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TOMO 9 AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA FACTORES CRÍTICOS PARA A DECISÃO

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JULHO 2014 
VOLUME I - CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA 
 
TOMO 9 – AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA. 
FACTORES CRÍTICOS PARA A DECISÃO 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
 
REPÚBLICA DE ANGOLA 
MINISTÉRIO DA ENERGIA E ÁGUAS 
INSTITUTO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS 
 
PROJECTO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO NACIONAL DA ÁGUA DE ANGOLA 
PLANO NACIONAL DA ÁGUA 
 
VOLUME I – CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA 
ÍNDICE DE VOLUME 
 
TOMO 1 – CONSTITUIÇÃO E ORGANIZAÇÃO 
TOMO 2 – CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA, ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E PATRIMÓNIO 
TOMO 3 – CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA 
TOMO 4 – ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. RECONSTITUIÇÃO DAS SÉRIES HISTÓRICAS 
TOMO 5 – AVALIAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS SUPERFICIAIS 
TOMO 6 – AVALIAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS SUBTERRÂNEAS 
TOMO 7 – CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS SECTORES UTILIZADORES DA ÁGUA E AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES HÍDRICAS 
TOMO 8 – BALANÇO HÍDRICO DISPONIBILIDADES-NECESSIDADES 
TOMO 9 – AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA. FACTORES CRÍTICOS PARA A DECISÃO 
TOMO 10 – SITUAÇÕES DE RISCO. CHEIAS, SECAS E EROSÃO 
TOMO 11 – ASPECTOS INSTITUCIONAIS E DE GOVERNANÇA E RIOS TRANSFRONTEIRIÇOS 
TOMO 12 – ECONOMIA DA ÁGUA 
TOMO 13 – ATLAS DE ANGOLA 
 
 
 
Programa Nacional da Água (PNA) I 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
REPÚBLICA DE ANGOLA 
MINISTÉRIO DA ENERGIA E ÁGUAS 
INSTITUTO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS 
 
PROJECTO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO NACIONAL DA ÁGUA DE ANGOLA 
PLANO NACIONAL DA ÁGUA 
 
VOLUME I – CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA 
TOMO 9 – AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA. FACTORES CRÍTICOS PARA A DECISÃO 
 
ÍNDICE 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................ 1 
2 OBJECTIVOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA................................................................................................ 3 
3 OBJECTO E METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA ...................................................................... 5 
3.1 OBJECTO ............................................................................................................................................................................... 5 
3.2 METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO .......................................................................................................................................... 5 
3.2.1 Pressupostos da Metodologia a Adoptar ............................................................................................................................. 5 
3.2.2 Metodologia Geral ............................................................................................................................................................... 5 
4 SÍNTESE DAS ACTIVIDADES DA FASE 1 - CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ACTUAL E DIAGNÓSTICO .................. 7 
5 QUADRO PROBLEMA (PROBLEMAS / POTENCIALIDADES / SENSIBILIDADES) ............................................................ 11 
6 OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DO PNAA ............................................................................................................................ 13 
6.1 OBJECTIVOS GERAIS ......................................................................................................................................................... 13 
6.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................................................................... 13 
7 FATORES AMBIENTAIS E DE SUSTENTABILIDADE ........................................................................................................... 15 
7.1 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA DO TERRITÓRIO ....................................................................................... 15 
7.1.1 Clima e orografia ............................................................................................................................................................... 15 
7.1.2 Recursos Naturais ............................................................................................................................................................. 15 
7.2 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DE ANGOLA ............................................................................. 17 
7.2.1 Território e demografia ...................................................................................................................................................... 17 
7.2.2 Saúde ................................................................................................................................................................................ 17 
 
II Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
7.2.3 Economia .......................................................................................................................................................................... 18 
7.3 ASPECTOS DE QUALIDADE AMBIENTAL ......................................................................................................................... 23 
8 QUADRO DE REFERÊNCIA ESTRATÉGICO (QRE) ............................................................................................................. 25 
9 FACTORES CRÍTICOS PARA A DECISÃO............................................................................................................................ 41 
 
Índice de Quadros 
Quadro 8.1 – Enquadramento Estratégico do PNAA ..................................................................................................................... 27 
Quadro 9.1 – Factores Críticos para a Decisão, Critérios de Avaliação e Indicadores .................................................................. 42 
 
ANEXO 
Anexo 1 – Planos e Programas Nacionais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Programa Nacional da Água (PNA) III 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS 
AAE Avaliação Ambiental Estratégica 
AC Acrissolos 
Af Afloramentos Rochosos 
AL Alissolos 
AP Áreas de Protecção 
AR Arenossolos 
CDB Convenção sobre Diversidade Biológica 
CEIC-UCAN Centro de Estudos e Investigação Cientifica da Universidade Católica de Angola 
CICOS Comissão Internacional das Bacias dos Rios Congo, Oubangui e Sangha 
CL Calcissolos 
CLE Comércio de Licenças de Emissão 
CM Cambissolos 
CNE Comissão Nacional de Eleições 
COBA Consultores de Engenharia e Ambiente 
CTC Capacidade de Troca Catiónica 
CUVECOM Comissão Permanente de Gestão do Curso de Água do Rio Cuvelai 
DA Dependência da Água 
DD Dunas do Deserto 
DJF Dezembro, Janeiro, Fevereiro 
DNA Direcção Nacional de Águas 
DNAAS Direcção Nacional de Abastecimento de Águas e Saneamento 
DNB Direcção Nacional de Biodiversidade 
DNEE Direcção Nacional da Energia Eléctrica 
DNEL Direcção Nacional Electrificação 
DNEP Direcção Nacional de Estudos e Planeamento 
DNER Direcção Nacional de Engenharia Rural 
DNGA Direcção Nacional de Gestão Ambiental 
DNIIP Direcção Nacional de Infra-estruturas e da Indústria Pesqueira 
DNPA Direcção Nacional de Pescas e Aquicultura 
DNRH Direcção Nacional de Recursos Hídricos 
DNTA Direcção Nacinal de Tecnologias Ambientais 
DPE Delegações Provinciais de Educação 
 
IV Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
E/Dr Endemismo/Distribuição restrita 
EASBL Empresas de Águas e Saneamentode Lobito e Benguela 
EC Estatuto de Conservação 
EIU Economist Intellegence Unit 
EN Em Perigo 
ENE Empresa Nacional de Electricidade 
EPAL Empresa Publica das Águas de Luanda 
EPASH Empresa Provincial de Água e Saneamento do Huambo 
ER Eco-regiões de água-doce 
ETc Evapotranspiração cultural 
FCD Factores Críticos para Decisão 
FEOW Freshwater Ecoregions of the World 
FG Classes Fitogeográficas 
FL Fluvissolos 
FMI Fundo Monetário Internacional 
FR Feralsolos 
GABHIC Gabinete para a Administração da Bacia Hidrográfica do Cunene 
GAMEK Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza 
GCM Modelos de Circulação Global (General Circulation Models) 
GEE Gases com Efeito de Estufa 
GL Gleissolos 
GTA Grupo Técnico para o Acompanhamento da Elaboração do PNA 
GY Gipsissolos 
GWP Global Water Partnership 
IBEP Inquérito Integrado sobre o Bem-Estar da População 
IC Implementação Conjunta 
ID Índice de Disponibilidade 
IDH Índice de Desenvolvimento Humano 
IDP Índice de Desenvolvimento da População 
IDPAA Instituto de Desenvolvimento da Pesca Artesanal e da Aquicultura 
IDW Inverso da Distância Ponderada Simples 
IGA Instituto Geológico de Angola 
INAIP Instituto Nacional de Apoio às Indústrias de Pesca 
INARH Instituto Nacional de Recursos Hídricos 
INBO International Network of Basins Organizations 
 
Programa Nacional da Água (PNA) V 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
INE Instituto Nacional de Estatística de Angola 
INIP Instituto Nacional de Investigação Pesqueira 
INPC Instituto Nacional do Património Cultural 
INRH Instituto Nacional de Recursos Hídricos 
IP Índice de Potencialidade 
IPA Instituto de Desenvolvimento da Pesca Artesanal 
IPAD Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento - Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal 
IPCC Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas 
IUCN International Union for Conservation of Nature 
IUP Índice de Utilização Potencial (também denominado por “water exploitation index”) 
IV Índice de Variabilidade 
JI Implementação Conjunta 
JJA Junho, Julho e Agosto 
LP Leptossolos 
LRBA Lei sobre Recursos Biológicos Aquáticos 
LV Luvissolos 
LX Lixissolos 
MAM Março, Abril, Maio 
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 
MICS Multiple Indicator Cluster Survey – UNICEF 
MGM Ministério da Geologia e Minas 
MINAGRI Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural 
MINAMB Ministério do Ambiente 
MINEA Ministério da Energia e Águas 
MINPLAN Ministério do Planeamento 
MINUA Ministério do Urbanismo e do Ambiente 
MODIS Moderate Resolution Imaging Spetroradiometer 
NAPA Programa de Acção Nacional de Adaptação as Alterações Climáticas 
NBSAP Estratégia e Plano de Acção Nacionais para a Biodiversidade 
NPA Núcleos de Povoamento Agrário 
NT (Biodiversidade) Quase Ameaçada 
NT (Solos) Nitissolos 
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico 
ODM Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 
OGE Orçamento Geral do Estado 
 
