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292377559-Caderno-de-Teoria-e-Pratica-Da-Narrativa-Juridica

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Prévia do material em texto

Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de aulas 
por semana 
1 
Número de 
semana de aula 
1 
Tema Estrutura das peças processuais e Teoria Tridimensional do Direito: contribuição das 
disciplinas de Português Jurídico. 
Objetivos O aluno deverá ser capaz de: 
- Apresentar a ementa da disciplina e o Plano de Curso; 
- Reconhecer a importância da disciplina para a atividade jurídica em geral; 
- Identificar as partes que compõem algumas das peças processuais e relacioná-las às 
disciplinas de Português Jurídico, pelo viés da Teoria Tridimensional do Direito. 
- Compreender a relevância dos fatos do caso concreto para a aplicação do direito objetivo. 
Estrutura de 
conteúdo 
1. Apresentação da ementa da disciplina 
2. Estrutura textual das peças processuais 
2.1. Parte narrativa 
2.2. Parte argumentativa 
2.3. Parte injuntiva 
3. Teoria Tridimensional do Direito 
Contribuição das disciplinas de Português Jurídico para a produção de peças processuais 
Procedimentos de 
ensino 
Ao longo do semestre, trabalharemos, preferencialmente, casos da área cível, 
entretanto, para a primeira aula, escolhemos um tema de direito penal porque nossos 
alunos já estudam essa disciplina e isso facilitaria uma primeira interação com eles. A 
intenção é apresentar o programa de nossas disciplinas de forma inovadora e inteligente, 
sem a previsível organização linear da “lista de conteúdos” e da ementa. 
O principal objetivo da estratégia é criar um contexto de persuasão sobre a 
importância das disciplinas de português jurídico para a formação dos profissionais de 
direito. Se julgar pertinente, leve textos que tratem da valorização do português jurídico na 
atualidade. 
Não pretendemos uma abordagem jurídica dos tipos penais relativos à ofensa ao bem 
jurídico vida, mas a compreensão de que são os fatos do caso concreto que determinam a 
necessidade de tantos tipos penais para tipificar a conduta “matar alguém”. 
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, 
textos variados e peças processuais disponíveis na internet. 
Aplicação prática e 
teórica 
Sabemos que uma das expectativas dos estudantes do Curso de Direito é iniciar, 
quanto antes, a produção das principais peças processuais, em especial a petição inicial. As 
disciplinas Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), Teoria e Prática da 
Argumentação Jurídica (terceiro período) e Teoria e Prática da Redação Jurídica (quarto 
período) pretendem, juntas e progressivamente, ajudar você a desenvolver todas as 
habilidades e competências necessárias à consecução dessa tarefa, em especial: a) 
organização das idéias; b) seleção e combinação de informações; c) produção convincente 
dos argumentos; d) identificação das características estruturais de cada peça; e) redação em 
conformidade com a norma culta da língua etc. 
Para isso, é necessário, em primeiro lugar, identificar a macroestrutura linguística da 
peça, bem como os requisitos impostos pelo art. 282 do CPC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 282 do CPC – A petição inicial indicará: 
Inciso I o juiz ou tribunal, a que é 
dirigida; 
Inciso II os nomes, prenomes, 
estado civil, profissão, 
domicílio e residência do 
autor e do réu; 
Inciso III o fato e os fundamentos 
jurídicos do pedido; 
Inciso IV o pedido, com as suas 
especificações; 
Inciso V o valor da causa; 
Inciso VI as provas com que o autor 
pretende demonstrar a 
verdade dos fatos alegados; 
Inciso VII o requerimento para a 
citação do réu. 
 
No mesmo sentido, vejamos quais os requisitos exigidos, por exemplo, para a 
sentença. 
 
Art. 458 do CPC – São requisitos essenciais da sentença: 
Inciso I O relatório, que conterá os nomes das 
partes, a suma do pedido e da resposta 
do réu, bem como o registro das 
principais ocorrências havidas no 
andamento do processo; 
Inciso II Os fundamentos, em que o juiz 
analisará as questões de fato e de 
direito; 
Inciso III O dispositivo, em que o juiz resolverá as 
questões, que as partes lhe 
submeterem. 
 
Esses dois documentos – bem como outros – mostram-nos que há uma regularidade 
na organização das peças processuais: são indispensáveis a narrativa dos fatos importantes 
da lide, a fundamentação de um ponto de vista e aplicação da norma, em forma de pedido, 
decisão etc. 
Não importa se a narrativa dos fatos será denominada “dos fatos” (petição inicial) ou 
“relatório” (sentença, parecer, acórdão). Também não cabe, neste momento, nomear a 
parte argumentativa como “do direito” (petição inicial) ou fundamentação (parecer). 
Pretendemos apenas, nesta primeira aula, como já dissemos, que o estudante de Direito 
perceba que as peças processuais seguem, independente de suas peculiaridades, uma 
estrutura regular: narrar, fundamentar e pedir. 
Essa estrutura não existe sem motivação. Uma proposta teórica, 
internacionalmente conhecida, chamada Teoria Tridimensional do Direito, do jusfilósofo 
brasileiro Miguel Reale, defende que o Direito compõe-se de três dimensões: FATO, VALOR e 
NORMA. Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria 
Tridimensional 
Macroestrutura de algumas peças processuais 
petição inicial parecer Sentença 
FATO Dos fatos Relatório Relatório 
Narrar os fatos importantes 
VALOR Do direito Fundamentação Motivação 
Fundamentar um ponto de vista 
NORMA Do pedido Conclusão Dispositivo 
Conclusão, na forma de pedido, decisão etc. 
 
Como, então, a universidade pensou as disciplinas de Português Jurídico diante 
dessa perspectiva? Adiante, uma síntese do que se pretende em cada matéria. 
Em Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), serão estudadas com 
profundidade todas as questões relativas à produção do texto jurídico narrativo, primeira 
dimensão do direito, que consiste na exposição de todos os fatos importantes para a 
adequada solução da lide. 
Teoria e Prática da Argumentação Jurídica (terceiro período) terá como objeto 
principal de estudo a Teoria da Argumentação, segundo a proposta de Chaïm Perelman, 
oportunidade em que as técnicas e estratégias para a produção do texto jurídico-
argumentativo e a respectiva aplicação da norma serão minuciosamente analisadas. Por 
meio dos tipos de argumento, e todos os demais recursos linguísticos e discursivos 
disponíveis ao profissional do direito, o aluno será estimulado a defender as teses que julgar 
adequadas. 
Por fim, em Teoria e Prática da Redação Jurídica (quarto período), não mais 
produziremos isoladamente as partes narrativa ou argumentativa, mas uma peça inteira. 
Elegemos o parecer técnico-formal especialmente porque não será necessária capacidade 
postulatória para redigi-lo, ou seja, mesmo não sendo ainda advogado, em princípio, já se 
pode produzir esse documento com validade processual. 
 
Motivado por essa explicação, leia os casos concretos que seguem e responda à 
questão. 
 
Caso concreto 1 
 
O caso ocorreu em Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, no ano de 2005. 
Uma mulher de 36 anos, desempregada, estava casada com um mecânico, também 
desempregado. Os dois moravam em um barraco de 10 metros quadrados, junto com seus 
três filhos. O mais velho tinha seis anos de idade; o filho do meio, quatro; o caçula, um ano e 
meio. 
É importante mencionar que essa mulher, Marcela, estava gestando o quarto filho. No 
mês de fevereiro daquele ano, em decorrência das fortes chuvas, um deslizamento de terra 
arrastou, ladeira abaixo, o lar em que vivia essa família. A mãe conseguiu salvar os dois filhos 
mais velhos, entretanto o caçula, ainda aprendendo a andar, não conseguiu sair a tempo. 
Morreu soterrado. Por tudo o que aconteceu, Marcela entrou em trabalho de parto. 
Chegou ao hospital público mais próximo e foi submetida a uma cesariana. Assim que 
ouviu o choro do bebê, prematuro, pediu para segurá-lo um pouco no colo. A enfermeira o 
permitiu. Marcela beijou a criança e jogou-a para trás. O menino caiu no chão, sofreu 
traumatismo cranianoe morreu. 
Perguntada por que tomara aquela atitude, disse que não gostaria que seu filho 
passasse por tudo o que os demais estavam passando: fome e miséria. Um exame realizado 
no Instituto Médico Legal apontou que Marcela se encontrava em estado puerperal[1] no 
momento em que matou o próprio filho. 
 
Caso concreto 2 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_1/Lists/Plano%20de%20aula/EditForm.aspx?ID=1&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_1/default.aspx#_ftn1
 
Este segundo caso ocorreu em São Paulo. A secretária Adriana Alves engravidou do 
namorado e, sem saber explicar por qual motivo, não contou o fato para ele; também não 
contou para mais ninguém. Seus pais, com quem morava, não sabiam de sua gravidez. Não 
compartilhou esse segredo com amigas ou colegas de trabalho. Definitivamente, ninguém 
conhecia a gestação de Adriana. 
Com o passar dos meses, Adriana não recebeu qualquer tipo de acompanhamento ou 
cuidado pré-natal especial; escondia a barriga com cintas e usava roupas largas. No mês de 
dezembro de 2006, quando participava de uma festa de final de ano, no escritório em que 
trabalha, sentiu-se mal e foi para casa. 
Sua intenção era realizar o parto sozinha e jogar a criança em um rio próximo à sua 
casa. Ocorre, porém, que o parto não transcorreu tranquilamente. Adriana teve 
complicações e teve de puxar à força a criança. Depois, matou-a afogada na bacia de água 
quente que separou para realizar o parto. Para se livrar da justiça, jogou a criança, já morta, 
no rio, enrolada em um saco preto. 
Muito debilitada, foi a um hospital buscar ajuda para si, mas não soube explicar o que 
aconteceu. Após breve investigação da Polícia, Adriana confessou tudo o que fizera. Exames 
comprovaram que ela não estava sob o estado puerperal. 
 
