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rousseau e burke

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7
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
BACHARELADO EM DIREITO
	
ANA KAROLYNE DUARTE LAUREANO
BRUNA MATOS DE FREITAS
CAIO VICTOR BERNARDO CARDOSO
GIOVANNA IGNOWSKY BORBA
ISABELA DATIVO SENA
MARIA CLARA GOMES DO NASCIMENTO
MARIA EDUARDA CAVALCANTI LIMA DE ALMEIDA
MARIA BARBATO PALMA
RHUBENNS INÁCIO ISIDRO DO NASCIMENTO
DO CONTRATO SOCIAL
E
REFLEXÕES SOBRE A REVOLUÇÃO NA FRANÇA
SANTA RITA - PB
2019
DO CONTRATO SOCIAL
Livro I
· I – Assunto deste primeiro livro
No primeiro tópico deste livro, Rousseau se propõe a resolver a seguinte questão: o que é que torna legítima a mudança do homem de senhor para escravo, de livre para encontrar-se “sob ferros”? Considerando apenas a força e o efeito que derivam dessa mudança, Rousseau diria que “Enquanto um povo é constrangido a obedecer e obedece, faz bem; tão logo ele possa sacudir o jogo e o sacode, faz ainda melhor” (página 5), pois ele tem que recobrar sua liberdade usando do mesmo direito que suaram para tirá-la. Se esse direito não serve para retomar a liberdade, ele não serve para tirá-la. Rousseau também estabelece ordem social como o direito sagrado que serve de base para todos os outros direitos. Esta não vem da natureza, está fundamentada sobre outras convenções.
· II – Das primeiras sociedades
Rousseau apresenta a família como a mais antiga das sociedades e a única natural. A relação familiar se da pela obediência das crianças ao pai e da proteção do pai às crianças. Uma vez que as crianças não precisam mais obedecer ao pai e o pai não precisa mais proteger as crianças, todos entram igualmente na independência (e se a família continua depois da independência, já não é uma relação natural). Essa liberdade comum (independência) é consequência da natureza do homem, cujo primeiro instinto é a própria conservação, até que chegue a idade de ser seu próprio senhor. 
A família é o primeiro modelo das sociedades políticas (o pai seria o chefe e o povo seriam seus filhos), onde, tendo nascido todos iguais, não alienam a liberdade, a não ser em troca da sua utilidade. Na família, porém, o amor do pai pelos filhos compensa o trabalho; enquanto no Estado o prazer de comandar substitui o amor (e um chefe de Estado não ama seu povo).
Rousseau aponta argumentos de Grotius, que diz que todo poder humano é estabelecido em favor dos governados e estabelece o direito pelo fato, assim empregando um método que é mais consequente, sem ser favorável aos tiranos. Grotius também diz que é duvidoso saber se “o gênero humano pertence a uma centena de homens ou se é o contrário” (página 5), mas pende para a primeira opção em todos os seus livros. Assim, conclui que a espécie humana é dividida em rebanhos de gado. “Assim como um pastor é de natureza superior à de seu rebanho, os pastores de homens, que são seus chefes, são igualmente de natureza superior à de seus povos” (página 5).
· III – Do direito do mais forte
Para Rousseau, o mais forte não é feito pra ser sempre o senhor, se não transforma a sua força em direito e a obediência em dever, então, ceder a força constitui um ato de necessidade, não de vontade. “Se é preciso obedecer pela força, não é necessário obedecer por dever, e se não mais se é forçado a obedecer, não se é a isso mais obrigado. Vê-se, pois, que a palavra direito nada acrescenta à força; não significa aqui coisa nenhuma.” (página 6). Rousseau conclui, assim, que a força não faz direito e que apenas se é obrigado a obedecer às autoridades legítimas. 
· IV – Da escravidão
Se nenhum homem possui autoridade natural sobre seu semelhante (II) e a força não produz nenhum direito (III), então restam apenas convenções para servir de base de toda autoridade legítima entre homens.
Rousseau aponta que nenhum homem se dá gratuitamente e fazer isto seria um ato ilegítimo e nulo, visto que “renunciar à própria liberdade é o mesmo que renunciar à qualidade de homem” (página 7). Desta forma, não há compensação possível para que um povo se aliene como vassalo, pois o rei não oferece subsistência (na verdade, ele tira a sua própria do povo), além de que a tranquilidade civil garantida pelo rei é a causa da miséria do povo.
Rousseau conclui, então, que o direito de escravizar é nulo de qualquer maneira, pois é contraditório estipular uma autoridade absoluta, de um lado, e uma obediência sem limites, de outro. “As palavras escravatura e direito excluem-se mutuamente” (página 8).
· V – É preciso remontar sempre a um primeiro convênio
Rousseau aponta que existe grande diferença entre submeter uma multidão (ato que remete a um senhor e seus escravos, onde não há bem público, nem corpo político, há apenas interesse particular) e reger uma sociedade, ato que se estabelece entre um povo e seu chefe.
Antes de entregar-se a um rei, o povo já é existe nesta condição e é preciso examinar o ato pelo qual o povo é povo, ou seja, o ato que constitui o verdadeiro fundamento da sociedade. Este ato é um convênio prévio, onde se estabelece a obrigação, por parte de pequeno grupo, de se submeter à escolha de um grande número. 
· VI – Do pacto social
Rousseau afirma que, se não mudasse sua maneira de ser, o gênero humano pereceria. A maneira para os humanos se conservarem seria formar uma soma de forças para arrastá-los sobre a resistência e para fazê-los agir em comum acordo. (página 9)
Mas, era um problema encontrar uma forma de associação que tanto conservasse a força e a liberdade dos homens, mas que o fizesse usá-las sem se prejudicar e sem prejudicar os cuidados que se devia. Este problema é resolvido através do estabelecimento do Contrato Social.
As cláusulas do Contrato se reúnem todas à uma: a alienação total de cada associado em favor de toda a comunidade (página 10), o que resultaria numa união perfeita, com condição igual para todos. Quando este pacto social é quebrado, os indivíduos voltam ao seu estado de natureza, com seus primeiros direitos e liberdade natural.
· VII – Do soberano
O soberano para Rousseau não se configura em pessoa, mas em um corpo coletivo. Após o acordo feito através do contrato social, cada indivíduo se sente na obrigação de cumprir uma relação dupla como membro do soberano em respeito ao povo, e como membro do Estado em respeito ao soberano. 
O pacto social obriga o indivíduo a aderir ao mesmo, de forma que caso o indivíduo se rebele contra a vontade geral, ele seria constrangido pelo povo, e seria forçado a viver fora dessa sociedade. A condição do pacto legitima as obrigações civis, que casos inexistentes resultariam em tirania e abuso de poder.
· VIII – Do estado civil
A transição do estado de natureza para estado civil originou no homem uma mudança essencial, levando à substituição do instinto pela justiça, acrescentando ainda a moralidade às suas ações, que antes era inexistente.
A diferenciação entre liberdade natural e civil consiste na limitação pela liberdade geral e a posse, enquanto que a liberdade civil é limitada apenas pelas próprias forças do indivíduo. A única liberdade capaz de fazer o homem senhor de si mesmo é a liberdade moral.
· IX – Do domínio real 
A partir do momento em que uma comunidade é formada, cada membro doa-se à ela. A natureza da posse mantem se tornando, propriedade controlada pelo Estado, sendo a posse pública mais forte e mais irrevogável que a individual. O Estado diante de seus súditos representa o senhor de todos os bens pelo contrato social.
A igualdade natural é substituída pela igualmente moral, através do pacto fundamental, e reforça o que a natureza criou de desigualdade física entre os homens, sendo que mesmo desiguais entre si em força ou talento, tornam-se iguais por convenção e direito.
Livro II
· I – A soberania é inalienável, II – A soberania é indivisível, III – A vontade geral pode errar, IV – Dos limites do poder soberano
O livro II começa abordando sobre a soberania, pautando em sua indivisibilidade e em sua inalienabilidade. Quanto a essa última, é inalienável porque não se pode vender ou trocar a soberania, ela pertence ao soberanoe ele tem que agir conforme a vontade geral. A partir do momento que o povo passa a obedecer, apenas, ele perde a qualidade de povo, do mesmo modo que o soberano perde a qualidade de soberano e passa a virar senhor. 
· V – Do direito de vida e morte
Depois disso, Rousseau aborda sobre o Direito de vida e morte. Assim, ele defende que o indivíduo pode perder a vida tentando conservá-la, a exemplo de um incêndio em um prédio, em que o indivíduo pula pela janela a fim de se salvar. É assim que ocorre, mais ou menos, com o Contrato Social, pois, se é um contrato, deve haver benefício mútuo entre as partes. Desse modo, a partir do momento que o indivíduo permite que o Estado conserve sua vida e sua liberdade, ele deve dispor dessa liberdade e vida quando o Estado necessitar. Foi nessa prerrogativa que os Estados conseguiram soldados para a guerra, de modo que eles abriam mão de sua liberdade e iam à guerra em nome do Estado, mesmo que significasse a perda de sua vida. O imperador Calígula fez uma analogia de que os reis seriam deuses e o povo, animais; de modo que, seguindo a linha pagã, havia muitos sacrifícios de animais para os reis; logo, o povo faria esse ‘’sacrifício’’ para o Estado. 