VI Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
OKACOM Comissão Permanente de Gestão do Curso de Água do Rio Okavango 
OMS Organização Mundial de Saúde. 
OSC Organizações da Sociedade Civil 
PAH Pequenos Aproveitamentos Hidroeléctricos 
PANA Programa de Acção Nacional de Adaptação 
PAT Programa “Água para Todos 
PDI Polos de Desenvolvimento Industrial 
PDISA Projecto de Desenvolvimento do Sector das Águas 
PH Phaeozems 
PIB Produto Interno Bruto 
PIP Programa de Investimentos Públicos de Angola 
PLANIRRIGA Plano Nacional Director de Irrigação de Angola- 
PNA Plano Nacional da Água de Angola 
PNEA Programa Nacional Estratégico Imediato para a Água 
PNGA Programa Nacional de Gestão Ambiental 
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
PNSA Política Nacional de Saneamento Ambiental 
PPP Parceria Público-Privado 
Pr Areias de Praia 
PSDI Índice de severidade da seca de Palmer 
PZ Podzóis 
RCP Representative Concentration Pathways 
RE Riqueza Específica 
REGA Relatório do Estado Geral do Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável de Angola 2012 
RH Regiões Hidrográficas 
RNB Rendimento Nacional Bruto 
RU Reserva Utilizável (mm) 
SADC Southern African Development Community 
SC Solonchacks 
SDT Sólidos Dissolvidos Totais 
SISAS Sistema de Informação Sectorial de Água e Saneamento 
SN Solonetz 
SON Setembro, Outubro, Novembro 
SPI Índice de precipitação normal 
SRES Special Report on Emissions Scenarios 
 
Programa Nacional da Água (PNA) VII 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
SWOT Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) 
TR Terreno Rochoso 
UH Unidades Hidrográficas 
UNDP Programa de Desenvolvimento das Nações Unidaas (United Nations Development Programme) 
UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura 
UNFCCC Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima 
VR Vertissolos 
VU Vulnerável 
WWF World WildLife Fund 
ZAMCOM Comissão Permanente de Gestão do Curso de Água do Rio Zambeze 
 
 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 1 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
REPÚBLICA DE ANGOLA 
MINISTÉRIO DA ENERGIA E ÁGUAS 
INSTITUTO NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS 
 
PROJECTO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO NACIONAL DA ÁGUA DE ANGOLA 
PLANO NACIONAL DA ÁGUA 
 
VOLUME I – CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA 
TOMO 9 – AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA. FACTORES CRÍTICOS PARA A DECISÃO 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente relatório apresenta o trabalho desenvolvido no âmbito da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), durante a Fase 
1 do Plano Nacional da Água (PNA) de Angola - Caracterização da Situação Actual e Diagnóstico. 
Embora não estando consagrada no ordenamento jurídico angolano, a avaliação ambiental realizada ao nível do 
planeamento e como tal, de natureza estratégica, garante que os efeitos ambientais são tomados em consideração durante 
a elaboração do plano e antes da sua aprovação, contribuindo assim, para a adopção de soluções mais eficazes e 
sustentáveis. 
Assim, os procedimentos de preparação e elaboração do PNA foram acompanhados, desde o início, por uma avaliação 
ambiental de natureza estratégica, com o objectivo de integrar as questões ambientais no ciclo de planeamento, discutir e 
avaliar as grandes opções estratégicas e auxiliar na decisão relativa à escolha das melhores opções, do ponto de vista 
sectorial, ambiental e de sustentabilidade. 
Em síntese, a AAE acompanhará todo o processo de planeamento, actuando sobre a concepção do plano e não sobre o 
seu resultado.
 
Programa Nacional da Água (PNA) 3 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
2 OBJECTIVOS DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA 
Como objectivos da avaliação ambiental, na perspectiva estratégica, destacam-se os seguintes (Partidário, MR 2012): 
� “Encorajar a integração ambiental e de sustentabilidade (incluindo os aspectos biofísicos, sociais, institucionais e 
económicos) estabelecendo as condições para acomodar futuras propostas de desenvolvimento; 
� Acrescentar valor ao processo de decisão, discutindo as oportunidades e os riscos das opções de desenvolvimento e 
transformando problemas em oportunidades; 
� Alterar mentalidades e criar uma cultura estratégica no processo de decisão, promovendo a cooperação e o diálogo 
institucionais e evitando conflitos”. 
 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 5 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos paraa Decisão 
3 OBJECTO E METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA 
3.1 OBJECTO 
A avaliação ambiental estratégica do plano tem como objecto a gestão sustentável dos recursos hídricos, como contributo 
para o crescimento económico sustentado e territorialmente equilibrado de Angola, tendo em vista o apoio ao 
desenvolvimento do País. 
3.2 METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO 
3.2.1 Pressupostos da Metodologia a Adoptar 
Na AAE o objecto de avaliação são cenários de desenvolvimento futuro, com elevado nível de incerteza, o que difere da 
Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), em que se avaliam propostas e medidas concretas e objectivas para execução de 
projectos. 
A diferente perspectiva faz com que também se adoptem princípios metodológicos distintos. A metodologia de AAE tem 
como objectivo avaliar as estratégias propostas durante um processo de planeamento e a forma como elas respondem a 
objectivos e problemas estratégicos. 
A análise é centrada nos objectivos de desenvolvimento, ou nos problemas que o plano pretende resolver e não nas acções 
propostas no plano como soluções ou resultados. Esta abordagem estratégica assenta numa perspectiva de longo prazo, 
holística, transversal e muito focada em factores de análise que são estratégicos para a decisão. 
Tendo em conta a especificidade deste processo de avaliação, estabelecem-se os seguintes pressupostos metodológicos: 
a) A integração da AAE no processo de planeamento implica a articulação de processos, faseamento, calendários e 
partilha de dados de base e informação. 
b) A metodologia proposta (PARTIDÁRIO, MR 2012. Guia de Melhores Práticas para Avaliação Ambiental Estratégica – 
Orientações Metodológicas para um pensamento estratégico em AAE. Agência portuguesa do Ambiente e Redes 
Energéticas Nacionais. Lisboa) adaptou-se necessariamente ao desenvolvimento dos estudos já realizados no âmbito 
do PNA, bem como se adaptará à escala dos cenários estratégicos delineados no plano. Assim, o detalhe na 
informação e resultados da AAE não ultrapassam o detalhe do PNAA. 
c) A informação de base utilizada na AAE foi a informação existente e disponível para análise. 
d) Como referencial de AAE, consideraram-se documentos de política e estratégia nacional e internacional, com 
relevância para o sector dos recursos hídricos 
3.2.2 Metodologia Geral 
Considerando a fase a que se refere este relatório (Caracterização da Situação Actual e Diagnóstico) e atendendo ao 
pressuposto de que a AAE acompanhará todas as fases de planeamento, o presente relatório encontra-se estruturado do 
seguinte modo: 
� Enquadramento e objectivos estratégicos do PNA tendo em consideração: 
− Relação do PNA com outros planos ou programas; 
 
