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Revisão - Interpretacão (2)

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Interbits – SuperPro ® Web 
 
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1. (Epcar (Afa) 2020) Texto I 
 
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre 
na cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o 
convidado Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e Melita, escravos de 
Xantós. 
 
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto com um pano. Xantós e 
Agnostos se dirigem para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.) 
 
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer com as mãos, e faz um sinal 
para que Melita sirva Agnostos. Este também começa a comer vorazmente, dando grunhidos 
de satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. É realmente uma das melhores coisas do 
mundo. (Sinal para que sirvam o vinho. Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de 
qualquer modo é bom possuir riquezas. Não gostas de saborear esta língua e este vinho? 
 
AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum. 
 
XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e volta imediatamente com outro prato 
coberto. Serve, Xantós de boca cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! É bom língua de 
fumeiro, hein, amigo? 
 
AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../ 
 
XANTÓS (A Esopo) Serve outro prato. (Serve) Que trazes aí? 
 
ESOPO – Língua. 
 
XANTÓS – Mais língua? Não te disse que trouxesse o que há de melhor para meu hóspede? 
Por que só trazes língua? Queres expor-me ao ridículo? 
 
ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é o que nos une todos, quando falamos. 
Sem a língua nada poderíamos dizer. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da 
razão. Graças à língua dizemos o nosso amor. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, 
se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se mostra, se afirma. É com a língua que 
dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à vitória, é a língua que desdobra os versos 
de Homero. A língua cria o mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda a Grécia, 
Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos deuses do Olimpo à glória sobre 
Tróia, da ode do poeta ao ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a língua 
de belos gregos claros falando para a eternidade. 
 
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – Bravo, Esopo. Realmente, tu nos 
trouxeste o que há de melhor. (Toma outro saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao 
mercado, e traze-nos o que houver de pior, pois quero ver a sua sabedoria! (Esopo retira-se à 
frente com o saco, Xantós fala a Agnostos.) Então, não é útil e bom possuir um escravo assim? 
 
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ 
 
(Entra Esopo com prato coberto) 
 
XANTÓS – Agora que já sabemos o que há de melhor na terra, vejamos o que há de pior na 
opinião deste horrendo escravo! Língua, ainda? Mais língua? Não disseste que língua era o 
que havia de melhor? Queres ser espancado? 
 
ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o 
início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que usam os maus 
poetas que nos fatigam na praça, é a língua que usam os filósofos que não sabem pensar. É a 
língua que mente, que esconde, que tergiversa, que blasfema, que insulta, que se acovarda, 
que se mendiga, que impreca, que bajula, que destrói, que calunia, que vende, que seduz, é 
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com a língua que dizemos morre e canalha e corja. É com a língua que dizemos não. Com a 
língua Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar os pobres cérebros 
humanos para toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua é a pior de todas as coisas! 
 
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. Cópia digitalizada pelo 
GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins 
didáticos em www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme-figueiredo-araposa-e-as-
uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.) 
 
 
Texto II 
 
Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh largou o emprego bem 
remunerado numa agência de publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como 
roteirista. Lá chegando, anotou o nome e o endereço de todos os diretores, produtores e 
executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego 
mais eficaz que alguém já escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das quais lhe 
rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM. 
 
 
Prezado senhor: 
 
Gosto de palavras. Gosto de palavras gordas, untuosas, como lodo, torpitude, glutinoso, 
bajulador. Gosto de palavras solenes, como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. Gosto 
de palavras espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, mundana. Gosto de suaves 
palavras com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve. Gosto de palavras crocantes, 
quebradiças, crepitantes, como estilha, croque, esbarrão, crosta. Gosto de palavras 
emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio, escabioso, sovina. Gosto de 
palavras chocantes, exclamativas, enfáticas, como astuto, estafante, requintado, horrendo. 
Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como estival, peregrinação, Elísio, Alcíone. Gosto de 
palavras vermiformes, contorcidas, farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar, gotejar. 
Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete, borbulhão, arroto. 
 
Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por isso resolvi largar meu emprego 
numa agência de publicidade de Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar o 
grande salto, fui para a Europa, onde passei um ano estudando, contemplando e 
perambulando. 
 
Acabei de voltar e ainda gosto de palavras. 
 
Posso trocar algumas com o senhor? 
 
Robert Pirosh 
Madison Avenue, 385 
Quarto 610 
Nova York 
Eldorado 5-6024. 
 
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas 
notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.p.48.) 
 
