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1 Disciplina: Atendimento Educacional Especializado e Sala de Recursos Multifuncionais Autores: D.ra Maria Tereza Costa Revisão de Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2016 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Maria Tereza Costa Atendimento Educacional Especializado e Sala de Recursos Multifuncionais 1ª Edição 2016 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA COSTA, Maria Tereza Costa. Atendimento Educacional Especializado e Sala de Recursos Multifuncionais / Maria Tereza Costa. – Curitiba, 2015. 54 p. Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Atendimento Educacional Especializado e Sala de Recursos Multifuncionais – Faculdade São Braz (FSB), 2016. ISBN: 978-85-94439-32-1 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, bem como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da Disciplina Nesta disciplina serão apresentados o Atendimento Educacional Especializado e a Sala de Recursos Multifuncionais como dois recursos indispensáveis à Inclusão Escolar, tema que nos encaminha para a discussão que envolve o repensar a forma de educação que ainda ocorre em muitas escolas brasileiras. É fundamental perceber sob quais paradigmas essa educação está calcada, que concepções a sustentam e como se dá o processo educacional oferecido aos estudantes que fazem parte da instituição educacional, principalmente pública. Os aspectos da institucionalização do Atendimento Educacional Especializado (AEE) no Projeto Político Pedagógico da escola e a importância desse fato para a efetivação da inclusão dos estudantes, privilegiando as especificidades de cada um em prol de seu desenvolvimento pleno e de sua aprendizagem significativa. Serão abordadas e discutidas as características específicas de determinadas deficiências, bem como possíveis ações e adaptações estruturais para a efetiva inclusão dos sujeitos com essas necessidades. Para tanto, cada item discorre sobre as definições das deficiências, suas especificidades e possíveis ações que podem ser efetivadas na escola para promover a inclusão. Aula 1 - Apresentando as primeiras considerações sobre Inclusão Apresentação Aula 1 Nesta aula serão apresentadas considerações sobre a inclusão evidenciando seus conceitos, paradigmas, luta contra a exclusão e o processo inclusivo dentro do ambiente escolar. 1. Apresentando as primeiras considerações sobre Inclusão A discussão em torno da educação básica na contemporaneidade se dá em um universo significativamente complexo, em que os sistemas educacionais se encontram envoltos em grandes desafios com a chegada de uma clientela até então não considerada como pertencente a escola comum, mas que merece 6 não só ter acesso à matrícula, como também toda a oferta educacional que lhe é de direito, inclusive com um olhar e um entendimento mais voltado ao aprendiz e às suas capacidades e potencialidades, do que para suas defasagens, o que não significa negar a existência de suas necessidades especiais. Uma nova educação, que se pretende inclusiva, reforça e persegue a ideia de uma sociedade também inclusiva, que se assenta em uma filosofia que não só reconhece a diferença existente entre todos os seres humanos como um princípio, mas também se reconhece nessa mesma diferença. Com base nesse princípio e tendo como foco a atenção aos direitos sociais que são inerentes ao exercício da cidadania, visualiza-se a importância da garantia do acesso e da participação de todos os estudantes a todas as oportunidades oferecidas a qualquer indivíduo no universo educacional, seja ele alguém que apresente uma necessidade de atenção diferenciada ou não. 1.1 Conceito de inclusão O direito ao acesso e à participação de todos os alunos, nos leva ao conceito de Inclusão Escolar, conceito esse que define a atitude de não ter restrições ao acolhimento de qualquer pessoa no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social, condições físicas, psicológicas, intelectuais e pedagógicas. O termo faz uma referência direta à inclusão educacional de pessoas com Deficiência de qualquer natureza, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação. A inclusão escolar refere-se a uma proposta educacional que tem por base teorias educacionais contemporâneas, modificações estruturais, sociais, políticas e econômicas e está vinculada diretamente à prestação de serviços de Educação Especial no ensino comum. Por Educação Especial, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, reformulada pela Lei 12.796/13, de 04 de abril de 2013, entende-se a modalidade de 7 educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (art. 58). Mesmo que com uma determinação legal que já tem aproximadamente 20 anos, para dar conta do que a Lei exige, o sistema educacional brasileiro requer mudanças no que se refere às concepções pedagógicas, principalmente, dos professores. Se faz necessário repensar o ato pedagógico e, nessa dimensão: [...] é essencial compreendermos que os profissionais da educação da atualidade necessitam de um engajamento profissional e pessoal diferente daquele que se tinha e que era suficiente, a alguns anos atrás, quando os alunos aguardavam atentos e perfilados em suas carteiras a chegada do mestre, como meros espectadores de uma “educação bancária” (FREIRE, 1983 apud MENEZES, p. 82, 2011). Fonte: Wikimedia Commons 1.2 Conceito de exclusão Permitir a exclusão, pensando e agindo de forma excludente, significa andar na contramão do processo educacional contemporâneo que tem como base a construção e não a transmissão do conhecimento, por meio de uma aprendizagem que tenha como resultado uma mudança concreta no comportamento do indivíduo. 8 Importante Cabe à escola dar conta dessanova clientela educacional, extremamente diversificada, não só por contar com estudantes com necessidades educacionais especiais, mas também e principalmente pela presença de seres humanos que vivem as transformações de toda a natureza, que hoje fazem parte do dia a dia, com sujeitos imersos no acelerado mundo tecnológico e envolvidos pela velocidade com que as informações são disponibilizadas. Essa realidade exige um profissional da educação que tenha uma postura flexível e consciente, uma mentalidade inclusiva e não excludente, um ressignificar acadêmico, em que a própria formação acadêmica se faça de forma permanente e continuada, permitindo a esses profissionais, acompanhar as grandes transformações sociais e educacionais não como espectadores, mas como participantes ativos do processo. O paradigma da inclusão escolar requer que os sistemas de ensino sejam mais abertos, recebendo a todos os estudantes sem distinção, flexíveis a ponto de buscar formas, procedimentos e recursos que atendam à essa nova realidade e abrangentes no sentido de não trabalhar com base na seleção e na exclusão, e sim na recepção de todos. Para tanto, alguns mitos, principalmente aqueles relacionados ao fracasso escolar e que ainda fazem parte do sistema educacional brasileiro precisam ser derrubados. Mitos permeados por concepções ideológicas que são impostos pela classe dominante e que atingem fortemente a criança das escolas públicas, principalmente aquelas localizadas em áreas socioeconômicas desfavorecidas, bem como os determinismos biológicos e sociais que completam a gama de preconceitos, tabus e estereótipos que circulam o mundo educacional. 9 Saiba Mais REVISTA INCLUSÃO – MEC INCLUSÃO: O PARADIGMA DO SÉCULO XXI Trecho da entrevista com Claudia Pereira Dutra [...] Destaque uma ação preponderante para o desenvolvimento de uma proposta que concretize uma educação de qualidade para todos? A educação e os cuidados na infância são amplamente reconhecidos como fatores fundamentais para o desenvolvimento global da criança e meio de combater a exclusão, um processo que coloca para os sistemas educacionais o desafio de organizar projetos pedagógicos que promovam a educação de todas as crianças. Para a melhoria da qualidade da educação infantil e avanço do processo de inclusão educacional, o MEC/SEESP tem encaminhado aos sistemas educacionais orientações e materiais de formação docente com estratégias inclusivas voltadas para a atenção às especificidades das crianças. A orientação da educação inclusiva na educação infantil está expressa nas Diretrizes Nacionais da Educação Especial na Educação Básica CNE/2001, definindo que “o atendimento educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais terá início na educação infantil, nas creches e nas pré-escolas, assegurando-lhes o atendimento educacional especializado”, contemplada também nas Diretrizes da Política Nacional de Educação Infantil MEC/2004, orientando que “a educação de crianças com necessidades educacionais especiais deve ser realizada em conjunto com as demais crianças, assegurando-lhes o atendimento educacional especializado, mediante a avaliação e interação com a família e a comunidade”. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revistainclusao1.pdf. Para que a escola possa ultrapassar os obstáculos que hoje se colocam na sua dinâmica para a efetivação da inclusão, além do já exposto, faz-se necessário também a construção de uma nova proposta de Projeto Político Pedagógico, ou a reorganização do já existente, para que seja contemplado com um repensar na forma de dar aulas, que se reflita num espaço físico diferente, não só pela existência das adaptações ou adequações prediais, mas principalmente na sua organização cotidiana, que se reinvente em suas 10 metodologias, recursos e estratégias, nas quais as discussões não sejam fruto de pareceres individuais e sim, resultado de reflexões plurais, com o intuito de oferecer uma verdadeira educação de qualidade para todos. Fonte: Wikimedia commons (2015). 1.3 Superando obstáculos O paradigma da inclusão da educação inclusiva vem se construindo ao longo do tempo, desde a Declaração de Salamanca, resultado da reunião global que aconteceu em Dakar (África Ocidental) em 2000, envolvendo 164 governos, os quais são reconhecidos como a Cúpula Mundial de Educação, tiveram como meta a discussão em torno da oferta de uma educação que fosse inclusiva, que não só incluísse todo e qualquer estudante no sistema regular de ensino, mas também decorrente do processo inclusivo, oferecendo atendimento às necessidades básicas de aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos. 11 Fonte: Elaborado pelo DI (2015). A educação encontra-se permeada pelos conceitos extraídos do relatório da UNESCO referente a Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, coordenada por Jacques Delors, o qual estabelece os quatro pilares básicos da educação: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. 1981 - Ano Internacional das pessoas com deficiência Eventos internacionais •1990 - Jomtien: Educação para todos •1994 - Declaração de Salamanca •1999 - Guatemala: eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas com deficiência 2000 - Lei n. 10.098: Acessibilidade 2001- Diretrizes: educação especial na Educação Básica 2002 - Reconhecimento da LIBRAS 2006 - Governo Federal: Convenção Direito das pessoas com deficiências 2008 - Política Nacional: Educação especial com perspectiva Inclusiva 2009 - Resolução de n°. 4: Diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica 12 Fonte: Elaborado pelo DI (2015). 1.4 Quatro pilares básicos da educação É importante evidenciar que o ponto fundamental na história da educação inclusiva se dá em junho de 1994, na Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais realizada pela UNESCO em Salamanca, na Espanha, ocasião em que 92 países, entre eles, o Brasil, assinaram a Declaração de Salamanca, documento que traz como princípio fundamental: "todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independente das dificuldades e diferenças que apresentem" (UNESCO, 1994). O documento desenvolvido durante o encontro em Salamanca aponta para a inserção de todas pessoas com deficiência na sociedade, o que determina uma grande mudança social e educacional. O paradigma de uma educação que realmente seja inclusiva pressupõe, dessa forma, o abandono de toda e qualquer atitude que leve à segregação e a exclusão de estudantes do ensino regular, independentemente da justificativa que se tenha para ao ato. • • Aprendizagem integral. • Convivência na diferença de caráter pluralista. •Condições para colocar a teoria e o conhecimento em prática. • Abertura para o conhecimento com a aquisição de saberes, autonomia, pensar o novo e reinventar. Aprender a conhecer Aprender a fazer Aprender a ser Aprender a conviver 13 O atendimento citado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, reformulada pela Lei 12.796/13, de 04 de abril de 2013, aponta para a necessidade de se adotar ações pedagógicas diferentes daquelas propostas para as salas de aula comuns, para que ocorra o real e melhor atendimento às especificidades dos estudantes com necessidades educacionais especiais, complementando e /ou suplementando a educação escolar e, conforme o Decreto de n.º 7.611, de 17 de novembro de 2011, é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades da educação básica e superior.EDUCAÇÃO SUPERIOR ED U C A Ç Ã O B Á SI C A ENSINO MÉDIO ENSINO FUNDAMENTAL EDUCAÇÃO INFANTIL Fonte: Elaborado pelo DI (2015). LEI Nº 12.796 DE 04 DE ABRIL DE 2013 Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Lei disponível na integra no acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm ED U C A Ç Ã O E SP EC IA L 14 Outras particularidades do Atendimento Educacional Especializado envolvem a exigência de ser exclusivamente diferente do que ocorre na sala de aula do ensino comum, não sendo substitutivo dessa e não se caracterizando como reforço e/ou recuperação paralela. Deve funcionar no turno contrário daquele em que o estudante está regularmente matriculado, podendo acontecer na mesma escola ou em escola ou outro recurso físico próximo. Mesmo sendo um direito de todos os estudantes que atendem às exigências desse tipo de atendimento, deve ser aceito e autorizado por seus pais/responsáveis ou pelo próprio estudante. Importante A Constituição admite ainda que o atendimento educacional especializado possa ser oferecido fora da rede regular de ensino, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os estudantes. Deve ter, na proposta explicitada no projeto político pedagógico da escola, objetivos diferentes da classe comum, metas e procedimentos educacionais diferenciados, devendo acontecer em turno contrário ao que o estudante está matriculado no ensino regular. 1.5 Ações do AEE As ações do Atendimento Educacional Especializado (AEE) são definidas conforme o tipo de necessidade educacional especial que se pretenda atender. Como exemplo, em caso de estudantes com deficiência auditiva, a qual é identificada pela perda parcial ou total da audição, o tipo de atendimento deve estar de acordo com o grau da referida perda. Fonte: Wikimedia Commons 15 No caso de deficiência auditiva que não permita a audição de sons abaixo de 80 decibéis, ou em graus mais avançados, considerados perda auditiva severa e profunda (quando o indivíduo não escuta sons emitidos com intensidade menor que 91 decibéis) faz-se necessário, mesmo quando possível a leitura orofacial e a utilização de aparelhos e órteses, o ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Importante O Atendimento Educacional Especializado com a oferta de Libras disponibiliza ao estudante a base conceitual dessa língua, bem como o conteúdo curricular ofertado a todos os estudantes na sala de aula comum. Esse procedimento permite ao estudante com surdez a compreensão do conteúdo, uma vez que as ideias essenciais relacionadas ao mesmo são explicadas nessa forma de comunicação, com a utilização de imagens. A ocorrência de conceitos abstratos exige a busca de recursos diferenciados, como vivências, encenações, teatro e outras possibilidades que possam concretizar a ação. Para a Deficiência Visual (perda total ou parcial da visão), o atendimento educacional especializado é oferecido conforme a condição visual do estudante, podendo essa condição ser cegueira ou baixa visão, também conhecida por visão subnormal. Cabe ao professor do atendimento educacional especializado a oferta e a orientação quanto ao uso de recursos ópticos, recursos não ópticos e recursos de informática, bem como possibilitar a coleta de informações por meio dos sentidos remanescentes e a oferta de recursos para a orientação e mobilidade, ficando atento à configuração do espaço físico a qual deve possibilitar o conhecimento e o reconhecimento espacial, a disposição do mobiliário e a localização do próprio estudante em sala de aula. Em caso de cegueira, se faz necessário o ensino do código “Braille”, o qual baseia-se na combinação de 63 pontos que representam as letras do alfabeto, os números e outros símbolos gráficos. 