais Para conhecer mais a respeito da importância da cana‑de‑açúcar na geração de energia, sugiro a leitura: OLIVEIRA, A. Brasil tem mais de uma Itaipu em energia em bagaço de cana‑de‑açúcar. G1, 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/ sp/ribeirao‑preto‑franca/noticia/2013/01/brasil‑tem‑mais‑de‑uma‑ itaipu‑em‑energia‑em‑bagaco‑de‑cana‑de‑acucar.html>. Acesso em: 8 jun. 2015. De modo geral, o impacto ambiental desse tipo de energia é bem menor do que os outros, o que torna a biomassa muito interessante do ponto de vista ambiental, mas ainda necessita de muito investimento no que diz respeito a transporte, produção e controle da emissão de gases do efeito estufa. Contudo, ainda precisamos trabalhar a partir da ideia de que a biomassa estaria associada ao desmatamento, o que não é real, pois florestas energéticas poderão ser cultivadas para a geração de biomassa, já a utilização dos resíduos da plantação de cana‑de‑açúcar diminui o impacto ambiental da plantação de cana na fase da colheita. Outra crítica relacionada à plantação de cana‑de‑açúcar é o prejuízo do solo e o comprometimento do alimento. Esses prejuízos estão sendo contornados por ampliação de técnicas e diferentes processos que viabilizam as áreas plantadas, favorecendo a biomassa, além de colaborarem com a indústria local e diminuírem o êxodo rural. O quadro a seguir demonstra as principais centrais termelétricas de biomassa no Brasil, os proprietários, o município, o combustível gerado e a potência gerada em kW. Quadro 6 – Centrais termelétricas a biomassa no Brasil Usina Proprietário Município Combustível Potência (kW) Bandeirante Biogás Energia Ambiental S/A São Paulo – SP Biogás 20.000 Triálcool Laginha Agro Indústrial S/A Canápolis – MG Bagaço de Cana 11.500 Ecoluz Ecoluz do Paraná Ltda. Guarapuava – PR Cavaco de Madeira 10.000 Itacoatiara BK Energia Ltda. Itacoatiara – AM Cavaco de Madeira 9.000 S. José do R. Claro BK Energia S. José do Rio Claro S. José do Rio Claro – MT Cavaco de Madeira 9.000 Pumaty Pumaty Ind. de Açúcar e Álcool Joaquim Nabuco – PE Bagaço de Cana 8.000 UFA Alto Alegre S/A Açúcar e Álcool Presidente. Prudente – SP Bagaço de Cana 5.200 Coinbra ‑ Frutesp Frutesp Industrial Ltda. Bebedouro – SP Bagaço de Cana 5.000 Galvani Galvani S/A Paulínia – SP Bagaço de Cana 4.000 Apiacás Enerbrax Part. & Empr. Ltda. Apiacás – MT Cavaco de Madeira 4.000 Aripuanã Enerbrax Part. & Empr. Ltda. Aripuanã – MT Cavaco de Madeira 4.000 Juara Enerbrax Part. & Empr. Ltda. Juara – MT Cavaco de Madeira 4.000 Juína Enerbrax Part. & Empr. Ltda. Juína – MT Cavaco de Madeira 4.000 Vila Rica Enerbrax Part. & Empr. Ltda. Vila Rica – MT Cavaco de Madeira 4.000 Jatiboca Cia Agrícola Pontenovense Urucânia – MG Bagaço de Cana 3.800 61 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS PCT Barueri Cetesb Carapicuíba – SP Biogás 2.601 Florevale Florestal do V. do Jequitin. Grão Mogol – MG Cavaco de Madeira 2.000 Sguário Itapeva Sguário Ind. de Madeira Ltda. Nova Campina – SP Cavaco de Madeira 1.485 Floraplac Floraplac Industrial Ltda. Paragominas – PA Bagaço de Cana 1.250 Fonte: BRASIL (2002, p. 59). 6 OUTRAS FONTES 6.1 Conceito geral de energia verde Desde 1990, o conhecido “Mercadode Energia Verde” tem ganhado grande destaque no mundo, principalmente na Europa. E qual seria o objetivo dessa energia verde? O principal compromisso desse tipo de energia é a redução da emissão de CO2, com a assinatura do Protocolo de Quioto, diminuindo o efeito estufa. Em relação ao ar que respiramos, a descoberta do pesquisador Joe Farman sobre a destruição da camada de ozônio iniciou uma crise ambiental importante, a qual voltou os olhos de todas as organizações governamentais às questões ambientais, que prevalecem até os dias atuais. Duas das medidas criadas por essas organizações foram os Protocolos de Montreal (1987) e de Quioto (1997). Esses protocolos visam à defesa do meio ambiente, não permitindo que ações humanas sobre ele sejam capazes de degradá‑lo ou poluí‑lo. Além disso, esses protocolos preconizam pensamentos ambientalistas de diversos países, favorecendo a aplicação de ações que visam à educação ambiental, como a alfabetização ecológica e a ação propriamente dita. Lembrete O principal compromisso da energia verde é a redução da emissão de CO2, diminuindo o efeito estufa. O protocolo de Montreal (1987) foi criado para o controle das emissões de gases ou outras substâncias envolvidas com a destruição da camada de ozônio. Ainda em 1987, foi realizada a Comissão de Brundtland, para discutir‑se o desenvolvimento sustentável e foi criado o informe Intitulado Nosso Futuro Comum. Em 1988, foi criado o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) e, em 1989, foi criada a convenção da Basileia, que discutiu a movimentação entre as fronteiras de dejetos perigosos. O Protocolo de Kyoto ou Quioto (1997) foi criado para fixar metas, a fim de diminuir a poluição por queima de produtos fósseis, os quais também são responsáveis pelo aumento do efeito estufa. Como as principais causas da poluição atmosférica são determinadas pelas emissões de poluentes das indústrias siderúrgicas, queima de carvão e petróleo pelas indústrias, automóveis e sistemas de aquecimento 62 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II doméstico, a redução dessas emissões faz‑se extremamente importante para a melhoria da qualidade do ar. Assim, em obediência à criação do Protocolo de Quioto, os países teriam de reduzir a emissão dos gases do efeito estufa em cerca de 5,2% de 2008 para 2012. Além disso, os países que assinam o protocolo teriam de investir em projetos de redução das emissões em outras nações, além de estimular atividades que favoreçam o plantio de árvores e conservação do solo, a fim de aumentar a absorção de carbono do ambiente. No entanto, esse protocolo é bastante limitado em suas ações de forma global, considerando que grandes nações, como os Estados Unidos da América, não o assinaram, justamente por constituírem um dos países que mais emitem poluentes, principalmente CO2, na atmosfera. Já o Brasil é um dos países que têm maior número de iniciativas a respeito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que diminui as consequências do processo de geração de poluentes em países em desenvolvimento. No entanto, a participação do Brasil nas questões ambientais não se iniciou somente no Protocolo de Quioto; bem antes dele, o país já considerava importante a proteção da camada de ozônio, o que o conduziu a aderir à Convenção de Viena, assinando já o Protocolo de Montreal (1990), pois, de acordo com ele, os países desenvolvidos que, de acordo com a história, utilizaram essas substâncias no desenvolvimento da sua nação, deveriam financiar a erradicação delas nos países em desenvolvimento. O financiamento de todas as ações para o cumprimento das exigências do Protocolo de Montreal é proveniente do Fundo Multilateral (FML, criado em 1990), o qual é administrado