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Economia Aplicada 5º Aula Introdução à macroeconomia Nesta aula faremos uma introdução a Macroeconomia. Primeiramente analisaremos os objetivos e as preocupações da Macroeconomia, bem como as possíveis soluções para os problemas. Além disso estudaremos a divisão do estudo macroeconômico. Na segunda seção conheceremos os principais agregados macroeconômicos. Vamos lá?! Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, o aluno será capaz de: • Conceituar a Macroeconomia, definir seu objetivo e preocupações principais; • Analisar os objetivos e dilemas da Política Macroeconômica, além de conhecer os instrumentos de Política Macroeconômica; • Conhecer os principais agregados macroeconômicos. 41 1 – Objeto de estudo da Macroeconomia 2 – Os principais agregados Macroeconômicos Seções de estudo 1 Objeto de estudo da macroeconomia A Macroeconomia analisa a economia como um todo, ou seja, analisa as variáveis macroeconômicas agregadas: nível de produto, nível de preços, taxa de salários, nível de emprego, taxa de juros, quantidade de moeda, taxa de câmbio, progresso, crescimento econômico, distribuição de renda, entre outras (VASCONCELLOS, 2008, p. 107). Nesta seção estudaremos os objetivos da Macroeconomia, os quais se tornam passíveis de entendimento quando estudamos também o problema da Macroeconomia. Será um assunto muito interessante! O objetivo da macroeconomia 1.1 O Problema da Macroeconomia Sachs & Larrain (2000) apresentam os problemas principais que a Macroeconomia procura resolver. Um desses problemas é o alto desemprego. Durante toda a década de 30, período conhecido como a Grande Depressão, a taxa de desemprego nos Estados Unidos ficou em torno de 20%. A macroeconomia busca explicar por que alguns países registram altas taxas de desemprego e o que deve ser feito para corrigi-lo. A inflação é outro problema com o qual a Macroeconomia se defronta e quer explicar por que alguns países registram altos níveis de inflação em determinados períodos e inflação baixa em outros, como o caso do Brasil que atingiu inflação de mais de 300% ao ano na década de 80 e atualmente registra uma inflação baixa e controlada. Além disso, a Macroeconomia se preocupa em como manter a inflação baixa, e se estiver alta, em como fazer para reduzi-la sem aumentar o desemprego. Outra preocupação central da Macroeconomia é com a taxa de crescimento do produto. A Macroeconomia quer entender por que o produto flutua, por que em alguns países o produto cresce mais rapidamente do que em outros e como manter níveis altos de crescimento do produto. Vale acrescentar mais uma preocupação da Macroeconomia, o papel do setor externo. A Macroeconomia quer esclarecer, por exemplo, por que os países estão cada vez mais integrados e por que os efeitos de uma crise como a que ocorreu recentemente nos Estados Unidos pode se estender pelo mundo inteiro. Além disso, todo país quer estar bem diante de seus concorrentes e/ou parceiros no exterior. Para que isso aconteça sua economia precisa estar saudável, com preços estáveis e moeda forte. As principais preocupações da Macroeconomia: • Desemprego • Infl ação • Crescimento do produto agregado • Setor externo 1.2 A Política Macroeconômica Vimos no início desta seção que política e Macroeconomia estão intimamente ligadas. Por isso podemos igualar os objetivos da Macroeconomia com os objetivos da Política Macroeconômica. Tais objetivos estão relacionados com o nível de produto, de emprego, de preços e as transações com o setor externo. Basicamente, como veremos a seguir, são quatro os objetivos da Política Macroeconômica: crescimento econômico, alto nível de emprego, estabilidade de preços e equilíbrio das transações externas (VASCONCELLOS, 2008, p. 108). Todo país quer agregar o maior volume de bens e serviços na tentativa de satisfazer as necessidades e desejos econômicos dos seus cidadãos. Esse objetivo pode tanto derivar da benevolência de seus governantes como também, o que é mais provável, do desejo de se manter no poder. Já vimos que as necessidades e desejos dos indivíduos são ilimitados, dessa forma, quanto maior o nível de produção da economia e quanto mais alta a taxa de crescimento da produção, mais perto o país estará de garantir a máxima satisfação das necessidades dos cidadãos. Para isso, o país deve operar o mais próximo possível de sua máxima capacidade de produção. Quando o nível de produção da economia é alto e a taxa de crescimento também, o país apresenta elevado nível de emprego de seus recursos produtivos, entre eles a mão de obra, um alto nível de renda e, consequentemente um aumento no consumo. O resultado disso é o aumento do padrão de vida de toda a sociedade. Tem-se então o primeiro objetivo da política Macroeconômica: altas taxas de crescimento econômico. Parece simples? Infelizmente não é! O desemprego da força de trabalho é um problema macroeconômico que afeta diretamente os cidadãos e de maneira perversa, já que estar desempregado significa a perda do padrão de vida e desencadeia uma série de preocupações. Uma taxa de desemprego elevada, ou seja, uma alta parcela de desempregados no total da força de trabalho é ruim para qualquer país. Porém, em todo país existe algum grau de desemprego. Registrar as mais baixas taxas de desemprego possível e ainda criar condições para expandir as oportunidades de trabalho, de modo que a crescente força de trabalho seja absorvida pelo mercado, é também um objetivo da Política Macroeconômica de todo país. O terceiro objetivo da Política Macroeconômica é manter os preços estáveis. Quando o contrário acontece, ou seja, quando há inflação, o país fica diante de um grave problema, pois a inflação leva à perda do poder de compra dos cidadãos, principalmente os de renda mais baixa, causando distorções na distribuição de renda. A inflação traz muitas consequências negativas para o país, assunto que veremos em aulas posteriores. Por enquanto, vale ressaltar que todo