 
Texto III 
 
Janela sobre a palavra (V) 
 
Javier Villafañe busca em vão a palavra que deixou escapar bem quando ia pronunciá-la. Onde 
terá ido essa palavra, que ele tinha na ponta da língua? 
 
Haverá algum lugar onde se juntam todas as palavras que não quiseram ficar? Um reino das 
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palavras perdidas? As palavras que você deixou escapar, onde estarão à sua espera? 
 
(GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 222) 
 
 
Texto IV 
 
Poesia 
 
Gastei a manhã inteira pensando um verso 
que a pena não quer escrever. 
No entanto ele está cá dentro 
inquieto, vivo. 
Ele está cá dentro 
e não quer sair. 
Mas a poesia deste momento 
inunda minha vida inteira. 
 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 45.) 
 
 
Texto V 
 
Romance das palavras aéreas 
 
/.../ 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência a vossa! 
ai, palavras, ai, palavras, 
sois de vento, ides no vento, 
no vento que não retorna, 
e, em tão rápida existência, 
tudo se forma e transforma! 
sois de vento, ides no vento, 
E quedais, com sorte nova! 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência a vossa! 
todo o sentido da vida 
principia à vossa porta; 
o mel do amor cristaliza 
seu perfume em vossa rosa; 
sois o sonho e sois a audácia, 
calúnia, fúria, derrota... 
/.../ 
frágil, frágil como o vidro 
e mais que o aço poderosa! 
 
(MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015.p.150-152.) 
 
 
Sobre os textos analisados nesta prova, é correto afirmar que 
a) todos trazem em comum o tema da dificuldade de se encontrar palavras que traduzam os 
sentimentos humanos. 
b) o texto V aborda tanto a palavra positiva, que constrói, quanto a destrutiva, que arruína. 
c) os textos IV e V corroboram a ideia de que o trabalho do poeta está à mercê das palavrasque muitas vezes não conseguem expressar o que ele deseja. 
d) o texto I tematiza a dualidade no que se refere às variedades linguísticas, quer sejam sociais 
ou geográficas. 
 
2. (Famerp 2020) Leia os versos de Manoel de Barros. 
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Escrever nem uma coisa 
Nem outra – 
A fim de dizer todas – 
Ou, pelo menos, nenhumas. 
 
Assim, 
Ao poeta faz bem 
Desexplicar – 
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes. 
 
(Poesia completa, 2013.) 
 
 
Tanto na forma quanto no conteúdo, o poema 
a) descreve uma maneira de fazer poesia que consiste em criar um enigma, a ser resolvido 
pelo leitor, que revelará o significado do poema. 
b) prescreve uma escrita que consiste em subtrair das palavras seu sentido rígido usual, 
fazendo aparecer nelas significados inusitados. 
c) defende que a poesia deve ser construída com elementos bem encadeados da realidade, de 
modo a formular uma crítica social fundamentada. 
d) critica a poesia espontânea e ingênua que não se preocupa em utilizar corretamente os 
elementos da linguagem prescritos pela gramática. 
e) argumenta em favor de uma poesia libertária, que expresse os estados de espírito mais 
extremos do ser humano. 
 
3. (Ufjf-pism 1 2020) Numa entrevista publicada na Folha Ilustrada, em 14 de marco de 2005, 
o escritor mineiro Luiz Ruffato disse o que está transcrito abaixo: 
 
“Estou indo de certa forma na contracorrente da literatura contemporânea brasileira. Ela tende 
ou para o neonaturalismo ou para uma literatura que chamo de ‘egótica’, muito centrada no eu. 
Tento caminhar em outra seara, a da literatura realista, que no meu entender não é otimista 
nem pessimista. Ela estabelece uma reflexão sobre o real a partir do real.” 
 
De acordo com o que disse Luiz Ruffato em sua entrevista, o conceito de “realismo 
contemporâneo” que ele defende pode ser explicado em qual das alternativas abaixo? 
a) Um realismo excessivamente elaborado, que busca o máximo de verossimilhança, mesmo 
que, para tanto, a verdade seja sacrificada no texto. 
b) Um realismo totalmente descompromissado das questões fundamentais do seu próprio 
tempo, com vistas a fortalecer uma ideia de ficção baseada somente na experimentação 
com a linguagem. 
c) Um realismo que parta do real cotidiano para compreender a realidade, cuidando de tomar 
certo distanciamento da matéria para não tomá-la de forma demasiado personalista. 
d) Um realismo de combate, fruto das reflexões profundas do escritor acerca da realidade, com 
vistas a assumir uma postura de orientação para as tomadas de posição pelo leitor. 
e) Um realismo indiferente, cujo único compromisso e com a literatura que se alimenta de testar 
os seus próprios limites. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis, ocorreu como folhetim na 
revista carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande 
reforma educacional efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira de Clínica 
Psiquiátrica. É nesse contexto de uma psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe sua 
crítica ácida, reveladora da escassez de conhecimento científico e da abundância de vaidades, 
concomitantemente. A obra deixa ver as relações promíscuas entre o poder médico que se 
pretendia baluarte da ciência e o poder político tal como era exercido em Itaguaí, então uma 
vila, distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O conto se desenvolve em 
treze breves capítulos, ao longo dos quais o alienista vai fazendo suas experimentações 
cientificistas até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, visto que 
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reconhece em si mesmo a única pessoa cujas faculdades mentais encontram-se equilibradas, 
sendo ele, portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, alienar-se. 
 