Questão 
a) Vimos que, em ambos os casos, as acusadas praticaram o mesmo fato (conduta), 
qual seja, “matar alguém”. Entretanto, o Código Penal prevê diversos tipos penais 
para essa conduta, a depender das circunstâncias como o fato foi praticado. 
Produza uma tabela como a do exemplo abaixo. Indique, pelo menos, cinco 
artigos. 
 
 
ARTIGO TEXTO ESPECIFICIDADES 
 
 
 
 
 
Art. 157, § 3º do 
CP 
(latrocínio) 
Art. 157. Subtrair coisa móvel 
alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou 
violência a pessoa, ou depois 
de havê-la, por qualquer meio, 
reduzido à impossibilidade de 
resistência: Pena - reclusão, de 
quatro a dez anos, e multa. 
§3º Se da violência resulta 
lesão corporal grave, a pena é 
de reclusão, de sete a quinze 
anos, além da multa; se 
resulta morte, a reclusão é de 
vinte a trinta anos, sem 
prejuízo da multa. 
O agente tem o dolo de 
roubar e culpa pela morte 
da vítima, ou seja, 
desejava garantir a 
subtração da coisa, mas 
não tinha intenção (dolo) 
de matar. É o que se 
denomina crime 
preterdoloso. 
 
 
 
b) Ao perceber que as circunstâncias como a conduta é praticada influenciam 
substancialmente o crime imputado ao agente, o profissional do direito deve estar 
atento para selecionar todas as informações que não podem deixar de constar de 
sua exposição dos fatos. Identifique nos dois casos concretos quais informações 
não podem deixar de ser narradas e as indique em tópicos. 
c) Quais crimes praticaram Marcela e Adriana? Defenda seus pontos de vista em um 
parágrafo. 
 
 
 
[1] “Puerpério” e “estado puerperal” são coisas diferentes. Puerpério é o período que vai do 
deslocamento e expulsão da placenta à volta do organismo materno às condições anteriores 
à gravidez. Em outras palavras, é o espaço de tempo variável que vai do desprendimento da 
placenta até a involução total do organismo materno às suas condições anteriores ao 
processo de gestação (40 a 50 dias). Puerpério vem de puer (criança) e parere (parir). 
Importante frisar que o puerpério não quer significar que dele deva surgir uma perturbação 
psíquica. 
O estado puerperal é um momento de influência por uma situação específica pós-parto, 
interessando somente alguns dias após o parto (há aqueles que entendem que só pode 
durar por algumas horas após o parto e outros que entendem que poderia perdurar por um 
mês – divergência doutrinária). A medicina-legal tenta provar se a mulher era física ou 
psiquicamente normal, durante toda a sua vida, ou se a reação ocorreu somente naquele 
momento. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_puerperal>. Acesso em: 09 
de março de 2008. 
Avaliação A letra A pretende que o aluno faça uma pesquisa na parte especial do Código Penal (art. 
121 e seguintes) e identifique alguns dos tipos penais que tratam da ofensa à vida (“matar 
alguém”). A título de exemplo, temos o homicídio simples (art. 121 do CP), o homicídio 
privilegiado (art. 121, § 1º do CP), o homicídio qualificado (art. 121, § 2º do CP), o homicídio 
culposo (art. 121, § 3º do CP), instigação ao suicídio (art. 122 do CP), infanticídio (art. 123 do 
CP) etc. 
A letra B pretende que o aluno perceba que as duas mataram o próprio filho logo após o 
parto, mas uma estava sob o domínio do estado puerperal e a outra não. Ademais, uma 
tinha passado por trauma relevante momentos antes da conduta, enquanto a outra não 
soube justificar o porquê de seu ato. 
Na questão C, pode-se dizer que a conduta observada no caso concreto 1 foi o infanticídio 
(art. 123 do CP); a do caso concreto 2, homicídio privilegiado, doloso, qualificado, a 
depender da interpretação e da fundamentação. 
Situação Em Elaboração 
Considerações 
adicionais 
 
Plano de ensino 
 
 
 
Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de aulas por 
semana 
1 
Número de semana de 
aula 
2 
Tema Gênero e tipologia textuais nas peças processuais. 
Objetivos O aluno deverá ser capaz de: 
- Reconhecer as peças processuais como “gênero textual” distinto; 
- Identificar os tipos textuais narrativo, descrito, dissertativo argumentativo e 
injuntivo nas peças processuais; 
- Compreender a interdependência desses tipos textuais e qual a sua contribuição 
para a competência redacional das peças processuais. 
Estrutura de conteúdo 1. Gênero textual 
2. Tipologia textual 
2.1. Texto narrativo 
2.2. Texto descritivo 
2.3. Texto argumentativo 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_1/Lists/Plano%20de%20aula/EditForm.aspx?ID=1&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_1/default.aspx#_ftnref1
2.4. Texto injuntivo 
3. Peças processuais e utilização dos diversos tipos textuais 
Procedimentos de ensino Recomendamos ao professor que explique aos alunos cada um dos tipos textuais e 
aplique esse conteúdo a diversas peças processuais. Seria interessante utilizar 
modelos de peças disponíveis na Internet ou em manuais de redação jurídica. 
Pedimos, porém, que seja evitada a explicação pela aula expositiva clássica. Não 
podemos desconsiderar que a universidade adotou a metodologia do caso concreto 
em que o conteúdo pertinente à aula deve ser progressivamente apresentado à 
medida que a análise dos casos concretos/fragmentos de texto vai se desenvolvendo. 
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia 
básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet. 
Aplicação prática e 
teórica 
No Direito, é de grande relevância o que se denomina tipologia textual: 
narração, descrição, dissertação. O que torna essa questão de natureza textual 
importante para o direito é sua utilização na produção de peças processuais como a 
petição inicial, que apresenta diferentes tipos de texto, a um só tempo. Para melhor 
compreender essa afirmação, observe o esquema da petição inicial e perceba como 
essa peça pertence a um tipo textual híbrido do discurso jurídico, o que exige do 
profissional do direito o domínio pleno desse conteúdo. 
 
INSERIRAQUI O ANEXO 1 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 
___ VARA ___ DA COMARCA ___ 
 
 
 
Qualificação das partes 
 
 
Dos fatos 
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________ 
Do direito 
_______________________________________________
_______________________________________________
_______________________________________________ 
Do pedido 
1- __________________________; 
2- __________________________; 
3- __________________________. 
 
Das provas 
 
Do valor da causa 
 
Nesses termos, 
Pede deferimento. 
 
Local, data e assinatura. 
Questão 1 
Identifique a tipologia textual predominante em cada um dos fragmentos 
listados e justifique sua resposta com elementos do próprio texto. 
 
Fragmento 1 
O apelado moveu Ação de Execução por Quantia Certa em face dos ora 
apelantes, fundando-se na existência de um contrato de locação firmado com 
Antônio Claudio (autos em apenso). 
Em tal ação, consta uma planilha de débitos em que se encontram 
discriminados os valores supostamente devidos pelos apelantes, planilha essa que 
será adiante questionada. 
Existem relevantes pontos que não podem ser deixados à margem da 
apreciação deste D. Juízo: 
O apelado é possuidor do contrato de locação acima aludido. Tal contrato, que 
teve à época de sua assinatura os apelantes como garantidores, foi celebrado por 
prazo determinado, iniciado em 11/01/2007 e findo e 11/01/2008. 
Durante o prazo de vigência do referido contrato, os aluguéis e demais 
encargos da locação vinham sendo quitados pontualmente pelo locatário, sempre 
sob a vigilância de perto dos fiadores, ora apelantes, que sempre foram diligentes em 
acompanhar o cumprimento de uma obrigação pela qual respondiam solidariamente. 
(Disponível em: http://www.uj.com.br/publicacoes/pecas/1427/APELACAO. 
Acesso em: 10 de dezembro de 2010) 
 
Fragmento 2 
O "rol familiar" constante da Lex Fundamentalis brasileira não é exaustivo. O 
legislador se limitou a citar expressamente as hipóteses mais usuais, como a família 
monoparental e a união estável entre homem e mulher. Todavia, a tônica da 
proteção não se encontra mais no matrimônio, mas sim na família. O afeto terminou 
por ser inserido no âmbito de proteção jurídica. Como afirma Zeno Veloso, "num 
único dispositivo o constituinte espancou séculos de hipocrisia e preconceito". 
Dessa forma, mais uma vez, deve-se dizer que o panorama constitucional não 
deve ser tido como taxativo, mas sim exemplificativo. Assim, o caput do art. 226 da 
Carta Magna brasileira deve ser vislumbrado como cláusula geral de inclusão, 
devendo-se impedir a exclusão de qualquer entidade que ateste os pressupostos de 
ostensibilidade, estabilidade e afetividade. 
Para além disso, o Direito das Famílias possui o escopo primordial de proteger 
toda e qualquer família. As uniões homoafetivas, para além de não serem proibidas 
no ordenamento brasileiro, estão consagradas dentro do conceito de entidade 
familiar, por lei infraconstitucional. 
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17988/a-guarda-
compartilhada-e-as-familias-homoafetivas). Acesso em: 10 de dezembro de 2010. 
 
Fragmento 3 
Uma pessoa trafegava com sua moto em alta velocidade por uma avenida, a 
mais ou menos 100 km/h. Essa avenida fica dentro de um bairro movimentado e 
cheio de sinais. O condutor estava drogado e totalmente alcoolizado, sem qualquer 
condição de discernir e reagir a eventos que ocorressem na pista. 
(Disponível em: http://forum.jus.uol.com.br/42825/acidente-de-moto-urgente/. 
Acesso em: 10 de dezembro de 2010). 
 
