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Igreja Anglicana


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E.E.E.M Campinas do Sul
Trabalho de Ensino Religioso
Estudante: Bruno Rauta
Turma: 3° B Integrado
Professor: Luciano Dallagnol
Campinas do Sul, abril/ 2020
Igreja Anglicana
· Origem:
Historicamente não é possível precisar quando o Cristianismo aportou na Inglaterra, embora alguns dados oficiais apontem a existência desta religião antes do século III nas Ilhas Britânicas. Algumas lendas ainda não comprovadas indicam que esta região teria recebido a mensagem cristã através do apóstolo Paulo e também de Filipe e José de Arimatéia. É muito provável que grupos de cristãos, fugindo da perseguição contra esta nascente religião, tenham se exilado nestas terras e aí disseminado o Evangelho.
No Concílio de Arles, na França, que ocorreu no ano de 314 d.C., três bispos de uma Igreja inglesa - desconhecida das autoridades eclesiásticas romanas - marcaram sua presença, os primeiros bispos anglicanos de que já se teve informação.
A Igreja Celta é a primeira Igreja Cristã instituída na Inglaterra. Este povo já vivia neste local antes da chegada dos anglo-saxões, e resistiram à cultura pagã que seus dominadores queriam lhes impor. Eles edificaram uma instituição livre, sem vínculos com Roma ou qualquer outra matriz, organizada de forma monástica e tribal, com traços orientais. O Papa Gregório, no ano de 597, desejando estender seu domínio sobre o território britânico, expediu até as ilhas seus mensageiros, quarenta monges liderados por Agostinho, que se tornou o primeiro Arcebispo de Cantuária, na tentativa de converter os habitantes da Bretanha, depois de 150 anos de inatividade cristã imposta pelos invasores. Algum tempo depois Teodoro de Tarso chefiou uma nova missão apostólica.
A Grã-Bretanha sofreu outra invasão no fim do século X, desta vez dos dinamarqueses, que aniquilaram quase tudo. Logo depois, no ano de 1016, ocorreu uma segunda dominação normanda, porém desta vez liderada por um rei cristão. Após vários séculos, a Igreja britânica decidiu que o melhor caminho era romper com a Igreja Romana e sua dominação papal, o que aconteceu definitivamente em 1534, por meio do rei Henrique VIII, que aproveitou um conflito pessoal com o Papa, desencadeado pela decisão real de anular seu matrimônio com Catarina de Aragão, para separar de uma vez sua Igreja da esfera romana. Esta cisão se deu em plena eclosão da Reforma Protestante, representando assim a liberdade de uma Igreja que sempre se desenvolveu de forma autônoma.
Assim nasceu a Igreja Anglicana, também conhecida como Igreja da Inglaterra. Apesar de surgir no momento histórico do Luteranismo, ela tem mais em comum, na sua liturgia, com o Catolicismo do que com o Protestantismo. Esta Igreja também sofreu divisões, portanto há o grupo da Igreja Alta e o da Igreja Baixa, que diferem quanto à maneira de realizar seus cultos e de se expressar. Os preceitos anglicanos estão ordenados no Livro de Oração Comum, nos Ordinais originários dos séculos XVI e XVII, nos 39 Artigos de Religião da Igreja da Inglaterra, nos quais está contido o resumo da crença anglicana, e mais sinteticamente no Quadrilátero de Lambeth-Chicago de 1886-1888, texto onde estão inscritos os princípios essenciais do Anglicanismo Histórico, entre eles a busca da unidade da Igreja Cristã.
· Doutrina:
A lei canônica da Igreja de Inglaterra identifica as Sagradas Escrituras como sua fonte doutrinária. Além disto, a doutrina também deriva dos ensinamentos dos Pais da Igreja e dos concílios ecumênicos (assim como de seus subsequentes credos ecumênicos), uma vez que em concordância plena com as Escrituras. Esta doutrina é expressa mais especificamente através dos Trinta e Nove Artigos de Religião, do Livro de Oração Comum e do Ordinal - este último que contém os ritos de ordenação de diáconos e padres e da consagração episcopal. Ao contrário de outras tradições religiosas, a Igreja de Inglaterra não possui uma linha teológica única considerada como a fundadora ou original. Contudo, a perspectiva de Richard Hooker das Escrituras e da tradição eclesiástica, são tidas ainda hoje como base da identidade Anglicana.
