Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ ADRIANA SOARES SANTOS FERNANDA LOCATELLI AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES E DO COMPORTAMENTO DE UM TRECHO DE PAVIMENTO DE CONCRETO PERMEÁVEL PRODUZIDO EM ESCALA REAL DE USO Itajaí 2020 ADRIANA SOARES SANTOS FERNANDA LOCATELLI AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES E DO COMPORTAMENTO DE UM TRECHO DE PAVIMENTO DE CONCRETO PERMEÁVEL PRODUZIDO EM ESCALA REAL DE USO Trabalho de Iniciação Científica e tecnológica (TICT) - apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, Universidade do Vale do Itajaí – Escola do Mar, Ciência e Tecnologia. Professora: Silvia Santos, Dra. Itajaí 2020 AGRADECIMENTOS Eu, Adriana Soares Santos, agradeço a minha família e principalmente a minha mãe Marinalva Soares Mendes, que me incentivaram nos momentos difíceis e compreenderam a minha ausência, sempre oferecendo todo suporte físico e emocional durante os anos da graduação. Eu, Fernanda Locatelli, agradeço aos meus pais por todo amor, carinho e suporte. Ao longo do caminho vocês foram meu maior incentivo, mostrando que o saber é o bem mais precioso. Este trabalho dedico principalmente a vocês que não mediram esforços para me proporcionar uma educação de qualidade. Somos eternamente gratas a nossa orientadora professora Sílvia Santos pela dedicação, contribuição e suporte prestado durante todo o período de desenvolvimento deste trabalho. A partir de todas as conversas e discussões ela tornou possível a efetivação desta pesquisa. Às empresas parceiras, por fornecerem todo o material e a mão de obra necessária para execução da concretagem. À professora Carolina Rocha Carvalho por todas suas contribuições no decorrer da pesquisa e à professora Rubia Bernadete Pereira dos Santos Scoz, por aceitarem o convite de participar da nossa banca avaliadora, contribuindo para nosso desenvolvimento acadêmico. E também à professora Yára Christina Cesário Pereira, agradecemos o tempo disponibilizado e auxílio fundamental no desenvolvimento deste trabalho. RESUMO O pavimento permeável está sendo cada vez mais utilizado como uma técnica compensatória e sustentável aos efeitos da urbanização desordenada das cidades que, com a impermeabilização do solo, acentuam o escoamento superficial. As técnicas de drenagem urbana utilizadas nas últimas décadas têm o objetivo de transferir rapidamente a água da precipitação para jusante. Devido a essa medida empregada, problemas como enchentes e assoreamento dos rios são intensificados, trazendo danos materiais à população e, em alguns casos, causando morte de cidadãos. Visando acabar com esses problemas os planejadores urbanos estão optando pelo uso do pavimento permeável. Ele possibilita a infiltração da água no solo, retendo-a ali e reduzindo o escoamento superficial, além de contribuir para o aumento da recarga de água subterrânea. Assim, o objetivo desta pesquisa foi analisar o desempenho do concreto permeável produzido por central dosadora de concreto, aplicado em escala real de uso. O traço escolhido para produção foi baseado nos melhores resultados da pesquisa realizada por Hickmann e Gesser (2019): 1:5,2 com relação água/cimento de 0,35, e adição de agregado miúdo no valor 10% do peso do agregado graúdo. Foi executado um trecho de pavimento de (5x2,5) m, no campus Itajaí, da UNIVALI. O concreto foi avaliado quanto ao seu comportamento no seu estado fresco, por meio do ensaio de massa específica e análises de suas caracterizas visuais e táteis; e no estado endurecido pelos ensaios de índice de vazios, coeficiente de permeabilidade, resistência à tração na flexão e desgaste superficial. Os resultados dos ensaios foram comparados aos valores alcançados em laboratório por Hickmann e Gesser (2019) e às exigências mínimas apontadas pela NBR 16416 (ABNT,2015) para utilização do pavimento permeável em vias de tráfego leve. Ao final da pesquisa verificou-se que o concreto produzido em central dosadora não alcançou o valor mínimo de resistência necessário para utilização em vias de tráfego leve, apresentando uma resistência à tração na flexão média de 1,63 MPa podendo ser utilizado apenas em calçadas para circulação de pedestres, indicando a necessidade de aperfeiçoamento do traço para aumentar o desempenho estrutural. PALAVRAS-CHAVE: concreto permeável; central dosadora; escala real de uso. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Pavimento Flexível ................................................................................ 17 Figura 2 – Pavimento Semirrígido ......................................................................... 17 Figura 3 - Pavimento Rígido .................................................................................. 18 Figura 4 - Estrutura de um pavimento permeável ................................................. 19 Figura 5 - Sistema de infiltração total .................................................................... 19 Figura 6 - Sistema de infiltração parcial ................................................................ 20 Figura 7 - Sistema sem infiltração ......................................................................... 20 Figura 8 - Níveis de micro e de macrotexturas ...................................................... 23 Figura 9 - Fluxograma da pesquisa. ...................................................................... 30 Figura 10 - Local do pavimento permeável ........................................................... 31 Figura 11 – Projeto dos moldes para os corpos de prova prismáticos .................. 36 Figura 12 - Formas cilíndricas ............................................................................... 37 Figura 13 - Estrutura do rolo compactador. ........................................................... 37 Figura 14 – Rolo Compactador. ............................................................................ 38 Figura 15 - Corte transversal e longitudinal do rolo compactador. ........................ 38 Figura 16 - Montagem do rolo compactador. ......................................................... 39 Figura 17 - Espessura das camadas do pavimento .............................................. 41 Figura 18 - Lançamento do concreto ..................................................................... 42 Figura 19 - Espalhamento do concreto.................................................................. 42 Figura 20 - Nivelamento do concreto. ................................................................... 43 Figura 21 - Compactação do concreto .................................................................. 44 Figura 22 - Camadas do pavimento: (a) Retirada das lajotas sextavada; (b) escavação; (c) camada de base permeável; (d) revestimento permeável............. 44 Figura 23 - Marcação dos corpos de prova prismáticos ........................................ 46 Figura 24 - Posicionamento na prensa hidráulica ................................................. 47 Figura 25 - Conjuntos para ensaio de índice de vazios ......................................... 48 Figura 26 – Pontos ensaio permeabilidade in situ. ................................................ 49 Figura 27 – Posicionamento do anel de infiltração. ............................................... 50 Figura 28 - Granulometria brita laboratório x central dosadora ............................. 52 Figura 29 – Análises táteis e visuais no início da descarga .................................. 54 Figura 30 – Anlises táteis e visuais no fim da descarga ........................................ 54 Figura 31 - Ponto de pelota e brilho metálico do traço 1:5,2 ................................. 55 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072432 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072433 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072434file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072435 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072436 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072437 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072438 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072439 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072440 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072441 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072442 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072443 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072444 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072445 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072446 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072447 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072448 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072449 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072450 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072451 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072452 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072453 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072453 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072454 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072455 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072456 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072457 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072458 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072459 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072460 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072461 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072462 Figura 32 - Falta de argamassa: (a) corpo de prova prismático; (b) corpo de prova cilíndrico ................................................................................................................ 