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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/358516844 Tendências e Perspectivas para o Consumo de Combustíveis no Transporte Rodoviário Brasileiro entre 2020 e 2030 Conference Paper · February 2022 DOI: 10.6084/m9.figshare.16766578 CITATIONS 0 READS 88 3 authors: Celso da Silveira Cachola University of São Paulo 14 PUBLICATIONS 19 CITATIONS SEE PROFILE Ana Clara Antunes Costa de Andrade University of São Paulo 5 PUBLICATIONS 5 CITATIONS SEE PROFILE Drielli Peyerl University of Amsterdam 111 PUBLICATIONS 351 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Celso da Silveira Cachola on 11 February 2022. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/358516844_Tendencias_e_Perspectivas_para_o_Consumo_de_Combustiveis_no_Transporte_Rodoviario_Brasileiro_entre_2020_e_2030?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/358516844_Tendencias_e_Perspectivas_para_o_Consumo_de_Combustiveis_no_Transporte_Rodoviario_Brasileiro_entre_2020_e_2030?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Celso_Da_Silveira_Cachola?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Celso_Da_Silveira_Cachola?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/University-of-Sao-Paulo?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Celso_Da_Silveira_Cachola?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ana-Clara-Costa-De-Andrade?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ana-Clara-Costa-De-Andrade?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/University-of-Sao-Paulo?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ana-Clara-Costa-De-Andrade?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Drielli-Peyerl?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Drielli-Peyerl?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/University_of_Amsterdam?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Drielli-Peyerl?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Celso_Da_Silveira_Cachola?enrichId=rgreq-60574bfc5f0b492606a367ffcfe94b66-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzM1ODUxNjg0NDtBUzoxMTIyMTE3NzY4NzUzMTUzQDE2NDQ1NDUxMzI1MjU%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 167 TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS PARA O CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO BRASILEIRO ENTRE 2020 E 2030 Celso Cachola1; Ana Clara Costa Andrade2; Drielli Peyerl3 1 – Celso da Silveira Cachola. Universidade de São Paulo (USP). celsocachola@usp.br 2 – Ana Clara Antunes Costa Andrade. Universidade de São Paulo (USP). anaclara.antunes@usp.br 3 – Drielli Peyerl. Universidade de São Paulo (USP). dpeyerl@usp.br RESUMO: O setor de transportes atende à demanda por mobilidade da sociedade mundial, facilitando a circulação de pessoas e mercadorias. O Brasil acompanha a tendência mundial no setor de transportes e, tendo como principal modal utilizado o rodoviário. O transporte rodoviário, entre 1990 e 2015, teve as maiores taxas de emissão de gases de efeito estufa (GEE) em comparação com outros modais do setor de transporte. Por meio das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), o Brasil comprometeu-se a reduzir as emissões de GEE do setor de transportes, além de se comprometer a aumentar a participação dos biocombustíveis em sua matriz energética em aproximadamente 18% em 2030. Assim, esta pesquisa tem como principal objetivo prever o consumo de diferentes combustíveis e as emissões de GEE entre 2020 e 2030. Como resultado, o país tende a atingir sua meta de NDC, aumentando o uso de biocombustíveis em sua matriz energética. Apesar de um cenário encorajador de aumento do uso de biocombustíveis, nota-se que o consumo de gasolina também tende a crescer e as emissões de GEE tendem a diminuir de forma não significativa. Portanto, em um cenário desfavorável e no qual não há ações pontuais, como políticas públicas efetivas, dificilmente ocorrerá a transição energética para uma matriz de baixo carbono no transporte rodoviário brasileiro nos próximos anos como o esperado. Palavras-Chave: Consumo de combustível; Transporte rodoviário; Brasil DOI: https://doi.org/10.6084/m9.figshare.16766578 mailto:celsocachola@usp.br mailto:anaclara.antunes@usp.br mailto:dpeyerl@usp.br ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 168 ABSTRACT: The transport sector fulfils the demand for mobility in the world society, facilitating the movement of people and goods. Brazil has followed the global trend in the transport sector, with the main modal used the road. Road transport, between 1990 and 2015, had the highest greenhouse gas (GHG) emission rates compared to other modes of the transport sector. Through its Nationally Determined Contributions (NDC), Brazil has committed to reducing its GHG emissions from the transport sector and also pledged to increase the share of biofuels in its energy