Fragmento 4 
"De acordo com a inicial de acusação, ao amanhecer, o grupo passou pela 
parada de ônibus onde dormia a vítima. Deliberaram atear-lhe fogo, para o que 
adquiriram dois litros de combustível em um posto de abastecimento. Retornaram ao 
local e enquanto Eron e Gutemberg despejavam líquido inflamável sobre a vítima, os 
demais atearam fogo, evadindo-se a seguir. 
Três qualificadoras foram descritas na denúncia: o motivo torpe porque os 
denunciados teriam agido para se divertir com a cena de um ser humano em chamas, 
o meio cruel, em virtude de ter sido a morte provocada por fogo e uso de recurso 
que impossibilitasse a defesa da vítima, que foi atacada enquanto dormia. 
A inicial, que foi recebida por despacho de 28 de abril de 1997, veio 
acompanhada do inquérito policial instaurado na 1ª Delegacia Policial. Do caderno 
informativo constam, de relevantes, o auto de prisão em flagrante de fls. 08/22, os 
boletins de vida pregressa de fls. 43 a 45 e o relatório final de fls. 131/134. 
Posteriormente vieram aos autos o laudo cadavérico de fls. 146 e seguintes, o laudo 
de exame de local e de veículo de fls. 172/185, o exame em substância combustível 
de fls. 186/191, o termo de restituição de fls. 247 e a continuação do laudo 
cadavérico, que está a fls. 509. 
O Ministério Público requereu a prisão preventiva dos indiciados. A prisão em 
flagrante foi relaxada, não configurada a hipótese de quase flagrância, por não ter 
havido perseguição, tendo sido os réus localizados em virtude de diligências policiais. 
[...] 
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/16291/o-caso-do-indio-pataxo 
-queimado-em-brasilia. Acesso em: 10 de dezembro de 2010) 
 
Fragmento 5 
O Assédio moral, ou seja, a exposição prolongada e repetitiva do trabalhador a 
situações humilhantes e vexatórias no trabalho, atenta contra a sua dignidade e 
integridade psíquica ou física. De modo que é indenizável, no plano patrimonial e 
moral, além de permitir a resolução do contrato ("rescisão indireta"), o afastamento 
por doença de trabalho e, por fim, quando relacionado à demissão ou dispensa do 
obreiro, a sua reintegração no emprego por nulidade absoluta do ato jurídico. 
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/14748/assedio-moral-e-seus- 
efeitos-juridicos. Acesso em: 10 de dezembro de 2010) 
 
Fragmento 6 
Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra "assédio" 
significa "insistência impertinente, perseguição, sugestão ou pretensão constantes 
em relação a alguém". [...] 
Segundo a médica Margarida Barreto, médica do trabalho e ginecologista, 
assédio moral no trabalho é "a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a 
situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a 
jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações 
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, 
relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um 
ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de 
trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego". 
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/7767/identificando-o-assedio- 
moral-no-trabalho. Acesso em: 10 de dezembro de 2010). 
 
Questão 2 
Acesse o site do STJ e transcreva trecho de um voto em que a narração está a 
serviço da argumentação e outro em que a descrição está a serviço da narração. 
 
Avaliação Questão 1 
Fragmento 1: texto narrativo predominante. 
Fragmento 2: texto dissertativo argumentativo predominante. 
Fragmento 3: texto descritivo predominante. 
Fragmento 4: texto narrativo predominante. 
Fragmento 5: texto dissertativo argumentativo predominante. 
Fragmento 6: texto descritivo predominante. 
 
Questão 2 
Resposta dependente da pesquisa. O aluno deverá perceber que um texto raramente 
é puro quanto à tipologia. Os tipos de textos se confundem em uma mesma 
produção textual. Deve-se falar sempre em predominância deste ou daquele tipo. 
Situação Em Elaboração 
Considerações adicionais 
Plano de ensino 
Anexos Anexo 1.docx 
 
 
 
 
Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de aulas por 
semana 
1 
Número de semana de aula 3 
Tema Narrativa jurídica simples e narrativa jurídica valorada.Objetivos O aluno deverá ser capaz de: 
- Distinguir a narrativa jurídica simples da narrativa jurídica valorada; 
- Identificar as características que marcam esses dois tipos de narrativa; 
- Compreender a relação entre o tipo de narrativa e a peça processual produzida; 
- Conhecer as principais características da narrativa jurídica. 
Estrutura de conteúdo 1. Algumas características da narrativa jurídica 
1.1. Impessoalidade 
1.2. Verbos no passado 
1.3. Paragrafação 
1.4. Elementos constitutivos da demanda (Quem quer? O quê? De quem? Por 
quê?) 
1.5. Correta identificação do fato gerador 
2. Narrativa jurídica simples 
3. Narrativa jurídica valorada 
4. A construção de versões 
Procedimentos de ensino Recomendamos a aula dialogada como procedimento de ensino. Os 
elementos da narrativa forense e a organização cronológica dos fatos serão objeto 
de estudo de outra semana de aula. 
É importante que o aluno entenda que não é a peça processual que se mostra 
imparcial ou valorada, mas a sua narrativa. Os documentos produzidos pelos 
advogados, por exemplo, possuem narrativas valoradas, enquanto as narrativas 
de sentenças, pareceres e acórdãos são imparciais. Seria interessante se o 
professor pudesse mostrar fragmentos de narrativas de diversas peças e comentá-
los. Não abordaremos todas as características da narrativa nesta aula, a fim de 
que cada conteúdo seja desenvolvido com profundidade e consistência. 
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia 
básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet. 
Aplicação prática e teórica Como vimos anteriormente, as peças processuais têm um denominador 
comum: precisam, em primeiro lugar, narrar os fatos importantes do caso 
concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela análise 
do fato gerador do conflito e das circunstâncias em que ocorreu. Ainda assim, vale 
dizer que essa narrativa será imparcial ou parcial, podendo ser tratada como 
simples ou valorada, a depender da peça que se pretende redigir. 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_2/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%201.docx
Pode-se entender, portanto, que valorizar ou não palavras e expressões 
merece atenção acurada, pois poderá influenciar na compreensão e persuasão do 
auditório.[1] Essa valoração das informações depende dos mecanismos de 
controle social que influenciam a compreensão do fato jurídico. 
É preciso lembrar que são diferentes os objetivos de cada operador do 
direito; sendo assim, o representante de uma parte envolvida não poderá narrar 
os fatos de um caso concreto com a mesma versão da parte contrária. Por conta 
disso, não se poderia dizer que todas as narrativas presentes no discurso jurídico 
são idênticas no formato e no objetivo, visto que dependem da intencionalidade 
de cada um. 
 
NARRATIVA SIMPLES DOS FATOS NARRATIVA VALORADA DOS FATOS 
É uma narrativa sem compromisso de 
representar qualquer das partes. Deve 
apresentar todo e qualquer fato 
importante para a compreensão da 
lide, de forma imparcial. 
É uma narrativa marcada pelo 
compromisso de expor os fatos de 
acordo com a versão da parte que se 
representa em juízo. Por essa razão, 
apresenta o pedido (pretensão da parte 
autora) e recorre a modalizadores. 
Sugerimos iniciar por “trata-se de 
questão sobre...” 
Sugerimos iniciar por “Fulano ajuizou 
ação de ... em face de Beltrano, na qual 
pleiteia ...” 
 
Para o exercício desta semana, recorremos a um trecho de importante 
romance da literatura jurídica – Em segredo de Justiça[2] – cujo enredo versa 
sobre o possível assédio sexual praticado por um conhecido advogado carioca 
contra sua jovem secretária. Sugerimos a leitura do livro. 
 
Leiamos a narrativa extraída desse romance. 
 
1- A autora, conforme se verifica de sua própria qualificação, detém o grau 
de bacharel em administração de empresas. 
2- Esse diploma foi conquistado não sem esforço, melhor se diria até, com 
grande sacrifício. Órfã de pai aos nove anos de idade, mais velha de três irmãs, 
teve a autora muito cedo que começar a trabalhar, para ajudar sua mãe no 
orçamento doméstico; ainda adolescente, menor de idade, aceitava pequenas 
tarefas remuneradas, posando para comerciais de televisão, ocasionalmente 
desempenhando pequenos papéis dramáticos em telenovelas. 
3 - Terminado o curso colegial, procurou e encontrou emprego estável, indo 
trabalhar como secretária em conhecida empresa industrial. 
4- Foi progredindo em suas funções e logo, mercê de seu esforço e 
competência, já atendia a um dos mais graduados diretores da empresa. 
5- Trabalhava há algum tempo, quando, desejosa de ter formação superior, 
ingressou, após passar no concurso vestibular, na faculdade de administração. 
6- Foram mais quatro anos e meio de luta árdua e a autora, trabalhando 
durante o dia e estudando. à noite, conseguiu finalmente o ambicionado diploma. 
7- Faltava-lhe agora trabalhar na profissão que escolhera e para a qual se 
capacitara. Era, porém, uma opção difícil. Como secretária, era uma profissional 
experiente, tendo atingido o topo da carreira; como administradora, tinha um 
diploma de curso superior completo, mas nenhuma experiência. Onde quer que 
fosse trabalhar, provavelmente deveria começar com uma remuneração inferior 
àquela que auferia na empresa industrial. 
8- Uma tarde, a autora foi procurada por seu então chefe, Sr. Horácio de 
Melo Alencar, que lhe perguntou se ela gostaria de ir trabalhar como 
administradora em um escritório de advocacia, por um salário igual ao que então 
percebia como secretária. 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftn1
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftn2
9- A autora, de início, manifestou surpresa, chegando a duvidar do que 
julgava ser tanta sorte. O Sr. Alencar, porém, tranqüilizou-a: tinha um amigo - o Sr. 
Ranulfo Azevedo - homem sério, advogado conceituado, que procurava 
justamente uma administradora profissional para seu escritório de advocacia. 
10- Como se tratava de firma ainda pequena, não fazia questão o Sr. 
Ranulfo de um ou de uma profissional experiente: queria alguém que tivesse um 
diploma, bom senso, disposição para trabalhar, e, sobretudo, vontade de crescer 
junto com a organização. 
11- Lembra-se a autora de que, já naquela ocasião, comentara com o Sr. 
Alencar que “pobre quando vê muita esmola, desconfia" e que estava achando a 
oportunidade "boa demais para ser “verdade”. 
12- O Sr. Alencar disse , contudo, que já tinha conversado a respeito com o 
Sr. Ranulfo e que tinha sido, aliás, o próprio Sr. Ranulfo o primeiro a dizer que 
estava procurando alguém para administrar seu escritório e que se manifestara 
entusiasmado, ao saber que ela, autora, a secretária de seu amigo Alencar, tinha 
recentemente se formado em administração. 
13- O ex-chefe da autora chegou' até a acrescentar que fora o próprio Sr. 
Ranulfo que, ao mesmo tempo em que elogiava os atributos físicos da autora, 
perguntara quanto ela ganhava e pedira permissão ao Sr. Alencar para convidá-la 
para trabalhar com ele, Ranulfo. 
14- Por aí já se vê, desde o primeiro momento, quais fossem as intenções 
do réu, misturando indevidamente, como qualificações para preencher o cargo 
vago em sua empresa, dotes de beleza físicae aptidões profissionais. 
15- Permite-se a autora, nesse passo, a bem da precisão da narrativa dos 
fatos, transcrever a expressão exata que teria sido usada pelo réu: de fato, 
segundo o Sr. Alencar, seu amigo Ranulfo teria dito: 
 
“_ você quer me dizer que sua secretária é formada em administração? Mas 
ela é 'gostosa demais'! Você ia ficar muito chateado se eu convidasse ela para 
trabalhar comigo?" 
 
