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AULA 6 – PREVENÇÃO DE ACIDENTES EPIDEMIOLOGIA − Acidentes na infância e adolescência constituem um dos principais problemas de saúde pública no brasil − Acidentes são, hoje, a principal causa de morte de crianças de 1-14 anos no Brasil − É uma causa crescente de mortalidade e invalidez na criança − Todos os anos, cerca de 3,6 mil crianças nessa faixa etária morrem e outras 111 mil são hospitalizados devido a essas causas no Brasil − Causam um custo muito alto para a família e para o sistema de saúde − Gera impacto no desenvolvimento econômico, pois diminuem sua capacidade de produção de serviço, dependendo do dano − Aproximadamente 90% das lesões não intencionais podem ser evitadas por meio de medidas de prevenção − No brasil, os acidentes de trânsito e os afogamentos são as principais causas de mortalidade, seguidos por sufocações, queimaduras, quedas e intoxicações O QUE É UM ACIDENTE? − É uma injúria ou agravo não intencional − Desencadeado pela ação rápida de uma causa externa produtora ou não de lesão corporal ou mental − Tem como possíveis consequências: traumas, sequelas e mortes − Uma lesão ocorre quando o corpo é exposto a uma energia maior que sua capacidade de absorver o choque − O mecanismo do acidente é por transferência de energia – mecânica, elétrica, térmica, química TIPOS DE ACIDENTES MAIS COMUNS − Energia mecânica: quedas, acidentes de carro, obstrução das vias aéreas por corpo estranho − Energia elétrica: associada a fiações e tomadas → ocorre mais em crianças menores (encostas em tomadas ou fios desencapados) ou adolescentes que vão ligar aparelhos eletrônicos na tomada − Energia térmica: queimaduras por fogo vivo ou líquidos quentes, aquecedores − Energia química: ingestão de substâncias químicas, medicamentos, contato físico com substâncias químicas, inalação de substâncias como inseticidas, venenos, ... − Acidentes: dividido em fases: • Fase pré-evento: as condições do ambiente e fatores de risco propiciam acidentes. Por exemplo, ausência de grades onde é necessário (como berço), deixar baldes com agua no chão, álcool e substancias perigosas em fácil alcance, falta de capacete e cinto de segurança, ... • Fase do evento: quando ocorre a liberação de energia e causa o acidente. Pode ser prevenido por limites de velocidade, sinalização correta, protetores de tomada, grades, cinto de segurança, etc • Fase pós-evento: relacionado aos acontecimentos pós liberação de energia (suporte básico de vida, SAMU, transporte rápido, etc) FATORES DE RISCO CARACTERÍSTICAS DO ACIDENTE − Os tipos de acidentes são diretamente relacionados com as fases de desenvolvimento da criança e do adolescente • Cada faixa etária tem um tipo de acidente mais prevalente − Acidentes em crianças: • Não tem muita noção de perigo • Não curiosas e inexperientes • Falta de preocupação com o próprio corpo • Controle motor ainda em desenvolvimento • Tem vontade de imitar crianças mais velhas e adultos − Acidentes em adolescentes: • Sujeitos a lesões relacionados aos esportes e ao trabalho • A tomada de decisões é mais logica, porem abstrata • Conhecimento da consequência, porem a negação • Pressão dos pares → círculo social o pressiona a tomar certas atitudes que podem ser perigosas • Dificuldade em encontrar o seu papel na família, escola e sociedade PRINCIPAIS RISCOS EM RELAÇÃO A CADA FAIXA ETÁRIA LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES − Os acidentes são mais frequentes em ambiente doméstico − Tomar cuidado com: • Fogo, óleo quente, queimaduras • Banheiro: quedas, afogamento • Escadas: quedas • Quarto: quedas, choque • Piscina: afogamento • Outros: queimaduras, intoxicações, afogamentos, aspiração ESCOLARES − Os acidentes costumam acontecer no ambiente extradomiciliar − Tomar cuidados com: • Atropelamentos • Quedas de lugares altos • Quedas na escola, playgrounds e bicicleta • Ferimentos com brinquedos • Queimaduras • Feridas com arma de fogo (guardar as armas em casa em local seguro e fora do alcance de menores) • Traumatismos dentários • Cuidado ao guardar substâncias químicas em casa ADOLESCENTES − Os acidentes costumam acontecer no ambiente extradomiciliar − Tomar cuidado com: • Atropelamento • Acidentes automobilísticos • Quedas de locais altos • Fraturas associadas a prática de esportes • Afogamento • Homicídio • Intoxicação por álcool, drogas COMO PREVENIR OS ACIDENTES QUEDA − Principal causa de internação por acidentes na população → representam 2/3 dos atendimentos em serviços de emergência − São eventos associados a