país, mesmo os países mais desenvolvidos, tem como objetivo o controle da inflação, o que é o mesmo que estabilidade dos preços. Com relação ao setor externo, graças à globalização Economia Aplicada 42 1.3 Dilemas da Política Macroeconômica Acabamos de conhecer os principais objetivos da Política Macroeconômica e por isso é de extrema importância saber que na história econômica mundial raramente se observou períodos em que os quatro objetivos foram atingidos simultaneamente. Na realidade, os objetivos da política Macroeconômica podem se mostrar conflitantes. Isso ocorre porque, em algumas situações, para atingir determinado objetivo o país acaba abrindo mão de outro objetivo também perseguido por ele. A maioria dos países, ao executar sua política Macroeconômica geralmente se depara com a necessidade de escolher um objetivo prioritário. A decisão de qual caminho ou objetivo priorizar é muito difícil e, com certeza, um dilema da política Macroeconômica. À primeira vista é praticamente impossível encontrar qualquer incompatibilidade entre a meta de alcançar o crescimento do produto e a manutenção de um alto nível de emprego. Poderíamos até afirmar que são dois objetivos que podem ser alcançados conjuntamente. Porém, na maioria dos países em desenvolvimento a boa relação entre crescimento do produto e nível de emprego fica comprometida. Para acompanhar o crescimento do produto as empresas existentes no mercado devem ser competitivas: produzir bens de alta qualidade e baixo preço. Para serem competitivas tais empresas precisam aprimorar seu processo de produção, cortando custos, desenvolvendo novas técnicas de produção com custos mais baixos e, muitas vezes, substituindo a força de trabalho por recursos tecnológicos de produção. A consequência do fato que acabamos de ver? A busca pelo crescimento econômico pode levar o país a não atingir totalmente sua meta de manutenção de um alto nível de emprego. Outrodilema da Política Macroeconômica pode ser O Brasil viveu um dilema a partir de 1994, no Plano Real. A meta de reduzir a infl ação foi bem sucedida. Mas, algumas consequências foram desfavoráveis! Pesquise a respeito. De acordo com o exposto acima, um alto nível de emprego pode gerar inflação e o controle da inflação (estabilidade de preços) pode gerar desemprego. Qual objetivo a Política Macroeconômica deve priorizar, alto nível de emprego ou estabilidade de preços? Escolher um desses é realmente um dilema. 1.4 Instrumentos de Política Macroeconômica Para alcançar os objetivos que acabamos de ver, a Política Macroeconômica dispõe de alguns instrumentos, os quais atuam sobre a oferta e a demanda agregada. Tais instrumentos são: política fiscal, política monetária, política cambial ou comercial e política de rendas. A seguir, estudaremos seus principais objetivos, o modo como são executados e quem os executa. A política fiscal é executada pelo governo e seus objetivos são idênticos aos objetivos da política macroeconômica. Para atingir tais objetivos a própria política fiscal utiliza seus instrumentos fiscais: variação dos gastos do governo ou variação das taxas e impostos. Dentre os gastos do governo estão o consumo e os investimentos realizados pelo governo, as transferências do governo às famílias e os subsídios que o governo fornece ao setor privado. A tributação é dividida em direta, a qual recai diretamente sobre a renda dos cidadãos, e indireta, que o cidadão paga indiretamente embutida no preço dos produtos. mundial os países estão cada vez mais parceiros e integrados em seus negócios. Manter relações e negócios com o exterior é benéfico à economia, mas é necessário que o país seja bem visto lá fora. Isso requer que ele tenha um câmbio estável. Entre as transações de um país com o exterior estão as exportações e importações de bens e serviços. O saldo das exportações menos as importações é chamado de exportação líquida. Como estudaremos com mais detalhes, essa conta faz parte da demanda agregada do país e contribui em muito para o crescimento de seu produto agregado. Um saldo entre as exportações e as importações em desequilíbrio é prejudicial para o crescimento do produto agregado e, consequentemente, para os níveis de emprego e de preços. Assim, a manutenção do equilíbrio das transações com o exterior também é um dos objetivos da política Macroeconômica. Os principais objetivos da Política Macroeconômica são: • Crescimento econômico • Alto nível de emprego • Estabilidade dos preços • Equilíbrio das transações externas observado entre os objetivos de estabilidade de preços, crescimento econômico e o alto nível de emprego. Em Economia, esse dilema é conhecido como trade off (expressão usada para situações onde existe algum conflito de escolha) entre inflação e desemprego. Por um lado, quando o nível de emprego aumenta e a necessidade de aumento do nível de produção faz com que o país se aproxime do pleno emprego, ou seja, da plena utilização de sua capacidade produtiva, podem ocorrer pressões de alta dos preços principalmente dos fatores de produção. Como isso é possível? Isso ocorre porque com o aumento do nível de emprego haverá também aumento do nível de renda e de demanda agregada. Para o setor produtivo atender essa demanda crescente precisará aumentar a produção, contratando mais máquinas, equipamentos, matéria-prima e mão de obra. Estudamos na Microeconomia que todo país convive com a escassez de recursos produtivos. Consequentemente, à medida que o país contrata mais fatores de produção e se aproxima de sua máxima capacidade produtiva, haverá pressão de alta nos preços dos fatores de produção, que se tornam mais escassos conforme a produção aumenta. Geralmente, para conter a alta nos preços, ou seja, para controlar a inflação, os governos adotam medidas que desestimulem a demanda agregada. Infelizmente, tais medidas, ao desestimular a demanda, também desestimulam o setor produtivo. A produção irá cair, mas o nível de emprego também. 