16 Para o DSM V, que é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Deficiência Intelectual (DI) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits no desenvolvimento envolvendo limitações muito específicas de aprendizagem, déficits no controle das funções executivas (planejamento, organização, manejo do tempo, memória e controle das emoções), até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência. O conteúdo curricular oferecido aos estudantes com DI é o mesmo que para os demais estudantes, com atividades diversas e estratégias diversificadas. Cabe ao professor estimular o progresso do estudante nos níveis de compreensão, utilizando- se de meios que permitam acesso às novas situações e novos desafios. Estudantes com Transtornos Globais do Desenvolvimento, caracterizados pelo DSM V como pessoas com Transtornos do Espectro Autista, devem ser contemplados com práticas educacionais que propiciem o desenvolvimento de competências sociocognitivas e o uso de estratégias articuladas à experiência diária. Esses procedimentos são necessários para que ocorra a promoção do aprendizado, como também para que essas competências possam ser generalizadas pelo estudante em outros ambientes sociais e de intervenção. Para Refletir Cabe ao professor do AEE orientar os profissionais da escola na elaboração das estratégias no cotidiano escolar, na elaboração de recursos e na organização da rotina, de acordo com as peculiaridades de cada estudante e de cada escola. Será que de fato esse profissional atua dessa forma, conseguindo interagir com toda a equipe e otimizar a aprendizagem dos alunos? Para estudantes com AHSD (Altas Habilidades ou Superdotação) o professor do AEE poderá fazer uso do mapeamento de interesses, do portfólio de talentos, do contido na Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner 17 e, entre outros recursos, do Modelo de Enriquecimento Escolar de Joseph Renzulli. Este último permite que o estudante seja exposto a vários tópicos, áreas de interesse e campos de estudo para aplicação de conhecimentos e conteúdos avançados, treinamento de habilidades e uso de metodologias para o crescimento nas áreas de interesse. Curiosidade Você sabe o que é Portfólio? Segundo Heloísa Ramos, colaboradora da Revista Nova Escola: Portfólio é um conjunto organizado de trabalhos produzidos pelo aluno ao longo de determinado período (o ano letivo, por exemplo). Quando bem montada, essa coletânea se transforma em um excelente instrumento de avaliação. Ela deve reunir as atividades que o estudante considera relevantes, escolhidas depois de uma análise feita com a sua ajuda. O critério da escolha, vale lembrar, não pode ser apenas o da excelência. O que importa, Joana, é selecionar trabalhos que demonstrem a trajetória da aprendizagem. O ideal é que o portfólio tenha a seguinte estrutura: introdução (apresentação do conteúdo), uma breve descrição de cada trabalho, as datas em que eles foram feitos, uma seção de revisão com reflexões da criança, uma autoavaliação e, uma parte reservada aos seus comentários. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao- continuada/qual-finalidade-portfolios-627214.shtml.Para atuar no AEE os professores, além da formação básica em Pedagogia, devem ter uma formação específica relacionada à deficiência e/ou necessidade educacional especial a que se propõe atender. O AEE não substitui as funções do professor responsável pela sala de aula comum da escola que têm alunos com necessidades educacionais especiais nela incluídos. 18 Resumo Aula 1 Nesta aula evidenciou-se os conceitos e os paradigmas da inclusão escolar, reforçando a necessidade de superação de obstáculos decorrentes do processo inclusivo. Nesse contexto foram apontadas a importância do tratado de Salamanca e as Leis que favorecem a Educação Especial. Atividade de Aprendizagem As ações do Atendimento Educacional Especializado (AEE) são definidas conforme o tipo de necessidade educacional especial que se pretenda atender. Com base nessa afirmativa discorra sobre o assunto. Aula 2 – A educação inclusiva e o Projeto Político Pedagógico Apresentação Aula 2 Nesta aula serão enfatizadas a importação da elaboração do Projeto Político Pedagógico e a necessidade de um olhar diferenciado contemplando a inclusão. 2. A educação inclusiva e o Projeto Político Pedagógico A Educação Inclusiva tem em sua proposta o paradigma fundamental de pensar em mudanças que são necessárias à educação e ao processo educacional, envolvendo um novo olhar sobre as concepções pedagógicas que sustentam as práticas educacionais e o próprio ato pedagógico. 19 Importante Construir ou reconstruir um Projeto Político Pedagógico - PPP inclusivo exige um processo de reflexão que seja plural, envolvendo todos os profissionais da educação da unidade escolar, após uma criteriosa avaliação diagnóstica que aponte para as necessidades de mudança. 2.1 A institucionalização do Atendimento Educacional Especializado (AEE) no Projeto Político Pedagógico O Projeto Político Pedagógico, enquanto um instrumento que define a identidade da escola e indica caminhos para ensinar com qualidade. A palavra Projeto conforme o dicionário Michaellis significa: plano para a realização de um ato; desígnio; intenção; empreendimento; proposição. Portanto, é Projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo. É Político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir. E é Pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem (Lopes, 2013. p.05.). Dessa forma, repensar o PPP da escola significa repensar a real identidade da instituição e planejar caminhos que atendam a diversidade existente com qualidade. Essas questões compreendem: A organização, reorganização e/ou reelaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, na sua metodologia e em suas estratégias, por meio de uma discussão coletiva e ampla reflexão a respeito da realidade escolar; 20 A instituição de um sistema de ensino aberto, abrangente e flexível, que se proponha a atender a diversidade em suas necessidades, buscando recursos, sejam eles materiais, tecnológicos, humanos e/ou financeiros; A substituição de mitos e preconceitos que engessam as ações coerentes com o propósito da educação inclusiva, por comportamentos que levem ao aprofundamento teórico sobre cada tema em discussão, principalmente aqueles relacionados ao aprender e ao não aprender, discussões essas que devem acontecer na coletividade; Repensar a proposta de toda a organização escolar visando a melhoria para todo e qualquer tipo de clientela; Uma postura consciente por parte de cada profissional da educação, construída com base em uma atitude flexível e crítica, que descarte os determinismos, sejam eles biológicos, culturais, econômicos ou sociais. Um exemplo de determinismo que abrange o biológico, o cultural e o social é acreditar que todas as pessoas com deficiência intelectual não têm condições de aprendizagem; O aprimoramento das relações interpessoais envolvendo todas as pessoas que fazem parte do universo escolar; A intervenção pedagógica o mais cedo possível; O frequente aperfeiçoamento profissional; A frequente busca por ações que garantam o acesso e a permanência, com qualidade, dos estudantes com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Segundo MEC/SEESP (2008), para atender a todos esses pressupostos, a institucionalização do atendimento educacional especializado no PPP da escola deve prever: 21 I – A implantação de Sala de Recursos Multifuncionais (SRM), programa que objetiva apoiar a organização e a oferta do Atendimento Educacional Especializado (AEE), prestado de forma complementar ou suplementar aos estudantes com Deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação, matriculados em classes comuns do ensino regular, assegurando-lhes condições de acesso, participação e aprendizagem. Sala de Recursos Multifuncionais – SRM Esse programa disponibiliza às escolas públicas de ensino regular, conjunto de equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidade para a organização do espaço de atendimento educacional especializado. Cabe ao sistema de ensino, a seguinte contrapartida: disponibilização de espaço físico para implantação dos equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos de acessibilidade, bem como, do professor para atuar no Atendimento Educacional Especializado – AEE. II - Matrícula no Atendimento Educacional Especializado - AEE de estudantes matriculados no ensino regular da própria escola ou de outra escola. Reforçando: A clientela, público alvo do AEE, são estudantes com Deficiências, Transtornos Globais do Desenvolvimento (Transtorno do Espectro Autista) e Altas Habilidades ou Superdotação, desde que matriculados originalmente em classes comuns do ensino regular. III - Cronograma de atendimento aos estudantes no AEE. IV - Plano do Atendimento Educacional Especializado - AEE contendo a identificação das necessidades educacionais específicas dos estudantes, a definição dos recursos necessários e as atividades a serem desenvolvidas. V - Professores para o exercício do Atendimento Educacional Especializado - AEE. VI - Outros profissionais da educação: tradutor intérprete de Língua Brasileira de Sinais - Libras, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de alimentação, higiene e locomoção. VII - Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da pesquisa, do acesso aos recursos, serviços e equipamentos, entre outros, que maximizem o Atendimento Educacional Especializado – AEE (MEC/SEESP, 2008). 22 Fonte: Elaborado pelo DI (2015). A implantação de Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) Matrícula no Atendimento Educacional Especializado - AEE Cronograma de atendimento Plano do Atendimento Educacional Especializado - AEE Professores Outros profissionais da educação Redes de apoio 23 2.1.1 Critérios para a implantação das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) São critérios para a implantação das Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) a definição, pelos gestores dos sistemas de ensino, quanto à implantação dessas salas, bem como o planejamento que vai direcionar a oferta do AEE e a indicação das escolas a serem contempladas, conforme as demandas da rede e o preenchimento dos critérios que envolvem: Elaboração do Plano de Ações Articuladas – PAR, com registro da demanda evidenciada com base no diagnóstico da realidade educacional; A indicação da escola para receber o AEE, a qual deve ser da rede públicade ensino regular, com registro no Censo Escolar MEC/INEP (escola comum); Os estudantes, público alvo da Educação Especial, devem estar matriculados em escolas da rede pública de ensino regular, frequentando classe comum, para a implantação da SRM Tipo I; A matrícula, também na escola de ensino regular, de estudantes cegos que frequentam a classe comum, para a SRM Tipo II. Tanto os estudantes, público alvo da SRM Tipo I, quanto aos que pertencem à SRM Tipo II, devem estar registrados no Censo Escolar/INEP. Importante Cabe à escola a disponibilização do espaço físico para a implantação e funcionamento da SRM e do professor com formação específica para o exercício no AEE, na área em que pretende atuar. 24 2.1.2 Tipologia da Sala de Recursos Multifuncionais - SRM A Sala de Recursos Multifuncionais – SRM Tipo I atende estudantes com: Deficiência Intelectual: que em conformidade com a Associação Americana de Retardo Mental, são aqueles que possuem incapacidade caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades práticas, sociais e conceituais, originando-se antes dos dezoito anos de idade. Deficiência Física Neuromotora: comprometimento motor acentuado, decorrente de sequelas neurológicas que causam alterações funcionais nos movimentos, na coordenação motora e na fala, requerindo a organização do contexto escolar e no reconhecimento das diferentes formas de linguagem que utiliza para a comunicação. Fonte: Commons.Wikimedia Transtornos Globais do Desenvolvimento – TGD: aqueles que apresentam um quadro de alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relações sociais, na comunicação ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definição os estudantes com Autismo Clássico, Síndrome de Asperger, Síndrome de Kanner, Síndrome 25 de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância (psicoses) e Transtornos Invasivos sem outra especificação. Transtornos Funcionais Específicos: Refere-se a funcionalidade específica (intrínseca) do sujeito, sem o comprometimento intelectual do mesmo. Diz respeito a um grupo heterogêneo de alterações manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas, na atenção e concentração. Fazem parte desse grupo também os estudantes com Dislexia, Disortografia, Disgrafia, Discalculia, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade – TDAH, entre outros (MEC/SEESP, 2008 e SUED/SEED/PR, 2011). A Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) Tipo II atende, exclusivamente, estudantes com Deficiência Visual. Para dar conta do AEE com qualidade a SRM conta com recursos da Tecnologia Assistiva. 2.1.3 Tecnologia Assistiva - TA Tecnologia Assistiva, terminologia usada para identificar os recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência, facilitar o desenvolvimento de atividades diárias e, consequentemente, promover vida independente e inclusão. São recursos da Tecnologia Assistiva: Recursos pedagógicos adaptados: dominós diversos, quebra-cabeças comuns, imantados e em relevo, cubos, caixa de estímulos, jogos de adivinhação, jogos de memória, jogos para aquisição de conceitos pré- escolares e habilidades básicas para a aprendizagem da leitura e escrita, pescaria, livro de textura, caderno de madeira, caderno de madeira imantado, caderno elástico, abecedário lavável, bingo de palavras e letras, jogo de inversão e rotação, quadro agarradinho, suporte para lápis, 26 jogos envolvendo cálculo e raciocínio lógico como tangram, jogos de numerais e ábaco de argolas, correspondência um a um, régua de madeira adaptada, multiplicação em formato de pizza, material dourado com separador e tantos outros (MEC: SEESP, 2002). Recursos de Comunicação Alternativa (CA): Adaptação do formato dos recursos como: Pastas e fichários, Pranchas com estímulo removíveis, Prancha temática, Prancha fixa na parede, Prancha fixa sobre a carteira, Pasta frasal, Prancha frasal. Tipos de estímulos e estratégias utilizados nos recursos para CA: Objeto concreto e sua representação, Miniaturas, Símbolos gráficos, Figura temática, Fotos e figuras de atividade sequencial, Símbolos gráficos com fundo diferente, Gestos, Expressões faciais. Quantidade de estímulos utilizados nos recursos para CA: Estímulo único, Dois estímulos, Vários estímulos. Participação do usuário na construção dos recursos de CA: Seleção dos estímulos, Confecção e organização do recurso. Ambientes e parceiros de CA. Participação da família (MANZINI, E.J., 2006). Recursos de acessibilidade ao computador: inclui o serviço de TA em informática acessível. Nesse serviço o estudante conhece e experimenta diferentes ferramentas de acesso ao computador e decide, com o auxílio de sua equipe de TA, qual delas corresponde a sua necessidade educacional. Um “Laboratório de Informática Acessível” deverá dispor de um kit básico que inclui computadores conectados à internet, adaptações para facilitar o acesso de comandos, hardwares específicos e softwares que garantam autonomia de produção para o estudante com necessidades educacionais especiais. Deve contar também com equipamentos de entrada e saída (sintetizadores de voz, Braille), auxílios alternativos de acesso (ponteiras de cabeça, de luz), teclados modificados ou alternativos, acionadores, softwares especiais (de reconhecimento de voz, etc.), que permitem que as pessoas com deficiência usem o computador. Cada estudante deverá ter um projeto individualizado a partir da avaliação de suas necessidades, habilidades pessoais e do contexto escolar, considerando os recursos já disponíveis e as demandas educacionais (ABPEE, MEC, SEESP, 2006). 