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PÓS - GRADUAÇÃO NÚCLEO COMUM ECONOMIA APLICADA AOS NEGÓCIOS Gabriel Sarmento Eid http://unar.info/ead2 ECONOMIA APLICADA AOS NEGÓCIOS Prof. Gabriel Sarmento Eid 2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA .............................................................................................. 3 PROGRAMA DA DISCIPLINA ..................................................................................................... 4 UNIDADE 01. INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS BÁSICOS ..................................................... 6 UNIDADE 02. MACROECONOMIA .......................................................................................... 13 UNIDADE 03. MICROECONOMIA ........................................................................................... 20 UNIDADE 04. POLÍTICAS ECONÔMICAS ................................................................................ 27 UNIDADE 05. INDICADORES ECONÔMICOS ........................................................................ 34 3 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Gabriel Sarmento Eid, Mestrando em Educação Sociocomunitária, UNISAL (2014); Graduado em Ciências Econômicas - FACAMP (Promoção do Ensino de Qualidade S/A) (2010); Atua como Consultor Econômico Independente na B&S Associados; Tem experiência na área de Economia, Finanças e Educação Financeira, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Financeira, Perícia Econômico-Financeira, Finanças Pessoais, Investimentos em Renda Fixa e Variável, Bolsa de Valores, Fundos Imobiliários; Áreas de Pesquisa: Educação Financeira; Finanças Pessoais; Associado ao CORECON/SP: 33.905. Para ser capaz de gerir de forma eficiente as finanças de qualquer negócio, o gestor financeiro precisa conhecer as variáveis econômicas que podem vir a afetar o empreendimento, as políticas públicas que podem afetar o meio em que o negócio está inserido e as medidas do governo que podem afetar as finanças da empresa, do mercado de captação de recursos e do mercado de investimentos financeiros. Tendo isso em vista, esta disciplina busca abordar os aspectos dentro da economia mais relevantes para o gestor financeiro. 4 PROGRAMA DA DISCIPLINA Ementa Abordagem de temas relevantes para a atividade do gestor financeiro dentro da esfera das ciências econômicas: Políticas Públicas que afetam o meio empresarial e Órgãos Governamentais com poder de fiscalização e atuação no mercado financeiro. Objetivos Capacitar o aluno na compreensão dos fundamentos econômicos pertinentes à atividade do gestor financeiro. Conteúdos Conceitos básicos de economia; Sistemas econômicos; Macroeconomia e Microeconomia; Bibliografia Básica MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia. Fundamentos e aplicações. São Paulo. Prentice Hall, 2005. PASSOS, Carlos Roberto Martins; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. São Paulo. Pioneira, 2002. ROSSETTI, José Pascoal. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo. Atlas, 2010 Bibliografia Complementar CANO, Wilson. Introdução à economia: uma abordagem crítica. São Paulo. Unesp, 1998. MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia: princípios de micro e macroeconomia. 2. ed. Rio de Janeiro. Campus, 2001. 5 MARX, Karl (1859). Para a crítica da economia política. In MARX, K. Para a crítica da economia política; Salário preço e lucro; O rendimento e suas fontes. São Paulo. Abril Cultural, 1982. PINDYCK, Robert S. e RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. Makron Books, 1994. Versão em inglês: Microeconomics. Macmillan, 1989. RUDIGER, Dornbusch e FISHER, Stanley. Macroeconomia. 5a edição. São Paulo: Makron Books do Brasil Editora Ltda e Editora McGraw Hill Ltda, 1991. Original em inglês: Macroeconomics. McGraw Hill, Fifth Edition, 1990. ROSSETTI, José P. Contabilidade Social. Atlas, São Paulo, 1986. SAMUELSON e NORDHAUS. Economia, Editora Mc Graw Hill, 12 edição. DORNBUSCH, RUDIGER e FISCHER, SATNLEY. Macroeconomia, Makron Books, 5 edição. 6 UNIDADE 01. INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS BÁSICOS Objetivo Abordar os tópicos básicos em economia. BEBENDO NA FONTE Introdução Economia é a ciência social que estuda os processos de produção, distribuição, comercialização e consumo de bens e serviços. É o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar os recursos (Capital, Terra e Mão de Obra), que são escassos e podem ser utilizados de diversas maneiras, para produzir bens variados. O estudo da economia pode ser separado em duas grandes áreas: Macroeconomia – analisa o desempenho da economia como um todo, por meio da análise das variações de preços e produção. Algumas de suas variáveis principais são os preços, a produção e o emprego. Microeconomia – estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do sistema, por meio de preços e quantidades relativas. Para exemplificar, pode-se citar a análise do funcionamento de empresas e do comportamento do consumidor. Os problemas econômicos fundamentais podem ser divididos em três: 1. Quais produtos produzir e em qual a quantidade a ser produzida; 2. Como os produzir, isto é, através de qual combinação de fatores produtivos da Terra, Capital e Mão de Obra; 3. Para quem devem ser produzidos e distribuídos os produtos, mercado interno, mercado externo etc. 7 Esses problemas não existiriam se os fatores de produção fossem ilimitados; tal realidade é denominada de “lei da escassez”, ela estabelece que a limitação de recursos obrigue a escolha entre bens relativamente escassos. Isso implica o conceito de “Eficiência produtiva na economia”, que estabelece que não se pode aumentar a produção de um bem sem reduzir a de outro. Outro conceito importante que envolve essas questões é a Lei da Oferta e da Demanda; a oferta e a demanda atuam conjuntamente na determinação do preço e da quantidade dos produtos em cada determinado mercado, as empresas tentam analisar e prever essas variáveis para poder determinar sua capacidade produtiva e, assim, alocar, da melhor maneira, os seus recursos e obter o máximo possível de lucro. Para tanto, é analisada a Curva de Demanda, que se baseia no nível de utilidade de determinado produto para o consumidor: quanto maior o preço, menor a quantidade procurada, e vice-versa, porém, essa utilidade é uma variável com viés subjetivo, logo, a regra do preço não é plena, assim como a utilidade do produto pode variar de consumidor para consumidor. Os determinantes da demanda são: preço do produto, rendimento médio dos consumidores, dimensão do mercado, preço e disponibilidade de outros bens, gostos ou preferências. O deslocamento da curva ocorre em função da alteração desses fatores. Por outro lado, temos a Curva de Oferta que se baseia nos custos de produção de um bem ou serviço. É a relação entre os preços de mercado do produto/serviço e a quantidade ofertada pelos produtores. Quanto menor o preço, menor a quantidade de bens que será ofertada. Seus determinantes são: os custos de produção, monopólios, concorrências de outros bens, imprevistos meteorológicos, tributação, incentivos e subsídios, variáveis ambientais. O deslocamento da curva de oferta ocorre em função da alteração desses fatores. 