43 Se o objetivo da política macroeconômica for um alto crescimento do produto e do emprego, a política fiscal deve ser expansionista. O governo poderia tomar certas medidas que proporcionem o aumento da demanda agregada, como aumentos dos próprios gastos e redução dos impostos, fazendo com que a quantidade de produto nacional aumente e, consequentemente, o nível de emprego. Política Fiscal Expansionista: estimula a demanda agregada e a produção, além de combater o desemprego. Por outro lado, nos períodos de inflação o governo pode adotar medidas que restrinjam a demanda agregada, como redução dos próprios gastos e aumento dos impostos, e assim reduzir a taxa de crescimento dos preços. Se o objetivo da política Macroeconômica é controlar a inflação, a política fiscal deve ser restritiva. Política Fiscal Restritiva: desestimula a demanda agregada e a produção, além de poder acarretar desemprego. Com relação à política monetária, seus objetivos também coincidem com os objetivos da política macroeconômica. Para atingir seus objetivos, a política monetária executada pelo Banco Central utiliza instrumentos como o controle da quantidade de moeda em circulação, controle da oferta de crédito e da taxa de juros. Assim, se o objetivo a ser alcançado é o crescimento do produto e do nível de emprego, a política monetária deve ser expansionista. Um aumento na quantidade de moeda em circulação, redução nas taxas de juros e expansão na oferta de crédito são medidas que estimulam a demanda agregada, consequentemente, estimulam a produção e o emprego. O contrário acontece se o objetivo é controlar a inflação. A política monetária deve ser restritiva, ou seja, redução na oferta de moeda, aumento na taxa de juros e contração da oferta de crédito são medidas que desestimulam a demanda agregada, controlando os preços. Para atingir seus objetivos, as políticas cambial e comercial utilizam instrumentos relacionados ao setor externo da economia, como a taxa de câmbio, as importações e exportações e a entrada de capitais estrangeiros no país. Esses instrumentos podem estimular ou desestimular o crescimento do produto nacional e do emprego e podem também eliminar pressões inflacionárias, dependendo do objetivo a ser alcançado. Se o principal objetivo de política macroeconômica a ser alcançado é estimular a demanda agregada, a produção e o emprego, as autoridades monetárias podem utilizar como instrumento a desvalorização cambial. Desvalorizando a moeda nacional frente às moedas estrangeiras, o produto interno ficará mais barato em relação ao produto externo, o que estimularia as exportações e desestimularia as importações. Outros instrumentos que podem ser utilizados para impulsionar a demanda agregada, o produto e o emprego são o estímulo à entrada de capitais estrangeiros para investir no país, o protecionismo interno, que desestimularia as importações taxando os produtos importados e ainda estímulos fiscais e creditícios para estimular as exportações. Por outro lado, se o objetivo da economia é a estabilidade dos preços, os instrumentos de política cambial seriam a valorização da moeda, estímulo à entrada de produtos e empresas estrangeiras para incentivar a concorrência, tendo em vista que a competitividade entre produtos e empresas gera redução no preço dos bens e serviços ofertados e melhoria na qualidade. Finalmente, a política de renda é mais empregada quando o objetivo principal da política macroeconômica é a estabilidade dos preços. Ela é utilizada como um complementando na atuação das três políticas estudadas acima. Os instrumentos utilizados para a estabilização dos preços são os controles diretos sobre os preços vigentes na economia como, por exemplo, congelamento dos preços e também o controle dos salários, aluguéis, juros e outras remunerações pagas aos fatores de produção. Como o próprio nome sugere, essa políticaestá relacionada ao controle que o governo exerce sobre a estabilidade do poder de compra dos cidadãos e a formação da renda da economia. Controlar a inflação e defender a remuneração dos cidadãos resultará para o país uma melhor distribuição de renda. Finalizando a apresentação dos instrumentos de política macroeconômica é preciso ter em mente que os instrumentos de política fiscal, monetária, cambial e comercial e de rendas sempre serão escolhidos segundo as prioridades do país. 1.5 A Divisão do Estudo Macroeconômico A Macroeconomia trata a economia como se ela fosse dividida em cinco mercados: mercado de bens e serviços, mercado de trabalho, mercado monetário, mercado de títulos e mercado de divisas (VASCONCELLOS, 2000, p. 14). Veremos cada um deles em detalhe a seguir. Ao estudar o comportamento do mercado de bens e serviços é feita a agregação de todos os bens e serviços produzidos e prestados pela economia durante certo período, quando se define então o produto agregado da economia. Para entender melhor, podemos imaginar o produto agregado com um único produto, o qual é o somatório de todos os produtos produzidos no país. O produto agregado deve ter um nível de preço que será uma média de todos os preços vigentes no mercado, quando se define então o nível geral de preços da economia. Da mesma forma como fizemos anteriormente, podemos considerar o nível geral de preços como um só preço, o qual é a média de todos os preços praticados na economia. Podemos observar que ao agregar todos os bens e serviços produzidos na economia a macroeconomia acaba esquecendo-se das características individuais de cada produto. Porém, é possível e muito útil, por exemplo, comparar a evolução da produção agrícola frente à produção industrial. O mercado de trabalho agrega todos os tipos de trabalhos existentes na economia. Nesse mercado existe apenas um tipo de mão de obra, não é feita distinção entre qualificação, escolaridade e sexo, por exemplo. É no mercado de mão de obra que se determina a taxa salarial e o nível de emprego. Considerando que todas as transações de compra e venda de uma economia são realizadas mediante o intermédio de