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GEORES: SIG APLICADO À GESTÃO PÚBLICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO 
PLANALTO SERRANO DE SANTA CATARINA 
 
 
Sílvio Luís Rafaeli Neto1, Leonardo Josoé Biffi2, André Leonardo Bortolotto Buck3, Daiana Petry 
Leite4, Everton Skoronski5, Valter Antonio Becegato6 
 
1 Engº. Agrônomo, Professor Associado do Depto. de Engenharia Ambiental, UDESC, Lages-SC, silvio.rafaeli@udesc.br 
2 Engº. Agrônomo, Professor Assistente do Depto. de Engenharia Ambiental, UDESC, Lages-SC, leonardo.biffi@udesc.br 
3Eng. Florestal, Analista em Geoprocessamento, AMURES, Lages-SC, andrebuck.sf@gmail.com 
4 Cientista da Computação, Professora Assistente do Depto. de Engenharia Ambiental, UDESC, Lages-SC, daiana.leite@udesc.br 
5 Engº Químico, Professor Adjunto do Depto. de Engenharia Ambiental, UDESC, Lages-SC, everton.skoronski@udesc.br 
 6 Engº. Agrônomo, Professor Associado do Depto. de Engenharia Ambiental, UDESC, Lages-SC, valter.becegato@udesc.br 
 
 
RESUMO: O gerenciamento de resíduos sólidos objetiva a destinação ou disposição final adequada 
aos resíduos urbanos e rurais. Os aterros sanitários têm sido a solução imediata mais adequada porém, 
apresenta alto custo ao poder público. Estes custos tornam-se relativamente mais altos na medida em 
que o volume gerado é pequeno, caso das cidades de pequeno porte, com populações de até 25 mil 
habitantes. Uma alternativa é a gestão consorciada entre os municípios de uma região. As 
geotecnologias apresentam-se como ferramentas inovadoras e com grande potencial de aplicação na 
gestão das atividades relativas à coleta, transporte, destinação e disposição final destes resíduos. Este 
artigo apresenta o projeto GeoRes, cujo escopo é o desenvolvimento de um SIG como principal 
ferramenta de gestão dos resíduos sólidos de 17 municípios da região serrana de Santa Catarina. O 
sistema está em fase de desenvolvimento e já apresenta um modelo conceitual de dados. O sistema 
será implantado na forma de piloto nas escalas de município e setor. O sistema de gerenciamento de 
banco de dados será o PostgreSQL/PostGIS no ambiente servidor e Quantum GIS no ambiente cliente. 
 
PALAVRAS-CHAVE: PostgreSQL/PostGIS, Quantum GIS, modelagem de dados. 
INTRODUÇÃO: Observa-se que uma grande parcela dos municípios brasileiros ainda destinam seus 
resíduos sólidos a lixões, enquanto outra parcela tem destinado a aterros sanitários. No primeiro caso, 
os impactos ambiental e social são reconhecidamente negativos. No segundo, apesar dos aterros 
sanitários serem projetados e mantidos sob rigorosos parâmetros legais e ambientais, pesa sobre os 
municípios o alto custo desta modalidade de destinação. O gerenciamento de resíduos sólidos 
representa, portanto, um desafio aos gestores públicos, no sentido de dar a destinação correta dos 
mesmos, do ponto de vista ambiental, e com a possibilidade de geração de emprego e renda à partir 
dos mesmos. 
A gestão consorciada dos resíduos sólidos se apresenta como uma solução a pequenos municípios que 
possuem baixa produção individual e que necessitam encontrar meios de melhorar sua receita. A partir 
da Lei 12.305/2010 (BRASIL, 2010), 17 pequenos municípios da região serrana de Santa Catarina, 
cuja população total estimada é de 131 mil habitantes, passaram a integrar o Plano Intermunicipal de 
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PIGIRS), coordenado pelo Consórcio Intermunicipal CISAMA 
em parceria com o Departamento de Engenharia Ambiental da UDESC. O PGIRS concluiu, em 
Agosto de 2014, a etapa das audiências públicas e produziu um modelo de gestão que prevê a 
setorização da região, a implantação de 5 Centrais de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (CGR), em 
cujas respectivas plantas serão construídos Aterros Sanitários de Pequeno Porte (ASPP). Este artigo 
objetiva apresentar o projeto e implementação de um Sistema de Informações Geográficas (SIG) como 
ferramenta inovadora e estratégica no gerenciamento dos processos de coleta, transporte, destinação e 
disposição dos resíduos sólidos desta região. 
MATERIAL E MÉTODOS: O projeto GeoRes iniciou em fevereiro de 2014 com o objetivo de 
prover ferramentas eficazes para o gerenciamento integrado de resíduos sólidos na região serrana de 
Santa Catarina. O projeto do sistema segue a metodologia consolidada de desenvolvimento de banco 
de dados (Rafaeli Neto et al., 1994). Como sistema gerenciador do banco de dados, optou-se pelo 
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PostgreSQL/PostGIS em ambiente servidor, e do SIG Quantum GIS como cliente. As operações 
espaciais complexas são realizadas no Quantum GIS ou no ArcGis e são publicadas no 
PostgreSQL/PostGIS. 
A implementação está sendo desenvolvida em duas frentes: o desenvolvimento de um sistema webgis 
e o desenvolvimento de um sistema protótipo. O sistema webgis objetiva a publicação de mapas 
resultantes do diagnóstico da gestão dos resíduos sólidos concluído no primeiro semestre de 2014. O 
sistema piloto objetiva implementar o modelo conceitual de dados em dois estudos de caso. O 
primeiro estudo de caso está em fase de desenvolvimento com a cidade de Urupema (SC), junto ao 
Setor Central (Figura 1). 
 