matrix by approximately 18% in 2030. Thus, this work has the main objective to predict the energy consumption of different fuels and GHG emissions between 2020 and 2030. As a result, the country tends to reach its NDC target, increasing the use of biofuels in its energy matrix. Despite an encouraging scenario of increased use of biofuels, it should be noted that the consumption of petrol also tends to grow and GHG emissions tend to fall not significantly. Therefore, in an unfavorable scenario and inwhich there are no punctual actions, such as effective public policies, an energy transition to a low carbon matrix in Brazilian road transport in the coming years will hardly happen as expected. Keywords: Transport fuel consumption; Road transport; Brazil Introdução: O setor de transporte atende à demanda por mobilidade da sociedade mundial, facilitando a circulação de pessoas e mercadorias em todo o planeta (CNT, 2017; SALVI; SUBRAMANIAN, 2015). Este setor compreende diversos modais: (i) transporte rodoviário; (ii) transporte ferroviário; (iii) transporte aéreo; (iv) transporte marítimo; (v) intermodal e (vi) transporte por dutos (MIHLFELD & ASSOCIATES, 2019; SALVI; SUBRAMANIAN, 2015). Dentre os seis modais, o mais utilizado no mundo é o rodoviário, pois proporciona mobilidade e entrega de forma versátil. Pode-se comentar, por exemplo, que por meio do transporte rodoviário, são feitas entregas "porta a porta", ou seja, o produto sai da fábrica e pode ser facilmente entregue na casa do consumidor (MIHLFELD & ASSOCIATES, 2019; SALVI; SUBRAMANIAN, 2015). ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 169 No Brasil, o setor de transportes - em 2018 - foi responsável por 32,8% do consumo de energia do país, um total de 84.073 ktep (EPE, 2019). O país acompanhou a tendência mundial nesse setor e o principal modal utilizado foi o rodoviário. Em 2018, representava cerca de 93% do consumo de energia de todo o setor de transportes (EPE, 2019). Em 2016, o transporte rodoviário brasileiro foi o segmento com maior participação na matriz de transporte de carga (61%) e o principal meio de transporte de passageiros, independente da distância (CNT, 2017). Este modal foi o que mais empregou e teve a maior participação na produção de riqueza no setor de transportes (CNT, 2017). As principais fontes de energia consumida no modal rodoviário brasileiro em 2018 foram o óleo diesel (45,2%) e a gasolina (27,6%) (EPE 2020). Por esta razão, o transporte rodoviário entre 1990 e 2015 (período de disponibilidade de dados) teve as maiores emissões de gases de efeito estufa (GEE) em comparação com outros modais de transporte. Vale ressaltar que as emissões do transporte rodoviário foram maiores do que as emissões dos setores energético, industrial, residencial, agrícola, comercial e público considerando apenas as emissões do consumo de energia (excluindo emissões de processos industriais ou agrícolas) (MCTIC, 2017). Em 2015, durante a 21ª Conferência das Partes (COP 21), foi assinado o Acordo de Paris, que visa manter o aquecimento do planeta em 1,5 ºC, reduzindo assim as emissões de GEE dos países signatários (JAYARAMAN, 2015; SOUZA; CORAZZA, 2017). Por meio de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) no Acordo de Paris, o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de GEE do setor de transporte, promovendo medidas de eficiência, melhorando a infraestrutura de transporte e promovendo o transporte público em áreas urbanas (BRASIL, 2015). O país também se comprometeu a aumentar a participação dos biocombustíveis em sua matriz energética em aproximadamente 18% em 2030, e também, a aumentar a participação do biodiesel no óleo diesel comercializado em seu território (BRASIL, 2015). Portanto, esta pesquisa tem como objetivo prever o consumo de energia de diferentes combustíveis e as emissões de GEE no transporte rodoviário entre ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 170 2020 a 2030. Dessa forma, será possível responder às seguintes questões norteadoras: Pode haver aumento no consumo de biocombustíveis no período analisado? Nos próximos anos (2020-2030), poderá haver uma transição energética para uma matriz de baixo carbono no transporte rodoviário brasileiro? Material e Métodos: Os autores elaboraram um modelo preditivo de consumo de energia (e emissões) para o período 2020-2030. O estudo utilizou dados de consumo de energia do Balanço Energético Nacional (BEN) (EPE, 2019), disponibilizado de 1970 a 2019. Os dados de consumo do transporte rodoviário compreendem as seguintes fontes de energia: i. gás natural (GN); ii. óleo diesel; iii. biodiesel; 4. gasolina; v. etanol anidro e vi. etanol hidratado. O consumo de energia está causalmente relacionado à economia de uma determinada região. Desta forma, foi elaborado um modelo de regressão para cada tipo de combustível disponível. Posteriormente, desenvolveu-se um modelo preditivo de consumo entre os anos de 2020 e 2030. A regressão utilizada neste trabalho, por opção dos autores, foi a Multivariate Adaptive Regression Spline (MARS), uma forma de regressão desenvolvida por Jerome H. Friedman (FRIEDMAN, 1991) em 1991. A regressão modela a relação entre duas variáveis, quantificando a natureza da relação (BRUCE; BRUCE, 2019). Na análise deste trabalho, as duas variáveis utilizadas foram: i. Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (1970 - 2019) e ii. o consumo de energia em TJ para cada combustível. O consumo de energia foi a variável dependente, ou seja, a variável a ser prevista. O PIB foi a variável independente, ou seja, a variável utilizada para prever os valores de consumo de energia. Além disso, o r-quadrado foi utilizado para avaliar o quão bem o modelo acomodou os dados, ou seja, quão bem o modelo representa a realidade na metodologia desta pesquisa. O r-quadrado varia entre 0 e 1, com resultados próximos de 1 mostrando que o modelo acomodou melhor os dados (BRUCE; BRUCE, 2019). Nos modelos, um cenário base e um cenário otimista foram considerados para os valores do PIB. Além disso, nesses valores de PIB também foram considerados dados de variação e inflação, previstos pela Instituição Fiscal ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 171 Independente no Relatório de Monitoramento Fiscal de novembro de 2019 (INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE, 2019). Por fim, foi utilizado o Python versão 3.8.4 e o pacote pyearth para a criação dos modelos. Resultados: A Tabela 1 mostra os valores de r-quadrado dos modelos de regressão para cada tipo de combustível. Os valores mais baixos foram encontrados nos modelos a gasolina e etanol hidratado. Os demais modelos obtiveram r-quadrado superior a 0,95. Tabela 1: Valores de R-quadrado Combustível R² Gás natural 0,989 Óleo diesel 0,995 Biodiesel 0,986 Gasolina 0,857 Etanol anidro 0,971 Etanol hidratado 0,903 Fonte: Autores com base em (EPE, 2019; FRIEDMAN, 1991; IBGE, 2020). A Figura 1 mostra os gráficos dos modelos de regressão. Há uma tendência para um aumento maior dos biocombustíveis e do GN, um aumento modesto da gasolina e uma diminuição do óleo diesel. Nota-se que o uso de óleo diesel diminui paralelamente ao aumento dos valores do PIB (eixo x), nos anos correspondentes ao período de estudo. ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 172 Figura 1: Consumo de combustível e valores de Produto Interno Bruto entre os anos de 2020 e 2030 Fonte: Autores com base em (EPE, 2019; FRIEDMAN, 1991; IBGE, 2020). A Figura 2 mostra a evolução do CO2 e dos combustíveis entre 2020 e 2030 nos cenários de base e otimistas. Então, é possível notar que há uma pequena diminuição das emissões no cenário base e otimista. ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 173 Figura 2: Consumo de energia e emissões de dióxido de carbono equivalente entre 2020 e 2030 Fonte: Autores com base em (EPE, 2019; FRIEDMAN, 1991; IBGE, 2020). Discussão: O transporte rodoviário brasileiro é o principal consumidor de combustíveis fósseis no setor de energia (SAUER; RODRIGUES, 2016) e esse consumo tem sido responsável por um aumento gradual das emissões de GEE desde 1970. A população em geral e as aglomerações urbanas tendem a crescer ainda mais,levando a um aumento no consumo de transporte. Como resultado, há também um aumento nas emissões de GEE (CARVALHO, 2011). No entanto, esse crescimento pode ser mitigado com o uso de biocombustíveis em vez de combustíveis fósseis. Pode-se notar que, em meados da década passada, as emissões de GEE não acompanharam o consumo de energia no modal rodoviário. As emissões de GEE tiveram uma queda maior do que o consumo e essa diferença se deve ao maior uso de biocombustíveis na matriz energética do transporte rodoviário brasileiro (BEN, 2020). A perspectiva é de que as emissões de GEE do transporte rodoviário brasileiro nos próximos anos caiam, enquanto o consumo de energia aumentará. A perspectiva se deve ao aumento do consumo de biocombustíveis (vide Figuras 1 e 2). Porém, existem outros fatores que podem contribuir para a queda das emissões no transporte rodoviário, como o aumento da eficiência do motor, a introdução de novas tecnologias, o uso de veículos elétricos híbridos, ou mesmo o ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 174 desenvolvimento de motores mais potentes e, por fim, o uso de H2 (ANDRESS; NGUYEN; DAS, 2011). De fato, a descarbonização do transporte rodoviário é considerada uma necessidade e um dos principais caminhos para um desenvolvimento mais sustentável não só no Brasil, mas também no mundo. A Figura 3 mostra alternativas para um transporte sustentável. Figura 3: Alternativas para um transporte mais sustentável Fonte: Autores com colaboração de (FREEPIK, 2021). Conclusão: O Brasil se comprometeu a limitar suas emissões no setor de energia aumentando o uso de biocombustíveis e, como pode ser visto nos resultados deste trabalho, a tendência para os próximos anos é que haja um crescimento, reduzindo também as emissões de GEE. De acordo com os resultados apresentados nesta pesquisa, o consumo de biocombustíveis (biodiesel, álcool anidro e álcool hidratado) tende a aumentar na década de 2020 (ver Figura 1), sendo um ponto positivo significativo. Dessa forma, o país tende a atingir sua meta de NDC, aumentando o uso de biocombustíveis em sua matriz energética. ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 175 Apesar de um cenário animador de aumento do uso de biocombustíveis, é importante destacar que o consumo de gasolina também tende a crescer entre 2020 e 2030, e, as emissões de GEE não tendem a cair significativamente. Portanto, não se espera uma vigorosa transição energética para uma matriz de baixo carbono no transporte rodoviário brasileiro nos próximos anos. Para reduzir significativamente as emissões de GEE, será necessário adicionar outros tipos de combustível à matriz energética dessa modalidade (incluindo H2), além de inserir carros elétricos e biogás. O GN também pode ser usado como ponte para uma matriz menos poluente, pois suas emissões podem ser menores do que as de outros combustíveis fósseis. Além da oferta de combustíveis alternativos, para que o transporte sustentável cresça no Brasil, é necessário melhorar o transporte público, principalmente nos grandes centros urbanos, e estimular a utilização do transporte ativo (pedestre e ciclista), proporcionando infraestrutura adequada para essas atividades. Vale ressaltar também que a melhoria do transporte público é uma das metas contidas na NDC brasileira. Agradecimentos: Agradecemos o apoio do RCGI – Research Centre for Gas Innovation, localizado na Universidade de São Paulo (USP) e financiado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (2014/50279- 4 e 2020/15230-5) e Shell Brasil, e a importância estratégica do apoio dado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) através do incentivo regulatório de P&D. Peyerl e Costa de Andrade agradecem especialmente o atual apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (2017/18208-8, 2018/26388-9, 2019/17996-8 e 2020/12521-9) REFERÊNCIAS: ANDRESS, D.; NGUYEN, T. D.; DAS, S. Energy for Sustainable Development Reducing GHG emissions in the United States’ transportation sector. Energy for Sustainable Development, v. 15, n. 2, p. 117–136, 2011. BEN, B. E. N. Balanço Energético Nacional: Relatório Síntese: ano base 2019. Rio ANAIS III SIMPÓSIO INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIA AMBIENTAL – 1a ED. – 2022 – P. 176 de Janeiro: Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 2020. BRAZIL. Intended Nationally Determined Contribution: Towards achieving the objective of the United Nations Framework Convention on Climate Change. Intended Nationally Determined Contribution, v. 9, p. 6, 2015. BRUCE, P.; BRUCE, A. Estatísitca Prática para Cientistas de Dados: 50 Conceitos de Dados. Rio de Janeiro: Alta Books, 2019. CARVALHO, C. H. R. DE. Emissões Relativas De Poluentes Do Transporte Motorizado De Passageiros Nos Grandes Centros Urbanos Brasileiros. Ipea, p. 42, 2011. CNT. Transporte rodoviário: desempenho do setor, infraestrutura e investimentos. Brasília: [s.n.]. EPE. Balanço energético nacional: Ano base 2018. EPE - Empresa de Pesquisa Energética, p. 67, 2019. FREEPIK. Home. Disponível em: <https://br.freepik.com/home>. Acesso em: 18 jun. 2021. FRIEDMAN, J. H. Multivariate Adaptive Regression Splines. The Annals of Statistics, v. 19, n. 1, p. 115–123, 1991. IBGE. Produto Interno Bruto - PIB. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php>. Acesso em: 17 jun. 2020. INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE. Relatório de Acompanhamento Fiscal. 2019. JAYARAMAN, T. The Paris Agreement on Climate Change: Background, Analysis and Implicattions. Review of Agrarian Studies: RAS, 2015. MCTIC. Estimativas Anuais de Emissões Totais de Gases de Efeito Estufa no Brasil. p. 89, 2017. MIHLFELD & ASSOCIATES. The 6 Modes of Transportation. Disponível em: <https://blog.mihlfeld.com/the-6-modes-of-transportation>. Acesso em: 2 jul. 2021. SALVI, B. L.; SUBRAMANIAN, K. A. Sustainable development of road transportation sector using hydrogen energy system. 2015. SAUER, I. L.; RODRIGUES, L. A. Pré-sal e Petrobras além dos discursos e mitos: disputas, riscos e desafios. v. 30, n. 88, 2016. SOUZA, M. C. O.; CORAZZA, R. I. Do Protocolo Kyoto ao Acordo de Paris: uma análise das mudanças no regime climático global a partir do estudo da evolução de perfis de emissões de gases de efeito estufa. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 42, p. 52–80, 2017. View publication stats https://www.researchgate.net/publication/358516844
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