moeda, a Macroeconomia também estuda o comportamento do mercado monetário. No mercado monetário existe uma demanda de moeda por parte dos agentes econômicos para que possam Economia Aplicada 44 realizar suas transações e existe também a oferta de moeda determinada pelo Banco Central e pelos bancos comerciais (como veremos em aulas posteriores). A interação entre a demanda e a oferta de moeda determina a taxa de juros da economia, a qual pode ser considerada um prêmio oferecido aos que possuem moeda, para incentivá-los a deixar de ficar com moeda em mãos e assim poupá-la ou investi-la e receber juros. Portanto, é no mercado monetário que é determinada a taxa de juros e a quantidade de moeda em circulação em um país. Com relação ao mercado de títulos, deve-se saber que em uma economia existem agentes econômicos que possuem um nível de renda superior aos seus próprios gastos. Estes são chamados agentes econômicos superavitários. Existem também aqueles que possuem um nível de gasto superior ao próprio nível de renda, são os chamados agentes deficitários. O mercado de títulos supõe que os agentes superavitários emprestam dinheiro aos agentes deficitários por intermédio de um título único (na realidade, esse título único agrega os vários títulos existentes na economia como, duplicatas, cheques pré-datados, debêntures, títulos do governo). É nesse mercado que se determina o preço dos títulos negociados e a quantidade de títulos em circulação na economia. Você se considera um agente deficitário ou superavitário? Antes de responder, anote suas despesas e rendas semanalmente, ao final do mês, teremos a resposta! Espero que positiva! Finalmente, o mercado de divisas (também denominado mercado de moeda estrangeira) existe, pois a economia mantém relações comerciais com o exterior, ou seja, com outros países, as quais se realizam por intermédio de moedas estrangeiras de aceitação mundial, como dólar, euro, iene, yuan, entre outras. Nesse mercado existe uma oferta de divisas ou de moeda estrangeira que depende das exportações do país e da entrada de capitais financeiros no país. Veja bem, se o Brasil exporta bens para o exterior provavelmente ele irá receber em moeda estrangeira, dessa forma, entram divisas ou moedas estrangeiras no país, as quais farão parte de sua oferta de divisas. O mesmo acontece quando entram capitais estrangeiros no país na forma de investimentos estrangeiros, por exemplo. Existe também a demanda de divisas, determinada pelo volume das importações do país e da saída de capitais financeiros. Quando o país compra bens e serviços de outros países, paga em moeda do país credor ou em alguma das moedas mundialmente aceitas. Nesse caso, o país precisa demandar ou usar parte das divisas que possui para pagamento das importações, consequentemente, saem divisas ou moedas estrangeiras do país. Novamente, o mesmo acontece quando o país investe em outros países, ele demandará divisas para concretizar a operação. Finalmente, no mercado de divisas é determinada a taxa de câmbio, o preço da moeda estrangeira em termos da moeda nacional. Por exemplo, a taxa de câmbio real/dólar é o preço de uma unidade de dólar em relação ao real. O iene (ou yen) é a moeda do Japão e o yuan é a moeda da China. O dólar americano é a moeda de maior aceitação mundial, em seguida o euro da União Europeia. A partir do que estudamos nesta seção podemos concluir que o objetivo da Macroeconomia é estudar a determinação de variáveis agregadas estudadas em cada mercado como: o nível geral de preços, a taxa salarial, o nível de emprego, a taxa de juros, a quantidade de moeda em circulação, o preço dos títulos, a quantidade de títulos em circulação e a taxa de câmbio. 2 Os principais agregados macroeconômicos Sabe-se que o principal objetivo da Macroeconomia é estudar a determinação e o comportamento das variáveis econômicas agregadas, os chamados agregados macroeconômicos. Mas, qual é a razão de se estudar tais variáveis macroeconômicas? A resposta é simples: elas são a fonte de informação sobre a economia e essas informações são de extrema relevância para todos os participantes da economia. Agregados macroeconômicos 2.1 Produto, Renda e Despesa Nacional O produto nacional, também conhecido como produto agregado, é considerado a melhor medida do desempenho de uma economia no sentido de satisfazer a necessidade da sociedade. O valor monetário do produto nacional de uma economia expressa o valor de toda a sua atividade econômica. Mais ainda, o produto nacional é igual à renda total de todas as pessoas no país e igual à despesa total do país na produção de bens e serviços. A essa altura você pode estar se questionando: como o produto pode medir tanto a renda das pessoas como a despesa envolvida na produção? Saberemos adiante! O produto nacional é o somatório em unidades monetárias de todos os bens e serviços finais produzidos por um país em determinado período (VASCONCELLOS, 2000, p. 26), geralmente um ano. Em termos matemáticos, temos: Produto Nacional = Σ P.Q onde P = preço médio dos bens e serviços finais; Q = quantidade de bens e serviços finais; P.Q = valor da produção em unidades monetárias. Σ = somatória A renda nacional representa a remuneração ou os pagamentos feitos a todos os fatores de produção utilizados nessa economia para obtenção do produto agregado (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 274), durante o período de um ano. Cada fator de produção utilizado possui uma remuneração. A remuneração do trabalho, por exemplo, um importante fator empregado na produção de bens e serviços finais, é o salário. Tem-se também como fator de produção o capital: tanto o capital físico como as máquinas, equipamentos e edificações, como o capital monetário.A remuneração do capital físico são os aluguéis e a remuneração do capital monetário são os juros. A capacidade empresarial ou gerencial também é um fator de produção e por isso também recebe remuneração, denominada lucro. Visto isso, temos que a renda