27 Recursos para as atividades de vida diária: A TA também se ocupa com o desenvolvimento de recursos que possam favorecer a execução de funções por parte de pessoas com deficiência em seu cotidiano, de forma a realizá-las com o melhor desempenho e independência possível. Um estudante com deficiência física pode apresentar dificuldade em realizar tarefas que são consideradas de rotina e necessita de ajudas e cuidados de outra pessoa, bem como de recursos específicos, para que possa participar ativamente dessas atividades, inclusive das atividades escolares. Pode apresentar necessidade desse apoio em tarefas que envolvem recorte, colagem, desenho, pintura, apontar um lápis, manusear um livro, participar de jogos variados, escrever, ler, etc. No lar, outras necessidades também aparecem como comer, cozinhar, vestir- se, fazer sua higiene pessoal, tarefas relacionadas a manutenção da casa, entre outras. Cabe ao AEE e a TA oferecer recursos para que os educandos que apresentam as necessidades aqui citadas possam fazer o que precisa ser feito do seu jeito e assim se tornar protagonista de sua história, ativo no seu processo de desenvolvimento e de aquisição de conhecimentos (SCHIRMER, C.R. et al, 2007). Resumo Aula 2 Nesta aula o foco foi a Educação Inclusiva e a como a inclusão deve ser contemplada da elaboração do Projeto Político Pedagógico, reforçando as atuações no AEE e a implementação das Salas de Recursos Multifuncionais. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a importância da contemplação de práticas e ações inclusivas na elaboração do Projeto Político Pedagógico. Aula 3 – Deficiências: características e adaptações Apresentação Aula 3 Nesta aula o foco serão elucidadas as deficiências e suas características evidenciando as práticas aplicadas em seus processos adaptativos. 28 3. Deficiências: características e adaptações A inclusão é uma grande vitória noâmbito dos direitos humanos, porém, muito se tem ainda a se discutir e se efetivar para que essa lei seja, de fato, um marco de superação da segregação social. Um dos elementos importantes para isso é o conhecimento que os educadores devem ter sobre cada deficiência e como eles podem, de forma prática, otimizar ações em sala de aula para ofertar possibilidades de aprendizagem. Assim, segue-se o texto com esse objetivo maior. 3.1 Deficiência Intelectual O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM), conforme a Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association - APA), é utilizado por profissionais da área da saúde mental e é uma lista de diferentes categorias de transtornos mentais com os respectivos critérios para diagnosticá-los. Como está na sua quinta versão, é designado como DSM V. Esse manual traz, em seu conteúdo, os Transtornos do Neurodesenvolvimento, designação destinada a um grupo de condições, com início no período do desenvolvimento e manifestação precoce no desenvolvimento em geral, tendo por consequência, prejuízos no funcionamento pessoal, social, prático, acadêmico e profissional. Saiba Mais Acesse na íntegra o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM), que está disponível na Biblioteca online DSM Library. Link: http://www.terapiacognitiva.eu/dwl/dsm5/DSM-IV.pdf. (texto em inglês). 29 A Deficiência Intelectual – DI está contida no grupo dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, uma vez que se apresenta com déficits em funções intelectuais como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo de valor, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência. Fonte: elaborado pelo DI (2015). Importante Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC 2008), os estudantes com Deficiência Intelectual devem estar matriculados em classes comuns do ensino regular e receber Atendimento Educacional Especializado – AEE, enquanto direito a ser ofertado de forma complementar a escolarização, de acordo com o Decreto 6571/2008. Esse atendimento deve disponibilizar recursos e serviços adequados a demanda de estudantes com DI, bem como orientar a sua utilização no processo de ensino e de aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. Transtornos do Neurodesenvolvimento Deficiência Intelectual Déficits em funções intelectuais: Raciocínio Solução de problemas Planejamento Pensamento abstrato Juízo de valor Aprendizagem acadêmica Aprendizagem por experiência 30 3.2 Deficiência Auditiva A Deficiência Auditiva – DA compreende a perda parcial ou total da audição, causada por má-formação (causa genética), lesão na orelha ou nas estruturas que compõem o aparelho auditivo. Denomina-se DA a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. A intensidade produzida por um som é medida em decibéis (dB). O som mais delicado que uma pessoa pode ouvir é definido por 0 dB de nível de audição. O som de uma pessoa murmurando registrará 30 dB. O nível normal de conversa mede de 45-50 dB de nível de audição, e um concerto de rock pode medir cerca de 100 dB, que podem até causar surdez temporária (PERRET & BATSHAW, 1990. S/p.). Entre os recursos utilizados com o estudante que apresenta DA ou Surdez profunda estão: Língua Brasileira de Sinais (Libras); Intérprete de Libras; Material de apoio para as salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE); Posturas simples em sala de aula com fala clara, sem cobrir a boca ou virar de costas para a turma, em função de que esse estudante precisa fazer leitura orofacial. Dar preferência ao uso de recursos visuais como projeções, cartazes, registros no quadro e olho no olho. Importante É fundamental que os professores recebam treinamento para a aprendizagem de Libras. Observação importante: no caso do estudante com surdez que utiliza Libras, a Língua Portuguesa é considerada como 2ª Língua. 31 Amplie Seus Estudos Para conhecer um pouco mais sobre a Libras, acesse e navegue no Dicionário Online da Língua Brasileira de Sinais, disponível no endereço: http://www.acessibilidadebrasil.org.br/libras/ Esse recurso é excelente para iniciantes nessa língua e para aqueles que já tem algum domínio e precisam ampliar vocabulário. 3.3 Deficiência Visual A Deficiência Visual - DV compreende o comprometimento parcial de 40 a 60% ou total da visão, cuja correção não é possível com o uso de lentes ou cirurgias. Conforme a Organização Mundial da Saúde – OMS, não se considera DV os casos de miopia, astigmatismo ou hipermetropia, uma vez que esses podem ser corrigidos com lentes ou com processo cirúrgico. Dentro da terminologia de DV vamos encontrar a Baixa Visão que pode ser leve, moderada ou profunda e que requer o uso de lentes de aumento, lupas, telescópios, auxílio de bengalas e treinamento de orientação. A situação próxima a cegueira registra o fato de que a pessoa consegue distinguir apenas luz e sombra e precisa do Sistema Braille para ler e escrever, bem como depende de recursos de voz para acessar programas de computador, locomove- se com o uso de bengala e também depende de treinamentos de orientação e mobilidade. 32 Fonte: Commons Wikimedia. A Cegueira se define pela inexistência da percepção de luz, sendo fundamental, nesses casos, o Braille, a bengala e os treinamentos de orientação e mobilidade. Independentemente da deficiência, é importante salientar que, em qualquer situação, o diagnóstico precoce é fundamental para um bom prognóstico. As competências e habilidades a serem trabalhadas devem estar em conformidade com as propostas pedagógicas geradas a partir do Plano de Desenvolvimento Individual - PDI, elaborado com base na avaliação inicial, mas com proposta de realimentação sempre que necessário. O Atendimento Educacional Especializado - AEE conta ainda com outros recursos da Tecnologia Assistiva - TA, lembrando que essa é a terminologia usada para identificar os recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência, facilitar o desenvolvimento de atividades diárias e, consequentemente, promover vida independente e inclusão. 