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Interbits – SuperPro ® Web Página 1 de 23 1. (Epcar (Afa) 2020) Texto I Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que recebe o convidado Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por Esopo e Melita, escravos de Xantós. (Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.) XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer com as mãos, e faz um sinal para que Melita sirva Agnostos. Este também começa a comer vorazmente, dando grunhidos de satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. É realmente uma das melhores coisas do mundo. (Sinal para que sirvam o vinho. Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de qualquer modo é bom possuir riquezas. Não gostas de saborear esta língua e este vinho? AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum. XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e volta imediatamente com outro prato coberto. Serve, Xantós de boca cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! É bom língua de fumeiro, hein, amigo? AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../ XANTÓS (A Esopo) Serve outro prato. (Serve) Que trazes aí? ESOPO – Língua. XANTÓS – Mais língua? Não te disse que trouxesse o que há de melhor para meu hóspede? Por que só trazes língua? Queres expor-me ao ridículo? ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é o que nos une todos, quando falamos. Sem a língua nada poderíamos dizer. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças à língua dizemos o nosso amor. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se mostra, se afirma. É com a língua que dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à vitória, é a língua que desdobra os versos de Homero. A língua cria o mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda a Grécia, Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos deuses do Olimpo à glória sobre Tróia, da ode do poeta ao ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a língua de belos gregos claros falando para a eternidade. XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – Bravo, Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que há de melhor. (Toma outro saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao mercado, e traze-nos o que houver de pior, pois quero ver a sua sabedoria! (Esopo retira-se à frente com o saco, Xantós fala a Agnostos.) Então, não é útil e bom possuir um escravo assim? AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato coberto) XANTÓS – Agora que já sabemos o que há de melhor na terra, vejamos o que há de pior na opinião deste horrendo escravo! Língua, ainda? Mais língua? Não disseste que língua era o que havia de melhor? Queres ser espancado? ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que usam os maus poetas que nos fatigam na praça, é a língua que usam os filósofos que não sabem pensar. É a língua que mente, que esconde, que tergiversa, que blasfema, que insulta, que se acovarda, que se mendiga, que impreca, que bajula, que destrói, que calunia, que vende, que seduz, é Interbits – SuperPro ® Web Página 2 de 23 com a língua que dizemos morre e canalha e corja. É com a língua que dizemos não. Com a língua Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar os pobres cérebros humanos para toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua é a pior de todas as coisas! (FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme-figueiredo-araposa-e-as- uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.) Texto II Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh largou o emprego bem remunerado numa agência de publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como roteirista. Lá chegando, anotou o nome e o endereço de todos os diretores, produtores e executivos que conseguiu encontrar e enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego mais eficaz que alguém já escreveu, pois resultou em três entrevistas, uma das quais lhe rendeu o cargo de roteirista assistente na MGM. Prezado senhor: Gosto de palavras. Gosto de palavras gordas, untuosas, como lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de palavras solenes, como pudico, ranzinza, pecunioso, valetudinário. Gosto de palavras espúrias, enganosas, como mortiço, liquidar, tonsura, mundana. Gosto de suaves palavras com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve. Gosto de palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha, croque, esbarrão, crosta. Gosto de palavras emburradas, carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio, escabioso, sovina. Gosto de palavras chocantes, exclamativas, enfáticas, como astuto, estafante, requintado, horrendo. Gosto de palavras elegantes, rebuscadas, como estival, peregrinação, Elísio, Alcíone. Gosto de palavras vermiformes, contorcidas, farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar, gotejar. Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete, borbulhão, arroto. Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, e por isso resolvi largar meu emprego numa agência de publicidade de Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, antes de dar o grande salto, fui para a Europa, onde passei um ano estudando, contemplando e perambulando. Acabei de voltar e ainda gosto de palavras. Posso trocar algumas com o senhor? Robert Pirosh Madison Avenue, 385 Quarto 610 Nova York Eldorado 5-6024. (USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.p.48.) Texto III Janela sobre a palavra (V) Javier Villafañe busca em vão a palavra que deixou escapar bem quando ia pronunciá-la. Onde terá ido essa palavra, que ele tinha na ponta da língua? Haverá algum lugar onde se juntam todas as palavras que não quiseram ficar? Um reino das Interbits – SuperPro ® Web Página 3 de 23 palavras perdidas? As palavras que você deixou escapar, onde estarão à sua espera? (GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 222) Texto IV Poesia Gastei a manhã inteira pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 45.) Texto V Romance das palavras aéreas /.../ Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a vossa! ai, palavras, ai, palavras, sois de vento, ides no vento, no vento que não retorna, e, em tão rápida existência, tudo se forma e transforma! sois de vento, ides no vento, E quedais, com sorte nova! Ai, palavras, ai, palavras, que estranha potência a vossa! todo o sentido da vida principia à vossa porta; o mel do amor cristaliza seu perfume em vossa rosa; sois o sonho e sois a audácia, calúnia, fúria, derrota... /.../ frágil, frágil como o vidro e mais que o aço poderosa! (MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015.p.150-152.) Sobre os textos analisados nesta prova, é correto afirmar que a) todos trazem em comum o tema da dificuldade de se encontrar palavras que traduzam os sentimentos humanos. b) o texto V aborda tanto a palavra positiva, que constrói, quanto a destrutiva, que arruína. c) os textos IV e V corroboram a ideia de que o trabalho do poeta está à mercê das palavrasque muitas vezes não conseguem expressar o que ele deseja. d) o texto I tematiza a dualidade no que se refere às variedades linguísticas, quer sejam sociais ou geográficas. 2. (Famerp 2020) Leia os versos de Manoel de Barros. Interbits – SuperPro ® Web Página 4 de 23 Escrever nem uma coisa Nem outra – A fim de dizer todas – Ou, pelo menos, nenhumas. Assim, Ao poeta faz bem Desexplicar – Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes. (Poesia completa, 2013.) Tanto na forma quanto no conteúdo, o poema a) descreve uma maneira de fazer poesia que consiste em criar um enigma, a ser resolvido pelo leitor, que revelará o significado do poema. b) prescreve uma escrita que consiste em subtrair das palavras seu sentido rígido usual, fazendo aparecer nelas significados inusitados. c) defende que a poesia deve ser construída com elementos bem encadeados da realidade, de modo a formular uma crítica social fundamentada. d) critica a poesia espontânea e ingênua que não se preocupa em utilizar corretamente os elementos da linguagem prescritos pela gramática. e) argumenta em favor de uma poesia libertária, que expresse os estados de espírito mais extremos do ser humano. 3. (Ufjf-pism 1 2020) Numa entrevista publicada na Folha Ilustrada, em 14 de marco de 2005, o escritor mineiro Luiz Ruffato disse o que está transcrito abaixo: “Estou indo de certa forma na contracorrente da literatura contemporânea brasileira. Ela tende ou para o neonaturalismo ou para uma literatura que chamo de ‘egótica’, muito centrada no eu. Tento caminhar em outra seara, a da literatura realista, que no meu entender não é otimista nem pessimista. Ela estabelece uma reflexão sobre o real a partir do real.” De acordo com o que disse Luiz Ruffato em sua entrevista, o conceito de “realismo contemporâneo” que ele defende pode ser explicado em qual das alternativas abaixo? a) Um realismo excessivamente elaborado, que busca o máximo de verossimilhança, mesmo que, para tanto, a verdade seja sacrificada no texto. b) Um realismo totalmente descompromissado das questões fundamentais do seu próprio tempo, com vistas a fortalecer uma ideia de ficção baseada somente na experimentação com a linguagem. c) Um realismo que parta do real cotidiano para compreender a realidade, cuidando de tomar certo distanciamento da matéria para não tomá-la de forma demasiado personalista. d) Um realismo de combate, fruto das reflexões profundas do escritor acerca da realidade, com vistas a assumir uma postura de orientação para as tomadas de posição pelo leitor. e) Um realismo indiferente, cujo único compromisso e com a literatura que se alimenta de testar os seus próprios limites. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A primeira publicação do conto O Alienista, de Machado de Assis, ocorreu como folhetim na revista carioca A Estação, entre os anos de 1881 e 1882. Nessa mesma época, uma grande reforma educacional efetuou-se no Brasil, criando, dentre outras, a cadeira de Clínica Psiquiátrica. É nesse contexto de uma psiquiatria ainda embrionária que Machado propõe sua crítica ácida, reveladora da escassez de conhecimento científico e da abundância de vaidades, concomitantemente. A obra deixa ver as relações promíscuas entre o poder médico que se pretendia baluarte da ciência e o poder político tal como era exercido em Itaguaí, então uma vila, distante apenas alguns quilômetros da capital Rio de Janeiro. O conto se desenvolve em treze breves capítulos, ao longo dos quais o alienista vai fazendo suas experimentações cientificistas até que ele mesmo conclua pela necessidade de seu isolamento, visto que Interbits – SuperPro ® Web Página 5 de 23 reconhece em si mesmo a única pessoa cujas faculdades mentais encontram-se equilibradas, sendo ele, portanto, aquele que destoa dos demais, devendo, por isso, alienar-se. Texto 1 Capítulo IV UMA TEORIA NOVA Ao passo que D. Evarista, em lágrimas, vinha buscando o Rio de Janeiro, Simão Bacamarte estudava por todos os lados uma certa ideia arrojada e nova, própria a alargar as bases da psicologia. Todo o tempo que lhe sobrava dos cuidados da Casa Verde era pouco para andar na rua, ou de casa em casa, conversando as gentes, sobre trinta mil assuntos, e virgulando as falas de um olhar que metia medo aos mais heroicos. Um dia de manhã, – eram passadas três semanas, – estando Crispim Soares ocupado em temperar um medicamento, vieram dizer-lhe que o alienista o mandava chamar. – Tratava-se de negócio importante, segundo ele me disse, acrescentou o portador. Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e especialmente da mulher? Porque este tópico deve ficar claramente definido, visto insistirem nele os cronistas; Crispim amava a mulher, e, desde trinta anos, nunca estiveram separados um só dia. Assim se explicam os monólogos que fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam muita vez: – “Anda, bem feito, quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda; aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!”. – E muitos outros nomes feios, que um homem não deve dizer aos outros, quanto mais a si mesmo. Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde. Simão Bacamarte recebeu-o com a alegria própria de um sábio, uma alegria abotoada de circunspeção até o pescoço. – Estou muito contente, disse ele. – Notícias do nosso povo?, perguntou o boticário com a voz trêmula. O alienista fez um gesto magnífico, e respondeu: – Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar desde já a minha ideia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente. Disse isto, e calou-se, para ruminar o pasmo do boticário. Depois explicou compridamente a sua ideia. No conceito dele a insânia abrangia uma vasta superfície de cérebros; e desenvolveu isto com grande cópia de raciocínios, de textos, de exemplos. Os exemplos achou-os na história e em Itaguaí mas, como um raro espírito que era, reconheceu o perigo de citar todos os casos de Itaguaí e refugiou-se na história. Assim, apontou com especialidade alguns célebres, Sócrates, que tinha um demônio familiar, Pascal, que via um abismo à esquerda, Maomé, Caracala, Domiciano, Calígula etc., uma enfiada de casos e pessoas, em que de mistura vinham entidades odiosas, e entidades ridículas. E porque o boticário se admirasse de uma tal promiscuidade, o alienista disse-lhe que era tudo a mesma coisa, e até acrescentou sentenciosamente: – A ferocidade, Sr. Soares, é o grotesco a sério. – Gracioso, muito gracioso!, exclamou Crispim Soares levantando as mãos ao céu. Quanto à ideia de ampliar o território da loucura, achou-a o boticário extravagante; mas a modéstia, principal adorno de seu espírito, não lhe sofreu confessar outra coisa além de um nobre entusiasmo; declarou-a sublime e verdadeira, e acrescentou que era “caso de matraca”. Esta expressão não tem equivalente no estilo moderno. Naquele tempo, Itaguaí, que como as demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia: ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; – ou por meio de matraca. Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão. De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, –um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano etc. O sistema tinha Interbits – SuperPro ® Web Página 6 de 23 inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores, – aquele justamente que mais se opusera à criação da Casa Verde, – desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas, tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regime mereciam o desprezo do nosso século. – Há melhor do que anunciar a minha ideia, é praticá-la, respondeu o alienista à insinuação do boticário. E o boticário, não divergindo sensivelmente deste modo de ver, disse-lhe que sim, que era melhor começar pela execução. – Sempre haverá tempo de a dar à matraca, concluiu ele. Simão Bacamarte refletiu ainda um instante, e disse: – Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia. O Vigário Lopes, a quem ele confiou a nova teoria, declarou lisamente que não chegava a entendê-la, que era uma obra absurda, e, se não era absurda, era de tal modo colossal que não merecia princípio de execução. – Com a definição atual, que é a de todos os tempos, acrescentou, a loucura e a razão estão perfeitamente delimitadas. Sabe-se onde uma acaba e onde a outra começa. Para que transpor a cerca? Sobre o lábio fino e discreto do alienista roçou a vaga sombra de uma intenção de riso, em que o desdém vinha casado à comiseração; mas nenhuma palavra saiu de suas egrégias entranhas. A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, – com tal segurança, que a teologia não soube enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo à beira de uma revolução. ASSIS, Machado de. O Alienista. Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro / USP. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=19 39>. Acesso em: 12/08/2019. O soneto XIII de Via-Láctea, coleção publicada em 1888 no livro Poesias, é o texto mais famoso da antologia, obra de estreia do poeta Olavo Bilac. O texto, cuidadosamente ritmado, suas rimas e a escolha da forma fixa revelam rigor formal e estilístico caros ao movimento parnasiano; o tema do poema, no entanto, entra em colisão com o tema da literatura típica do movimento, tal como concebido no continente europeu. Texto 2 XIII “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A Via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: "Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?" Interbits – SuperPro ® Web Página 7 de 23 E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000289.pdf>. Acesso em: 19/08/2019. 4. (Ime 2020) Sobre os Textos 1 e 2, analise as afirmações abaixo: I. Os dois textos abordam tipos de estados alterados de consciência que se contrapõem à experiência da vida cotidiana. II. Ambos os textos fazem uma apologia à loucura, segundo a qual a condição de insanidade pode revelar as mazelas morais da sociedade e da cultura. III. Ambos estabelecem a apologia da razão compreendida como a faculdade superior do homem. IV. Os dois textos realizam uma crítica ao cientificismo que considera a possibilidade de estabelecer uma linha de fronteira entre a sanidade e a loucura. Em relação às afirmações, está(ão) correta(s): a) apenas a afirmação I. b) apenas a afirmação II. c) apenas as afirmações I e III. d) apenas as afirmações II e IV. e) todas as afirmações estão corretas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Texto para a(s) questão(ões) a seguir. Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa. Mas mais frágil fica a bota. Gonçalo M. Tavares, 1: poemas. *sesta: repouso após o almoço. 5. (Fuvest 2020) Considerando que se trata de um texto literário, uma interpretação que seja capaz de captar a sua complexidade abordará o poema como a) uma defesa da natureza. b) um ataque às forças armadas. c) uma defesa dos direitos humanos. d) uma defesa da resistência civil. e) um ataque à passividade. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TEXTO I “Guimarães Rosa escreveu sua obra no português do Brasil, uma língua muito mais rica do que o português europeu, na medida em que assimilou um sem-número de elementos provenientes dos idiomas dos índios e negros que desempenharam papel de relevo na formação étnica e cultural do país. Entretanto, o autor não se limitou apenas a reproduzir a linguagem falada no Brasil. E à síntese já existente, acrescentou sua própria síntese: uma estrutura sintática bastante peculiar e um léxico que inclui grande número de neologismos; vocábulos extraídos de idiomas estrangeiros ou revitalizados do antigo português; e uma série de termos indígenas ou dialetais que ainda não tinham sido incorporados à sua língua de origem [...]”. Interbits – SuperPro ® Web Página 8 de 23 COUTINHO, Afrânio. Guimarães Rosa e o processo de revitalização da linguagem. In: COUTINHO, Eduardo F. (Org.). Guimarães Rosa: fortuna crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983. TEXTO II “Estou contando ao senhor, que carece de um explicado. Pensar mal é fácil, porque esta vida é embrejada. A gente vive, eu acho, é mesmo para se desiludir e desmisturar. A senvergonhice reina, tão leve e leve pertencidamente, que por primeiro não se crê no sincero sem maldade. Está certo, sei. Mas ponho minha fiança: homem muito homem que fui, e homem por mulheres! – nunca tive inclinação para os vícios desencontrados. Repito o que, o sem preceito. Então – o senhor me perguntará – o que era aquilo? Ah, lei ladra, o poder da vida. Direitinho declaro o que, durando todo o tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou. Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria [...]”. ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. TEXTO III “A experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorrem todos os narradores. E, entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem dois grupos, que se interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se torna plenamente tangível se temos presentes esses dois grupos. ‘Quem viaja tem muito que contar’, diz o povo, e com isso imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas também escutamos com prazer o homem que ganhou honestamente sua vida sem sair do seu país e que conhece suas histórias e tradições. Se quisermos concretizaresses dois grupos através dos seus representantes arcaicos, podemos dizer que um é exemplificado pelo camponês sedentário, e outro, pelo marinheiro comerciante [...]”. BENJAMIN, Walter. O narrador – Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In:_________ Magia e técnica, arte e política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. 6. (Ufjf-pism 1 2020) Marque a opção em que a afirmação sobre os textos acima esteja correta: a) Para Walter Benjamin, a narrativa será menos eficiente tanto quanto mais se confundir às histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. b) No trecho selecionado de Grande sertão: veredas, o narrador deseja fazer com que seu interlocutor perceba sua dificuldade em aceitar dar o nome de “paixão” àquilo que ele sente. c) No texto de Afrânio Coutinho, o que importa é o conteúdo da prosa de Guimarães Rosa, e não a forma da linguagem com a qual ela é construída. d) Seguindo o raciocínio de Walter Benjamin e aceitando o que Afrânio Coutinho diz em relação à prosa de Guimarães Rosa, podemos afirmar que o narrador do fragmento de Grande sertão: veredas parece mais próximo do marinheiro mercante do que do camponês sedentário. e) De acordo com o fragmento de Walter Benjamin, o narrador não precisa estabelecer nenhuma relação com a sua comunidade de ouvintes ou de leitores para ser eficiente como contador de histórias. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Considere o excerto do texto “Novos letramentos pelos memes: muito além do ensino de línguas”, de Maciel e Takaki, para responder à(s) questão(ões) a seguir. Interbits – SuperPro ® Web Página 9 de 23 “[...] No Facebook, em outra época, foi comentada a frase Can the twitter speak? (O twitter pode falar?), fazendo analogia à famosa frase da indiana Gayatri Spivak: Can the subaltern speak? (O subalterno pode falar?), defensora da tese de que as pessoas só podem ser ouvidas se forem filiadas a um grupo preferencialmente hegemônico, ou seja, só serão ouvidas se estiverem do lado de dentro. Contudo, o ciberespaço fornece essa possibilidade de expressão, embora apenas como propagação de ideias sem estar necessariamente atrelado a um poder de decisão. Mesmo assim, devido a uma grande participação de internautas, as ideias se revestem de grandes complexidades, sobretudo com a convergência em outras mídias. Desse modo, destacamos que, no contexto da linguagem, os memes representam modelos culturais de pensamentos, ideias, pressupostos, valores, esquemas interpretativos de fenômenos sociais simbólicos e comportamentais que são produzidos por participantes, por exemplo, em “espaços de afinidade” (Gee, 2004, p. 77). Nesses contextos, as pessoas interagem, participam e aprendem num ambiente que sugere muito mais que um mero pertencimento a determinada comunidade. Para o referido teórico, no “espaço de afinidade”, diferente do espaço da comunidade convencional, os integrantes se encontram com maior flexibilidade por questões de interesse comum e não por aquelas vinculadas à [...] classe social, gênero, etnia. Esse “espaço de afinidade” atende aos interesses de usuários que se encontram socialmente saturados por diversas tarefas e que, por isso mesmo, são interpelados a construir sentidos acessando e deixando o ambiente digital quando sentirem necessidade, sem que precisem passar por seguranças e portarias, como costuma ocorrer em clubes, parques e em outras esferas sociais”. (MACIEL, Ruberval Franco; TAKAKI, Nara Il. Novos letramentos pelos memes: muito além no ensino de línguas. In: JESUS, D.; MACIEL, R. (Orgs.). Olhares sobre tecnologias digitais: linguagens, ensino, formação e prática docente. Campinas: Pontes, 2015). 7. (Ufms 2020) De acordo com o texto, é correto afirmar que: a) os participantes que interagem no ciberespaço determinam as regras na elaboração dos memes, já que pertencem a grupos cujas ideias, pensamentos e valores são rigidamente combinados. b) várias mídias podem colaborar na construção dos memes, uma vez que contexto da linguagem permite a mobilidade dos internautas, dependendo dos interesses que os motivam. c) o ciberespaço possibilita a circulação de ideias, valores e modelos culturais e, em função da visibilidade que apresenta, influencia na tomada de decisão de boa parte dos internautas. d) a interação no espaço midiático, por abranger classe social, gênero e etnia, direciona os internautas ao desejo de pertencer a determinado grupo. e) as pessoas, de modo geral, só utilizam as mídias pela comodidade que elas oferecem, haja vista que não há necessidade da presença de portarias e de seguranças, como se vê em clubes e em outros locais. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Considere os versos do poema “As trevas”, que integra a obra Espumas flutuantes, de Castro Alves, para responder à(s) questão(ões) a seguir. “Tive um sonho em tudo não foi sonho!... O sol brilhante se apagava: e os astros, Do eterno espaço na penumbra escura, Sem raios, e sem trilhos, vagueavam. A terra fria balouçava cega E tétrica no espaço ermo de lua. A manhã ia... vinha ... e regressava... Mas não trazia o dia! Os homens pasmos Esqueciam no horror dessas ruínas Suas paixões: E as almas conglobadas Gelavam-se num grito de egoísmo Que demandava ‘luz’. Junto às fogueiras Interbits – SuperPro ® Web Página 10 de 23 Abrigavam-se... e os tronos e os palácios, Os palácios dos reis, o albergue e a choça Ardiam por fanais. Tinham nas chamas As cidades morrido. Em torno às brasas Dos seus lares os homens se grupavam, P’ra à vez extrema se fitarem juntos. Feliz de quem vivia junto às lavas Dos vulcões sob a tocha alcantilada!” 8. (Ufms 2020) Sobre o poema de Castro Alves, assinale a alternativa correta. a) Há a presença marcante de elementos que remetem a um sentimento pessimista, melancólico e desolador, conforme ilustram as expressões: “Mas não trazia o dia!”, “E as almas conglobadas/Gelavam-se num grito de egoísmo” e “Tinham nas chamas/As cidades morrido”. b) O eu lírico narra a crueldade sofrida pelos escravos, de acordo com a descrição do espaço e do enredo, ao longo dos versos. c) Percebe-se uma sensualidade feminina, como se percebe na construção das figuras associadas ao fogo do vulcão, às lavas e à felicidade daqueles que a elas sobreviviam. d) O poema é de caráter social e denuncia as injustiças cometidas pelos reis e demais integrantes da corte, segundo se percebe pelo emprego dos vocábulos “tronos” e “palácios”. e) As “almas” às quais o eu lírico faz menção pertencem aos escravos que, acorrentados, morriam de sede e de fome, enquanto remavam, amontoados no ambiente insalubre da embarcação. 9. (Espm 2019) (...) Pergunto-me se eu deveria caminhar à frente do tempo e esboçar logo um final. Acontece porém que eu mesmo ainda não sei bem como esse isto terminará. E também porque entendo que devo caminhar passo a passo de acordo com um prazo determinado por horas: até um bicho lida com o tempo. E esta também é minha mais primeira condição: a de caminhar paulatinamente apesar da impaciência que tenho em relação a essa moça. (Clarice Lispector, A Hora da Estrela) O comentário acima, sobre a história de Macabéa, pertence ao narrador Rodrigo S.M. Assinale a afirmação correta. O narrador: a) relata seu problema em lidar com a temporalidade da narrativa, daí a intensidade com que anseia iniciar a história da moça. b) identifica-se com um bicho e sugere acompanhar voluntariamente a personagem. c) afirma acompanhar temporariamente a personagem Macabéa, embora não demonstre nenhuma empatia com ela. d) usa as expressões “caminhar passo a passo” e “caminhar paulatinamente” com valores de antonímia. e) não vê obrigação em contar a história da personagem, sobretudo por haver estranheza entre ambos. 10. (Unicamp 2019) “Um cego me levou ao pior de mim mesma, pensou espantada.Sentia-se banida porque nenhum pobre beberia água nas suas mãos ardentes. Ah! era mais fácil ser um santo que uma pessoa! Por Deus, pois não fora verdadeira a piedade que sondara no seu coração as águas mais profundas? Mas era uma piedade de leão.” (Clarice Lispector, “Amor”, em Laços de família. 20ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990, p. 39.) Ao caracterizar a personagem Ana, a expressão “piedade de leão” reúne valores opostos, remetendo simultaneamente à compaixão e à ferocidade. É correto afirmar que, no conto “Amor”, essa formulação a) revela um embate de natureza social, já que a pobreza do cego causa náuseas na personagem. Interbits – SuperPro ® Web Página 11 de 23 b) expressa o dilema cristão da alma pecadora diante de sua incapacidade de fazer o bem. c) indica um conflito psicológico, uma vez que a personagem não se sente capaz de amar. d) alude a um contraste moral e existencial que provoca na personagem um sentimento de angústia. 11. (Enem 2019) Inverno! inverno! inverno! Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da cidade de catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam, tudo isto: decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto é o frio inverno da vida. Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por meses, à espera do sol avaro que não vem. POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013. Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que se observa a) imprecisão no sentido dos vocábulos. b) dramaticidade como elemento expressivo. c) subjetividade em oposição à verossimilhança. d) valorização da imagem com efeito persuasivo. e) plasticidade verbal vinculada à cadência melódica. 12. (Enem 2019) Os subúrbios do Rio de Janeiro foram a primeira coisa a aparecer no mundo, antes mesmo dos vulcões e dos cachalotes, antes de Portugal invadir, antes do Getúlio Vargas mandar construir casas populares. O bairro do Queím, onde nasci e cresci, é um deles. Aconchegado entre o Engenho Novo e Andaraí, foi feito daquela argila primordial, que se aglutinou em diversos formatos: cães soltos, moscas e morros, uma estação de trem, amendoeiras e barracos e sobrados, botecos e arsenais de guerra, armarinhos e bancas de jogo do bicho e um terreno enorme reservado para o cemitério. Mas tudo ainda estava vazio: faltava gente. Não demorou. As ruas juntaram tanta poeira que o homem não teve escolha a não ser passar a existir, para varrê-las. À tardinha, sentar na varanda das casas e reclamar da pobreza, falar mal dos outros e olhar para as calçadas encardidas de sol, os ônibus da volta do trabalho sujando tudo de novo. HERINGER, V. O amor dos homens avulsos. São Paulo: Cia. das Letras, 2016. Traçando a gênese simbólica de sua cidade, o narrador imprime ao texto um sentido estético fundamentado na a) excentricidade dos bairros cariocas de sua infância. b) perspectiva caricata da paisagem de traços deteriorados. c) importância dos fatos relacionados à história dos subúrbios. d) diversidade dos tipos humanos identificados por seus hábitos. e) experiência do cotidiano marcado pelas. necessidades e urgências. 13. (Ufrgs 2019) Leia o microconto “Adão”, de João Gilberto Noll, publicado em Mínimos, múltiplos, comuns. “Resguardo”, palavra vetusta. Verdadeiros camafeus a recebem, figuras fora do alcance de qualquer viva vibração. Ela estava agora fora do alcance até de si mesma, já era substância de uma outra, alguém que de fato nunca vira em seus embalos, flutuações, transtornos. Deitada no tapete, feito roupa despida, sem sustentar por mais de alguns segundos alguma consciência de si ou do entorno. Já no seu terceiro dia de abandono. Batem à porta, ela não ouve. Soletram bem alto seu nome, suplicam. Em vão. Até que num ímpeto retorna a seu antigo pesadelo e diz: “Vou atender, vou sim, é minha viciada missão...”. Levanta-se com esforço, tateia. Ela abre Interbits – SuperPro ® Web Página 12 de 23 a porta. Olhem ali: a figura que abre atendendo aos chamados é um homem, estritamente um. Chama-se Adão. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o microconto. ( ) O microconto apresenta um instante ficcional completo e intenso: a solidão existencial, representada na figura de Adão. ( ) O narrador é onisciente e poderoso: sabe do passado, presente e futuro da personagem. ( ) O poder do narrador abarca até mesmo o leitor, perceptível na expressão “Olhem ali”. ( ) O tempo está em suspensão, marcado pelos verbos no presente: recebem, ouve, soletram, retorna, levanta-se, abre. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – V – F – F. b) V – V – V – V. c) F – F – V – V. d) F – V – F – V. e) V – F – V – F. 14. (Enem PPL 2019) Alegria, alegria Que maravilhoso país o nosso, onde se pode contratar quarenta músicos para tocar um uníssono. (Mile Davis, durante uma gravação) antes havia orlando silva & flauta, e até mesmo no meio do meio-dia. antes havia os prados e os bosques na gravura dos meus olhos. antes de ontem o céu estava muito azul e eu & ela passamos por baixo desse céu. ao mesmo tempo, com medo dos cachorros e sem muita pressa de chegar do lado de lá. do lado de cá não resta quase ninguém. apenas os sapatos polidos refletem os automóveis que, por sua vez, polidos, refletem os sapatos... VELOSO, C. Seleção de textos. São Paulo: Abril Educação, 1981. Quanto ao seu aspecto formal, a escrita do texto de Caetano Veloso apresenta um(a) a) escolha lexical permeada por estrangeirismos e neologismos. b) regra típica da escrita contemporânea comum em textos da internet. c) padrão inusitado, com um registro próprio, decorrente da criação poética. d) nova sintaxe, identificada por uma reorganização da articulação entre as frases. e) emprego inadequado da norma-padrão, gerador de incompreensão comunicativa. 15. (Ufrgs 2019) Leia trechos dos poemas “Fanatismo”, de Florbela Espanca, e “Imagem”, de Cecília Meireles. Fanatismo (...) “Tudo no mundo é frágil, tudo passa...” Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim! E, olhos postos em ti, digo de rastros: “Ah! Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...” Imagem Tão brando é o movimento das estrelas, da lua, das nuvens e do vento, que se desenha a tua Interbits – SuperPro ® Web Página 13 de 23 face no firmamento. Desenha-se tão pura como nunca a tiveste, nem nenhuma criatura. Pois é sombra celeste da terrena aventura. (...) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre os poemas. ( ) Ambos os sujeitos líricos comparam o ser amado à perfeição divina. ( ) Ambos os sujeitos líricos veem o amor de modo idealizado. ( ) Ambos os sujeitos líricos falam diretamente ao ser amado. ( ) Ambos os poemas citam diretamente a voz da opinião pública. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – V – V – F. b) V – V – F – V. c) F – F – V – V. d) F – V – F – V. e) V – F – V – F. 16. (Ita 2019) Leia o poema de autoria de Cecília Meireles. “Epigrama n. 04” O choro vem perto dos olhos para que a dor transborde e caia. O choro vem quase chorando como a onda que toca a praia. Descem dos céus ordens augustas e o mar chama a onda para o centro. O choro foge sem vestígios, mas levando náufragos dentro. (MEIRELES, Cecília, Viagem/Vaga música. Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1982.p.43) O texto I. aproxima metaforicamente um fenômeno humano e um fenômeno natural a partir da identificação de, pelo menos, um traço comum a ambos: água em movimento. II. sugere que, enquanto o movimento do choro é ligado à variação das emoções, o movimento da onda deve-se a forças naturais, responsáveis pela circularidade marítima. III. ameniza o dramatismo do choro humano, pois, quando acomete o sujeito, ele passa naturalmente, como a onda que volta ao mar. IV. leva-nos a perceber que o choro contido tem um impacto emocional que o torna desolador. Estão corretas: a) I e II apenas; b) I, II e IV apenas; c) I, III e IV apenas; d) II e III apenas; e) todas. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para Interbits – SuperPro ® Web Página 14 de 23 trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e encontraram semelhantes seus bastante ingênuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar. (José Saramago) 17. (Acafe 2018) Sobre o texto, assinale a alternativa que melhor representa o tema. a) Direito de herança b) Agricultura familiar c) Latifúndio e reforma agrária d) Desigualdade social 18. (Upe-ssa 2 2017) O Romantismo não é só um período literário, ele também é um movimento que abarca as artes plásticas. Assim, analise as imagens a seguir. Interbits – SuperPro ® Web Página 15 de 23 Acerca dos textos acima, assinale com V as afirmativas Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) É possível afirmar que esses textos têm em comum complexos valores ideológicos, próprios da expressão plástica romântica. ( ) A Imagem 1 expressa uma das temáticas do Romantismo, isto é, a liberdade contra a tirania. ( ) A Imagem 2 dialoga com o Romantismo por tratar de uma temática cara aos românticos, que é a exaltação do passado histórico e de caráter nacionalista. ( ) A Imagem 3 expressa, de forma dramática, a tragédia de um naufrágio. Nessa obra, é possível identificar uma das características do Romantismo, a hipervalorização dos sentimentos, tanto as do mundo físico natural como as emoções pessoais. ( ) A Imagem 4 dialoga com a obra de José de Alencar, O Uraguai, cuja protagonista é Iracema. A sequência CORRETA, de cima para baixo é: a) V – V – V – V – F b) F – F – V – V – F c) F – V – V – F – F d) V – V – V – F – V e) V – F – V – F – V 19. (Ebmsp 2017) Interbits – SuperPro ® Web Página 16 de 23 A campanha institucional sugere ações cotidianas que melhoram a qualidade de vida das pessoas. Na estruturação do texto, identifica-se o uso a) dos dois-pontos, com o objetivo de introduzir uma explicação para que o locutário saiba qual o principal objetivo da publicidade em foco. b) do modo imperativo, para convencer o leitor a, sempre que necessário, utilizar os serviços da instituição responsável pela divulgação da conduta indicada. c) de um recurso linguístico e gráfico para destacar o benefício da intensidade de certas características humanas, caso já se adote o estilo de vida sinalizado pelo interlocutor. d) da forma verbal “Seja”, que introduz atributos próprios do gênero feminino, e cujo sujeito implícito também aparece relacionado com a figura que ilustra a peça publicitária. e) da ambiguidade gerada por “Cultive”, que, nesse contexto, possibilita que a ação expressa se efetue tanto no sentido conotativo quanto no denotativo. 20. (Enem 2017) A obra de Rubem Valentim apresenta emblema que, baseando-se em signos de religiões afro- brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o Modernismo em virtude da a) simplificação de formas da paisagem brasileira. b) valorização de símbolos do processo de urbanização. c) fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia. Interbits – SuperPro ® Web Página 17 de 23 d) alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional. e) composição simétrica de elementos relativos à miscigenação racial.
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