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Curso Psicopatologia na Infância e na Adolescência

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2 
 
Sumário 
Psicopatologia ....................................................................................................................... 6 
Definições e Conceitos .......................................................................................................... 6 
Bases da psiquiatria infantil ................................................................................................. 14 
Desenvolvimento Infantil .................................................................................................... 15 
Desenvolvimento afetivo .................................................................................................... 16 
Desenvolvimento cognitivo ................................................................................................. 17 
Desenvolvimento físico ....................................................................................................... 17 
Desenvolvimento social....................................................................................................... 17 
Fases do desenvolvimento infantil .......................................................................................... 18 
Sensório-motor: 0 a 2 anos ................................................................................................. 18 
Pré-operatório: 2 a 7 anos ................................................................................................... 18 
Operatório concreto: 8 a 12 anos ........................................................................................ 19 
Operatório formal: a partir dos 12 anos .............................................................................. 19 
Psicologia do desenvolvimento infantil ................................................................................... 20 
Teoria de Piaget vs. teoria de Vygotsky ............................................................................... 21 
Exame Psíquico ou mental da criança .................................................................................. 21 
Avaliação Neuropsicológica ................................................................................................. 27 
Transtornos do neurodesenvolvimento ................................................................................... 30 
Retardo mental ................................................................................................................... 30 
A neurobiologia do retardo mental ..................................................................................... 32 
Epidemiologia do retardo mental ........................................................................................ 35 
Causas de retardo mental ................................................................................................... 37 
Síndrome de Down.............................................................................................................. 39 
Síndrome do álcool fetal ..................................................................................................... 39 
Intoxicação por chumbo ...................................................................................................... 40 
Infecções congênitas ........................................................................................................... 41 
Síndromes neurocutâneas ................................................................................................... 41 
Síndrome de Rett e outras mutações de MECP2 .................................................................. 43 
Síndrome do X-frágil ........................................................................................................... 44 
Como tratar o retardo mental ............................................................................................. 44 
Má-formações cerebrais ..................................................................................................... 46 
Erros inatos do metabolismo ............................................................................................... 47 
Desnutrição protéico-calórica ............................................................................................. 47 
Como investigar o retardo mental ....................................................................................... 48 
Transtornos do espectro autista .......................................................................................... 52 
3 
 
Genética do transtorno do espectro autista ........................................................................ 53 
Testes moleculares e aconselhamento genético no Transtorno do espectro autista ............ 55 
Transtornos específicos de aprendizagem ........................................................................... 59 
Tipos de transtornos de aprendizagem................................................................................ 60 
Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade ................................................................. 63 
Diagnóstico ......................................................................................................................... 64 
Critérios diagnósticos .......................................................................................................... 66 
Tipos de TDAH ........................................................................................................................ 67 
Comorbidade ...................................................................................................................... 68 
Procedimentos para avaliação diagnóstica .......................................................................... 68 
Tratamento ......................................................................................................................... 70 
Quadros clássicos .................................................................................................................... 75 
Depressão ........................................................................................................................... 75 
Causas da depressão: .......................................................................................................... 75 
Fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento da depressão: ................... 76 
Sintomas da depressão ....................................................................................................... 76 
Diagnóstico ......................................................................................................................... 77 
Subtipos de Depressão: ....................................................................................................... 77 
Tratamento ......................................................................................................................... 78 
Prevenção ........................................................................................................................... 79 
Transtorno bipolar ................................................................................................. 79 
Sintomas do Transtorno Bipolar .......................................................................................... 80 
Como o Transtorno Bipolar afeta uma pessoa ao longo do tempo ....................................... 82 
Transtorno Bipolar Tipo I ..................................................................................................... 82 
Transtorno Bipolar Tipo II ....................................................................................................82 
Transtorno Bipolar não especificado em outra parte (BP-NOS) ............................................ 82 
Transtorno Ciclotímico ou Ciclotimia ................................................................................... 83 
Doenças geralmente coexistem com o Transtorno Bipolar .................................................. 83 
Fatores de risco para o Transtorno Bipolar .......................................................................... 84 
Diagnostico Transtorno Bipolar ........................................................................................... 85 
Esquizofrenia ...................................................................................................................... 86 
Curso e prognóstico ............................................................................................................ 93 
Exames complementares .................................................................................................... 94 
Características Clínicas ........................................................................................................ 94 
Epidemiologia ..................................................................................................................... 95 
Estudos genéticos ............................................................................................................... 95 
4 
 
Estudos bioquímicos ........................................................................................................... 96 
Estudos do neurodesenvolvimento ..................................................................................... 96 
Tipos de Esquizofrenia ........................................................................................................ 97 
Subtipos de esquizofrenia ................................................................................................... 98 
Pensamentos suicidas e comportamento ............................................................................ 99 
Causas................................................................................................................................. 99 
Fatores de Risco ................................................................................................................ 100 
Complicações .................................................................................................................... 100 
Existem dois tipos principais de medicação antipsicótica: ..................................... 102 
Psicoterapia na esquizofrenia ............................................................................................ 103 
Objetivos da psicoterapia .................................................................................................. 103 
O papel do terapeuta ........................................................................................................ 105 
Seleção e encaminhamento de pacientes .......................................................................... 106 
Família e Doença Mental ........................................................... Erro! Indicador não definido. 
Transtorno oposicional desafiante e transtorno da conduta .............................................. 112 
Transtorno de conduta e transtorno de personalidade antissocial ..................................... 115 
Transtornos de ansiedade ..................................................................................................... 118 
Transtorno de ansiedade de separação ............................................................................. 120 
Tratamento ....................................................................................................................... 121 
Transtorno de ansiedade generalizada .............................................................................. 121 
Tratamento ....................................................................................................................... 122 
Fobias específicas .............................................................................................................. 123 
Tratamento ....................................................................................................................... 123 
Fobia social ....................................................................................................................... 124 
Tratamento ....................................................................................................................... 124 
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) .................................................................. 125 
Tratamento ....................................................................................................................... 126 
Transtorno obsessivo-compulsivo ..................................................................................... 126 
Estudos de gêmeos ........................................................................................................... 127 
Estudos de famílias ........................................................................................................... 128 
Estudos de análise de segregação ..................................................................................... 129 
Estudos de associação ....................................................................................................... 130 
Genes do sistema serotoninérgico..................................................................................... 130 
Genes do sistema dopaminérgico ...................................................................................... 131 
Transtornos Menores ............................................................................................................ 133 
Alterações de sono ............................................................................................................ 133 
5 
 
Padrão normal de sono do período neonatal à adolescência ............................................. 134 
Distúrbios do sono ............................................................................................................ 136 
Distúrbios do sono em crianças com problemas neurológicos e/ou comportamentais....... 148 
Distúrbios do sono em crianças com problemas respiratórios ........................................... 149 
Transtornos alimentares ................................................................................................... 150 
Transtorno da alimentação da primeira infância................................................................ 151 
TRANSTORNOS DE ELIMINAÇÃO: ENURESE E ENCOPRESE ................................................. 158 
Tratamento ........................................................................................................................... 161 
Psicofarmacoterapia ......................................................................................................... 161 
Antidepressivos ................................................................................................................. 161 
Indicações gerais ............................................................................................................... 164 
Psicoestimulantes ............................................................................................................. 166 
Estabilizadores do humor .................................................................................................. 167 
Antipsicóticos.................................................................................................................... 168 
Indicações gerais ............................................................................................................... 170 
Ansiolíticos........................................................................................................................172 
Referencias ........................................................................................................................... 174 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Psicopatologia 
 
Definições e Conceitos 
 
A Psicopatologia pode ser compreendida como um discurso ou um saber 
(logos) sobre a paixão, (pathos) da mente, da alma (psiquê). Ou seja, um 
discurso representativo a respeito do pathos psíquico; um discurso sobre o 
sofrimento psíquico sobre o padecer psíquico. A psychê é alada; mas a direção 
que ela toma lhe é dada pelo pathos, pelas paixões. (BERLINCK, 1998 apud 
CECCARELLI, 2005). 
A expressão Psicopatologia, que deu nome ao que muitos médicos faziam, 
principalmente na França, na Alemanha e na Inglaterra, durante todo o século XIX, 
inaugurou a tradição médica que se manifesta, até hoje, nos tratados de psiquiatria e de 
Psicopatologia médica. O aparecimento da Psicopatologia como disciplina organizada 
se dá com a publicação da Psicopatologia Geral 
Para Jaspers a Psicopatologia é uma ciência complexa: é uma ciência 
natural, destinada à explicação causal dos fenômenos psíquicos mediante os 
recursos e teorias acerca dos nexos extra conscientes que determinam esses 
fenômenos; e é ciência do espírito, voltada para a descrição das vivências 
subjetivas, para a interpretação das suas expressões objetivas e para a 
compreensão de seus nexos internos e significativos. A Psicopatologia deve 
considerar o indivíduo globalmente atentando sempre para os padrões de 
normalidade aonde o indivíduo a ser questionado está inserido, não se deixando 
guiar “cegamente” pelos sintomas. Considerar um sintoma isolado é fazer com 
que o objetivo principal de o entender (compreender o indivíduo) seja esquecido 
(FIGUEIREDO, 1989 apud MENDOZA, 2007). 
Barlow & Durand (2008) também salientam que a Psicopatologia é um 
termo ambíguo: refere-se tanto ao estudo dos estados mentais patológicos, 
quanto à manifestação de comportamentos e experiências que podem indicar 
um estado mental ou psicológico anormal. Os transtornos psiquiátricos são 
descritos por suas características patológicas, ou Psicopatologia, que é um ramo 
descritivo destes fenômenos. 
A Psicopatologia como o ramo da ciência que trata da natureza essencial da 
doença mental - suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela 
https://psicologado.com.br/psicopatologia/
https://psicologado.com.br/psicopatologia/transtornos-psiquicos/
7 
 