33 Importante Na perspectiva da educação inclusiva a Tecnologia Assistiva pretende apoiar a participação do estudante com deficiência nas diversas atividades propostas pela escola em seu dia a dia. 3.4 Recursos da Tecnologia Assistiva - TA Os estudantes com NEE precisam de desafios, desde que esses estejam de acordo com suas potencialidades e possibilidades e recebam os apoios necessários à execução da tarefa. Para aqueles com Deficiência Física, em atividades que envolvem recorte e colagem, se faz necessários uma tesoura diferente, que oportuniza a essa pessoa, possibilidade de manejo. Quando o manejo da tesoura e do papel fica difícil, se propõe mudança de atividade de individual para coletiva, onde os estudantes trabalham em grupo, ou seja, enquanto um segura o papel, o outro usa a tesoura, o outro passa a cola. Em atividades que envolvem escrita, desenho e pintura, é possível fixar a folha de papel na carteira com fita adesiva ou o uso de uma prancheta. Para solucionar problemas relacionadosao manejo do lápis, giz de cera ou pincel, que exigem uma habilidade motora fina, é possível usar o lápis ou o pincel mais grosso ou utilizar o modelo da “aranha-mola”, composta por um arame revestido onde os dedos e o lápis, o pincel ou a caneta podem ser encaixados. Adaptador Aranha-mola Fonte: www.expansao.com 34 Para facilitar o manuseio de livros, textos e gravuras, em alguns casos recomenda-se que esses sejam colocados à altura dos olhos, com o auxílio do plano inclinado. Em jogos de quebra-cabeça, os quais podem ser confeccionados com papelão, rótulos, figuras, entre outros, sugere-se fixar velcro na base e no verso das peças. Saiba Mais Acesse o material organizado pelo Ministério de Educação do Portal Ajudas Técnicas para Educação, Equipamento e material pedagógico especial para educação, capacitação e recreação da pessoa com deficiência Física. O conteúdo está disponível no línk: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf. Em jogos que envolvem cores, esses podem ser confeccionados com tampinhas coloridas, caixa de papelão, papel contact, velcro, folhas coloridas, garrafas pet e latas revestidas de cores, em que o estudante pode explorar vários conceitos matemáticos. É possível confeccionar jogos para estimular a leitura e a escrita, para os quais se pode usar cubos de madeira, letras em EVA, tampinhas, figuras impressas, papelão, papel contact, velcro, kit de miniaturas, etc. Existem ainda outras soluções para a escrita como: prancha com letras, carteira imantada, máquina de escrever convencional ou elétrica, computador com recursos de acessibilidade, teclado portátil chamado Alpha Smart que arquiva os textos digitados, os quais poderão posteriormente ser descarregados em um computador ou impressora, e ainda software de escrita de símbolos. 35 Ví deo Assista ao vídeo Inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino regular. Ele trará muitas sugestões de trabalho que serão de grande utilidade para sua prática docente, além de permitir uma importante reflexão sobre o papel do professor no processo de inclusão. Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=NqCIfVlX9GI Em auxílio à comunicação poderão ser usadas as pranchas de comunicação, contendo vários símbolos gráficos que representam mensagens, as quais podem ser personalizadas ou utilizadas com múltiplos usuários. As pranchas podem ser feitas a partir de álbum fotográfico ou pastas, em tamanho e formato necessários, usando-se, na confecção, materiais variados como folhas de papel, cartolina, isopor, madeira, entre outros. Outra possibilidade envolve as bolsas e/ou sacolas de comunicação e os cartões de comunicação, os quais podem ser organizados em fichários, presos em argolas ou em porta-cartões, permitindo ao estudante, folheá-los. Em caso de estudantes com visão subnormal ou baixa visão, os símbolos devem ser ampliados ou mesmo feitos com materiais que permitam o toque, a exploração sensorial. Em relação ao lazer e à recreação, as adaptações que auxiliam o brincar devem envolver todos os estudantes, inclusive aqueles com dificuldade de equilíbrio e de coordenação motora (balanço e gangorra adaptados, túnel em PVC, calça de posicionamento, triciclo adaptado, jogos adaptados). Ao confeccionar qualquer tipo de material, dar especial atenção às possibilidades visuais, auditivas, intelectuais e de preensão do estudante. 36 Diante do exposto, seguem exemplos de equipamentos/ferramentas de auxílio para as diversas deficiências: Equipamentos de auxílio para pessoas cegas e com baixa visão: Auxílios ópticos, lentes, lupas manuais, lupas eletrônicas, softwares, ampliadores de tela, material gráfico com texturas e relevos, mapas e gráficos táteis, software OCR (reconhecimento óptico de caracteres que compreendem uma tecnologia que permite converter tipos diferentes de documentos, como papéis escaneados, arquivos em PDF e imagens capturadas com câmera digital em dados pesquisáveis e editáveis em celulares para identificação de texto informativo, etc.). Equipamentos de auxílio para pessoas surdas ou com perdas auditivas: Inclusão de vários equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil-visual, celular com mensagens escritas e chamadas por vibração, software que favorece a comunicação ao telefone celular transformando o texto digitado no celular em voz, mensagem falada, livros, textos e dicionários digitais em língua de sinais (Libras). Uso também do sistema de legendas (close-caption/subtitles). Sistemas de controle de ambiente: São sistemas eletrônicos que possibilitam, às pessoas com limitações motoras e locomotoras, controlar remotamente aparelhos eletroeletrônicos, sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. Adequação postural: O bom desempenho funcional depende de uma boa postura corporal. Pensar em um trabalho que tenha por meta a adequação postural de pessoas com deficiência, refere-se à seleção de recursos que possam garantir posturas alinhadas, estáveis, confortáveis e com boa distribuição do peso corporal. Pessoas que fazem uso de cadeiras de rodas serão beneficiados quando na prescrição de sistemas especiais de assentos e encostos que levem em consideração: medidas, 37 peso, flexibilidade, alterações musculares e esqueléticas, etc. Esses recursos não só auxiliam como também estabilizam a postura da pessoa, seja na posição deitada, sentada ou em pé. Podem ser incluídas almofadas no leito ou estabilizadores ortostáticos, recursos esses que fazem parte do grupo das TA. A utilização precoce dos recursos de adequação postural contribui para a prevenção de possíveis deformidades corporais. Auxílios de mobilidade: Bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou motorizadas, scooters (motonetas sem marcha) e/ou qualquer outro veículo, equipamento ou estratégia utilizada para a melhoria da mobilidade pessoal. Órteses e próteses: Substituição ou ajuste de alguma parte que esteja faltando no corpo ou com funcionamento comprometido, por membros artificiais ou até mesmo com o uso de recursos ortopédicos como talas, apoios etc. Inclui-se também os recursos protéticos para auxílio nos déficits ou nas limitações cognitivas, como os gravadores de fita magnética ou digital que funcionam como lembretes instantâneos. Projetos arquitetônicos para acessibilidade - Compreendem as adaptações estruturais e as reformas a serem feitas no ambiente residencial, escolar ou profissional, para dar acessibilidade às pessoas que fazem uso de cadeira de rodas ou que se apresentam em situação de mobilidade reduzida. A acessibilidade pode acontecer por meio de rampas, elevadores, adaptações em banheiros, cozinhas, pistas táteis, entre outras, com o intuito de retirar ou reduzir as barreiras físicas. As construções e/ou adaptações que promovem a acessibilidade estão respaldadas pela Lei 10.098/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. 38 Adaptações em veículos - Acessórios e adaptações que possibilitam a condução do veículo, elevadores para cadeiras de rodas, camionetas modificadas e outros veículos automotores usados no transporte pessoal. No caso do transporte escolar, as adaptações promovem o acesso com segurança à escola. O veículo deve ter a cadeira adaptada para transporte, a qual pode ser confeccionada com estrutura de madeira, forrada com espuma, revestida com tecido impermeável e cinto de segurança. Em caso de necessidade, é possível utilizar outras adaptaçõespara segurança e posicionamento adequado do estudante, durante o transporte. Pode ocorrer também a adaptação de cadeira (existente no mercado), com fixação da mesma no banco original do transporte, apoio para os pés e, obrigatoriamente, o cinto de segurança. Outro recurso importante é o degrau móvel, o qual pode ser confeccionado em madeira e borracha antiderrapante na superfície, servindo de complemento para escada do veículo não adaptado. O ideal é que o transporte tenha a plataforma elevatória para acesso de usuários de cadeiras de rodas. É importante que o sistema educacional garanta a acessibilidade ao transporte escolar de todos os seus estudantes que dele dependem. Resumo Aula 3 Nesta aula as deficiências, equipamentos de auxílio e os Recursos da Tecnologia Assistiva foram enfatizados, recursos esses adaptativos no processo de aprendizagem do aluno com deficiência. Atividade de Aprendizagem Defina o que é a Tecnologia Assistiva cite algumas e discorra sobre a sua importância. 