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Contabilidade Rural 4º Aula Contabilização na agricultura: culturas permanentes Obrigado ao homem do campo O boiadeiro e o lavrador O patrão que dirige a fazenda O irmão que dirige o trator. Dom e Ravel Olá Pessoal! As Culturas Permanentes são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita e produção. Nesta aula, conheceremos as contas de produção e colheita e os custos indiretos dessas culturas. Aprenderemos também a avaliar a depreciação ou exaustão, a calcular o custo e os gastos pré-operacionais. Ótima aula! Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, o aluno será capaz de: • caracterizar as Culturas Permanentes, identificar as contas de produção e colheita e os custos indiretos; • avaliar a depreciação ou a exaustão e calcular o custo das Culturas Permanentes; • levantar gastos pré-operacionais das Culturas Permanentes. 17 Seções de estudo 1 - Culturas permanentes: caracterização 1 - Culturas permanentes: caracterização 1.1 Contas: produção e colheita 1.2 Custos indiretos 2 - Início da depreciação 2.1 Casos de exaustão 3 - Gastos pré-operacionais 3.1 Casos de depreciação Culturas permanentes são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita e produção. Normalmente, atribui-se às culturas permanentes uma duração mínima de quatro anos. Do nosso ponto de vista, basta apenas a cultura durar mais de um ano e propiciar mais de uma colheita para ser permanente. Exemplos: cana-de-açúcar, citricultura (laranjeira, limoeiro...), cafeicultura, silvicultura (essências florestais, plantações arbóreas), oleicultura (oliveira), praticamente todas as frutas arbóreas (maçã, pêra, jaca, jabuticaba, goiaba, uva...). Disponível em: <http://www.grandefm.com.br/rural/embrapa-cafe-epamig- comemora-38-anos-desenvolve-ndo-tecnologia-s-para-o-campo>. Acesso em: 25 abr. 2012. No caso de Culturas Permanentes, os custos necessários para formação da cultura serão considerados Ativo Permanente – Imobilizado. Os principais custos são: adubação, formicidas, forragem, fungicidas, herbicidas, mão de obra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc. É importante ressaltar que as despesas administrativas, de vendas e financeiras não compõem o gasto de formação de cultura, mas são apropriados diretamente como “despesa do período” e não são, portanto, ativadas. Os custos para formação da cultura são acumulados na conta “Cultura Permanente em Formação”, da mesma forma como acontece com a conta “Imobilização em Andamento” ou em curso em uma indústria. Dentro da conta “Cultura Permanente em Formação” há subcontas que indicam especificamente o tipo de cultura: café, pastagem, florestamento (araucária, eucaliptos...), guaraná, seringueira etc. Logicamente, essas contas estão sujeitas à correção monetária anual, e seus valores devem ser sempre atualizados. Após a formação da cultura, que pode levar vários anos (antes do primeiro ciclo de produção ou maturidade ou antes da primeira florada, ou da primeira produção), é preciso transferir o valor acumulado da conta “Cultura Permanente em Formação” para a conta “Cultura Permanente Formada”, identificando-se uma subconta por tipo de cultura específica. Ao compararmos tal fato com uma indústria que constrói máquinas para seu próprio uso, por exemplo, estaríamos no estágio em que a máquina está pronta para produzir. Daí por diante, na fase produtiva, os custos já não compõem o Imobilizado, mas são tratados como estoque em formação e são acumulados ao produto que está sendo formado. 1.1 – Contas: produção e colheita A colheita caracteriza-se como um Estoque em Andamento, uma produção em formação, destinada a venda. Daí sua classificação no Ativo Circulante. Como o ciclo de floração, formação e maturação do produto normalmente é longo, podemos criar uma conta de “Colheita em Andamento”, sempre identificando o tipo de produto que vai ser colhido.’ Disponível em: <http://www.biinternational.com.br/aluno/hhirano/category/ etica-e-sustentabilidade/>. Acesso em: 20 abr. 2012. A conta de “Colheita em Andamento” é composta de todos os custos necessários para a realização da colheita: mão de obra e respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação de herbicida, desbrota, raleação...), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos, custo do combate às formigas...), custo com irrigação (energia elétrica, transporte de água, depreciação dos motores...), seguro da safra, secagem da colheita, serviços de terceiros e etc. Adicionamos ao custo da colheita quando a qualquer momento forem aplicados recursos à Cultura Permanente, para melhorar a produtividade ao longo dos anos ou aumentar a vida útil da cultura. A Depreciação/Exaustão, normalmente, é o principal item do cálculo do custo da colheita. Após o término da colheita, transfere-se o total acumulado de “Colheita em Andamento” para “Produtos Agrícolas”. Nessa conta são acumulados, se houver, custos de beneficiamentos, de acondicionamentos (embalagens), de silagem, etc. À medida que a produção agrícola é vendida, precisamos dar proporcionalmente baixa na conta “Produtos Agrícolas” e transferir o valor do custo à conta “Custo do produto Vendido” (resultado do exercício), especificando-se o tipo de produto agrícola vendido (algodão, café, uva). Dessa forma, haverá o confronto entre a Receita e o Custo do Produto Vendido, podendo-se apurar o Lucro Bruto. 