16- A frase desrespeitosa foi transmitida ipsis litteris à autora pelo Sr. 
Alencar. A autora, porém, infelizmente, não a tomou devidamente em conta. 
17- A oportunidade que se apresentava era excepcional: atendia 
rigorosamente àquilo com que a autora vinha sonhando, desde que ingressara na 
faculdade. O réu, além disso, era amigo de longa data do Sr. Alencar, um 
profissional conhecido, muito bem sucedido na profissão, tinha reputação de 
homem sério. Usara por certo apenas por troça, "de brincadeira”, em conversa 
com um amigo, a expressão chula, mas certamente, em seu escritório, jamais 
ousaria ultrapassar os limites do respeito e da conveniência. 
18- Assim pensando, e encorajada por seu chefe, a autora aceitou a oferta 
e, em fevereiro de 1990, foi contratada para o cargo de gerente administrativa da 
firma: "Escritório de Advocacia Ranulfo Azevedo". 
19- Os primeiros meses foram gratificantes. A autora dedicava-se com 
afinco .às tarefas que lhe eram cometidas. Sua posição era especialmente. 
delicada, cabendo-lhe gerenciar um grupo que incluía profissionais de nível 
superior, sobre os quais não tinha qualquer ascendência hierárquica. 
20- Mas a autora: parecia vencer o desafio: organizou novas rotinas, mudou 
a decoração do ambiente, pôs em dia e modernizou a cobrança de honorários aos 
clientes, imaginou e implantou métodos modernos e eficientes de administração. 
21- Em verdade, a despeito de sua pouca idade, a autora logo se impôs no 
ambiente de trabalho, ganhando o respeito e a consideração das cerca de trinta 
pessoas que trabalhavam na firma, entre advogados, estagiários, secretárias e 
funcionários. 
22- O próprio réu, de início, parecia encantado, mais com a competência 
profissional que com os alegados atributos físicos da autora, comportando-se 
geralmente de forma respeitosa, formal,quase cerimoniosa. 
23- A seriedade do réu, contudo, era apenas hipócrita máscara, atrás da 
qual se escondia um verdadeiro e imoral sátiro, um autêntico maníaco sexual. 
24- Essa faceta começou a ficar clara em uma ocasião muito marcante. 
25- Ao final de junho, o Escritório de Advocacia Ranulfo Azevedo organizou, 
como fazia todos os anos, uma convenção em um hotel fora da cidade. 
26- Era reunião de dois dias, congregando advogados e estagiários e 
respectivas famílias. Saíam todos do escritório em uma sexta-feira à tarde, em um 
ônibus fretado. Durante todo o dia de sábado e na manhã de domingo os 
advogados e estagiários debatiam temas profissionais, ligados à gestão do 
escritório ou a assuntos propriamente jurídicos. As noites de sexta-feira e de 
sábado, porém, eram puramente sociais, dedicadas à confraternização. 
27- A autora foi convidada para o seminário. De início, teve dúvidas em 
aceitar o convite. Sabia que era a primeira vez que alguém, não diretamente 
ligado às atividades profissionais da firma, participava de uma convenção daquele 
tipo. Finalmente, face à insistência do réu, sentindo-se honrada, aceitou. 
28- Não levou, porém, acompanhante. Nem a autora, nem o réu, cuja 
esposa estava, na ocasião, ao que foi dito, em viagem ao exterior. 
29- Na noite de sexta-feira houve de fato uma grande confraternização. 
Todos conversavam animadamente; o jantar foi agradável e havia muita amizade 
e alegria. Mas nada de anormal ou grave aconteceu e, por volta das onze horas da 
noite, já todos estavam recolhidos. 
30- Aconteceu, isto sim, na noite de sábado. Nessa noite, após o jantar, um 
conjunto tocava música de dança. Sem acompanhante, o réu tirou a autora várias 
vezes para dançar. À medida que a noite se desenvolvia, cada vez mais procurava 
o réu a proximidade corporal com a autora. 
31- Os outros casais aos poucos iam se recolhendo aos respectivos 
aposentos até que, cerca de uma hora da madrugada, só restavam dançando 
autora e réu, este último, a essa altura, completamente embriagado. 
32- Tocado pelo álcool, o réu perdeu o controle de si mesmo e começou a 
tentar seduzir a autora, com palavras eloqüentes ,carregadas de sensualidade 
imoral. 
33- A autora, é claro, resistiu sempre, até que, finalmente, desvencilhou-se 
do réu e saiu andando apressadamente até seu quarto. 
34- O réu, porém, seguiu-a e, com o pé, impediu-a de trancar a porta, 
dizendo cruamente, em alto e bom som: 
 
"- Esta noite eu vou dormir aqui com você". 
 
35- O constrangimento era total e invencível., No silencioso hotel de fim de 
semana, todos estavam recolhidos. O réu, completamente embriagado, deixava 
desenganadamente claras suas lascivas intenções. Somente com grande 
escândalo, do qual todos os demais hóspedes do hotel e, principalmente, os 
profissionais integrantes do escritório por certo tomariam conhecimento, poderia 
a autora ter resistido a suas lúbricas investidas. 
36- Não restou à autora senão aceder e passar a noite com o réu. Enojada, 
vencendo a repugnância, por várias vezes permitiu que ele a possuísse, sempre 
para evitar o escândalo. 
37- Manhã bem cedo, retirou-se o réu para seu próprio quarto e, algumas 
horas depois, de cara lavada, como se nada tivesse acontecido, presidia a reunião 
da manhã de domingo. 
38- A autora cuidava que todo aquele pesadelo não duraria mais que uma 
noite e que, novamente sóbrio, o réu se desculparia ou, pelo menos, tentaria 
fingir que nada tinha acontecido. 
39- De fato, foi assim que procedeu o réu durante todo o domingo, no 
hotel, e na viagem de volta. 
40- Na segunda-feira a autora apresentou-se ao trabalho, ainda 
desconfiada, mas pronta a iniciar esforço consciente para relegar o episódio- a 
merecido esquecimento. O emprego ainda era um bom emprego; a autora 
precisava dele; agora mais que nunca, pois sua mãe, já idosa, estava prestes a 
submeter-se a uma delicada intervenção cirúrgica. O réu, até ali, tinha sido um 
bom patrão. Tudo afinal não passara de uma noite de bebedeira. 
41- Ao final do expediente, porém, o réu chamou a autora, dizendo que 
precisava conversar com ela e oferecendo uma carona. Cuidando, ingenuamente, 
que receberia o tão esperado pedido de desculpas, a autora aceitou o convite. 
42- Mais uma vez, porém, para sua desgraça, enganou-se. O réu desejava, 
isto sim, reiterar que apreciara imenso a noite passada com ela, que insistia em 
chamar “uma noite de amor"; que não tinha deixado de pensar nela um só minuto 
e que queria repetir a experiência. 
43- Agora não havia mais a desculpa da embriaguez. O réu estava sóbrio e 
sua voz, firme, decidida; simplesmente, com estarrecedor cinismo e despudor, 
convidava a autora a ser sua amante fixa, a ter “um caso" com ele. 
44- A autora não sabia o que. fazer: aceitar não podia; não queria envolver-
se com o réu, um homem casado e, ao que se dizia, bem casado; por outro lado, 
estava implícito no convite que a recusa significaria para a autora a demissão do 
emprego. 45- Procurou a autora, em desespero, ganhar tempo. Pediu uma 
semana para pensar, ao que o réu, surpreendentemente, respondeu que 
esperaria... 
 
"_ ...porque tinha certeza que ela ia ser 'boazinha' e aceitar sua proposta". 
 