Texto 1 
 
Capítulo IV 
UMA TEORIA NOVA 
 
Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão 
Bacamarte estudava por todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as 
bases da psicologia. Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era pouco 
para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e 
virgulando as falas de um olhar que metia medo aos mais heroicos. 
Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando Crispim Soares ocupado 
em temperar um medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar. 
– Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador. 
Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e 
especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem 
nele os cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados 
um só dia. Assim se explicam os monólogos que fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam 
muita vez: – “Anda, bem feito, quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, 
torpe bajulador! Só para adular ao Dr Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda; aguenta-te, 
alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E 
muitos outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros, quanto mais a si 
mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa ele o recebeu como 
abriu mão das drogas e voou à Casa Verde. 
Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada 
de circunspeção até o pescoço. 
– Estou muito contente, disse ele. 
– Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz trêmula. 
O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu: 
– Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, 
porque não me atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. 
Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma 
experiência que vai mudar a face da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora 
uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. 
Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou 
compridamente a sua ideia. No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de 
cérebros; e desenvolveu isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os 
exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um raro espírito que era, reconheceu o 
perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com 
especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar, Pascal, que via um 
abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos e 
pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o 
boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse-lhe que era tudo a mesma 
coisa, e até acrescentou sentenciosamente: 
– A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério. 
– Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu. 
Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas 
a modéstia, principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um 
nobre entusiasmo; declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”. 
Esta expressão não tem equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí, que como as 
demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de 
divulgar uma notícia: ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e 
da matriz; – ou por meio de matraca. 
Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais 
dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão. 
De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe 
incumbiam, –um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo 
eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha 
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inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia de divulgação que 
possuía. Por exemplo, um dos vereadores, – aquele justamente que mais se opusera à criação 
da Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás 
nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca 
todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto cascavéis 
dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta 
confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regime mereciam 
o desprezo do nosso século. 
– Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à 
insinuação do boticário. 
E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que 
era melhor começar pela execução. 
– Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele. 
Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse: 
– Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso 
extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da 
razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, 
insânia e só insânia. 
O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não 
chegava a entendê-la, que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo 
colossal que não merecia princípio de execução. 
– Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão 
estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que 
transpor a cerca? 
Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra de uma intenção de riso, 
em que o desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias 
entranhas. 
A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal segurança, que a 
teologia não soube enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma 
revolução. 
 
ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível 
em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=19
39>. Acesso em: 12/08/2019. 
 
 
O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais 
famoso da antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, 
suas rimas e a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento 
parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do 
movimento, tal como concebido no continente europeu. 
 
Texto 2 
 
XIII 
 
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo 
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, 
Que, para ouvi-las, muita vez desperto 
E abro as janelas, pálido de espanto… 
 
E conversamos toda a noite, enquanto 
A Via-láctea, como um pálio aberto, 
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, 
Inda as procuro pelo céu deserto. 
 
Direis agora: "Tresloucado amigo! 
Que conversas com elas? Que sentido 
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 
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E eu vos direi: "Amai para entendê-las! 
Pois só quem ama pode ter ouvido 
Capaz de ouvir e de entender estrelas.” 
 
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019. 
 
 
4. (Ime 2020) Sobre os Textos 1 e 2, analise as afirmações abaixo: 
 
I. Os dois textos abordam tipos de estados alterados de consciência que se contrapõem à 
experiência da vida cotidiana. 
II. Ambos os textos fazem uma apologia à loucura, segundo a qual a condição de insanidade 
pode revelar as mazelas morais da sociedade e da cultura. 
III. Ambos estabelecem a apologia da razão compreendida como a faculdade superior do 
homem. 
IV. Os dois textos realizam uma crítica ao cientificismo que considera a possibilidade de 
estabelecer uma linha de fronteira entre a sanidade e a loucura. 
 