por um comitê de caráter executivo e recebe fomento de países desenvolvidos. O Brasil é um dos países que recebe apoio financeiro desse fundo para o desenvolvimento de suas ações contra a destruição da camada de ozônio. No entanto, para que todas as ações fossem realizadas com seriedade, a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária passou a fiscalizar, controlando e regulamentando em primeira instância, os rótulos dos produtos que não continham CFCs. Em 1991, o Governo Federal criou o Grupo de Trabalho do Ozônio (GTO) para a implementação do protocolo no país. Concomitantemente, ações no Ministério da Saúde intervindo na produção e venda desses produtos, como cosméticos e produtos higiênicos contendo CFCs, favoreceram as ações impostas pelo protocolo no país. Além dos protocolos de Quioto e Montreal, como podemos diminuir o efeito estufa? E como isso pode ser feito? Programas de incentivo para a captação do CO2 que seria lançado na atmosfera são algumas estratégias. Países desenvolvidos utilizam de forma significante esse tipo de energia, diferente do que acontece nos países em desenvolvimento. Em relação à captura de CO2, no Brasil, existem projetos intitulados internacionalmente como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o qual comprova ser o projeto sustentável, principalmente para a captura de CO2, usinas movimentadas de forma sustentável, com conservação de energia e projetos de reflorestamento. A principal é a Usina Verde, que opera desde 2004 e está localizada na Ilha do Fundão (Rio de Janeiro). Essa usina vende créditos de carbono no mercado internacional e, ao incinerar lixo, obtém energia elétrica. Essa usina recebe cerca de trinta toneladas de lixo por dia de aterros sanitários. E por que essa usina é considerada limpa? Porque a usina destrói termicamente os gases poluentes produzidos durante o processo, liberando somente água e CO2, como esquematizado na figura adiante, que demonstra o perfil esquemático da produção de energia elétrica a partir do biogás. O calor da incineração do lixo gera eletricidade térmica considerável. 63 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Tarrafa Bobina a vapor Caldeira Gásreciclado Produtos líquidos O gás é convertido para produtos líquidos ou usado como combustível alternativo em motores, caldeiras ou turbinas Sistema de geração Água Desvolatização Fi ltr o de g ás Dejetos orgânicos Figura 39 – Esquema da produção de energia a partir do biogás Até que esse tipo de energia fosse realmente viabilizado, a maioria dos países conhecia somente como energia verde, a hídrica e a biomassa. Contudo, investimentos na busca de alternativas favoreceram o surgimento de uma outra classe, denominada “outras fontes” ou “fontes alternativas”. Essas “outras fontes” aumentaram significantemente a participação na matriz energética mundial (cerca de 500%, de 1973 a 2006). E quais os tipos de energia que compõem a classe “outras fontes”? São eles: eólica, solar, mar, geotérmica, esgoto, lixo e dejetos animais, os quais serão discutidos posteriormente em maiores detalhes. Vale ressaltar que todos os tipos de energia da classe “outras fontes” são renováveis. Em 2003, o Brasil criou, por meio da Lei nº 10.438/02, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica), que estimula o uso de energia renovável no País e é coordenado pela Eletrobras. Lembrete Os tipos de energia que compõem a classe “outras fontes” são: eólica, solar, mar, geotérmica, esgoto, lixo e dejetos animais. 6.2 Energia eólica Basicamente, do ponto de vista físico, a eólica é um tipo de energia que utiliza o vento (movimento de massa de ar) para gerar energia cinética, a qual posteriormente é convertida em elétrica, com a ajuda de turbinas eólicas (aerogeradores). O conceito desse tipo de energia, assim como o da hidráulica, está 64 Re visã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II em operação há muitos anos, desde a época dos moinhos que envolvem energia mecânica, contudo, para a geração de energia, foi utilizada somente a partir do século XIX e consolidada de fato como uma possibilidade interessante, depois da crise do petróleo (1970). Historicamente, a Dinamarca foi o primeiro país que implantou uma turbina eólica para a geração de energia para a população (1976). Hoje, há cerca de 30 mil turbinas espalhadas ao redor do mundo e os custos para a implantação dessas turbinas têm diminuído com os anos, favorecendo a utilização desse tipo de energia, devendo tornar‑se um método de produzir energia bem competitivo. No entanto, a eficiência do processo de geração de energia por turbinas eólicas não depende somente da turbina em si, mas também de estudos locais sobre o vento (velocidade e regime). Assim, para que o aproveitamento da energia eólica valha a pena é necessário que atinja 500 W/m² a uma altura de 50 metros do chão, requerendo uma velocidade de vento de 7 a 8 m/s. Isso é interessante, pois somente cerca de 13% da superfície terrestre possui essa velocidade de vento. Então, por que a energia eólica é interessante? Mesmo que exista uma pequena porcentagem da capacidade de produzir vento no planeta, o potencial desse tipo de energia pela força das turbinas eólicas supera trinta vezes a capacidade de consumo mundial, valendo muito a pena aumentar os investimentos nesse setor. Saiba mais Para conhecer mais a respeito da importância da energia eólica para o desenvolvimento de uma comunidade, sugerimos a leitura: GIBSON, F.; CARVALHO, F. ‘O vento me dá dinheiro’, diz dono de fazenda com torres de energia eólica. G1, 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/ rn/rio‑grande‑do‑norte/noticia/2015/01/o‑vento‑me‑da‑dinheiro‑diz‑dono‑d e‑fazenda‑com‑torres‑de‑energia‑eolica.html>. Acesso em: 8 jun. 2015. Interessante ressaltar que, de 1997 a 2007, a capacidade mundial desse tipo de energia aumentou cerca de 1.155%, gerando maior capacidade ao sistema (de cerca de 7 mil MW para cerca de 98 mil MW), sendo que o ano de 2007 foi o mais produtivo nesse tipo de energia. O próximo quadro demonstra o ranking dos países que investiram nesse tipo de energia em 2007 – o Brasil ocupa a 25 ª colocação, sendo responsável por apenas 0,3% do total da geração de energia eólica. Esses dados demonstram o quanto o Brasil ainda precisa investir nesse tipo de energia, mas é importante conhecermos como começaram os primeiros investimentos em energia eólica no País. 65 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Quadro 7 – Ranking dos países que investiram na energia eólica e aumentaram sua potência mundial em 2007 País Potência (MW) % em relação ao total 1º Alemanha 22247,40 23,7 2º Estados Unidos 1688,80 17,9 3º Espanha 15145,10 16,1 4º Índia 7850,00 8,4 5º China 5912,00 6,3 6º Dinamarca 3125,00 3,3 7º Itália 2726,10 2,9 8º França 2455,00 2,6 9º Reino Unido 2389,00 2,5 10º Portugal 2130,00 2,3 25º Brasil 247,10 0,3 Total 93849,10 100,00 Fonte: BRASIL (2008, p. 80). Em 