e suas formas de manifestação. A Psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser 
definida como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser 
humano (CAMPBELL, 1986 apud DALGALARRONDO, 2000). 
Baumgart (2006 apud FERNANDES, 2008) destaca que atualmente 
a Psicopatologia tem dificuldade de coesão teórica devido aos muitos discursos 
que abarca. Percebe-se que os conhecimentos a ela relativos parecem 
constituir-se apenas como um aglomerado de especialidades. A Psicopatologia 
está ligada a diversas disciplinas: as psicologias, as psiquiatrias e ao corpo 
teórico psicanalítico. Dentro da Psicologia, liga-se com Psicologia 
Clínica (direcionada ao diagnóstico, e ao estudo da personalidade), Psicologia 
Geral (noções de subjetividade, intencionalidade, representação, atos 
voluntários etc.), e ainda Psicologia ligada às neurociências, tradições hinduístas 
e outros. 
Considerando ainda que, a Psicopatologia perpassa e dialoga com 
diferentes campos do conhecimento (principalmente entre a 
Psicologia, Psicanálise, Neurologia e Psiquiatria) faz-se imprescindível também, 
uma melhor definição sobre os limites inerentes a essas áreas dentro das 
práticas e/ou atuações psicopatológicas; tanto diante dos estados mentais 
patológicos, quanto frente as suas manifestações comportamentais. Inserida 
nesse contexto, a Psicanálise é um procedimento investigativo dos processos 
mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo, um método 
(baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos, e uma 
coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que 
gradualmente se acumulou numa "nova" disciplina científica. A Psicologia, 
entretanto, é a ciência que se preocupa com o comportamento humano em seus 
aspectos e condutas observáveis, que possam ser medidos, testados, 
compreendidos, controlados, descritos e preditos objetivamente. (FREUD, 1923 
apud HAAR, 2008). 
Por um lado, a psicanálise se diferencia da psicologia por ter como seu objeto 
de estudo específico os fenômenos psíquicos inconscientes. Enquanto o estudo da 
psicologia abrange os fenômenos conscientes e inconscientes: estes são os objetos 
de estudos específicos da psicanálise, a qual utiliza, com essa finalidade, uma 
metodologia própria e específica (FREIRE, 2002). 
https://psicologado.com.br/psicologia-geral/introducao/o-que-e-psicologia
https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-clinica/
https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-clinica/
https://psicologado.com.br/psicologia-geral/
https://psicologado.com.br/psicologia-geral/
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/
https://psicologado.com.br/
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/sigmund-freud-biografia
8 
 
Tanto a Psiquiatria quanto a Neurologia são especialidades médicas. A 
Psiquiatria lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e 
reabilitação das doenças mentais em humanos, sejam elas de cunho orgânico 
ou funcional. A meta principal é o alívio do sofrimento psíquico e o bem-estar 
psíquico. Para isso, é necessária uma avaliação completa do doente, com 
perspectivas biológica, psicológica, sociológica e outras áreas afins. Uma 
doença ou problema psíquico pode ser tratado através de medicamentos ou 
várias formas de psicoterapia. A Neurologia estuda e atua nas doenças 
estruturais, provenientes do Sistema Nervoso Central (encéfalo e medula 
espinal), do Sistema Nervoso Periférico (nervos e músculos) e de suas estruturas 
invólucros (meninges). Uma doença estrutural, portanto, refere-se à existência 
de uma lesão identificável em nível genético-molecular (mutação do DNA), 
bioquímico (alteração de substância responsável pelas reações químicas 
mantedoras das funções dos tecidos, órgãos ou sistemas) ou tecidual (alteração 
da histológica ou morfológica própria de cada tecido, órgão ou sistema). 
(LAMBERT & KINSLEY, 2006). 
Em confluência com os diversificados conceitos, através do paradoxo 
proposto por Lantéri-Laura (1998 apud SALLET e GATTAZ, 2002) ao considerar 
a Psicopatologia como um fenômeno subjetivo que tramita entre a psicologia do 
patológico e a patologia do psicológico – verifica-se também, a relevância da 
Semiologia e das suas técnicas observacionais. Nesse aspecto, Dalgalarrondo 
(2000) elucida a diferença entre Semiologia e Semiotécnica: 
O Semiologia é a ciência dos signos, estando presente em todas as atividades 
humanas que incluam a interação e a comunicação entre dois interlocutores pelo uso 
de um sistema de signos (falas, gestos, atitudes, comportamentos não verbais etc.). 
Dedica-se ao estudo dos sintomas e sinais das doenças, permitindo ao profissional da 
saúde identificar alterações físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, 
formular diagnósticos e estabelecer métodos de tratamento. 
A Semiotécnica, por sua vez, refere-se a técnicas e procedimentos específicos 
da observação, coleta e descrição de sinais e sintomas. Sendo assim, é de essencial 
importância para a prática da Semiotécnica em Psicopatologia, a observação 
minuciosa, atenta e perspicaz do comportamento do paciente, do conteúdo de seu 
discurso e da sua maneira de falar, da sua mímica, da postura, do vestuário, da forma 
https://psicologado.com.br/psicopatologia/psiquiatria/
9 
 
como reage e do seu estilo de relacionamento com o entrevistador, com outros 
pacientes e com seus familiares. 
Dentro desse contexto mostra-se igualmenteimportante, a compreensão 
sobre Nosologia e Nosografia. Segundo Karwowski (2015) esclarece, 
a Nosologia (do grego 'nósos', "doença" + 'logos', "tratado", "razão explicativa") 
é a parte da medicina, ou o ramo da patologia que trata das enfermidades em 
geral e as classifica do ponto de vista explicativo (isto é, de sua etiopatogenia). 
Enquanto a Nosografia as ordena desde o aspecto meramente descritivo 
(graphos = descrição). Dessa maneira, o diagnóstico nosológico é estabelecido 
através de um conjunto de dados que envolvem anamnese (pesquisa), exame 
físico e testes complementares. 
Consequentemente, revela-se necessários que os pressupostos básicos 
da Psicopatologia sejam submetidos a indagações concernentes as suas 
possibilidades. Isto significa que devem ser objeto de uma ciência primeira, 
conforme o psicanalista francês Pierre Fédida denominou de Psicopatologia 
Fundamental: uma Psicopatologia Primeira, convocada a dar conta da 
interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade inseridas 
nas Psicopatologias atuais (BERLINCK, 1998 apud CECCARELLI, 2005). 
A noção de fundamental deve ser compreendida no sentido de uma 
"fundamentalidade", uma "intercientificidade dos objetos conceituais". Trata-se de um 
projeto de natureza intercientífica, onde a comparação epistemológica dos modelos 
teórico-clínicos e de seu funcionamento propiciaria a ampliação do limite e da 
operacionalidade de cada um destes modelos e, consequentemente, uma 
transformação destes últimos. A Psicopatologia Fundamental é o fórum de toda a 
metaPsicopatologia (Ibidem). 
De acordo com Barlow & Durand (2008) o transtorno 
psicológico ou comportamento anormal é uma disfunção psicológica que ocorre 
em um indivíduo e está associada com angústia, diminuição da capacidade 
adaptativa e apresenta uma resposta que não é culturalmente aceita. Jaspers 
(2003) enumera ainda o que deve ser entendido como enfermidade: 
1. Processos somáticos; 
2. Acontecimentos graves que causam ruptura com a vida até então 
considerada sã; 
https://psicologado.com.br/psicopatologia/psicopatologia-definicoes-conceitos-teorias-e-praticas
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/a-teoria-da-angustia-na-psicanalise
10 
 