curiosidade, impulsividade e ao desenvolvimento das habilidades da criança − Ocorre principalmente nos menores de 10 anos − 60% são em meninos COMO PREVENIR? − Ter maior cuidado no manuseio dos lactentes − Manter berços e camas com protetores e grades de proteção − Durante a troca de roupas, não deixar a criança só sobre a mesa ou cama para buscar algo − Bebê conforto sempre no nível do piso com cinto de segurança afivelado − Quando a criança estiver aprendendo a andar, deve-se acompanhá-la e supervisionar o local por onde ela passa − Evitar uso de andadores → é um dos principais brinquedos que causam queda, levando, frequentemente, a traumatismos cranianos ASFIXIA − Asfixia ou sufocação é a síndrome causada pela insuficiência de oxigenação do organismo, a qual, se prolongada, conduz à morte − Obstrução das vias aéreas por corpo estranho – mais frequente em lactentes e crianças nos primeiros anos de vida → 84% ocorrem com menores de 5 anos − Mais frequente no sexo masculino 2:1 − Sintomas: tosse e engasgo, mãos no pescoço, rouquidão, sibilância, estridor, cianose − Alimentos mais aspirados: amendoins, feijão, milho, bagos e sementes de frutas, como acerola, uva, etc − Brinquedos mais aspirados: balões de borracha, bolinhas, baterias, ímãs, moedas − Realizar manobra de heimlich se necessário PREVENÇÃO DA ASFIXIA − Alimentar a criança sentada à mesa ou em cadeira alta, sem brincar ou correr durante as refeições − Cortar os alimentos em pedaços pequenos − Ter cuidado com objetos muito pequenos (grãos de cereais, caroços de frutas, gomas de mascar, valas duras, botões, moedas, baterias, pilhas, entre outros − Brinquedos devem ser apropriados para cada idade e não devem destacar partes pequenas − Não usar talco perto de crianças − Não usar cordões ou presilhas nas crianças − Não deixar sacos plásticos ao alcance das crianças − Usar lençóis, mantas e cobertores longe das crianças − Cuidado com asfixia postural de bebês colocados no bebê conforto QUEIMADURAS − Acidente frequente na pediatria − Mais prevalente em menores de 5 anos e com líquidos quentes (T > 44°C) − 85% ocorrem em ambiente intradoméstico − Maioria dos acidentes graves e fatais é associado com queimaduras mais profundas − O principal agente é o álcool − Queimaduras elétricas também podem ocorrer e representam 3-12% do total de casos de queimaduras em crianças → geralmente é grave GRAU DE CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS ATENDIMENTO INICIA NO LOCAL DO ACIDENTE − Deve-se apagar o fogo e/ou afastar a criança dele − Retirar as roupas ou substâncias proximas à pele queimada • Se a roupa ou tecido estiver ‘grudado’ na queimadura, não mexer → apenas o profissional de saúde pode manusear essa lesão − Resfriar a lesão com água corrente – 5-20 min em casa • Alivia a dor e diminui a profundidade da lesão, edema e mortalidade • Cuidado com a intensidade do jato de agua − Envolver com lençol ou pano que não solte fiapos − Agasalhar a criança, pois queimaduras extensas levam a perda de calor e hipotermia − Não colocar nenhuma substância, a não ser água corrente, no local da queimadura – tais como pasta de dente, manteiga, pomadas, etc − Não estourar nenhuma bolha − Encaminhar imediatamentepara atendimento médico QUEIMADURAS NO HOSPITAL − Manter permeabilidade das vias aéreas − Administrar O2 − Ventilar adequadamente e avaliar necessidade de intubação − Fazer acesso EV e terapia hídrica → em queimaduras, é perdido muito líquido pela pele, por isso, é importante repor os líquidos perdidos − Iniciar antibióticos quando necessários PREVENÇÃO DE QUEIMADURAS − Testar temperatura da água do banho − Não manusear líquidos e alimentos quentes com crianças no colo − Não deixe fios desencapados dentro da casa e coloque tampas de proteção nas tomadas − Velas, isqueiros e fósforos não devem ser manuseados por crianças − Ferro de passar e aparelhos eletrodomésticos devem ficar longe do alcance das crianças − Nunca use álcool para acender churrasqueira − Nunca solte pipa perto da rede elétrica − Evite exposição solar entre 10-16 horas − Estabelecer e reforçar INTOXICAÇÃO EXÓGENA − A maioria das intoxicações exógenas ocorrem em ambiente domiciliar − São comuns ocorrerem por medicamentos como: antitérmicos (paracetamol), analgésicos, psicotrópicos, bdz − Pode ocorrer pode desinfetantes, detergentes e produtos de limpeza doméstica − Pesticidas de uso doméstico e agrotóxicos também − O risco é maior quando substâncias toxicas e perigosas são deixadas ao alcance de crianças pequenas − 0-4 anos • Medicamentos, produtos sanitários, agrotóxicos − 5-14 anos • Acidentes com animais peçonhentos (cobras e escorpiões principalmente) − 15-19 anos • Intoxicações por abuso de drogas e álcool − a intoxicação pode ocorrer por ingestão da substância ou por inalação ou contato com a pele − Superdosagem, ingestão acidental, seja por curiosidade ou tentativa de suicídio → 75% dos casos ATENDIMENTO − Pré-hospitalar: • Socorrer e verificar se a vítima apresenta alguma sintomatologia grave ou que represente risco iminente de morte • Identificar o agente toxico: procurar orientações: buscar informações na bula ou rotulo do produto − Hospitalar: • Iniciar com medidas de descontaminação (diminuir tempo e intensidade da exposição ao tóxico) • Descontaminação do sistema digestório: carvão ativado, irrigação intestinal total e lavagem gástrica • Descontaminação respiratória: remoção da vítima do ambiente contaminado para diminuir a inalação do produto • Descontaminação cutânea: lavagem corpórea, demorada e rigorosa com água corrente − OBS: não usar xarope de ipeca e nem catárticos − Aumentar a excreção do toxico já absorvido: • Se pode forçar diurese, alterar pH urinário, hemodiálise ou hemoperfusão PREVENÇÃO DE INTOXICAÇÕES EXÓGENAS − Não utilizar medicamentos sem orientações médicas − Seguir orientações do fabricante para uso adequado dos produtos − Manter os produtos em sua embalagem original e nunca reutilizar frascos − Leis sobre embalagens à prova de crianças para medicamentos e venenos – embalar remédios em quantidades não letais e com tampas de segurança − Não armazenar em casa os derivados de petróleo − Evitar o uso indiscriminado de inseticidas e pesticidas em casa − Conhecer bem as plantas ornamentais em cada e nos jardins – cuidado com plantas toxicas, como “comigo ninguém pode”, “espada de são Jorge”, “espirradeira”, “costela de adão”, dentre outras ACIDENTES POR SUBMERSÃO - AFOGAMENTOS − Comuns em menores de 4 anos e adolescentes entre 14- 19 anos − Predomina no sexo masculino − A maioria ocorre em banheiras, baldes, tanques e piscinas residenciais − O acidente ocorre por aspiração de líquido não corporal que ocorre por submersão ou imersão, ocasionando desde leves graus de hipóxia até a morte do individuo − Ocorre de forma rápida e silenciosa FATORES DE RISCO PRIMEIROS SOCORROS − Ligar para corpo de bombeiro – 193 − Coloque a vítima deitada de costas, com cabeça mais baixa que o corpo − Evitar manobras de retirada de água dos pulmões − Verifique se a vítima está respirando → movimento do tórax − Sem respiração e/ou pulos? Iniciar RCP − Respiração boca a boca + massagem cardíaca − Aqueça a vítima – retire a roupa molhada e cubra com cobertores e toalhas PREVENÇÃO NO DOMICÍLIO − Vigilância constante da criança durante atividades como banho, brincadeiras com baldes, banheira, tanque, entre outros elementos que envolvam água − Não deixar baldes cheios d’água ao alcance das crianças − Banheiro deve ser mantido fechado PREVENÇÃO NAS PISCINAS − Devem possuir cerca protetora de todos os lados de 1,5m de altura, no mínimo, e com distância entre as traves verticais de, no máximo, 12cm − Não se deve deixar brinquedos dentro ou perto da piscina − Piscinas de plástico devem ser esvaziadas imediatamente após uso ACIDENTES DE TRÂNSITO − É a principal causa de morbimortalidade a partir de 1 ano de vida − Trânsito ocasiona, a cada ano, mais de um milhão de mortes e cerca de 10 milhões de lesões incapacitantes e permanentes − Locais mais vulneráveis na criança: cabeça e pescoço → devido a baixa estatura da criança, a cabeça e o pescoço costumam ser mais atingidos pelo para-choque do carro − Fatores de risco: • Faixa etária: 3-12 anos • Crianças costumam atravessar a rua sem olhar • Horário escolar ocorre mais acidentes, principalmente nos horários de entrada e saída da escola • Moradias sem quintal ou áreas de recreação fazem com que a criança saia de casa para brincar na rua − Crianças menores de 12 anos de idade devem andar no banco traseiro − Usar assento de segurança ou cadeirinhas sempre que necessário • Instalar os acentos ou dispositivos de segurança de maneira correta − Altura e peso mínimo para estar no banco da frente: 1,45m e 36kg ERROS MAIS COMUNS − Conduzir a criança no colo ou banco dianteiro do carro − Não usar assento de segurança adequado − Conduzir crianças abaixo de 7 anos em motocicletas e sem capacetes − Andar mais que duas pessoas em motos − Criança usando cinto de segurança de adulto inapropriadamente − Crianças antes dos 12 anos não devem andar desacompanhadas na rua
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