Em relação às afirmações, está(ão) correta(s): 
a) apenas a afirmação I. 
b) apenas a afirmação II. 
c) apenas as afirmações I e III. 
d) apenas as afirmações II e IV. 
e) todas as afirmações estão corretas. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Texto para a(s) questão(ões) a seguir. 
 
Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa. 
 
Mas mais frágil fica a bota. 
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas. 
 
*sesta: repouso após o almoço. 
 
 
5. (Fuvest 2020) Considerando que se trata de um texto literário, uma interpretação que seja 
capaz de captar a sua complexidade abordará o poema como 
a) uma defesa da natureza. 
b) um ataque às forças armadas. 
c) uma defesa dos direitos humanos. 
d) uma defesa da resistência civil. 
e) um ataque à passividade. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
TEXTO I 
 
“Guimarães Rosa escreveu sua obra no português do Brasil, uma língua muito mais rica do que 
o português europeu, na medida em que assimilou um sem-número de elementos provenientes 
dos idiomas dos índios e negros que desempenharam papel de relevo na formação étnica e 
cultural do país. Entretanto, o autor não se limitou apenas a reproduzir a linguagem falada no 
Brasil. E à síntese já existente, acrescentou sua própria síntese: uma estrutura sintática 
bastante peculiar e um léxico que inclui grande número de neologismos; vocábulos extraídos 
de idiomas estrangeiros ou revitalizados do antigo português; e uma série de termos indígenas 
ou dialetais que ainda não tinham sido incorporados à sua língua de origem [...]”. 
 
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COUTINHO, Afrânio. Guimarães Rosa e o processo de revitalização da linguagem. In: 
COUTINHO, Eduardo F. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 1983. 
 
 
TEXTO II 
 
“Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta vida é 
embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice 
reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade. 
Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem que fui, e homem por mulheres! 
– nunca tive inclinação para os vícios desencontrados. Repito o que, o sem preceito. Então – o 
senhor me perguntará – o que era aquilo? Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o 
que, durando todo o tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela 
mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava 
dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era 
ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, eu só 
nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu 
mesmo entender não queria [...]”. 
 
ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 
 
 
TEXTO III 
 
“A experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorrem todos os narradores. E, 
entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais 
contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem dois grupos, que se 
interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se torna plenamente tangível se 
temos presentes esses dois grupos. ‘Quem viaja tem muito que contar’, diz o povo, e com isso 
imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas também escutamos com prazer o 
homem que ganhou honestamente sua vida sem sair do seu país e que conhece suas histórias 
e tradições. Se quisermos concretizaresses dois grupos através dos seus representantes 
arcaicos, podemos dizer que um é exemplificado pelo camponês sedentário, e outro, pelo 
marinheiro comerciante [...]”. 
 
BENJAMIN, Walter. O narrador – Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In:_________ 
Magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. 
 
 
6. (Ufjf-pism 1 2020) Marque a opção em que a afirmação sobre os textos acima esteja 
correta: 
a) Para Walter Benjamin, a narrativa será menos eficiente tanto quanto mais se confundir às 
histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. 
b) No trecho selecionado de Grande sertão: veredas, o narrador deseja fazer com que seu 
interlocutor perceba sua dificuldade em aceitar dar o nome de “paixão” àquilo que ele sente. 
c) No texto de Afrânio Coutinho, o que importa é o conteúdo da prosa de Guimarães Rosa, e 
não a forma da linguagem com a qual ela é construída. 
d) Seguindo o raciocínio de Walter Benjamin e aceitando o que Afrânio Coutinho diz em 
relação à prosa de Guimarães Rosa, podemos afirmar que o narrador do fragmento de 
Grande sertão: veredas parece mais próximo do marinheiro mercante do que do camponês 
sedentário. 
e) De acordo com o fragmento de Walter Benjamin, o narrador não precisa estabelecer 
nenhuma relação com a sua comunidade de ouvintes ou de leitores para ser eficiente como 
contador de histórias. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Considere o excerto do texto “Novos letramentos pelos memes: muito além do ensino de 
línguas”, de Maciel e Takaki, para responder à(s) questão(ões) a seguir. 
 