· VI – Da lei, VII – Do legislador, VIII/IX/X – Do povo, XI – Dos diversos sistemas de legislação, XII – Da divisão das leis
Quanto à legislação, Rousseau diz que ela se encontra no ponto mais alto de perfeição, assemelhando-se aos ideias da escola exegética, que acreditava a legislação plena e perfeita. Os bens mais preciosos da legislação seriam a liberdade e igualdade, de modo que o que garante a solidez do Estado é a harmonia entre as leis das coisas e as leis do povo, a fim de que cada sociedade desenvolva-se segundo suas particularidades, assim como aconteceu com os atenienses(letras) e os hebreus(religião). Já sobre as divisões das leis, ele intitula 4. A primeira diz quanto as leis políticas, que são leis que agem do soberano para com o Estado. A segunda são as leis civis, que atuam do povo para com o Estado. A penúltima são as leis criminais, que são postas em prática a fim de castigar. A última, refere-se as leis que não estão escritas em nenhuma tábua e sim na mente da população, que consiste nos costumes e hábitos.
Livro III 
· I – Do governo em geral
Rousseau começa este terceiro livro definindo “governo” como um corpo intermediário, estabelecido entre vassalos e soberanos, para possibilitar a recíproca correspondência, encarregado da execução das leis e da manutenção da liberdade, tanto civil como política.. Governo é, portanto, o exercício do poder executivo (página 28). É no governo que se encontram as funções intermediárias cujas relações compõe a do todo ao todo, ou a do soberano ao todo (o governo é a média proporcional nesta relação). Assim, o governo recebe do soberano as ordens a serem passadas ao povo. 
Para que o Estado se mantenha em perfeito equilíbrio, o soberano se faz míster, haja igualdade entre o poder governamental e o poder dos cidadãos. Alterar algum dos três termos (povo, magistrado (governo), soberano) seria imediatamente romper a proporção e, dessa forma, a força e a vontade não mais agirão de acordo; o Estado desunido tombará no despotismo ou anarquia. 
Só há um bom governo possível num Estado. Entretanto, como as relações de um povo mudam por vários motivos, diferentes governos são passíveis de serem bons para diversos povos, como também para o mesmo povo em diferentes épocas. O governo é, em pequena escala, o que o corpo político é em grande escala.
Para que o governo possa cumprir seu objetivo, é necessária uma existência particular à ele, como assembleias, conselhos e um poder de deliberar e resolver questões sobre direitos, títulos e privilégios exclusivos do príncipe.
· II – Do princípio que constitui as diversas formas de governo
Sabendo que o governo não é o príncipe, sabe-se que o corpo do magistrado pode ser composto por maior ou menor número de membros, e isso varia de acordo com o quanto a força do governo é usada sobre os membros do magistrado e sobre o povo. “Os magistrados são tão mais numerosos quanto mais débil se mostre o governo” (página 30).
Rousseau discorre sobre as 3 vontade do magistrado que são 1. A vontade própria do indivíduo; 2. A vontade comum dos magistrados; 3. A vontade do povo (ou vontade soberana). Numa legislação perfeita, a vontade própria do indivíduo deve ser nula, a vontade comum dos magistrados deve ser bastante subordinada e a vontade do povo deve ser sempre dominante. Assim, vemos que a relação entre os magistrados e o governo deve ser o inverso das relações entre vassalos e soberano. Quando maior o Estado, menos força tem o governo; quanto menor o número de chefes, maior a demografia do povo.
Conclui-se, então, que as diversas formas de governo se distinguem pelo número dos membros que compõe o magistrado.
· III – Divisão dos governos, IV – Da democracia, V – Da aristocracia, VI – Da monarquia, VII – Dos governos mistos
Há a democracia, onde o soberano confia o depósito do governo ao povo e o número de cidadãos magistrados é maior que o número de cidadãos particulares. Há a aristocracia, onde o soberano restringe o governo entre as mãos de um pequeno número e o número de cidadãos particulares é maior que o número de cidadãos magistrados. Há também a monarquia (ou governo real), onde o soberano concentra todo o poder nas mãos de um magistrado único.
Podendo um mesmo governo subdividir-se em várias partes, uma administrada de certa maneira, outra de maneira diversa, pode resultar dessas 3 formas combinadas uma infinidade de formas mistas.
Considerando que cada forma de governo é a melhor em determinados casos e a pior em outros, Rousseau aponta a democracia como melhor forma de governo para pequenos Estados, a aristocracia como a melhor para Estados médios e a monarquia como a melhor para grandes Estados.
· VIII – Nem toda forma de governo é apropriada a todos os países
“Não sendo a liberdade um fruto de todos os climas, não está ao alcance de todos os países” (página 38). Rousseau aponta que o estado civil só pode subsistir enquanto o trabalho dos homens rende mais que as suas necessidades e esse excedente não é o mesmo em todos os países. Essa relação depende de vários fatores: fertilidade do clima, tipo de trabalho exigido pelo solo, natureza de suas produções, força de seus habitantes, da maior ou menor consumição necessária.
Além disso, também é preciso ressaltar que nem todos os governos tem a mesma natureza. As diferenças estão baseadas no princípio de que quanto mais as contribuições públicas se distanciam de sua fonte, tanto mais se tornam onerosas. Logo, quanto mais aumenta a distância entre o povo e o governo, mais onerosos se tornam os tributos. Na democracia, o povo é menos sobrecarregado. Na aristocracia, o povo é um pouco mais sobrecarregado. E na monarquia o povo carrega o maior peso.
· IX – Dos sinais de um bom governo
A pergunta “qual é o melhor governo?” é insolúvel e indeterminada, mas há sinais para perceber se um povo está sendo bem ou mal governado. Porém, Rousseau afirma que, apesar de esta ser uma questão passível de resolução, não será resolvida por ele, visto que cada um deseja resolvê-la à sua maneira.
· X – Do abuso do governo e de sua tendência a degenerar
O governo se esforça contra a soberania, como a vontade particular atua contra a vontade geral. Isto é um vício inerente ao corpo político, que o destrói, pois o príncipe (o qual não consegue equilibrar sua vontade de corpo com nenhuma outra) oprime o soberano até romper o tratado social.
Há dois caminhos que conduzem um governo à degenerescência: quando o governo se restringe, passa do grande número ao pequeno; e quando um governo se dissolve, formando uma anarquia.
Há duas maneiras de um governo se tornar anárquico: ou o príncipe não mais o administra conforme as leis e o usurpa o poder do soberano, ou os membros do governo usurpam separadamente o poder (sendo que o poder só deve ser exercido em conjunto).
· XI – Da morte do corpo político
“O corpo político,bem como o corpo humano, começa a morrer desde o nascimento e contém em si mesmo as causas de sua destruição” (página 42). No entanto, depende dos homens prolongar a vida do Estado tanto quanto possível, dando-lhe a melhor constituição que possa existir; afinal, o Estado é obra de arte do homem. Segundo Rousseau, quanto melhor constituído o Estado, mais duradouro.
Rousseau diz que o princípio da vida política é a autoridade soberana, enquanto o poder executivo é o coração do Estado e o poder legislativo é seu coração. “O cérebro pode ser atingido por paralisia e o indivíduo continuar a viver; tão logo o coração para de funcionar, o animal falece” (página 43), ou seja, o Estado pode continuar sem o poder executivo (débil, mas pode continuar), mas jamais viverá sem o poder legislativo.
· XII/XIII/XIV – Como se mantém a autoridade soberana
O soberano só atua pelas leis e só age quando o povo está reunido. Rousseau ressalta aqui a importância da regularidade e seriedade das assembleias. Estas devem ser um evento fixo e periódico, ocorrendo 
Livro IV
· I – A vontade geral é indestrutível
Rousseau não é a favor da desigualdade social. A idéia de uma vontade geral supre com a afirmativa da desigualdade, pois estabelece uma ordem e uma lei comum entre os homens.
Para que a vontade geral seja indestrutível, o direito de votar em todo ato de soberania terá de ser assegurado pelo governo. Rousseau pergunta se a vontade geral pode ser corrompida se os cidadãos deixarem de opinar e decretos injustos forem estabelecidos, ele mesmo responde que não, fala que a vontade geral é sempre constante, inalterável e pura.
 Os direitos de votar, opinar, propor e discutir são direitos que nada pode tirar dos cidadãos, e quanto mais a harmonia tiver nas assembleias, mais a vontade geral se revela dominante.
· II – Dos sufrágios
Comentando acerca dos sufrágios e das eleições, Rousseau alerta para o
perigo da perca da liberdade: Quando os cidadãos não têm mais liberdade, o medo
e a lisonja transformam o sufrágio em aclamações e não se delibera mais nada.