6 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
− Objectivos de protecção ambiental estabelecidos a nível nacional ou internacional, que sejam pertinentes para o 
PNA. 
� Caracterização geral do território angolano, tendo em consideração o diagnóstico elaborado no âmbito do PNA, 
contemplando aspectos biofísicos e socioeconómicos. 
� Identificação dos Factores Críticos para a Decisão tendo em consideração: 
− O “Quadro de Referência Estratégico” estabelecido, bem com o “Quadro Problema” identificado; 
− Questões ambientais e de sustentabilidade que se afigurem particularmente sensíveis tendo em consideração a 
natureza do PNA. 
Nesta fase de caracterização e diagnóstico, a identificação dos factores críticos para a decisão (FCD) é fundamental 
para proceder à subsequente avaliação ambiental de natureza estratégica dos cenários de previsão socioeconómica e de 
utilização dos recursos hídricos, objecto da fase seguinte do plano (Fase 2). 
 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 7 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
4 SÍNTESE DAS ACTIVIDADES DA FASE 1 - CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO ACTUAL E 
DIAGNÓSTICO 
O PNA integra um conjunto alargado de estudos temáticos que permitem aprofundar o conhecimento do sector das águas 
do País, com relevo para a avaliação global das disponibilidades hídricas e das necessidades de água à escala nacional, 
quer para a situação actual, quer considerando as previsões de evolução futura, correspondentes a diferentes cenários de 
desenvolvimento socioeconómico. 
Esta primeira fase do PNA contempla a caracterização da situação actual do País e o diagnóstico dos principais problemas 
e potencialidades. Assim sendo, apresentam-se estudos temáticos que permitem avaliar os recursos e as necessidades 
hídricas através do balanço hídrico e identificar as regiões com abundância ou escassez de água em relação à procura. Por 
outro lado, estes estudos permitem também caracterizar outros temas-chave dos recursos hídricos, como são a conservação 
da natureza e os caudais ecológicos, cheias e secas, sedimentos e erosão, sistema institucional e normativo, entre outros. 
No que se refere à componente social e económica, foi abordada a estrutura socioeconómica angolana, de modo a obter-
se uma compreensão clara das condições e da dinâmica social e económica do País, das províncias e das unidades 
hidrográficas. 
Quanto à avaliação dos recursos hídricos, esta fase obrigou ao estudo aprofundado da distribuição temporal e espacial dos 
recursos disponíveis (superficiais e subterrâneos), de modo a calcular o balanço entre as disponibilidades e necessidades 
de água e a identificar as bacias/regiões hidrográficas com maior abundância, ou escassez de água. 
A avaliação dos recursos hídricos superficiais iniciou-se com a recolha e análise crítica da informação hidrológica disponível 
e sua reinterpretação, tendo em vista a caracterização espacial, sazonal e inter-anual das principais variáveis hidrológicas. 
Foi igualmente efectuado o diagnóstico do estado actual da rede de monitorização dos recursos hídricos superficiais e a 
identificação das medidas mais adequadas para o seu bom funcionamento, quer a nível da disponibilização dos registos, 
quer do ponto de vista da sua distribuiução espacial, identificando eventuais secções de linhas de água, para as quais seria 
importante instalar novas estações hidrométricas. Esta fase de diagnóstico permtirá definir critérios para o estabelecimento 
de uma rede hidrometeorológica mínima. 
Quanto aos recursos hídricos subterrâneos, os mesmos foram estimados a partir da carta hidrogeológica de Angola 
(1:250.000) elaborada pela COBA no âmbito do PLANIRRIGA, bem como a partir das cartas à escala 1 250 000 elaboradas 
em 1986-1989 pela empresa Hidromina. Quando necessário e nas áreas do País sem carta hidrogeológica a escala 
adequada, os recursos hídricos subterrâneos foram estimados a partir da infromação geológica, do regime de precipitação 
e da orografia. 
A carcaterização dos usos, consumos e necessidade de água, é fundamental nesta fase para identificar as situações de 
défice, através do balanço hídrico, para a análise económica das utilizações da água, para determinar as causas do estado 
da qualidade da água e da adequação desta aos usos actuais, para a análise do ordenamento do território no que se refere 
à protecção dos recursos hídricos e à segurança de pessoas e bens em relação às situações hidrológicas extremas e aos 
acidentes de poluição, entre outros aspectos. 
Para as diversas utilizações da água, foi feita a avaliação das necessidades actuais, dos consumos e das eficiências, tendo 
sido avaliados os volumes para abastecimento de água às populações, para rega e outras utilizações, nomeadamente para 
fins ambientais. 
 
8 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
Enquanto as necessidades de água para irrigação foram estimadas com base na informação do PLANIRRIGA, as 
necessidadesde água para abastecimento público foram essencialmente obtidas a partir da informação disponível 
relativamente às projeções populacionais e capitações associadas. 
As necessidades totais de água foram calculadas pela soma dos consumos para abastecimento público, irrigação, indústria, 
turismo, pesca e aquicultura, assim como da água necessária para outros usos agrícolas, navegação e volume de perdas 
de água. 
Em função dos valores de escoamento apresentados pelas diferentes unidades hidrográficas, procedeu-se à classificação 
do estado ecológico das mesmas. Este diagnóstico, preliminarmente estabelecido nesta fase, permitirá auxiliar na definição 
dos cenários de planeamento na fase seguinte do PNA, com o objectivo de manter de forma sustentável a funcionalidade e 
estrutura dos ecossistemas aquáticos e terrestres associados às unidades hidrográficas em estudo, contribuindo, assim, 
para atingir o bom estado ecológico nos rios e águas de transição. 
Quanto à qualidade da água, procedeu-se a uma pesquisa exaustiva de dados de base, tendo-se concluido que os mesmos 
são praticamente inexistentes e os que se obtiveram são muito incipientes e relativos a parâmetros básicos (parâmetros 
organolépticos, temperatura, turvação, condutividade). Apesar de complementados com dados obtidos no âmbito da 
elaboração dos Planos Directores de Abastecimento de Água, da responsabilidade da COBA, a caracterização da situação 
de referência no que respeita ao estado de qualidade da água na rede hidrográfica apresenta algumas limitações, 
esperando-se que a situação possa ser complementada com informação que venha a constar dos Planos de Bacia em curso 
e dos que futuramente venham a ser realizados. 
Por outro lado, foi também analisada, recolhida e tratada a informação sobre fontes poluidoras. Esta caracterização constitui 
um elemento de base fundamental para a análise da adequabilidade da qualidade da água às diversas utilizações previstas, 
permitindo traçar um quadro da situação actual com a clara identificação do tipo e grau de prioridade de resolução dos 
problemas existentes, bem como a identificação das potencialidades de aproveitamento da capacidade de recepção do meio 
hídrico, quer para a diluição de efluentes, quer para a valorização do ambiente fluvial. 
As cheias e secas são fenómenos extremos que causam graves prejuízos socioeconómicos ao País e que afectam a 
segurança e o bem-estar da população, pelo que se manifestou necessário proceder à sua caracterização, tendo em vista 
a definição de medidas estruturais e não estruturais para a sua mitigação. 
Assim sendo, foi elaborado um estudo de cheias a nível nacional, que permitiu avaliar os caudais máximos para 
determinados períodos de retorno em secções dos rios mais problemáticos. Foram também inventariados os locais mais 
sensíveis à ocorrência de cheias e inundações, com base na recolha de dados históricos e nas direcções provinciais do 
MINEA, visando mapear as zonas sujeitas a inundações. 
Foram também caracterizadas as secas meteorológicas, com base na estimativa dos parâmetros definidores do tipo de 
seca: a severidade, a duração e a área de influência, sendo ainda analisada a problemática das secas do ponto de vista da 
relação entre as necessidades de água e os recursos utilizáveis. O modelo de indentificação de secas e das áreas de 
influência foi baseado na análise da distribuição da precipitação mensal e anual. A par do estudo hidrometeorológico das 
secas, foi analisada a distribuição das zonas de risco baixo, médio e elevado de ocorrência de secas. 
Problemas que têm sido também alvo de preocupação crescente são a degradação ambiental, a erosão e a deposição de 
sedimentos nas linhas de água e a desertificação. Independentemente de uma análise mais profunda a realizar no âmbito 
dos Planos de Bacia em curso, o regime de sedimentos e erosão foram analisados no âmbito do PNA a partir de situações 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 9 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
identificadas de erosão profunda do solo, normalmente em torno das áreas urbanas e de situações de erosão a jusante de 
barragens. 
Ainda no contexto desta primeira fase do PNA foi efectuada uma recolha, o mais exaustiva possível, de todos os dados 
cadastrais sobre as infra-estruturas hidráulicas existentes no País, junto das entidades interessadas e que foram organizados 
e tratados em bases de dados adequadas, tendo sido inventariadas as seguintes infra-estruturas: 
� Sistemas de abastecimento de água; 
� Sistemas de saneamento; 
� Aproveitamentos hidroeléctricos e outras barragens; 
� Infra-estruturas de controlo de cheias; 
� Outras infra-estruturas. 
Nesta 1ª fase do PNA foi também efectuada uma análise exaustiva da legislação nacional e do quadro normativo aplicável, 
bem como do quadro institucional, no sentido de determinar de que modo as decisões são tomadas a nível central, provincial 
e local, que entidades são envolvidas no processo de tomada de decisão e que competências essas entidades possuem. 
Considerando a importância das bacias internacionais no sector da água em Angola, foram analisadas as implicações que 
esta questão tem na análise institucional e normativa, incluindo as implicações políticas. A investigação realizada implicou 
uma análise detalhada da legislação relativa ao sector das águas. 
Com base na caracterização da situação de referência, nos estudos temáticos realizados e nos problemas identificados 
durante a Fase 1 do PNA, foi feita uma compilação global e integradora da realidade existente no País no que se refere aos 
recursos hídricos, nomeadamente quanto às necessidades de água actuais e futuras, às infra-estruturas hidráulicas 
existentes e às condicionantes ambientais. 
Com base nesta caracterização, tentou-se identificar situações de conflito de usos e as potencialidades de 
desenvolvimento/ aproveitamento do meio hídrico em cada unidade hidrográfica, tendo em conta a aptidão da rede 
hidrográfica para as diversas actividades, a respectiva capacidade de carga, a compatibilidade e complementaridade com 
outras utilizações. 
Este diagnóstico é de importância fundamental para o estabelecimento de objectivos nacionais para o sector da água e para 
definir cenários de planeamento na fase subsequente do PNA. 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 11 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
5 QUADRO PROBLEMA (PROBLEMAS / POTENCIALIDADES / SENSIBILIDADES) 
Entre os problemas identificados no domínio da gestão dos recursos hídricos e que se afiguram de solução prioritária em 
função da sensibilidade das várias partes envolvidas, destacam-se: 
� Dificuldade na governação e no planeamento adequado, podendo a situação actual originar conflitos entre os actuais 
e potenciais usos da água (abastecimento de água potável às populações, indústria, agricultura e pecuária, 
hidroelectricidade, usos ambientais e outros). 
� Insuficiente sistematização dos dados relativos à disponibilidade de recursos hídricos, em quantidade e qualidade, 
bem como das necessidades dos actuais e potenciais utilizadores da água, por região hidrográfica. 
� Reduzidas taxas de atendimento e carência de infra-estruturas adequadas ao abastecimento de água às populações 
e ao saneamento básico. 
� Existência de problemas de saúde pública decorrentes da má qualidade da água consumida, em particular em meio 
rural. 
� Riscos de inundação e desertificação, potencialmente agravados no contexto da problemática das alterações 
climáticas. 
� Dependência alimentar do exterior. 
� Dependência energética do exterior. 
� Deficiente controlo da aplicação de acordos internacionais, nomeadamente no que se refere à reserva de volumes de 
água no caso das regiões/ bacias hidrográficas internacionais. 
Tendo em consideração anatureza dos problemas inventariados, considera-se que o programa em avaliação deverá 
atender, entre outras, às seguintes potencialidades identificadas: 
� Implementação de modelos de gestão operacional de sistemas de abastecimento de água e saneamento enquadrados 
na legislação vigente no País. 
� Existência de recursos hídricos em quantidade e qualidade, bem como de solos e clima com potencial para 
aproveitamento hidroagrícola, o que permitirá reduzir a dependência alimentar. 
� Elevado potencial hidroeléctrico, que possibilitará um incremento na produção de energia hidroelétrica e, 
consequentemente, a redução da dependência energética do exterior. 
� Possibilidade de controlo dos riscos de secas e cheias através da regularização de caudais, com a construção de 
barragens, melhoria do aproveitamento do potencial hídrico do País e sua contextualização na problemática das 
alterações climáticas. 
� Desenvolvimento do potencial turístico de Angola tendo em conta os recursos patrimoniais e naturais existentes. 
� Existência de cooperação institucional com os países vizinhos, o que permitirá facilitar e potenciar a partilha de dados 
hidrométricos relativos aos rios partilhados. 
Não perdendo de vista os objectivos estratégicos do plano, e tendo em consideração os problemas e potencialidades 
identificados, o PNA deverá ter em atenção questões de maior sensibilidade, como sejam: 
� Diferenciação das populações (rurais/ urbanas), quanto à segurança alimentar e quanto ao acesso generalizado a 
serviços de abastecimento de água potável e saneamento básico, bem como de abastecimento em energia eléctrica. 
 