1990, foram instalados os primeiros sistemas de energia eólica no Brasil, mais precisamente em Fernando de Noronha (PE) e Ceará. Lembrete A eólica é um tipo de energia que utiliza o vento (movimento de massa de ar) para gerar energia cinética, a qual posteriormente é convertida em elétrica, com a ajuda de turbinas eólicas (aerogeradores). Mas o Brasil, de forma geral, possui capacidade de gerar energia, por meio dos ventos? A figura a seguir demonstra um mapa do potencial eólico do Brasil, no qual as regiões em marrom possuem ventos acima de 8 m/s; em vermelho, de 7 a 8,5 m/s; em laranja, de 6 a 7 m/s; em amarelo, de 5 a 6 m/s e azul menor que 5 m/s a 50 metros do chão. 66 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Maior que 8,5 m/s 7 a 8,5 m/s 6 a 7 m/s 5 a 6 m/s Menor que 5 m/s Figura 40 – Atlas eólico do Brasil (dados de 1998) De acordo com o mapa, o maior potencial eólico do Brasil encontra‑se no litoral do Norte e Nordeste, além do Sudoeste do Paraná e Litoral Sul Rio Grande do Sul. Em relação às turbinas, diversas foram criadas até se determinar um padrão específico, com eixo de rotação horizontal, três hélices (ou pás), alinhamento ativo, gerador de indução e estrutura não flexível, podendo ser pequena (potência menor que 500 kW), média (potência entre 500 e 1000 kW) ou grande (potência maior que 1 MW), como esquematizado na figura seguinte. Figura 41 – Exemplos de turbinas eólicas (da esquerda para direita: pequena, média e grande) 67 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Diversas centrais eólicas estão distribuídas pelo Brasil, mesmo que ainda nos dias atuais esse recurso energético seja pouco utilizado, como demonstrado neste quadro. Quadro 8 – Centrais eólicas outorgadas no Brasil (2002) Empreendimento Proprietário Município – UF Potência (kW) Parque Eólico de Beberibe Fuhrmet Energy Brasil Ltda. Beberibe – CE 25.000 Pecém CPL Participações Ltda. Caucaia – CE 25.200 CE 7 – Icapuí Energias Renováveis do Brasil Ltda. Aracati – CE 29.750 Pecém SIIF Énergies do Brasil Ltda. Caucaia – CE 31.200 Quintanilha Machado II SIIF Énergies do Brasil Ltda. Arraial do Cabo – RJ 39.600 RN 18 – Serra do Feiticeiro Energias Renováveis do Brasil Ltda. Lajes – RN 39.950 Volta do Rio CPL Participações Ltda. Acaraú – CE 42.000 Pecém Fuhrlander Energia Brasil Ltda. S. Gonçalo do Amarante – CE 46.000 CE 10 – Acaraú Energias Renováveis do Brasil Ltda. Acaraú – CE 49.300 CE 4 – Lagoinha Energias Renováveis do Brasil Ltda. Paraipaba e Trairi – CE 49.300 RN 15 ‑ Rio do Fogo Energias Renováveis do Brasil Ltda. Maxaranguape – RN 49.300 RN 20 – Serra do Mossoró Energias Renováveis do Brasil Ltda. Mossoró – RN 49.300 RN 3 – Gameleira Energias Renováveis do Brasil Ltda. Touros – RN 49.300 RN 5 – Calcanhar Energias Renováveis do Brasil Ltda. Touros – RN 49.300 RN 6 ‑ Macacos Energias Renováveis do Brasil Ltda. João Câmara – RN 49.300 Alegria I New Energy Options Ltda. Guamaré – RN 51.000 BA 3 – Caetité Energias Renováveis do Brasil Ltda. Caetité – BA 59.500 CE 9 – Salgada Energias Renováveis do Brasil Ltda. Paraipaba – CE 59.500 PE 1 – Marcolândia Energias Renováveis do Brasil Ltda. Araripina – PE 59.500 PE 2 ‑ Serra da Macambira Energias Renováveis do Brasil Ltda. Pesqueira e Poção – PE 59.500 PE 3 – Poção Energias Renováveis do Brasil Ltda. Poção – PE 59.500 PE 4 – Serra do Ororobó Energias Renováveis do Brasil Ltda. Pesqueira e Poção – PE 59.500 PE 6 – Buíque Energias Renováveis do Brasil Ltda. Buíque – PE 59.500 RN 10 ‑ Três Irmãos Energias Renováveis do Brasil Ltda. São Bento do Norte – RN 59.500 RN 14 ‑ São Bento do Norte Energias Renováveis do Brasil Ltda. São Bento do Norte – RN 59.500 Praia do Morgado CPL Participações Ltda. Acaraú – CE 79.200 RN 1 – Mel Energias Renováveis do Brasil Ltda. Areia Branca – RN 89.250 BA 2 – Costa Dourada Energias Renováveis do Brasil Ltda. Mucuri – BA 99.450 CE 5 – Apodi Energias Renováveis do Brasil Ltda. Limoeiro do Norte – CE 99.450 Alegria II New Energy Options Ltda. Guamaré – RN 100.800 Quintanilha Machado I SIIF Énergies do Brasil Ltda. Arraial do Cabo – RJ 135.000 RN 4 – Pititinga Energias Renováveis do Brasil Ltda. Maxaranguape – RN 149.600 Verdes Mares SIIF Énergies do Brasil Ltda. Tibau – RN 158.400 Fazenda Nova SIIF Énergies do Brasil Ltda. Portodo Mangue – RN 180.000 Maceió SIIF Énergies do Brasil Ltda. Itapipoca – CE 235.800 CE 11 – Camocim Energias Renováveis do Brasil Ltda. Camocim – CE 249.900 68 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II RN 11 – Guamaré I e II Energias Renováveis do Brasil Ltda. Guamaré e Macau – RN 249.900 Redonda SIIF Énergies do Brasil Ltda. Icapuí – CE 300.600 Fonte: Brasil (2002, p. 70). Apesar de todos os benefícios da energia eólica, ela possui suas desvantagens socioambientais, sendo as principais a sonoro e a visual. A sonora está relacionada ao ruído dos rotores e, para evitar maiores danos à população ao redor, o ruído deve seguir a legislação vigente. Já a visual está relacionada às modificações no cenário das paisagens naturais. Contudo, esse não é o único impacto. As interferências eletromagnéticas também são bem relevantes, pois podem interferir nos sinais de comunicação e transmissão de dados, como celulares, televisão e aeronaves; além disso, dependendo de onde as turbinas forem instaladas, podem interferir na rota de diversas espécies de aves. 6.3 Energia solar De forma geral, a maioria das formas de energia derivam da energia solar, por exemplo: hidráulica, biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia dos oceanos; além disso, ele serve como fonte de energia térmica para aquecimento de diferentes fluidos (uso de coletores ou concentradores solares), ambientes (aquecimento solar passivo), bem como para conversão de potência mecânica e elétrica. Além disso, quando o Sol age sobre determinados materiais, pode ser convertida diretamente em energia elétrica (termoelétrica e fotovoltaico). Em relação ao aquecimento solar passivo, ele é caracterizado pela absorção da radiação solar das edificações, diminuindo a necessidade de aquecimento interno das residências e utilização da energia elétrica para iluminação, principalmente durante o dia. Já em relação ao uso de coletores, são mais utilizados em imóveis residenciais ou comerciais para o aquecimento de água, por exemplo, e os concentradores são utilizados em locais onde a temperatura tem de ser muito maior, como a produção de vapor, a qual pode ainda ser utilizada como energia mecânica (com uma turbina a vapor) e, posteriormente, com um gerador de energia elétrica, gerar eletricidade. Esse esquema está ilustrado na figura seguinte. Normalmente, o coletor (ou vários metros quadrados de coletor) é instalado no telhado das residências ou edifícios (teto solar), para o suprimento de água. Exemplo de aplicação Convido‑o, aluno, a pensar em estratégias para a utilização de energia renovável em sua residência ou local de trabalho. Onde você mora ou trabalha, qual seria o melhor tipo de energia renovável? 