8 O chamado preço de equilíbrio verifica-se quando a quantidade procurada for igual à quantidade oferecida, o que ocorre quando as duas curvas se cruzam. Por meio da lei da oferta e da procura –também conhecida como lei da Oferta e da Demanda–, as questões de “o que, como e para quem” ficam parcialmente resolvidas. Isso se deve à interdependência de cada mercado em relação aos mercados de outros bens na estruturação do “sistema de equilíbrio geral de preços”. Enquanto o equilíbrio parcial ocorre diante do comportamentode cada mercado individualmente, o equilíbrio geral tem lugar diante dos processos simultâneos e interdependentes dos diferentes mercados – esse último é uma espécie de “mão invisível”. Esse modelo de “concorrência perfeita” é apenas um cenário potencial, que nunca ocorre, pois desconsidera diversos mecanismos da economia, chamadas de “falhas de mercado”, como a existência de monopólios e de externalidades. Sistemas Econômicos Em toda sociedade organizada, misturam-se, em maior ou menor medida, os mercados e a atividade de seus governos. O grau de concorrência desses mercados é variado, podendo ir do monopólio, em que apenas uma empresa existe, à economia de livre mercado, que apresenta uma verdadeira concorrência, com várias empresas operando. Porém, nenhum dos dois cenários implica preços justos, uma vez que tanto no monopólio quanto na concorrência as empresas detêm o poder de determinação dos preços. O mesmo acontece com relação à intervenção estatal, que engloba desde uma intervenção mínima expressa em impostos, crédito, contratos e subsídios, até o controle dos salários e dos preços dos sistemas em uma economia centralizada, como as que imperam nos países comunistas. 9 Entretanto, em ambos os sistemas, ocorrem divergências: no primeiro sistema, existem somente monopólios estatais; enquanto, no segundo, somente concessões às empresas privadas. As principais diferenças entre a organização econômica centralizada e a capitalista residem em quem é o proprietário dos capitais produtivos, financeiros e imobiliários, assim como nos diferentes pontos de vista sobre a distribuição da renda ou na forma de estabelecer os preços. Em quase todos os países capitalistas, uma parte importante do produto nacional bruto (PNB) é produzida por entes privados. Os problemas mais importantes enfrentados pelo capitalismo são o desemprego, a inflação e as injustas desigualdades econômicas. Os problemas mais graves das economias centralizadas são o subemprego, a informalidade, a burocracia e a corrupção. A chamada economia mista é uma situação intermediária entre a economia centralizada e a economia de livre-mercado são os modelos de economia social-democrata ou liberal-socialista. Nesses modelos, a atividade econômica se funda, em sua maior parte, no setor privado, enquanto o setor público regula essa atividade, intervindo para proteger os trabalhadores e redistribuir a renda. AMPLIANDO HORIZONTES Aproveitando a discussão dessa unidade, irei inserir aqui alguns trechos do texto do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira publicado na revista Conjuntura Econômica, em que discute o Sistema Econômico Brasileiro. Tomei a liberdade de destacar os trechos mais importantes. Um sistema é sempre um conjunto de elementos articulados entre si de forma a constituir um todo [...] Quando se trata de um sistema social, o objetivo mínimo é igualmente a sobrevivência, ou a segurança, mas como é formado de 10 agentes racionais dotados de vontade, há um objetivo econômico adicional: o bem-estar [...] com o trabalho, que é o elemento básico de qualquer sistema econômico, o homem visa melhorar seu padrão de vida. Quando, finalmente, se trata de um sistema social dotado de um Estado moderno e democrático, ou seja, dotado de um instrumento de ação coletiva, o bem-estar deixa de ser um objetivo implícito e passa a ser explicito. Os governos dos Estados-nação, [...] passam a desenvolver estratégias buscando o desenvolvimento econômico. A lógica do sistema passa a ser o desenvolvimento. [...] Através do mercado e com o uso do dinheiro, os produtores competem entre si, e dessa forma o mercado aloca recursos e determina a distribuição da renda. No papel de alocador de recursos, o mercado é um mecanismo maravilhoso só embora cheio de falhas e dependente da ação regulatória do Estado para poder ser efetivo. Como instrumento distribuidor de renda é cego e injusto. Por isso, a ação deliberada da sociedade através do Estado está sempre presente na regulamentação do mercado e na tentativa de correção das suas falhas. No Brasil, porém, o sistema econômico vigente não obedece à lógica do bem- estar ou do desenvolvimento. Sua lógica é a dos juros (...). Enquanto nos países desenvolvidos a taxa de juros real para aplicações seguras em títulos de renda fixa está em torno de 2%, e em outros países em desenvolvimento é um pouco maior do que isto, aqui é cinco vezes maior. Por que tanto? Foram provavelmente as altas taxas de crescimento durante os anos 70 e a alta inflação durante os anos 80 até 1994 que levaram os rentistas, especificamente os credores internos e externos do Estado, a entender consensualmente que essa taxa lhes é devida. E foi certamente a política frouxa, submissa, dos diversos governos, que legitimou essa pretensão. (...) Evidentemente, não é esse o entendimento dos interessados e das autoridades monetárias. Para eles, o objetivo está claro: é a meta de inflação, que seria condição para o desenvolvimento. Não há dúvida que manter o controle da 11 inflação é fundamental, mas para isso não é necessário manter a taxa de juros básica em um nível sem qualquer relação com a classificação de risco do país. Se fosse verdade que o controle da inflação é o objetivo principal da política econômica, nos momentos em que a demanda agregada caísse e a inflação entrasse correspondentemente em declínio, o Banco Central aproveitaria a oportunidade para baixar a taxa de juros básica para os níveis internacionais compatíveis com a classificação de risco do Brasil. Ora, isso é impensável para seus diretores, que adotam um modelo onde a taxa de juros de equilíbrio estaria em torno de 9% reais. Além disso, se o objetivo principal fosse combater a inflação, o governo já teria acabado definitivamente com toda indexação na economia brasileira. Mas também essa medida está fora da agenda do Ministério da Fazenda e do Banco Central. (...) Nos quadros dessa lógica, o crescimento não é esquecido. A taxa de juros básica que vem prevalecendo nos últimos dez anos inviabiliza os investimentos e levaria a economia à estagnação absoluta. A ideia, porém, não é essa. O objetivo subordinado, mas presente, é de um crescimento da renda per capita de 2% ao ano (3,5% bruto). Para lográ-lo, e manter os empresários industriais minimamente sob controle, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) garante uma taxa de juros para as grandes empresas inferior à Selic. Além do custo dos juros abusivos, o país deve, portanto, financiar esse outro valor com tributos. O governo, por sua vez, que já levou quase a zero o investimento publico, recusa-se a reduzir despesas correntes. Pelo contrário, as aumenta, pretendendo assim compensar os baixos salários. E, novamente, para manter o superávit primário necessário, eleva a carga tributária. A pressão dos juros, de um lado, reduzindo o investimento (não obstante