12 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
� Mobilização social/ capacidade económica das populações servidas. 
� Possibilidade de existência de conflitos entre os diferentes usos da água, como sejam irrigação e produção de energia 
hidroelétrica. 
� Valores patrimoniais, designadamente o património étnico e a existência de sítios sagrados. 
� Valores naturais, designadamente a existência de áreas protegidas, parques e reservas. 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 13 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
6 OBJECTIVOS ESTRATÉGICOS DO PNAA 
Os objectivos estratégicos traduzem as questões estratégicas e linhas de força do PNA. Tendo em consideração os 
problemas identificados e a natureza do plano objecto de avaliação, consideram-se como objectivos estratégicos os 
seguidamente descritos. 
6.1 OBJECTIVOS GERAIS 
Objectivos Gerais - Nível 1 
� Promover o crescimento económico sustentado e territorialmente equilibrado de Angola. 
� Promover o combate à pobreza e a melhoria da qualidade de vida da população angolana. 
Objectivos Gerais - Nível 2 
� Constituir um plano de apoio ao desenvolvimento do país, incorporando as definições e opções estratégicas 
relacionadas com a Água. 
� Promover a gestão sustentável e articulada dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos de Angola. 
6.2 OBJECTIVOS ESPECÍFICOS 
Objectivos Específicos - Nível 1 
� Melhorar o abastecimento de água e saneamento básico das populações. 
� Promover a autossuficiência alimentar, incrementando a produção agrícola e o desenvolvimento da irrigação. 
� Reduzir a dependência energética de Angola, contribuindo para a produção de energia eléctrica de origem hídrica. 
� Fomentar a actividade piscatória e a aquicultura em águas interiores. 
� Desenvolver o potencial turístico associado aos recursos hídricos. 
Objectivos Específicos - nível 2 
� Estabelecimento de programas de promoção e desenvolvimento sustentado e de investimento articulado relativo aos 
diversos sectores/ fileiras que fazem parte do “Cluster das Águas Interiores”, conforme estabelecido nos objectivos do 
Milénio para Angola (abastecimento de água potável às populações e indústria, irrigação, energia hídrica, 
turismo/ valorização do património ambiental, navegabilidade, pesca e aquacultura em águas interiores). 
� Programação física e financeira, com a priorização de investimentos nas principais fileiras baseada em aspectos 
técnicos, ambientais, socioeconómicos e políticos. 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 15 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
7 FATORES AMBIENTAIS E DE SUSTENTABILIDADE 
7.1 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA DO TERRITÓRIO 
7.1.1 Clima e orografia 
Angola é um país com uma superfície total de 1 246 700 km2, com uma extensão de 1.650 km de orla marítima e com 
4.837 km de fronteira terrestre. Situada na África subsariana, Angola faz fronteira com a República do Congo a norte, com 
a República da Namíbia a sul e com a Zâmbia a este. A oeste é banhada pelo Oceano Atlântico. 
As condições climáticas de Angola são determinadas pela sua localização na zona intertropical e subtropical do hemisfério 
sul, pela proximidade do mar, pela corrente fria de Benguela, e pelas características do relevo. 
O clima é tropical a sub-tropical, caracterizado por verões quentes e húmidos e por invernos amenos e secos. A estação 
seca vai de meados de Maio a Setembro e a estação da chuva ocorre de Outubro a meados de Maio. 
Quanto à orografia, o país caracteriza-se por uma grande variação topográfica: uma planície estreita ao longo da costa 
eleva-se abruptamente para um vasto planalto interior. 
A região litoral apresenta uma temperatura média anual superior a 23ºC, uma humidade relativa média anual superior a 30% 
e os valores de precipitação anual inferiores a 60 mm, embora diminuindo de norte para sul do território, uma vez que se 
registam cerca de 800 mm no litoral de Cabinda e valores médios de 50 mm no Namibe. 
A região interior subdivide-se em três zonas: a zona norte, com elevada queda pluviométrica e temperaturas elevadas; a 
zona de altitude que abrange as regiões planálticas do centro de Angola, caracterizadas por temperaturas médias anuais 
próximas de 19ºC, com uma estação seca de temperaturas mínimas acentuadas; e a zona sudoeste, semiárida, atendendo 
à proximidade do deserto do Calaári, com temperaturas baixas na estação seca e elevadas na estação quente. Esta região 
é sujeita a influência de grandes massas de ar tropical continental. 
Na grande meseta continental que ocupa o interior leste e central de Angola, com uma altitude média superior a 400 metros 
os valores de pluviosidade são superiores à média nacional, nomeadamente nas províncias centrais de Benguela (interior), 
Bié e Huambo. Essa meseta estende-se para o interior norte e para o norte pelas províncias do Zaire, Uíge, Cuanza Norte, 
Malange, Bié, Moxico, Lunda Norte e Sul onde existem savanas, matas e selvas tropicais bastante férteis e com grandes 
riquezas naturais. 
7.1.2 Recursos Naturais 
Angola é um país com inúmeros recursos naturais distribuídos por diversos ecossistemas, conseguindo reunir no seu 
território habitat tão diversos quanto floresta tropical, floresta aberta, savana e zonas desérticas no sul. 
A partir da orla costeira, o território desenvolve-se para uma cadeia montanhosa, onde se encontram os dois pontos mais 
altos do território, o Morro do Moco (2.620 m) e o Morro do Meco (2.538 m), seguindo-se a zona planáltica onde se formam 
as bacias dos principais rios: Zaire, Cunene, Kwanza, Cubango e Queve. 
Entre as cerca de 47 bacias hidrográficas principais, as bacias do Zaire, do Zambeze e do Cuando Cubango integram 
sistemas hidrográficos internacionais de reconhecida importância. 
 