69 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Caixa d’água Coletores Boiler Figura 42 – Esquema de um aquecedor solar de água Existe, ainda, a incidência de raios solares (luz – fotovoltaico, e calor ‑ termoelétrica) diretamente sobre semicondutores (concentradores), que são capazes de gerar energia elétrica, como demonstrado na próxima figura. Nesse caso, o objetivo é captar a energia solar em uma área relativamente grande e concentrá‑la em uma outra menor. Para isso, são instaladas superfícies refletoras, como espelhos, com forma parabólica, nas quais os raios solares são refletidos para uma superfície menor (foco), onde está o material que precisa ser aquecido. A presença do foco torna o processo mais custoso do que o do coletor. Figura 43 – Sistema de geração de energia elétrica Em relação ao efeito fotovoltaico, ele depende da excitação de elétrons presentes em materiais que são expostos à luz solar, sendo o mais utilizado o silício, o qual forma o painel solar, como demonstrado na próxima figura. Assim que a incidência solar atinge o painel, a energia captada vai para um controlador de carga, baterias e inversor, o qual transforma essa energia em elétrica e abastece a residência, por exemplo. 70 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Painel solar Controlador de carga Inversor Baterias Televisão Geladeira Lâmpadas Computador Figura 44 – Sistema de geração fotovoltaica de energia elétrica O Atlas de Irradiação Solar do Brasil, de 1997, descreve que o maior índice de radiação solar acontece no Nordeste e os menores, nas regiões Sul e Sudeste. Assim, em relação à energia solar no Brasil, o aproveitamento dessa fonte de energia acontece para o aquecimento de água (para as regiões Sul e Sudeste, principalmente) e geração de energia elétrica (para as regiões Norte e Nordeste, principalmente). Apesar de ser um recurso renovável, a energia solar não é acessível a todos, mas grandes esforços têm sido realizados pelo governo brasileiro para incentivar o uso desse recurso, visando ao futuro. Órgãos públicos, como o Ministério de Minas e Energia (MME) e Eletrobras/Cepel, têm apoiado projetos nessa área, a fim de favorecer o crescimento desse tipo de recurso também para comunidades menos desenvolvidas. Contudo, esse tipo de recurso energético torna‑se inviável para muitos brasileiros pela baixa eficiência dos sistemas de conversão de energia, fato que demanda maiores áreas de captação, tornando o recurso caro. Lembrete O maior índice de radiação solar acontece no Nordeste e os menores, nas regiões Sul e Sudeste. Contudo, mesmo que a participação da energia solar na matriz mundial de energia não seja tão expressiva, de 1996 a 2006, os investimentos nesse tipo de energia e sua potência aumentaram cerca de 2.000%. Assim como para a energia eólica, existe um ranking dos países que investiram nesse tipo de energia – no entanto, infelizmente, nesse caso, a participação brasileira foi tão pequena que sequer permitiu ao País aparecer no ranking abaixo. Quadro 9 – Ranking dos países que investiram na energia solar e aumentaram sua potência mundial em 2007 País Potência (MW) % em relação ao total 1º Alemanha 3862,0 49,3 2º Japão 1918,9 24,5 71 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS 3º Estados Unidos 830,5 10,6 4º Espanha 655,0 8,4 5º Itália 120,2 1,5 Outros países 454,4 5,7 Total 7841,0 100 Fonte: Brasil (2008, p. 83). 6.4 Biogás Você sabe o que é biogás? O biogás é obtido da biomassa contida em dejetos urbanos, industriais e agropecuários e esgotos. De todas as fontes, essa é a mais favorável ao meio ambiente, pois diminui a emissão dos gases do efeito estufa, da poluição do solo e de lençóis freáticos. E como esse processo acontece? Normalmente, do estado sólido para o gasoso, por meio da ação dos micro‑organismos que decompõem a matéria orgânica sem oxigênio (digestão anaeróbica), gerando um gás chamado de biogás – mistura de metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N2), hidrogênio (H2), oxigênio (O2) e gás sulfídrico (H2S). Se o biogás fosse lançado na atmosfera diretamente, contribuiria para o aquecimento global, mas a utilização dele apenas com a finalidade da geração de energia até mesmo colabora com o meio ambiente, diminuindo a quantidade de resíduos sólidos. Em 2006, o biogás foi o responsável por 2,3% da matriz energética mundial. Apesar da pequena contribuição, as usinas para geração de biogás têm crescido, principalmente na China e na Índia, assim como nos Estados Unidos (países em desenvolvimento e desenvolvido, respectivamente). Basicamente, há três maneiras de gerar energia por meio do lixo: combustão direta, gaseificaçãoe reprodução artificial da digestão por micro‑organismos para a decomposição da matéria orgânica, sendo esta última a responsável pelo biogás. Saiba mais Para entender melhor a respeito do biogás, leia a reportagem a seguir: TRIGUEIRO, A. Transformação de lixo em energia já é realidade no Brasil. Jornal da Globo, 2013. Disponível em: < h t t p : / / g 1 . g l o b o . c o m / j o r n a l ‑ d a ‑ g l o b o / n o t i c i a / 2 01 3 / 0 3 / projetos‑de‑producao‑de‑biogas‑no‑brasil‑comecam‑funcionar.html>. Acesso em: 8 jun. 2015. 72 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II As principais usinas termelétricas brasileiras movidas a biogás são: a do aterro sanitário Bandeirantes (em São Paulo), a São João (em São Paulo) e Energ Biog (em Barueri), totalizando a geração de cerca de 109 MW de energia. Observação Em 2006, o biogás foi o responsável por 2,3% da matriz energética mundial. 6.5 Fontes geotérmicas A energia geotérmica é um tipo de energia conhecida desde 1904. De forma geral, é uma fonte derivada do aquecimento do interior da Terra, os gêiseres (vapor do interior da Terra que sofrem erupções periódicas), encontrados principalmente em países com vulcões. Os países que utilizam essa técnica usam o calor para aquecimento de água, a qual abastece usinas termelétricas ou movimenta turbinas, como é o caso da Islândia, que investiu nesse tipo de energia. O esquema da utilização da energia geotérmica pode ser observado nesta figura: Sonda de exploração Central geotermoelétrica Eletricidade e centros de consumo Transmissão de calor Foco de calor ativo 20 ‑ 30 ºC 100 m Cobertura imperméavel Profundidade (m) 750 1.500 2.250 3.000 Figura 45 – Esquema de um reservatório geotérmico 73 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Apesar de a energia geotérmica ser interessante, sua evolução no decorrer dos anos não resultou tão interessante. O Brasil, por exemplo, não possui nenhuma unidade em operação. Lembrete A geotérmica é um tipo de energia derivada do aquecimento do interior da Terra. A Islândia não é o único país que investe nesse tipo de energia. O quadro a seguir demonstra a capacidade mundial instalada em 2007 e os principais países que contribuíram com essa capacidade. Quadro 10 – Capacidade mundial geotérmica em 2007 País Potência (MW) % em relação ao total Estados Unidos 2936,5 30,2 Filipinas 1978,0 20,3 México 959,5 9,9 Itália 810,5 8,3 Indonésia 807,0 8,3 Japão 537,3 5,5 Islândia 456,0 4,7 Nova Zelândia 434,0 4,5 El Salvador 204,0 2,1 Costa Rica 162,5 1,7 Quênia 127,0 1,3 Total 9720,4 100,0 Fonte: Brasil (2008, p. 88). Saiba mais Para aprender um pouco mais sobre a Islândia e energia geotérmica, sugiro a leitura da reportagem: NUNES, A. C. Vulcão elétrico: Islândia começa a gerar energia a partir do calor dos rios subterrâneos de lava que cortam seu território. Isto é, maio 2014. Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reportagens/364690_ VULCAO+ELETRICO>. Acesso em: 8 jun. 2015. 74 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II 6.6 Mar ou marés A produção de energia nesse caso depende do mar, valendo‑se de ondas, marés, correntes marítimas e gradiente de salinidade. Nesse caso, a eletricidade é derivada da energia cinética (movimento das águas) ou da diferença das marés (alta e baixa), como demonstrado na próxima figura. Apesar de vários países investirem nesse tipo de energia, ainda esse processo é extremamente caro. O movimento das ondas pressiona o mar movendo a turbina As ondas retomam e sugam o ar, fazendo a turbina se movimentar no sentido contrário Figura 46 – Geração de energia em usina de maremotriz 7 ENERGIA 7.1 Energia e sustentabilidade Quero iniciar este item com a seguinte pergunta: apesar de toda a evolução tecnológica dos dias atuais, por que ainda não atingimos a plenitude no que diz respeito à energia e ao meio ambiente? Em relação ao meio ambiente, todas as pessoas têm de pensar que a ação do outro influencia em sua vida e na da comunidade. Por esse motivo, ações comunitárias voltadas para a saúde são extremamente importantes para que os objetivos de promoção da saúde sejam alcançados. A educação popular é capaz de modificar qualquer processo, principalmente no que diz respeito à energia e ao meio ambiente. Para isso, existe um respaldo pela Carta de Ottawa (1986), a qual considera que as causas ou fatores de risco mais relevantes estão relacionadas/os a comportamentos humanos pessoais e coletivos, estilos de vida ou tipos de trabalho e, com certeza, ao meio‑ambiente. Dessa forma, capacitar pessoas para que aprendam a lidar com as situações rotineiras, que podem ser causadas por diversos aspectos extrínsecos do ser humano, além da ausência de saúde, colabora para a superação desses desafios na educação. Esse processo educativo enquadra‑se perfeitamente no cuidado que devemos ter com o meio ambiente: quando uma criança aprende a conservar o meio ambiente, compreendendo o quanto ele pode render boas condições para a nossa saúde quando é bem cuidado, colabora para suas manutenção e prevenção. 75 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Observação Ofertar, desde a infância das próximas gerações, um tipo de educação que forme indivíduos críticos, no futuro, contribuirá para que as pessoas, independentemente de sua classe social, possam participar ativamente da comunidade, em todos os seus aspectos: político, social e de saúde. O preparo de pessoas que possam instruir a população para os cuidados com a saúde e o meio ambiente é importante para lapidar o conhecimento da população, colaborando para o meio ambiente – ressaltando o quanto a comunicação é uma importante ferramenta para esse processo. Lembrete Comunicação é ferramenta importante para que aconteça um processo de educação popular a favor do meio ambiente. Como a comunicação tem de acontecer? Ela precisa ser clara, pois comunicar‑se vai além da transmissão de conhecimento, implicando certa troca de experiências, que deve ser recíproca e horizontal. O modelo mais indicado de comunicação é o capaz de agir sempre coletivamente, denominada comunicação participativa. Esse modelo segue a ordem de comunicação baseada no diálogo (comunicação dialógica), segundo a qual a comunicação entre emissor e receptor é estabelecida de forma horizontal e ambos são, ao mesmo tempo, emissores e receptores. Quando pensamos em meio ambiente e sustentabilidade, a comunicação com sucesso é a principal ferramenta, pois tanto a educação quanto a informação acontecerão de forma correta, propiciando ações adequadas. Isso porque é extremamente importante que a população entenda o sistema, apoiando‑o. Outro aspecto importante reside em que a comunicação e a informação não sejam somente instrutivas (quando a população é instruída para o que deve realmente ser feito), mas também motivadoras (por meio de campanhas e acompanhamento de perto das autoridades públicas). Assim, sustentabilidade significará a habilidade de sustentar uma ou demais condições mostradas por alguém. Quando extrapolamos essa ideia ao ser humano junto ao meio ambiente, torna‑se pertinente que o uso dos recursos naturais (para atingir as necessidades do momento) não comprometa as necessidades das gerações futuras. Assim, para que um empreendimento humano seja sustentável, ele precisa ser ecologicamente correto, economicamenteviável, socialmente justo e culturalmente diverso. Mas, como é possível valer‑se dos recursos naturais, sem comprometer as gerações futuras? Diversas ações podem ser consideradas como sustentáveis: exploração dos recursos naturais de florestas e matas de forma controlada, garantindo o replantio, a preservação das áreas verdes, o incentivo da 76 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II produção e do consumo de produtos orgânicos, bem como a exploração dos recursos minerais de forma controlada, racionalizada e planejada. Além disso, é possível criar fontes de energia limpas e renováveis (energias eólica, geotérmica e hidráulica), reciclagem de resíduos sólidos, gestão sustentável nas empresas, consumo consciente de água e medidas que não permitam a poluição dos recursos hídricos e a despoluição daqueles que já foram contaminados. Em relação ao aspecto educacional, a alfabetização ecológica é a forma de educação voltada para sustentabilidade que nos faz compreender que a educação como o pilar para uma nova relação entre o ser humano e o meio ambiente. A alfabetização ecológica expõe, também, o conhecimento de qualquer crise relacionada ao meio ambiente, pois, quando o indivíduo é ecologicamente alfabetizado, torna‑se capaz de diagnosticar qualquer tipo de irregularidade. Atualmente, tem crescido a preocupação da relação das ações humanas com o meio ambiente e, consequentemente, tem sido importante minimizar o risco de desastres naturais, consequência de uma relação humana errônea com o meio ambiente. Assim, depois de termos discutido tudo isso, eu tenho outra pergunta: você já ouviu falar em ecocapitalismo? É a terminologia que ancora o capitalismo na sustentabilidade, garantindo um consumo racional dos recursos naturais fundamentais às gerações futuras. Atualmente, diversas empresas têm associado a sustentabilidade com a responsabilidade social perante a comunidade, todas baseadas no ecocapitalismo. As ações ecocapitalistas podem ser extrapoladas inclusive para as empresas fabricantes de papel, as quais foram discutidas anteriormente por nós. No entanto, a conduta humana sustentável ainda atinge uma pequena massa da população, ficando isenta uma parcela grande que tem acesso aos diversos produtos, facilitados por maneiras consumistas de gastar dinheiro. Dessa forma, a educação ambiental é a única maneira de trabalhar a sustentabilidade na comunidade, propiciando um meio ambiente adequado, independente da classe social. Lembrete Ecocapitalismo é a terminologia que ancora o capitalismo na sustentabilidade, garantindo um consumo racional dos recursos naturais fundamentais para as gerações futuras. 