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“[...] No Facebook, em outra época, foi comentada a frase Can the twitter speak? (O twitter 
pode falar?), fazendo analogia à famosa frase da indiana Gayatri Spivak: Can the subaltern 
speak? (O subalterno pode falar?), defensora da tese de que as pessoas só podem ser ouvidas 
se forem filiadas a um grupo preferencialmente hegemônico, ou seja, só serão ouvidas se 
estiverem do lado de dentro. Contudo, o ciberespaço fornece essa possibilidade de expressão, 
embora apenas como propagação de ideias sem estar necessariamente atrelado a um poder 
de decisão. Mesmo assim, devido a uma grande participação de internautas, as ideias se 
revestem de grandes complexidades, sobretudo com a convergência em outras mídias. 
 
Desse modo, destacamos que, no contexto da linguagem, os memes representam modelos 
culturais de pensamentos, ideias, pressupostos, valores, esquemas interpretativos de 
fenômenos sociais simbólicos e comportamentais que são produzidos por participantes, por 
exemplo, em “espaços de afinidade” (Gee, 2004, p. 77). Nesses contextos, as pessoas 
interagem, participam e aprendem num ambiente que sugere muito mais que um mero 
pertencimento a determinada comunidade. Para o referido teórico, no “espaço de afinidade”, 
diferente do espaço da comunidade convencional, os integrantes se encontram com maior 
flexibilidade por questões de interesse comum e não por aquelas vinculadas à [...] classe 
social, gênero, etnia. Esse “espaço de afinidade” atende aos interesses de usuários que se 
encontram socialmente saturados por diversas tarefas e que, por isso mesmo, são interpelados 
a construir sentidos acessando e deixando o ambiente digital quando sentirem necessidade, 
sem que precisem passar por seguranças e portarias, como costuma ocorrer em clubes, 
parques e em outras esferas sociais”. 
 
(MACIEL, Ruberval Franco; TAKAKI, Nara Il. Novos letramentos pelos memes: muito além no 
ensino de línguas. In: JESUS, D.; MACIEL, R. (Orgs.). Olhares sobre tecnologias digitais: 
linguagens, ensino, formação e prática docente. Campinas: Pontes, 2015). 
 
 
7. (Ufms 2020) De acordo com o texto, é correto afirmar que: 
a) os participantes que interagem no ciberespaço determinam as regras na elaboração dos 
memes, já que pertencem a grupos cujas ideias, pensamentos e valores são rigidamente 
combinados. 
b) várias mídias podem colaborar na construção dos memes, uma vez que contexto da 
linguagem permite a mobilidade dos internautas, dependendo dos interesses que os 
motivam. 
c) o ciberespaço possibilita a circulação de ideias, valores e modelos culturais e, em função da 
visibilidade que apresenta, influencia na tomada de decisão de boa parte dos internautas. 
d) a interação no espaço midiático, por abranger classe social, gênero e etnia, direciona os 
internautas ao desejo de pertencer a determinado grupo. 
e) as pessoas, de modo geral, só utilizam as mídias pela comodidade que elas oferecem, haja 
vista que não há necessidade da presença de portarias e de seguranças, como se vê em 
clubes e em outros locais. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Considere os versos do poema “As trevas”, que integra a obra Espumas flutuantes, de Castro 
Alves, para responder à(s) questão(ões) a seguir. 
 
“Tive um sonho em tudo não foi sonho!... 
 
O sol brilhante se apagava: e os astros, 
Do eterno espaço na penumbra escura, 
Sem raios, e sem trilhos, vagueavam. 
A terra fria balouçava cega 
E tétrica no espaço ermo de lua. 
A manhã ia... vinha ... e regressava... 
Mas não trazia o dia! Os homens pasmos 
Esqueciam no horror dessas ruínas 
Suas paixões: E as almas conglobadas 
Gelavam-se num grito de egoísmo 
Que demandava ‘luz’. Junto às fogueiras 
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Abrigavam-se... e os tronos e os palácios, 
Os palácios dos reis, o albergue e a choça 
Ardiam por fanais. Tinham nas chamas 
As cidades morrido. Em torno às brasas 
Dos seus lares os homens se grupavam, 
P’ra à vez extrema se fitarem juntos. 
Feliz de quem vivia junto às lavas 
Dos vulcões sob a tocha alcantilada!” 
 