16 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
O reconhecimento por parte do Governo de Angola de que a diversidade biológica desempenha um papel decisivo no 
desenvolvimento sustentávelglobal e na erradicação da pobreza, sendo essencial ao bem-estar, à subsistência e à 
integridade cultural das pessoas encontra-se plasmado na Constituição da República de Angola, onde se refere que todos 
os angolanos têm o dever de defender e preservar o ambiente e que o Estado tem que adoptar medidas necessárias à 
protecção das espécies da flora e da fauna, em todo o território nacional, e à manutenção do equilíbrio ecológico. 
Entre as principais prioridades estabelecidas na Estratégia Nacional para a Conservação da Biodiversidade, salientam-se: 
proteger, conservar, restabelecer e desenvolver os sistemas naturais, habitats naturais, a flora e a fauna a fim de minimizar 
a perda da biodiversidade, o avanço da desertificação, incluindo a diversidade dos recursos fitogenéticos. 
Segundo os estudos realizados pelo Centro de Botânica da Universidade Agostinho Neto, o Ministério do Ambiente e 
Instituições congéneres internacionais, estima-se haver no país aproximadamente 5 000 espécies de plantas - das quais 
1 260 são endémicas (o que torna Angola o segundo país de África com mais plantas endémicas) -, 275 espécies de grandes 
mamíferos, 26 espécies de antílopes (entre eles a palanca negra gigante), 915 espécies de avifauna, 15 espécies de 
morcegos frutívoros e 19 espécies endémicas de anfíbios. 
A lista de espécies vegetais ameaçadas em Angola inclui mais de uma centena de espécies, distribuídas por várias famílias 
das quais se salientam Fabaceae e Combretaceae. 
No que se refere a fauna ainda subsistem muitas indefinições mas são consideradas como criticamente ameaçadas várias 
espécies animais que devem ser objecto de protecção e de que é exemplo a palanca negra gigante -Hippotragus níger 
variani. Entre as espécies criticamente ameaçadas encontram-se ainda Diceros bicornis e Diceros bicornis ssp. minor 
(rinocerontes pretos), Pan troglodytes troglodytes (chimpanzé) e Gorilla gorilla (gorila), Dendromus vernayi (esquilo), 
Trichechus senegalensis (manatim africano) e Dermochelys coriacea (tartaruga). Algumas espécies como a chita, as hienas 
castanhas, o cão selvagem, o rinoceronte preto e o manatim africano, as zebras de montanha e de planície, a girafa e o orix 
são mesmo dadas como extintas em algumas partes do território angolano onde anteriormente abundavam. 
Cerca de 175 espécies de animais e plantas estão listados na Lista Vermelha do UICN (IUCN, 2000, www.redlist.org) como 
sendo vulneráveis, ameaçadas, criticamente ameaçadas, ou para as quais não existem dados suficientes (incluindo 3 
espécies de insectos, 37 espécies de pássaros, 90 mamíferos, 7 répteis, 10 gastrópodes e 28 magnoliopsidos). 
Conclui-se assim que Angola apresenta um rico e variado património em flora e fauna, tanto em termos quantitativos como 
qualitativos que, a serem explorados de forma sustentável, podem constituir a base para o desenvolvimento económico, 
social e ambiental do país. 
Por outro lado, Angola dispõe das mais importantes reservas de petróleo, gás e diamantes de África, constituindo o petróleo 
o principal suporte da economia angolana, representando mais de 90% das exportações do país. As principais reservas de 
petróleo estão localizadas na Província de Cabinda e na Costa norte entre o Soyo e Quinzau. 
Depois do petróleo, os diamantes constituem o principal produto que Angola exporta. As principais reservas de diamantes 
estão localizadas no Nordeste do país, região onde o produto conhece grande pureza e excelente qualidade. 
As actividades humanas têm contribuído para alguns problemas de gestão indevida dos recursos naturais, identificando-se 
problemas a três níveis principais: poluição, redução de áreas de solo produtivo e aceleração da erosão. 
A elevada densidade populacional nalguns locais, aliada à falta de infra-estruturas de drenagem e tratamento de esgotos, a 
sobreexploração de alguns recursos naturais como o ouro, os diamantes e o petróleo, conduziram a alguns problemas de 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 17 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
qualidade ambiental. Contudo, a identificação destes problemas conduziu a uma gestão mais racional dos recursos e a 
situação tem melhorado. 
7.2 SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÓMICA DE ANGOLA 
7.2.1 Território e demografia 
Do ponto de vista administrativo, Angola é composta por 18 Províncias, 173 municípios e 618 comunas. 
Em termos populacionais, acredita-se que a população geral está em de cerca de 20 milhões, o que se confirmará com os 
resultados do censo populacional realizado em Maior de 2014. A esperança média de vida aumentou para 49 anos para os 
homens e 52 anos para as mulheres, mas a mortalidade infantil continua muito elevada em crianças com menos de 5 anos. 
Embora desde a guerra, o país esteja a experimentar um rápido crescimento económico, a Estratégia de Redução da 
Pobreza (PRS) mostra que 68% dos angolanos vivem ainda abaixo do nível da pobreza, 28% deles na pobreza extrema. 
7.2.2 Saúde 
O longo período de guerra destruiu ou danificou as infra-estruturas sanitárias, dificultando significativamente o acesso da 
população, principalmente a mais carenciada, aos serviços de saúde. Outros factores como a pobreza, o acesso a água 
potável, a falta de saneamento, a deficiente situação alimentar e nutricional contribuem para uma situação de fragilização 
da situação do estado de saúde em todo o país. 
Um esforço significativo tem sido feito pelo Governo desde o final da guerra, tendo sido concebidos Programas de Aumento 
e Melhoria da Oferta de Serviços Sociais Básicos à População, sob a responsabilidade dos Governos Provinciais, no âmbito 
dos quais a construção e reabilitação de infra-estruturas sanitárias mereceram prioridade, confirmando o empenho na 
melhoria dos indicadores. Os Programas Municipais de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza (PMIDRCP) 
contribuem para a redução das taxas de mortalidade materna e infantil e para a melhoria da assistência à saúde primária 
nas comunidades rurais. Em relação estreita com os PMIDRCP teve inicio a municipalização dos serviços de saúde, que, 
com verbas geridas localmente, consiste na revitalização do sistema de saúde ao nível municipal, baseado nos cuidados 
primários de saúde. 
Pese embora esta realidade, de um modo geral, a caracterização do quadro epidemiológico não sofreu alterações 
significativas nos últimos anos, mantendo-se a predominância de doenças transmissíveis e parasitárias. A malária continua 
a ser a doença de maior incidência, seguida das doenças respiratórias agudas (com destaque para a tuberculose pulmonar) 
e diarreicas agudas, que juntas representam cerca de 90% dos casos de doenças nos últimos anos. O sarampo, a VIH/SIDA, 
a tripanossomíase, a lepra e a schistossomíase são outras doenças de notificação obrigatória. 
A malnutrição é igualmente um problema de saúde importante, relacionado com as questões de segurança alimentar e com 
impacto nas doenças transmissíveis. 
A situação tem contudo evoluído favoravelmente desde 2000, quando o número de óbitos por malária era de cerca de 
20.000, tendo sido reduzido para 8.100 em 2010 e para 6.025 até ao mês de Outubro de 2011. 
Também a análise das doenças diarreicas agudas, incluindo a cólera, que são a segunda causa de morte das crianças e a 
terceira causa de consulta médica, mostra que tem havido uma ligeira diminuição dos casos registados em relação aos anos 
anteriores. 
 