a Taxa de Juros de Longo Prazo, a TJLP) e, de outro lado, a pressão da carga tributária reduzindo a renda em poder do público, tendem a reduzir a taxa de lucro, a não ser que se continue a comprimir os salários. Isto, entretanto, não é difícil porque a 12 taxa de crescimento muito baixa produz um alto nível de desemprego. O objetivo para essa taxa (aquele que seria correspondente ao Produto Interno Bruto (PIB) potencial em face do atual nível de poupança e de investimentos) seriam os 2% reais per capita. Todavia, essa taxa de crescimento (e mesmo um pouco mais, como aconteceu em 2004) só é viável quando a taxa de câmbio está em um nível adequado (digamos, dada a recente depreciação do dólar nos mercados internacionais, R$ 3,20), estimulando assim um grande aumento das exportações. Essa taxa, entretanto, só foi alcançada no passado recente devido a duas crises (1998 e 2002). Desde meados de 2003, porém,a taxa de câmbio vem baixando devido à manutenção da política de juros elevados. Com a apreciação do real, as exportações caem, as importações aumentam, e, enquanto não se desencadeia nova crise de balanço de pagamentos, os investimentos caem e o crescimento do PIB se desacelera para em torno dos 1% per capita já referidos – ou seja, para a quase-estagnação. Disponível em: http://www.bresserpereira.org.br/Works/SmallPapers/5.SistemaEconomicoBrasileiro- ConjEc.p.pdf http://www.bresserpereira.org.br/Works/SmallPapers/5.SistemaEconomicoBrasileiro-ConjEc.p.pdf http://www.bresserpereira.org.br/Works/SmallPapers/5.SistemaEconomicoBrasileiro-ConjEc.p.pdf 13 UNIDADE 02. MACROECONOMIA Objetivo Proporcionar conhecimento sobre macroeconomia aplicada aos gestores financeiros. BEBENDO NA FONTE Poucas instituições abordam tópicos de economia voltados aos profissionais de finanças de uma maneira integrativa e aplicável. Imagine que um gestor financeiro não tenha interesse e nem conhecimento sobre microeconomia, macroeconomia, sobre a atuação do governo na economia e que não conheça os indicadores econômicos. Então, a empresa onde ele trabalha sofre diante de um colapso econômico financeiro, como o ocorrido em 2008 e 2009, e seus superiores lhe solicitam um plano emergencial. Como ele irá fundamentar suas decisões? Como ele irá coletar e analisar os dados necessários? Quais dados ele irá coletar? Como ele vai elaborar um plano estratégico financeiro sem possuir conhecimento algum sobre o funcionamento do sistema financeiro nacional, das taxas de juros, das metas de inflação e como as políticas econômicas do governo afetam a empresa onde trabalha. Além disso, atualmente, existe uma oferta muito vasta de notícias e informações privilegiadas – na televisão, Internet, nos livros e revistas –, mas, para que elas sejam base para a tomada de decisões, é preciso entendê-las, saber analisá-las e, para isso, é preciso certo conhecimento dos aspectos conceituais da macroeconomia e microeconomia. Uma economia é composta por Receitas e Despesas, Bens e Serviços que são comercializados constantemente, Insumos para esses Bens e Serviços, 14 Salários para a mão de obra, Aluguéis da terra, Lucros das empresas e pessoas, a Terra em si, o Capital financeiro e o trabalho. Essa composição macroeconômica forma microeconomias que proporcionam o desempenho da economia maior, como, por exemplo, as Famílias, as Empresas e os mercados que esses componentes formam. Existem dois ramos da economia, a microeconomia e a macroeconomia, os quais influenciam diretamente na gestão das empresas, pois eles formam de alguma maneira a composição do mercado, seja micro ou macro. Para Mankiw (2001), microeconomia é o estudo da tomada de decisões individual de famílias e empresas e sua interação em mercados específicos e a macroeconomia é o estudo de fenômenos da economia como um todo (inflação, desemprego). É importante notar que o conjunto de fatos microeconômicos acaba formando uma macroeconomia. Para os dois conceitos, teremos influência direta na gestão e no mercado das empresas, então, é importante que o gestor tenha conhecimento do contexto relativo à economia e seus aspectos mercadológicos. Macroeconomia A Macroeconomia estuda o comportamento do sistema econômico, por meio da análise dos grandes agregados econômicos, como o nível de produção ou o produto total de uma economia, o nível de emprego e a renda per capita, a poupança e o investimento, o consumo e a produção industrial, o nível geral dos preços e as taxas de juros. Seus principais objetivos estão no crescimento econômico, distribuição de renda, redução do desemprego e da inflação e no desenvolvimento do comércio internacional. A estrutura macroeconômica se divide em cinco mercados: • Mercado de Bens e Serviços: Nível de produção agregada (produto interno bruto, por exemplo) bem como o nível de preços (inflação). 15 • Mercado de Trabalho: Nível de geral de oferta/demanda de mão de obra (sem diferenciar), determinando a taxa de salários e o nível de emprego/desemprego. • Mercado Monetário: Avalia os fluxos monetários, moeda interna, moeda externa, taxas de juros, taxas de crédito. • Mercado de Títulos: Mercado no qual os agentes econômicos superavitários, que possuem um nível de gastos inferior à sua renda, e deficitários, que possuem gastos superiores ao seu nível de renda. • Mercado de Divisas: Saldo da balança de pagamentos, expresso pelas exportações, pelas entradas de capitais financeiros e pelo volume de importações e saída de capital financeiro. A contabilidade nacional O estudo da macroeconomia ampara-se nos apontamentos estatísticos dos principais fluxos de produção e renda. Tal registro recebe o nome de Contabilidade Nacional ou Social. Suas normas e princípios seguem um padrão cada vez mais uniforme no plano internacional. Os países de primeiro mundo iniciaram a sistematização desses registros a partir do impulso dado pela teoria keynesiana, na metade do século XX, ao mesmo tempo em que surgia a necessidade destes mesmos entes em quantificar a atividade econômica da maneira mais rigorosa possível e traçar sua evolução ao longo do tempo. Após a crise de 1929 nos Estados Unidos, por exemplo, não havia dados confiáveis disponíveis sobre os mercados, ou sobre o nível de emprego. Somente em 1941, o parlamento britânico convocou um grupo sobre o comando do economista John Maynard Keynes, encarregando-o de elaborar uma sistemática de quadros ilustrativos capaz de evidenciar os recursos produzidos pela economia e sua utilização. 