agregada será: 45 Renda Nacional = Σ (salários + aluguéis + juros + lucros) Concluindo, perceba pela equação acima que a renda de toda a economia é a soma de todos os pagamentos feitos a todos aqueles que participaram do processo de produção ou de geração do produto nacional. Finalmente, a despesa nacional representa os gastos dos diferentes agentes econômicos com o produto nacional (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 278), utilizando suas rendas. Como estamos considerando uma economia hipotética, ou seja, fechada e sem governo, os agentes econômicos são apenas as famílias e as empresas que atuam no país. A despesa nacional de uma economia fechada e sem governo é obtida somando-se os gastos das famílias com o consumo de bens e serviços e os gastos das empresas com investimento. A fórmula da despesa nacional será: DN = C + I onde DN = despesa nacional; C = consumo agregado; I = investimento. O item consumo refere-se a todos os bens e serviços comprados pelas famílias. Os bens podem ser classificados em bens não duráveis e duráveis; os bens não duráveis são aqueles que duram um curto período de tempo como os alimentos, por exemplo, enquanto os bens duráveis são os que duram mais tempo, como os automóveis e os eletrodomésticos. Os gastos com serviços são representados pelos gastos com hospedagem, passagens aéreas, salão, consulta médica, educação, entre outros (MANKIW, 2000, p. 20). Quanto ao investimento, este será explicado mais adiante. 2.2 Fluxo Circular da Renda Agora, depois de conhecermos os três primeiros conceitos básicos de produto, renda e despesa nacionais, podemos seguir a análise de nossa economia simplificada. Além da hipótese de que existem apenas dois agentes econômicos, iremos considerar também que nesta economia é produzido um único bem e, ainda, que existem apenas dois mercados básicos: o mercado de fatores de produção e o mercado de bens e serviços. Observe atentamente o quadro abaixo. Fonte: Pinho; Vasconcellos, 2004, p. 274 indivíduos são donos de todos os fatores de produção dessa economia. Para realizar a produção, as firmas empregam fatores de produção, dessa forma, os indivíduos vendem seus fatores de produção às empresas e recebem renda por isso. Essa operação de compra e venda de fatores de produção representa renda para os indivíduos e, em contrapartida, uma despesa para as empresas. Na parte superior do gráfico, as duas linhas contínuas representam o movimento dos fatores de produção passando, ou sendo vendidos, dos indivíduos para as empresas. As duas linhas tracejadas representam o movimento do dinheiro, o qual sai das mãos das empresas, como forma de pagamento pela compra dos fatores de produção, e chega às mãos dos indivíduos. Mais uma vez vale constatar que esse movimento de fatores de produção, ou seja, as transações de compra e venda de fatores de produção representam renda para os indivíduos e despesa para as empresas. A parte inferior do quadro representa o mercado de produtos, ou seja, as transações de bens e serviços finais em nossa economia hipotética. Depois de realizada a produção, as empresas se dirigem ao mercado de produtos para vender sua produção aos indivíduos. Por sua vez, os indivíduos se dirigem ao mercado para demandarem os bens e serviços finais que necessitam e, obviamente, pagam por eles às empresas. Na parte inferior do gráfico, as duas linhas contínuas representam o movimento dos bens e serviços passando, ou sendo vendidos, das empresas para os indivíduos. As duas linhas tracejadas representam o movimento do dinheiro, o qual sai das mãos dos indivíduos, como forma de pagamento pela compra da produção, e chega às mãos das empresas. Agora, essa operação de compra e venda de bens e serviços finais representa despesa para os indivíduos e renda para as empresas. Podemos, então, entender por que o produto pode medir tanto a renda das pessoas como a despesa envolvida na produção. Isso acontece porque toda a despesa efetuada na compra do produto somente é possível porque os indivíduos recebem renda por participarem do processo produtivo vendendo fatores de produção às empresas. Com essa renda, os indivíduos demandam bens e serviços que irão representar renda para as empresas, as quais a empregarão na compra dos fatores de produção dos indivíduos e geração do processo de produção. Perceba que todas as despesas efetuadas com o produto (seja para produção ou consumo) são, necessariamente, convertidas em renda na economia. E toda a renda gerada com o produto (seja na produção ou no consumo) é, necessariamente, convertida em despesa. Em nossa economia hipotética o produto total expressa tanto o total da despesa gerada para obtenção do produto como o total da renda obtida graças à produção do produto. 2.3 Formação de capital da economia A partir de agora devemos levar em conta que os No mercado de fatores de produção, representado na parte superior do quadro, suponhamos que os indivíduos sejam os proprietários da força de trabalho, da terra, dos recursos naturais, das máquinas, equipamentos, tecnologia, enfim, os Economia Aplicada 46 indivíduos não gastam toda sua renda apenas em bens de consumo e que as empresas não produzem apenas bens de consumo, mas também produzem bens de capital ou bens de investimento, os quais aumentam a capacidade produtiva do país (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 278). Com relação às famílias, já sabemos que elas podem não gastar toda sua renda em bens de consumo e, portanto, podem poupar uma parte de sua renda. Tem-se assim o conceito de poupança: é o ato de não consumir a renda no mesmo período, deixando-a para consumir no futuro (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 278). Levando em conta toda a renda recebida pelos indivíduos, na forma de salários, aluguéis, juros e lucros, a parte dessa renda que não é consumida no mesmo período será a poupança agregada. Em outras palavras, a poupança agregada é a parcela da renda nacional que não é gasta em consumo. Tem-se