18 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
Estas doenças reflectem, sobretudo, deficiências do abastecimento de água potável ao domicílio, práticas de higiene muito 
deficientes, falta de infra-estruturas de saneamento e deficiências ao nível da educação nutricional e aleitamento materno. 
Os trabalhos junto das comunidades para melhoraro saneamento básico e para a purificação da água para consumo 
humano podem ter sido impulsionadores para a gradual diminuição dos casos registados. No entanto, o país continua a 
registar casos de cólera com tendência para a endemicidade. 
As condições de vida e de trabalho e o acesso a serviços são mais gravosas nas áreas rurais, mesmo nas sedes municipais. 
A debilidade das actividades económicas é penalizante para as populações dessas áreas, fazendo com que muitos jovens 
procurem emprego ou outros meios de vida nos centros urbanos, aumentando ainda mais a pressão sobre os equipamentos 
sociais neles existentes (redes de água, energia e esgotos), com consequências nefastas nas condições de salubridade. 
A recolha de resíduos sólidos é deficiente nas zonas urbanizadas, e quase inexistente nas periferias. É notória a alta 
densidade de construções e a construção em zonas de risco, susceptíveis a deslizamentos de terras, inundações e outras 
catástrofes naturais. As insuficiências de infra-estruturas são supridas com meios improvisados, com consequências para o 
estado de saúde dos cidadãos, como acontece com a água para consumo. 
Nas áreas rurais, embora sem sistemas estruturados de abastecimento de água, energia e saneamento, os assentamentos 
são menos insalubres, produzem menos resíduos (geralmente biodegradáveis) e representam menos perigo para o 
ambiente e para a saúde humana. Dada a menor diversidade cultural e maior espírito de solidariedade, há uma maior 
protecção do ambiente que os rodeia. Porém, o acesso a serviços sociais básicos é muito precário, e quando tais serviços 
existem normalmente não têm a qualidade desejável. 
7.2.3 Economia 
Embora o sector não petrolífero tenha crescido, em média, 14% nos últimos quatro anos, a diversificação económica de 
Angola é uma necessidade. 
Um dos principais entraves ao crescimento económico, com especial incidência nalguns sectores, a curto e a médio prazo, 
continua a ser a falta generalizada de recursos humanos qualificados para atrair investimentos privados. 
Agricultura 
A contribuição da agricultura para o PIB tem sido muito reduzida em relação ao nível atingido na década 90 do século XX. 
No entanto, é uma actividade fundamental para o país, que possui uma vasta população rural e um reduzido sector industrial 
(além do petróleo). É, na realidade, a principal fonte de emprego (o sector agrícola emprega cerca de 2/3 da população 
trabalhadora) e de abastecimento alimentar, sendo, portanto, a chave para a segurança alimentar. 
Estima-se que actualmente apenas entre 20% e 30% da área agrícola está efectivamente em uso (existem outras estimativas 
que apontam para metade deste valor) e que a agricultura de subsistência fornece o sustento a 85% da população. 
Pecuária 
A produção animal desempenha um papel de grande relevo na vida sócio-económica do país, não apenas pela percentagem 
populacional que se dedica a esta actividade, mas principalmente pelos recursos de que dispõe. 
O gado existente em Angola é autóctone, com baixa produtividade mas resistente às condições locais. A introdução de raças 
exóticas, em condições adversas, não foi bem-sucedida. 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 19 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
Actualmente a produção de leite concentra-se na região da Huíla, Cunene, Namibe e Kwanza Sul, utilizando sistemas de 
produção extensivo, pastoreio permanente em pastos naturais, melhorados e aproveitados racionalmente e sistemas mais 
intensivos utilizando pastagens artificiais, pluviais e/ou irrigadas, com forragens anuais ou semi-permanentes. 
Floresta 
Em Angola o sector florestal assume uma importância particular dada a diversidade e riqueza dos recursos florestais e 
faunísticos existentes. A Política Nacional de Florestas, Fauna Selvagem e Áreas de Conservação afirma que o potencial 
natural do país é importante para, a médio e longo prazo, desenvolver a economia, reduzir a pobreza e garantir a segurança 
alimentar. 
As formações florestais são bastante diferenciadas e incluem, entre outras, a floresta densa húmida de alta produtividade e 
as formações de floresta aberta ou miombo constituídas por mosaicos de floresta seca e savanas de média produtividade, 
mas com alto valor social em termos de fornecimento de combustível lenhoso, materiais de construção, pastos, alimentos e 
plantas medicinais. 
As restantes formações florestais são de baixa produtividade sendo constituídas, entre outras, por prados, formações 
herbáceas das superfícies inundáveis, estepes das faixas sub-desértica e desértica, formações herbáceas do deserto e 
mangais. 
A grande quantidade de produtos lenhosos e não lenhosos, bem como de serviços providos por esta diversidade de florestas, 
devem ser tidos em conta e devidamente valorizados, dada a significativa contribuição na segurança alimentar das 
populações e alívio da pobreza. 
A lenha e o carvão representam cerca de 57% da energia consumida no País, constituindo por esse facto, ser a primeira 
fonte de energia para fins domésticos. 
Também praticamente todos os materiais de construção nas áreas rurais são obtidos directamente das florestas (madeira, 
postes, cordas, capim, fibras, bambu, etc.). Consequentemente, os recursos das florestas são no geral a base do abrigo 
familiar, fundamentalmente utlizados nas construções rurais. 
Por outro lado, as florestas proporcionam uma contribuição decisiva para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas e 
pastoris, prevenindo a erosão de solos em terrenos declivosos, regulando a drenagem superficial e, consequentemente, 
os processos hidrológicos, melhorando a fertilidade dos solos e provendo forragens e pastos para a produção pecuária. 
Pescas 
A zona costeira de Angola, que se estende ao longo de 1 650 km, é inteiramente tropical. As correntes existentes ao longo 
da costa criam uma zona de distinta Biodiversidade entre a parte Norte e Sul da costa angolana. Os habitats marinhos e 
costeiros são bastante diversificados incluindo zonas de Oceano aberto, ilhas, baías, estuários, mangais, lagunas e praias 
arenosas e rochosas de pouca profundidade. Estes ecossistemas representam habitats especiais para diversas espécies 
de valor económico e ecológico que, pela sua raridade e singularidade, têm necessidades de protecção especial (PNGA, 
2005). 
Assim, a pesca é uma importante fonte de emprego, estruturante do tecido social das comunidades costeiras angolanas, 
embora tenha sido uma das actividades económicas também bastante afectada pela guerra que se instalou a seguir à 
independência. 
 
20 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
O fomento da pesca artesanal deve merecer atenção particular, devido ao papel que assume na redução da pobreza, 
combate à fome e o aumento do emprego. Refira-se que a pesca continental em Angola é uma actividade de enorme 
tradição, praticada por homens, mulheres e jovens e constitui uma importante fonte de proteínas principalmente para as 
comunidades do interior. 
Assim, as actividades pesqueiras e a aquicultura constituem um sector importante para a melhoria da qualidade de vida das 
populações, para o aumento e geração de renda e, por conseguinte, para o combate à fome e à pobreza. 
Neste momento, dado que o sector das pescas está comprometido em alcançar níveis de produção que satisfaçam a procura 
interna e ainda gerem excedentes que possam destinar-se à exportação, existe grande preocupação em conciliar as 
limitações de ordem biológica e ecológica do potencial produtivo das águas nacionais (marinhas e continentais), com as 
necessidades de ordem económica e social, sem pôr em causa os ecossistemas aquáticos. 
Indústria 
O sector industrial angolano é dominado por empresas de pequena dimensão, constituídasformal ou informalmente, embora 
as empresas de grande dimensão, como as que operam no sector petrolífero, na construção e na agricultura, sejam as que 
mais peso têm na economia nacional. 
a) Indústria extractiva 
A indústria extractiva é a que mais tem contribuído para a balança de pagamentos do país, tendo sido responsável por cerca 
de 50% do PIB através de exportações avaliadas em milhões de toneladas métricas de petróleo, e por cerca de 5% do PIB 
correspondentes a quilates de diamantes, aos quais se podem somar pequenas contribuições de granito e de outros 
minerais. 
Estima-se que o subsolo de Angola alberga 35 dos 45 minerais mais importantes do comércio mundial, incluindo o petróleo, 
substâncias betuminosas, gás natural, minerais metálicos (ouro, ferro, cobre e zinco), minerais não-metálicos (granito, 
mármore, quartzo, esmeraldas, turmalinas, granadas, águas marinhas e calcário), fosfatos e águas de mesa e minero-
medicinais. São ainda assinalados recursos de urânio, volfrâmio, manganésio, fluorite, feldspato, caulina, mica e talco. 
Contudo, até à data apenas 40% do território foi objecto de levantamento geológico, sendo por isso incipiente o grau de 
conhecimento dos recursos minerais do país. 
b) Indústria petrolífera 
Durante mais de uma década Angola foi o segundo maior produtor de petróleo na África Subsariana a seguir da Nigéria, 
sendo actualmente considerado o maior produtor de petróleo nesta região. 
Encontram-se espalhadas pelo mar territorial cerca de 60 plataformas de exploração petrolífera. Com o estabelecimento da 
paz foram iniciadas algumas prospecções e explorações, também em terra, embora os impactos destas explorações no 
ambiente e nas comunidades não estejam ainda determinados. 
A maioria do crude é produzido nos blocos offshore, tendo particular importância o Bloco Zero, localizado a norte da província 
de Cabinda, e o Bloco 15, próximo da cidade do Soyo, província do Zaire. 
c) Diamantes 
Angola é o quarto maior produtor de diamantes do mundo, depois do Botswana, da Rússia e da África do Sul. 
 
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Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
Desde 1910 até meados da década de 1990, o país foi procedendo à extracção directa de diamantes com maior ou menor 
intensidade, tendo esta actividade sido interrompida por causa da situação generalizada de guerra em todo o país – não 
obstante ter sido também base da sua sustentação. 
Estima-se que as terras das Lundas tenham um enorme potencial diamantífero, cuja exploração tem vindo a aumentar desde 
2002. Os direitos de exploração são, no presente, exclusivos da empresa estatal ENDIAMA. 
A contribuição da indústria diamantífera para o PIB, tem sido muito menor do que a da indústria petrolífera, estimando-se 
que cerca de um terço da produção seja vendida através de redes de contrabando. 
Contudo, em contraste com a indústria petrolífera, o sector diamantífero é uma grande fonte de emprego, principalmente 
nas minas informais ou artesanais, onde se calcula que trabalhem mais de 200 000 mineiros garimpeiros. 
d) Ferro 
Merece ainda referência o ferro, que chegou a ser um dos principais bens de exportação de Angola, desde 1950 até 1975. 
As minas de ferro existiam nas Províncias de Malange, Bié, Huambo, e Huíla, e a produção nos últimos anos rondava 6 
milhões de toneladas anuais. 
e) Rochas ornamentais 
As províncias do Kwanza Sul e as do Sudoeste de Angola são ricas em quartzo. O sudoeste, nomeadamente a província do 
Namibe, é igualmente rico em mármore ornamental. O granito é também abundante nas províncias da Huíla e do Namibe. 
f) Outros 
Areias, burgau e terra vermelha (argila) são explorados em todo o país e o fosfato é explorado no Noroeste (Província do 
Zaire). 
Energia 
A procura de energia em Angola está a aumentar rapidamente, devido ao forte crescimento económico dos últimos anos. 
Dado que a produção de electricidade é insuficiente e os cortes de energia têm afectado as grandes cidades, o investimento 
no sector está concentrando em redes de transporte e distribuição de energia, bem como na expansão da capacidade de 
produção. 
Efectivamente, o sector energético tem um papel crucial no desenvolvimento social e económico de um país ou região. As 
principais fontes energéticas actuais em Angola são o petróleo, a hidroelectricidade e a biomassa. 
O fornecimento de energia eléctrica faz-se apenas a uma pequena percentagem da população (actualmente cerca de 20%), 
fundamentalmente nos centros urbanos, mas de modo intermitente, levando a que pessoas e empresas recorram a 
geradores independentes. 
A Empresa Nacional de Electricidade (ENE) responsável por toda a energia eléctrica produzida no país (à excepção da 
barragem da Lunda Sul, na qual detém 45%) fornece energia a 13 das 16 províncias, sendo que as províncias do Zaire, 
Cunene e Cuando Cubango dependem totalmente da energia fornecida pelos seus municípios. Cabinda é a província com 
melhor serviço, constituindo uma excepção, sendo as companhias petrolíferas que fornecem energia à população. 
Actualmente estão em operação 3 grandes sistemas, sendo necessários estudos para a planificação de um sistema integral 
que ligue os actuais sub-sistemas. 
 