16 A primeira tentativa séria de uniformizar a base da contabilidade dos estados surgiu com a publicação do "Sistema Simplificado de Contas Nacionais", pela OCEE (Organização para a Cooperação Econômica Europeia), antecessora da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). A contabilidade social lida com três variáveis: • Renda: salários das famílias obtidos por meio da venda de seus fatores de produção às empresas (mão de obra); outros conceitos derivam da renda: como a renda pessoal disponível e a renda de investimento, úteis na aferição do crescimento econômico de um país em determinado período. Partindo do modelo mais simples do fluxo de renda, é possível observar o saldo de poupança e investimento. • Produto: toda produção de bens e serviços finais de uma economia; o cálculo desse produto nacional pode ser feito sob vários aspectos, importantes para a contabilidade social. Por exemplo, o produto interno ou nacional, bruto ou líquido, a custo de fatores ou a preços de mercado, nominal ou real, total ou per capita ou poder paridade compra. • Despesas: Gastos com a produção dos bens e serviços da economia nacional por meio dos agentes econômicos. Também pode ser calculadas sob diversos aspectos e visões. Estas três variáveis são consideradas como detentoras de uma identidade macroeconômica entre si. É com elas que o Estado vai analisar a sua economia e embasar as suas políticas econômicas. Portanto, a Contabilidade social é uma técnica que tem como objetivo principal ilustrar e quantificar a atividade econômica do país, durante um determinado período de tempo, normalmente, um ano. Seus principais indicadores são: 17 A. Valor Bruto de Produção (VBP): Somatório de todos os bens e serviços produzidos, num dado período de tempo. Incorre no chamado erro de "dupla contagem", pois soma os produtos finais com os insumos utilizados na sua produção. B. Valor Agregado Bruto (VAB): É a correção do VBP, eliminando-se a dupla contagem. Obtém-se se descontando do VBP o valor dos insumos utilizados no processo produtivo. C. Renda Bruta (RB): Soma das remunerações brutas de todos os fatores de produção (Terra, Capital e Trabalho), duranteum período de tempo. D. Produto Interno Bruto (PIB): Soma de todos os bens e serviços finais produzidos dentro da economia do país, num determinado período de tempo, independentemente da origem dos fatores de produção. E. Produto Nacional Bruto (PNB): Soma de todos os bens e serviços finais produzidos, num determinado período de tempo, originários dos fatores de produção nacionais. F. Produto Interno Líquido: PIB descontando as depreciações. Medida mais sustentável de avaliação da economia. G. Produto Nacional Líquido: PNB descontando as depreciações. H. PIB ou Renda per capita: PIB ou Renda total da economia dividida pela população nacional. I. Renda Nacional (RN): é a renda líquida gerada no período, e que se dirige aos proprietários nacionais de fatores de produção. AMPLIANDO HORIZONTES Antes de 1936, quando a obra do economista John Maynard Keynes, “Teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, foi publicada, o modelo econômico clássico –e hegemônico– explicava que as causas do desemprego 18 eram determinadas pelas estruturas rígidas do mercado de trabalho, que impediam que os salários baixassem até o nível do ‘equilíbrio’. Os economistas dos séculos XVIII e XIX acreditavam que a produção não sofreria grandes alterações e todos os fatores de produção estariam ocupados na produção de bens e serviços que formam a renda, o chamado estado de "pleno emprego". Além disso, baseados na Lei de Say, que estabelecia que "toda oferta cria sua própria demanda", eles acreditavam que toda a renda gerada pela produção (salários e lucros) seria utilizada no mercado para o consumo de bens e serviços, equalizando assim Oferta e Demanda. Keynes desenvolve sua teoria baseando-se no pressuposto de que, devido a vazamentos como a formação de estoques e redução de produção, os agentes econômicos não seriam capazes de coordenar a economia eficientemente e, por isso, seria necessária a intervenção do estado na economia, pois ele é o único agente realmente autônomo, já que não depende dos salários e nem do lucro. Sua primeira hipótese foi a existência de desemprego. Os economistas clássicos acreditavam apenas no desemprego voluntário. Keynes, ao contrário, acreditava na existência de desemprego não voluntário, resultante do fato de a economia estar funcionando abaixo de seu potencial, deixando assim uma capacidade ociosa. Keynes definiu o conceito de Oferta Agregada (OA) como o somatório da renda disponível na economia, enquanto a Oferta Potencial é a máxima produção da economia com o pleno-emprego de seus fatores de produção. Por sua vez, a Oferta Agregada Efetiva é aquela que efetivamente é colocada no mercado, podendo ocorrer sem a plena utilização dos fatores de produção. Keynes definiu também que a Demanda Agregada seria o somatório do consumo total da economia com os investimentos, os gastos governamentais e as exportações, subtraindo-se as importações. 19 A ênfase do keynesianismo na demanda, como determinante chave do nível de produção em curto prazo, permitiu iniciar o desenvolvimento da contabilidade social e de seus conceitos, tais como o gasto total com consumo, em formação de capital (produção de maquinaria, fábricas etc.), em gastos públicos e em exportações e importações, que constituem os elementos-chave da ‘demanda final’ agregada à economia. Também permitiu realizar a análise dos determinantes desses dados- chave da demanda final, ao elaborar a teoria da demanda agregada de consumo e suas relações com os níveis da renda, assim como sua dependência dos tipos de interesses existentes. Portanto, a teoria monetária é uma parte essencial da teoria macroeconômica, uma variável monetária cuja função principal, em um mundo de incertezas, limita-se a equilibrar a oferta e a demanda de dinheiro, e não a equilibrar o investimento e a poupança planejados. A teoria monetária também está relacionada com outro elemento-chave da macroeconomia: a inflação. 20 UNIDADE 03. MICROECONOMIA Objetivo Proporcionar conhecimento sobre microeconomia aplicada aos gestores financeiros. BEBENDO NA FONTE É o ramo da economia voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo (famílias e/ou indivíduos), ao estudo das empresas, suas respectivas produções e custos, além do estudo da produção e preços dos diversos bens e serviços e fatores de produção. Representa uma visão microscópica dos fenômenos econômicos. Diferencia-se da macroeconomia, que é um ramo da economia que aborda os problemas econômicos de maneira agregada. Mercado é o local onde produtores e consumidores se encontram para realizar a compra e a venda das mercadorias. Os mercados existem desde os primórdios da humanidade. Eles evoluem de acordo com o desenvolvimento da sociedade, mas mantêm as mesmas características comuns: representam o local onde se realizam as transações entre compradores e vendedores. No mercado a regulação é feita pela lei da oferta e da procura. Quando há mais produtos que as necessidades da população, os preços tendem a baixar. Quando há menos produtos que a procura, os preços tendem a subir. O mercado regula os interesses de produtores e consumidores: os produtores querem ganhar o máximo possível; enquanto os consumidores querem pagar o mínimo possível. O resultado desse processo são os preços de equilíbrio, ou seja, é o patamar no qual consumidores e produtores realizam seus interesses, sem que nenhum seja prejudicado. Os mercados crescem quando há desenvolvimento econômico, crescimento da economia. 