56 Figura 33 - Corpo de prova após ruptura .............................................................. 63 Figura 34 - Seção de ruptura do corpor de prova .................................................. 64 Figura 35 - Textura do pavimento dia 09/12/2019 ................................................. 68 Figura 36 - (a) buraco na superfície; (b) material solto .......................................... 68 Figura 37 - Descontinuidade na extremidade do pavimento ................................. 69 Figura 38 - material solto no dia 02/01/2020 ......................................................... 69 Figura 39 – descontinuidade de 2,3 cm................................................................. 70 Figura 40 - descontinuidade de 3 cm .................................................................... 70 Figura 41 - descontinuidade de 4 cm .................................................................... 71 Figura 42 - irregularidade na camada de revestimento permeável ....................... 72 Figura 43 - Cavidade na extremidade de 5 cm ...................................................... 73 Figura 44 – (a) cavidade; (b) detalhe da profundidade de 4 cm ............................ 73 Figura 45 - descontinuidade ao longo do pavimento ............................................. 74 Figura 46 - Impossibilidade do ensaio de permeabilidade: (a) desnível de 7 cm; . 75 Figura 47 - Material solto na pista ......................................................................... 75 Figura 48 – Defeitos no pavimento. ....................................................................... 76 Figura 49 - Buracos no pavimento (a) 8 cm; (b) 8 cm; (c) 9 cm; (d) 10 cm ........... 76 Figura 50 – Retirada da amostra: (a) Delimitação; ................................................ 77 Figura 51 - Segmentos da amostra ....................................................................... 78 Gráfico 1 - Curva granulométrica do agregado graúdo ......................................... 33 Gráfico 2 - Curva granulométrica do agregado miúdo. .......................................... 35 Gráfico 3 - Massa específica – Laboratório vs. Dosado na central ....................... 57 Gráfico 4 - Índice de vazios: Laboratório vs. Dosado na central ........................... 58 Gráfico 5 - Comparação coeficiente permeabilidade ............................................. 59 Gráfico 6 - Coeficiente de permeabilidade x Precipitação. .................................... 61 Gráfico 7 - Resistência á tração na flexão média: laboratório vs. dosado na central .............................................................................................................................. 63 Gráfico 8 - Umidade relativa do ar ......................................................................... 66 Gráfico 9 - Temperatura ambiente ........................................................................ 67 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072463 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072463 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072464 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072465 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072466 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072467 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072468 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072469 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072470 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072471 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072472 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072473 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072474 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072475 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072476 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072477 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072478 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072479 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072480 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072481 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072482 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072483 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072484 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072485 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072486 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072487 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072488 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072489file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072489 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072490 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072491 Quadro 1 - Determinação do coeficiente de permeabilidade................................. 23 Quadro 2 - Especificação para o material de sub-base e/ou base ........................ 26 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072492 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072493 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Parâmetros físicos e químicos do cimento CP IV 32 RS ...................... 32 Tabela 2 - Propriedades do agregado graúdo ....................................................... 33 Tabela 3 - Propriedades do agregado miúdo ........................................................ 34 Tabela 4 - Teores de materiais .............................................................................. 39 Tabela 5 – Volume de materiais para 1 m³ de concreto ........................................ 53 Tabela 6 – Comparação Consumo de materiais ................................................... 53 Tabela 7 – Massa específica no estado fresco: laboratório vs. dosado na central 56 Tabela 8 – Índice de vazios: laboratório vs. dosado na central ............................. 58 Tabela 9 - Coeficiente de permeabilidade x Precipitação...................................... 60 Tabela 10 – Resistência á tração na flexão média: laboratório vs. dosado na central .............................................................................................................................. 62 Tabela 11 - Dados de temperatura ........................................................................ 65 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072494 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072495 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072496 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072497 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072498 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072499 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072500 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072501 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072502 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072503 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072503 file:///C:/Users/Userwin/Desktop/Adriana%20e%20Fernanda_FINAL_R02.docx%23_Toc44072504 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10 1.1 Tema e problema de pesquisa ................................................................... 10 1.2 Objetivos ..................................................................................................... 11 1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 11 1.2.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 11 1.2.3 Justificativa ................................................................................................. 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 14 2.1 Aspectos de drenagem ............................................................................... 14 2.2 Ilhas de calor .............................................................................................. 15 2.3 Pavimentação ............................................................................................. 16 2.3.1 Pavimento Convencional ............................................................................ 16 2.3.2 Pavimento permeável ................................................................................. 18 2.4 Concreto permeável.................................................................................... 21 2.4.1 Propriedades .............................................................................................. 22 2.4.2 Colmatação ................................................................................................. 25 2.4.3 Dimensionamento do pavimento ................................................................ 25 3 METODOLOGIA ......................................................................................... 28 3.1 Perspectiva de Pesquisa ............................................................................ 28 3.2 População e Participantes da Pesquisa...................................................... 28 3.3 Procedimentos e instrumentos de análise e coleta de informações ........... 