O perfil doutrinário anglicano tal como se encontra nos dias atuais resulta em muito da Era Elisabetana, durante a qual perdurou o estabelecimento de uma certa forma de "via média" entre o Catolicismo e o Protestantismo. A Igreja de Inglaterra afirma o princípio advindo da Reforma Protestante de que as Escrituras contêm todas as ideias e concepções concernentes à Salvação e constituem o árbitro definitivo para questões doutrinárias. Os Trinta e Nove Artigos são a única confissão de fé da Igreja. Apesar de não configurar um sistema doutrinário completo e fechado, os artigos lançam luz sobre temas de concordância com o Luteranismo e outras linhas Reformadas, ao mesmo tempo em que o distinguindo do Catolicismo romano e do Anabatismo.
A Igreja de Inglaterra possui, como uma de suas marcas distintivas, uma "mentalidade ampla e aberta". Esta postura tolerante tem permitido a coexistência das tradições católica e reformada. O Anglicanismo, como um todo, costuma ser entendido como constituído de três cisões: Alta igreja (ou Anglo-Católica), Baixa igreja (ou Evangélica) e Igreja geral (ou liberal). A alta igreja enfatiza a significância da continuidade com o Catolicismo pré-Reforma, a adesão aos costumes litúrgicos e à natureza sacerdotal do ministério. Como a nomenclatura sugere, os Anglo-católicos mantém inúmeras práticas e formas litúrgicas católicas. A baixa igreja enfatiza a herança protestante, tanto litúrgica como teologicamente. Historicamente, a igreja geral tem sido descrita como uma mediação entre ambas as linhas teológicas, embora voltada a um Protestantismo mais liberal.
· Liturgia:
Conforme estabelecido pela Lei Inglesa, a fonte litúrgica oficial da Igreja de Inglaterra é o Livro de Oração Comum. Além deste documento, o Sínodo Geral também legisla para um livro litúrgico moderno, o Liturgia Comum, publicada desde 2000 e utilizada alternativamente. Assim como seu antecessor, o Livro Alternativo de Serviço de 1980, este diverge do Livro de Oração Comum por prover uma gama de serviços alternativos, muitos em linguagem moderna, apesar de não incluir algumas bases, como por exemplo, a Ordem Dois para Santa Comunhão.
As liturgias são organizadas de acordo com ano e calendário litúrgicos. Os sacramentos do Batismo e da Eucaristia são considerados necessários para a Salvação, sendo o pedobatismo amplamente defendido e praticado. Já mais avançados em idade, os indivíduos previamente batizados recebem a Confirmação por um bispo, reafirmando seu compromisso com a fé cristã e anglicana. A Eucaristia, consagrada por oração de ação de graças incluindo as palavras da instituição proferidas por Jesus Cristo, é considerada um ato "memorial dos atos redentores de Cristo, no qual o Cristo se faz efetiva e objetivamente presente pela fé".
A utilização de hinos e música na Igreja de Inglaterra têm sido fortemente modificada ao longo dos séculos. O tradicional canto vespertino é um marco distintivo da maioria das catedrais. A entoação de salmos, ainda presente no Anglicanismo, por sua vez, é uma marca que data de volta aos primórdios da fé cristã inglesa. Durante o século XVIII, clérigos como Charles Wesley introduziram novos estilos de adoração e hinos poéticos.
· Segmentos:
A Igreja da Inglaterra compreende-se como "católica" e "reformada":
· Católica (Alta Igreja) na medida em que se define como uma parte da Igreja Católica de Jesus Cristo, em perfeita e válida continuidade com a Igreja apostólica. Também se assemelha de Igreja Católica Romana em seus dogmas e ritos. Surgiu no século XIX, no Movimento de Oxford, já que a Igreja Anglicana era totalmente protestante.
· Protestante (Baixa Igreja), na medida em que ela foi moldada por alguns dos princípios doutrinários e institucionais da Reforma Protestante do século XVI, nos princípios presbiterianos (ou calvinistas). O seu caráter mais reformado encontra-se na expressão dos Trinta e Nove Artigos de Religião, elaborado em 1563 Como parte do estabelecimentoda via média de religião sob a rainha Isabel I de Inglaterra. Os costumes e a liturgia da Igreja da Inglaterra, expresso no Livro de Oração Comum (em inglês, The Book of Common Prayer - BCP), são baseados em tradições da pré-Reforma, com influência dos princípios da Reforma litúrgica e doutrinária de inspiração protestante. Surgiu originalmente com a Igreja, sendo o segmento anglicano mais antigo.
· Crenças, ritos e conceito de fé:
· A Comunhão Anglicana é a terceira maior comunhão cristã do mundo. Fundada em 1867 em Londres, Inglaterra, a comunhão atualmente tem 85 milhões de membros dentro da Igreja da Inglaterra e outras igrejas nacionais e regionais em plena comunhão, fazendo delas uma só igreja no mundo todo.  As origens tradicionais das doutrinas anglicanas estão resumidas nos Trinta e Nove Artigos (1571). O arcebispo de Canterbury (atualmente Welby) na Inglaterra atua como um símbolo de unidade, reconhecido como primus inter pares ("primeiro entre iguais").