21 Os mercados entram em retração quando há desaceleração do desenvolvimento econômico. Os preços no mercado são a expressão monetária do valor de mercadorias e refletem os custos de produção e o lucro dos empresários. Os mercados caracterizam-se pela seguinte estrutura: concorrência perfeita; monopólio e oligopólio. Concorrência perfeita: é uma situação marcada pelas seguintes características: O número de agentes compradores e vendedores é de tal ordem que nenhum deles, individualmente, possui condições para influir decisivamente no mercado. Os produtos são homogêneos, podendo ser fabricados por qualquer dos produtores. Produtores e consumidores têm mobilidade e não há acordo de preço entre os que participam do mercado. O preço é definido de maneira impessoal, ninguém individualmente o estabelece. Deve haver transparência no mercado. Não há informações privilegiadas para qualquer agente econômico. Monopólio Quando há no mercado apenas um vendedor, que domina inteiramente o mercado. O produto da empresa monopolista não tem substituto próximo. Não há alternativas para os consumidores. A entrada de concorrentes no mercado é praticamente impossível. Tem poder total sobre a formação dos preços. Os monopólios não têm transparências. Suas operações e transações são uma espécie de caixa preta. 22 Oligopólios É a forma moderna da grande empresa. Tem as seguintes características: É formado por um pequeno grupo de grandes empresas que dominam um ou vários ramos de produção e dividem entre si o mercado. Há grandes obstáculos para a entrada de concorrentes. Quando há acordo de preços entre os oligopólios, a concorrência é residual. A procura no mercado A procura de um produto está relacionada às quantidades que os consumidores estão dispostos a adquirir em função dos preços. A reação típica dos consumidores em relação aos preços pode ser explicada de três maneiras: 1. Quanto mais baixos os preços, maiores quantidades os consumidores tendem a procurar. Quanto mais altos os preços, menores quantidades são procuradas. 2. Efeito substituição: quando o preço de determinado produto aumenta, permanecendo invariável o preço dos seus sucedâneos, os consumidores tendem a substituí-lo. 3. Utilidademarginal: Quanto maior for a quantidade de um produto qualquer, menor será o grau de utilidade de cada nova unidade adicional. Os graus de sensibilidade aos preços não são iguais para todos os produtos. Muitas vezes alterações de preço não são capazes de produzir modificações nas quantidades procuradas. Esses graus de sensibilidade dos consumidores podem ser afetados por meio do conceito de elasticidade-preço da procura, que é a relação entre as 23 modificações observadas, nas quantidades procuradas decorrentes das alterações de preço. Quando as quantidades procuradas aumentam na mesma proporção de redução nos preços, o produto apresenta uma elasticidade-preço unitária. Quando as quantidades procuradas aumentam menos que a redução dos preços, há uma procura inelástica. Quando as quantidades procuradas aumentam mais que as reduções de preços, há uma procura elástica. Fatores determinadas da elasticidade-preço Essencialidade - está ligada ao grau de necessidade do produto. Os produtos de maior essencialidade tendem a ter coeficientes de elasticidade baixos. Hábitos - a rigidez do consumo é também fator determinante na elasticidade- preço. Muitos hábitos arraigados se transformaram em vício e faz com que os consumidores tenham pouca sensibilidade - variação nos preços. Periodicidade da aquisição - o intervalo de tempo entre uma e outra aquisição do produto é fator importante na elasticidade-preço do produto. Grandes intervalos de tempo entre a compra tendem a "apagar" da memória os preços de referência. Teoria da produção Empresa: unidade que produz bens ou serviços para a sociedade e que tem como objetivo a maximização do lucro. Empresário: é quem decide quando e como produzir as mercadorias. A produção depende da aceitação do mercado e implica lucros ou prejuízos. Produto: qualquer bem ou serviço resultante do processo de produção. Tecnologia: resulta do processo de conhecimento científico aplicado à produção. 24 Função da produção: é a relação que indica a quantidade máxima de produto que se pode obter, num determinado tempo, a partir de uma determinada gama de fatores de produção e de acordo com os processos de produção mais adequados. Ex.: o número de sapatos que poderão ser produzidos a partir de determinada quantidade de couro, prego, fios, energia elétrica, mão de obra, máquinas, equipamentos, num período de oito horas. Produção: é a transformação dos fatores de produção adquiridos pelas empresas com objetivo de venda no mercado. No processo de produção, diferentes fatores são acessados para a obtenção do bem final. As formas como esses fatores são combinados denomina-se métodos de produção. Os métodos de produção podem ser realizados de duas maneiras básicas: intensivos e extensivos. Métodos Intensivos de mão de obra: quando se utiliza uma quantidade maior de trabalhadores do que de máquinas, equipamentos ou insumos. Métodos Extensivos de mão de obra: quando se utiliza uma quantidade menor de trabalhadores do que de máquinas, equipamentos ou insumos. Fatores fixos e variáveis de produção: Fixos: são aqueles em que as quantidades utilizadas não variam quando o volume da produção se altera. Variáveis: são aqueles em que as quantidades variam quando o volume de produção se altera. Eficiência produtiva: é a utilização do método de produção mais eficiente tecnologicamente entre os métodos disponíveis, com o objetivo de alcançar uma determinada quantidade de produtos com um mínimo de fatores de produção. Eficiência econômica: é um método de trabalho que permite a obtenção da maior quantidade de produtos com o menor custo. 25 Lei dos rendimentos decrescentes: elevando-se a quantidade de um fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produção inicialmente crescerá em taxas crescentes. Mas a partir de certa quantidade utilizada do fator variável, a produção crescerá com acréscimos cada vez menores, até decrescer. Custo de produção: representa a soma das despesas da empresa, quer relacionado com o capital fixo, quer com o capital variável. Terra (fator fixo) Mão-de-obra (fator variável) Produto total Produtividade média Produtividade marginal (Mão de obra) 10 1 6 6.0 6 10 2 14 7.0 8 10 3 24 8.0 10 10 4 32 8.0 8 10 5 38 7.6 6 10 6 42 7.0 4 10 7 44 6.2 2 10 8 44 5.4 0 10 9 42 4.6 -2 Tipos de Custos: Custos fixos totais (custos indiretos): correspondem aos recursos de produção que não variam em função das alterações nas quantidades produzidas. Ex.: edifícios, máquinas, equipamentos. Custos totais variáveis (custos diretos): referem-se aos recursos variáveis utilizados no processo produtivo. Estes custos dependem da quantidade a ser produzida. Ex.: matérias-primas, mão de obra, energia. 26 Custo total médio: é obtido mediante a divisão do custo fixo total pela quantidade produzida. Receita da Empresa: é obtida por meio da multiplicação da quantidade de bens e serviços vendidos pelo respectivo preço de venda. Receita Marginal: o preço de venda também pode ser definido como a receita marginal da empresa, ou seja, quanto ela irá faturar a cada unidade adicional produzida e vendida. Economia de escala: ocorre quando a empresa aumenta o processo produtivo e obtém ganhos de produtividade. AMPLIANDO HORIZONTES Se tiver maiores interesses em compreender os preceitos teóricos da Microeconomia, pesquise as obras de Robert Pindyck, Daniel Rubinfeld, Prentice Hall e Gregory Mankiw. 