46- Durante uma semana, o réu nada disse. Manteve-se discreto, 
absolutamente frio, com o cinismo impávido e arrogante do conquistador 
profissional. 
47- Não deixou, porém, de sinalizar, indireta e ofensivamente, as vantagens 
que adviriam para a autora de aceitar suas propostas indecorosas; interessou-se 
mais por seu trabalho, sugeriu a contratação de um auxiliar para suas funções, 
acenou com a perspectiva de um aumento de seus vencimentos. 
48- Passada a semana de prazo, voltou o réu novamente à carga de modo 
direto: perto do final do expediente,como sete dias antes, ofereceu à autora uma 
carona, que esta não teve como recusar. 
49- Conversavam no trajeto; a autora, hesitante, relutante, com medo de 
negar, sentindo-se coagida, ameaçada de perder o emprego. O réu, gentil, polido, 
falsamente sedutor, mas deixando clara a opção: ou a autora se transformava em 
sua amante fixa ou teria que procurar rapidamente um novo emprego. 
50- A autora, nervosa, entretida na conversa difícil, não observava para 
onde estavam se dirigindo. De repente, em uma curva, o réu saiu com o carro da 
estrada e entrou em um motel, pedindo imediatamente a chave da suíte 
presidencial. 
51- Novamente o constrangimento; novamente o envolvimento, as 
insinuações, a criação de situações sem saída. E novamente a autora é forçada a 
aceder aos caprichos sexuais do réu. 
52- F0rmava-se assim uma situação irreversível. autora e réu, agora, eram 
amantes. Não havia como voltar atrás. 
53- Irremediavelmente enredada pelo patrão, era agora prostituída, 
obrigada a entregar seu corpo para não perder o emprego. Nada mais restava 
agora à autora senão manter as aparências e associar-se ao réu no negregando 
esforço de manter desconhecido o espúrio conúbio. 
54- A rel.ação, vivida às ocultas, durou alguns meses. A autora, porém, 
sofria muito; não saía mais de casa. Sua condição de amante fixa de um homem 
casado, ainda por cima seu patrão, tornava-a uma pessoa amarga, dissimulada. 
55- O único lugar que freqüentava, além do trabalho, era o motel, sempre o 
mesmo, uma ou duas vezes por semana pelo menos, ao final do expediente. De 
vez em quando, quando o réu tinha o.pretexto de alguma viagem, exigia que a 
autora o acompanhasse ou que, antes ou depois, passasse com ele uma noite 
inteira, o que a obrigava a inventar mentiras constrangedoras para sua velha mãe, 
com quem ainda morava. 
56- Mas não paravam aí os sofrimentos. Também por um outro particular a 
situação era cruel: além de seus sonhos profissionais, a autora evidentemente 
tinha também sonhos como mulher, os sonhos de toda moça: ter uma relação 
afetiva normal, sólida, casar-se, gerar e criar os próprios filhos. 
57- Aos poucos esses sonhos iam se frustrando. Como poderia ela, 
sentindo-se como se sentia, uma prostituta, entregando-se a práticas sexuais com 
um homem que não amava, conseguir desenvolver um outro tipo de relação, mais 
puro e mais saudável? 
58- Um dia, porém, apesar de tudo, a autora apaixonou-se por um rapaz 
solteiro, um jovem médico, dois anos mais velho que ela, que conheceu na festa 
de casamento de sua irmã. 
59- Sua paixão, para sua felicidade ou desgraça, foi correspondida e logo 
iniciava ela, cheia de esperanças, um namoro saudável. 
60- Estava, porém, carregada de culpas. Não podia continuar nem mais um 
minuto levando uma vida dupla: amando com pureza o jovem médico, ao mesmo 
tempo em que mantinha com o patrão uma relação adúltera e pecaminosa. O 
rompimento com o réu, nas circunstâncias, tornou-se inevitável. 
61- O réu, porém, inconformado, insistia, prometia, ameaçava, gritava; 
chegou mesmo, certa vez, a agredir fisicamente a autora. 
62- Finalmente, deixou-a ir. Mas, no dia seguinte, como era de se esperar, a 
autora estava demitida. 
63- Não parou aí a baixeza do réu. Vingativo, contou ao namorado da 
autora o caso que tivera com ela, mostrando-lhe, inclusive, fotografias suas em 
posições obscenas. 
64- A mãe da autora, por sua vez, mal recuperada da cirurgia a que se 
submetera, não resistiu à sucessão de crises emocionais da filha e faleceu pouco 
depois. 
65- A própria autora adoeceu seriamente. Não conseguia arranjar emprego; 
tinha vergonha. O réu, pessoa conhecida e influente na sociedade, cuja separação 
recente era assunto das crônicas de intrigas, provavelmente denegrira seu nome. 
66- Poderia a autora alongar-se ainda, por páginas e páginas no relato de 
seus tormentos. Não o faz. Não é preciso. V. Exa. saberá, com sua sensibilidade de 
magistrado, avaliar com precisão quão duros foram esses tempos de tormento e 
humilhação que o comportamento reprovável do réu causou à autora. 
 
Questões 
a) Resuma, em até cinco linhas, qual a versão narrada pela parte autora. 
b) Identifique, na transcrição desse segmento, pelo menos três informações que a 
parte ré não teria narrado. Justifique por quê. 
C) Identifique pelo menos dois recursos linguísticos que visem a valorar os fatos a 
favor da parte autora. 
 
 
[1] Barros, Orlando Mara. Comunicação & Oratória. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 
2001, p. 138. 
[2] LACERDA, Gabriel. Em segredo de justiça. Rio de Janeiro: Xenon, 1995, p. 10-
20. 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref1
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_3/default.aspx#_ftnref2
Avaliação Questão A: é importante que fique evidenciada a acusação de assédio sexual, 
decorrente da hierarquia da relação de emprego. 
Questões B e C: resposta livre, mas deve ser coerente e fundamentada. 
Situação Em Elaboração 
Considerações adicionais 
Plano de ensino 
 
 
Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de aulas por 
semana 
1 
Número de semana de aula 4 
Tema Modalização e questões gerais de norma culta aplicadas à linguagem jurídica. 
Objetivos O aluno deverá ser capaz de: 
- Aplicar, na produção do texto narrativo valorado, as estratégias modalizadoras; 
- Compreender o fenômeno narrativo não como manipulação da verdade 
(problema de ética), mas como construção de uma versão verossímil dos fatos; 
- Rescrever fragmentos de textos jurídicos que apresentem problemas de norma 
culta no tocante à linguagem forense. 
Estrutura de conteúdo 1. Narrativa jurídica valorada 
1.1. Uso de modalizadores 
1.2. Verossimilhança e diferentes versões dos fatos 
2. Português jurídico e questões gerais de norma culta 
2.1. Uso dos conectores “eis que”, “de vez que”, “vez que” e “posto que” 
2.2. Uso de “ocorre que” e “inobstante” 
2.3. Pontuação nas orações subordinadas adjetivas e produção de sentido no 
discurso jurídico 
2.4. Regras gerais para o registro dos dispositivos legais 
2.5. Uso de estrangeirismos 
2.6. Uso de letras maiúsculas nos termos que se referem às partes (autor, réu, 
requerente, requerido etc.) 
2.7. Uso de “através de” 
2.8. Uso de abreviações e a questão de “a fls.” e “de fls.” 
2.9. Uso dos pronomes “esse” e “este” 
2.10. Uso de “o mesmo” e “onde” 
Procedimentos de ensino Aula dialogada. 
Entendemos por modalizadores todas as marcas lingüísticas 
disparadoras de raciocínio jurídico. Podem ser estratégias modalizadoras a seleção 
vocabular, a adjetivação, a ordem dos elementos na frase, a entonação etc. É a 
presença do modalizador que auxilia a produção da narrativa valorada; sua 
ausência marca uma tendência de imparcialidade. 
Esta aula o auxiliará no aprofundamento da identificação dos 
modalizadores. Aproveite, ainda, para discutir o efeito discursivo que esses 
elementos trazem para o texto em que são usados, mesmo porque, como vimos, a 
subjetividade de seu uso favorece interpretações distintas de como serão 
compreendidos pelo juiz. 
Ressalte que há modalizadores mais evidentes e outros mais sutis e assinale que 
os muito evidentes (“empresas inescrupulosas”, por exemplo) podem ser 
prejudiciais à narrativa quando traduzem uma valoração pejorativa, 
preconceituosa, agressiva para as partes. Lembre a seus alunos que as discussões 
levadas ao judiciário devem ser pautadaspela ética e pelo profissionalismo; a lide 
não pode ser uma “questão pessoal”. 
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia 
básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet. 
Aplicação prática e teórica A modalização consiste na atitude do falante em relação ao conteúdo 
objetivo de sua fala. Um dos elementos discursivos mais empregados na 
modalização consiste na conveniente seleção lexical. De fato, em muitos casos, 
uma mesma realidade pode ser apresentada por vocábulos positivos, neutros ou 
negativos, tal como ocorre em: sacrificar / matar / assassinar; compor / escrever / 
rabiscar; cidadão / réu / assassino. 
Dessa forma, uma leitura eficiente deve captar tanto as informações 
explícitas quanto as implícitas. Portanto, um bom leitor deve ser capaz de “ler as 
entrelinhas”, pois, se não o fizer, deixará escapar significados importantes, ou pior 
ainda, concordará com idéias ou pontos de vista que rejeitaria se os percebesse. 
Assim, para ser um bom produtor de texto jurídico, é necessário que o emissor 
esteja apto a utilizar os recursos disponíveis na língua a serviço da modalização. 
Não se trata de mentir ou manipular, o que constituiria verdadeiro 
problema de ética profissional e humana. Trata-se, isso sim, de construir versões 
verossímeis sobre como se desenvolveu a lide. 
Leia o texto a seguir, disponível na Internet, sobre a ocupação, pela Polícia e 
pelas Forças Armadas, do conjunto de favelas do alemão, no Rio de Janeiro, em 
novembro de 2010. 
ESPERAMOS ANSIOSAMENTE QUE, APÓS A INVASÃO POLICIAL, 
O GOVERNO DO ESTADO ANUNCIE A INVASÃO SOCIAL 
"Atenção moradores do Alemão e da Vila Cruzeiro, a partir de hoje iniciaremos a 
construção de unidades hospitalares com medicos 24 horas, a construção de 
escolas profissionalizantes e de incubadoras industriais para geração de 
empregos; criaremos unidades de alfabetização e de formação em ensino 
primário, o mesmo vale para as outras comunidades ‘pacificadas’" 
 
Esperamos ansiosamente esse anúncio, que logicamente deveria ser dado em 
seguida à ocupação. Afinal, fala-se muito nessa ação do poder do Estado. Que 
tipo de poder? Afinal, o único poder do Estado é a força? Certamente tem o 
poder também de promover a inclusão social que dê um pouco de esperança aos 
que são obrigados a viver no morro! 
(Adaptado de texto disponível em: 
http://dineymonteiro.nireblog.com/post/2010/11/28/ 
comecou-a-invasao-do-alemao. Acesso em: 10 de dezembro de 2010) 
 
Questão 1 
Após a leitura do texto, faça uma análise das estratégias modalizadores que são 
observadas. 
 