7.2 Energia e ar Do mesmo jeito que existe uma ligação da formação de energia pela água (hidrelétrica) com a contaminação da água, será que existe alguma ligação do uso de energia com a qualidade do ar que respiramos? Para responder a essa pergunta, vamos compreender melhor o processo histórico da utilização de energia. Como introduzido previamente, na década de 1930, o processo industrial crescente, utilizando energia não renovável, além do aumento da frota automobilística favoreceram a liberação de algumas substâncias para atmosfera, como os clorofluocarbonos (CFCs), os halons, os tetracloretos de carbono 77 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS (CTCs) e os hidroclorofluocarbonos (HCFCs). Contudo, apesar do crescimento e dos desenvolvimentos industrial e comercial gerados pelo uso dos CFCs, foi observado que esses compostos eram fortemente danosos tanto para o meio ambiente quanto para os seres vivos, pois prejudicavam seriamente a camada de ozônio, comprometendo a qualidade do ar. Para podermos analisar o que esses componentes fazem à camada de ozônio – isso porque a qualidade do ar enquadra‑se como outro fator importante para a saúde humana, além da qualidade da água e do tratamento de esgoto – primeiro temos de compreender o que é essa camada. A atmosfera terrestre é uma fina camada de gases que envolve o planeta Terra, a qual é mantida em seu lugar pela gravidade e é considerada o principal fator de sustentação do ecossistema planetário. O ar seco da atmosfera é constituído de nitrogênio, oxigênio, argônio, dióxido de carbono e outros gases inertes. Os gases restantes incluem os gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso e o ozônio, além do vapor d’água. A camada de ozônio é formada pelo gás ozônio e é uma parte importante da atmosfera, pois é uma proteção poderosa contra os raios ultravioletas (UV) provenientes do sol, permitindo que não aconteçam maiores danos à vida desses seres vivos, como esquematizado nessa figura. Sol Raios UV Raios UV CFCs ou aerossóis Indústria Homem Figura 47 – Esquema da camada de ozônio íntegra (lado esquerdo) e danificada (lado direito) Conforme afirmado anteriormente, em relação à produção de energia proveniente da água (hidráulica), o Brasil destaca‑se geograficamente nesse quesito, tendo uma participação considerável na produção dessas fontes de energia renováveis, pois é um país com grandes recursos hídricos. Assim sendo, grande parte da nossa energia é proveniente dessa fonte. Se lembrarmos o que foi discutido anteriormente, o Brasil, por ser um país geograficamente extenso, possui divergência de clima entre as regiões – no Nordeste, onde predomina clima seco, esse tipo de fonte de energia é inviável, contudo, essa região conta com outra possibilidade de energia: a proveniente dos ventos, energia eólica. Para tanto, em 2009, foi criada a Carta dos Ventos, determinando a utilização do vento como fonte de energia abundante e renovável, além de ser um tipo de energia complementar à oferta convencional (hidráulica) do País. 78 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Essa carta estabelece diretrizes ao aproveitamento brasileiro dessa fonte, considerando a extensão territorial do País, além de suas condições geográficas e climáticas. O documento também é responsável pela inclusão das regras, da formulação de políticas públicas e dos mecanismos de atração de investimentos em energia eólica no Brasil. No entanto, somente no ano de 2012 é que essa carta foi revogada e foram estudadas novas formas de atrativos para investimentos dessa fonte de energia no País, a qual ainda é extremamente cara. Saiba mais Para informar‑se um pouco mais sobre a situação da energia eólica no País, sugerimos a leitura do artigo publicado no site do governo brasileiro: BRASIL. Energia eólica apresenta altas taxas de crescimento. Portal Brasil, 2011. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/infraestrutura/2011/12/energia‑ eolica‑apresenta‑altas‑taxas‑de‑crescimento>. Acesso em: 29 maio 2015. Quando pensamos na qualidade do ar que respiramos, atribuímos a melhoria dele à utilização de fontes de energia derivadas de produtos não fósseis, como etanol e biodiesel. O Brasil é pioneiro na utilização dessas fontes de energia. Em relação ao etanol, ele é proveniente da cana‑de‑açúcar. Esse tipo de combustível tem perfil de sustentabilidade desde a sua produção até sua utilização. Isso se deve ao fato de que a cana‑de‑açúcar é produzida em grande escala no Brasil (gerando emprego), pode ser tanto replantada quanto colhida em diversas épocas do ano (facilitando a disponibilidade do produto) e, ao ser utilizado como combustível para automóveis, o etanol gera menos impactos ambientais, uma vez que no crescimento da planta há um comsumo de dióxido de carbono (CO2), que compensa parte do volume desse gás que é emitidono momento da sua queima. Esses fatores que, se somados, alentam o uso desse combustível, quando comparado a fósseis, como a gasolina e o óleo diesel, provenientes do petróleo. Saiba mais Para compreender melhor a relação entre o CO2 e o ar que respiramos, assista à reportagem: GRUPO de cientistas e documentaristas desenvolve lente que mostra gás carbônico. Fantástico, 2014. Disponível em: <http://globotv.globo. com/rede‑globo/fantastico/v/grupo‑de‑cientistas‑e‑documentaristas‑ desenvolve‑lente‑que‑mostra‑gas‑carbonico/3707200/>. Acesso em: 9 jun. 2015. Em relação ao biodiesel (um tipo de combustível feito a partir de plantas – óleos vegetais – e animais – gordura animal), esse foi gerado por pesquisadores brasileiros com o intuito de prevenir maiores 79 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS danos à atmosfera terrestre e, consequentemente, diminuir o efeito estufa. Esse combustível, assim como o etanol, favorece o meio ambiente. No entanto, a sua produção em grande escala ainda não é possível, mas algumas frotas de ônibus da cidade de São Paulo já ou utilizam na substituição do diesel convencional que prejudica drasticamente a atmosfera terrestre. Saiba mais Para saber mais a respeito do biodiesel como combustível, leia o artigo: PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DE BIODIESEL. Perguntas frequentes. Brasília, [s.d.]. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/programas/ biodiesel/menu/biodiesel/perguntas.html>. Acesso em: 12 jun. 2015. As ações que visam à melhoria da qualidade do ar são tão importantes quanto essas que já foram citadas anteriormente para a água e para a energia. Existem diversas tecnologias de controle da poluição atmosférica e estratégias para a diminuição da poluição do ar, uma vez que a maior área de aplicação para essas tecnologias reside nas indústrias e nos veículos automotores. São alguns deles: • ciclones de poeiras: separadores mecânicos de partículas; • precipitador eletrostático: equipamentos utilizados na indústria capazes de captar partículas de gases de exaustão; • carvão ativado: é utilizado na purificação de gases, a fim de remover vapores de óleos, cheiros e hidrocarbonetos do ar; • conversor catalítico: empregado para diminuir a toxicidade das emissões dos gases da combustão de um motor; • biofiltros: filtros que contêm microrganismos cuja função é degradar os compostos poluentes. Assim, todas essas estratégias citadas contribuem para a melhoria das condições do ar, da água e do ganho de energia, os quais se refletem no meio ambiente e, consequentemente, na saúde humana. 7.3 Energia e solo Até o momento, falamos da energia associada à água e ao ar, mas ainda falta comentarmos essa relação com o solo. Para isso, é necessário falarmos de planejamento urbano. Ele é importante não somente para evitar o comprometimento do solo, mas também para garantir a qualidade de vida das pessoas que residem em uma área urbana (cidades ou grandes bairros), pois o planejamento urbano permite tanto a criação quanto o desenvolvimento de programas que melhoram diversos aspectos, como educação, saneamento básico, destinação dos resíduos sólidos, dentre outros. 80 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Claro que esse processo de planejamento urbano é mais efetivo quando as ações são executadas antes do aumento da população local, mas isso não impede que ele seja executado mesmo quando a população já habite os grandes centros urbanos. A preocupação com a desordem do crescimento populacional e o planejamento urbano eclodiu desde o começo do século XX, pois se testemunhou, em dez anos, um rápido aumento da população brasileira nos grandes centros urbanos – no ano 2000, cerca de 80% da população brasileira total habitava as grandes cidades. Ao longo da história da humanidade, o conceito de ocupação da terra tem sido atrelado ao usufruto delas, mas, na contemporaneidade, essa ocupação extrapola esse aspecto, ou seja, conta com habitações irregulares ou informais. A institucionalização do planejamento urbano nas administrações municipais aconteceu a partir da década de 1970, com o intuito de promover o equilíbrio das cidades na questão de todos os processos de urbanização. O zoneamento é um dos instrumentos do planejamento urbano que visa à divisão do conjunto do território urbanizado em zonas diferenciadas, como as comerciais e as residenciais. Assim, quando uma cidade é preparada para receber a população com um planejamento urbano adequado, favorece a preservação do solo e, consequentemente, a saúde humana. Você conhece a expressão denominada “cidade saudável”? O Canadá, em 1980, criou esse termo para nortear todas as ações de saúde realizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, para que uma cidade seja considerada saudável, necessita ser uma comunidade forte, solidária e constituída sobre bases de justiça social, tendo grande participação da população nas ações e decisões no âmbito da saúde, com um ambiente favorável à qualidade de vida e saúde, limpo e seguro, que satisfaça as necessidades básicas dos cidadãos (alimentação, moradia, trabalho, acesso a serviços de qualidade em saúde, educação e assistência social), vida cultural ativa e uma economia forte, diversificada e inovadora. Exemplo de aplicação Convido‑o a refletir sobre como a falta de planejamento urbano teria impacto sobre a geração de energia renovável. Dessa forma, considerando todos esses aspectos, quando pensamos em saúde e comunidade saudável, temos de pensar em qualidade da água, do ar, do consumo, fontes de energia e estilo de vida. Uma vez que a água, a energia e o ar são fatores determinantes da vida, sua manutenção adequada é essencial para a qualidade de vida do indivíduo e da comunidade. 8 PROBLEMAS E SOLUÇÕES ASSOCIADOS À ÁGUA, À ENERGIA, AO AR E AO SOLO Diversos fatores, como mudanças climáticas, uso abusivo de recursos naturais, forma de organização das grandes cidades, produção e consumo de energia, descarte de resíduos de forma inadequada, má 81 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS utilização do solo, uso de agrotóxicos, falta de planejamento dos grandes centros das cidades, poluições visual, sonora e do ar, falta de processos de reciclagem dos resíduos, dentre outros, contribuem para o desencadeamento de doenças. Por exemplo, o efeito do aquecimento global sobre o meio ambiente e a saúde humana estão esquematizados na próxima figura, mas serão discutidos em maiores detalhes mais adiante. Elevação da temperatura planetária Ondas de frio e ondas de calor Maior aglomeração/ doenças de transmissão respiratória Alteração nos regimes das chuvas Enchentes/ enfermidades de veiculação hídrica Descongelamento de microorganismos Novas doenças Figura 48 – Inter‑relações entre ambiente e saúde Não podemos separar o desenvolvimento urbano dos quatro recursos naturais (água, energia, ar e solo). Como isso não é possível, é necessário que o homem desenvolva alternativas para diminuir os danos que o desenvolvimento gera sobre o meio ambiente. Para começar, seria maravilhoso se todo o desenvolvimento urbano fosse planejado. No entanto, no Brasil o desenvolvimento urbano não foi planejado e não seguiu um padrão de respeito aos recursos naturais. E isso tem relação com a água? Claro que sim. Quando temos um desenvolvimento urbano desordenado, ele não respeita a preservação do ciclo hidrobiológico natural e permite a ocupação populacional próxima aos leitos dos rios, locais de inteira ligação comos mananciais, que são nosso berço de água potável. Outro aspecto importante do desenvolvimento urbano é o progresso no sistema de transporte terrestre. Falaremos desse progresso sob a ótica da água. Portanto, o aumento da pavimentação de ruas e estradas alteram a permeabilidade do solo, favorecendo as inundações durante as épocas de maior pluviosidade (chuva). Lembrando que as enchentes dos rios são fenômenos naturais e de frequência variável, podemos inferir com clareza que a ocupação humana em torno dessas áreas é a principal culpada pela transformação da enchente em inundação, que levam às perdas humanas e materiais, além da disseminação de doenças graves de veiculação hídrica. 