 
8. (Ufms 2020) Sobre o poema de Castro Alves, assinale a alternativa correta. 
a) Há a presença marcante de elementos que remetem a um sentimento pessimista, 
melancólico e desolador, conforme ilustram as expressões: “Mas não trazia o dia!”, “E as 
almas conglobadas/Gelavam-se num grito de egoísmo” e “Tinham nas chamas/As cidades 
morrido”. 
b) O eu lírico narra a crueldade sofrida pelos escravos, de acordo com a descrição do espaço e 
do enredo, ao longo dos versos. 
c) Percebe-se uma sensualidade feminina, como se percebe na construção das figuras 
associadas ao fogo do vulcão, às lavas e à felicidade daqueles que a elas sobreviviam. 
d) O poema é de caráter social e denuncia as injustiças cometidas pelos reis e demais 
integrantes da corte, segundo se percebe pelo emprego dos vocábulos “tronos” e “palácios”. 
e) As “almas” às quais o eu lírico faz menção pertencem aos escravos que, acorrentados, 
morriam de sede e de fome, enquanto remavam, amontoados no ambiente insalubre da 
embarcação. 
 
9. (Espm 2019) (...) Pergunto-me se eu deveria caminhar à frente do tempo e esboçar logo um 
final. Acontece porém que eu mesmo ainda não sei bem como esse isto terminará. E também 
porque entendo que devo caminhar passo a passo de acordo com um prazo determinado por 
horas: até um bicho lida com o tempo. E esta também é minha mais primeira condição: a de 
caminhar paulatinamente apesar da impaciência que tenho em relação a essa moça. 
 
(Clarice Lispector, A Hora da Estrela) 
 
 
O comentário acima, sobre a história de Macabéa, pertence ao narrador Rodrigo S.M. Assinale 
a afirmação correta. O narrador: 
a) relata seu problema em lidar com a temporalidade da narrativa, daí a intensidade com que 
anseia iniciar a história da moça. 
b) identifica-se com um bicho e sugere acompanhar voluntariamente a personagem. 
c) afirma acompanhar temporariamente a personagem Macabéa, embora não demonstre 
nenhuma empatia com ela. 
d) usa as expressões “caminhar passo a passo” e “caminhar paulatinamente” com valores de 
antonímia. 
e) não vê obrigação em contar a história da personagem, sobretudo por haver estranheza entre 
ambos. 
 
10. (Unicamp 2019) “Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada.Sentia-se 
banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um 
santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu 
coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.” 
 
(Clarice Lispector, “Amor”, em Laços de família. 20ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990, 
p. 39.) 
 
 
Ao caracterizar a personagem Ana, a expressão “piedade de leão” reúne valores opostos, 
remetendo simultaneamente à compaixão e à ferocidade. É correto afirmar que, no conto 
“Amor”, essa formulação 
a) revela um embate de natureza social, já que a pobreza do cego causa náuseas na 
personagem. 
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b) expressa o dilema cristão da alma pecadora diante de sua incapacidade de fazer o bem. 
c) indica um conflito psicológico, uma vez que a personagem não se sente capaz de amar. 
d) alude a um contraste moral e existencial que provoca na personagem um sentimento de 
angústia. 
 
11. (Enem 2019) Inverno! inverno! inverno! 
Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite 
escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde 
apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da 
cidade de catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e 
animam, tudo isto: decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa 
como o vento, tudo isto é o frio inverno da vida. 
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por 
meses, à espera do sol avaro que não vem. 
 
POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013. 
 
 
Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, 
em que se observa 
a) imprecisão no sentido dos vocábulos. 
b) dramaticidade como elemento expressivo. 
c) subjetividade em oposição à verossimilhança. 
d) valorização da imagem com efeito persuasivo. 
e) plasticidade verbal vinculada à cadência melódica. 
 
12. (Enem 2019) Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira coisa a aparecer no mundo, 
antes mesmo dos vulcões e dos cachalotes, antes de Portugal invadir, antes do Getúlio Vargas 
mandar construir casas populares. O bairro do Queím, onde nasci e cresci, é um deles. 
Aconchegado entre o Engenho Novo e Andaraí, foi feito daquela argila primordial, que se 
aglutinou em diversos formatos: cães soltos, moscas e morros, uma estação de trem, 
amendoeiras e barracos e sobrados, botecos e arsenais de guerra, armarinhos e bancas de 
jogo do bicho e um terreno enorme reservado para o cemitério. Mas tudo ainda estava vazio: 
faltava gente. 
Não demorou. As ruas juntaram tanta poeira que o homem não teve escolha a não ser passar 
a existir, para varrê-las. À tardinha, sentar na varanda das casas e reclamar da pobreza, falar 
mal dos outros e olhar para as calçadas encardidas de sol, os ônibus da volta do trabalho 
sujando tudo de novo. 
 
HERINGER, V. O amor dos homens avulsos. São Paulo: Cia. das Letras, 2016. 
 