Questão 2 
Leia os fragmentos adiante e rescreva-os, adequando-os à norma culta da Língua 
Portuguesa. 
 
A) Os autos foram apensados aos da medida cautelar de sustação de protesto, 
através do qual a autora logrou a sustação liminar do protesto. 
B) Insta salientar que a informante Ana Buarque, secretária do demandante, não 
narra qualquer humilhação que este tenha sofrido, até mesmo porque era a 
depoente que ia ao 7º Ofício de Imóvel tentar resolver a pendência, ora sozinha, 
ora em companhia da Dra. Maria dos Milagres. 
C) A culpa, em sede penal, precisa ser demonstrada. 
D) O advogado apelou, sob a alegação de que o magistrado desconsiderou os 
documentos de fls. 30-34, os quais, por certo, comprovarão a obrigação do réu. 
E) O consumidor, que é hipossuficiente, faz jus à inversão do ônus da prova. 
F) É inadmissível inovar o pedido em sede de recurso, visto que não se pode 
recorrer do que não foi objeto de discussão e decisão em primeira instância (RT 
811/282). 
G) A contestante opõe-se apenas a esse item: o pedido de renovação, pois 
pretende a retomada para uso próprio, posto que seu objeto social é muito mais 
amplo do que o da Autora. 
H) Incumbia à autora provar os fatos, através de perícia, que deve ser 
tempestivamente requerida ao magistrado. 
I) Considerando que os meios de verificação das chamadas telefônicas são 
informatizados e, inobstante suscetíveis de inúmeras falhas, não resta 
configurada, in casu, a abusividade que ensejaria a devolução em dobro. 
J) Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar 
(Lei/DF Nº 3212 de 30.10.03) 
L) Todavia, o registro lhe foi negado, sem o menor fundamento, posto que 
conforme certidão de ônus reais do imóvel, emitida em 22/06/2010, o imóvel 
estava livre de impedimentos. 
M) Ocorre que outra indisponibilidade foi averbada no dia 11/09/2008 e, mais 
uma vez, o Autor precisou ingressar com demanda para cancelamento do 
gravame, o que aconteceu em 04/05/2010. 
N) Leia atentamente os fragmentos abaixo. marque a letra correspondente à 
alternativa correta quanto ao registro dos dispositivos legais. 
a) “A inobservância dos incisos I e II do artigo 226 do Código Penal, não gera a 
nulidade dos autos de reconhecimento.” 
b) “Tal regramento regimental afeiçoa-se, dando-lhe aplicação aos arts 96, I, a e 
125 § 1o, da Constituição da República Federativa do Brasil.” 
c) “O recorrente alegou que fora contrariada a literalidade do art. 485 IV e V c/c os 
arts 295, I, p. ú., II e III, e 267, I e IV, do CPC.” 
d) “O MP denunciou Xênio Zamir por atitude comportamental subsumida no 
art.121, § 2º, II e IV c/c o art. 61, II, ‘e’ do CP.” 
 
Avaliação Questão 1 
A seleção vocabular e a redação tendenciosamente crítica em relação ao 
trabalho realizado pelas polícias e pelas forças armadas favorece diversas 
possibilidades modalizadoras, porém, chamamos especial atenção para as 
escolhas “invasão” / “ocupação” e para o uso polissêmico da palavra “poder”. 
 
Questão 2 
Algumas orientações que podem ser dadas aos alunos: 
1) Não há dúvida de que, se os reiterados "através de" forem substituídos, 
com propriedade, pelas preposições "por", "com", "em" ou "de", 
conforme o caso, a frase ganhará em elegância e vernaculidade. 
2) O uso forense consagrou há muito a locução "a folhas", da mesma forma 
que também o fez com a expressão "de fls.". É freqüente encontrar essa 
locução como se antes de folhas houvesse também o artigo "as" ("às 
folhas"). Contudo, o correto é dizer "a folhas" da mesma forma que nos 
referimos a "documento de folhas". Vem a propósito a lição de 
NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA, que em verbete do seu Dicionário de 
Questões Vernáculas, diz que "a folhas vinte e duas" significa "a vinte e 
duas folhas do início do trabalho", como quem diz "a vinte e duas braças". 
A respeito do uso da expressão "a fls.", convém assinalar que 
freqüentemente ela trunca desnecessariamente as frases da sentença. 
Parece mesmo às vezes que o juiz, ao prolatar a sentença, está mais 
voltado para "documentos" e "peças do processo" do que para o 
conteúdo e significado deles. A referência “a fls.” constitui mero 
expediente para facilitar ao leitor da sentença a localização do documento 
ou peça. Por isso muitas vezes será melhor retirar a referência do 
contexto, colocando-a entre parênteses. 
3) Esse (e variantes) – pronome demonstrativo utilizado para retomar 
referentes cujas idéias já foram apresentadas no discurso. Este (e 
variantes) – pronome demonstrativo utilizado para indicar idéias que 
ainda serão apresentadas no discurso. 
4) Entre os vícios de linguagem que devem ser combatidos inclui-se o 
estrangeirismo desnecessário, por se encontrarem, no vernáculo, 
vocábulos equivalentes. Quando não houver equivalente, porém, em 
língua materna, segundo a ABNT, deve ser grafado o vocábulo com 
destaque em itálico. 
5) O italianismo "em sede de” pode, em geral, ser substituído por outros 
termos mais apropriados. 
6) Napoleão Mendes de Almeida, em o Dicionário de Questões Vernáculas, 
registra como ERRO o emprego do demonstrativo “mesmo" com função 
pronominal. Aurélio Buarque de Holanda, em seu Dicionário anota ser 
conveniente evitar o uso de “o mesmo” como equivalente dos pronomes 
"ele“, "o" etc. 
7) Nenhum dicionário autoriza o neologismo "inobstante", que circula nos 
meios forensesa par de outras expressões de formação semelhante. 
Preferível o uso das expressões vernáculas já consagradas: "não obstante" 
ou "nada obstante". A mesma observação se pode fazer em relação a 
outros neologismos como "inacolhida". 
8) A expressão ocorre que não tem objetividade redacional na formulação 
da peça processual. Alguns professores de Língua Portuguesa chamam 
isso de “muleta redacional”. 
Letra N – resposta D. 
Situação Em Elaboração 
Considerações adicionais 
Plano de ensino 
 
 
Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de aulas por 
semana 
1 
Número de semana de 
aula 
5 
Tema Polifonia e intertextualidade na construção do discurso jurídico. 
Objetivos O aluno deverá ser capaz de: 
- Compreender a relevância da polifonia para a produção do discurso jurídico; 
- Reconhecer a polifonia como fenômeno intertextual; 
- Rescrever trechos e parágrafos por meio de paráfrases (citações indiretas); 
- Dominar as recomendações da ABNT acerca do uso de citações diretas. 
Estrutura de conteúdo 1. Polifonia e intertextualidade 
1.1. Citação direta 
1.1.1. Citação de até 3 linhas e orientações da ABNT 
1.1.2. Citação de mais de 3 linhas e orientações da ABNT 
1.2. Citação indireta (paráfrase) 
1.2.1. Reprodução ideológica de conteúdos 
Procedimentos de ensino Aula dialogada. 
Recomendamos que este encontro seja utilizado para refletir sobre a 
importância da polifonia. Todas as vozes que auxiliam no conhecimento dos fatos 
que compõem a lide serão bem-vindas. Em muitos processos, o único meio de 
esclarecer os acontecimentos é ouvindo as partes, as testemunhas, as autoridades 
policiais que realizaram diligências etc. 
Mesmo com a presença de provas documentais no processo, a polifonia terá 
sua importância, ainda que relativizada pela eventual inconsistência dessas falas. 
Sugerimos ajudar o aluno a conhecer os recursos linguísticos que marcam a 
polifonia. É possível trabalhar, também, os tipos de discurso (direto, indireto e 
indireto livre) e sua colaboração para a produção da narrativa forense. 
No terceiro semestre, a polifonia receberá outra conotação, a de informação que 
ajudará no desenvolvimento do argumento de autoridade e do argumento de prova. 
Assinale, talvez, essa questão, mas somente a aprofunde em Teoria e prática da 
Argumentação Jurídica. 
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia 
básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet. 
Aplicação prática e 
teórica 
No ato de interpretar um texto, não é apenas necessário o conhecimento 
da língua, mas também se faz imprescindível que o receptor tenha em seu arquivo 
mental as informações do mundo e da cultura em que vive. Ao ler/ouvir um discurso, 
o receptor acessa diferentes memórias. 
Portanto, interpretar depende da capacidade do receptor de selecionar 
mentalmente outros textos. Quem não tem conhecimento armazenado, cultura, 
leitura de mundo, terá dificuldade, quer na construção de novos discursos, quer 
na captação das intenções do emissor do discurso. 
 
ELEMENTOS LINGUÍSTICOS QUE TÊM O PAPEL DE MARCAR A POLIFONIA: 
Conjunções conformativas segundo, conforme, como, etc. 
Verbos introdutores de vozes 
(dicendi – verbos de dizer) 
dizer, falar, (verbos mais neutros); 
enfatizar, afirmar, advertir, 
ponderar, confidenciar, alegar. 
 
 INSERIR AQUI O ANEXO 2 
 
 
 
 
 
Paráfrase é um resumo, cuidadoso e original, do conteúdo da obra ou trecho lido, 
elaborado com as próprias palavras do pesquisador. (...) Deve ser redigida com 
bastante clareza e exatidão, de modo a possibilitar, no futuro, a sua utilização sem 
necessidade de retorno à obra original. 
(MARCHI, Eduardo Silveira. Guia de Metodologia Jurídica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 
2009, p. 240). 
 
 
Questão 1 
Leia a ementa do julgado abaixo, cujo relator foi o Desembargador Jorge 
Magalhães, e parafraseie, em texto corrido, na forma de parágrafo, essas ideias em 
até cinco linhas. 
 