1.2 - Custos indiretos No período da “Cultura em Formação”, como já vimos, todos os custos voltados para a referida cultura serão acumulados nessa conta, inclusive a depreciação dos bens utilizados, desde a preparação do solo até a maturidade da plantação. Contabilidade Rural 18 Disponível em: <http://assiscon.blogspot.com.br/2010/08/setembro-e-tempo-de- apresentacao-do-itr.html#!/2010/08/setembro-e-tempo-de-apresentacao-do-itr.html>. Acesso em: 20 abr. 2012. Incluem-se também nessa conta os adiantamentos concedidos a fornecedores para o fornecimento de adubos, sementes, mudas etc. É evidente que havendo mais culturas, os custos indiretos deverão ser rateados e apropriados à “Cultura Permanente em Formação”, conforme sua atribuição para essa cultura. Consideramos também o número de horas que determinados funcionários estiveram à disposição da cultura em formação, e assim sucessivamente. 2 - Início da depreciação 3 - Gastos pré-operacionais Enquanto a cultura estiver em formação, não sofrerá à depreciação (ou exaustão), já que, nesse período, não existe perda da capacidade de proporcionar benefícios futuros, mas, muito pelo contrário, essa potencialidade aumenta na proporção do crescimento da planta. A depreciação ou exaustão, portanto, pode ser iniciada por ocasião da primeira colheita ou primeira produção. 2.1 - Casos de exaustão Florestas e espécies vegetais de menor porte - Apurar-se-á inicialmente, o percentual que o volume dos recursos florestais utilizados ou a quantidade de árvore extraída durante o período-base representa em relação ao volume ou à quantidade de árvores que no início do ano-base compunha a floresta. O percentual encontrado será aplicado sobre o valor da floresta registrado no Ativo, e o resultado será considerado como curso dos recursos florestais extraídos. Cana-de-açúcar - O custo de formação da plantação de cana-de-açúcar, acumulado na conta “Cultura Permanente em Formação”, será registrado no Imobilizado – Ativo Permanente. O canavial, uma vez plantado, poderá gerar, dependendo da região, de três a quatro cortes (ou mais). A quota da exaustão anual será, admitindo-se três cortes, de 33,33% (se de quatro cortes, 25%). Exemplo de Cálculo do Custo das Culturas Permanentes Café 200 ha. 40% Laranja 300 ha. 60% Imobilizado da PropriedadeDepreciação Tratores R$ 80.000,00 Vida útil 10 anos 8.000,00 Máquinas R$ 60.000,00 Vida útil 10 anos 6.000,00 Galpões R$ 30.000,00 Vida útil 25 anos 1.200,00 Cafezal R$ 90.000,00 Vida útil 5 anos 18.000,00 Laranjal R$ 120.000,00 Vida útil 6 anos 20.000,00 53.200,00 Gastos Efetuados à Vista: 1 - Manutenção 10.000,00 2 - Defensivos 12.000,00 3 - Mão de obra 20.000,00 4 - Adubos 15.000,00 5 - Outros Custos 5.000,00 6 - Despesas Adm. 12.000,00 40% 60% Gastos Café Laranja Manutenção 4.000,00 6.000,00 Defensivos 4.800,00 7.200,00 Mão de obra 8.000,00 12.000,00 Adubos 6.000,00 9.000,00 Outros Custos 2.000,00 3.000,00 Depreciação 21.280,00 31.920,00 Total dos Custos de Produção 46.080,00 69.120,00 Todas as despesas pagas ou incorridas pela empresa, durante o período que antecede o início de suas operações e que não forem identificadas diretamente com a cultura, serão enquadradas como pré-operacionais no Ativo Permanente – Diferido. Disponível em: <http://www.bblcontabil.com.br/servicos.aspx>. Acesso em: 20 abr. 2012. Dessa forma, serão acumulados como gastos pré- operacionais: despesas operacionais (propaganda, administrativas, financeiras...), despesas como constituição, despesas com pesquisas e estudos de viabilidade econômica, saldo devedor de correção monetária de balanço (se for o caso) etc. Pela Teoria da Contabilidade, toda receita obtida nesse período, como receitas financeiras, saldo credor da correção monetária se for o caso etc. deve ser tratada como redução (diminuição) dos gastos pré-operacionais. No que tange à amortização dos gastos pré-operacionais (distribuição das despesas diferidas ao longo dos períodos), ela ocorrerá a partir da primeira colheita (inclusive), respeitando-se um limite máximo de dez anos e um prazo mínimo de cinco anos. Baixa dos gastos como custo do período - Conforme a legislação Brasileira, os recursos aplicados no Ativo Diferido serão amortizados em prazo não superior a dez anos, a partir da primeira cultura ou colheita, em um prazo não inferior a cinco anos. Corretivos - Os corretivos aplicados no solo, que beneficiarão vários períodos (várias culturas), também serão classificados no Ativo Diferido e serão amortizados (distribuídos como custo) de acordo com a quantidade de períodos ou número de culturas que irão beneficiar. 