 
Traçando a gênese simbólica de sua cidade, o narrador imprime ao texto um sentido estético 
fundamentado na 
a) excentricidade dos bairros cariocas de sua infância. 
b) perspectiva caricata da paisagem de traços deteriorados. 
c) importância dos fatos relacionados à história dos subúrbios. 
d) diversidade dos tipos humanos identificados por seus hábitos. 
e) experiência do cotidiano marcado pelas. necessidades e urgências. 
 
13. (Ufrgs 2019) Leia o microconto “Adão”, de João Gilberto Noll, publicado em Mínimos, 
múltiplos, comuns. 
 
“Resguardo”, palavra vetusta. Verdadeiros camafeus a recebem, figuras fora do alcance de 
qualquer viva vibração. Ela estava agora fora do alcance até de si mesma, já era substância de 
uma outra, alguém que de fato nunca vira em seus embalos, flutuações, transtornos. Deitada 
no tapete, feito roupa despida, sem sustentar por mais de alguns segundos alguma consciência 
de si ou do entorno. Já no seu terceiro dia de abandono. Batem à porta, ela não ouve. Soletram 
bem alto seu nome, suplicam. Em vão. Até que num ímpeto retorna a seu antigo pesadelo e 
diz: “Vou atender, vou sim, é minha viciada missão...”. Levanta-se com esforço, tateia. Ela abre 
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a porta. Olhem ali: a figura que abre atendendo aos chamados é um homem, estritamente um. 
Chama-se Adão. 
 
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o microconto. 
 
( ) O microconto apresenta um instante ficcional completo e intenso: a solidão existencial, 
representada na figura de Adão. 
( ) O narrador é onisciente e poderoso: sabe do passado, presente e futuro da personagem. 
( ) O poder do narrador abarca até mesmo o leitor, perceptível na expressão “Olhem ali”. 
( ) O tempo está em suspensão, marcado pelos verbos no presente: recebem, ouve, 
soletram, retorna, levanta-se, abre. 
 
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é 
a) V – V – F – F. 
b) V – V – V – V. 
c) F – F – V – V. 
d) F – V – F – V. 
e) V – F – V – F. 
 
14. (Enem PPL 2019) Alegria, alegria 
 
Que maravilhoso país o nosso, onde se pode contratar quarenta músicos para tocar 
um uníssono. (Mile Davis, durante uma gravação) 
antes havia orlando silva & flauta, e até mesmo no meio do meio-dia. antes havia os 
prados e os bosques na gravura dos meus olhos. antes de ontem o céu estava muito azul e eu 
& ela passamos por baixo desse céu. ao mesmo tempo, com medo dos cachorros e sem muita 
pressa de chegar do lado de lá. 
do lado de cá não resta quase ninguém. apenas os sapatos polidos refletem os 
automóveis que, por sua vez, polidos, refletem os sapatos... 
 
VELOSO, C. Seleção de textos. São Paulo: Abril Educação, 1981. 
 
 
Quanto ao seu aspecto formal, a escrita do texto de Caetano Veloso apresenta um(a) 
a) escolha lexical permeada por estrangeirismos e neologismos. 
b) regra típica da escrita contemporânea comum em textos da internet. 
c) padrão inusitado, com um registro próprio, decorrente da criação poética. 
d) nova sintaxe, identificada por uma reorganização da articulação entre as frases. 
e) emprego inadequado da norma-padrão, gerador de incompreensão comunicativa. 
 
15. (Ufrgs 2019) Leia trechos dos poemas “Fanatismo”, de Florbela Espanca, e “Imagem”, de 
Cecília Meireles. 
 
Fanatismo 
 
(...) 
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...” 
Quando me dizem isto, toda a graça 
Duma boca divina fala em mim! 
 
E, olhos postos em ti, digo de rastros: 
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros, 
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...” 
 
Imagem 
 
Tão brando é o movimento 
das estrelas, da lua, 
das nuvens e do vento, 
que se desenha a tua 
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face no firmamento. 
 
Desenha-se tão pura 
como nunca a tiveste, 
nem nenhuma criatura. 
Pois é sombra celeste 
da terrena aventura. 
(...) 
 
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre os poemas. 
 
( ) Ambos os sujeitos líricos comparam o ser amado à perfeição divina. 
( ) Ambos os sujeitos líricos veem o amor de modo idealizado. 
( ) Ambos os sujeitos líricos falam diretamente ao ser amado. 
( ) Ambos os poemas citam diretamente a voz da opinião pública. 
 