22 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
O MINEA aprovou, em 2002, a Estratégia para o Sector Energético que projectava um crescimento de produção e de 
capacidade para os horizontes de 2006, 2011 e 2016. Projectava, igualmente, que o acesso da população à energia eléctrica 
aumentaria para 28% em 2006, 36% em 2011 e 46% em 2016. No entanto a Estratégia não descreve integralmente como 
será efectuado este crescimento. 
Para a maioria dos angolanos (aproximadamente 70%) a principal fonte energética é a madeira, lenha e carvão, como já 
referido, sendo 100% do consumo de carvão vegetal para fins domésticos. De uma breve análise dos dados disponíveis, 
ressalta que a política em vigor não estimula a substituição da lenha e do carvão por outras fontes de energia, ou a introdução 
de técnicas melhoradas de produção e distribuição de carvão. 
Este consumo ocorre principalmente nas imediações das concentrações urbanas, resultado do crescimento demográfico 
originado pela migração do meio rural para meio urbano e acelerado pela guerra. 
Turismo 
O turismo é uma actividade de importância estratégica, não apenas numa perspectiva económica, mas também social e 
ambiental. 
Esta actividade tem sido apontada como um factor de desenvolvimento sustentável, sobretudo para países ou regiões onde 
o tecido económico e produtivo é pouco competitivo, apresentando-se esta actividade como um sector-chave para o 
desenvolvimento. 
Angola, devido ao enquadramento induzido pela situação de guerra civil, de instabilidade política e militar nas últimas 
décadas, não teve possibilidade de se desenvolver neste sector. Mantém, contudo um enorme potencial de desenvolvimento 
pela sua riqueza em vida selvagem, em paisagens e recursos de património natural e edificado. 
O desenvolvimento turístico do país permitirá não só criar novos postos de trabalho como impulsionar o artesanato, o 
desenvolvimento do sector dos transportes, entre outros aspectos. 
O programa de acção a implementar no sector do turismo passa necessariamente pela recuperação económica de infra-
estruturas, pelo desenvolvimento do sector privado e pela atracção de investimento estrangeiro. 
A zona costeira angolana, que se estende por 1 650 km, tem excepcionais potencialidades para a prática balnear e 
desportiva, o que poderá justificar a instalação das inerentes estruturas de apoio. 
Também as áreas protegidas, que ocupam actualmente quase 7% do território e se distribuem por zonas geográficas e 
sócio-económicas distintas um pouco por todoo país, têm sido cada vez mais apontadas como destinos turísticos, tanto 
pela riqueza do património natural e cultural que encerram como pelo facto de proporcionarem aos visitantes o usufruto e o 
contacto com a natureza. São zonas onde se pode praticar “turismo de natureza” ou “eco-turismo”, promovendo a criação 
de uma oferta integrada de produtos de recreio e turismo, perfeitamente enquadrados nos objectivos de conservação de 
cada área protegida, contribuindo para potenciar a actividade turística, através da criação de sinergias que promovam o 
desenvolvimento das populações locais, em pleno respeito pelas suas tradições e aspirações económicas e sociais. 
Além das áreas protegidas existem outros locais com forte capacidade de atracção turística pela sua beleza natural, 
nomeadamente: 
� Fenda da Tundavala e Serra da Leba, na Huíla; 
� Cataratas de Calandula e afloramentos rochosos de Pungo Andongo, em Malange; 
 
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Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
� Miradouro da Lua, em Luanda; 
� Montanhas de Kanda, no Zaire; 
� Cataratas dos rios Kunene, Kwanza (naBarra do Kwanza) e Chiloango (em Cabinda). 
As coutadas, espaços que conjugam a riqueza cinegética com uma imensa beleza natural, podem proporcionar alternativas 
turísticas também interessantes para Angola, proporcionando ocasiões para a actividade de caça desportiva controlada. 
Quanto ao património construído, encontram-se identificados alguns locais e edificações com valor histórico e cultural, 
potenciando a vertente cultural da actividade turística por todo o País. 
7.3 ASPECTOS DE QUALIDADE AMBIENTAL 
Atendendo às características biofísicas e sócio-económicas do território Angolano e sendo escassos os dados disponíveis 
relativamente aos indicadores de qualidade ambiental, nomeadamente dados de qualidade das águas superficiais e 
subterrâneas, dados de qualidade do ar, valores de ruído ambiente, volume de resíduos produzidos e sua tipologia, entre 
outros, tentou-se nesta fase do PNA estabelecer o diagnóstico da situação com base numa análise qualitativa. 
Pode dizer-se que nos meios urbanos, em particular no litoral se encontram problemas ambientais d emaior gravidade, 
nomeadamente pela sobrecarga das redes de abastecimento de água, energia e esgotos. Por outro lado, a recolha de 
resíduos sólidos, é deficiente nas zonas urbanizadas e praticamente inexistente nos musseques. 
Dada a elevada densidade de construção, bem como a construção em zonas de risco (declivosas, erodidas ou com risco de 
erosão, leitos de cheia, etc.), susceptíveis a acidentes e catástrofes naturais, a situação é agravada. 
As insuficiências em infra-estruturas básicas são muitas vezes supridas com meios improvisados, tais como latrinas com 
descargas a céu aberto, distribuição de água por agentes não licenciados para o efeito (sem meios apropriados de transporte 
e armazenamento). Esta situação não só amenta o risco de contracção de doenças infecciosas como p.e. a cólera, ou a 
febre tifóide, como conduz a situações sistemáticas de contaminação dos cursos de água e solos. 
Assim, os problemas ambientais mais notórios, particularmente em meio urbano, encontram-se relacionados com a 
saturação ou inexistência de infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento, nomeadamente com o colapso das 
redes de drenagem de águas residuais (domésticas ou industriais) e pluviais. Também o aumento da produção de resíduos, 
agravado pela incipiência dos sistemas de recolha e pela ausência de tratamento (reciclagem, reutilização), faz com que se 
assista a uma deposição indiscriminada dos mesmos e quando recolhidos, são regra geral encaminhados a aterros a céu 
aberto na periferia, com consequências graves, ao nível da saúde pública, mas também no que se refere à contaminação 
dos solos e das águas superficiais e subterrâneas, contribuindo ainda para a degradação da qualidade do ar. 
Nas áreas rurais, embora não existam sistemas estruturados de abastecimento de água, saneamento e energia, os 
assentamentos são menos insalubres que os urbanos, pelo que representam menos perigo para a saúde pública e para o 
ambiente. Os resíduos são produzidos em menor volume e possuem características diferentes, sendo de maior 
biodegradabilidade. 
Atendendo ao actual contexto socioeconómico Angolano, para além da degradação ambiental de origem doméstica, 
considera-se que o sector industrial, apesar de fracamente implantado na maioria do território, também induz alguns 
problemas desta natureza, designadamente o sector da indústria extractiva. 
 