Adoção cumulada com destituição do poder familiar. 
Alegação de ser homossexual o adotante. Deferimento do 
pedido. Sendo o adotante professor de ciências de colégios 
religiosos, cujos padrões de conduta são rigidamente 
observados, e inexistindo óbice outro, também é a adoção, 
a ele entregue, fator de formação moral, cultural e 
espiritual do adotado. A afirmação de homossexualidade do 
adotante, preferência individual constitucionalmente 
garantida, não pode servir de empecilho à adoção de 
menor. 
 
Questão 2 
Assim como no exercício anterior, leia o fragmento, compreenda seu sentido 
global e parafraseie seu conteúdo. 
“Consoante orientação de Malhães, ‘os estudantes que estão se iniciando na 
vida intelectual precisam ser orientados pelos seus professores, a fim de adquirirem 
familiaridade com os livros e habilidades na seleção das obras a serem consultadas’.” 
 
Questão 3 
o texto adiante é rico em polifonia. Identifique essas ocorrências e comente qual o 
papel dessas informações na construção do texto. 
 
TEXTO[1]: 
O Ministério Público de Santa Catarina impediu que o bacharel em Direito 
Carlos Augusto Pereira prestasse concurso público para Promotor de Justiça do órgão, 
por ele ser cego. Ele recorreu da decisão, mas teve o seu pedido negado. 
Na carta em que justifica a medida, o MP de Santa Catarina alegou que a 
função é indelegável, e Pereira, "obrigatoriamente, teria que se socorrer de pessoas 
estranhas ao quadro funcional que não prestaram juramento público.” 
O Presidente da Comissão de Concurso, Pedro Sérgio Steil, afirmou que o 
"Promotor tem de preservar o sigilo e não pode repassá-lo a ninguém. Há 
impossibilidade de exercício profissional de uma pessoa com essa deficiência". 
Já o Presidente da Associação Nacional do Ministério Público, Marfam Vieira, 
discorda. "Não vejo incompatibilidade. Há áreas em que ele poderia atuar 
perfeitamente. E é função do Ministério Público proteger o deficiente físico, 
sobretudo porque a Constituição determina reserva de vaga nos concursos públicos. 
É lamentável que o MP de Santa Catarina esteja praticando um ato de 
discriminação". Marfam vai pedir à presidência da Associação do MP daquele Estado 
que reveja a decisão. Carlos Augusto Pereira afirmou que, "se fosse aprovado, teria 
um funcionário investido de fé pública", para ler os documentos para ele. 
"A orientação da manifestação ministerial seria dada por mim. Além disso, há 
sistemas que fazem a leitura pelo computador, como os sintetizadores de voz", 
ressaltou, ainda, Vieira. 
O Estado de Santa Catarina tem na Procuradoria da Advocacia Geral da União - 
órgão federal - um cego, Orivaldo Vieira. Há casos semelhantes em outros Estados do 
país. O procurador do Trabalho, Ricardo Marques da Fonseca, chefe da Procuradoria 
Regional de Campinas, e o defensor público Valmery Jardim, também são cegos. 
O bacharel é funcionário concursado da Justiça Eleitoral. Na ocasião do concurso, 
para auxiliá-lo nos exames, foram designados dois advogados: um leu para ele a prova 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftn1
e os livros usados para consulta, e o outro escreveu as respostas. 
O candidato considera ter sido uma vítima do preconceito e vai mover uma 
ação em face do órgão catarinense e exigir indenização por danos morais. 
Ainda segundo o Corregedor-Geral do MP de Santa Catarina, “um cego precisaria, em 
algumas circunstâncias, do auxílio de outra pessoa. A tecnologia fornece facilidades, 
mas o reconhecimento de provas ou o exame de uma perícia ficam prejudicados. Não 
é razoável que o Estado tenha de criar uma estrutura para viabilizar uma exceção” 
 
 
 
 
[1] Folha de São Paulo, marçode 2000. 
Avaliação Questões 1, 2 e 3 têm respostas abertas. 
Situação Em Elaboração 
Considerações adicionais 
Plano de ensino 
Anexos Anexo 2.docx 
 
 
 
Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de aulas por 
semana 
1 
Número de semana de 
aula 
6 
Tema Seleção dos fatos da narrativa jurídica. 
Objetivos O aluno deverá ser capaz de: 
- Identificar os fatos que constarão na narrativa jurídica. 
- Distinguir os fatos juridicamente importantes daqueles que são esclarecedores das 
questões importantes. 
- Desenvolver raciocínio jurídico capaz de levar à compreensão de que os fatos que 
não são usados, direta ou indiretamente, na fundamentação da tese, não precisam 
ser narrados. 
Estrutura de conteúdo 1. Classificação dos fatos 
1.1. Fatos juridicamente importantes 
1.2. Fatos que contribuem para a compreensão dos que são relevantes 
1.3. Fatos que dão ênfase a informações relevantes 
1.4. Fatos que satisfazem a curiosidade do leitor 
2. Seleção de fatos para a produção da narrativa jurídica 
Procedimentos de ensino Aula dialogada. 
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia 
básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet. 
Aplicação prática e 
teórica 
Num relato pessoal, interessa ao narrador não apenas contar os fatos, mas 
justificá-los. No mundo jurídico, entretanto, muitas vezes, é preciso narrar os fatos de 
forma objetiva, sem justificá-los. Ao redigir um parecer, por exemplo, o narrador 
deve relatar os fatos de forma objetiva antes de apresentar seu opinamento técnico-
jurídico na fundamentação. 
Antes de iniciar seu relato, o narrador deve selecionar o quê narrar, pois é 
necessário garantir a relevância do que é narrado. Logo, o primeiro passo para a 
elaboração de uma boa narrativa é selecionar os fatos a serem relatados. 
 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/default.aspx#_ftnref1
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_5/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%202.docx
INSERIR AQUI O ANEXO 3 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 1: 
Leia os casos concretos que seguem e sublinhe todas as informações que 
precisam ser observadas em uma narrativa imparcial. Em seguida, liste, em tópicos, 
todas essas informações que devem ser usadas no relatório. 
 
Caso concreto 1 
O motorista que atropelou a estudante universitária Daniele Silva, de 24 anos, 
moradora da Rua da Saudade, 25, casa 3, Santa Teresa, CPF 453992292-67, na pista 
do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira, 08 de março de 
2010, às 23h 30min, confessou ter fugido sem prestar socorro à vitima, que morreu 
no local. Formado em Relações Internacionais, Marcelo Cotrim, de 25 anos, mora na 
Rua Senador Patrício, 80, apartamento 403, Flamengo, CPF 435 874 985-20, RG 
2323874044-9, e se apresentou ontem ao 10º DP (Botafogo), onde alegou não ter 
parado para prestar socorro, por ter ficado com medo de ser linchado. 
Marcelo é liberado após prestar esclarecimentos, autuado por homicídio 
culposo e omissão de socorro. 
Em seu depoimento, Marcelo disse: "logo após o acidente, liguei para o meu 
pai, o médico Reinaldo Cotrim, que mora a 500 metros do lugar do atropelamento. 
Não bebi antes do acidente. Tinha acabado de sair de casa, no Flamengo, para buscar 
a minha namorada, em Copacabana. Um casal passou correndo na frente do carro". 
Reinaldo, por telefone, quando Marcelo liga logo depois do acidente, fala para 
o filho ir para a casa. O médico vai até o local do acidente, constata que a menina já 
está morta, sai sem se identificar à polícia e aos bombeiros. 
Nos próximos dias, será ouvido o rapaz que estava com Daniele no momento 
do atropelamento, identificado como Alexandro, que também foi atingido. 
O advogado de Marcelo, Pedro Lavigne, ficou na delegacia com ele durante 
toda a tarde. Indagado por que seu cliente ligara para o pai em vez de chamar os 
bombeiros, Lavigne ainda tentou justificar: 
_ O pai dele é médico e estava a poucos metros dali. Ele foi até lá para tentar 
salvar a menina, mas ela já estava morta. Ele está muito abalado e, por isso, não se 
apresentou antes. 
Opinião do delegado do 10º DP, Laurindo Lobo, ele está jogando a culpa em 
cima da vítima. O advogado de defesa disse acreditar que ele sequer responderá a 
processo. 
 