a seguinte fórmula: S = RN – C onde S = poupança RN = renda nacional C = consumo agregado As empresas, além de produzir bens de consumo, produzem também bens que aumentam a capacidade produtiva do país, são os chamados bens de capital ou bens de investimento. O investimento divide-se em: investimento em bens de capital e variação dos estoques (VASCONCELLOS, 2008, p. 130). O investimento em bens de capital ocorre quando as empresas adquirem bens de capital, como máquinas, equipamentos, fábricas, terras, edifícios aumentando assim a capacidade produtiva da economia. Os estoques são considerados como bens que foram produzidos num período, mas não foram consumidos no mesmo tempo. As empresas então terão que gastar ou investir na manutenção desses bens em estoques para que estes possam ser consumidos no período seguinte, aumentando então a capacidade produtiva do país na fase seguinte. Temos assim: Investimento total = Investimento em bens de capital + Variação de estoques Repare que o conceito de investimento agregado se refere a aumento da capacidade produtiva da economia. Dessa forma, investimento em ações e investimento em bens de capital de segunda mão não fazem parte do investimento agregado. Investir em ações, ou seja, a transação financeira na Bolsa de Valores não aumenta a capacidade produtiva da economia. Por isso não pode ser considerado investimento no sentido macroeconômico. Mas, se a empresa que possui determinada ação a vender e utilizar o dinheiro para a compra de máquinas, por exemplo, tem-se então um investimento no sentido macroeconômico. Outro conceito a ser estudado aqui é o de depreciação. Durante o processo produtivo as máquinas eequipamentos utilizados sofrem um desgaste. Dessa forma, uma parte do investimento em máquinas e equipamentos realizados pelas empresas será destinada para repor aquela parcela dos equipamentos desgastada durante o processo produtivo; o valor dessa parcela em termos monetários é a depreciação (VASCONCELLOS, 2008, p. 130). Agora que vimos o conceito de depreciação, podemos considerar dois tipos de investimento: investimento líquido e investimento bruto. A diferença entre eles é a própria depreciação; no investimento líquido desconta-se a depreciação. Investimento líquido = Investimento bruto – depreciação Da mesma forma, podemos considerar dois tipos de produto: produto nacional (ou agregado) bruto e o produto nacional (ou agregado) líquido. A diferença entre eles é que no último é descontada a depreciação. Assim, o produto nacional bruto considera o total dos bens e serviços finais produzidos pela economia e o produto nacional líquido considera a produção de bens e serviços finais, sem levar em conta aquilo que foi produzido para repor o capital depreciado. Produto Nacional líquido = Produto Nacional bruto – depreciação 2.4 Introduzindo o governo na Economia A introdução do governo provocará mudanças na produção, na renda e nas despesas da economia. Isso acontece porque os três agentes se relacionam na economia. O governo se relaciona com os consumidores e as empresas cobrando tributos, os quais afetam o poder aquisitivo das famílias e da produção e acumulação das empresas. Porém, é com os tributos arrecadados que o governo consome e oferta bens e serviços à sociedade, fornece subsídios às empresas e transferências às famílias. O governo tem a importante função de ofertar à sociedade os chamados bens públicos, ou seja, aqueles bens que não podem ser oferecidos no mercado, como a justiça e segurança nacional, por exemplo. Para ofertá-los o governo precisa ter receita, ou seja, precisa ter renda ou dinheiro para financiá-los. Existem quatro formas de o governo obter receita: arrecadação de impostos diretos e impostos indiretos, contribuições à previdência social e cobrança de taxas pela prestação de serviços. Os impostos diretos são aqueles que incidem diretamente sobre a renda das famílias e das empresas. Em outras palavras, são aqueles descontados diretamente da remuneração (salários, aluguéis, juros e lucros) dos agentes econômicos. O Imposto de Renda, o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), o Imposto Territorial Rural, o IPVA (Imposto de Propriedade de Veículos Automotores) e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) são exemplos de impostos diretos. Os impostos indiretos são aqueles que incidem sobre o preço dos bens e serviços finais. Geralmente são os consumidores que arcam com o pagamento desse tipo de imposto ao adquirir bens e serviços finais, já que ele vem embutido nos preços. Portanto, os impostos indiretos são deduzidos de nossa renda indiretamente, ou seja, via preço dos produtos e serviços. Temos como exemplo o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ISS (Imposto sobre Serviços). As contribuições dos cidadãos (empregados e empregadores) à previdência social são também um tipo de 47 receita do governo. Isso porque o montante arrecadado não é totalmente utilizado no mesmo período, pois o número de contribuintes é geralmente maior que o número de aposentados e pensionistas. Além disso, na maioria dos casos, o valor total contribuído pelo cidadão é maior que o recebido durante sua aposentadoria. A última categoria de receita do governo engloba as taxas cobradas, por exemplo, pela iluminação pública e saneamento, as multas de trânsito, pedágios, aluguéis de prédios públicos e também a participação acionária em empresas. O montante arrecadado pelo governo, ou seja, a receita do governo é utilizada para financiar seus gastos. Os gastos do governo se dividem em quatro tipos: gastos de consumo, gastos com investimentos, transferências e subsídios. Os gastos de consumo englobam todos os gastos com folha de pagamento dos funcionários públicos (despesas de pessoal) e os gastos com compras de bens e serviços utilizados nas repartições públicas, como cafezinho, materiais de escritório e serviços de táxi por exemplo. Os gastos de investimento compreendem a aquisição de máquinas e equipamentos