O pacto social é a única lei que, por natureza, exige um consentimento
unânime, que daí gera a vontade geral. Se houver opositores, sua oposição não
invalida o pacto.
· III – Das eleições 
Nas eleições, existem dois caminhos para seguir: a escolha e o sorteio. Rousseau diz que o sufrágio por sorteio é da natureza da democracia – o que não tem lugar num governo monárquico. Deixar a cada cidadão com uma certa esperança de servir à pátria, já razão suficiente.
Cabe à escolha preencher os postos que requerem aptidões apropriadas (ex: cargos militares). Já ao sorteio convém aos postos em que bastam o bom senso e a integridade, como os cargos de judicatura. Num Estado bem constituído, essas qualidades são comuns a todos os cidadãos.
· IV – Dos comícios romanos, V – Do tribunato, VI – Da ditadura, VII – Da censura
Rousseau traça um relato sobre os comícios romanos procurando explicar sua formação, através da história do estabelecimento de Roma. As tribos, daí o termo tribunato, logo após a fundação de Roma, eram em número de três, que foram subdivididas em dez cúrias e cada cúria em decúrias. Os comícios por cúrias eram uma instituição de Rômulo e os comícios por centúrias, de Sérvio. Já os comícios por tribos, dos tribunos do povo.
Rousseau diz que as vezes o tribunato conservava as leis do poder legislativo, se tratava de uma força popular que quando não pudesse fazer nada, iria impedir tudo. Além disso, ele mostra um ponto negativo dessa força: o abuso dessa instituição, leva à tirania.
· VIII – Da religião civil
No que diz respeito à implantação de uma religião de Estado, Rousseau diz de que o verdadeiro e legítimo Contrato Social requeria o suporte da religião. Tanto que ele não preconizava uma religião qualquer, mas sim uma religião que encorajasse virtudes civis, como coragem e patriotismo.
· IX – Conclusão
Para concluir sua tese e seus argumentos, Rousseau diz que, embora tenha abordado os princípios do direito político e as bases do Estado, ainda tem muito o que se falar, inclusive toda boa ou má administração nunca repete o que se passou anteriormente: sempre se deve considerar as peculiaridades de cada caso.
REFLEXÕES SOBRE A REVOLUÇÃO NA FRANÇA
Introdução
Edmund Burke, originário de Dublin, na Irlanda, nasceu em 1729, filho de uma família médio-burguesa, que era também católica. Seu pai, ao contrário de sua mãe, para evitar problemas com o governo e prosperar como advogado, converteu-se ao Anglicanismo. Por esse motivo, seu pai o colocou em escolas protestantes na Irlanda, e seus estudos foram concluídos na Trinity College, em Dublin. Sua educação foi baseada em uma ampla e rigorosa formação humanística, dominando a língua e os clássicos antigos, grego-latino, e modernos, anglo-fanceses.
No ano de 1750, aos 21 anos de idade, Burke dirige-se para a Inglaterra para finalizar seus estudos em Direito. Contudo, quebra a expectativa de seu pai ao desistir do curso, tendo decidindo por ser um intelectual, um filosofo (ou um homem de letras, como era chamado no século XVIII).
Seu primeiro trabalho literário publicado no ano de 1756 foi “Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo”. Burke destaca-se com essa obra e torna-se um influente intelectual, porém, ele queria mais. Edmund Burke, na Inglaterra do século XVIII, sem poder e riqueza, mas com muita ambição, começa no mundo político em 1759 ocupando o cargo de secretário particular do deputado inglês Wiliam Hamilton. Quando o deputado torna-se secretário-geral do governo inglês na Irlanda, Burke retorna para sua terra natal onde passa alguns anos.
Burke era simpatizante da causa católica, mas não apenas pelo fato de sua família seguir essa religião. Ele acreditava em uma pluralidade religiosa, tinha a sensibilidade de perceber a dominação e a opressão que os indivíduos não protestantes e não ingleses sofriam. Por ser irlandês ele defendia os interesses de sua terra natal, buscando maior autonomia e liberdade de culto para o catolicismo. Comportava-se de forma fervorosa para reformar e melhorar, internamente, a dominação inglesa e a situação da Irlanda. Burke era um homem sem riquezas, empregado da aristocracia, irlandês e ainda suspeito de praticar o catolicismo. Por tais questões, os contemporâneos não o viam com bons olhos e o denominavam como um aventureiro.
No ano de 1765, Burke rompe com Hamilton por considerar que ele não o pagava bem financeiramente e desperdiçava seu tempo e energia. Logo depois, no mesmo ano, Burke torna-se secretário particular de Rockingham, pertencente do partido whig. Ademais, Burke é eleito deputado e permanece quase trintas anos na Câmara dos Comuns, sem interrupção. Ele adentrou no mundo político por meio dos “burgos podres” - controlados por aristocratas do seu partido (whig), consistiam em burgos que, na maioria das vezes, não existiam, porém, elegiam-se muitos deputados. Vê-se, assim, nesse período, a presença do esquema de corrupção no parlamentarismo inglês.
Entre 1782 e 1787, Burke perde o cargo de secretário-geral do tesouro, pois estava envolvido em um processo de impeachment contra Warren Hasting, governador inglês da Índia, sua situação financeira e sua imagem política e pública ruíram rapidamente. Ademais, no ano de 1788, a imagem de Burke torna-se cada vez mais desacreditada, pois tentou comprovar cientificamente a loucura do rei Jorge III, no intuito de tirar o príncipe galês do governo, para voltar ao poder. Mas seu plano falhou quando o rei Jorge III recupera, logo depois, sua sanidade. É nesse momento que, em 1789, ocorre a Revolução Francesa e ele fará a sua obra as Reflexões sobre a Revolução na França.
Para entender o pensamento de Burke é válido destacar sua origem irlandesa, suas raízes na religião católica em um período que a religião anglicana era imposta pelo Estado Inglês, intelectual e político profissional. A partir daí, será possível entender o motivo dele ser um conservador liberal. Nessa perspectiva, Edmund Burkeé conservador por acreditar na tradição, valorizar as instituições (a religião, os costumes), para ele as coisas existem por causa das gerações anteriores, trabalho de séculos, e tudo já existente foi muito bem pensado com seus erros e acertos, dessa forma, não deveriam ser desconsideradas e transformadas radicalmente de uma hora para outra. Nesse contexto, destaca-se uma de suas premissas “O indivíduo é tolo, e a espécie é sábia”. É válido salientar que Burke não é um reacionário, o seja, que não deseja mudanças e quer voltar para o passado, mas acredita nas modificações realizadas de maneira cautelosa. Para ele, tal transformação deve ser lenta e muito bem analisada. Assim, cabe considerá-lo um reformista e não um reacionário.
É nesse sentindo que Edmund Burke não vê com bons olhos a Revolução Francesa. Segundo ele a Revolução quis de uma hora para outra implantar mudanças radicais, desconsiderando as tradições. Ele afirma que, quando se desconsidera as gerações passadas (tradições), os indivíduos não passam de “moscas de verão”, que nascem e morrem com facilidade. Ademais, Burke nota que as teorias racionalistas eram utópicas e não consideravam a realidade francesa, a qual era bastante complexa e com interesses conflitantes. Por tal razão ele critica o filósofo Rousseau afirmando que apesar de suas ideias progressistas, não cuidou bem dos seus filhos. Vê-se, então,o motivo de Burke desconfiar do excesso de razão.
É válido destacar que Burke, por ser liberal, é defensor da propriedade privada, do livre comércio, contrário ao absolutismo e favorável a liberdade de pensamento e religiosa. Ele acredita, também, no contrato social (que poderá ser quebrado caso o governo interfira na liberdade da sociedade). Contudo, afirma que tal acordo é formado pelas gerações passada, presente e futura. Fato que, segundo ele: “Uma sociedade não somente entre os vivos, mas, também, entre os vivos, os mortos e aqueles que haverão de nascer.” Nesse contexto, é possível entender o motivo dele olhar de forma diferenciada para a Revolução Gloriosa. Por causa do abuso de poder da dinastia Stuart e por violar a liberdade do indivíduo, Burke analisa essa revolução com bons olhos, pois foi necessário tirar essa dinastia do poder para poder garantir a liberdade das pessoas. Ademais, a Revolução Gloriosa não destruiu de forma drástica a tradição presente, o governo passou de Monarquia Absolutista para uma Monarquia Parlamentar. Tipo de governo que ele defende, uma Monarquia Parlamentar Moderada. Para esse conservador liberal, na sua visão, o elemento do monarca representa um Estado seguro e equilibrado, pois para manter a tradição e a ordem é preciso de um governo forte e centralizado. Com tal concepção ele não defende a Democracia como boa forma de governo, pois não quer dizer que o voto da maioria esteja correto em relação a minoria, de acordo com Burke: “ Política não é aritmética.”
Infere-se, então, que seu respeito a tradição, ceticismo político, organicismo e a origem irlandesa influenciam seus ideais políticos e faz de Edmund Burke um conservador liberal reformista.
