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UE - Pediatria - Professor Fernando CHOQUE EM PEDIATRIA Choque: redução da perfusão dos tecidos em que o resultado final é o déficit agudo de O2 nas células. Induz o organismo ao estado de anaerobiose, com aumento do ácido láctico. DC: VSxFC Mecanismos compensatórios da criança são diferentes dos adultos. A hipotensão em pediatria é um sinal muito tardio, e nunca deve-se chegar a esse ponto. Existem mecanismos anteriores: taquicardia, com aumento da contratilidade cardíaca. Vasoconstrição periférica para aumentar pré-carga. Glicólise hepática e lipólise como fonte de energia (pulsos amplos, tempo de preenchimento capilar elevado). A privação prolongada leva a hipóxia celular generalizada com desarranjo bioquímico. Se não corrigido, leva a morte celular, falência múltipla de órgãos e óbito. Função do profissional: reconhecer mecanismos compensatórios e sinais de descompensação. Choque quanto aos valores de PA: Compensado: PA normal. Descompensado: PA baixa. Porém em ambos a perfusão NÃO está adequada. Choque quanto ao débito cardíaco: Choque hipodinâmico ou frio: Baixo DC > hipovolêmico, séptico e cardiogênico. Pele fria, marmórea (aumento RVS), pulsos finos, TEC maior que 2s. Hiperdinâmico ou quente: Aumento DC. Extremidades quentes e avermelhadas, TEC<2s. A fase inicial do choque séptico é quente. Choque quanto aos mecanismos: Hipovolêmico: mais comum em pediatria (devido a gastroenterite > diarreia); pode estar diminuído por trauma também. Obstrutivo: obstrução física. Tamponamento cardíaco, pneumotórax e embolia pulmonar. Coarctação da aorta e hipoplasia de ventrículo esquerdo se apresenta como choque obstrutivo. Cardiogênico: disfunção miocárdica. Atentar para história do paciente. Importante: teste do coraçãozinho (teste é feito com um aparelho chamado oxímetro de pulso. Os sensores são colocados na mão direita e em um dos pés do bebê para medir a concentração de oxigênio no sangue arterial da criança). Em coarctação de aorta, há nítida alteração. Distributivo: perda de líquido para o terceiro espaço devido ao aumento da permeabilidade vascular, com redução da pressão oncótica. Causado por intensa resposta inflamatória. Anafilático, neurogênico e séptico. Laboratório e exames de imagem devem ser direcionados para suspeita clínica. Caso não consiga acesso venoso periférico (após 3 tentativas de 20 a 30 segundos), recomenda-se acesso intra-ósseo. Fornecimento de oxigênio deve ser precoce e individualizado. IOT: aumento de trabalho respiratório, rebaixamento nível consciência (Glasgow <8), instabilidade hemodinâmica grave. Perde-se mais por não entubar, do que por entubar. RESSUSCITAÇÃO HÍDRICA Agressiva: bolus de cristalóide 20ml/kg em até 10 minutos. Reavaliação a cada infusão (para evitar sobrecarga hídrica). Principalmente em hipovolêmico, séptico e distributivo. Cuidadosa: choque cardiogênico (5 a 10ml/kg) em 20 minutos (para otimizar pré-carga e melhorar DC). Se não tenho certeza da etiologia do choque, inicia com 5ml/kg enquanto colhe-se a história. Débito urinário deve ser de 1 a 2ml/kg/h. Utiliza-se albumina no tratamento de choque em queimados, no geral usa-se cristaloides. Concentrado de hemácias: utilizado após trauma com choque hemorrágico após 40 a 60ml/kg de cristaloide. Utiliza-se 10 a 15 ml/kg. Indicação é individualizada (se já souber valor da Hb normal da pessoa, por exemplo, tem Hb 10 e tá em 8, pode transfundir). SUPORTE FARMACOLÓGICO Depois da expansão volêmica, se não há melhora dos sintoma, inicia-se fármacos vasoativos. Inotrópicos, vasopressores e vasodilatadores. Fármaco mais utilizado no manejo inicial do choque: dopamina. A dopamina é dose dependente. 3 a 5mcg/kg/min: efeito beta (vasodilatador renal). 5 a 10 mcg/kg/min: efeito beta1(inotrópico) > geralmente é o que se maneja no choque. Após 10, tem efeito alfa, então recomenda associação com nora e adrenalina. Antibioticoterapia na primeira hora do choque (mesmo se não conseguir coletar cultura). MANEJO DO CHOQUE DE ACORDO COM O TIPO CHOQUE CARDIOGÊNICO: ● Inotrópicos (amiodarona ou dobutamina). ● Diuréticos (não adianta dar diurético se não tiver melhora da contração cardiáca). ● IOT precoce: acidose. CHOQUE ANAFILÁTICO ● Contato com medicamento, alimento, inseto. ● Vasodilatação sistêmica. ● Epinefrina: diminui liberação de mediador alérgico e reverte hipotensão (vasoconstrição). Aplicação IM no vasto lateral da coxa. 0,01mg/kg (máximo 0,3mg). Espera-se melhora em 5-10 minutos. Repete-se a dose até melhora do paciente. ● Anti-histamínicos: coadjuvantes: ranitidina; corticoesteroides (evita reação tardia). ● Corticoesteroides. ● Início agudo, urticária, edema de lábios, língua e úvula. Comprometimento respiratório. ● Se hipotensão refratária a fluidos e epinefrina IM: epinefrima EV contínua. CHOQUE NEUROGÊNICO ● Vasodilatação generalizada por perda da inervação simpática da musculatura lisa da parede vascular. ● Como não tem inervação simpática, NÃO há taquicardia compensatória. CHOQUE OBSTRUTIVO ● Suspeitar: abafamento de bulhas, pulso paradoxal e distensão de veias do pescoço. ● Tamponamento cardíaco: ecocardiograma > tratar com punção de Marfan. ● Pneumotórax hipertensivo: trauma torácico ou pacientes entubados com piora súbita. Desvio da traqueia contralateral. Punção de alívio e drenagem torácica. ● Embolia pulmonar: rara em crianças. CHOQUE HIPOVOLÊMICO ● Choque frio. ● Alteração do estado mental e oligúria. ● Hipotensão é sinal tardio, quando aparecer, a criança já perdeu de 25 a 30% do volume circulante. CHOQUE SÉPTICO ● Principal causa de morbidade em pediatria. ● Cada hora adicional de persistência do choque, está associada a aumento de 50% do risco de morte. ● Diagnostico precoce e tratamento agressivo. ● TEC <2s: choque quente. TEC>2s: choque frio. ● Pro-calcitonina é o marcador mais especifico. Lactato seriado é importante para acompanhamento. ● Colher culturas. ● Critérios SIRS (febre ou leucometria alterada + 1 dos outros): o Hiper/hipotermia o FC a 2DPs acima. o FR a 2DPs acima ou VM. o Leucocitose, leucopenia ou presença de formas jovens (bastões e metamielócitos). ● IMPORTANTE!! Se paciente já apresentar hipotensão, não usar ceftriaxona mas sim partir para de maior espectro.
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