82 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Mas somente chuvas, pavimentação em excesso e ocupação desordenada de áreas ao redor de rios favorecem inundações? O assoreamento também contribui para os episódios de inundação. Mas o que é assoreamento? É a diminuição da profundidade dos rios, que interfere drasticamente no leito hidrográfico. E como isso acontece? O assoreamento acontece pelo excesso de manipulação do solo, como em construções, na prática agrícola e/ ou nos desmatamentos. Essas áreas modificadas favorecem o aumento das áreas sujeitas à erosão e aumenta a quantidade de argila, areia e folhas em áreas próximas às bacias de drenagem. Dessa forma, com a ocorrência das chuvas, todo esse material é drenado para os rios e lagos e se sedimentam no fundo do leito, diminuindo a profundidade do rio (o que contribui com enchente) e, além disso, contaminam a água. Vale a pena ressaltar que o crescimento populacional não demanda apenas da água, mas também o fornecimento dos alimentos, envolvendo as áreas de agricultura e pecuária predatórias. Lembrando que o Brasil tem um amplo território destinado a essas culturas de subsistência, é natural que exista uma preocupação em relação à qualidade da água dos mananciais, pois eles recebem águas de drenagem de agricultura e pecuária, a qual é rica em adubos, pesticidas, herbicidas e aditivos químicos e que acabam contaminando o solo e, consequentemente, a água. O grande desafio às autoridades para a preservação dos mananciais vai desde a preservação do meio ambiente, a restituição da fauna até a flora de áreas aos seus arredores. Contudo, não devem ser deixadas de lado melhorias que devem acontecer no saneamento básico, pois se torna primordial o tratamento do esgoto antes de sua devolução aos corpos de água, uma vez que há correlação entre os poluentes encontrados no esgoto e algumas consequências ao meio ambiente e na saúde. A quantidade de resíduos sólidos urbanos (RSU) também é um fator importante. No Brasil, essa quantidade aumentou mais do que o crescimento populacional, mas o serviço de coleta desse tipo de resíduo também aumentou consideravelmente. Quando dividimos esses dados por região, a Região Sudeste (96,87%) destaca‑se por possuir maior índice de abrangência de Coleta de RSU e a Região Nordeste (77,43%) por possuir menor índice de abrangência, conforme demonstrado anteriormente. No Brasil, resoluções ditam que os geradores de RSS são os responsáveis por sua coleta, tratamento e destinação final. Assim, municípios com sistemas de saúde devem ser responsáveis pelos RSS. De 2011 a 2012, houve um aumento na quantidade de RSS coletados em todas as regiões do País. Contudo, infelizmente 12,5% dos RSS coletados ainda vão para lixões a céu aberto, sem nenhum tratamento prévio. Essa condição é extremamente preocupante, uma vez que esses resíduos podem contaminar o solo e o lençol freático. Em se tratando de RSU, a primeira opção para diminuir os danos ao meio ambiente e a saúde da população é o gerenciamento desse resíduo. Esse gerenciamento tem a função de garantir que todos os resíduos sejam gerados e destinados de forma segura e apropriada. O processo do planejamento da gestão dos resíduos sólidos deve ter como ferramenta o conceito de gestão integrada e sustentável de resíduos (GIRS) e o conhecimento de barreiras e motivações da gestão de resíduos sólidos. É importante ressaltar que o planejamento depende dos pontos de vista individual e coletivo sobre a real importância da gestão dos resíduos sólidos. Além disso, conforme vimos no capítulo anterior, o resíduo sólido também pode ser utilizado para a geração de energia elétrica, mas, para isso, a cidade tem de ter planejamento. 83 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 GESTÃO DE RECURSOS ENERGÉTICOS Em relação à utilização de energia, o desenvolvimento humano favorece a utilização de energia não renovável, como o petróleo. Se lembrarmos do que discutimos anteriormente em relação à energia, o desenvolvimento urbano compromete o ar que respiramos quando usamos energia não renovável. No entanto, outras substâncias nocivas podem ser produzidas pelo desenvolvimento industrial e são lançadas para a atmosfera terrestre. Lembra‑se dos clorofluocarbonos (CFCs), os halons, os tetracloretos de carbono (CTCs) e os hidroclorofluocarbonos (HCFCs)? Observou‑se que esses compostos são fortemente danosos para o meio ambiente e os seres vivos, pois danificam seriamente a camada de ozônio e comprometem a qualidade do ar, como já demonstrado. Quando essa camada é danificada pelo aumento da liberação de gases do efeito estufa, há consequências irreversíveis para a vida, como o aquecimento global. Esse, por sua vez, afeta o clima da Terra e é responsável pelo surgimento de diversas doenças (figura 48). Em relação às doenças de ordem respiratória, como rinites, bronquites, asma, pneumonias, processos alérgicos, dentre outros, elas são influenciadas pela má qualidade do ar que respiramos. Isso se reflete pela falta de áreas verdes, principalmente nas grandes metrópoles e pelo aumento da produção de substâncias químicas (principalmente o Monóxido de Carbono) que são despejadas para a atmosfera (de veículos ou atividades industriais), como descrevemos anteriormente, todos resultados do desenvolvimento e da ação humana. Mas o oumento do efeito estufa (aquecimento do planeta) também gera consequências no ciclo hidrobiológico, diminuindo a chuva em alguns lugares do planeta. Mas o que isso tem que ver com o fornecimento de energia? Se lembrarmos que a energia hidrelétrica, tipo de energia renovável, depende da quantidade de água das represas, caso haja estiagem, não haverá produção de energia elétrica por esse tipo de fonte. Se recordarmos o que foi discutido na unidade anterior, a principal matriz energética do Brasil é a proveniente de hidrelétricas. Mas, como também foi discutido no capítulo anterior, o ano de 2013 foi marcado por uma escassez desse recurso (pela falta de chuvas e, consequentemente, de água), sendo acionadas as termelétricas para suprir a necessidade da população brasileira, principalmente no quesito de abastecimento elétrico. Se a demanda for maior que a oferta, isso pode gerar os famosos “apagões”, onde diversas regiões do Brasil são prejudicadas pelo corte no abastecimento de energia elétrica, ficando no escuro, como o que aconteceu no ano de 2009. Isso, por si, atrasa o desenvolvimento do País, pois gera desconfiança socioeconômica. Saiba mais Para conhecer mais sobre os apagões sofridos no Brasil, leia a matéria: RELEMBRE os apagões que ocorreram no Brasil nas últimas décadas. Globo Ecologia, 2013. Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globo ecologia/noticia/2012/06/relembre‑os‑apagoes‑que‑ocorreram‑ no‑brasil‑nas‑ultimas‑decadas.html>. Acesso em: 9 jun. 2015. 84 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 2/ 06 /1 5 Unidade II Mas, afinal, por que temos
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