19 3.1 - Casos de depreciação Conforme os conceitos apresentados, toda cultura permanente que produzir frutos será alvo de depreciação. Por um lado, a árvore produtora não é extraída do solo; seu produto final é o fruto e não a própria árvore. Um cafeeiro produz grãos de café (frutos), mantendo-se a árvore intacta. Um canavial, por outro lado, tem sua parte externa extraída (cortada), mantendo-se a parte contida no solo para formar novas árvores. Segundo esse raciocínio, sobre o cafeeiro incidirá depreciação e sobre o canavial, exaustão. Implementos agrícolas (tratores, máquinas, etc.) - Implementos agrícolas como tratores, colhedeiras, aparelhos agrícolas etc. não são utilizados ininterruptamente durante o ano (como normalmente são os equipamentos industriais) em virtude de entressafra, chuvas, geadas, ociosidades, etc. Dessa forma, recomenda-se a apropriação da depreciação em decorrência do uso às respectivas culturas ou projetos. Daí a necessidade de se calcular a depreciação por hora, estimando- se um número de horas de trabalho por equipamento, em vez da quantidade de anos de vida útil. Assim, o cálculo da depreciação do trator ou outros implementos agrícolas seria: • Valor do equipamento dividido pelo número estimado de horas de trabalho = Valor da depreciação por hora. Custo por hectare - Para calcular o custo por hectare (ou por alqueire) precisamos conhecer o número de horas necessárias para passar o trator num hectare. Multiplicando-se o número de horas pelo custo de uma hora, temos o custo por hectare. Como exposto, pudemos conhecer as características da Cultura Permanente e como tratar os casos de depreciação e gastos pré-operacionais daí decorrentes. É fundamental que não fiquem com dúvidas sobre os conteúdos estudados. Caso ainda tenham questionamentos, solicito que acessem o ambiente virtual, pois terei prazer em equacionar quaisquer dúvidas relacionadas ao conteúdo estudado. Até a próxima aula! Retomando a aula Vamos, então, recordar os pontos principais do que aprendemos na Aula 04: 1 - Culturas permanentes: caracterização Nesta seção, vimos que as Culturas Permanentes são aquelas que permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita e produção. A colheita, por sua vez, caracteriza-se como um Estoque em Andamento, uma produção em formação, destinada à venda. Daí sua classificação no Ativo Circulante. É preciso confrontar a Receita e o Custo do Produto Vendido, a fim de se apurar o Lucro Bruto. 2 - Início da depreciação A depreciação ou exaustão pode ser iniciada por ocasião da primeira colheita ou primeira produção. A Depreciação/ Exaustão, normalmente, é o principal item do cálculo do custo da colheita. Como exemplos de exaustão foram mencionados os casos das florestas e espécies vegetais de menor porte e a cana-de-açúcar. 3 - Gastos pré-operacionais São enquadrados como gastos pré-operacionais, no Ativo Permanente – Diferido, todas as despesas pagas ou incorridas pela empresa, durante o período que antecede o início de suas operações e que não forem identificadas diretamente com a cultura. Vimos que toda cultura permanente que produz frutos será alvo de depreciação e como exemplos citamos os casos de depreciação dos implementos agrícolas (tratores, máquinas, etc.) e os custos por hectare. CALLADO, Antônio André Cunha. Agronegócio. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. São Paulo: Atlas, 2005. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade Gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. Vale a pena Vale a pena ler BRASIL. Ministério da Agricultura. Disponível em: <www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 10 mar. 2012. COSTA, Maristela dos Santos; LIBONATI, Jeronymo José; RODRIGUES, Raimundo Nonato. Conhecimentos sobre Particularidades da Contabilidade Rural: Um Estudo Exploratório com Contadores da Região Metropolitana de Recife. Artigo publicado na revista eletrônica ConTexto, Porto Alegre, v. 4, n. 7, 2° semestre 2004. Disponível em: <http://www.ufrgs.br>. Acesso em: 15 mar. 2012. O Empreendedor Individual. Disponível em: <http:// www.mundosebrae.com.br/empreendedor-individual/>. Acesso em: 10 abr. 2012. Revista de Contabilidade e Organizações. Disponível em: <www.rco.usp.br/>. Acesso em: 10 mar. 2012. Vale a pena acessar Minhas anotações
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