3. Desvios grandes em relação ao normal estatístico e visto como 
indesejados pelo afetado ou seu meio. 
Segundo Leonhard (1997 apud SALLET e GATTAZ, 2002) 
as falsificações sensoperceptivas podem ser explicadas pela simbolização das 
representações. Em geral há uma forma singular de perturbação do pensamento 
abstrato: os pacientes mantêm a crítica para os acontecimentos do dia-a-dia e 
mostram-se adequados, mas falham nas tarefas que exigem abstração. 
As alterações sensoperceptivas também são características na alteração de 
humor e podem abranger todas as áreas do sentido, embora prevaleçam as 
alucinações auditivas. Entretanto, ainda que a excitação os doentes possam 
xingar contra as vozes, tal como os doentes paranoides, posteriormente eles 
sempre demonstram um claro juízo do caráter patológico das mesmas. 
BRITTO (2004) acentua que as discussões sobre juízo para fins 
psicopatológicos são tomadas como base os juízos de realidades, 
principalmente pelo fato dos juízos de valores serem definidos sócio 
historicamente. Dessa forma, uma patologia do juízo será sempre uma alteração 
no juízo de realidade. Um termo traduzido da palavra 
alemã Wahn ou Wahsinn que se refere a uma síndrome constituída por um 
conjunto de ideias mórbidas que traduzem uma alteração fundamental do juízo, 
no qual o doente crê com uma convicção inabalável. No delírio, por exemplo, os 
mecanismos associativos do indivíduo desviam-se da realidade ou da lógica, 
podendo conduzir a juízos e raciocínios anormais, levando à produção de 
alucinações, percepções delirantes e ideias delirantes. 
Entende-se por surto psicótico um estado mental agudo caracterizado por 
grave desorganização psíquica e fenômenos delirantes e/ou alucinatórios, com perda 
do juízo crítico da realidade. A capacidade de perder a noção do que é real e do que 
é fantasia, criação da mente da própria pessoa, é um aspecto muito presente nos 
quadros agudos da esquizofrenia. A pessoa adoecida pode criar uma realidade 
fantasiosa, na qual acredita plenamente a ponto de duvidar da realidade do mundo e 
das pessoas ao seu redor. 
Fala-se em Percepção Delirante quando o paciente atribui à uma percepção 
normal da realidade um significado anormal sem que para isso, existem motivos 
compreensíveis. Não existe, neste caso, uma verdadeira alteração da percepção, mas 
11 
 
é a interpretação dessa percepção que sofre um juízo crítico distorcido e patológico. 
(BARBOSA, 2000 apud Ibidem). 
Jaspers (2000 apud IORIO, 2005) define o delírio com sendo um juízo 
patologicamente falseado e que deve, obrigatoriamente, apresentar três 
características: 
• Uma convicção subjetivamente irremovível e uma crença absolutamente 
inabalável com impossibilidade de se sujeitar às influências de quaisquer 
argumentações da lógica; 
• Um pensamento de conteúdo impenetrável e incompreensivo 
psicologicamente para o indivíduo normal; 
• Uma representação sem conteúdo de realidade, ou seja, que não se reduz 
à análise dos acontecimentos vivenciais. 
Dalgalarrondo (2000) divide as funções psíquicas 
em: consciência, atenção, orientação, vivências do tempo e do 
espaço, sensopercepção, memória, afetividade, vontade e psicomotricidade, pe
nsamento, juízo de realidade, linguagem. Além das funções psíquicas 
compostas, que são consciência e valoração do eu, esquema corporal e 
identidade, personalidade e inteligência. Definiu a sensação como o fenômeno 
elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, 
originados de fora para dentro do organismo, que produzem alterações nos 
órgãos receptores, estimulando-os. Já por percepção entende-se a tomada de 
consciência de um estímulo sensorial. 
De acordo com Ballone (2005) a Sensopercepção é a Instância psíquica 
através da qual apreendemos o mundo externo, utilizando-nos de diversas 
variedades de estímulos, sendo esses visuais, táteis, auditivos, olfatórios ou 
gustativos. É a senso percepção que permite a aquisição dos elementos do 
conhecimento procedente do mundo exterior e do mundo interior, orgânico e 
psíquico. Ela requer a participação dos cinco sentidos externos (olfato, tato, 
visão, audição e paladar), dos sentidos internos (cenestésico, cinético e de 
orientação) e a percepção do mundo mental pela consciência. Esse mesmo autor 
salienta ainda que a sensação é o elemento primário do senso percepção. É o 
registro, na consciência, da estimulação produzida em qualquer dos aparelhos 
sensoriais. Elas podem ser externas (refletem propriedades e aspectos isolados 
12 
 
das coisas e fenômenos que se encontram no mundo exterior) e internas 
(refletem os movimentos de partes isoladas do nosso corpo e o estado dos 
órgãos internos). 
As sensações internas são de 3 tipos: 
1. motoras ou cinéticas (nos orientam sobre os movimentos dos 
membros e do nosso corpo); 
2. de equilíbrio (provém da parte interna do ouvido e indicam a posição 
do corpo e da cabeça); 
3. E orgânicas ou proprioceptivas (se originam nos órgãos internos). 
A percepção, todavia, relaciona-se diretamente com a forma da realidade 
apreendida, ao passo em que a sensação se relacionaria aos fragmentos 
esparsos dessa mesma realidade. Ao ouvirmos notas musicais, por exemplo, 
estaríamos captando fragmentos, mas a partir do momento em que captamos 
uma sucessão e sequência dessas notas ao longo de uma melodia, estaríamos 
captando a forma musical. Sendo assim, existem três estágios de percepções: 
A percepção anterior à realidade consciente é a percepção despojada de 
toda e qualquer subjetividade, é a objetividade pura. Ela é anterior a toda e 
qualquer interpretação, anterior a toda e qualquer compreensão e anterior a toda 
e qualquer significação.Ela permite a experiência da própria percepção em 
estado puro. Ela é radicalmente exterior ao sujeito, é a percepção do mundo 
exterior objetivo por excelência. É uma sensação vazia de subjetividade. 
A percepção que se transforma na realidade consciente é a percepção 
cuja objetividade já remete à uma subjetividade ou à um significado consciente 
real. Ela não se permite circunscrever apenas ao mundo exterior e passa a 
pertencer ao mundo interior do sujeito. Trata-se da ponte que une o objeto ao 
sujeito (o mundo objetal ao sujeito), tal como uma porta que introduz o mundo 
exterior para dentro da subjetividade. Entretanto, esta percepção que se 
transforma na realidade consciente é somente uma porta de entrada, e é sempre 
ao mesmo tempo uma passagem do objeto ao sujeito, é tanto a porta quanto o 
trânsito através dela, e sempre no sentido que conduz da percepção à 
subjetividade. 
A percepção posterior à realidade consciente é a percepção que não 
contém propriamente uma nova subjetividade, mas toca nela a partir de 
13 
 
estímulos atuais. Ela reforça a subjetividade pré-existente e a partir dela, constrói 
novos elementos subjetivos. 
Portanto, enquanto a sensação oferece à pessoa o fundamental da 
realidade, na percepção esse fundamental se organiza de acordo com estruturas 
específicas, conferindo originalidade pessoal à realidade apreendida. A partir da 
percepção que se transforma na realidade consciente, o sujeito passa a oferecer 
às suas sensações um determinado fundo pessoal sobre o qual se assentarão 
as demais futuras sensações. 
Sim (2001), no entanto, considera a Psicopatologia como um método de 
estudo sistemático do comportamento, da cognição e da experiência anormais; 
o estudo dos produtos de uma mente com um transtorno mental. E conforme os 
preceitos estabelecidos por esse mesmo autor, essa análise inclui dois tipos de 
Psicopatologias: 
A Psicopatologia Explicativa, nas quais existem supostas explicações, de 
acordo com conceitos teóricos (p. ex., a partir de uma base psicodinâmica, 
comportamental ou existencial. 
A Psicopatologia Descritiva, que consiste na descrição e categorização 
precisa de experiências anormais, como são informadas pelo paciente, e 
observadas em seu comportamento. 
 
 
Figura 1. O Modelo das Psicopatologias propostas por Sim (2001). 
Sims (2001) distingue ainda que a Psicopatologia descritiva consiste por 
duas partes distintas: a observação do comportamento e a avaliação empática 
da experiência subjetiva. A observação acurada é extremamente importante e 
um exercício muito mais útil do que simplesmente contar os sintomas; às vezes 
o uso servil de listas de sintomas, para a verificação de sua presença ou 
14 
 
ausência, tem impedido a observação clinica genuína. A objetividade é crucial, 
além da necessidade de observar mais do que apenas o comportamento. A outra 
parte da Psicopatologia descritiva avalia a experiência subjetiva através da 
empatia como termo psiquiátrico, que significa literalmente "sentir-se como". 
A Psicopatologia refere-se tanto ao estudo dos estados mentais 
patológicos, quanto às manifestações comportamentais, ou experiências que 
possam indicar um estado mental patológico (ou psicologicamente anormal). 
Percebe-se, entretanto, que a sua principal preocupação está direcionada com 
a doença da mente. Revela-se por isso, um tema vasto a partir do momento em 
que se defronta com questões subjetivas, como por exemplo: o que é 
considerado doença? Qual a definição exata de um comportamento atípico? O 
que é um estado mental patológico? Além disso, a Psicopatologia está 
diretamente ligada com diferentes áreas do conhecimento, sobretudo, com a 
Psicologia, Psicanálise, Neurologia e Psiquiatria. Dessa forma, devido aos 
muitos discursos que ela abrange demonstra uma grande dificuldade de coesão 
teórica. 
 