24 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
No sector da indústria extractiva, a actividade petrolífera é a que assume maior expressão e que gera, directa ou 
indirectamente, resíduos de diversa natureza. Algumas das empresas petrolíferas a operar em Angola, para além de 
programas de gestão de resíduos, possuem planos que abrangem todas as operações, ou seja, planos de gestão que 
incluem desde as actividades de sondagem, à produção, processamento, armazenamento, condutas e carregamentos 
marítimos. Para além da geração de resíduos, há que ter em consideração a poluição atmosférica provocada pela queima 
de tochas de rotina. 
Contudo, as consequências potencialmente mais graves da indústria petrolífera, mesmo que resultantes de descargas 
acidentais, são os derrames de petróleo, os quais podem ocorrer em terra ou no mar. O Ministério dos Petróleos de Angola 
é a entidade que autoriza e avalia os métodos de recolha e eliminação dos resíduos petrolíferos, no mar e nos solos. 
Por outro lado, identificam-se diversas áreas abandonadas e fortemente degradadas no território Angolano em consequência 
de outras indústrias extractivas, designadamente nas províncias de Lunda Norte, Lunda Sul, Malanje e Bié. 
Estas áreas, em particular como consequência da exploração de diamantes, foram sujeitas a desvios dos cursos dos rios 
sem posterior reposição dos cursos naturais, com consequentes alterações da paisagem e destruição de fauna e flora. 
O tratamento mineiro, implicando a descarga dos finos nas águas dos rios sem qualquer tratamento, tem como consequência 
a contaminação das águas superficiais. Assim, embora a reduzida carga contaminante na maior parte das bacias 
hidrográficas de Angola, permita considerar que a qualidade das águas superficiais e subterrâneas é globalmente boa, 
poderão ocorrer situações pontuais de contaminação efectiva, resultantes da degradação do meio. 
Também nas províncias da Huíla e Namibe, as jazidas exploradas de granito e mármore são abandonadas sem a adequada 
recuperação, o que gera uma dispersão grande de resíduos rochosos, que têm como consequência uma considerável 
degradação paisagística. 
Em síntese, considera-se que o estado geral do ambiente em Angola é bom, embora se identifiquem alguns problemas de 
natureza pontual, ao nível da contaminação hídrica, dos solos e atmosférica e que resultam essencialmente da fraca 
cobertura dos aglomerados populacionais em infra-estruturas de abastecimento de água e saneamento por um lado e das 
práticas adoptadas na actividade industrial, em particular na indústria extrativa por outro. 
 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 25 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
8 QUADRO DE REFERÊNCIA ESTRATÉGICO (QRE) 
O quadro de referência estratégico (QRE) permite criar um referencial para avaliação ambiental de natureza estratégica. Em 
termos práticos, o QRE estabelece as metas e orientações políticas que ajudam a definir a direcção estratégica do plano. 
Assim, o QRE reúne os objectivos de política ambiental e de sustentabilidade estabelecidos a nível internacional e nacionale que são relevantes para o sector dos recursos hídricos, em particular para a gestão dos recursos hídricos, mas também 
integra as orientações consideradas relevantes em planos e programas que possam de alguma forma relacionar-se com o 
PNA. 
No Quadro 8.1 apresenta-se uma síntese das orientações e metas relevantes contidas em cada um dos instrumentos 
estratégicos considerados, encontrando-se em anexo (Anexo I) uma descrição mais pormenorizada dos principais 
documentos orientadores de âmbito nacional ou internacional. 
 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 27 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
Quadro 8.1 – Enquadramento Estratégico do PNAA 
PLANOS, PROGRAMAS 
ESTRATÉGIAS 
ORIENTAÇÕES /METAS 
GERAIS ESPECÍFICAS (no contexto do PNAA) 
Programa do Governo do 
MPLA 2012 – 2017 
Objectivos: 
- Combate à fome e à pobreza extrema; 
- Melhoria da qualidade de vida da população angolana. 
O Programa assenta em seis eixos fundamentais: 
1. Consolidar a paz, reforçar a democracia e preservar a unidade e a coesão 
nacional; 
2. Garantir os pressupostos básicos necessários ao desenvolvimento; 
3. Melhorar a qualidade de vida dos angolanos; 
4. Elevar a inserção da juventude na vida activa; 
5. Apoiar o empresariado nacional; 
6. Reforçar a inserção competitiva de angola no contexto internacional. 
Destaca-se o Eixo 2 – Garantir os pressupostos básicos necessários ao 
desenvolvimento, cujo um dos pilares principais é a transformação, diversificação 
e modernização da estrutura económica do país e estabelece objectivos específicos 
relativos ao desenvolvimento dos vários sectores da economia para os quais a 
estratégia de gestão da água e/ou dos recursos hídricos assume relevância. 
Sector das Águas 
A melhoria dos serviços continuará a ser uma das principais prioridades do Governo 
Objectivos: servir a maior percentagem de população de forma regular e contínua, 
elevando a qualidade do serviço e assegurando preços comportáveis, numa óptica 
ambientalmente sustentável, bem como assegurar a gestão integrada nos recursos 
hídricos, salvaguardando a satisfação da procura para diferentes usos (agricultura, 
energia, indústria extractiva, entre outros) e a protecção dos ecossistemas e da 
biodiversidade. 
Entre as diversas medidas propostas para atingir os objectivos para este sector, 
destaca-se a aprovação do Plano Nacional de Águas. 
Metas: 
- Taxas de cobertura de 100% nas zonas urbanas e de 80% nas zonas rurais; 
- Monitorização da qualidade da água para consumo humano, com níveis de 
atendimento de 70% nas zonas urbanas e 40% nas zonas rurais; 
- Reforma institucional do sector, com a criação de entidades gestoras dos 
sistemas de abastecimento de água por província e para as bacias hidrográficas 
prioritárias. 
Apresenta também objectivos e medidas para todos os demais sectores directa ou 
indirectamente relacionados com a gestão dos recursos hídricos, nomeadamente: 
- Agricultura, pecuária e pesca, onde o aumento da produção agro-pecuária, 
pesqueira e florestal é apontado como crucial para o combate à fome e pobreza; 
- Pesca e aquicultura – onde os objectivos se prendem com a recuperação dos 
recursos e com o desenvolvimento da aquicultura; 
- Indústria transformadora, extractiva e petrolífera – consumidoras e/ou fontes de 
poluição da água, com importância estratégia no desenvolvimento económico e 
social do país; 
- Energia – onde assume relevância a satisfação das exigências energéticas de 
forma sustentável, assente na exploração dos recursos primários, com uma forte 
componente hídrica, privilegiando os grandes aproveitamentos e a criação de 
mini ou micro centrais hídricas; 
- Construção e habitação – dando continuidade ao programa de desenvolvimento 
de novas centralidades e melhorando a qualidade de vida da população; 
- Turismo – através da dinamização, qualificação e desenvolvimento deste 
sector, fomentando a sua importância estratégica para a economia nacional; 
 
28 Programa Nacional da Água (PNA) 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
PLANOS, PROGRAMAS 
ESTRATÉGIAS 
ORIENTAÇÕES /METAS 
GERAIS ESPECÍFICAS (no contexto do PNAA) 
Angola 2025. Um país com 
futuro. Estratégia de 
desenvolvimento a longo 
prazo para Angola 
(2025).Versão provisória. 
Nov. 2004 
A Estratégia de Desenvolvimento a Longo Prazo considera um conjunto de 5 
opções políticas estratégicas a que correspondem 6 eixos prioritários: 
1. Assegurar o desenvolvimento, a estabilização, as reformas, a coesão 
social e a democracia; 
2. Promover a expansão do emprego e o desenvolvimento humano, 
científico e tecnológico; 
3. Recuperar e desenvolver as infra-estruturas de apoio ao 
desenvolvimento; 
4. Promover o desenvolvimento dos sectores económicos e financeiros e a 
competitividade; 
5. Apoiar o desenvolvimento do empreendedorismo e do sector privado; 
6. Promover a coesão nacional e o desenvolvimento do território. 
Em termos de Recursos Hídricos / Usos de Água, este documento preconiza o 
seguinte: 
Recursos Hídricos / Abastecimento: 
- Assegurar a existência e manter a qualidade dos recursos da natureza (capital 
natural), garantindo o seu uso saudável para as gerações actuais e futuras, 
através de um quadro legal e institucional apropriado e de adequada gestão, 
envolvendo a sociedade numa participação; 
- Implementar até 2015, o modelo de gestão integrada dos recursos hídricos em, 
pelo menos, metade das bacias hidrográficas; 
- Garantir o abastecimento de água potável a pelo menos 80% da população 
Angolana, sendo que até 2015 deve ser reduzida para metade a percentagem 
da população sem acesso a água potável; 
- Garantir o equilíbrio permanente entre a oferta e a procura de água; 
- Promover a utilização racional da água, combatendo a poluição e a degradação 
dos cursos de água; 
- Enquadrar e regulamentar a utilização de água para fins agrícolas, pecuários, 
industriais e hidroeléctricos; 
- Participar na partilha de água de bacias hidrográficas internacionais, garantidos 
que estejam os interesses nacionais; 
- Proceder ao inventário e balanço dos recursos hídricos do país; 
- Elaborar a matriz de recursos hídricos de angola e definir uma “Estratégia de 
Usos dos Recursos Hídricos”; 
- Elaborar Planos Gerais de Desenvolvimento e Utilização de Recursos Hídricos 
das Bacias; 
- Implementar nos próximos anos o quadro institucional para o sector da água. 
Produção Agrícola / Irrigação: 
- Ocupação sustentável dos espaços rurais, com base numa expansão adequada 
dos recursos agrícolas, florestais, minerais e turísticos e garantia de acesso à 
terra e à actividade de transumância; 
- Assegurar o aproveitamento útil, eficiente, sustentável e efectivo dos solos; 
- Aumento substancial da produção agro-pecuária e da pesca e da sua 
participação no PIB; 
- Exploração nacional e sustentada dos recursos naturais; 
- Elevar os níveis de segurança alimentar das populações e garantir o 
desenvolvimento de infra-estruturas rurais. 
Energia / Hidroelectricidade: 
 
Programa Nacional da Água (PNA) 29 
Volume I – Caracterização da Situação de Referência 
Tomo 9 – Avaliação Ambiental Estratégica. Factores Críticos para a Decisão 
PLANOS, PROGRAMAS 
ESTRATÉGIAS 
ORIENTAÇÕES /METAS 
GERAIS ESPECÍFICAS (no contexto do PNAA) 
- Assegurar uma contribuição eficiente e integrada de todas as fontes de energia 
que constituem a matriz energética de Angola; 
- Garantir o abastecimento seguro e permanente de energia; 
- Mobilizar o potencial hidroeléctrico, de forma a que a energia de origem hídrica 
constitua a base principal de produção de energia eléctrica; 
- Aproveitar as potencialidades do País em energias alternativas (solar, eólica, 
biomassa); 
- Promover a expansão e a utilização da energia hidroeléctrica; 
- Duplicar até 2025 a produção média de energia por habitante, elevando para 
2/3 a percentagem

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