29 3.3.1 Local escolhido para construção da pista experimental.............................. 30 3.3.2 Materiais utilizados ..................................................................................... 31 3.3.3 Equipamentos utilizados ............................................................................. 35 3.3.4 Preparo dos equipamentos ......................................................................... 36 3.3.5 Confecção do pavimento permeável........................................................... 39 3.3.6 Ensaio de resistência à tração na flexão .................................................... 45 3.3.7 Ensaio de massa específica ....................................................................... 47 3.3.8 Ensaio de índice de vazios ......................................................................... 47 3.3.9 Ensaio de permeabilidade in situ ................................................................ 48 3.3.10 Registro fotográfico e coleta de dados........................................................ 50 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................... 52 4.1 Consumo de Materiais ................................................................................ 52 4.2 Concreto no estado fresco .......................................................................... 53 4.2.1 Características táteis e visuais ................................................................... 53 4.2.2 Massa específica ........................................................................................ 56 4.3 Concreto no estado endurecido .................................................................. 57 4.3.1 Índice de vazios .......................................................................................... 57 4.3.2 Coeficiente de permeabilidade ................................................................... 59 4.3.3 Resistência à tração na flexão .................................................................... 61 4.3.4 Dados de temperatura ................................................................................ 64 4.3.5 Desgaste superficial.................................................................................... 67 4.3.6 Perda de massa .......................................................................................... 77 5 Considerações Finais e Recomendações ............................................... 80 5.1 Considerações Finais ................................................................................. 80 5.2 Recomendações ......................................................................................... 83 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 84 ANEXOS ...............................................................................................................89 APÊNDICES ......................................................................................................... 93 1 INTRODUÇÃO 1.1 Tema e problema de pesquisa A ocorrência de inundações provenientes de deficiências de drenagens nas cidades vem sendo recorrente no Brasil, causadas principalmente, pela impermeabilização do solo. Essa tendência pode ser relacionada a um processo acelerado e pouco planejado de desenvolvimento urbano. Este fato gera impactos direto ao escoamento das águas pluviais resultando em alagamentos, pois se supera a capacidade das redes drenantes (LAMB, 2014). Costa, Alves e Barboza (2011), afirmam que a impermeabilização do solo aumentou exponencialmente com a expansão de vias urbanas pavimentadas e edificações construídas. Esse cenário afeta diretamente o escoamento superficial. Antes as águas pluviais infiltravam no solo. Agora, escoam sobre os pavimentos impermeabilizados, perdendo assim, sua capacidade natural de infiltração. Lamb (2014), cita que para minimizar os efeitos dos alagamentos deve-se atender às elevadas vazões. Uma solução é desenvolver sistemas de drenagens que atendam à demanda, porém essa medida requer execução de obras complexas, envolvendo elevado custo. Para amenizar a ocorrência de inundações, têm-se como alternativa a aplicação de pavimentos permeáveis. Tais pavimentos são definidos pela NBR 16416 (ABNT,2015) como aqueles que atendem não apenas as solicitações de esforços mecânicos e condições de rolamento, mas também que permitem a percolação da água pela sua estrutura, diminuindo escoamento superficial sem causar danos a mesma. O emprego do pavimento permeável ou poroso é uma forma de contenção na fonte, convertendo o escoamento superficial em infiltração das águas pluviais. Este tipo de pavimento pode ser de concreto, asfalto ou bloco vazado (ALVES, 2016). Além de auxiliar na redução da necessidade de sistemas de drenagem de grande capacidade, os pavimentos permeáveis também podem colaborar na recarrega dos 11 lençóis subterrâneos. Desta forma, eles favorecem a percolação das águas pluviais para o solo, diminuindo a ocorrência de pico de cheias (RAMOS, 2018). De acordo com Alves (2016), quando se trata do concreto, a composição do pavimento poroso consiste em agregados graúdos, cimento, água e aditivos, possuindo pouca ou nenhuma quantidade de agregado miúdo. Pereira e Barbosa (2015) apontam que o elevado índice de vazios deste material é a característica responsável por sua alta permeabilidade. Pesquisas desenvolvidas na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), em Santa Catarina, apontam a potencialidade do material disponível na região (agregado granítico) para gerar concretos permeáveis destinados ao tráfego leve. Fagundes (2016), Gosenheimer e Santos (2018), Baldi e Vieira (2018), Gosenheimer (2019), alcançaram, em escala laboratorial, resultados de misturas que atendem aos requisitos da NBR 16416 (ABNT, 2015) na obtenção de concretos permeáveis para tráfegos leves. Hickmann e Gesser (2019), analisaram, em escala reduzida, as características e as propriedades do concreto permeável em condições reais de produção, concretagem e de compactação. Na conclusão do trabalho os autores indicaram a necessidade de se avaliar o material em serviço, por meio de uma pista experimental. Somente dessa forma seria possível avaliar as propriedades e o comportamento do concreto permeável, produzido, então, por uma central dosadora, em escala real de uso, para passagem de veículos leves, dentro do campus Itajaí, da UNIVALI. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Analisar as propriedades e o comportamento do concreto permeável, produzido por central dosadora, em escala real de uso. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Verificar massa específica, índice de vazios, permeabilidade, resistência mecânica, e desgaste superficial do concreto produzido pela central dosadora; b) Verificar na região de implantação do pavimento de concreto permeável a temperatura superficial, temperatura ambiente e umidade relativa do ar; 12 c) Comparar o desempenho relativo as condições ambientais de temperatura e umidade relativa do ar com o pavimento sextavado e o pavimento asfáltico; d) Analisar a capacidade drenante do pavimento de concreto permeável durante um período de 2 meses; e) Avaliar os resultados obtidos para o concreto moldado in loco frente aos requisitos da NBR 16416 (ABNT, 2015) e aos resultados de Hickmann e Gesser (2019) 1.2.3 Justificativa Nas últimas décadas do século XX e nas primeiras do século XXI as cidades vêm apresentando um aumento da urbanização e crescimento desordenado da população. Segundo Pereira e Barbosa (2015) esse fenômeno tem efeito imediato no aumento dos picos das descargas pluviais, pois com a grande demanda de moradia, construção de ruas e grandes conglomerados comerciais, as regiões tonam-se parcial ou totalmente impermeáveis. Isso faz com que os corpos hídricos não suportem a grande demanda de chuva em um curto período de tempo e transbordem, acarretando danos às regiões em seu entorno. Uma pesquisa realizada no ano de 2018 em uma colaboração entre o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com informações do último censo demográfico de 2010, traz uma base de dados com a estimativa da população exposta em áreas de risco de deslizamentos, inundações e enxurradas. No Brasil, a região sudeste apresentava, dentre todas as regiões, a maior concentração da população exposta a esses desastres, com um total de 4.266.301 moradores. Já a região nordeste concentrava 2.952.628 moradores em áreas de risco. Na região sul, a pesquisa mostrou um total de 703.368 moradores em risco, enquanto as regiões norte e centro-oeste apresentaram respectivamente, 340.204 e 7.626 moradores, expostos ao risco de desastres (CEMADEN; IBGE, 2018). De acordo com Lamb (2014) os sistemas de drenagem urbana são muitas vezes ineficientes devido à falta de manutenção ou subdimensionamento, pois em muitos casos as obras necessárias são complexas e requerem investimentos elevados. Devido a essas circunstâncias, muitos municípios encontram-se em situação crítica 13 quanto à questão de drenagem urbana, gerando riscos à vida humana e trazendo prejuízos econômicos aos moradores dessas regiões. Seguindo um cenário atual de soluções sustentáveis e de acordo com a Agenda da ONU 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) trazem um plano de ação que visa erradicar a pobreza em todas as suas formas e dimensões, promover acesso a saúde e educação para todas as populações, e desenvolver a