Bases da psiquiatria infantil 
 
Estudos epidemiológicos baseados em critérios diagnósticos do Manual 
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4ª edição (DSM-IV)1 
apresentam a prevalência de transtornos psiquiátricos na faixa etária da infância 
e adolescência em torno de 10-15%, sendo mais frequentes os diagnósticos de 
transtornos de conduta/desafiador-opositivo (7,0%) e transtornos ansiosos 
(5,2%). Não há dados específicos sobre as principais causas de atendimento 
psiquiátrico emergencial nesta faixa etária no Brasil. Na literatura mundial, 
predominam: alterações de comportamento sem diagnóstico estabelecido, 
comportamento suicida, depressão, agressividade, abuso de substâncias e 
situações de violência. Possivelmente, estes resultados seriam replicados em 
nosso país. 
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as taxas de 
suicídio entre 5-14 anos são de 1, 5:100.000 em meninos e 0, 4:100.000 em 
meninas e na faixa de 15-24 anos, 22:100.000 para o sexo masculino e 4, 
9:100.000 para o feminino. Nos últimos 50 anos, estas taxas aumentaram entre 
15 
 
os mais jovens em relação aos mais velhos. Estes valores não contabilizam 
tentativas de suicídio, apenas óbitos reportados. Estima-se que o impacto dos 
atos suicidas, particularmente em adolescentes, seja consideravelmente maior 
do que os números relatados. 
Observa-se que muitas das situações de emergência psiquiátrica nesta 
faixa etária podem estar relacionadas a diferentes diagnósticos e podem tanto 
configurar o primeiro episódio de um transtorno psiquiátrico como o agravamento 
de um quadro pré-existente. Portanto, o atendimento emergencial é também o 
momento de diagnóstico diferencial. 
O curso é estruturado em três seções: avaliação psiquiátrica emergencial, 
apresentações clínicas e tratamento. 
Avaliação psiquiátrica 
A apresentação clínica de quadros psiquiátricos em crianças e 
adolescentes tende a ser distinta daquela de adultos. Numa avaliação, deve-se 
atentar para os sintomas apresentados, o impacto dos sintomas para o paciente 
e a família, fatores de risco e recursos para intervenção. 
Durante o exame psíquico, devem-se observar sinais que exijam 
intervenções imediatas, como agitação psicomotora, agressividade, alterações 
de nível de consciência e comportamento suicida. Os exames físico e 
neurológico são necessários para o diagnóstico de complicações clínicas de 
transtornos psiquiátricos, como intoxicações em dependentes químicos e 
alterações metabólicas em tentativas de suicídio ou transtornos alimentares, 
além do diagnóstico diferencial de doenças clínicas que podem apresentar 
manifestações psiquiátricas. Podem ser necessários exames complementares, 
como testagem para identificação de drogas, hemograma, perfil hidroeletrolítico, 
monitoramento cardíaco e tomografia computadorizada. 
O engajamento da família é fundamental desde a avaliação inicial, para 
obtenção de dados objetivos sobre a história e o ambiente do paciente, além da 
avaliação da situação familiar. A presença ou ausência de suporte familiar e 
social são fatores determinantes na avaliação de risco do paciente e podem 
determinar a decisão quanto à necessidade de internação. 
 
Desenvolvimento Infantil 
 
16 
 
Os primeiros 1.000 dias de vida representam uma oportunidade única e 
decisiva para o desenvolvimento de todo ser humano. 
Durante essa janela crucial de oportunidades, as células cerebrais podem 
fazer até 1.000 novas conexões neuronais a cada segundo – uma velocidade 
única na vida. Essas conexões formam a base das estruturas cerebrais e 
contribuem para o funcionamento do cérebro e a aprendizagem das crianças e 
criam as condições para a saúde e a felicidade delas no presente e no futuro. A 
falta de atenção integral – que inclui acesso à saúde, nutrição adequada, 
estímulos, amor e proteção contra o estresse e a violência – pode impedir o 
desenvolvimento das estruturas cerebrais. Dessas conexões fundamentais. 
Avanços na neurociência provaram que quando as crianças passam seus 
primeiros anos – particularmenteos primeiros 1.000 dias desde a concepção até 
os 2 anos de idade – em um ambiente estimulante e acolhedor, novas conexões 
neuronais se formam na velocidade ideal. Essas conexões neurais ajudam a 
determinar a capacidade cognitiva de uma criança, como elas aprendem e 
pensam, sua capacidade de lidar com o estresse, e podem até influenciar o 
quanto elas ganharão quando adultas. 
O desenvolvimento infantil é um processo de aprendizado pelos quais as 
crianças passam para adquirir e aprimorar diversas capacidades de 
âmbito cognitivo, motor, emocional e social. 
Ao conquistar determinadas capacidades, a criança passa a apresentar 
certos comportamentos e ações (como, por exemplo, dizer a primeira palavra, 
dar os primeiros passos, etc.) que são esperados a partir de determinada idade. 
O desenvolvimento infantil acaba por ser um conjunto de aprendizados 
que, pouco a pouco, vai tornando a criança cada vez mais independente e 
autônoma. Durante o processo de desenvolvimento, a criança evolui em 
diferentes aspectos de sua formação. 
A evolução não se dá somente no crescimento físico da criança, mas 
também na sua parte cognitiva e social, dentre outras. 
 
Desenvolvimento afetivo 
 
O desenvolvimento afetivo está relacionado aos sentimentos e às 
emoções e é perceptível por parte da criança desde a fase de bebê. Um bebê é 
17 
 
capaz de compreender a recepção de carinho e de amor, e também de amar e 
de criar laços afetivos com os pais e com outras pessoas próximas, 
principalmente com aquelas com as quais tem mais convívio. O estabelecimento 
dessas relações é fundamental para que a criança desenvolva sua inteligência 
emocional e não tenha, no futuro, problemas afetivos. 
 
Desenvolvimento cognitivo 
 
O desenvolvimento cognitivo refere-se à parte mais intelectual do ser 
humano. Diz respeito à atenção, ao raciocínio, à memória e à capacidade de 
resolver problemas. A cognição do ser humano é desenvolvida com o tempo. 
Enquanto bebê, uma pessoa não tem uma capacidade de memória muito 
aguçada. Em geral, as pessoas não têm, por exemplo, recordações de 
acontecimentos que tenham tido lugar antes dos seus dois anos de idade. O 
desenvolvimento cognitivo infantil permite que a criança interprete, assimile e se 
relacione com os estímulos do ambiente que a cerca e com a sua própria 
essência. 
 
Desenvolvimento físico 
 
O desenvolvimento físico é aquele através do qual as crianças 
desenvolvem habilidades e capacidades motoras como sentar, andar, ficar em 
pé, pular, correr, etc. Em atividades que requerem mais precisão, como por 
exemplo, escrever, o desenvolvimento físico fica também dependente do 
desenvolvimento cognitivo. 
 
Desenvolvimento social 
 
Com o desenvolvimento social, a criança aprende a interagir em 
sociedade. É com base nesse tipo de desenvolvimento que a criança estabelece 
com outras pessoas uma espécie de intercâmbio de informações, que permite 
adquirir cultura, tradições e normas sociais. 
A importância de brincar no desenvolvimento infantil está diretamente 
relacionada com esse tipo de desenvolvimento, pois através da socialização com 
18 
 
outras crianças, são desenvolvidas certas capacidades de interação e noções 
de limites. 
 
Fases do desenvolvimento infantil 
 
As etapas do desenvolvimento infantil foram o principal tema de estudo 
do psicólogo suíço Jean Piaget. 
Durante o tempo em que trabalhava em uma escola, Piaget se interessou 
por observar o raciocínio utilizado pelas crianças para responder as perguntas 
de seus professores. Posteriormente, passou a observar também os seus filhos 
e desta forma, acabou por subdividir as fases da infância. 
A teoria de Piaget considera que o desenvolvimento infantil consiste em quatro 
fases no que diz respeito à cognição: 
Sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. 
Confira as fases do desenvolvimento infantil por idade: 
 
Sensório-motor: 0 a 2 anos 
 
Nessa fase do desenvolvimento, a criança desenvolve a capacidade de 
se concentrar em sensações e movimentos. O bebê começa a ganhar 
consciência de movimentos que, anteriormente, eram involuntários. Ele percebe, 
por exemplo, que ao esticar os braços pode alcançar determinados objetos. 
Durante esse período, ocorre o desenvolvimento da coordenação motora. Os 
bebês nessa faixa etária só têm consciência daquilo que podem ver e é por isso 
que choram quando a mãe sai do seu campo de visão, mesmo que ela esteja 
muito perto. 
 