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é 
a) V – V – V – F. 
b) V – V – F – V. 
c) F – F – V – V. 
d) F – V – F – V. 
e) V – F – V – F. 
 
16. (Ita 2019) Leia o poema de autoria de Cecília Meireles. 
 
“Epigrama n. 04” 
 
O choro vem perto dos olhos 
para que a dor transborde e caia. 
O choro vem quase chorando 
como a onda que toca a praia. 
 
Descem dos céus ordens augustas 
e o mar chama a onda para o centro. 
O choro foge sem vestígios, 
mas levando náufragos dentro. 
 
(MEIRELES, Cecília, Viagem/Vaga música. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1982.p.43) 
 
 
O texto 
 
I. aproxima metaforicamente um fenômeno humano e um fenômeno natural a partir da 
identificação de, pelo menos, um traço comum a ambos: água em movimento. 
II. sugere que, enquanto o movimento do choro é ligado à variação das emoções, o movimento 
da onda deve-se a forças naturais, responsáveis pela circularidade marítima. 
III. ameniza o dramatismo do choro humano, pois, quando acomete o sujeito, ele passa 
naturalmente, como a onda que volta ao mar. 
IV. leva-nos a perceber que o choro contido tem um impacto emocional que o torna desolador. 
 
Estão corretas: 
a) I e II apenas; 
b) I, II e IV apenas; 
c) I, III e IV apenas; 
d) II e III apenas; 
e) todas. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas 
aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para 
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trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os 
voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e 
encontraram semelhantes seus bastante ingênuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, 
esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que 
os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar. 
 
(José Saramago) 
 
 
 
 
 
17. (Acafe 2018) Sobre o texto, assinale a alternativa que melhor representa o tema. 
a) Direito de herança 
b) Agricultura familiar 
c) Latifúndio e reforma agrária 
d) Desigualdade social 
 
18. (Upe-ssa 2 2017) O Romantismo não é só um período literário, ele também é um 
movimento que abarca as artes plásticas. Assim, analise as imagens a seguir. 
 
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Acerca dos textos acima, assinale com V as afirmativas Verdadeiras e com F as Falsas. 
 
( ) É possível afirmar que esses textos têm em comum complexos valores ideológicos, 
próprios da expressão plástica romântica. 
( ) A Imagem 1 expressa uma das temáticas do Romantismo, isto é, a liberdade contra a 
tirania. 
( ) A Imagem 2 dialoga com o Romantismo por tratar de uma temática cara aos românticos, 
que é a exaltação do passado histórico e de caráter nacionalista. 
( ) A Imagem 3 expressa, de forma dramática, a tragédia de um naufrágio. Nessa obra, é 
possível identificar uma das características do Romantismo, a hipervalorização dos 
sentimentos, tanto as do mundo físico natural como as emoções pessoais. 
( ) A Imagem 4 dialoga com a obra de José de Alencar, O Uraguai, cuja protagonista é 
Iracema. 
 
A sequência CORRETA, de cima para baixo é: 
a) V – V – V – V – F 
b) F – F – V – V – F 
c) F – V – V – F – F 
d) V – V – V – F – V 
e) V – F – V – F – V 
 
19. (Ebmsp 2017) 
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A campanha institucional sugere ações cotidianas que melhoram a qualidade de vida das 
pessoas. 
 
Na estruturação do texto, identifica-se o uso 
a) dos dois-pontos, com o objetivo de introduzir uma explicação para que o locutário saiba qual 
o principal objetivo da publicidade em foco. 
b) do modo imperativo, para convencer o leitor a, sempre que necessário, utilizar os serviços 
da instituição responsável pela divulgação da conduta indicada. 
c) de um recurso linguístico e gráfico para destacar o benefício da intensidade de certas 
características humanas, caso já se adote o estilo de vida sinalizado pelo interlocutor. 
d) da forma verbal “Seja”, que introduz atributos próprios do gênero feminino, e cujo sujeito 
implícito também aparece relacionado com a figura que ilustra a peça publicitária. 
e) da ambiguidade gerada por “Cultive”, que, nesse contexto, possibilita que a ação expressa 
se efetue tanto no sentido conotativo quanto no denotativo. 
 
20. (Enem 2017) 
 
 
A obra de Rubem Valentim apresenta emblema que, baseando-se em signos de religiões afro-
brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o 
Modernismo em virtude da 
a) simplificação de formas da paisagem brasileira. 
b) valorização de símbolos do processo de urbanização. 
c) fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia. 
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d) alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional. 
e) composição simétrica de elementos relativos à miscigenação racial.

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