27 UNIDADE 04. POLÍTICAS ECONÔMICAS Objetivo Proporcionar conhecimento sobre microeconomia aplicada aos gestores financeiros. BEBENDO NA FONTE As políticas econômicas são um conjunto de medidas tomadas pelo Estado de um país com o objetivo de agir e incutir sobre os mecanismos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Embora apontadas ao campo da economia, essas medidas obedecem também a critérios de ordem política e social. Em suma, a política econômica global do Estado consiste em promover o desenvolvimento socioeconômico, redução do desemprego e sua estabilidade de preços, equilibrar o volume financeiro das transações econômicas com o exterior, promover estabilidade de preço e controle da inflação e orientar a distribuição da riqueza e da renda. Para alcançar os objetivos da política econômica global, são utilizadas quatro políticas com dinâmicas próprias: Fiscal, Cambial, de Rendas e Monetária. Política Fiscal: é a política de receitas e despesas do Governo Federal, Estadual e Municipal. Envolve a definição e aplicação da carga tributária exercida sobre os agentes econômicos, bem como a definição dos gastos do Governo. Quando as receitas são superiores à soma das despesas, diz-se que o governo tem um superávit fiscal primário e, caso sejam inferiores, um déficit fiscal primário. Tem forte impacto sobre a política monetária quando os prazos de recolhimento de impostos afetam o fluxo de caixa dos agentes econômicos. Uma política fiscal adequada permitiria reduzir o endividamento interno do Tesouro através de um superávit fiscal. Para aumentar as receitas é necessária 28 uma Reforma Tributária que melhore a capacidade arrecadadora e, para reduzir as despesas, uma Reforma Administrativa que diminua despesas de custeio. A Reforma da Previdência ajudaria tanto na redução do custo quanto no aumento da receita. De acordo com a teoria Keynesiana, o governo de um país, em vez de procurar o equilíbrio no orçamento, deveria praticar uma política fiscal de elevação dos gastos públicos e/ou redução de impostos, mesmo que incorrendo em déficits orçamentários. É a denominada 'política expansionista' da demanda e da produção. Política Cambial: instrumento da política de relações comerciais e financeiras entre um país eo conjunto dos demais países; está fundamentalmente baseada na administração da taxa de câmbio e no controle das operações cambiais. A atuação do Governo sobre essa taxa, com mecanismos que podem valorizá-la ou desvalorizá-la, afeta diretamente as exportações, importações e o movimento internacional de câmbio financeiro. A política cambial deve ser cuidadosamente administrada no que tange ao seu impacto sobre a política monetária. O desempenho muito forte nas exportações gera um efeito monetário pelo ingresso de divisas, sendo que a conversão da moeda estrangeira para reais implica a expansão da emissão de moeda, que é fato gerador de inflação. A oferta monetária via câmbio, por exportações ou por captações externas, prejudica o controle dos juros, aumentando o custo do governo, que se obriga a aumentar a dívida pública mobiliária para enxugar a moeda que entra em circulação. A remuneração dos dólares em reservas internacionais é menor do que a remuneração paga internamente nos títulos federais. Uma boa política cambial deve permitir um elevado fluxo de moedas com o exterior nos dois sentidos. 29 Política de Rendas: é a política que o governo exerce, estabelecendo controles diretos sobre a remuneração dos fatores diretos de produção envolvidos na economia, tais como salários, depreciações, lucros, dividendos e preços dos produtos intermediários e finais. Os principais objetivos dessa política são: propiciar ganhos de poder aquisitivo aos salários, no caso de controle de outros preços; redistribuir a renda; garantir a renda mínima a determinados setores ou classes sociais; reduzir o nível das tensões inflacionárias, visando à estabilidade dos preços. Política Monetária: conjunto de medidas adotadas pelo governo visando adequar os meios de pagamentos disponíveis às necessidades da economia do país. Uma das principais funções da política monetária é o controle da oferta de moeda e das taxas de juros, a fim de que sejam atingidos os objetivos da política econômica do governo. A atuação do governo procura regular a moeda circulante no mercado financeiro, o que ocasiona reflexos nas taxas de juros. Ao governo interessa ter instrumentos capazes de interferir no mercado financeiro, dada a importância desse mercado perante o setor produtivo da economia. A taxa de juros tem papel fundamental na realocação de recursos entre os agentes econômicos; assim, quando ocorrem flutuações imprevisíveis da taxa de juros, o governo utiliza instrumentos para manter essas flutuações dentro de uma faixa de previsibilidade que não provoquem sérias distorções ao setor produtivo, seguindo uma programação monetária prévia. A política monetária pode recorrer a diversas técnicas de intervenção, controlando a taxa de juros pela alteração nos critérios e nas taxas cobradas em operações de redesconto do Banco Central, regulando as operações de Mercado Aberto (Open Market), alterando os percentuais de exigibilidade em Depósitos Compulsórios. Em relação ao crédito, podem ser adotadas medidas restritivas ou práticas seletivas. As restritivas consistem na fixação de limites de crédito 30 bancário e na redução dos prazos de pagamento dos empréstimos. As práticas seletivas visam, sobretudo, direcionar o crédito para atividades mais rentáveis e produtivas da economia. No Brasil, como na maioria de outros países, o Banco Central é o órgão responsável pela execução das políticas monetária e cambial do País, bem como pela regulação e fiscalização do SFN. O primeiro conjunto de atribuições é o de um banco central clássico, objetivando a estabilidade interna e externa da moeda. Já as funções de órgão supervisor, nem sempre a cargo do banco central em outros países, objetivam manter a estabilidade e solvência do sistema financeiro. A independência do banco central, em discussão atualmente no Congresso, significa dar a ele autonomia plena na execução da política monetária, sem a interferência política do governo. A suposta necessidade dessa independência é um forte argumento a favor da exclusão da atividade de supervisão bancária do elenco de atribuições de uma autoridade monetária. Em maior ou menor grau, este argumento de proteção ao “guardião da moeda” vem historicamente explicando a opção política de muitos países em retirar do Banco Central a função de supervisão bancária, transferindo-a para outro órgão do governo, deixando o banco com foco na Política Monetária do país. Instrumentos de Política Monetária Depósito Compulsório: é um mecanismo que representa o recolhimento de parte do capital captado pelas instituições financeiras aos cofres do BACEN, esterilizando a moeda, inibindo o poder de multiplicação da moeda bancária. Com a fixação de um percentual de compulsório, o Banco Central obrigará a instituição financeira a não emprestar integralmente os recursos captados. Assim, somente uma parcela retornará para o mercado financeiro, seja na forma 31 de depósitos à vista ou a prazo. O banco, antes de fazer um novo empréstimo, terá que recolher o valor correspondente ao compulsório para então repassar o valor residual novamente ao mercado, dando continuidade ao ciclo. O excesso de liquidez bancária sofreu um substancial aumento ao longo de 2002, devido a uma série de fatores como os resgates líquidos de títulos públicos federais e a rolagem da dívida cambial por intermédio de swaps “solteiros” (sem vínculo com títulos públicos) a