Pré-operatório: 2 a 7 anos 
 
Esse é o período onde ocorrem representações da realidade dos próprios 
pensamentos. Nessa fase, algumas vezes a criança não tem a real percepção 
dos acontecimentos, mas sim a sua própria interpretação. Ao observar um copo 
fino e alto e um copo baixo e largo que comportam a mesma quantidade, por 
19 
 
exemplo, a criança acredita que o copo alto comporte uma quantidade maior. 
Durante esse período também é possível notar uma fase bastante acentuada 
do egocentrismo e a necessidade de dar vida às coisas. É a fase dos “porquês” 
e da exploração da imaginação, ou seja, do dito faz de conta. 
 
Operatório concreto: 8 a 12 anos 
 
Nessa fase começa a ser demonstrado o início do pensamento lógico 
concreto e as normas sociais já começam a fazer sentido para a criança. A 
criança é capaz de entender, por exemplo, que um copo fino e alto e um copo 
baixo e grosso podem comportar a mesma quantidade de líquido. Nessa faixa 
etária, o desenvolvimento da criança já contempla conhecimentos sobre regras 
sociais e sobre o senso de justiça. 
 
Operatório formal: a partir dos 12 anos 
 
Aos 12 anos a criança já possui a capacidade de compreender situações 
abstratas e experiências de outras pessoas. 
Mesmo que a própria criança jamais tenha vivido determinada experiência 
e nem mesmo nada parecido, ela passa a ter a capacidade de compreender 
através de situações vividas por outros, ou seja, a compreender situações 
abstratas. O pré-adolescente também já é capaz de criar situações hipotéticas, 
teorias e possibilidades e de começar a se tornar um ser autônomo. 
Os marcos do desenvolvimento infantil consistem em certos 
comportamentos ou capacidades que se esperam das crianças em 
determinadas faixas etárias. É importante referir que esses marcos podem 
acontecer mais cedo para umas crianças do que para outras, mas uma variação 
de tempo excessivamente grande pode significar algum distúrbio de 
desenvolvimento. 
Apesar da definição do conceito de fases do desenvolvimento piagetiano, 
o próprio Piaget defende que esse desenvolvimento poder ser beneficiado por 
certos estímulos e por um ambiente apropriado para crianças. 
Os principais fatores que podem impactar o desenvolvimento infantil são: 
• Ambiente onde a criança vive. 
20 
 
• Hereditariedade. 
• Alimentação. 
• Problemas físicos. 
 
Psicologia do desenvolvimento infantil 
 
A psicologia do desenvolvimento infantil é responsável por estudar as 
alterações que ocorrem no comportamento do ser humano durante a infância e 
defende que ele precisa passar por algumas etapas de aprendizado para 
finalmente adquirir determinada capacidade. Esse estudo engloba não só 
o desenvolvimento emocional/afetivo (emoções e sentimentos), mas também 
o cognitivo (conhecimento/razão), o social (relações sociais) e 
o psicomotor (funções motoras e psíquicas). 
A psicologia do desenvolvimento busca estudar também os fatores que 
promovem as mudanças de comportamento que levam a determinado fim.
 O psicólogo suíço Jean Piaget, fez uma analogia entre o desenvolvimento 
infantil e o desenvolvimento de um embrião: ele considerou que o percurso do 
desenvolvimento infantil consistia em fases e que a conclusão de uma 
determinada fase era condição necessária para passar à fase seguinte, ou seja, 
defendia que o desenvolvimento ocorria de forma sequencial, sem pular etapas. 
Piaget definiu o desenvolvimento cognitivo como uma espéciede embriologia mental. A construção da criança enquanto indivíduo está 
diretamente relacionada com o ambiente que a cerca. A demanda do ambiente 
pode influenciar diretamente o alcance de determinadas capacidades. 
Essa condição estabelece algumas relações do desenvolvimento infantil 
com a aprendizagem: uma criança que não sofre estímulos, pode, por exemplo, 
desenvolver certas capacidades mais tarde ou até mesmo vir a não as 
desenvolver. 
Em outras palavras, se o ambiente não demanda, a criança pode não 
“reagir” e não “construir”. Em suma, a psicologia do desenvolvimento infantil 
defende que a construção acontece através da interação com o meio. 
 
21 
 
 Teoria de Piaget vs. teoria de Vygotsky 
 
No domínio da psicologia, Jean Piaget e Lev Vygotsky foram grandes 
estudiosos do desenvolvimento infantil. 
Ambos são considerados construcionistas e interacionistas, pois 
defendem que nada acontece sem uma interação e que tudo precisa passar por 
um processo de construção até alcançar determinado fim. 
A diferença entre a teoria de Piaget e a teoria de Vygotsky são as mediações 
utilizadas para abordar a interação. 
Piaget considera que a interação se dê por meio da ação da criança. 
Desta forma ocorre uma troca com o meio; a criança age e aprende por 
experiência própria, não há uma pessoa ensinando. 
Para Vygotsky, a mediação ocorre por meio de ferramentas culturais, ou 
seja, o aprendizado ocorre quando a criança interage ou coopera com pessoas 
que fazem parte do seu ambiente. Posteriormente, esses processos de 
aprendizados são internalizados e passam a fazer parte do desenvolvimento 
independente da criança. 
Em outras palavras, para Vygotsky o desenvolvimento infantil é resultado 
do convívio social. 
 
 Exame Psíquico ou mental da criança 
 
Ao contrário do exame físico, que é descritivo, o exame psíquico tende a 
ser menos descritivo e mais compreensível, ou seja, a não se transformar em 
um observador e um observado. O entrevistador deve saber que ele é uma 
variável de grande significado e que o exame é uma interação entre duas 
pessoas. Seus sentimentos naquele momento se influenciam mutuamente, e 
grande parte dessa influência ocorre de uma forma que ambos não se dão conta, 
ou seja, inconscientemente. 
No exame psíquico da criança procura-se colher dados necessários para 
traçar o perfil de seu estado ou funcionamento mental. Este perfil será o 
resultado da observação de um conjunto de funções psíquicas que 
correspondem, na sua maior parte, à vida consciente da criança. 
22 
 
Grande parte das funções psíquicas da criança está sob o domínio do 
ego, por isso são chamadas de funções do ego. Elas são responsáveis pelo 
controle das funções motoras, desenvolvimento da fala, memória, percepção, 
atenção, inteligência, noção de realidade e pensamento. No bebê estas funções 
estão embrionárias, mas ele possui uma predisposição genética para 
desenvolvê-las. 
No exame da criança interessa ao entrevistador a observação das 
funções psíquicas porque elas revelam, em parte, o caminho seguido pela 
criança e os fatores que estariam influenciando esse desenvolvimento. No 
transcorrer do exame psíquico, prioriza-se o funcionamento mental. 
O ideal seria que a criança fosse avisada, um ou dois dias antes da 
entrevista, de que irá ao médico e lhe seja informado também o motivo. As 
explicações deverão ser simples e claras, respeitando a idade da criança. Os 
pais deverão orientá-las de que se trata de uma consulta diferente, que o médico 
estará interessado em conhecê-la para poder ajudá-la em suas dificuldades. 
Dizer que o médico irá colocar à sua disposição jogos, material de 
desenho, brinquedos que poderá usar, ou, caso preferir, poderá conversar, e não 
será obrigada a fazer nada que não queira. O entrevistador deve estar atento ao 
que ocorre com a criança desde o momento de sua entrada na sala até a sua 
saída. No exame da criança, três variáveis importantes entram em jogo: o 
entrevistador, a criança e o próprio local do exame. 
Deve-se dar preferência a um consultório cujo ambiente lembre mais uma 
sala comum do que uma sala de exames com seu mobiliário convencional. O 
espaço deve ser suficiente para permitir que a criança brinque à vontade e sua 
localização deve protegê-la de estímulos sonoros intensos e desagradáveis que 
possam desviar a atenção da criança. O material que fica à disposição da criança 
deve estar contido em uma caixa, na qual deve ter: pequenos bonecos, animais 
selvagens e domésticos, carrinhos, blocos para construção, massa de modelar, 
lápis de cor, cola, papel, tesoura, tinta, pincel, pedaços de barbante. 
Alguns profissionais propõem a inclusão de jogos tipo pega-varetas, 
dominó, jogo da velha, que tem a preferência dos pré-adolescentes (PORTO, 
1997). Em algumas circunstâncias, pode-se passear com a criança em volta da 
quadra ou ir a algum local de seu interesse, até mesmo a sua casa. Tanto o 
23 
 