39 Aula 4 – Os elementos para a efetivação da Escola Inclusiva Apresentação Aula 4 Nesta aula o foco será a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e os elementos contemplados na mesma, os quais privilegiam a efetivação da Escola Inclusiva. 4. Os elementos para a efetivação da Escola Inclusiva Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (SEESP/MEC, 01/2008), a atuação da Educação Especial nas escolas prevê: A identificação de Necessidades Educacionais Especiais (NEE) que permitirão a elaboração do Plano de Atendimento ou Plano de Desenvolvimento Individual (PDI), os quais identificam as necessidades específicas do estudante com deficiência ou transtorno, assim como apontam para os resultados esperados, indicando as habilidades do próprio estudante e realizando o levantamento de materiais e equipamentos necessários. Fonte: Commons Wikimedia Elabora o plano de atuação, com a previsão dos serviços e recursos de acessibilidade necessários ao conhecimento, bem como a respeito da organização do ambiente escolar. 40 Organiza o tipo de atendimento que determinado estudante necessita, bem como define o número de atendimentos por semana e a carga horária a ser destinada para esses atendimentos. Quanto a produção de materiais, transcreve, adapta, confecciona, amplia, grava, entre outros recursos, conforme as características do estudante, bem como da NEE que ele apresenta. Presta assistência quanto à escolha dos materiais necessários, indicando softwares, recursos e equipamentos tecnológicos, mobiliário, recursos ópticos, dicionários, jogos, materiais pedagógicos, materiais lúdicos, entre outros. Quanto ao acompanhamento do uso dos recursos em sala de aula, verifica a funcionalidade e a aplicabilidade dos mesmos, bem como orienta para a sua adequação e/ou substituição, quando necessário. Oferece orientação às famílias e aos docentes quanto a utilização dos recursos, quanto a sua aplicação e destinação. Orienta os pais e os docentes do ensino comum quanto ao uso e aplicação dos recursos que são destinados à parcela da população escolar com NEE, como materiais e equipamentos. Propõe a formação continuada de professores, tanto do atendimento especializado quanto do ensino comum, com o objetivo de esclarecer e expandir conhecimentos e entendimento de cada NEE para a comunidade escolar em geral (AEE - Atendimento Educacional Especializado, 2008). Importante A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC, 2008), ao estabelecer as diretrizes para a transformação dos sistemas educacionais em sistemas educacionais inclusivos, determina também a garantia de acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação. 41 O Decreto n.º 7.611/2011 assegura que o MEC prestará apoio técnico e financeiro para a adequação arquitetônica de prédios escolares e para a elaboração, produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade, no ensino regular, visando prover condições de acesso, participação e aprendizagem aos estudantes da educação especial. Entre as NEE existentes no ensino comum, torna-se importante referenciar também as Altas Habilidades ou Superdotação e a Deficiência Múltipla. Em relação aos estudantes com Altas Habilidades ou Superdotação e conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de janeiro de 2008, encontramos a seguinte definição: Alunos com Altas Habilidades/Superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Também apresentam elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008). Conforme a Lei 12.796 de 04 de abril de 2013, que altera a Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências, a designação Altas Habilidades/Superdotação passa a ser Altas Habilidades ou Superdotação (artigos 58 e 59). Em apoio aos procedimentos relacionados ao atendimento do estudante com Altas Habilidades ou Superdotação o MEC implanta, em 2005, os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades ou Superdotação – NAAH/S em todos os estados e no Distrito Federal, organizados como centros de referência e com o objetivo de apoiar a formação continuada de professores para atuar no atendimento educacional especializado a estudantes com altas habilidades ou superdotação, para a orientação às famílias, constituindo a organização da política de educação inclusiva de forma a garantir esse atendimento aos estudantes da rede pública de ensino (BRASIL, NAAH/S, 2005). 42 Amplie Seus Estudos Você poderá ter acesso a maiores informações e discussões acerca dos temas recorrentes à Inclusão na Revista da Educação Especial, Edição Especial do MEC, editada para o período de janeiro a julho de 2008. Link: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revinclusao5.pdf Conforme o MEC, a terminologia Deficiência Múltipla designa a associação, na mesma pessoa, de duas ou mais deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física). É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social (MEC/SEESP, 2002). A inclusão de estudantes com Deficiência Múltipla não depende do grau de severidade da deficiência ou do nível de seu desempenho intelectual, e sim das possiblidades interacionais, do acolhimento, da proposta de socialização, da adaptação do estudante ao grupo e, principalmente, da proposta de modificação da escola para recebê-lo e atendê-lo adequadamente. A organização do trabalho pedagógico para o atendimento aos estudantes com Deficiência Múltipla deve ser elaborada com base no respeito ao ritmo, as limitações, as capacidades e as possibilidades de cada um, buscando elevar suas potencialidades, por meio de um currículo que seja funcional e adaptado. Entende-se por Currículo Funcional, aquele que facilita o desenvolvimento de habilidades básicas e essenciais à participação em uma grande variedade de ambientes integrados, tendo como meta o desenvolvimento de habilidades que estejam vinculadas à qualidade de vida do estudante (Instituto Inclusão Brasil, 2008). 43 Nessa perspectiva de currículo, os conteúdos das áreas de conhecimento deverão estar articulados com as experiências devida do estudante, problematizando temas relacionados à saúde, sexualidade, vida familiar e social, meio ambiente, trabalho, cultura e linguagem, etc., podendo ser ministrados de forma interdisciplinar e transdisciplinar, buscando maximizar as potencialidades, sem ignorar as limitações e as necessidades especiais presentes, respeitando o ritmo próprio de aprendizagem e desempenho de cada um. Fonte: Commons Wikimedia. 4.1 Plano de Desenvolvimento Individual - PDI O Plano de Desenvolvimento Individual - PDI é instrumento utilizado para adaptar o currículo escolar às necessidades dos estudantes com NEE de inclusão escolar. Está amparado na Legislação Federal (Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9394/96) e tem por meta o atendimento das dificuldades de aprendizagem resultantes das necessidades especiais dos estudantes e o favorecimento de sua escolarização. É fundamental que esse Plano considere as competências e potencialidades dos estudantes, tendo como referência o contido no currículo regular, medida essa que significa, para estudantes, igualdade de oportunidades educacionais, promoção da educação inclusiva na perspectiva de uma escola para todos e busca pela geração de autonomia e melhor qualidade de vida. 44 O documento intitulado Parâmetros Curriculares Nacionais, descreve a construção do PDI no capítulo em que trata das Adaptações Individualizadas do Currículo, propondo que as modalidades adaptativas individuais para o estudante com NEE (Necessidades Educativas Especiais) focalizem na atuação do professor com base no diagnóstico, na avaliação inicial e na identificação dos fatores que interferem no seu processo de ensino e aprendizagem, para definir formas de atendimento e nível de competência curricular do estudante. 