partir de maio. Em consequência, a posição de liquidez bancária esterilizada diariamente pela mesa de mercado aberto do Banco Central aumentou continuadamente durante o ano, passando de uma situação de necessidade de injeção de liquidez de R$ 18,7 bilhões no início do ano para um excesso de liquidez de R$ 64,1 bilhões no fechamento do ano e R$ 80,7 bilhões, no fim de janeiro de 2003. Utilizando esse instrumento de controle, o Banco Central alterou em diversas ocasiões a regulamentação dos recolhimentos compulsórios e dos encaixes obrigatórios sobre recursos bancários, de forma a neutralizar o excesso de liquidez bancária. O total de depósitos compulsórios no Banco Central aumentou de R$ 63,2 bilhões no final de 2001 para R$ 123,1 bilhões em dezembro de 2002. No dia 19 de fevereiro, o BACEN elevou a alíquota de recolhimento compulsório sobre depósitos à vista de 45% para 60%. As alíquotas do recolhimento compulsório e do encaixe obrigatório sobre depósitos a prazo e de poupança também foram alteradas em 2002, e foi instituída exigibilidade adicional sobre os recursos à vista, a prazo e sobre depósitos de poupança. O cumprimento da exigibilidade é feito mediante a vinculação de títulos públicos federais no Selic. Linha de Redesconto: de acordo com os seus objetivos, promoverá o aumento/redução do volume financeiro destinado a esta linha de socorro ou então a elevação/redução do custo financeiro, fazendo com que as instituições 32 financeiras mais dependentes desta linha atuem de uma maneira menos agressiva, reduzindo, portanto, o grau de descasamento ou desequilíbrio de seus caixas. É uma assistência de liquidez nos momentos em que determinado banco não consegue resolver seus problemas de caixa com captação junto ao público nem via mercado interbancário. As operações de redesconto são concedidas a exclusivo critério do Banco Central, por solicitação da instituição financeira interessada. As operações de redesconto podem ser: Mercado Aberto (Open Market): o Brasil, como a maioria dos países que adotam um regime de metas para a inflação, utiliza a taxa de juros básica como principal instrumento na condução da política monetária. A meta para a taxa Selic é definida mensalmente pelo Comitê de Política Monetária - Copom. Cabe ao Departamento de Operações do Mercado Aberto -Demab- manter a taxa Selic próxima à meta estabelecida pelo Comitê, através das operaçõesde mercado aberto. Na prática, o Banco Central realiza operações compromissadas (compra de títulos públicos com compromisso de revenda ou venda de títulos públicos com compromisso de recompra) de curto prazo, a maioria das vezes por um dia. Essas também são conhecidas como repos (repurchase agreements). Operacionalmente, a mesa de operações efetua leilões informais, de forma geral em sistema eletrônico, dos quais participam todos os 22 dealers primários selecionados duas vezes ao ano dentre as instituições mais ativas do sistema financeiro. Os dealers intermedeiam o relacionamento do Banco Central com o restante do mercado e são escolhidos através de critérios de desempenho, incluindo o desempenho de cada instituição nos mercados primários e secundários de títulos públicos, no mercado de operações compromissadas e seu relacionamento com o Banco Central. 33 AMPLIANDO HORIZONTES Para saber mais sobre como o estado pode atuar na economia, procure ler os relatórios que o próprio governo publica em seus websites, muitos desses relatórios apresentam o ponto de vista teórico do governo e são uma ótima fonte de conhecimento. 34 UNIDADE 05. INDICADORES ECONÔMICOS Objetivo Proporcionar conhecimento sobre os indicadores econômicos. BEBENDO NA FONTE PIB ou PNB Um equívoco em torno do PIB é a que mistura taxas trimestrais de crescimento, divulgadas periodicamente pelo IBGE, com taxas anuais. A taxa trimestral ilustra o crescimento do PIB em um trimestre em relação ao trimestre anterior e serve para medir a velocidade e aceleração do crescimento do PIB. Essa taxa, por sua vez, é anualizada, ou seja, indica o quanto o PIB cresceria no ano todo se esse ritmo de crescimento continuasse o mesmo. Para se evitar confusões no tratamento das variações do PIB deve-se sempre tomar a base inicial da medida como 100, e aplicar sobre ela os índices de crescimento divulgados. Isso permite visualizar corretamente o fenômeno em curso. Outro equívoco se dá entre os conceitos de Produto Interno Bruto - PIB e Produto Nacional Bruto - PNB. Nos Estados Unidos, o conceito preferido é o de PNB, e por isso ele aparece nos principais livros de macroeconomia. Na Grã Bretanha e no Brasil, é mais usado o PIB. O PIB é o valor total da produção de bens e serviços ocorrida dentro das fronteiras do país, sem considerar a nacionalidade dos que se apropriaram dessas rendas, sem descontar rendas eventualmente enviadas ao exterior e sem considerar as recebidas do exterior, daí o qualificativo de "interno". O PNB considera as rendas recebidas do exterior por nacionais do país e desconta as que foram apropriadas por nacionais de outros países, daí o qualificativo "nacional.". No caso do Brasil, o PNB é menor do que o PIB porque uma parcela da ordem de 3% do PIB brasileiro não é usufruída por brasileiros e sim enviada ao 35 exterior na forma de lucros, dividendos e juros do capital estrangeiro. Assim, a renda interna bruta é de fato menor do que PIB. Nos Estados Unidos, ao contrário, o PNB é maior do que PIB porque as rendas obtidas pelas empresas americanas no exterior, e enviadas aos Estados Unidos na forma de remessa de lucros e dividendos, são consideradas parte do PNB americano. Portanto: O PIB, descontado dessa renda enviada ao exterior, ou somado à renda recebida do exterior é chamado PNB. O conceito de PNB, por esse motivo, está mais próximo ao conceito de Renda Nacional. O Produto Nacional Bruto, descontadas as perdas por depreciação, é exatamente igual à Renda Nacional Líquida. Assim: PIB – Renda enviada ao exterior + Renda recebida do exterior = PNB PNB – Depreciação = Produto Nacional Líquido = Renda Nacional Liquida. Renda Nacional Líquida = Renda per capita População Indicadores de Conjuntura Elaborados pelo INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE), temos: Pesquisa industrial mensal Mede a produção física acompanhando cerca de 700 produtos em cinco mil empresas com o que elabora quatro índices: a variação da produção do mês em relação ao mês anterior e em relação ao mesmo mês do ano anterior; a variação da produção acumulada nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses anteriores, e a acumulada no ano, em relação ao mesmo período no ano anterior. Os índices são específicos por setores industriais (indústria da borracha, vestuário, veículos, etc), e por tipos de bens: bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis e os não duráveis. Os indicadores do 36 IBGE ressentem-se da pequena amostragem, da não inclusão de serviços e da não atualização frequente da amostragem em função da mudança do perfil produtivo do país. Pesquisa mensal do comércio Indicador iniciado em 1995, alcançando apenas mil estabelecimentos na região do Rio de Janeiro. Acompanha vendas, emprego e massa salarial no comércio. Elaborados pela FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV): Sondagem Conjuntural Afere a cada três meses a taxa de utilização, níveis de produção, emprego