economia respeitando o meio ambiente e a dignidade humana. Existem 17 ODS na Agenda da ONU 2030, e o emprego do pavimento permeável contribui para o implemento de dois desses objetivos: o ODS 11 – que tem a finalidade de tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; e o ODS 13 – que tem o propósito de tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos. Assim, o pavimento permeável torna-se um grande aliado na mitigação dos danos causados pela urbanização das cidades. Conforme FIELD et al., 1982; Mullaney & LUCKE, 2013 apud ANTUNES, 2017, p. 22: Todos os tipos de pavimento permeável compartilham os mesmos objetivos, que são: permitir a infiltração da água na sua superfície; reduzir o aumento da taxa e do volume de escoamento superficial; e melhorar a degradação da qualidade da água resultante da urbanização e alteração do uso do solo. Dependendo da permeabilidade do solo, ainda apresentam a vantagem de permitir a recarga dos aquíferos. Seu uso pode resultar em benefícios sociais, ambientais e financeiro à região do Vale do Itajaí. Poderá contribuir para a redução de gastos com drenagem urbana, possibilitará oreabastecimento do lençol freático, trará um melhor aproveitamento de áreas de acordo com as taxas de permeabilidade e terá efeito na diminuição de temperatura nos centros urbanos. https://nacoesunidas.org/pos2015/ods11/ https://nacoesunidas.org/pos2015/ods11/ https://nacoesunidas.org/pos2015/ods11/ https://nacoesunidas.org/pos2015/ods13/ https://nacoesunidas.org/pos2015/ods13/ 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Aspectos de drenagem Grande parte dos desastres naturais estão ligados a um crescimento urbano desordenado e de planejamento falho, tendo como resultando não só um aumento da impermeabilização do solo, mas também a ocupação de locais impróprios, como em várzeas inundáveis (CHAVES, 2015). Para Lamb (2014), os impactos negativos de uma urbanização não planejada favorecem os episódios de inundação urbana em decorrência da superação das redes de drenagem e na ocorrência de pontos de alagamento. As áreas urbanas podem sofrer por inundações de duas formas: (i) ribeirinhas; e/ou (ii) resultantes da urbanização. A primeira ocorre quando uma intensa precipitação causa a extrapolação da capacidade do leito menor do rio, com isto, o escoamento pluvial atinge o leito maior. Os impactos resultantes dependem do grau de ocupação da várzea pela população. Já a segunda, ocorre na drenagem urbana, é consequência de: áreas impermeáveis; obstruções ao escoamento ou canalização do escoamento (TUCCI, 2006). Quando as águas da chuva atingem a superfície do solo, uma parcela é evaporada, seja imediatamente ou após ser retida pela vegetação; e outra parcela penetra no solo e, ao ultrapassar a capacidade de infiltração do mesmo, passa a escoar sobre a superfície (ASSIS; GOMES,2016). Tucci (2014), descreve a infiltração como a passagem da água, que chega na superfície do solo, para seu interior, em termos de lâmina de água, por unidade de tempo. A capacidade de infiltração depende do volume de água para ser infiltrado, das propriedades do solo e da quantidade de ar e água que possui inicialmente no seu interior. Quanto mais acentuada a substituição da cobertura vegetal por superfícies não porosas e construções, maior a impermeabilização do solo, resultando em um aumento do escoamento superficial, já que ele perde sua capacidade de infiltração. As águas pluviais que escoam na superfície são carregadas para locais mais baixos, favorecendo os episódios de inundação (RAMOS, 2018). Neste cenário, Collischonn e Dornelles (2013) ressaltam a importância do estudo da infiltração e 15 da dinâmica de água no solo, uma vez que é possível quantificar a água que penetra no solo e a que resultará em escoamento superficial. Segundo Machado (2017), o escoamento superficial é a fase do ciclo hidrológico que se refere à ocorrência e deslocamentos das águas pluviais na superfície terrestre, tendo origem, em especial, nas precipitações. Villela; Mattos (1975) apud SILVA (2016), destacam a importância desta etapa para as obras de engenharia, uma vez que muitos estudos voltados à hidrologia, estão relacionados não só ao aproveitamento da água superficial, mas também a proteção contra os fenômenos gerados pelos seu escoamento. Para Tucci (2014), drenagem urbana é o resultado de um conjunto de medidas que tem como intuito minimizar não só os riscos que a população está sujeita, mas também os prejuízos ocasionados pelas inundações, assim como possibilitar, de forma harmônica, articulada e sustentável, o desenvolvimento urbano. As medidas para o controle da inundação visam minimizar os prejuízos, sendo divididas em estruturais e não-estruturais. As primeiras tratam da modificação na morfologia do rio com o objetivo de obter um aumento na vazão com o mesmo nível, por meio da implementação de obras de engenharia, podendo ser obtido tanto pelo aumento da seção transversal quanto da velocidade. No segundo caso, faz-se necessário a redução da rugosidade, a partir da retirada de obstruções ao escoamento, cortando curvas acentuadas ou dragando o rio. Essas medidas são de alto custo. Já as medidas não-estruturais são do tipo preventivas, por meio de regulamentação do uso de terra, previsão e alerta de inundação (TUCCI, 2006). 2.2 Ilhas de calor As cidades com um elevado grau de urbanização sofrem com um fenômeno climático denominado ilhas de calor. Esse fenômeno ocorre pela grande utilização de materiais de construção que retém uma maior quantidade de calor e pela intensa impermeabilização das cidades. A utilização de materiais escuros nas construções e a aplicação do pavimento asfáltico que absorvem e retém uma alta quantidade de energia solar, aliadas à baixa umidade disponível para dissipação do calor em decorrência da impermeabilização, colaboram para que as superfícies alcancem uma temperatura de até 88°C ao longo do dia. As temperaturas elevadas causam 16 desconforto na população, geram problemas de saúde, e custos elevados para manter os ambientes com uma temperatura agradável (GARTLAND, 2010). No Brasil, as cidades, em sua maioria, têm uma grande área coberta pelo pavimento asfáltico, sendo esse um dos maiores geradores das ilhas de calor. Segundo Gartland (2010) o pavimento asfáltico, devido à sua tonalidade escura, tem uma refletância variando entre 5 a 10%, podendo aumentar ao longo dos anos, e sua temperatura pode ultrapassar os 65° C no verão. Já os pavimentos de concreto têm sua refletância variando de 25 a 40% e, no caso do pavimento de concreto permeável, esse valor se mantém se aliando ainda a capacidade de reter umidade, e evaporar quando a temperatura aumenta. 2.3 Pavimentação 2.3.1 Pavimento Convencional O pavimento constitui-se de uma estrutura formada por um sistema de camadas sobrepostas e com as espessuras pré-dimensionadas de acordo com as solicitações exigidas, construído posteriormente à execução da terraplanagem, tendo objetivo de resistir e distribuir os esforços oriundos do tráfego de veículos. Deve ainda resistir aos desgastes proporcionado pelo clima e tráfego, promovendo boas condições de comodidade e segurança aos usuários (DNIT, 2006; BERNUCCI et al., 2008). De acordo com a NBR 7207 (ABNT, 1982) as camadas que compõe o pavimento são divididas em: a) Subleito: Camada formada pelo terreno natural do pavimento ou do revestimento. Quando apresenta resistência muito baixa deve ser executado o reforço do subleito; b) Reforço do subleito: Quando necessária, trata-se de uma camada de espessura constante, construída sobre o subleito regularizado, composta de solo com qualidade superior à do subleito; c) Sub-base: Camada intermediária entre o subleito (ou reforço do subleito) e a base, fundamental para suportar a carga de projeto. Previne o bombeamento do solo do subleito para a camada da base; 17 d) Base: Camada posicionada abaixo do revestimento que se responsabiliza por absorver e distribuir as cargas nas camadas inferiores, sobre a qual é aplicado o revestimento; e) Revestimento: Camada que recebe o tráfego dos veículos, devendo resistir aos esforços horizontais provocados. Os pavimentos são classificados tradicionalmente como flexível, semirrígido rígido e rígido (DNIT, 2006; BERNUCCI et.al. 2008). I. Flexível: é revestido por uma camada asfáltica sobre base de brita ou solo (Figura 1). As cargas provenientes dos veículos são distribuídas de forma aproximadamente equivalente entre todas as camadas do pavimento. II. Semirrígido: é definido como um pavimento que tem um revestimento asfáltico com uma base estabilizada quimicamente por algum aglutinante com propriedades cimentícias (Figura 2). Figura 1 - Pavimento Flexível Fonte: BERNUCCI et al., 2008, p.10. Figura 2 – Pavimento Semirrígido Fonte: AUTORAS, 2020. 18 III. Rígido: o revestimento é composto por placas de concreto de cimento Portland (podendo ser armadas ou não com barras de aço), assentado sobre o solo de fundação ou sub-base(Figura 3), tem uma rigidez elevada em comparação com as camadas inferiores, desta forma, absorve grande parte das cargas. 