· Os anglicanos acreditam na Santíssima Trindade e seguem, como todos os cristãos, as Sagradas Escrituras. Entre o catolicismo e o protestantismo, escolheram o caminho do meio. Dos católicos, pegaram a sua hierarquia de padres, bispos e arcebispos
· O Uso Anglicano é um dos ritos litúrgicos latinos, ou seja, um dos ritos litúrgicos ocidentais da Igreja Católica, e é usado por algumas paróquias católicas que anteriormente foram da Igreja Anglicana e que em 1980 foram autorizadas pelo Papa João Paulo II a manterem a tradição litúrgica e organizativa anglicanas.
· As crenças, doutrinas e dogmas da Igreja Anglicana assemelham-se às católicas. Dentre as principais semelhanças destacamos os fatos de os anglicanos acreditarem na palavra contida na Escritura Sagrada, bem como de praticarem os sacramentos do Batismo e da Eucaristia.
· Anglicanismo no Brasil:
A história do anglicanismo no Brasil inicia-se no século XIX, no contexto da transferência da corte portuguesa para o Brasil. Em 1810 Portugal e Inglaterra assinaram o Tratado de Comércio e Navegação, que permitiu a construção de capelas anglicanas em terras brasileiras, contanto que elas não tivessem a aparência de templos religiosos – não poderiam ter torres ou sinos – e não buscassem a conversão de cristãos católicos brasileiros. 
Em meados daquele século, as três principais cidades brasileiras, que haviam ganhado ainda na década de 1810 cemitérios para a colônia inglesa, já abrigavam templos anglicanos: em maio de 1822, a primeira capela anglicana do país, a Christ Church, foi aberta no Rio de Janeiro; em maio de 1838, houve a fundação do primeiro templo anglicano no Recife, a Holy Trinity Church; e em outubro de 1853, foi inaugurada a capela de Saint George's Church em Salvador. Surgiram ainda capelas anglicanas em Nova Lima e Mariana, em Minas Gerais, cidades estas que desenvolveram numerosas colônias britânicas devido à exploração das minas de Morro Velho e da Passagem por empresas inglesas. 
A província anglicana do Brasil é a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
· Outras curiosidades:
1. Origem Romana: A Igreja Anglicana tem origem lá no século 1, com a ocupação romana na Grã-Bretanha. St Alban é o primeiro membro registrado da igreja, no século 3. Do século 6 ao século 16, ela tinha vínculo estreito com o catolicismo.
2. A obsessão por um filho homem: O Rei Henrique VIII é o principal responsável por uma mudança brusca na história da Igreja Anglicana. Em 1527, obcecado pela ideia de deixar um herdeiro homem, ele queria anular seu casamento com Catarina de Aragão, que não conseguira gerar um filho do sexo masculino, para se casar com Ana Bolena. Como o Papa não permitiu, Henry VIII rompeu laços com a Igreja Católica em 1534, tomou para si a figura de chefe da Igreja da Inglaterra, casou com Ana Bolena e teve outras quatro esposas antes de morrer. No fim, teve um filho homem, com sua terceira esposa. Mas a busca pela sucessão tranquila não deu certo: o jovem faleceu aos 15 anos, enquanto um conselho regente tomava conta do governo.
3. A filha se vinga: O rompimento da Igreja Anglicana com a Igreja Católica, proclamada por Henrique VIII no século 16, teve fim décadas depois, em 1553, quando Mary I, filha de seu primeiro casamento, chegou ao trono. Esse é capítulo da história é tão violento, que a Rainha Maria ganhou a alcunha de Bloody Mary, por perseguir os protestantes em seu reinado.
4. Uma Rainha mais ponderada: Outra reviravolta na história da Igreja Anglicana ocorreu em 1558, com a ascensão ao trono da protestante Elizabeth I, filha do casamento de Henrique VIII com Ana Bolena. Uma das primeiras medidas de Elizabeth foi o Ato de Supremacia de 1558, que restituiu ao Soberano inglês o título de chefe da Igreja, em uma nova e definitiva cisão com o catolicismo. Mais ponderada do que seus antecessores, teve um reinado bem mais longo, de 44 anos, que estabeleceu um sentido maior de nacionalidade britânica e fixou a Igreja Anglicana no Reino.
· O Símbolo de Fé da Igreja Anglicana:

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