e os gastos com a construção de obras públicas como rodovias, portos e aeroportos, hospitais, escolas, bibliotecas, presídios, armazéns, etc. Todos esses são gastos que contribuem para o aumento do estoque de capital da economia. As transferências são pagamentos feitos pelo governo diretamente às famílias, dentre eles estão as aposentadorias, pensões e seguro desemprego fornecidos pela Previdência Social, os auxílios a educação, transporte e alimentação. As transferências contribuem para o aumento da renda das famílias. Finalmente, os subsídios são pagamentos feitos pelo governo às empresas (podem ser considerados um imposto negativo), visando ao bem-estar da sociedade. Se algum bem ou serviço essencial para a população estiver com preço de mercado elevado, o governo pode subsidiar sua produção para que os custos envolvidos sejam reduzidos e esse bem entre no mercado com preço acessível à população. O governo pode fornecer subsídios também com o objetivo de incentivar determinada atividade produtiva e para que certos produtos produzidos internamente possam competir com produtos estrangeiros a preços menores. Quando a receita total do governo por meio da arrecadação de impostos for maior que o total de seus gastos registra-se um superávit nas contas do governo ou superávit público. O contrário ocorre quando o governo gasta mais do que arrecada na forma de tributos e incorre em um déficit público. Muitos já devem ter ouvido a respeito de superávit ou déficit fiscal (ou primário), os quais não consideram o pagamento dos juros da dívida pública. Quando o pagamento de juros nominais da dívida está incluído tem-se um superávit ou déficit total (ou nominal). Por último, quando se inclui o pagamento de juros reais da dívida pública, ou seja, descontando dos juros nominais a variação da inflação e a variação cambial, tem-se um superávit ou déficit operacional. Dessa forma, se um país apresenta um superávit fiscal ou primário quer dizer que esse país arrecadou mais do que gastou, sem considerar os gastos do país com o pagamento dos juros de sua dívida pública. Talvez, ao considerar o pagamento de juros, esse país poderia, na verdade, estar em déficit nominal. A introdução das receitas e gastos do governo causam impactos nas variáveis macroeconômicas, podendo aumentar ou reduzir o produto, a renda e a despesa nacional, além de contribuir positivamente para o processo de acumulação de capital da economia. Assim, com a introdução do governo na economia, podemos introduzir dois novos conceitos: renda nacional a custo de fatores e produto nacional a preço de mercado. A renda nacional a custo de fatores corresponde ao total dos pagamentos feitos pelas empresas aos fatores de produção utilizados no processo produtivo, ou seja, o total da remuneração (salários, aluguéis, juros e lucros) paga àqueles que participaram do processo de produção. O produto nacional a preço de mercado corresponde ao preço final de venda do produto, é igual à renda nacional a custo de fatores mais os impostos indiretos e menos os subsídios. A partir de então, tem-se: PNpm = RNcf + impostos indiretos – subsídios Onde PNpm = produto nacional a preço de mercado RNcf = renda nacional a custo de fatores De um lado, a introdução do governo na economia provoca redução na renda nacional devido ao pagamento dos tributos, às contribuições à previdência social e ao pagamento de multas, taxas e outras receitas do governo. Do outro lado, causa também um aumento na renda agregada graças ao impacto positivo das transferênciasdo governo. Assim, a renda pessoal disponível corresponde à renda nacional a custo de fatores descontando todos os pagamentos que os indivíduos devem fazer ao governo e de contabilizadas as transferências. Dessa forma, tem-se: Renda pessoal disponível = RNcf – impostos indiretos – contribuições a previdência social – outras receitas do governo + transferências Veja que é o que sobra para os indivíduos decidirem quanto irão gastar em consumo e quanto irão poupar. Finalmente, além de impactar no produto e da renda nacional, a introdução do governo também modifica a despesa nacional. Agora, os gastos do governo devem ser somados aos gastos em consumo das famílias e aos gastos em investimentos das empresas. A nova fórmula da despesa nacional será: DN = C + I + G onde DN = despesa nacional; C = consumo agregado. I = investimento G = gastos do governo 2.5 Introduzindo o setor externo na economia Introduziremos agora o último agente econômico em nosso estudo, o setor externo. Agora a economia possui quatro agentes econômicos: consumidores (ou famílias), empresas, o governo e o setor externo. Quando falamos em setor externo, “resto do mundo” ou não residentes, na verdade, nos referimos a todos os agentes (famílias, empresas e governos) de outros países que realizam transações com os agentes residentes no país. Economia Aplicada 48 A introdução do setor externo também provocará mudanças na produção, na renda e nas despesas da economia já que agora são quatro agentes se relacionando. Trataremos agora de uma economia muito próximo à realidade, a economia aberta, ou seja, que mantém relações com o exterior. As transações com o exterior são duas, a primeira envolve a compra e venda de bens e serviços. São as exportações que correspondem à venda ao exterior de uma parte da produção de bens e serviços de nosso país e as importações, que são as aquisições por parte de nosso país de uma parte da produção de bens e serviços de outros países (VASCONCELLOS, 2000, p. 31). Aqui, vale a pena acrescentarmos que, se um país exporta mais bens e serviços ao exterior do que importa bens e serviços do exterior, esse país terá um superávit comercial. O contrário ocorre quando o país importa mais bens e serviços do exterior do que exporta seus próprios bens e serviços. Nesse caso o país terá um déficit comercial. A segunda categoria envolve compra e venda de fatores de produção (VASCONCELLOS, 2000, p. 31). Se uma empresa sediada no país utiliza