2.3.2 Pavimento permeável O pavimento permeável é definido como uma estrutura porosa que permite a infiltração da água entre suas camadas, sendo capaz de escoar a água da chuva sem danos estruturais, atendendo todas as solicitações mecânicas e de rolamento necessárias. Todas as camadas do pavimento devem ser permeáveis (Figura 4), possibilitando que se forme um canal entre o revestimento e o subsolo onde a água pode se infiltrar ou ser armazenada em um reservatório para reuso (ABNT NBR 16416, 2015; SANTANA et al., 2018). A NBR 16416 (ABNT, 2015) indica que o revestimento permeável é a camada superior do pavimento que recebe diretamente a carga do tráfego de veículos e pessoas, devendo apresentar um coeficiente de permeabilidade maior que 1,0x10-3 m/s após sua execução. Quanto a tipologia, os revestimentos permeáveis incluem blocos de concreto intertravados, placas de concreto permeável e concreto permeável moldado no local. Figura 3 - Pavimento Rígido Fonte: BERNUCCI et al., 2008, p.10. 19 Em relação ao sistema de infiltração a NBR 16416 (ABNT, 2015) aponta três tipos diferentes, dependendo do solo ou do projeto, sendo eles: I. Infiltração Total: todo o volume do escoamento se infiltra no solo (Figura 5). Figura 5 - Sistema de infiltração total Fonte: adaptado de ECOSYSTEMS AND SUSTAINABLE DEVELOPMENT 10, 2015, p.446. Figura 4 - Estrutura de um pavimento permeável Fonte: adaptado de SANTANA et al. 2018, p.54. 20 II. Infiltração Parcial: uma parcela do volume do escoamento se infiltra no solo e o restante escoa pelo sistema de drenagem instalado na estrutura (Figura 6). III. Sem infiltração: não ocorre infiltração no solo, todo o volume do escoamento fica armazenado inicialmente na estrutura, sendo removido posteriormente pelo sistema de drenagem (Figura 7). Figura 7 - Sistema sem infiltração Fonte: adaptado de ECOSYSTEMS AND SUSTAINABLE DEVELOPMENT 10, 2015, p.446. Figura 6 - Sistema de infiltração parcial Fonte: adaptado de ECOSYSTEMS AND SUSTAINABLE DEVELOPMENT 10, 2015, p.446. 21 De acordo com a NBR 16416 (ABNT, 2015) uma estrutura permeável possui as seguintes camadas: a) Base permeável: camada com a função de absorver e distribuir os esforços que serão aplicados ao revestimento, deve ser composta por materiais de granulometria aberta que variam de 2,36 mm a 25 mm; b) Sub-base permeável: camada utilizada quando há necessidade de reforço no subleito, sendo composta por materiais de granulometria aberta que variam de 19 mm a 63 mm; c) Subleito: se a estrutura possui um sistema de drenagem total, o subleito deve ser permeável, permitindo que a água infiltre no solo. Quando em casos em que não ocorre a infiltração no solo, o subleito deve ser composto por membrana impermeável; d) Camada de assentamento (pavimento de peças de concreto): camada constante e uniforme utilizada para locação e nivelamento dos blocos de concreto, com espessura variando entre 20 e 60 mm, sendo composta por materiais de granulometria aberta que variam de 1,16 mm a 9,5 mm; e) Rejunte: aplicada apenas em pavimento de peças de concreto com junta alargada, material similar à camada de assentamento, composto por diferentes granulometrias abertas, que variam de 1,16 mm a 9,5 mm; f) Revestimento permeável: camada que recebe diretamente as cargas dos veículos e pedestres, sendo a última camada a ser executada na estrutura permeável, sua espessura varia de 60 a 100 mm devendo seguir aos índices de permeabilidade estipulados em norma. 2.4 Concreto permeável Pereira e Barbosa (2015) definem o concreto permeável como material que possui alta condutividade hidráulica. Esta propriedade é obtida por meio do seu elevado número de vazios interligados entre si, que permitem a infiltração da água. A fim de se obter essa característica, a mistura é composta basicamente por agregado graúdo, com granulometria uniforme, aglomerante hidráulico e pequena ou nula quantidade de agregado miúdo. Lamb (2014) afirma que, com o nível de infiltração do concreto permeável, se tem a percolação de grande parcela do fluxo precipitado. Desta forma, o escoamento 22 superficial é praticamente eliminado. Assim sendo, não só se evita ocorrência de alagamento, mas também se realimenta o aquífero subterrâneo. Ao chover, a água percola diretamente no solo, é armazenada nas camadas inferiores, base e sub- base, e logo é levada ao lençol freático ou, então, conduzida ao sistema de drenagem. Em reconhecimento às contribuições do concreto permeável à sustentabilidade e por ser uma solução ecologicamente correta, nos últimos anos este material vem se destacando e ganhando relevância na área da construção civil, sobretudo por ser reconhecido pelo Conselho de Construções Ecológicas dos EUA - United States Green Building Council (USGBC), que define o sistema Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) de classificação de construções sustentáveis (BOTTEON, 2017). De acordo com Alencar (2013, p.38), as auditorias de certificação observam o potencial ganho ambiental promovido pelo pavimento sob os seguintes aspectos: • Contribuição do concreto poroso para a redução do escoamento superficial, infiltração no local e eliminação de contaminantes; • Contribuição para a redução das ilhas de calor pela menor absorção de calor que os pavimentos escuros; • Contribuição para a oferta de ar e água para as raízes das árvores locadas nas adjacências do concreto poroso; • Contribuição para a economia de água tratada pelo aproveitamento da água de chuva acumulada; • Reciclagem de água pelo pré-tratamento das águas contaminadas, viabilizando o seu reuso; e • Contribuição para o uso de materiais locais, reduzindo a necessidade de transportes que resulta a produção de CO2. 2.4.1 Propriedades a) Massa específica, coeficiente de permeabilidade e textura As propriedades e proporções dos materiais que compõe a mistura do concreto, assim como também a técnica de compactação empregada, são capazes de influenciar não só no número de vazios interligados, mas também na massa específica (TENNIS et al., 2004 apud PAULA JUNIOR, 2019). A NBR 16416 (ABNT, 2015) aponta que o valor mínimo de massa específica determinado em projeto deve ser de 1600 kg/m³. 23 Segundo Formiga et al. (2012, p.102), a “condutividade hidráulica ou coeficiente de permeabilidade é definido como a taxa de escoamento da água através do solo sob um gradiente hidráulico unitário”. No pavimento permeável ela se caracteriza como a taxa de infiltração da água que permeia pela estrutura do pavimento, podendo ser avaliada por métodos laboratoriais, com auxílio de permeâmetro, ou em campo com a utilização de anéis de infiltração (BATEZINI, 2013). A NBR 16416 (ABNT, 2015) define o coeficiente de permeabilidade e os parâmetros mínimos para ensaios realizados em pavimento permeável. O Quadro 1 apresenta resumidamente essas informações. De acordo com Bucharles (2014), as texturas da camada de revestimento do pavimento interferem diretamente no atrito existente na interface entre o pneu e o pavimento, que refletem na derrapanagem da pista, principalmente quando se apresenta molhada. Esta propriedade provém de dois fatores distintos, a macro e microtextura. A diferença básica entre ambas pode ser observada Figura 8. Figura 8 - Níveis de micro e de macrotexturas Fonte: COSTA; CASTELO; FREITAS 2017, p.03. Quadro 1 - Determinação do coeficiente de permeabilidade Tipo de revestimento Método de Ensaio Coeficiente de permeabilidade do pavimento recém construído m/s Local de avaliação Em laboratório Em campo Peça de concreto (junta alargadas ou áreas vazadas) Anexo A Anexo A 10-3 Peça de concreto permeável ABNT NBR 13292 ou Anexo A Placa e concreto permeável Concreto permeável moldadono local Fonte: ABNT NBR 16416, 2015, p.14 24 A macrotextura é em função da granulometria dos agregados, quando graúdo resulta do tipo aberto, quando agregados finos, tipo fechada. Vale ressaltar que essa característica interfere diretamente no potencial de drenagem superficial, deste modo, a disposição da textura permite, ou não, a infiltração da água. (Id.ibid). A rugosidade de um pavimento está relacionada com sua microtextura, característica essa fundamental para que haja o rompimento da película de água e para promover um adequado contato pneu/pavimento. A microtextura pode se apresentar como rugosa ou polida: a primeira resulta de arestas vivas, enquanto a segunda, de formas arredondadas. Esta classificação depende do quão áspero são os agregados e das características da mistura. (BERNUCCI et al., 2008 apud BUCHARLES, 2014). b) Resistência mecânica Quando se destina o uso do concreto permeável como revestimento de pavimentos, o comportamento estrutural está intrinsicamente ligado à algumas características como, resistência mecânica, principalmente de tração na flexão, e suas propriedades elásticas. Ambas são influenciadas por vários fatores, com destaque ao índice de vazios que a mistura apresentar (BATEZINI, 2013). A microestrutura porosa do concreto permeável torna o material com resistência mecânica inferior, quando comparado aos concretos convencionais. Em contrapartida, o número de vazios interligados contribui de modo direto para as características de alta permeabilidade. Contudo, as características deste concreto, como resistência mecânica, trabalhabilidade e durabilidade, podem ser melhoradas com a utilização de diferentes tipos de adições e aditivos (GOSENHEIMER, 2019). Em resultados de pesquisas desenvolvidas por Gosenheimer e Santos (2017), as autoras concluíram que a resistência do concreto permeável aumenta consideravelmente com a adição de areia natural e pó de pedra. Por outro lado, constatou-se que quanto maior esse percentual, menor é a capacidade drenante do material. Dentre os traços e adições por elas ensaiados, o que se mostrou melhor em termos de resistência à tração na flexão foi o traço com adição de 10% de areia natural, sem afetar a drenabilidade do material. Esta foi a razão pela qual os 25 pesquisadores Hickmann e Gesser (2019) optaram pelo uso de 10% de areia natural no trabalho de concreto permeável por eles desenvolvidos. 