Assembleia nacional e a representação. Os primeiros atos revolucionários
A Revolução Francesa, para Burke, era mais do que uma revolução política, era uma revolução de caráter total, de rompimento brusco e violento com os antigos costumes e com a tradição. As transformações políticas nos Estados Unidos e na Inglaterra objetivavam um retorno à ordem e ao equilíbrio político. Na França, o modelo tornou-se progressivamente radical; característica que estimularia, segundo Burke, esse país ao caos e à violência de proporções ainda maiores. 
Para ele, a liberdade proposta pela revolução era uma farsa, porque é necessário que exista desigualdade para que a sociedade seja plena. Ele diz que todas as sociedades dão direito à liberdade pelos costumes mais severos e funciona de maneira correta, isto é, a partir da obediência as leis. Burke diz também, que outras nações iniciaram a construção de um novo governo e reforma de um antigo governo a partir da sua relação com a religião e que a liberdade civil foi posta mesmo com leis, com a tradição, com costumes mais severos, ao contrário da França, que segundo ele, que liberou a prática e opiniões irreligiosas, os costumes se tornaram mais fracos e estendeu para todas as classes da sociedade. 
A maior critica de Burke era em relação às pessoas que estavam para compor a Assembleia Nacional. Para eles, os homens precisam seguir os requisitos para compor um sistema de autoridade, eles precisavam ser aquilo que Deus, a natureza, a educação e seus hábitos de vida lhe fizeram para assumir tal poder. Porque os homens que não possuíam isso, para Burke, não poderia ter outras capacidades que aquelas que eles já possuem. Foi um horror para Burke quando ele soube as profissões dos homens que iriam compor os cargos de deputados do Terceiro Estado. Grande parte da Assembleia era composta por homens de lei. Advogados de província, oficiais de pequenas jurisdições locais, procuradores do campo, tabeliões, etc. Para Burke, não se deve esperar algo bom quando a autoridade suprema é colocada nas mãos de pessoas que não tem o que perder. Para ele, esses homens eram feitos para serem instrumentos do Estado e não para exercer seu controle. Além deles não possuírem capacidade para assumir os negócios públicos, porque não tinham competência para isso. Desse modo, Burke diz que na convocação dos Estados Gerais, a primeira coisa que o chocou foi o abandono dos antigos hábitos. Primeiro que a representação do Terceiro Estado compreendia 600 membros, igualando, em números, com a representação das duas outras ordens, ao pensar em todos os gastos e despesas que isso acarretaria, Burke chegou à conclusão que essas três ordens se juntaram, formando uma única, apenas uma falha de alguma das duas Ordens colocaria o poder nas mãos da terceira. Portanto, o Terceiro Estado deteve todo o poder do Estado, porque sua composição era de formação infinitamente maior. Esta Assembleia, desde a abolição das Ordens não tem nada que a possa impedi-la de fazer algo, nem a lei fundamental, nem convenção estrita, nem costume respeitado. Burke diz que seria um choque caso a Câmara dos Comuns inglesa viesse a ser composta como o Terceiro Estado na França, para ele seria negar a natureza, pois apesar de digna a profissão judiciária, mas que estes homens de lei não possuem capacidade para assumir um cargo tão alto de poder no país todo. 
Assim como na composição do Terceiro Estado, Burke diz que a representação do Clero também foi modificada. Segundo ele, as pessoas que foram enviadas para cuidar da reestruturação do Estado em bases novas não tinha noção do que era Estado e do que era o mundo além do lugar onde eles viviam que era uma vila. O autor ainda diz que ao invés dos eleitores terem balanceado O Clero em relação ao Terceiro Estado, eles escolheram pessoas que vão agir em colaboração a eles. A força do Clero juntamente com a do Terceiro Estado, para Burke, resultou na destruição da nobreza. Parafraseando Burke, os homens de qualidade, quando turbulentos e descontentes, geralmente desprezam a classe à qual pertencem, na proporção direta de sua arrogância e vaidade pessoal. Um dos primeiros sintomas que podem dar de uma ambição egoísta e doentia é este depravado desprezo de uma dignidade que dividem com outros (p.84). 
Antes da Revolução, a sociedade francesa olhava a Constituição Britânica com admiração, após a revolução francesa essa admiração tornou-se desprezo, segundo Burke, pois a sociedade da revolução descobriu que a nação inglesa não é livre. Eles acreditavam que a desigualdade da representação era um defeito da Constituição Britânica. Parafraseando Burke, Dr. Price enxerga esta imperfeição da representação como um mal fundamental.
Burke denomina de baixeza a revolução da França, pois os homens que conduziam essa revolução eram pessoas intermediárias para ele. Ao contrário dos homens que conduziram outras revoluções, como a dos Estados Unidos e da Inglaterraque possuíam talentos civis e militares, que causava terror na sua época. Parafraseando o autor, outras revoluções houveram conduzidas por homens que, enquanto tentavam ou conseguiam desestabilizar o bem estar social, consagravam toda a sua ambição em dar mais dignidade ao povo cuja paz perturbava (p. 85). Para ele, é necessário que as sociedades sejam compostas por diferentes classes e que uma se sobressaia em relação à outra. Para ele, tentar nivelar a sociedade é apenas mudar a ordem natural das coisas. 
	Segundo Burke, é da natureza que quem governe possua propriedade. Era assim na Câmara de Lordes e também na Câmara dos Comuns – apesar de menor escala quando comparado a Lordes -, era necessário que os membros que assumem tal posição tivessem riquezas hereditárias, para ele, não é errado conceber ‘privilégios’ a uma pessoa na qual nasceu numa posição superior a outras pessoas. A partir disso, ele comenta que a França desviou da rota da natureza, porque a propriedade não governa. Tudo o que foi desenhado era apenas a circulação de um papel e de uma constituição, na qual propunha um sistema republicano para a França. Para ele, as comunidades não suportarão muito tempo esse estado de sujeição à República de Paris. 
	O autor comenta que o governo é uma invenção humana para atender as necessidades humanas. Desse modo, o homem tem o direito de que suas necessidades sejam satisfeitas por meio do governo. A partir disso, Burke diz que esses direitos dos homens compreendem tanto sua liberdade quanto suas restrições que lhe são impostas. Porém, Burke critica o fato dessas liberdades e restrições serem formalizadas em algum princípio/lei, quando a sociedade vive em constante modificação, fazendo com que essas liberdades e restrições se modifiquem juntamente com ela. Burke acredita que é incompatível com a sociedade a ideia de direitos dos homens, para ele os direitos dos homens são indefinidos, porém discernido a partir do balanceamento entre o bem e o mal ou do bem e bem ou do mal e mal. 
	 Desse modo, Burke comenta como que a história passaria ver as jornadas de outubro. A jornada de outubro foi uma manifestação popular em Versalhes que conseguiu, em 1789, fazer com que o rei liberasse seu estoque de mantimentos para o povo, que sancionasse as leis da recém-criada Assembleia Nacional, e que a família real se mudasse para Paris. Sabendo disso, Burke retrata esse acontecimento como algo que não se devia ser comemorado entre os revolucionários, porque o dia 06 de outubro de 1789 foi o dia em que muita violência aconteceu. Além da desonrosa fuga da família real, em outras sociedades o rei e a rainha não seriam escorraçados da forma que eles foram. 
	Por fim, Burke afirma que é falsa a ideia de que a França tenha se inspirado nos ingleses, pois o que aconteceu na França não se assemelha com os valores do povo inglês. Além de que isso não aconteceria na Inglaterra, pois a revolução francesa pouco se difundiu na sociedade inglesa e que em séculos anteriores ao da revolução, o povo inglês havia recusado mudar suas leis para adaptar-se a infalibilidade papal. E que, séculos depois, ela não aceitaria mudar suas leis na fé cega nos dogmas dos filósofos. 
A religião e a sociedade civil. O confisco dos bens eclesiásticos e a destruição das ordens religiosas
Faz-se necessário analisar, antes da abordagem da obra, o contexto ao qual a religião estava ligada aos ideais da Revolução Francesa na época. Às vésperas da Revolução, o país mostrava um quadro onde o catolicismo vivia o seu auge: a população participava dos ritos religiosos e o clero paroquial cuidava da vida religiosa da sociedade. Exercia grande influência na vida política, pois o poder absoluto do rei era garantido pelo direito divino, e o próprio clero possuía status de Estado. Por fim, era papel do clero presidir as atividades civis como os casamentos e os registros de nascimento e óbito. e era esse quadro que a revolução viria a mudar radicalmente, considerando que os ideais iluministas, alimentavam um sentimento anticlerical e anti-religioso.