Figura 1 – Setorização do PGIRS de 17 municípios pertencentes ao consórcio CISAMA e municípios 
selecionados para estudo de caso do Sistema de Informações Geográficas (Urupema, São Joaquim e 
Bom Jardim da Serra). (Fonte: próprios autores, 2014). 
Esta cidade possui cerca de 2500 habitantes e foi selecionada por já dispor de um sistema de coleta 
seletiva de resíduos sólidos tanto na zona urbano como rural, um sistema de triagem e um sistema de 
compostagem, do que resulta cerca de 10% em rejeitos que são destinados a aterro sanitário. O sistema 
de triagem separa os resíduos em classes, os quais são comercializados para reciclagem. O segundo 
estudo de caso ocorrerá em 2015, no setor Leste. Este setor foi selecionado por englobar apenas os 
municípios de Bom Jardim da Serra e São Joaquim que, juntos, somam uma população de cerca de 30 
mil habitantes e mais de 80 comunidades rurais. Os resíduos destes dois municípios atualmente são 
todos destinados ao aterro sanitário da cidade de Tubarão (SC). 
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir do documento do PGIRS, produziu-se um modelo 
conceitual do sistema utilizando a metodologia Geo-OMT (Borges, 1997) (Figuras 2 e 3). As classes 
convencionais e classes georreferenciadas do modelo foram divididas em oito temas da aplicação. O 
tema Organização Espacial reúne as classes de entidades georreferenciadas que geram os resíduos 
como Comunidade Rural e Cidade Sede, ou que delimitam a área de abrangência para fins de gestão 
territorial como Município e Setor. Os demais temas estão organizados conforme o fluxo dos 
processos. No modelo conceitual do PGIRS, os resíduos gerados nas áreas urbanas e rurais sofrem 
coleta seletiva periódica, realizada por veículos adaptados, ou ainda por entrega voluntária. O 
transporte destes resíduos até a CGR é classificada como Destinação Primária (DP), uma vez que tais 
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resíduos ainda serão triados na CGR, quando chegarem misturados de sua origem, ou separados para 
reciclagem e comercialização. A Destinação Final (DF) será para empresas recicladoras, compostagem 
ou geração de biodísel, conforme a categoria do resíduo. No caso de rejeitos ocorrerá a disposição 
final em ASPP. 
Os atributos referentes à entrega voluntária nas comunidades rurais serão armazenados na classe Local 
de Entrega Voluntária (LEV), nas subclasses Úmido e Seco. O tema Transporte Inicial reúne as 
classes que deverão armazenar os atributos da Destinação Primária (DP) dos resíduos. As classes LEV 
e Coleta Urbana estão relacionados à classe Triagem, através das classes Destinação Primária dos 
LEV (DPLEV) e Destinação Primária da Construção Civil (DPCU). 
 