mão de obra, matéria-prima e/ou capital vindos do exterior, ou seja, importa fatores de produção do exterior, ela terá que pagar por eles, enviando renda ao exterior. Porém, pode também existir uma empresa residente no país que venda mão de obra, matéria-prima e/ou capital para o exterior, ou seja, exporta fatores de produção ao exterior. Neste caso, a empresa receberá renda do exterior. Ao considerar todas as transações de fatores de produção com o exterior a economia obtém o valor da renda líquida do exterior (RLE). A diferença entre o que foi recebido pela venda ou exportação de fatores de produção ao exterior e o que foi pago pela compra ou importação de fatores de produção ao exterior é chamada renda líquida do exterior. RLE = renda recebida do exterior – renda enviada ao exterior A introdução das transações do país com o exterior também causam impactos no produto, renda e despesa nacional. Veremos a seguir como cada um deles será definido em uma economia aberta. Com a introdução do setor externo na economia a renda nacional se altera, pois agora existem as remessas de renda ao exterior e entradas de renda no país devido às transações de compra e venda de fatores de produção, respectivamente. Se o país recebeu mais renda do exterior do que enviou, sua renda líquida é positiva, quer dizer que esse país vendeu ou exportou mais fatores de produção ao exterior do que comprou ou importou do exterior. Quando isso ocorre, a renda nacional aumenta. Por outro lado, se o país enviou mais renda ao exterior do que recebeu, ou seja, se ele importou mais fatores de produção do exterior do que exportou, então, sua renda líquida é negativa. Isto acontece em países que possuem certa dependência dos fatores de produção e de investimentos do exterior, ou ainda, países onde existem muitas multinacionais instaladas na economia. Quando a renda líquida é negativa haverá uma redução da renda nacional do país. Assim, a equação da renda para uma economia aberta será: Renda pessoal disponível = RNcf – impostos indiretos – contribuições a previdência social – outras receitas do governo + transferências + RLE A despesa nacional em uma economia aberta é obtida somando-se os gastos das famílias com o consumo de bens e serviços, gastos das empresas com investimento, gastos do governo e, finalmente, as despesas líquidas do setor externo. A fórmula da despesa agregada será: DA = C + I + G + (X – M) onde DA = despesa agregada; C = consumo agregado. I = investimento G = gastos do governo X = exportações M = importações As despesas líquidas do setor externo representam os gastos líquidos do exterior com bens e serviços produzidos internamente e vendidos ao exterior, os quais geram renda aos produtores internos. O termo “líquido” significa a diferença entre o valor dos bens e serviços exportados ou enviados ao exterior e o valor dos bens e serviços importados ou recebidos do exterior. Esse item também pode ser chamado exportações líquidas. Se o país exporta mais do que importa, as exportações líquidas serão positivas e haverá acréscimo na despesa agregada. O contrário ocorre quando o país importa mais do que exporta. 2.6 Produto Interno Bruto X Produto Nacional Bruto A essa altura você já deve ter sentido a falta ou lembrado de um conceito sempre citado nos telejornais, jornais impressos e sempre citado também por nossos governantes. Trata-se do Produto Interno Bruto (PIB), considerado a melhor medida do nível de atividade econômica de um país. Primeiramente, devemos levar em conta que alguns fatores de produção utilizados durante o processo de produção são propriedade de não residentes no país, assim como alguns residentes têm fatores de produção sendo utilizados em outros países. Fácil, pois acabamos de estudar estes conceitos na seção acima. Agora podemos entender a diferença entre PIB e PNB. Conceitualmente definiremos o PIB como o valor monetário de toda a produção de bens e serviços realizada dentro do território nacional, não importando se para produzi- la utilizou-se de fatores de produção nacionais ou estrangeiros e também não importando se a empresa que produziu é nacional ou estrangeira. Por sua vez, o PNB é o valor monetário de toda a produção nacional, realizada utilizando-se apenas fatores de produção nacionais e somente por empresas nacionais, não importando se esses fatores de produção e essas empresas estão instalados no país em questão ou no exterior. No caso do Brasil nós enviamos mais renda para o exterior (como forma de pagamento pela utilização dos fatores de produção) do que recebemos dos países estrangeiros. Isso acontece porque utilizamos mais fatores de produção estrangeiros do que enviamos fatores de produção brasileiros ao exterior. O que também pode ser entendido pelo fato de que existem mais empresas estrangeiras instaladas no Brasil 49 do que empresas brasileiras no exterior. Dessa forma, o PIB brasileiro será sempre maior que nosso PNB. Matematicamente, temos: PIB = PNB + renda líquida do exterior Como a renda líquida do exterior é negativa no Brasil, confirma-se que o PIB é maior que o PNB. Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: 1 – Conceituamos Macroeconomia e definimos seu objetivo. Nesta seção também analisamos os instrumentos utilizados para atingir os objetivos da Macroeconomia. Estudamos a divisão do estudo Macroeconômico entre os mercados e analisamos cadatipo de mercado. 2 – Definimos os principais agregados macroeconômicos VASCONCELLOS, M. A. S. de; Lopes, L. M. Manual de Macroeconomia: básico e intermediário. 2ª edição. São Paulo: editora Atlas, 2000. PINHO, Diva Benevides ; VASCONCELLOS, Marco A. Sandoval de. Manual de Economia. 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 2004. Vale a pena Vale a pena ler • http://www.imil.org.br/ • http://www.bcb.gov.br/ • http://bdadolfo.blogspot.com/ • http://www.economia.estadao.com.br/ • http://portalexame.abril.com.br/ Vale a pena acessar Minhas anotações
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