2.4.2 Colmatação O Pavimento permeável pode ter sua capacidade de infiltração prejudicada com o uso prolongado devido à colmatação dos poros. Esse processo se dá pelo acúmulo de partículas no pavimento, que podem obstruir ou até mesmo selar os vazios do pavimento. As partículas de areia, argila e matéria orgânica são depositadas no pavimento pelo escoamento superficial, vento ou pelos veículos que transitam pelo local (LAMB, 2014; RIBAS, 2017). A manutenção preventiva e cuidados especiais durante a construção do pavimento, como evitar que matéria orgânica, partículas de areia e argila provenientes da terraplanagem sejam depositados na superfície do concreto permeável, podem garantir um aumento na vida útil e manter sua capacidade de infiltração funcional. Os processos de manutenção comumente empregados no pavimento permeável são: lavagem sob pressão, aspiração a vácuo, fresagem, varrição mecânica, varrição por ar regenerado e varrição por caminhão a vácuo. A manutenção deve ocorrer periodicamente, dependendo do local, do tráfego e da exposição aos materiais finos (RIBAS, 2017; CURVO, 2017). 2.4.3 Dimensionamento do pavimento A NBR 16416 (ABNT, 2015) estabelece que o pavimento permeável deve ser projetado de modo que atenda não apenas suas características drenantes, mas também que suporte as cargas previstas para aquele local. Para isto, a espessura das camadas e a definição dos materiais do pavimento permeável devem atender aos dimensionamentos mecânicos juntamente com os hidráulicos. Para o dimensionamento mecânico considera-se para o solo a condição de saturado, por se tratar de um sistema de infiltração total. Quanto aos métodos, devem ser reconhecidos e apropriados para cada tipo de pavimento. Com relação ao dimensionamento hidráulico da camada de revestimento do concreto permeável moldado no local, destinado ao tráfego leve, a 26 NBR 16416 (ABNT, 2015) determina que a resistência mecânica mínima à tração na flexão seja de 2,0 MPa, com espessura mínima de 10 cm. Quanto ao índice de vazios da camada de revestimento, para Lamb (2014), quando o concreto possui índice de vazios inferior a 15% é denominado como material de baixa porosidade, enquanto ao possuir valores superiores a 30%, descreve o material como altamente poroso. Entretanto, a propriedade de resistência mecânica é inversamente proporcional à capacidade drenante do material. Deste modo, Tennis et al., (2004) apud Lamb (2014), apontam um índice de vazios na ordem de 20% para garantir concomitantemente satisfatórias características de resistência mecânica e permeabilidade. No que se refere a permeabilidade do concreto permeável, a mesma norma em referência determina que, independentemente do tipo de revestimento adotado, o valor mínimo é de 1,0x10-3 m/s logo após sua execução. Já para a sub-base e/ou base a composição se dá por material de granulometria aberta, e se faz necessário o dimensionamento destas camadas, descrito no Anexo B da NBR 16416 (ABNT, 2015), baseado na Equação 1, embora a mesma norma saliente que pode ser realizado o uso de outro método de cálculo que seja compatível. O Quadro 2 mostra os requisitos que estas camadas devem atender. 𝐻𝑚á𝑥 = ∆𝑄𝑐𝑅 + 𝑃 − 𝑓𝑇𝑒 𝑉𝘳 Onde: Hmáx é a espessura total da camada reservatório, em metros (m); ∆Qc é a precipitação excedente da área de contribuição para uma dada chuva de projeto, expressa em metros (m); (1) Quadro 2 - Especificação para o material de sub-base e/ou base Propriedade Método Especificação Abrasão “Los Angeles” ABNT NBR NM 51 < 40 % Índice de vazios ABNT NBR NM 45 ≥ 32 % Índice de suporte Califórnia (CBR) ABNT NBR 9895 ≥ 80 % Material passante na peneira com abertura de malha de 0,075 mm ABNT NBR NM 46 ≥ 2 % Fonte: ABNT NBR 16416, 2015, p.10. 27 R é a relação entre a área de contribuição e a área de pavimento permeável (Ac/Ap); P é a precipitação de projeto, expressa em metros (m); f é a taxa de infiltração do solo, expresso em metros por hora (m/h); Te é o tempo efetivo de enchimento da camada reservatório, geralmente igual a 2 horas, expresso em horas (h); Vr é o índice de vazios da camada. 3 METODOLOGIA 3.1 Perspectiva de Pesquisa A presente pesquisa avaliou o comportamento do concreto permeável, em escala real de uso, produzido por central dosadora. Desta forma, quanto a sua natureza, é considerada aplicada, uma vez que é destinada à busca de verdade, para determinada aplicação prática em situação particular. Assim, soluciona problemas específicos a partir dos conhecimentos gerados (NASCIMENTO; SOUSA, 2016). Em relação a abordagem do problema, a pesquisa tem caráter quantitativa. De acordo com Prodanov e Freitas (2013), esse tipo de pesquisa considera que tudo pode ser quantificável, por meio do uso de recursos e técnicas estatísticas. Se traduz em números a coleta de dados obtidas, para então analisá-las e classificá-las. Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser denominada como exploratória, tomando a forma de levantamento bibliográfico investigando o assunto sobre ângulos diversos e delimitando o tema estudado, tornando explicito o enfoque desejado. A pesquisa também possui caraterísticas do tipo descritiva, descrevendo as situações de forma ordenada e sistêmica, observando e registrando os dados (GIL, 2008; PRODANOV; FREITAS, 2013). No que se refere aos procedimentos técnicos a pesquisa foi classificada como bibliográfica, empregandomateriais publicados como referência, principalmente livros, artigos científicos, dissertações e jornais. Experimental, uma vez que os testes foram realizados em ambiente controlado dispondo de instrumentos de precisão, determinando todas as variáveis envolvidas no processo e sua influência no estudo (PRODANOV; FREITAS, 2013). 3.2 População e Participantes da Pesquisa Tanto os ensaios necessários para caracterização dos materiais, quanto do concreto no estado fresco, foram realizados no mês de fevereiro de 2020 no Laboratório de Pesquisa Tecnológica em Engenharia – LATEC/Univali, situado à Rua José Corpentino Chaves, nº 420, Bairro Fazenda em Itajaí/SC. Houve a contribuição dos funcionários e equipe técnica do LATEC. 29 Para realização da pesquisa teve-se as seguintes colaborações: a) Central Dosadora de Concreto que forneceram os seguintes materiais: cimento CP-IV 32 RS, areia, aditivo e agregado graúdo; b) Mão de obra para execução do trecho de pavimento na UNIVALI foi fornecia por uma empresa de execução de pisos em concreto; c) O espaço para a execução de um pano de pavimento, disponibilizado pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, situada à Rua Uruguai, nº 458, Bairro Centro em Itajaí/SC; d) Monitores e acadêmicos pesquisadores do grupo de pesquisa GEMAT1 coordenado pela professora Dra. Sílvia Santos, do Curso de Engenharia Civil da Univali. 3.3 Procedimentos e instrumentos de análise e coleta de informações A pesquisa se desenvolveu de acordo com as etapas apresentadas na Figura 9, de modo a alcançar objetivos específicos, descritos no item 1.2.2 (p.11) e, consequentemente, o objetivo geral. Foram realizados tanto procedimentos experimentais desenvolvidos em laboratórios, quanto in loco. 1 Gestão da Edificação e Desenvolvimento de Materiais – Coordenação Profa. Dra. Sílvia Santos, curso de Engenharia Civil da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. 30 3.3.1 Local escolhido para construção da pista experimental A concretagem da placa experimental foi realizada na faixa de rolamento no Bloco D da Universidade do Vale do Itajaí campus de Itajaí, com dimensões de (2,5 x 5) m de pavimento permeável. Como preconizado pela NBR 16416 (ABNT, 2015), a aplicação deste pavimento foi em um local sujeito ao Figura 9 - Fluxograma da pesquisa. Fonte: AUTORAS, 2020. 31 tráfego de veículos leves. A Figura 10 ilustra a área onde foi realizado a substituição de parte do pavimento de lajota sextavada por concreto permeável. 3.3.2 Materiais utilizados I) Aglomerante Para a confecção do pavimento permeável foi utilizado o cimento Portland Pozolânico (CP- IV 32 RS), fabricado pela Votorantim Cimentos. Na Tabela 1 estão apresentados os parâmetros físicos e químicos do CP- IV 32 RS. O relatório do cimento utilizado está apresentado no Anexo A. Figura 10 - Local do pavimento permeável Fonte: HICKMANN; GESSER, 2019 (arquivo pessoal). 32 II) Agregado Graúdo O agregado graúdo empregado nessa pesquisa para a produção do concreto permeável foi a brita 0, conhecido também como pedrisco. As características do agregado graúdo foram determinadas por meio de ensaios de granulometria (ABNT NBR 7211:2009), massa específica (ABNT NBR NM 53:2009) e massa unitária (ABNT NBR NM 45:2006). As propriedades do agregado podem ser vistas na Tabela 2 e a curva granulométrica no Gráfico 1. Com os resultados obtidos, nota- se que o agregado graúdo não se enquadrou nos limites granulométricos estipulados pela NBR 7211 (ABNT, 2009). Tabela 1 - Parâmetros físicos e químicos do cimento CP IV 32 RS Análise física Massa específica 2,83 g/cm³ Início de pega 255 min Fim de pega 360 min Consistência normal 31,20% Superfície específica de Blaine 4340 cm²/g Peneira 200mm 0,50% Peneira 325mm 2,50% Resistência a compressão (MPa) 3 dias 23,30 7 dias 30,20 28 dias 42,50 Análise Química (%) Resistência ao fogo 3,42 MgO 5,25 SO3 2,18 Resíduo insolúvel 29,51 Fonte: adaptado de VOTORANTIM, 2019, s.p. 33 Gráfico 1 - Curva granulométrica do agregado graúdo Fonte: AUTORAS, 2020. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 25 19 12,5 9,5 6,3 4,8 2,4 % R e ti d a A c u m u la d a Abertura das peneiras (mm) Brita 4,8/12,5 9,5/25 Tabela 2 - Propriedades do agregado graúdo Peneira (mm) % Retida acumulada (média de três determinações) 25 0 19 0 12,5 5 9,5 40 6,3 78 4,8 96 2,4 99 Fundo 100 Total 100 Propriedades do agregado Massa unitária (g/cm³) 1,54 Massa específica (g/cm³) 2,73 Diâmetro máximo (mm) 12,50 Módulo de Finura 6,32 Fonte: AUTORAS, 2020. 34 III) Agregado Miúdo Para a caracterização foram feitos ensaios de granulometria (ABNT NBR 7211:2009), massa específica (ABNT NBR NM 52:2009), massa unitária (ABNT NBR NM 45:2006) e teor de material pulverulento (ABNT NBR NM 46:2003). Os resultados estão apresentados na Tabela 3, e a curva granulométrica no Gráfico 2. A partir dos valores obtidos, nota-se que o agregado miúdo não se enquadrou em nenhum dos limites estipulados pela NBR 7211 (ABNT, 2009), uma vez que a porcentagem retida acumulada da peneira 1,2 mm ficou inferior ao valor referencial da zona utilizável (5 a 50%). Tabela 3 - Propriedades do agregado miúdo Composição granulométrica Peneira (mm) % Retida acumulada (média de três determinações) 4,8 0 2,4 0 1,2 4 0,6 22 0,3 62 0,15 93 Fundo 100 Total 100 Propriedades do agregado Massa unitária (g/cm³) 1,58 Massa específica (g/cm³) 2,62 Módulo de Finura 1,81 Teor de material pulverulento (%) 0,49 Fonte: AUTORAS, 2020. 35 IV) Aditivo Devido a distância entre a central dosadora e o local da confecção do pavimento, foi utilizado aditivo retardador de pega para que o concreto não perdesse suas características e fosse possível se enquadrar em todos os aspectos estabelecidos pela NBR 16416 (ABNT, 2015). Foram utilizados também aditivos superplastificante e modificador de viscosidade. As especificações do fabricante e o teor de concentração do aditivo não foram repassadas pela central dosadora. 3.3.3 Equipamentos utilizados Foram disponibilizados pelo LATEC e utilizados para a caracterização dos materiais e produção dos concretos, os equipamentos abaixo: I. Balança de precisão da marca KN WAAGEN com capacidade de 15 kg e precisão de 0,01 gramas; II. Estufa de secagem da marca Marconi; III. Agitador mecânico PAVITESTE; IV. Balança da marca BEL® com capacidade de 150 kg e precisão de 50 g; V. Prensa hidráulica manual SOLOTEST ® com precisão de 40 kg. Gráfico 2 - Curva granulométrica do agregado miúdo. Fonte: AUTORAS, 2020. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 9,5 6,3 * 4,8 2,4 1,2 0,6 0,3 0,15 % R e ti d a A c u m u la d a Abertura das peneiras (mm) Areia Média Zona utilizável Zona ótima 36 3.3.4 Preparo dos equipamentos I) Formas As 12 formas usadas para a moldagem dos corpos de prova prismáticos do concreto permeável, as quais foram utilizadas para realizar os ensaios de tração na flexão, e massa específica, foram cedidas por Fagundes (2016), elas possuem dimensões de (10x10x40) cm, conforme descrito na NBR 16416 (ABNT, 2015). A fim de facilitar o desmolde foram colocadas dobradiças no fundo; e para travamento lateral, parafusos e porcas tipo borboleta. O fundo das formas foi produzido com compensado plastificado; já as laterais possuem reforço de madeira Itaúba. A Figura 11 traz o projeto das formas utilizadas. Para o ensaio de índice de vazios utilizou-se 12 formas cilíndricas (Figura 12) feitas de tubos de PVC com dimensões de 10 cm de diâmetro e 10 cm de altura. Para facilitar a moldagem, as formas foram colocadas sobre uma base de madeira, lubrificada com óleo desmoldante. . Figura 11 – Projeto dos moldes para os corpos de prova prismáticos Fonte: Fagundes, 2016. 37 II) Rolo compactador Na moldagem dos corpos de provaprismáticos foi utilizado um rolo compactador montado com peças de aço disponíveis no LATEC, com dimensões ligeiramente inferiores à largura da forma prismática (Figura 13). Desta forma todo concreto no interior da forma pode ser compactado igualmente. Sua estrutura foi formada por chapas de aço circulares colocadas dentro de um anel de aço e, posteriormente, toda a estrutura selada com fita adesiva, como ilustra a Figura 14. Figura 13 - Estrutura do rolo compactador. Fonte: AUTORAS, 2020. Figura 12 - Formas cilíndricas Fonte: AUTORAS, 2020. 38 Para a compactação do pavimento permeável foi utilizado um rolo compactador desenvolvido por Hickmann e Gesser (2019), conforme apresenta a Figura 15. Composto de dois tubos de PVC, com dimensões de 200mm (tubo externo) e 40mm (tubo interno) preenchido com concreto plástico (Figura 16), a carga equivalente do rolo é de 68,4 kg/m. Para movimentação, o rolo foi transpassado por uma haste que atravessou o vazio formado pelo tubo interno no momento da concretagem. Figura 14 – Rolo Compactador. Fonte: AUTORAS, 2020. Figura 15 - Corte transversal e longitudinal do rolo compactador. Fonte: HICKMANN; GESSER, 2019. 39 3.3.5 Confecção do pavimento permeável I) Traço Os teores de cimento, agregado graúdo, agregado miúdo e relação água/cimento foram escolhidos baseados na pesquisa desenvolvida por Hickmann e Gesser (2019), onde os autores estudaram três diferentes traços apresentados na Tabela 4. O primeiro traço foi baseado na pesquisa desenvolvida por Gosenheimer (2019), o segundo traço foi calculado com base no traço fornecido pela central dosadora parceira, e o terceiro traço foi calculado baseando-se em uma média aritmética dos dois traços anteriores. Figura 16 - Montagem do rolo compactador. Fonte: HICKMANN; GESSER, 2019. Tabela 4 - Teores de materiais Teores Hickmann e Gesser (2019) Gosenheimer (2019) Central Dosadora Traços unitários (em massa) 1:4,6 1:4 1:5,2 Relação a/c 0,35 0,35 0,35 Fonte: AUTORAS, 2020 40 O traço definido para concretagem do trecho de concreto permeável foi o de 1:5,2 de cimento e brita respectivamente, com adição de 10% de areia sobre o peso do agregado graúdo, e relação água/cimento de 0,35. Esta proporção foi escolhida por apresentar elevada permeabilidade, menor consumo de cimento entre os três traços estudados, e pela obtenção de valores de resistência e massa específica mínimos determinados pela NBR 16416 (ABNT, 2015). II) Fabricação e aplicação do concreto permeável A determinação da espessura das camadas do pavimento de concreto permeável, foi feita por meio da NBR 16416 (ABNT, 2015). Para cálculo da altura do pavimento, aplicou-se a Equação 1 (p.26), resultando em 17 cm de espessura da base. Dado que na região em que foi empregado o pavimento permeável existia um pavimento implantado, feito de lajotas sextavadas de concreto, inicialmente foi providenciada a sua retirada. Na sequência foram realizados os trabalhos de escavação com profundidade de 20 cm, tendo em vista que a altura do bloco sextavado é de apenas 7 cm. Assim, a profundidade total escavada foi de 27 cm: 17 cm de base permeável e 10 cm de revestimento permeável. A Figura 17 apresenta a altura de cada camada. Com o subleito regularizado, foi lançada a camada de base permeável, composta por 17 cm de brita, compactada por meio de rolo compactador. 41 Após preparada a base permeável, iniciou-se o processo de concretagem. Para que se tivesse tempo suficiente de manusear o concreto, respeitando o tempo final de pega do cimento e o pelo fato de que o concreto permeável perder água mais rápido que os concretos plásticos, foi feito o uso de aditivo retardador de pega, quanto a água foi adicionada na central dosadora. No decorrer da concretagem, na etapa de aplicação realizou-se o lançamento, espalhamento e adensamento do concreto, tomando os devidos cuidados. Assim que o caminhão betoneira despejava uma certa quantidade de concreto (Figura 18), o espalhamento dessa porção era feito com o auxílio de uma pá (Figura 19). Figura 17 - Espessura das camadas do pavimento Fonte: AUTORAS, 2020. 42 Figura 19 - Espalhamento do concreto. Fonte: AUTORAS, 2020. Figura 18 - Lançamento do concreto Fonte: AUTORAS, 2020. 43 Na sequência, por meio de uma régua de alumínio foi realizado o nivelamento (Figura 20). Por último, foi feito a compactação (Figura 21) por meio do rolo compactador com uma passada no sentido de menor dimensão (2,5 m). As camadas do pavimento são representadas na Figura 22. Todo esse processo ocorreu em uma única camada, totalizando os 10 cm de revestimento permeável. Tendo concluído essas etapas, o concreto foi aspergido com água, sem, entretanto, empregar-se nenhum processo de cura posterior. O pavimento foi liberado para o tráfego 12 dias após a concretagem. Figura 20 - Nivelamento do concreto. Fonte: AUTORAS, 2020. 44 Figura 21 - Compactação do concreto Fonte: AUTORAS, 2020. Figura 22 - Camadas do pavimento: (a) Retirada das lajotas sextavada; (b) escavação; (c) camada de base permeável; (d) revestimento permeável. Fonte: AUTORAS, 2020. 