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Capitanias Hereditárias Introdução (contexto histórico) Logo após o descobrimento do Brasil (1500), a coroa portuguesa começou a temer invasões estrangeiras no território brasileiro. Esse temor era real, pois corsários e piratas ingleses, franceses e holandeses viviam saqueando as riquezas da terra recém descoberta. Era necessário colonizar o Brasil e administrar de forma eficiente. Formação das Capitanias Hereditárias Entre os anos de 1534 e 1536, o rei de Portugal D. João III resolveu dividir a terra brasileira em faixas, que partiam do litoral até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. Estas enormes faixas de terras, conhecidas como Capitanias Hereditárias, foram doadas para nobres e pessoas de confiança do rei. Estes que recebiam as terras, chamados de donatários, tinham a função de administrar, colonizar, proteger e desenvolver a região. Cabia também aos donatários combater os índios de tribos que tentavam resistir à ocupação do território. Em troca destes serviços, além das terras, os donatários recebiam algumas regalias, como a permissão de explorar as riquezas minerais e vegetais da região. Estes territórios seriam transmitidos de forma hereditária, ou seja, passariam de pai para filho. Fato que explica o nome deste sistema administrativo. Nesse sistema, as terras do Brasil foram divididas em 15 lotes, e foram criadas 14 Capitanias Hereditárias. Vale lembrar que somente a posse de terra era cedida aos donatários, pois o domínio de tais terras pertencia ao Estado. O objetivo da Coroa Portuguesa era ocupar definitivamente as terras brasileiras e adquirir lucros com a ocupação. . Foram entregues a 12 Capitães Donatários, pessoas que faziam parte da pequena nobreza de Portugal. Os motivos para a Coroa portuguesa implantar o sistema de capitanias foram os seguintes: — Dificuldade em defender o território; — Decadência do comércio português nas Índias; — Falta de recursos lusos; — Promover uma colonização mais dinâmica; Podemos dizer que o modelo de divisão das capitanias era muito parecido com o sistema feudal. Mas, ao contrário do feudalismo — onde o poder muitas vezes estava bem fragmentado — as Capitanias respondiam a um poder central e absoluto, exercido pela Coroa portuguesa, que nomeava juízes que, por sua vez, fiscalizavam os capitães donatários e funcionários para auxiliar na administração da capitania. Os capitães tinham apenas o direito de posse das terras, que ainda eram propriedade da Coroa portuguesa. Cabia aos capitães explorar o terreno retirando o pau-brasil, iniciar e avaliar a produtividade de outros cultivos, explorar o curso dos rios e criar animais, incentivando a agropecuária. Os capitães só não tinham direito de explorar o que estava sob o solo. Neste caso estamos falando dos metais preciosos que, se encontrados, deveriam ser extraídos e mandados diretamente para a Coroa portuguesa. Mas não foi este o caso, já que o ouro foi encontrado apenas no século XVIII. O interesse português, como já citado, não era apenas de povoar o território, mas também extrair do Brasil a maior quantidade possível de recursos, já que a extração do pau-brasil estava diminuindo gradativamente. Os documentos expedidos pela Coroa que davam os direitos de exploração das capitanias eram os seguintes: A Carta de doação dava a posse da terra ao donatário e a possibilidade de transmitir essa terra aos filhos, mas não a autorização de vendê-la. O documento dava também uma sesmaria de dez léguas da costa onde se deveria fundar vilas, construir engenhos, garantir a segurança e colonização através do povoamento. Nela definia-se que o donatário era a autoridade máxima judicial e administrativa da capitania. Era ele que controlava a escravização indígena, a aplicação da justiça, penas e recolhimento de impostos. A Carta Foral por sua vez estipulava tributos e a distribuição dos lucros da produção das capitanias, definindo o que pertencia à Coroa e o que pertencia aos donatários. Este sistema de sesmarias durou até 1850, quando foi extinto pelo Imperador D. Pedro II. Maranhão (1º quinhão) — Aires da Cunha, associado a João de Barros Maranhão (2º quinhão) — Fernando Álvares de Andrade Ceará — Antônio Cardoso de Barros Rio Grande do Norte — João de Barros, associado a Aires da Cunha Itamaracá — Pero Lopes de Sousa Pernambuco — Duarte Coelho Bahia de Todos os Santos — Francisco Pereira Coutinho Ilhéus — Jorge de Figueiredo Correia Porto Seguro — Pero do Campo Tourinho Espírito Santo — Vasco Fernandes Coutinho São Tomé — Pero de Góis São Vicente* — Martim Afonso de Sousa Santo Amaro — Pero Lopes de Sousa Santana — Pero Lopes de Sousa As capitanias e seus respectivos capitães Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais. O sistema de capitanias, como imaginado pela Coroa portuguesa, não deu certo porque muitos capitães tiveram que lutar contra diversas adversidades no Brasil. Quatro capitães sequer pisaram em solo brasileiro. E a Coroa, por sua vez, não dava apoio financeiro aos capitães, o que configurava um investimento de mão única: neste caso, dos capitães para prover riquezas à Coroa portuguesa, pois eles tinham a obrigação de pagar o quinto e o dízimo, independente do total produzido. Os fatores que levaram ao fracasso do sistema Apenas as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram, em parte pela colonização essencialmente agrícola e a instalação de engenhos para beneficiar a cana-de-açúcar plantada em grande parte do território das duas capitanias. Os ataques dos nativos aos colonizadores também era um problema que preocupava os capitães e deixavam desanimados àqueles que porventura recebiam dos capitães as sesmarias para explorar. Na verdade, ninguém queria sair de Portugal e atravessar o oceano para vir morar em uma terra praticamente inexplorada, sem estradas, com florestas até então abundantes e apinhadas de nativos que muitas vezes não eram simpáticos à presença do homem branco. O fracasso do modelo não fez com que a Coroa mudasse seu posicionamento e a estrutura administrativa da colônia. A abolição da hereditariedade foi o primeiro passo nesse sentido, ocorrendo apenas em 1759, definido pelo Marquês de Pombal. As capitanias hereditárias existiram até 1821. À medida que iam fracassando, voltavam às mãos da Coroa Portuguesa e eram redimensionadas, gerando novas estruturas de administração. O ato de redimensionar as fronteiras das capitanias hereditárias moldou alguns estados litorâneos atuais. Finalmente, diante dos problemas de administração, a Coroa portuguesa resolve, em 1548, centralizar o poder e nomear um governador geral (Tomé de Sousa) para o Brasil, iniciando uma nova fase da história colonial brasileira. Embora tenha vigorado por pouco tempo, o sistema das Capitanias Hereditárias deixou marcas profundas na divisão de terra do Brasil. A distribuição desigual das terras gerou posteriormente os latifúndios, causando uma desigualdade no campo. Atualmente, muitos não possuem terras, enquanto poucos possuem grandes propriedades rurais.
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