O Clero, primeiro Estado, apoiava, na maioria das vezes, as decisões do terceiro Estado, porém, não tinha, em sua totalidade, interesse em uma revolução que pudesse causar rupturas traumáticas e preocupavam-se, então, com a reforma constitucional que havia sido iniciada pela nova Assembleia. Então, com a declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a promulgação da liberdade religiosa e o poder ao Estado de determinar quando as opiniões em matéria de credo eram incompatíveis com a lei, Estado e Igreja eram, agora, não mais a mesma coisa. Porém, a liberdade teórica durou por pouco tempo: estabeleceu-se a chamada "Igreja Constitucional", que tinha funcionamento próprio, decidido pelo Estado e era o único "credo" aceito pelas autoridades. Os sacerdotes católicos foram obrigados a jurar fidelidade às normas estatais em matéria de religião e a se desligarem da obediência de seu bispo e a Roma. Uma das primeiras medidas dos revolucionários foi a supressão do dízimo e o confisco dos bens do clero, para saldar o déficit nacional. Essas medidas, a princípio, não causaram um conflito direto entre a Igreja e a Revolução. Porém, os que se opuseram a essas condições eram perseguidos, impedidos de pregar, se presos, deveriam ser mortos em menos de 24 horas e, às vezes, exilados nas prisões da Guiana Francesa. Os documentos da Igreja não eram mais publicados, as crianças não poderiam ser batizadas e só se conseguia oficiar algum sacramento na clandestinidade. Não foi o caso, portanto, de tentar eliminar a religião pura e simplesmente, nem de desbaratar os privilégios que de fato existiam para alguns setores do clero (e que de fato chegavam a ser extravagantes em certos casos). Foi o caso, isto sim, de um esforço estatal impositivo para transformar o Estado não apenas no máximo ditador da consciência individual, mas em objeto, ele próprio, de devoção pública.
Dessa forma, Burke encontra na perseguição à Igreja uma de suas maiores críticas, e afirma: “o todo de nossa Constituição foi efetivado e confirmado sob os auspícios da religião e da piedade”. O autor considera, então, a religião como base de toda sociedade civil, citando exemplos de como isso se dá em seu país de origem, com o protestantismo, e afirma, também, que o sentimento entre o homem e a religião é o que conserva a estrutura do Estado. “Todas as instituições morais, políticas e civis que aproximam o espírito humano à divindade, são necessárias à construção desse maravilhoso edifício que é o Homem”. (p. 113). Burke diz que é necessário que todas as pessoas que têm algum tipo de poder entendam que há algo acima delas, que alguém é soberano (que seria Deus, no caso). O Homem não pode deter de todo o poder sozinho (e, para isso, aborda a respeito do poder dos príncipes: nunca é absoluto), por considerar que o povo não deve tentar exercer, de baixo pra cima, uma dominação contra a natureza e por isso deve existir algo que esteja acima de nós. Não se pode, então, deixar o passado (as tradições culturais e religiosas) de lado, pois há de se garantir para as futuras gerações a obediência às leis e a direção segura das ações humanas. Em uma passagem, ao afirmar que toda sociedade é um contrato, o autor diz: “os contratos que regem cada sociedade são cláusulas do grande contrato primitivo da sociedade eterna, que liga as naturezas mais elevadas às mais baixas (...)”. Ideia essa que vem da base teórica do jusnaturalismo: as leis e a estrutura jurídica são independentes da vontade humana. 
O autor afirma aqui que o povo inglês não considera a religião como algo heterogêneo e separado de sua constituição, mas que essa seria a base para sua existência, ou seja, a Igreja e o Estado são uma coisa só, necessariamente inseparáveis. Somado a isso, aborda o fato de a educação estar diretamente ligada (e comandada) pelos órgãos eclesiásticos, com o objetivo de ligar a nobreza com a religião e de manter o que é antigo, pois, segundo Burke, essa seria uma forma de conservação da culturae da literatura antigas, criticando, mais uma vez a destruição, por parte dos franceses, do que é antigo. 
A nação inglesa não aceita que a Igreja seja um órgão dependente do Estado e por isso deve ter suas terras, pois esse está claro da importância e necessidade de existência da Igreja; Considera-se, aqui que a Igreja é uma instituição voltada para os pobres e que existe para alimentar seu espírito, somado ao respeito necessário da população para com a religião, pois nenhum dinheiro ou status social deve estar acima de quem se venera. Coloca, então que “a partir do momento em que o Governo estabeleceu os bens da igreja como propriedade, não cabe mais, logicamente, se preocupar com sua extensão. A ideia de pouco ou muito é incompatível com o conceito de propriedade” (p. 120), justificando a necessidade dessas propriedades.
O povo inglês sente a necessidade de proteger a Igreja e seus bens, diferentemente do que ocorre em Paris. Burke defende, então, que o confisco é desumano, uma forma de tirania, tendo em vista a forma como tal ocorreu. Toma como base o fato de que nenhuma das ações tomadas foi considerada ilegítima pela assembleia nacional e que o confisco seria, então, a primeira; critica a soberania do Rei com relação à assembleia, afinal, nada é mais soberano do que exercer poder sobre o tesouro nacional (o que, dessa vez, o Rei não fez). 
O autor encontra, então, como justificativa para o confisco, a situação econômica da França na época: a grande massa fundiária pertencentes à coroa e as vastas propriedades religiosas atrapalhavam o livre comércio e demandavam altíssimos impostos. “O povo olhou por muito tempo a posse do dinheiro com maus olhos, achava que essa forma de propriedade estava ligada com sua miséria e que ela aumentava. Ela também não era menos detestada pelos representantes dos antigos interesses fundiários, em partes pelas mesmas razões do povo, mas porque suas terras estavam em decadência, em decorrência do luxo ostentatório (..)” (p. 123). O autor usa a justificativa de que as duas classes (a burguesia e a classe mais pobre) criaram inimizades e não havia nada que pudesse ser feito para aumentar sua riqueza que não o ataque à nobreza, mas tentando fazê-lo ao atacar a Igreja em seus bens, considerando que estes eram garantidos e protegidos pela Coroa. É importante ressaltar que Burke considera que os escritores políticos da revolução (iluministas) são os principais responsáveis pelo pensamento anti religioso: “aquilo que eles não podiam atingir de uma forma imediata, procuraram tramar, e de forma mais lenta, por meio da opinião pública.”
O autor afirma, então que as justificativas dadas para realizar-se o confisco não eram legítimas, pois bastava fazer economias e aumentos nas receitas, e que a atitude do Clero sobre sua posição frente à Assembleia, com relação aos seus privilégios ainda não justificava a destruição das propriedade, nem o confisco daquela forma. Burke ressalta que o confisco causou um mal enorme à economia francesa, tendo em vista que tira-se do comércio todo o dinheiro que circulava para a compra de terras. Essa entrada de patrimônio, avaliada entre 2 e 3 milhões de libras, constitui um ganho considerável para as finanças públicas. A venda de tantos bens demanda tempo, no mínimo um ano. É um intervalo bastante grande, os cofres do Estado estarão então vazios e a falência chegaria bem antes de tudo estar vendido, obrigando o Estado a fazer um empréstimo, aumentando a dívida externa do país. Começa-se a imprimir mais papel-moeda, a inflação aumenta e chega-se à conclusão de que os bens da Igreja nunca deveriam ter sido vendidos e Burke finaliza defendendo, mais uma vez, a monarquia, que pode-se confirmar com a frase: “uma perfeita democracia é, portanto, a coisa mais vergonhosa do mundo”.
Burke faz uma alusão à ideia de que o antigo governo monárquico da França só contribuiu para o desenvolvimento do país, no que se refere à questão de população e Riqueza. Ele afirma que a monarquia Francesa era a melhor das monarquias absolutas, mas reconhece que a mesma possuía vícios assim como qualquer outra que não dispunha de uma inspeção constante de uma representação advinda do povo.
Ao falar em população Burke afirma que um dos principais critérios de avaliação da influência de um governo em um País é o estado de sua população. Na sustentação de seus argumentos ele cita relatórios de estatísticas levantadas por intendentes Franceses, relatórios estes que apontam cerca de 24 Milhões de habitantes nos distritos franceses e já no final do século algo próximo de 18 Milhões. 
Ainda analisando um dos critérios de desenvolvimento durante o antigo governo francês, Burke discorre sobre a riqueza. Ele faz uma comparação entre a França e a Inglaterra e ressalva que são bem semelhantes, sendo a Inglaterra um pouco superior do que a França apenas pelas diferenças entre os governos. Segundo o livro publicado pelo Sr. Necker “Da Administração das Finanças da França“. A quantidade de ouro e prata aplicadas na França durante os anos de 1726 e 1784 se elevou a 100 milhões de libras esterlinas. Burke afirma que tal estado de riqueza em que o país se encontra, não pode ser explicado diante das críticas vindas dos revolucionários, criticas estas, que afirmavam que o estado desencorajava a indústria, Propriedade sem segurança, e um governo destrutivo.
Na atual situação da França (um ano após a revolução) a população diminuiu tanto que a quantidade necessária, segundo Sr. Necker, de provisões para a subsistência poderia ser reduzida 5 vezes. Burke afirma ter ouvido falar, sem que ninguém se posicionasse ao contrário, que em Paris havia cem milhões de desempregados. Ele trata toda a situação como “Espetáculo da Mendicância”. Os filósofos que agora ocupam as posições de poder desviam os olhares dos observadores da ruína e da miséria que se encontra o estado, com argumentos de superação e liberdade. Burke afirma que a liberdade que não seja acompanhada da sabedoria e da justiça sempre será ambígua e equivoca. 