Caso concreto 2 
Desde o dia 18 de setembro de 2010, o motorista José Menezes de Lacerda, de 
47 anos, portador do vírus da AIDS, é procurado pela polícia. Ele mudou de casa e 
vive apavorado com a ideia de passar os próximos anos na cadeia. Sem antecedentes 
criminais, José foi condenado, em outubro de 2008, por um júri popular, a oito anos 
em regime fechado. A acusação: tentar matar a amante, transmitindo-lhe o HIV. O 
caso que teve repercussão nacional. O réu recorreu ao Tribunal de Justiça de São 
Paulo, mas perdeu: em março de 2009, o órgão confirmou a decisão dos jurados. 
O advogado que defendeu José, no início do processo, e o promotor que o 
denunciou, em 2006, dizem que não sabem de casos semelhantes no país. Como 
eles, outros especialistas afirmaram ao Estado não ter notícia de processos no qual 
um portador do HIV tenha sido condenado à prisão por homicídio doloso (com 
intenção de matar) e qualificado (por uso de meio cruel) porque contaminou alguém 
com o vírus. 
Luiz Carlos Magalhães acompanhou José durante o processo como advogado 
da assistência judiciária do Estado. Hoje o motorista está sem defensor. Magalhães 
diz que o caso ficou “ainda mais sui generis” – e dramático – porque Marília, a mulher 
contaminada, retomou o romance com José. Ela afirmou que já está arrependida de 
ter registrado boletim de ocorrência contra o companheiro. Mas não há o que fazer, 
porque, em casos de homicídio, a ação penal independe da vontade da vítima (ação 
penal pública incondicionada). Marília não quis falar com a reportagem. 
José disse ter sido informado sobre a ordem de prisão há duas semanas pela 
própria amante, que tinha ido buscar um atestado de bons antecedentes para ele. 
“Foi um baque”. O motorista afirma que ele e Marília vivem entre “idas e vindas”, 
mas ainda estão juntos. “Eu não sei se é gostar. É alguma coisa mais forte do que eu.” 
Ele afirma que ambos estão em boas condições de saúde e recebem tratamento 
gratuito do governo. 
“Este caso foi um circo”, diz Magalhães. “Os dois estão vivos e saudáveis. Não 
houve tentativa de homicídio. Além disso, não existe essa tipificação na nossa 
legislação, tentar matar por meio do vírus da AIDS.” 
“Não lembro de nenhuma condenação no Brasil, um caso concreto”, afirma 
Damásio de Jesus, professor convidado da especialização em Direito Penal da Escola 
Paulista de Magistratura. Em Espanha e Alemanha, no entanto, já são comuns os 
processos nos quais a transmissão do vírus foi classificada como tentativa de 
homicídio. A alegação é de que o réu sabia que tinha o HIV e mesmo assim manteve 
relações sexuais sem proteção. “As coisas lá acontecem antes”, afirma Damásio. 
O próprio Magalhães diz que há poucas chances de sucesso em recursos aos 
tribunais em Brasília, porque se trata de decisão de júri popular, referendada pelo 
Tribunal de Justiça. Depois da condenação a oito anos de regime fechado e do 
recurso do réu, o TJ apenas adaptou a decisão para que José possa pleitear a 
progressão da pena. 
Para o professor titular de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná, 
René Ariel Dotti, como José perdeu o prazo para novo recurso ao TJ, sobram como 
alternativas uma revisão de pena ou um habeas corpus ao Superior Tribunal de 
Justiça. Dotti diz ter dúvidas sobre a condenação. “Acho duvidoso. A tentativade 
homicídio depende da probabilidade da contaminação. Se não há 100% de certeza de 
que em uma relação possa haver o contágio, não houve tentativa de homicídio”. 
Recentemente, deixou definitivamente a mãe dos quatro filhos para ficar com 
a amante. Conseguiu novo emprego e começou a se “reerguer”. Mas então soube da 
ordem de prisão expedida contra ele, há duas semanas. 
“Marília ficou abalada. E eu não acho justo. Sei que tinha minha parcela de 
culpa, mas ela também. Era responsabilidade do casal. Essa decisão de me prender 
foi um baque, quebrou minhas estruturas”, afirmou José ao Estado. 
José diz que tinha muitas parceiras e não sabe exatamente como contraiu o 
vírus da AIDS. Afirma que evitou contar a verdade para Marília porque estava 
apaixonado. “Meu cérebro está congestionado; não sei o que fazer”. 
 
Avaliação Tendo em vista a proposta de aula dialogada, desenvolva os raciocínios adequados à 
seleção dos fatos. Não deixe de discutir, a partir do segundo caso concreto, a 
possibilidade de se ajuizar, além da ação penal condenatória, uma ação civil 
indenizatória por parte da pessoa contaminada, em face do agente da prática 
delituosa. 
Situação Em Elaboração 
Considerações adicionais 
Plano de ensino 
Anexos Anexo 3.docx 
 
 
 
Título Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Número de aulas 
por semana 
1 
Número de semana 
de aula 
7 
Tema Organização dos fatos na narrativa jurídica. 
Objetivos O aluno deverá ser capaz de: 
- Compreender a necessidade de organização cronológica dos fatos na narrativa 
jurídica; 
- Identificar corretamente o fato gerador da demanda; 
- Desenvolver interesse pela pesquisa, com acesso a fontes principiológicas, legais, 
doutrinárias e jurisprudências. 
Estrutura de 
conteúdo 
1. Formas de organização dos fatos na narrativa 
1.1. Organização cronológica 
1.2. Organização acronológica 
2. Identificação do fato gerador 
3. Organização linear dos fatos nas narrativas cível e criminal 
Procedimentos de 
ensino 
Aula dialogada. 
Recursos físicos Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia 
básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet. 
Aplicação prática e 
teórica 
No discurso jurídico, é necessário ater-se aos fatos do mundo biossocial que 
levaram ao litígio. Ao procurar um advogado, o cliente fará, logo de início, um relato 
dos acontecimentos que, em sua perspectiva, causaram-lhe prejuízo do ponto de 
vista moral ou material. Contará sua versão do conflito, marcada, geralmente, por 
comoção, frequentes rodeios e muita parcialidade. Já compreendemos, nas aulas 
anteriores, que saber selecionar essas informações é importante e esse 
procedimento depende não só da peça que se quer redigir, mas também de uma 
visão crítica madura e acurada. 
Ao profissional do Direito caberá, em seguida, organizar as informações 
importantes obtidas nessa conversa, com vistas à estruturação da narrativa a ser 
apresentada na petição inicial. 
Sempre que o advogado elencar fatos, haverá entre eles um lapso temporal, 
imprescindível para a narrativa, a qual, por sua própria natureza, deve respeitar a 
cronologia do assunto em pauta, ou seja, a estrita ordem dos acontecimentos na 
realidade. A essa narrativa chama-se também narrativa linear. Sobre esse assunto, 
leia, também, o capítulo “Narração e descrição: textos a serviço da argumentação”, 
do livro Lições de argumentação jurídica: da teoria à prática, de cuja obra se extraiu o 
exemplo adiante: 
 
INSERIR AQUI O ANEXO 4 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_6/Lists/Plano%20de%20aula/Attachments/1/Anexo%203.docx
Acompanhe a sequência cronológica dos principais eventos de um conflito1: 
 
 
 
1999 2003 / 1º sem. 2003 / 2º sem. Meses depois 
[...] 
 
 
 
Ao contrário, não se deve apresentar fatos em sequência alterada, não-linear. 
Para Victor Gabriel Rodríguez, a utilização da narrativa linear evidencia para o leitor o 
encadeamento lógico entre os acontecimentos, crucial para se estabelecerem os 
nexos de causalidade e alcançar também maior clareza textual. 
Adiante, uma tabela com vocabulário da área semântica de tempo, a fim de 
orientá-lo na produção das narrativas. 
 
 
VOCABULÁRIO DA ÁREA SEMÂNTICA DE TEMPO[1]: 
Tempo em geral idade, era, época, período, ciclo, fase, temporada, prazo, lapso 
de tempo, instante, momento, minuto, hora, etc. 
Fluir do tempo o tempo passa, flui, corre, voa, escoa-se, foge, etc. 
Perpetuidade perenidade, eternidade, duração eterna, permanente, 
contínua, ininterrupta, constante, tempo infinito, 
interminável, infindável, etc. Sempre, duradouro, indelével, 
imorredouro, imperecível, até a consumação dos séculos, etc. 
Longa duração largo, longo tempo, longevo, macróbio, Matusalém, etc. 
Curta duração tempo breve, curto, rápido, instantaneidade, subitaneidade, 
pressa, rapidez, ligeireza, efêmero, num abrir e fechar d 'olhos, 
relance, momentâneo, precário, provisório, transitório, 
passageiro, interino, de afogadilho, presto, etc. 
Cronologia, 
medição, divisão 
do tempo 
Cronos, calendário, folhinha, almanaque, calendas, 
cronometria, relógio', milênio, século, centúria, década, lustro, 
qüinqüênio, triênio, biênio, ano, mês, dia, tríduo, trimestre, 
bimestre, semana, anais, ampulheta, clepsidra, etc. 
Simultaneidade durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultâneo, 
contemporâneo, coevo, isocronismo, coexistente, 
coincidência, coetâneo, gêmeo, ao passo que, à medida que, 
etc. 
 
1 FETZNER, Néli Luiza C. et al. Lições de Argumentação Jurídica: da Teoria à Prática. Rio de Janeiro: 
Forense, 2010, cap. 3.1. 
A autora fez a 
matrícula da 
sua filha na 
escola 
 
A autora foi 
impedida de 
assistir às 
aulas. 
Aumenta a 
inadimplência 
no pagamento 
das 
mensalidades 
A escola 
terceirizou as 
aulas de 
informática e 
inglês 
http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula/NewForm.aspx?RootFolder=/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/Lists/Plano%20de%20aula&Source=http://sgc.estacio.br/cienciasjuridicas/Direito/TeoriaePraticadaNarrativaJuridica/semanadeaula_7/default.aspx#_ftn1
Antecipação antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritário, 
primordial, prematuro, primogênito, antecedência, 
precedência, prenúncio, preliminar, véspera, pródomo, etc. 
Posteridade depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo, por 
fim, afinal, mais tarde, póstumo, "in fine", etc. 
Intervalo meio tempo, interstício, ínterim, entreato, interregno, pausa, 
tréguas, entrementes, etc. 
Tempo presente atualidade, agora, já, neste instante, o dia de hoje, 
modernamente, hodiernamente, este ano, este século, etc. 
Tempo futuro amanhã, futuramente, porvir, porvindouro, em breve, dentro 
em pouco, proximamente, iminente, prestes a, etc. 
Tempo passado remoto, distante, pretérito, tempos idos, outros tempos, 
priscas eras, tempos d'antanho, outrora, antigamente, coisa 
antediluviana, do tempo do arroz com casca, tempo de 
amarrar cachorro com lingüiça, etc. 
Freqüência constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro, repetição, 
repetidamente, tradicional, amiúde, com freqüência, 
ordinariamente, muitas vezes, etc. 
 
Infrequência 
raras vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre, 
ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado, 
insólito, de quando em quando, de vez em vez, de vez em 
quando, de tempos em tempos, uma que outra vez, etc. 
 
 
CASO CONCRETO 
Abandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair 
Francisca de Oliveira propôs ação judicial no Tribunal de Minas Gerais a fim de 
condenar o motorista aposentado Otacílio Garcia dos Reis, de 54 anos, a pagar-lhe 
indenização por danos morais. Ela pediu, ainda,

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