e intenções de investimento de 1440 empresas em dez segmentos da economia. Elaborados pela FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FIESP): Nível de Atividade Industrial É divulgado na última quarta-feira do mês seguinte ao mês aferido, a partir de questionários respondidos por cerca de 700 indústrias que representam 30 por cento da produção industrial do país. Trata-se de um índice composto pelos índices de variação mensal dos seguintes dados: total de pessoal ocupado pelas empresas; total de horas pagas; total de horas trabalhadas na produção; total de salários reais (deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor da FIPE); salário médio real; total de vendas reais (deflacionadas pelo Índice de Preços ao Atacado da FGV); utilização da capacidade instalada. DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS INDÚSTRIAS (CNI): • Indicador de Atividade na Indústria de Transformação: levantado mês a mês, em âmbito nacional, com a variação do valor das vendas reais, pessoal 37 empregado, horas trabalhadas na produção, total de salários pagos e ocupação da capacidade instalada. OUTROS INDICADORES: Nível de Investimentos: investimentos em bens de produção são o melhor termômetro precursor da atividade econômica, de grande visibilidade, pelo seguinte mecanismo: em regime de produção invariante, empresários apenas repõe equipamento, na proporção do desgaste regular estimado em 10 por cento do capital produtivo existente; se a produção sobe, digamos 10 por cento, além da reposição normal, empresários ampliam seus equipamentos. Mesmo se os ampliarem em apenas 3 por cento, as compras de equipamentos se expandem em 30 por cento (dos 10 por cento do estoque, para 13 por cento do estoque). No sentido inverso, quedas na produção levam ao adiamento mais do que proporcionais nas reposições de bens de capital. É possível inferir o ritmo de investimentos pelo volume de contratos de financiamentos de bens de capital do programa FINAME, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, uma das principais fontes de financiamentos de bens de capital. Índices de comércio: a Associação Comercial de São Paulo divulga agregados de comércio e de pagamentos que indicam se está havendo melhoria ou deterioração no volume e qualidade das vendas: número de falências e concordatas requeridas e decretadas, volume de títulos protestados na capital, por setor de comércio, volume de consultas ao serviço de proteção ao crédito. Os indicadores têm que ser interpretados. Pode haver aumento no número de concordatas requeridas devido às frequentes mudanças na lei de falência ou outras leis, e não em decorrência de uma crise. A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica), ligada à USP, criou um indicador composto precursor da atividade econômica de validade 38 discutível, que se vale de dados acessíveise de compilação rápida, dados esses ligados à movimentação de pessoas e mercadoria: variação no número de passageiros nos ônibus urbanos e no metrô, consumo de energia elétrica e combustíveis, consultas ao crédito; número de passageiros embarcados no aeroporto de Cumbica e terminal rodoviário. Principais Índices de Inflação Índice Geral de Preços do IBGE (IGP) Começou a ser calculado em 1947, comparando preços do mês anterior com os do mês corrente, coletados em 18 capitais. Há três grupos de preços: os de produtos no atacado, baseados numa amostragem de cerca de 500 mercadorias, com 60 por cento de peso no índice final; os de preços ao consumidor, com base nas compras de famílias com renda de 1 a 33 salários mínimos, entram com 30 por cento; preços da construção civil, com 10 por cento de peso, baseados em planilhas de custo de empresas de engenharia. Trata-se de um dos menos precisos índices, justamente pela sua abrangência, num quadro muito dispersivo de inflação. É divulgado em duas versões: uma contendo apenas os preços do que é produzido internamente (disponibilidade interna) e outra incluindo preços de importações. Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) da FGV Criado a pedido da Federação dos Bancos com uma cláusula que impede sua modificação pelo governo, tinha como função, servir de corretor de contratos bancários aplicável já no dia 30 do mês em curso. É o primeiro a ser divulgado e tem como base os mesmos preços e a mesma ponderação do IGP, mas do dia 20 do mês anterior ao dia 20 do mês em questão. 39 Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do IBGE Para rendas de 1-8 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a 1986. Índice de Preços ao Consumidor (IPC) Sucedeu ao INPC como índice oficial, até 1990 e difere apenas no período de coleta dos preços. Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) IBGE Índice oficial do governo para medir a inflação e que serve de referência para as metas de inflação. Para rendas até quarenta salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos e residentes nas áreas urbanas das regiões. Balanço de pagamento É uma conta que registra todas as transações comerciais e financeiras de um país com o outro ou do Brasil com o resto do mundo. É constituída pela balança comercial, balança de serviços e balança de capitais. Balança comercial Registra todos os fluxos correspondentes às importações e exportações de um país. Dependendo do seu resultado operacional, o país pode ter superávit ou déficit comercial. SUPERÁVIT: as exportações são maiores que as importações DÉFICIT: as importações são maiores que as exportações. Balança de serviços Registra os pagamentos e recebimentos por compra e venda de serviços internacionais. Entre os principais itens desta conta, destacam-se pelo lado da despesa, os frutos pagos a navios estrangeiros, os juros da dívida externa e os lucros remetidos ao exterior pelas firmas estrangeiras e pelo lado da receita são contabilizados os fretes pagos a navios brasileiros, os prêmios de seguros a companhias nacionais, os juros pagos ao Brasil por países devedores e os lucros eventualmente recebidos ao exterior. 40 A BALANÇA DE SERVIÇOS e a BALANÇA COMERCIAL conjuntamente formam a BALANÇA DE TRANSAÇÕES CORRENTES. Balança de capitais Registra todas as transações que não se referem à produção ou venda de serviços ou bens. Incluem-se nesta conta os investimentos diretos das empresas estrangeiras no Brasil, o fluxo de capital estrangeiro, que ingressa como empréstimo, os créditos do FMI, do Banco Mundial, bem como os de outros governos para o Brasil. Em princípio, o balanço de pagamentos de um país deve manter o equilíbrio. Quando isso não acontece o país usa as reservas ou empréstimos internacionais para manter o equilíbrio. AMPLIANDO HORIZONTES Para maiores informações sobre esses indicadores, utilize o website do IPEA, no endereço www.ipeadata.gov.br. http://www.ipeadata.gov.br/ Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100 Bairro: Pq. Santa Cândida CEP: 13603-112 Araras / SP (19) 3321-8000 ead@unar.edu.br Rua Américo Gomes da Costa, 52 / 60 Bairro: São Miguel Paulista CEP: 08010-112 São Paulo / SP (11) 2031-6901 eadsp@unar.edu.br www.unar.edu.br 0800-772-8030 POLOS EAD http://www.unar.edu.br http://unar.info/ead2 Capa Economia Aplicada aos Negocios Economia Aplicada aos Negócios - Robson Capa Economia Aplicada aos Negocios
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