Burke afirma que na frança, antes da revolução, havia um consenso de que a monarquia absoluta tinha chegado ao fim. Os nobres abriram mão voluntariamente os privilégios que tinham nas taxações e o Rei, desde o início, tinha abandonado o direito de impor tributos. A nobreza era composta por homens de caráter elevado e que possuíam um alto sentimento de honra, eram muito educados e hospitaleiros. Ainda reitera que alguns poderiam demonstrar pretensões bem superiores, mas fala apenas da generalidade. Ele nega que a nobreza tivesse participação considerável em alguma opressão do povo. Ele encara as críticas à nobreza como algo totalmente artificial. Chama de invejosos e maus os homens que não amam as imagens e representações, e sentem prazer ao ver a destruição injusta de uma instituição que por tanto tempo prosperou no esplendor e na honra. 
Burke afirma sentir a mesma satisfação que sentiu ao ver que as pesquisas sobre o clero levaram-no a mesma conclusão que chegou sobre a nobreza. Ele reconhece os vícios e abusos que existiam no clero, e diz que era impossível que não houvesse pois era uma instituição antiga sem muitas mudanças. Afirma que nunca constatou que os membros do clero fossem culpados por crimes que merecessem o confisco de seus bens ou insultos e ultrajes cruéis. Para Burke, ao clero Frances foram atribuídos crimes e comportamentos de homens de outra época. O clero era composto por homens cheios de saber, bondade e sem insolências. 
Antes da revolução a França possuía cerca de 120 bispos. Exemplos de depravação eram raros quantos os de virtudes transcendentes, pois a virtude levada ao heroísmo é sempre exceção. O poder atual da frança tem principal preocupação com a pilhagem da igreja. Parece que a atual estrutura eclesiástica será temporária visando a destruição da religião cristã em todas as suas formas. 
Os protestantes ingleses discordam dos protestantes reformistas em paris, pois a justiça e a misericórdia são características essenciais da religião, já que na Françaforam praticadas iniquidades e crueldades sobre os concidadãos. O confisco dos bens não os agradou e pedem a restituição de tudo por eles roubados. Sem isso, nunca seriam considerados protestantes.
Para Burke, os franceses revolucionários desaprovaram a doutrina da prescrição que é considerada uma lei natural, tirando a segurança para qualquer propriedade. Ao contrário do parlamento Inglês que trata a propriedade com extrema importância.
Revolução Puritana e Revolução Gloriosa
No prenúncio desse documento, vale-se pontuar o leque de transformações que modelaram eventos fulcrais para que a Inglaterra fosse palco do seu centro político e jurídico, mantendo as ordens morais e seu sistema regular das relações sociais. A exemplo do que se diz, o século XVII é marcado pelo fim do absolutismo monárquico, como centro administrativo, legislativo, executivo e cargos do judiciário, assim como à instalação de uma monarquia parlamentarista, sendo a Inglaterra a nação fundante desse novo sistema em que se nota distinção entre chefe de Estado e chefe de Governo, discussões ministradas em assembléias e descentralização eletiva de ações postas na sociedade, atribuindo, dessa forma, uma limitação do poder real.
Nada disso, no entanto, seria possível se não fossem as mudanças ocorridas no território inglês, estas significantes contribuintes para a dissolução da nobreza feudal em detrimento do surgimento da burguesia moderna, conforme se vê na expulsão dos camponeses de suas terras, onde estes exerciam seus serviços laborais e de subsistência, porém não geradora de lucros, o que acarretou insatisfação por parte da nobreza rural (os Gentry), onde promoveram os cercamentos das Terras Comuns, no intuito de limitar os campos para o pasto de ovelhas, estas produtoras naturais de lã que, posteriormente, serviria aos teares para a produção de fios e roupas. Em consonância com estes pontos, observa-se o oportuno emprego do trabalho assalariado nas cidades urbanas em constante desenvolvimento e, em prol disso, a gradual urbanização das cidades, a fim de receber os recém desocupados. E, no embasamento dessas questões mercantis, pontua-se, também, o fortalecimento do comércio marítimo, ponto nodal para o compreendimento da ascensão do poder sobre o fluxo mercantil europeu.
	É nesse ínterim desordenado da economia inglesa que o cenário político e jurídico passa por reformulações fulcrais, refletido no início do século XVII com a morte da rainha Elizabeth I, pondo fim à Dinastia Tudor. Como essa, supracitada no pensamento anterior, não deixou descendentes diretos para ocupar o trono real, este foi concedido ao seu primeiro, James IV, que na época comandava o território da atual Escócia, passando a se identificar como James I quando coroado soberano de ambos os tronos.
Mediante o exposto acima, Jamie I dá início a Dinastia Stuart, coordenação política esta que tem como base o fortalecimento do seu poder absolutista, confrontos diretos com o Parlamento inglês, algo incomum na Dinastia antecedente, gerando, na sequência, relatos de atritos com os membros da Casa Civil durante toda seu reinado, não existindo relações amistosas, sendo estas insatisfações quanto a sua origem, por não ser propriamente um inglês e, tampouco, representar os interesses dos ingleses como estava em decorrência anos antes, seja este no setor religioso, por James apoiar os Anglicanos e ter certa aproximação com os Católicos e o Parlamento ser formado, em suma maioria, por Calvinistas, também conhecido por Puritanos; no setor econômico com o aumento de impostos cobrados, em que visava-se preencher os cofres públicos que estavam em saldo negativo devido a guerra contra a Espanha, provendo aumento da contenção de lucro advindas dos burgueses, os supracitados Puritanos.
No decorrer desse processo, James I será sucedido pelo seu filho, o então Charles I, em que este tenta dar continuidade às políticas elaboradas pelo pai. Através dos fatos expostos, Carlos I irá dissolver o Parlamento por 11 anos, tendo início em 1629, devido ao posicionamento contrário contra sua postura no aumento dos impostos, onde este irá governar a Inglaterra sem o auxílio do Parlamento, período marcado pela perseguição política que o atual rei liderou contra seus opositores. Imbuído nesse contexto, ao revés do ato radical explicitado, Carlos I irá convocar o Parlamento para votar a respeito do novo imposto que taxava movimentações de mercadorias nos portos ingleses, chamado de Ship Money. Sendo o valor arrecadado desse imposto transformado em exército para lutar contra as rebeliões fomentadas no território escocês contra o seu reinado.
Porém, o Parlamento desaprova tal atitude e age na atitude reversa esperada pelo soberano, impondo que este deve reduzir seu poder. Com isso, Carlos I vai tentar novamente dissolver novamente o Parlamento, o que se ainda pior do que o previsto, pois, agora mais ciente dos planos tirânicos do rei, o parlamento se une em prol da destituição deste, promovendo uma verdadeira rebelião.
A posição combativa do parlamento tomou tamanha proporção que em poucos tempos o que era aparentemente uma rebelião contestadora, transformou-se em uma Guerra Civil, perdurando até 1649, entre os defensores do rei versus os Parlamentares. No qual, do lado do rei permanecia os católicos, anglicanos, a alta nobreza inglesa que devia favores ao trono e, no lado oposto, distingue-se os Puritanos, a maior e mais sólida parte, os Gentry (nobreza rural) e a região do Centro-sul da Inglaterra.
 Em tons conclusivos, dita-se que as tropas de Carlos I iniciaram no posto de vitória, mas foram gradativamente sendo sobrepujadas pelas tropas puritanas, onde esta última obtém triunfo, não obstante as reformulações de Oliver Cromwell, líder do New Army Model. Imbuído nesse contexto, considera-se curioso atentar ao fato que Cromwell deu uma nova roupagem para esse exército, alterando seu recrutamento, passando este a ser definido por mérito, notório apego aos calvinistas e forte consciência política incomum para a época. 
Afora isso, a título de curiosidade, durante a Guerra Civil inglesa, ficaram conhecidos dois grupos que defendiam alguns dos interesses da burguesia numa conotação mais revolucionária, sendo estes os Niveladores e os Escavadores. Os grupos radicalizados tinham mais pautas coletivistas, o que descaracterizava as lutas da burguesia, de fato, por isso, perseguidos pela própria burguesia anos posteriores ao fim trágico que se auferiu na Guerra, como a derrota dos escoceses e o decepamento de Carlos I em 30 de Janeiro de 1649. 
Na observação de todos estes fatos, a luz do olhar histórico, que se alude o início da Commonwealth ou, como popularmente é traduzida, a República Puritana. Cabendo a esta, ser liderada pelo líder do exército vitorioso. Destarte, inicia-se aqui o governo de Oliver Cromwell. Posto isso, algumas medidas foram adotadas pelos Parlamentares com o objetivo de impedir um novo ataque a flexibilização do governo inglês e de um representante que ameaçasse o sistema parlamentar, posto os fatos notórios no decorrer dos reinados dos Stuarts.