4.1.1 Currículo Adaptado A referência para as adaptações é o currículo regular considerando: A adequação dos objetivos, conteúdos e critérios de avaliação; A priorização de determinados objetivos, conteúdos e critérios de avaliação, para dar ênfase aos objetivos que contemplem as NEE, sem desconsiderar os objetivos propostos para o grupo, mas acrescentando outros, conforme as NEE identificadas; A consideração de que o estudante com NEE pode alcançar os objetivos que são comuns ao grupo, mesmo que ocorra a necessidade de maior período de tempo, assim como pode necessitar de período variável no processo de aprendizagem e desenvolvimento de suas habilidades; A possibilidade de cursar um menor número de disciplinas durante o curso, série, ciclo ou ano, estendendo a sua permanência no período escolar que frequenta; A introdução de conteúdos, objetivos e critérios de avaliação considerando a possibilidade de acréscimo desses elementos na ação educativa; A eliminação de conteúdos, objetivos e critérios de avaliação, definidos para o grupo de referência do estudante, em razão de suas NEE e/ou limitações pessoais. A possível supressão de conteúdos e objetivos da programação educacional regular não deve causar prejuízos para a escolarização e promoção acadêmica e sim considerar, rigorosamente, o significado dos conteúdos; As medidas citadas anteriormente devem ser precedidas de uma criteriosa avaliação do estudante, considerando a sua 45 competência acadêmica, apoio a família, profissionais, monitores, orientadores, recursos físicos, materiais e ambientais, atitudes, valores, crenças, princípios, deliberações e decisões políticas, legais, administrativas, recursos técnicos e tecnológicos, programas de atendimento genérico e especializado; Considerar também as áreas prioritárias a serem apoiadas identificando os tipos mais eficientes de apoio e a necessidade de adaptações significativas no currículo para o atendimento aos estudantes, com indicação dos conteúdos curriculares de caráter mais funcional e prático, levando em conta as características individuais. Essas ações envolvem atividades relacionadas às habilidades básicas, à consciência de si, aos cuidados pessoais e de vida diária, ao treinamento multissensorial, ao exercício da independência e ao relacionamento interpessoal, dentre outras. Envolve também a participação da família e o acompanhado de um criterioso e sistemático processo de avaliação pedagógica e psicopedagógica, avaliando procedimentos pedagógicos empregados. 4.1.2 Adequação dos critérios avaliativos No que se refere a avaliação da aprendizagem, essa deve ser processual, analisando todos os aspectos envolvidos no desenvolvimento das ações, para que possa produzir resultados consistentes com o planejado, uma vez que o produto se torna um excelente parâmetro para o dimensionamento e controle do trabalho que vem sendo realizado, em todos os seus aspectos. Nas palavras de Luckesi (2006): [...] necessitamos de agir com os olhos voltados para os resultados, o que quer dizer que processo e produto são duas facetas da mesma coisa; no caso, duas facetas da prática pedagógica. Processo, sem produto efetivo, é perda de recursos (tempo, dinheiro, pessoas, espaço físico...), mas, por outro lado, resultados, sem processos consistentes, são miragens; não existem. Um bom resultado depende de um processo consistente e processos consistentes produzem resultados efetivos (LUCKESI, 2006. p. 21). 46 Importante A avaliação deverá ser dinâmica, contínua e mapeadora do processo de aprendizagem dos estudantes, para que sirva como indicador das potencialidades, habilidades, progressos, dificuldades e retrocessos desses mesmos estudantes, funcionando, inclusive, como verificadora das possíveis variáveis externas ao indivíduo. Os registros dessa dinâmica devem ser feitos em relatório circunstanciado, constando todos os dados pertinentes ao processo nos quais serão discutidos e analisados pela equipe pedagógica e servirão de diretriz para futuras providências. Além de ser um importante instrumento para a escola, esses registros deverão ser suficientemente claros e objetivos, para auxiliar a família no acompanhamento da trajetória de seu filho. Importante A oportunidade de escuta, seja dos estudantes, dos profissionais envolvidos ou da família está presente no formato de processo avaliativo, o qual deve ser considerado um grande instrumento na produção de resultados significativos que se voltem a aprendizagem satisfatória dos estudantes com NEE. Cabe ressaltar que nesse processo a Terminalidade Específica, que conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), artigo 59, inciso II, define que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: [...] terminalidade especifica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude de 47 suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados. Também a Resolução do CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, em seu artigo 16, estabelece que: É facultado às instituições de ensino, esgotadas as possibilidades pontuadas nos artigos 24 e 26 da LDBEN, viabilizar ao aluno com grave deficiência mental ou múltipla, que não apresentar resultados de escolarização previstos no Inciso I do artigo 32 da mesma Lei, terminalidade específica do ensino fundamental, por meio de certificação de conclusão de escolaridade, com histórico escolar que apresente, de forma descritiva, as competências desenvolvidas pelo educando, bem como o encaminhamento devido para a Educação de Jovens e Adultos e para a Educação Profissional.Da mesma forma, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial (Parecer CNE/CEB nº 17/2001), ao tratar da “terminalidade específica” institui que “cabe aos respectivos sistemas de ensino normatizar sobre a idade- limite para a conclusão do ensino fundamental”. Diante de todos esses apontamentos é possível perceber a delimitação de um conjunto de leis, decretos e resoluções a respeito do atendimento às NEE de estudantes com Deficiências, Transtorno Globais do Desenvolvimento e Altas Habilidades ou Superdotação, dando base ao Programa Escola Acessível, o qual tem por princípio eliminar toda e qualquer barreira que impossibilite os estudantes que fazem parte desse quadro a ter acesso às escolas comuns. Para tanto, o Programa promove condições de acessibilidade ao ambiente físico, aos recursos didáticos e pedagógicos, a comunicação e informação. 48 Saiba Mais Saiba mais sobre o Programa Escola Acessível, acessando o Documento Orientador da Escola Acessível, publicado pelo MEC no ano de 2013. Acessando o link: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&vie w=download&alias=13290-doc- orient2013&category_slug=junho-2013-pdf&Itemid=30192 A Norma Brasileira, ABNT NBR 9050/2004 (Norma Técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas), apresenta os termos para acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, com o objetivo de estabelecer critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, da construção, da instalação e da adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade (ABNT NBR 9050:2004). Ví deo Assista à reportagem do Jornal Futura, do dia 04 de maio de 2013, que retrata uma das muitas realidades acerca das reais condições da Acessibilidade nas Escolas. Para tanto, acesse ao link: https://www.youtube.com/watch?v=VB4slvp62ts Resumo Aula 4 Nesta aula focou-se nas diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, evidenciando também a necessidade da adaptação curricular e aplicabilidade de técnicas avaliativas diferenciadas. 49 Atividade de Aprendizagem A Resolução do CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, em seu artigo 16. Discorra sobre a mesma. 50 Resumo da disciplina Nesta disciplina foram apresentados: o Atendimento Educacional Especializado e a Sala de Recursos Multifuncionais, definindo-os como dois recursos indispensáveis à Inclusão Escolar. As discussões propostas evidenciaram a importância de se repensar a forma da educação que ainda é promovida nas escolas, refletindo sobre os paradigmas que a sustentam e, de que forma, uma transformação desse modelo poderia ser útil na efetivação da inclusão, discutindo os aspectos da institucionalização do Atendimento Educacional Especializado – AEE no Projeto Político Pedagógico da escola. Apresentou-se a importância dessa institucionalização para a efetivação da inclusão dos alunos na escola regular, processo que deverá privilegiar as especificidades de cada sujeito, na busca de seu desenvolvimento pleno e de sua aprendizagem significativa. 51 Referências ABNT NBR 9050 – Norma Brasileira. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Brasil, 2004. ALMEIDA, M.S.R. Instituto Inclusão Brasil – Compromisso com a dignidade humana. O Currículo Funcional e Natural. 2008. 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