Figura 2 – Classesconvencionais e classes georreferenciadas dos temas Organização Espacial, 
Origem dos Resíduos Sólidos, Transporte Inicial dos Resíduos Sólidos e Central de Gerenciamento de 
Resíduos Sólidos (CGR). (Fonte: próprios autores, 2014) 
 
Figura 3 – Classes convencionais e classes georreferenciadas dos temas Central de Gerenciamento de 
Resíduos Sólidos (CGR), Resíduo Sólido, Transporte Final, Destinação e Disposição Final. (Fonte: 
próprios autores, 2014) 
A classe Triagem possui relacionamentos com as classes Reciclável (RCLT), Orgânico (ROT) e 
Rejeito (RJT). Os atributos dos resíduos das classes Volumoso (RVO), Logística Reversa (RLR) e 
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Óleo (ROL) estão associados às respectivas classes de Destinação Final (DF). A classe Resíduo da 
Construção Civil (RCC) tem associação de destino à classe georreferenciada Aterro Sanitário de 
Pequeno Porte (ASPP), assim como as classes Rejeito da Autoclavação (RJAC) e Rejeito da Triagem 
(RJT). 
O tema Destinação organiza as classes georreferenciadas Empresa de Reciclagem (ERCL), Unidade 
de Compostagem (UC), Empresa de Reciclagem Especial (ERCLEsp), Unidade de Biodísel (UB) e 
Empresa de Reciclátem de Óleo (EROL). 
Além de armazenar os atributos das classes de entidades, o SIG será utilizado para: 1) Definir os locais 
para instalação das 5 Centrais de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: neste caso há imposições 
espaciais quanto vias de acesso e proximidade de cursos d’água e aquíferos. 2) Definir os locais para 
instalação dos LEVs, sendo um para cada comunidade rural, também com restrições semelhantes à 
anterior. 3) Definir a logística para coleta dos resíduos nos LEVs, incluindo-se rotas, comunidades 
atendidas e cronogramas. Neste caso, incluem-se como restrição atributos de vias, como largura, 
extensão, pavimento, estado de conservação, declividade, entre outros (Figura 4). 
 
Figura 4 – Rede viária dos 5 setores abrangidos pelo PGIRS na região serrana de Santa Catarina. 
(Fonte: próprios autores). 
O sistema está em fase de implementação junto a um sistema servidor especialmente adquirido para o 
projeto. Atualmente se encontra em desenvolvimento a estruturação do banco de dados no 
PostgreSQL/PostGIS, atendendo aos requisitos do sistema piloto da cidade de Urupema, projeto e 
implementação do sistema WebGis que publicará os resultados do diagnóstico finalizado em 2014, 
conclusão da digitalização e consistência do sistema de vias sobre ortofotos 1:2000 com inserção de 
atributos e construção de topologia e ainda a integração do GeoRes ao SNIRS (Sistema Nacional de 
Informações de Resíduos Sólidos). 
CONCLUSÕES: A partir do documento que especifica o PGIRS dos 17 municípios da região serrana 
de Santa Catarina, que compõem o consórcio CISAMA, foi possível compreender o modelo de gestão 
que será adotado. Atualmente, encontra-se concluído o modelo conceitual de dados e em fase de 
implementação sua estruturação no sistema PostgreSQL/PostGIS. A opção pela prototipação, 
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inicialmente na escala de município, e depois em escala de setor, parece ajustar-se à realidade da 
região e se mostra promissora como estratégia de implantação do sistema. 
AGRADECIMENTOS\: Os autores agradecem à FAPESC pelo apoio financeiro, à Associação dos 
Municípios da Região Serrana de Santa Catarina (AMURES) e ao Consórcio de Saneamento da Serra 
Catarinense (CISAMA) pela articulação, ao Analista de Sistemas e professor Rafael Gattino Furtado 
pelo suporte de rede e aos bolsistas Adriel Neto Vieira, Lucas Siqueira e Lara Daiane Serena pelo 
suporte operacional. 
REFERÊNCIAS: 
 
BORGES, K. A. V. Modelagem de dados geográficos: uma extensão do modelo OMT para 
aplicações geográficas. Dissertação (Mestrado em Administração Pública). Fundação João Pinheiro: 
Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1997. 
 
BRASIL, 2010. Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
Brasília, DF, 2010. 
 
RAFAELI NETO, S. L. R.; DALMOLIN, Q.; ROBBI, C. Bancos de dados em sistemas de 
informações geográficas. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1994. 89 p. 
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