Tais medidas são, em primeira instância, a exclusão de parlamentares que não haviam apoiado o proceder com o antigo monarca, Carlos I, na subsequência, a dissolução da Câmara dos Lordes, pondo fim, portanto, a diversos privilégios da antiga Nobreza inglesa e, ademais, suprimindo a Igreja anglicana e expulsando uma parte considerável dos católicos que ainda restavam no território inglês.
No entanto, o poder lhe subiu à cabeça e este acabou por tomar atitudes que repudiou como líder de exército, dissolvendo o parlamento mais uma vez, a partir do ato de autoproclamação, tornando, mediante estes fatos expostos, Lorde Protetor Vitalício o que o leva ao patamar de ditador.
Contudo, o mesmo ainda permanece por um tempo considerável sem grandes revoltas contra sua atitude, posto que Cromwell trouxe avanços no seu método de governo, tais como a dissociação, enfim, dos resquícios feudais que ainda existiam e operacionalizam na sociedade inglesa, apartir dos Atos de Navegação, sendo este o seu principal feito quanto chefe de Estado e de governo, pois versa sobre a necessidade de que todas as mercadorias importadas para a Inglaterra e suas colônias deveriam ser transportadas por embarcações inglesas, além da conquista da Jamaica, de abolir os domínios territoriais restritos às mãos dos nobres e, por conseguinte, conquistar a vitória em uma Guerra travada contra a Holanda graças aos Atos de Navegação, o que atribuía a Inglaterra o domínio do comércio marítimo, tornando-se, assim, o maior e mais poderoso do mundo como conhecemos até os dias atuais.
Nessa perspectiva, espera-se a continuidade do período de bonança no sucessor Richard Cromwell, porém esse não tinha, de longe, o mesmo prestígio do pai, o que o levou à renúncia das responsabilidades a ele dirigidas com apenas 8 meses de poder. Adiante essa situação, esteve a cargo do Parlamento resolver essa situação, que teve como voto majoritário a volta a Dinastia Stuart, a mesma que eles outrora lutaram pela cabeça do monarca, colocando o filho Carlos II, que foi coroado em 1660 permanecendo até 1685. Nesse período, há registros que o Parlamento voltou a ter seus dias de luz no fazer legislativo, atuando em consonância com o monarca e apoderando-se de espaços antes negados, como a volta dos Comuns em poder de escolha quanto a gestão pública.
Com a chegada do fim do reinado de Carlos II, volta-se para o trono seu irmão, James II, que invariavelmente causou desconfortos por sua postura religiosa estar voltada para negociações com e para católicos, além de procurar reforçar o seu poder como absolutista o que fez com que os dois maiores partidos políticos constituintes do Parlamento se unissem e conspirassem contra as atitudes tomadas pelo Stuart. Nesse sabor amargo de tensões que com o nascer do seu herdeiro, estopim para que a conspiração ganhasse materialidade na deposição do Rei, assumindo, portanto, sua filha, Maria II, já casada com o Holandês Guilherme Orange e estes ascendendo ao poder de maneira pacífica, já que James II não titubeou contra a escolha do Parlamento, fugindo sem seguida para a França.
Os novos reis da Inglaterra foram coroados após jurarem obediência suprema à Declaração dos Direitos (Bill of Rigths), condecorando, assim, a Revolução Gloriosa. Este foi o marco central da Revolução, chamada de gloriosa por não ter derramamento de sangue, e se caracterizando como consolidação do Parlamento e reconhecimento desse sistema como imutável aos olhos de qualquer descendência advinda da monarquia, atribuindo o máximo poder de legislar ao povo, e restabelecendo laços democráticos antes não vistos, minimizando o poder central em detrimento da liberdade de expressão e atuação dos populares no cenário político-jurídico de forma mais transparente, múltipla e honesta. 
No entanto, o poder lhe subiu à cabeça e este acabou por tomar atitudes que repudiou como líder de exército, dissolvendo o parlamento mais uma vez, a partir do ato de autoproclamação, tornando, mediante estes fatos expostos, Lorde Protetor Vitalício o que o leva ao patamar de ditador.
Contudo, o mesmo ainda permanece por um tempo considerável sem grandes revoltas contra sua atitude, posto que Cromwell trouxe avanços no seu método de governo, tais como a dissociação, enfim, dos resquícios feudais que ainda existiam e operacionalizam na sociedade inglesa, a partir dos Atos de Navegação, sendo este o seu principal feito quanto chefe de Estado e de governo, pois versa sobre a necessidade de que todas as mercadorias importadas para a Inglaterra e suas colônias deveriam ser transportadas por embarcações inglesas, além da conquista da Jamaica, de abolir os domínios territoriais restritos às mãos dos nobres e, por conseguinte, conquistar a vitória em uma Guerra travada contra a Holanda graças aos Atos de Navegação, o que atribuía a Inglaterra o domínio do comércio marítimo, tornando-se, assim, o maior e mais poderoso do mundo como conhecemos até os dias atuais.
Nessa perspectiva, espera-se a continuidade do período de bonança no sucessor Richard Cromwell, porém esse não tinha, de longe, o mesmo prestígio do pai, o que o levou à renúncia das responsabilidades a ele dirigidas com apenas 8 meses de poder. Adiante essa situação, esteve a cargo do Parlamento resolver essa situação, que teve como voto majoritário a volta a Dinastia Stuart, a mesma que eles outrora lutaram pela cabeça do monarca, colocando o filho Carlos II, que foi coroado em 1660 permanecendo até 1685. Nesse período, há registros que o Parlamento voltou a ter seus dias de luz no fazer legislativo, atuando em consonância com o monarca e apoderando-se de espaços antes negados, como a volta dos Comuns em poder de escolha quanto a gestão pública.
Com a chegada do fim do reinado de Carlos II, volta-se para o trono seu irmão, James II, que invariavelmente causou desconfortos por sua postura religiosa estar voltada para negociações com e para católicos, além de procurar reforçar o seu poder como absolutista o que fez com que os dois maiores partidos políticos constituintes do Parlamento se unissem e conspiraram contra as atitudes tomadas pelo Stuart. Nesse sabor amargo de tensões que com o nascer do seu herdeiro, estopim para que a conspiração ganhasse materialidade na deposição do Rei, assumindo, portanto, sua filha, Maria II, já casada com o Holandês Guilherme Orange e estes ascendendo ao poder de maneira pacífica, já que James II não titubeou contra a escolha do Parlamento, fugindo sem seguida para a França.
Os novos reis da Inglaterra foram coroados após jurarem obediência suprema à Declaração dos Direitos (Bill of Rigths), condecorando, assim, a Revolução Gloriosa. Este foi o marco central da Revolução, chamada de gloriosa por não ter derramamento de sangue, e se caracterizando como consolidação do Parlamento e reconhecimento desse sistema como imutável aos olhos de qualquer descendência advinda da monarquia, atribuindo o máximo poder de legislar ao povo, e restabelecendo laços democráticos antes não vistos, minimizando o poder central em detrimento da liberdade de expressão e atuação dos populares no cenário político-jurídico de forma mais transparente, múltipla e honesta. 
A nova Constituição francesa
Seguindo nessa lógica discursiva, ao sabor analítico, compreendemos que o início da terceira parte de sua obra se fará valer do olhar crítico frente às estruturas fundadas pelos franceses, a nova forma de governar, a implementação dos novos mecanismos de governo e, sobretudo, entender se as especulações criadas no campo teórico, advinda do saber metafísico, ora exposto pelo autor, está sendo, de fato, motor das mudanças promovidas ou apenas um meio de se subir ao poder em detrimento da destruição dos antigos valores, bases morais e costumes seculares fomentados de maneira orgânica na sociedade civil.
	De certo, a posteriori de todo o delinear do seu pensamento acerca disso, Burke chega a conclusão de que a Assembleia nada mais é do que uma mera reunião de homens que estão buscando se aproveitar do novo poder que tem em mãos para modificar as relações outrora estabelecidas e sólidas até o momento do surto civil, também encorajado por esses perversos que agora se assentam da “soberania” francesa. Além disso, coloca em questão que seus atos mais notórios não surgiram a partir de um voto popular, mas ditados pelos que estavam a frente do processo revolucionário, não advinda de nenhuma lei anterior, descaracterizando, dessa forma, seu pilar democrático. Concluindo, portanto, que a assolação do antigo sistema de nada valeu se agora o povo é comandado por forças arbitrárias e não democráticas.
	Mediante essa análise, o autor põe que para tanto a referente Assembleia usa-se de fórmulas de tirania explícita e usurpação do poder para que haja a conservação da dominação imposta, pois nas escolhas tomadas pelos representantes nota-se uma verdadeira face oposta aos interesses públicos, dissonância entre a prática e a teoria romântica estimuladas durante o ataque a coroa francesa. Outrossim,torna-se notório, por meio dos feitos realizados até o presente momento em que Burke disserta seus pensamentos nas cartas, que as atitudes levianas se tornaram a transparência da arrogância e da negligência com as preocupações maiores, agora atribuídas ao povo. 