desenho e o brinquedo, como a linguagem, possuem um conteúdo manifesto ou 
narrativo e um conteúdo latente ou inconsciente. 
Na avaliação psiquiátrica e psicológica, ambos são importantes, ainda que 
se dê ênfase ao conteúdo simbólico dos mesmos. 
Mas é por meio de seu aspecto narrativo que se observa a facilidade de a criança 
transitar entre a realidade e a fantasia, sua capacidade de expressão ligada a 
seus estados maturativos, sua riqueza imaginativa ou a pobreza de 
representação, resultado neste caso de falhas ou déficit cognitivos de ordem 
cultural, intelectual ou de bloqueio emocional. 
 É colocado à disposição da criança todo o material, e espera-se que ela 
tome a iniciativa, seja para utilizá-lo ou iniciar um diálogo, mas ela nem sempre 
o faz. Neste caso, ela não deve ser forçada a brincar, fazer ou dizer alguma 
coisa. 
Quando a criança está desacompanhada, no transcorrer da entrevista 
pode passar-se algo de natureza ansiogênica, consciente ou não, que lhe 
desperte a vontade de sair da sala. O entrevistador deve permitir, pois sabe que 
ela necessita se reassegurar junto à mãe de que tudo vai bem para prosseguir e 
voltar à sala. Com a criança pequena, a dificuldade maior está no início da 
entrevista. Uma vez obtida sua confiança, a entrevista transcorre dentro da livre 
iniciativa e espontaneidade de que a criança pequena é capaz. 
Na criança em fase de latência e nos adolescentes ocorre o contrário. 
Tenham vindo pela sua própria vontade ou não, eles comumente não se recusam 
a entrar no consultório para a entrevista, mas é justamente o seu desenrolar que 
se torna algumas vezes extremamente penoso. 
A criança até os cinco ou seis anos de idade é capaz de se exprimir 
espontaneamente e com naturalidade sobre sua vida, amigos, casa. Ela é mais 
liberal em revelar seus pensamentos e fantasias. Na criança maior, na latência, 
já começam a operar mecanismos de defesa que vão influenciar na expressão 
de sua vida de fantasia, empobrecendo-a. A criança, com frequência, torna-se 
incapaz de expressar fácil e vivamente suas imaginações. 
 
No exame da criança, é necessário investigar os seguintes itens: 
aparência geral; atitude geral; atividade motora; atenção e concentração; 
temperamento, afeto e humor; memória; orientação e percepção; pensamento; 
24 
 
linguagem e fala; defesas, fantasia, imaginação e devaneio. Aparência geral: não 
é conveniente inspecionar formalmente a criança. A observação da aparência 
geral se faz ao longo do exame, por meio do “olhar de superfície”. Longe de ser 
objetivado como superficial, pouco sério, diz respeito a uma cuidadosa, porém 
discreta, observação da criança no que diz respeito ao seu aspecto físico, 
harmonia de traços, presença de lesões, anomalias. Verificar seu modo de vestir 
sugere bom trato ou desleixo, observar sua fisionomia e postura (apática, viva, 
alegre, triste, inibida, descontraída, ansiosa). Atitude geral: refere-se ao 
comportamento da criança duranteo exame. Como se comporta na antessala? 
E ao entrar na sala? Entrou com facilidade? Quis sair antes do tempo? 
Interrompeu a atividade para ir ver a mãe? Mostrou-se hostil com o 
entrevistador? • Atividade motora: a suspeita de perturbações da 
psicomotricidade pode ser levantada, ou mesmo confirmada, a partir da 
observação das atividades espontâneas da criança ao brincar, desenhar, correr, 
pular ou andar. Deve ser observada sua marcha enquanto ela se movimenta. 
Tem boa coordenação para a idade? É lenta? Atenção e concentração: a criança 
se concentra em alguma atividade ou no diálogo? Passa de uma atividade a 
outra sem cessar e sem terminar a antecedente? A capacidade de atenção e 
concentração modifica-se com a idade. Na criança pequena, a atenção e a 
concentração estão intimamente ligadas ao seu interesse imediato e particular. 
 
Na criança maior, é esperado que ela consiga organizar-se e se manter 
em brincadeiras mais estruturadas e elaboradas. Vários fatores contribuem para 
este fim, entre eles a atenção e a concentração. Na criança pequena é normal 
ocorrerem desvios de tema, mudanças de assuntos, associações estranhas, 
pela falta de atenção e interesse, enquanto, no adolescente e adultos, isso pode 
ser a tradução de um distúrbio do pensamento. Temperamento, afeto e humor: 
referem-se aos sentimentos expressos durante o exame. Como variou e, se 
possível, o que motivou sua flutuação. Sua relação com as atividades verbais e 
não verbais da criança. Na criança maior e no adolescente é possível obter 
informações adicionais sobre como se sentem, seu humor e afetos pelos seus 
próprios relatos. Memória: uma queixa frequente nos consultórios diz respeito à 
memória e é expressa das mais diversas formas: “Ele esquece todos os seus 
objetos na escola”. “Aprende a matéria e no dia seguinte já esqueceu tudo”. “Ele 
25 
 
não sabe onde colocar suas coisas”. Mesmo com queixas eloquentes, a memória 
não se torna a função-chave a ser pesquisada no sentido de detectar uma 
afecção orgânica. Estas lesões são raras na infância. 
 
Sabe-se que mecanismos psíquicos inconscientes estão operando ativamente 
neste período, interferindo na vida consciente da criança, e são observados no 
seu comportamento, como a indiferença, a falta de curiosidade, o esquecimento 
e o embotamento cognitivo. 
 
A memória está intimamente ligada à atividade da atenção e, portanto, distúrbios 
da atenção e a hiperatividade motora são fatores que podem comprometê-la. A 
consciência/vigilância interfere na atenção. Orientação e percepção: estas duas 
funções dizem respeito à capacidade da criança em perceber e compreender a 
realidade. O fator idade influencia decisivamente nesta capacidade. Na criança 
pequena, a fronteira entre a realidade e a fantasia, as noções de tempo e espaço, 
são vagas e imprecisas. 
 
 Avaliar a orientação da criança é procurar saber se ela demonstra 
conhecimento sobre sua pessoa (quem ela é, seu nome, onde mora, sua idade, 
se estuda) e se tem noção de espaço e tempo. Na criança, estes dois últimos 
conceitos não estão muito claros e não se deve esperar que ela domine as 
relações de espaço e lugar (longe, perto, em frente, ao lado, fora da cidade, no 
centro) e do tempo (ontem, hoje, amanhã, mês, ano). Analisar a percepção é 
procurar saber em que medida a criança é capaz de diferenciar entre o real e a 
fantasia e, consequentemente, sua adaptação a esta realidade. Por exemplo: 
Uma criança de seis anos, intensamente perturbada, reagir com pavor, 
recusando-se a entrar na sala ao ver um buraco no teto. Em uma criança 
saudável desta idade, esse mesmo buraco despertaria curiosidade e uma série 
de perguntas. Em relação à percepção, é importante notar se a criança utiliza 
seus órgãos sensoriais de forma adequada e se estão organicamente intactos. 
Pensamento: o pensamento da criança, de modo geral, reflete-se na sua 
conversa, nas suas brincadeiras, jogos e produções. Ouvir a criança falar permite 
obter um grande número de informações. É importante lembrar que o 
pensamento da criança pequena tem características que a diferenciam do 
26 
 
pensamento do adulto. Em razão de sua própria imaturidade, seu pensamento 
pode expressar-se por associações pouco claras, mal ordenadas, que fogem à 
lógica formal do pensamento do adulto. Baseia-se muito mais no seu modo 
pessoal e autorreferente de ver a realidade. Na criança maior, por exemplo, na 
fase de latência, já são exigidas uma melhor ordenação e uma clareza maior do 
seu pensamento. Linguagem e fala: a fala também é objeto de observação, e 
seus distúrbios são frequentemente motivos de consultas. No exame psíquico, a 
atenção do entrevistador, muitas vezes, está dirigida ao modo como a criança 
usa a linguagem, porém ele não deve prescindir de observá-lo na sua forma 
efetora. 
 
Se a criança discursa, deve-se observar se a fala: a) é utilizada como meio de 
comunicação para se manter uma conversa e fornecer informações. 
 
b) é empregada como uma forma de se defender, evitar o contato, expressando-
se de forma restrita, lacônica e econômica. 
 
c) não tem relação com a comunicação. Neste caso, ela é manipulada como um 
objeto, um material sonoro. As palavras perdem seu sentido, são emissões 
sonoras reagrupadas ou remodeladas pela criança. Pode ser observada na 
linguagem do psicótico ou também fazendo parte de brincadeiras que crianças 
pequenas gostam de fazer aproximando as palavras, construindo frases por 
aproximações sonoras mesmo que eles não façam sentidos. É comum o uso de 
neologismos (criação ou modificação de algumas palavras). Se a criança não 
fala, deve-se observar se a criança: a) utiliza meios extravertais, como gestos, 
expressões faciais ou linguagem escrita para se comunicar e se dirige sua 
atenção e seu olhar ao examinador de forma significativa. 
b) ou se a ausência da fala faz parte de um quadro em que o aspecto relacional, 
ou outras funções, também está comprometido. Defesas: são recursos utilizados 
pela criança de forma consciente ou inconsciente para evitar ou manter a 
ansiedade no nível mais baixo possível frente a situações antigênicas de origem 
interna ou externa (PORTO, 1997). 
 