45 III) Moldagem dos corpos de prova No decorrer da concretagem foi separado em um carrinho de mão uma porção do concreto para moldagem dos corpos de prova a fim de ensaios laboratoriais. Foram feitas inspeções táteis e visuais da mistura tanto no início quanto ao fim da descarga do concreto. Para a inspeção tátil tomava-se uma porção do concreto na mão que era comprimida buscando-se a formação de uma pelota. Ao sessar a força era esperado que a amostra permanecesse unida. Com isso, averiguava-se o “ponto de pelota” da mistura, ou seja, se esta apresentava-se com uma boa coesão. Na inspeção visual era verificado se os agregados estavam completamente envolvidos pela pasta/argamassa, ou seja, a homogeneidade da mistura. Além disto, era observado se o concreto apresentava o brilho metálico, indicativo se a quantidade de água estava adequada. Para a moldagem dos corpos de prova prismáticos, as formas foram preenchidas com uma única camada de concreto até exceder sua borda superior, isso se deu com o objetivo de se aproximar ao máximo a compactação do que foi realizado na moldagem do pavimento. Logo em seguida foi realizada uma passagem longitudinal do rolo compactador do início até o fim da forma (ida e volta ao ponto inicial). Já para a moldagem dos corpos de prova cilíndricos, encheu-se a forma com uma única camada de concreto e realizou-se o rasamento da mesma. 3.3.6 Ensaio de resistência à tração na flexão Conforme a NBR 16416 (ABNT, 2015), a determinação da resistência mecânica do concreto permeável é obtida a partir do ensaio de resistência à tração na flexão. Os corpos de prova possuíam formato prismáticos com dimensões de (10x10x40) cm. A mesma norma ainda estabelece que as diretrizes do ensaio são estabelecidas na NBR 12142 (ABNT, 2010). Para esse ensaio foram moldados 12 corpos de prova. Para execução do ensaio, inicialmente retirou-se os corpos de prova prismáticos da câmara seca. Com o objetivo de facilitar a centralização do corpo de prova na prensa e a avaliação após o rompimento, foram feitas marcações, com tinta, desenhando primeiramente duas linhas, a 5 cm de cada extremidade, na sequência entre essas linhas foram feitas mais duas linhas com espaçamento de 10 cm, em relação as linhas iniciais, conforme ilustrado na Figura 23 e na Figura 24. Desta46 maneira, as linhas das extremidades indicam os pontos de apoios, enquanto as internas, os locais da aplicação da carga. O corpo de prova foi colocado na prensa hidráulica manual, e posicionado de modo que o maior lado ficasse paralelo ao eixo longitudinal, sobre os apoios. Deu-se, então, a aplicação da carga, de maneira constante e sem impacto. A carga era interrompida quando acontecia o rompimento do corpo de prova. Daí fazia-se a leitura da carga atingida (carga máxima). Figura 23 - Marcação dos corpos de prova prismáticos Fonte: AUTORAS, 2020. 47 3.3.7 Ensaio de massa específica Para determinação da massa específica do concreto permeável foram usados os mesmos corpos de prova do ensaio de tração na flexão, antes da realização deste. Inicialmente identificou-se cada forma, obteve-se seu volume e a massa da forma vazia (massa 1). Após a moldagem e compactação do corpo de prova, foi feita a limpeza externa do recipiente. Com essas etapas finalizadas, aferiu-se a massa do conjunto composto por corpo de prova mais forma (massa 2). Subtraiu-se a massa 1 da massa 2, desta forma encontrando-se a massa do concreto que, dividida pelo volume do corpo-de-prova, resulta na massa específica do material, conforme preconiza a NBR 9833 (ABNT, 2009). 3.3.8 Ensaio de índice de vazios Este ensaio foi realizado conforme descrito por Sales (2008). A metodologia prevê a determinação do volume de vazios interligados por meio do método do volume. O corpo de prova prismático envolvido por um molde de PVC fica imerso em água durante 24 horas, para saturação. Em seguida retira-se o excesso da água em seu interior, removendo da água e deixando-o repousar por cerca de cinco minutos em local seco. Após este processo, o molde cilíndrico de PVC é colocado sobre uma Figura 24 - Posicionamento na prensa hidráulica Fonte: AUTORAS, 2020. 48 lâmina de vidro, e tem seu fundo fixado a esta com o uso de argila. Em seguida, afere-se a massa do conjunto, composto pelo corpo de prova mais molde de PVC, mais lâmina de vidro, mais argila (massa 1). Na sequência adiciona-se água até que os poros comunicantes sejam completamente preenchidos. Aí, a massa do sistema novamente é aferida (massa 2). Ao subtrair a massa 1 da massa 2 obtém-se a massa da água presentes nos poros do concreto. A Figura 25 representa os dois conjuntos que foram usados para aferir as massas. Conhecido o volume ocupado por água e volume total, o índice de vazios era obtido por meio da Equação 2 𝐼𝑉 = 𝑉𝑎 𝑉𝑡 × 100 Onde: IV é o índice de vazios (%); Va é o volume de água presente no sistema; e Vt é o volume total do corpo de prova. 3.3.9 Ensaio de permeabilidade in situ Para a determinação da taxa de permeabilidade in situ as medições foram feitas semanalmente, seguindo o método descrito na NBR 16416 (ABNT, 2015). Quanto (2) Figura 25 - Conjuntos para ensaio de índice de vazios Fonte: AUTORAS, 2020. 49 a quantidade e localização dos pontos para realização do ensaio foram determinadas previamente, tendo sido destacados na Figura 26. Inicialmente era realizado a limpeza do trecho do pavimento, e a varrição do mesmo para retirada dos resíduos superficiais. Na sequência era posicionado o anel de infiltração em um ponto e realizava-se a vedação com argila na área de contato com o pavimento (Figura 27). Então, era feito a pré-molhagem despejando 3,6 litros de água na superfície, aí era cronometrado o tempo necessário para todo o líquido infiltrar no pavimento. Segundo a NBR 16416 (ABNT, 2015) quando este tempo é inferior a 30 segundos, o ensaio deve ser realizado novamente antes de completar 2 min, utilizando-se 18 litros de água e novamente cronometrar o tempo. No caso do pavimento permeável em estudo, o ensaio da permeabilidade sempre se enquadrava no segundo caso. Este procedimento era realizado em todos os pontos já definidos anteriormente. Figura 26 – Pontos ensaio permeabilidade in situ. Fonte: AUTORAS, 2020. 50 Com os tempos registrados calculava-se o coeficiente de permeabilidade (k) por meio da Equação 3. k= C.m (d 2. 𝑡) Onde: K é o coeficiente de permeabilidade expressa em milímetros por hora [mm/h]; m é a massa de água infiltrada expressa em quilogramas [kg]; d é o diâmetro interno do cilindro de infiltração expresso em milímetros [mm]; t é o tempo necessário para toda a água percolar, expresso em segundos [s]; C é o fator de conversão de unidades do SI, com valor igual a 4 583 666 000. 3.3.10 Registro fotográfico e coleta de dados Foi realizado um registro fotográfico por um período de 2 meses, com a finalidade de analisar o desgaste superficial da pista. Alguns cuidados foram adotados durante as fotografias: utilização de pontos de referência e mesmo ângulo em diferentes dias; uso de trena e um objeto que representasse escala. (3) Figura 27 – Posicionamento do anel de infiltração. Fonte: AUTORAS, 2020. 51 Para avaliação de ilhas de calor, foram coletados os seguintes dados: temperatura superficial do pavimento, temperatura ambiente e umidade relativa do ar. No total obteve-se medidas em três datas: 12/12/2019, 21/12/2019 e 23/01/2020; em três horários do dia: 9:00 h, 12:00 h e 15:00 h. Os dados de temperatura superficial do pavimento foram coletados utilizando um termômetro infravermelho, modelo MT-320ª, da marca Minipa, com precisão de ± 2°C. As medições foram realizadas em quatro pontos diferentes, para cada um dos pavimentos avaliados: permeável (PP); lajota sextavada de concreto (PLS); e asfáltico (PA). Os dois primeiros eram pontos próximos. Já o terceiro, situava-se na Av. Ver. Abrahão João Francisco, do lado de fora do campus da Univali Itajaí. Para se obter umidade relativa do ar e temperatura ambiente usou-se um psicrômetro giratório, modelo 5204 da marca Incoterm com precisão de ± 1°C. A escolha dos horários adotados para coletas dos dados foi indicação da professora Carolina Rocha Carvalho. Segundo ela, normalmente as pesquisas se limitam à coleta de dados nos horários das 9:00 h e 15:00 h, por possuírem o mesmo ângulo de incidência solar em relação à linha do horizonte, ou seja, altura solar semelhante. Entretanto, o primeiro horário parte de algumas horas após o amanhecer, deste modo ainda está ganhando carga térmica; já o segundo, ganha radiação e carga térmica durante a manhã toda e na metade da tarde. Quanto ao meio dia, este se justifica por possuir maior intensidade de radiação sob a superfície avaliada. Os dados de precipitação e temperatura utilizados no estudo foram fornecidos pelo Laboratório de Meteorologia e Climatologia da Univali, localizado no setor D4 do campus Itajaí da Univali. 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 4.1 Consumo de Materiais A Figura 28 ilustra a diferença entre a granulometria da brita utilizada no concreto confeccionado no laboratório e na central dosadora: a brita (A) foi utilizada no concreto produzido pela central dosadora, a (B) foi disponibilizada pela central dosadora para caracterização, e a brita (C) foi utilizada no concreto produzido no laboratório por Hickmann e Gesser (2019). As modificações na granulometria da brita que compõe o concreto afetaram a resposta de comportamento esperado no concreto permeável. O estudo da dosagem almeja alcançar uma mistura ideal e econômica, alterações nos materiais implicam, necessariamente, em revisão da dosagem. Como ilustrado na Figura 28 a brita utilizada no laboratório e a disponibilizada para caracterização pela central dosadora, tem granulometria diferente da brita utilizada na composição do concreto moldado in loco. Partindo desta observação, já se esperava que o concreto pudesse
Compartilhar