	Diante do exposto, o autor parte para o julgamento dos líderes e das qualidades que estes deveriam ser dotados, até onde se sabe diz-se que verdadeiros homens devem carregar consigo, além da eloquência e da boa oratória, sabedoria, ideias claras e objetivas, não obstante, obediência a um plano que garanta seguridade dos cidadãos. No entanto, a luz de Burke, o que se nota na França é o expresso contrário, vê-se homens que estavam mais preocupados em resolver os problemas por eles mesmo criados do que dar respostas sociais à sociedade, traçar planos que visam a finalidade do bem comum, haja vista a ausência da competência legislativa, que diferentemente da Inglaterra, não estava nas mãos dos “comuns”.  Em resumidas palavras, Burke desacreditava tanto do surgimento de algo útil para o campo social, advindo de conceitos metafísicos ao considerar tudo isso um infame delírio.
	Para embasar sua incredulidade, partiu para, a priori, explicar o que era a então Assembleia e, a posteriori, realçar seus principais defeitos estruturais. Sendo essa subdividida em 5 maiores setores, entre eles o Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário, Forças armadas e, por fim, o Sistema de Finanças. Para a primeira parte apresentada, detenho-me apenas no setor Legislativo, sendo este, dividido em três partes centrais, a respeito da Base territorial, base populacional e a base contributiva.
	Em tons explicativos, à luz dos postulados de Burke, a base territorial foi infeliz em seu processo de reformulação da divisão deste, pois o que antes estava bem estabelecido na Geografia ou na História do país, agora era violentada por marcações arbitrárias em grandes quadrados que dividiam tão somente terras, já que os fluxos sociais e as relações ali encontradas continuariam a prosperar, operando na conservação dos encontros. Haja vista que a nova setorização se pauta em categorizar o país em 83 partes iguais, chamadas de Departamentos, continuando com o parâmetro de um quadrado separaram mais uma vez essas 83 partes em 1.720, denominadas comunas e, por conseguinte, seguindo a mesma lógica, essa seria decomposta em 6.400 distritos menores, conhecidos por Cantões. Ademais, essa fragmentação influenciava na elegibilidade dos representantes e, de maneira mais incisiva na Base populacional vista a seguir,
	Na decorrência dos fatos, a base populacional é alterada na medida em que as bases territoriais são modificadas. Por isso, vale-se pintar o quadro do sistema representativo eleitoral definida em relação a base populacional fazendo-se uso da base territorial. 
	E isso se dá da seguinte forma, cada Cantão (um dos 6.400 pequenos quadrados) elegeram os membros da Assembleia Primária, em uma analogia grosseira, uma espécie de Vereadores dos nossos tempos atuais. A ideia passada na época era de que todos os homens são iguais em direitos civis e políticos, mas para concorrer a chance de ser eleito este teria que provar uma contribuição equivalente a 3 dias de trabalho.
	A seguir, estes escolhidos que se fazem membros da Assembleia Primária de cada Cantão, tem por obrigatoriedade eleger os Deputados à Comuna. De acordo com o exposto, o cálculo se baseia em 1 Deputado a cada 200 eleitores. Entretanto, há aqui a mesma exigência referente à jornada de trabalho, cobrando a contribuição de 10 jornadas.
	E, por fim, o Departamento, instância maior tanto em base territorial quanto representativa, nomeia os eleitores que podem escolher os deputados à compor a Assembleia Nacional. Se todas as contribuições anteriores foram crescendo de acordo com o cargo e a sua importância a ser ocupada, este não seria desigual. Para que se possa concorrer, faz-se necessário contribuir com um marco de prata.
	Atitudes estas exprimidas aqui muito julgadas por Burke, pois este modelo de separação e de representatividade destoa de forma diametralmente oposta àquela exercida na Inglaterra, onde a escolha dos representantes não coincidir com a sua riqueza material ou com a contagem de propriedade de terras, pelo contrário, foi a Revolução Gloriosa que os Lordes foram afastados dos cargos públicos à luz da reivindicação dos Comuns. Além desses fatos, há na França um distanciamento notório dos representantes ao povo que estes governam, fato esse que Burke condena do início ao fim do seu pensamento, haja vista que se coordena para o povo, então há de concordar que o povo deve ter voz, e não ser escutada mediante suas posses, principalmente em uma sociedade que vocifera por Igualdade e Fraternidade para se obter Liberdade, como o caso da França.
	Nesse ínterim, Burke afirma que o sistema representativo tende ao fracasso no instante em que a base contributiva cobra impostos desiguais aos deseguiais (mas vistos como iguais pelos líderes revolucionários franceses), o que nos remete a um verdadeiro paradoxo de ideias, ora também refutados. Nota-se, nesse contexto, uma divisão de renda e de cobrança de impostos de acordo com os distritos, e não com a particularidade de cada, criada e regida pela ordem legislativa atual, uma verdadeira aristocracia em pele de democracia.
	Portanto, tem-se na base contributiva uma má distribuição do dinheiro público, uma cobrança pautada nas posses privadas e uma divisão clara daqueles que são ricos e dos que não são, e tratar essas pautas de formas igualitária é, de todo caso, desamparar os mais ricos. Por isso, Burke defende que os mais ricos devem receber segurança do Estado, se é que se pode falar em um Estado no contexto Francês pós revolução, e sustenta a ideia de que os ricos correm sim perigo aos claros olhos na medida em que esse povo ensandecido pelo poder pode e controla as massas desafortunadas. 
Logo, o autor retrata a inexistência, na nova constituição, de um princípio que possa unir as repúblicas separadas que contém a França, assim, buscou saber como os franceses as mantiveram solidárias e concluiu que foi por meio de três manobras principais, o confisco, o poder soberano de Paris e o exército nacional. A primeira manobra foi confiscar os bens e forçar o curso do papel-moeda, contudo, Burke acredita que é um plano fracassado, uma vez que, o valor dos bens confiscados não será suficiente para lastrear o papel moeda, gerando, assim, a dissociação das repúblicas confederadas. Já Paris, é uma das bases políticas da assembleia, na qual detém o poder executivo e legislativo e é o centro das especulações, o autor acredita que a supremacia manterá as repúblicas unidas por pouco tempo, tendo em vista, que a preponderância de Paris diminuirá o patriotismo das outras. A última é pelo exército nacional, todavia, a conjuntura, para Burke, é de anarquia militar o que prospera uma anarquia civil, gerando uma perda de autoridade e um rápido abismo. 
Ademais, o autor faz uma reflexão perante o poder soberano da assembleia, atestando que esta se estabelece como uma corporação a quem a Constituição assente todos os poderes, sem nenhum tipo de revisão externa, regras de ações repeitadas e nada que possa fixar em um sistema qualquer. Além disso, aponta que os legisladores franceses esqueceram de estabelecer um senado, ou algo que exerça sua função, ainda, afirma, que é possível que uma monarquia exista sem esse tipo de órgão, porém em uma república, é inviável. Outrossim, ele analisa o poder executivo, no qual é constituído por um rei desprovido de qualquer autoridade, isto é, “o primeiro dos agentes do executivo” não dispõe de nenhum meio para direcionar as medidas da assembleia, para Burke ele atua meramente como um tabelião e, ainda, deve ajudar no massacre daqueles que mostram devoção a ele ou ao antigo regime. 
Outrem, Burke ainda atesta a dificuldade dos ministros franceses, uma vez que devem administrar mas não possuem poderes, devem decidir porém suas deliberações já sãoimpostas de antemão, na qual insita a renuncia dos cargos. Ainda, pondera a situação do poder judiciário, em que afirma que independentemente da forma do poder supremo de um Estado, ele deveria constituir uma autoridade judiciária, de tal forma que ela conservasse sua independência e ainda equilibrasse a autoridade Estatal garantindo, assim, justiça ao seu próprio poder, o que não ocorria na França. Isto, para o autor, ocorre, principalmente, devido a destruição radical dos parlamentos, que preservam o direito de registrar, interpretar e vetar os decretos da Assembleia, tornando juízes independentes, contudo, o atual governo os reduziu a uma obediência mais cega. 
O escritor, afirma, também, a incapacidade francesa perante a matéria financeira, uma vez que houve uma queda em sua receita pública e para Burke, a receita de uma Estado é o próprio Estado, isto é, ela é a mola para o poder. Para compensar todas as novas e antigas deficiências do Estado a Assembleia conclama uma atitude benevolente na qual o imposto seria calculado à razão de um quarto da renda de todos os cidadãos com base na honra pessoal de cada contribuinte, o que para ele é cruel e não econômico. Posto isso, Burke atesta que em meio a um trabalho incansável da Assembleia Nacional houve sim melhorias, contudo superficiais e seu erros, entretanto, foram fundamentais e aconselha aos franceses que sigam o exemplo da Constituição Britânica, uma vez que situação privilegiada do país é em detrimento dela. Por fim, esclarece que não é contra mudanças, mas gostaria que essas sejam sempre feitas no intuito de conservar e enaltece seu povo por ser patriótico, independente e livre.

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