São exemplos de recursos utilizados pela criança: 
27 
 
 
• A racionalização que um garoto de 11 anos utiliza quando tenta, por meio de 
explicações lógicas (pivetes, assaltantes), justificar a sua recusa de sair 
desacompanhado à rua, mesmo que seja até a esquina bem próxima à sua casa. 
 
• A negação da criança pequena que, durante o exame, brinca somente com a 
mãe, tenta ignorar a presença do entrevistador e negar a situação de exame, 
utilizando um “faz de conta que estou só com a mamãe”. 
 
• A regressão na criança que passa a falar de modo infantilizado. 
 
• A adultização observada na criança que passa a falar de modo afetado, com 
frases bem elaboradas e rebuscadas, ou por meio de suas observações. Como, 
por exemplo, no menino de sete anos que olhando os brinquedos diz: “Quando 
eu era criança eu gostava de brincar com eles. Eu não brinco, é só para crianças 
pequenas”. A repressão pode ser a responsável pelo “branco” que dá na criança 
que não consegue brincar e à qual não ocorre nada para dizer durante a 
entrevista. Em outras, a repressão pode ser presumida não pela ausência de 
produções, mas pelo modo repetitivo e pobre com que se manifesta (PORTO, 
1997). 
 
Avaliação Neuropsicológica 
 
A avaliação neuropsicológica é um procedimento que tem por objetivo 
investigar as funções cognitivas (conhecimentos complexos) e práxicas 
(atividade motora fina) dos pacientes, buscando elucidar os distúrbios de 
atenção, memória e sensopercepção, além de alterações cognitivas específicas 
como gnosias, abstração, capacidade de raciocínio, cálculo e planejamento, bem 
como seus diagnósticos diferenciais. 
Esta complexa avaliação é realizada por psicólogos e neurologistas 
treinados na avaliaçãodas “funções nervosas superiores” e utiliza de testes 
neurológicos e psicológicos específicos, padronizados e validados, sendo 
realizados em etapas sucessivas, baseados em dados comparativos, segundo o 
28 
 
esperado para cada faixa etária, nível socioeconômico e escolaridade. 
 
Esta extensa e minuciosa testagem, são solicitadas por médicos geriatras, 
neurologistas, psiquiatras e psicólogos, além de outros profissionais envolvidos 
com a área de reabilitação em geral, sendo usada para nortear indicações 
terapêuticas medicamentosas e de reabilitação, com técnicas específicas 
aplicadas a distúrbios por déficit de atenção, com ou sem hiperatividade 
associada, diagnóstico diferencial dos déficits cognitivos e avaliação de 
distúrbios mentais, assim como, as demências (isquêmica por multi infartos, 
Alzheimer e outras) sendo, também, útil para o diagnóstico diferencial de 
depressão. 
 
A avaliação neuropsicológica na Doença de Alzheimer (DA) é o principal 
instrumento para diagnosticar o tipo e a intensidade dos distúrbios de atenção, 
memória e desempenho intelectual, permitindo acompanhar, em exames 
sucessivos, a progressão mais rápida ou lenta da DA, oferecendo nas fases 
iniciais a possibilidade de diferenciar os sintomas da DA da depressão. 
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é bastante comum 
e se caracteriza por dificuldade em manter a atenção, inquietude acentuada (por 
vezes hiperatividade) e impulsividade. Ele também é chamado de Distúrbio do 
Déficit de Atenção. É mais comum na infância, embora, em muitos casos, o 
transtorno acompanhe o indivíduo na vida adulta. Nestes casos, os sintomas são 
mais brandos, quando comparados aos de crianças. A avaliação 
neuropsicológica permite, além do diagnóstico, a diferenciação de um distúrbio 
de atenção secundário apenas a ansiedade, nervosismo e preocupações, além 
de estimar a intensidade do problema e permitir, em exames sucessivos, o 
resultado do tratamento. 
A Epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do 
cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios 
metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite 
sinais elétricos incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. 
Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas menos evidentes de epilepsia. 
Mas isso não significa que o problema tenha menos importância. Os sintomas 
epilépticos são: crises de ausência, distorções de percepção ou movimentos 
29 
 
descontrolados de uma parte do corpo, medo repentino, desconforto abdominal, 
perda de consciência, confusão e alteração de memória transitórias. Em crises 
mais graves, o paciente primeiro perde a consciência e cai, ficando com o corpo 
rígido; depois, as extremidades do corpo se debatem involuntariamente. 
É comum que os pacientes epilépticos tenham queixa de episódios de 
“desligamentos” os quais não são necessariamente de natureza epiléptica. 
Nesses casos, tais desligamentos estar associado a ansiedade, o que pode ser 
identificado numa avaliação neuropsicológica. Os distúrbios da memória em 
pacientes epilépticos podem relacionar com alterações anatômicas ou funcionais 
de regiões do cérebro associadas à memória ou, então, serem decorrentes de 
distúrbio de atenção ou ansiedade. Isto é diferenciado pela avaliação 
neuropsicológica. 
Os pacientes candidatos à cirurgia de epilepsia passam pela avaliação 
neuropsicológica. O objetivo é indicar a possibilidade de sequelas que venham 
ser provocadas pela intervenção cirúrgica, como perda de memória e da fala. 
A Depressão é um distúrbio complexo do humor e não um quadro simples de 
tristeza. É uma doença do corpo como um todo, físico e mental, com alteração 
do humor e do pensamento. 
Uma doença depressiva não é uma "fossa" ou "um baixo astral" 
passageiro. Na Depressão observa-se perda de memória, desatenção, lentidão, 
incapacidade de tomar decisões, extrema irritabilidade, fadiga crônica, falta de 
apetite e dores sem explicação. A avaliação da memória, da atenção, da 
ansiedade e da depressão com aplicação na neurologia, psiquiatria e psicologia 
é feita com a avaliação neuropsicológica. A avaliação neuropsicológica na 
Doença de Alzheimer (DA) é o principal instrumento para diagnosticar o tipo e a 
intensidade dos distúrbios de atenção, memória e desempenho intelectual, 
permitindo acompanhar, em exames sucessivos, a progressão mais rápida ou 
lenta da DA, oferecendo, nas fases iniciais, a possibilidade de diferenciar os 
sintomas da DA da depressão. 
 
 
 
 
30 
 
Transtornos do neurodesenvolvimento 
 
Os transtornos do neurodesenvolvimento resultam de desenvolvimento ou 
maturação deficiente do sistema nervoso central. Fatores genéticos e ambientais 
podem contribuir para a patogênese desses distúrbios; no entanto, as causas 
exatas são frequentemente complexas, pouco claras e geralmente multifatoriais. 
Indivíduos com transtornos do neurodesenvolvimento podem apresentar déficits 
com diversas manifestações, incluindo desafios com função sensorial, função 
motora, aprendizado, memória, função executiva, emoção, ansiedade e 
habilidade social. Embora essas funções sejam mediadas por múltiplas regiões 
cerebrais, o hipocampo representa uma importante área, atuando na rede neural 
de comportamentos relacionados. Atualmente há uma extensa pesquisa que 
suporta papéis importantes do hipocampo de mamíferos no aprendizagem e 
cognição. Além disso, com seus altos níveis de plasticidade sináptica 
dependente de atividade e neurogênese vitalícia, o hipocampo é sensível à 
experiência, exposição e suscetível a doenças e lesões (LI et al., 2018). Embora 
a maioria dos achados nesse contexto sejam em modelo animal, podemos ter 
expectativas positivas acerca do papel do hipocampo na neurobiologia desses 
transtornos. 
 
 
 
 
 Retardo mental 
 
O retardo mental (RM) é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais 
comuns em crianças e adolescentes. A taxa de prevalência tradicionalmente 
31 
 
citada é de 1% da população jovem1,2, porém alguns autores mencionam taxas 
de 2 a 3%, e há estimativas de até 10%. Há um consenso geral de que o RM é 
mais comum no sexo masculino, um achado atribuído às numerosas mutações 
dos genes encontrados no cromossomo X. A razão entre os sexos masculino e 
feminino é de 1,3 a 1,9 para 13. As crianças acometidas muitas vezes 
apresentam-se ao pediatra geral com queixa de atraso na fala/linguagem, 
alteração do comportamento, ou baixo rendimento escolar. 
O diagnóstico de RM é definido com base em três critérios: início do 
quadro clínico antes de 18 anos de idade; função intelectual significativamente 
abaixo da média, demonstrada por um quociente de inteligência (QI) igual ou 
menor que 70; e deficiência nas habilidades adaptativas em pelo menos duas 
das seguintes áreas: comunicação, autocuidados, habilidades 
sociais/interpessoais, auto orientação, rendimento escolar, trabalho, lazer, saúde 
e segurança. O QI normal é considerado acima de 85, e os indivíduos com um 
escore de 71 a 84 são descritos como tendo função intelectual limítrofe. Os 
testes do QI são mais válidos e confiáveis em crianças maiores de 5 anos, e por 
isso muitos autores preferem termos alternativos ao RM, tais como atraso do 
desenvolvimento, dificuldade do aprendizado, transtorno do 
desenvolvimento10 ou deficiência do desenvolvimento11. Além disso, como os 
testes do QI nem sempre estão disponíveis, há uma tendência natural a utilizar 
os termos atraso do desenvolvimento e RM como sinônimos, mas é preciso ter 
em mente que nem toda criança pequena com retardo na aquisição dos marcos 
do desenvolvimento terá RM quando testada formalmente em uma idade maior. 
A despeito dos recentes avanços nos instrumentos de investigação 
médica, a etiologia do RM permanece desconhecida em 30 a 50% dos casos. 
Utilizam-se diferentes classificações com a finalidade defacilitar a investigação 
clínica do RM. Pode-se classificá-lo quanto à época do evento causal em pré-
natal, perinatal ou pós-neonatal. Classicamente, correlaciona-se a intensidade 
do RM com o escore do QI. Assim, as crianças com QI de 50-55 a 70 têm RM 
leve; as com QI de 35-40 a 50-55, RM moderado; aquelas com QI de 20-25 a 
35-40, RM grave; e as com QI inferior a 20-25, RM profundo. O RM leve é 7 a 10 
vezes mais comum que o RM moderado ou grave. Um esquema mais prático 
32 
 
subdivide o RM em leve (QI de 50-70) e grave (QI < 50), o qual será adotado ao 
longo deste artigo. Frequentemente se afirma que a chance de esclarecer a 
etiologia é maior naqueles com RM grave, mas à medida que as novas técnicas 
de diagnóstico genético e molecular se tornam disponíveis para o clínico, a 
probabilidade de selar o diagnóstico independe da intensidade do RM. As causas 
de RM podem ser genéticas ou ambientais, e congênitas (por exemplo, 
exposição fetal a teratógenos, distúrbios cromossômicos) ou adquiridas (por 
exemplo, infecção do sistema nervoso central, traumatismo craniano). O RM 
pode, ainda, ser categorizado em sindrômico, isto é, a criança apresenta 
características dismórficas associadas que levam à identificação de uma 
síndrome genética, ou não-sindrômico. Convém mencionar que os recém-
nascidos diagnosticados com defeitos estruturais congênitos têm uma chance 
27 vezes mais alta de receber o diagnóstico de RM aos 7 anos de idade. 
A neurobiologia do retardo mental 
O mapeamento do genoma humano e a capacidade de desligar 
("nocautear") um determinado gene em animais de laboratório possibilitaram o 
estudo das alterações intracelulares específicas de cada mutação gênica e a 
correlação de uma molécula deficiente com o resultante déficit cognitivo, 
estabelecendo as bases celulares da cognição. 
Os neurônios são as unidades condutoras de sinais do sistema nervoso e 
apresentam dois tipos de prolongamentos: vários dendritos curtos, que são 
arborizados e recebem os sinais de outros neurônios, e um único axônio longo, 
que transmite os sinais adiante. As espinhas dendríticas são elementos 
diminutos localizados em locais pós-sinápticos das sinapses excitatórias; como 
locais de contato entre axônios e dendritos, medeiam a plasticidade sináptica 
que fundamenta o aprendizado, a memória e a cognição. Isto é, a remodelagem 
das sinapses e as alterações na forma e no número das espinhas dendríticas 
são a base anatômica do aprendizado e da memória. Ademais, diversas 
proteínas codificadas por genes cujas mutações produzem RM ligado ao 
cromossomo X executam as vias de sinalização que regulam a morfologia das 
espinhas dendríticas, a liberação de neurotransmissores, o crescimento dos 
33 
 
axônios e o citoesqueleto de actina. A hipótese atual é a de que o RM se origina 
de um defeito da estrutura e função das sinapses neuroniais. 
Há várias décadas, sabe-se que o RM está associado a anormalidades 
dos dendritos e das espinhas dendríticas. Recentemente, estudos dos neurônios 
piramidais no córtex cerebral e hipocampo de pacientes com as síndromes de 
Down, Rett e do X-frágil confirmaram a presença de anormalidades na forma e 
ramificação das espinhas dendríticas. 
O conceito de plasticidade abrange as capacidades do cérebro de ser 
moldado pela experiência, de aprender e recordar e de reorganizar-se e 
recuperar-se após uma lesão. A plasticidade se desenvolve a partir da interação 
das vias excitatórias e inibitórias atuantes nas sinapses, com um predomínio das 
primeiras, servidas pelo neurotransmissor glutamato. A ativação dos receptores 
glutamatérgicos de NMDA e AMPA leva à formação e estabilização das 
sinapses. As proteínas intracelulares Rho-GTPases também estão implicadas, 
pois regulam o citoesqueleto de actina, o qual é crucial para o crescimento e a 
diferenciação dos neurônios. O aprendizado e a memória envolvem alterações 
a curto prazo na força ou eficácia da neurotransmissão nas sinapses, bem como 
alterações a longo prazo na estrutura e no número das sinapses. A transcrição 
de genes é a via comum final para o registro das memórias a longo prazo e para 
a construção de circuitos neuroniais maduros no cérebro em desenvolvimento. 
Assim, o mecanismo de plasticidade envolve a estimulação por 
neurotransmissores de receptores na superfície celular, a ativação de cascatas 
de sinalização intracelular, a transcrição de genes e a síntese de proteínas novas 
que modificam a forma física e o número das sinapses (figura 1). 
 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572004000300010#fig01
34 
 
 
 
A descoberta recente de que o RM ligado ao X pode decorrer de mutações 
nos genes que codificam as proteínas PAK3, OPHN1 e ARHGEF6, todas as 
quais interagem com as Rho-GTPases, enfatiza a importância dos mecanismos 
celulares descritos acima para a função cognitiva. Em 1999, Amir et al. relataram 
que mutações do gene MECP2, que codifica a proteína 2 de ligação a metil-CpG 
ou MeCP2, são responsáveis por mais de 80% dos casos da síndrome de Rett, 
uma causa de RM no sexo feminino. O córtex cerebral humano exibe um padrão 
interessante de expressão de MeCP2: a proteína é muito escassa ou ausente 
nos neurônios imaturos, mas permanece alta nos neurônios maduros pelo resto 
da vida. Além disso, demonstrou-se uma redução na ramificação dendrítica dos 
neurônios piramidais em determinadas regiões do córtex cerebral tanto na 
síndrome de Rett quanto no autismo. 
A síndrome do X-frágil é uma causa hereditária comum de RM. A 
síndrome está quase sempre associada à expansão da repetição dos três 
nucleotídeos CGG presentes no gene FMR1, situado no lócus Xq27.3. O gene 
35 
 
FMR1 codifica a proteína FMRP, que se liga ao RNAm, e sua ação reguladora 
da transcrição-tradução é importante na maturação e função das sinapses. Em 
indivíduos normais, as repetições CGG possuem de 6 a 54 unidades, enquanto 
aqueles com a síndrome exibem uma expansão acima de 200 unidades, 
constituindo a mutação plena. Um número de repetições CGG maior do que 200 
resulta em hipermetilação do segmento, silenciando a transcrição do gene FMR1 
- portanto, a proteína FMRP está ausente. Os indivíduos com 55 a 200 repetições 
são considerados portadores da pré-mutação, a qual é instável e tende a 
expandir-se durante a primeira divisão meiótica feminina. Camundongos que 
tiveram o gene FMR1 nocauteado apresentaram macroorquidia e déficits do 
aprendizado e da memória, simulando o fenótipo humano. Estudos patológicos 
em pacientes com a síndrome do X-frágil e em camundongos modificados 
geneticamente observaram espinhas dendríticas anormais, fortalecendo o 
conceito de que a disgenesia das espinhas dendríticas está associada ao RM. 
A inativação de um dos dois alelos de cada gene do cromossomo X que 
ocorre no início do período embrionário nas meninas gera duas populações 
celulares. Este mecanismo genético é responsável pela ampla variabilidade do 
fenótipo das doenças recessivas ligadas ao X nas meninas heterozigóticas, uma 
vez que a inativação do alelo mutante se dá em proporções aleatórias. No caso 
da síndrome do X-frágil, as meninas portadoras da mutação tendem a apresentar 
manifestações clínicas mais leves. 
Epidemiologia do retardo mental 
Um estudo avaliou as características epidemiológicas do RM no estado 
da Califórnia entre 1987 e 1994. Depois de excluir as crianças diagnosticadas 
com paralisia cerebral, autismo, anormalidades cromossômicas, infecções, 
distúrbios endócrinos ou metabólicos, traumatismos ou intoxicações, 
malformações cerebrais e doenças ou neoplasias do sistema nervoso central, os 
autores encontraram 11.114 crianças com RM de origem desconhecida. 
Constataram, então, que um peso ao nascer < 2.500 g foi o fator preditivo mais 
forte de RM, e encontraram outros fatores de risco associados ao RM, tais como 
nível educacional inferior da mãe, idade maior da mãe ao

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