Buscar

(Fichamento) SALATA, André Quem é a classe média no Brasil? Um estudo sobre identidades de classe

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SALATA, André. Quem é a classe média no Brasil? Um estudo sobre identidades de classe.DADOS: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v.58, n.1, 2015. P.111-149.
- A importância do estudo de Neri (2008, FGV) para tentar falar sobre uma nova parcela da população brasileira que havia começado a aumentar seu rendimento e, consequentemente, poder de consumo. Esse crescimento ocorreu entre 2003-2008 e atingiu milhares de indivíduos e famílias. Neri denominou essa camada social como “classe media no sentido estatístico” (p.112).
- A renda, ocupação e educação são fatores importantes de se considerar nessa categorização. Falta, como apontam outros autores, as características (sociológicas) de categorias ocupacionais e/ou capital cultural (p.112).
- O artigo abarca um embate que não é abordado nem pela perspectiva econômica nem pela sociológica: a questão da identificação e reconhecimento. Como os indivíduos percebem sua posição (socioeconômica). 
- As qualidades independentes da identidade de classe como reivindicação e reconhecimento das identidades, e não como posições objetivas e estanques: “Assim, ao invés de interpretar os dados sobre localização subjetiva como um indicador que mediria o grau de “consciência” dos indivíduos em relação à sua posição objetiva, a identidade de classe é tomada como reivindicação de pertencimento a grupos sociais, e tais reivindicações poderiam ser endossadas ou negadas por outros indivíduos/grupos, o que caracterizaria as disputas em relação às formações de classe” (p.113-114). Logo, “como as identidades de classe não são vistas somente como conseqüência das condições econômicas, mas também de reivindicações de pertencimento, não seria possível afirmar que um individuo não é “consciente” de sua posição, ou que ele possui uma consciência falta ou equivocada, ou uma percepção “distorcida” de sua localização social” – discordo desse último ponto. A distorção pode ser usada politicamente, e as reivindicações podem ser acionadas conforme pareça favorável. Como histórias de vida ou passado familiar, especialmente quando se fala de racismo, por exemplo. Existem ambivalências sobre a identidade de classe, que não são conseqüências diretas e homogêneas das condições econômicas, e sim uma maneira de se diferenciar (distanciando ou aproximando de algo). Tem a ver com afirmações (discursivas e de formas de agir) em relação a uma classe que se “gostaria de estar próximo, e das quais pretenderia se distinguir” (p.114).
- “Já que a subjetividade não é mensurada por um parâmetro objetivo, mas constitui uma informação importante sobre si mesma, tem havido uma crescente reorientação da ideia de ‘consciência de classe’ em direção à noção de ‘identidade’ (Devine e Savage, 2005)” (p.114).
- Identidade como processo- envolve disputas e negociações que envolvem jogo de forças (poder) e de dá através de “afirmações, resistência, reivindicações, aceitação, imposição, etc.” (p.114). Envolvem também auto-identificações e classificações. A classe social não será apenas um agregado de posições objetivas, mas também “[um] rótulo aplicado a um nexo de relações desiguais decorrentes da organização social da produção, distribuição, troca e consumo” (Bradley, 1996:46; tradução livre). Seria o próprio processo de identificação que – entre outros fatores – unifica- ria situações socioeconômicas relativamente heterogêneas, e que de outra maneira seriam um mero agregado de indivíduos ocupando posições objetivas similares” (p.115). Essas diferenciações são moralmente carregadas e podem ser pensadas enquanto hierarquias de valor, uma vez em que não são classificações neutras. Não devem ser entendidas como percepções corretas ou incorretas de uma “dada posição objetiva definida a priori, mas como reivindicações de pertencimento que participam ativamente na própria formação, manutenção e questionamento dos contornos das classes e hierarquias sociais” (p.136).
- O artigo analisa se os indivíduos que ocupam “posições intermediarias” se identificam com a posição de classe media ou não. Ainda, se os indivíduos com mais dinheiro se identificam mais com e nessa posição do que os primeiro. Pretende-se “entender como os próprios indivíduos percebem sua posição, e qual o ‘perfil socioeconômico’ que no Brasil mais tipicamente se identifica (e, por sua vez, é reconhecido) com ‘classe média’. Alem disso, procuraremos também analisar qual imagem os brasileiros têm dessa classe” (p.116).
- “Nossa hipótese alternativa é sustentada por parte da literatura sociológica mais recente a respeito da classe no Brasil (Owensby, 1999; O’Dougherty, 2002)12. Dado o caráter periférico da sociedade brasileira, já tão bem caracterizado e analisado (Fernandes, 1975), a noção de “classe média” foi introduzida por aqui tardiamente, de fora para dentro. Importada do chamado “mundo desenvolvido” – Estados Unidos e, principalmente, Europa – nas primeiras décadas do século XX, e incorporada pelas camadas médio-superiores urbanas, que buscavam uma identidade social em meio às grandes transformações pelas quais o país passava, a concepção de “classe média” presente no Brasil se traduziria em uma imagem idealizada da classe média do “mundo desen- volvido”, à qual somente as camadas mais abastadas da população brasileira poderiam corresponder. Buscaremos, no decorrer do artigo, testar esta hipótese” (p.116).
- Quatro variáveis: rendimentos, nível de escolaridade, categoria ocupacional e tipologia de consumo. “De uma maneira geral, a identidade de classe média está bastante associada à escolaridade superior, a um nível elevado de rendimentos e a práticas distintas de consumo” (p.124).
- “é somente entre os indivíduos que ocupam posições superiores (com renda alta, educação universitária, ocupação de prestigio e consumo distinto) que encontramos uma forte e clara identificação com a classe media” (p.122).
- Salata demonstra que a identidade de classe correspondente a classe media esta mais presente na parcela da população identificada com AB (nome dado de acordo com nível de rendimentos) e engloba “indivíduos com nível superior de escolaridade, profissionais, administradores , com maiores chances de possuir plano de saúde, previdência privada, cujos filhos estudam em colégios particulares, e que frequentam teatros e fazem viagens internacionais (...) o tipo “AB”, perfil mais abastado da população brasileira, é o único em que as pessoas se identificam de modo bastante claro com a ‘classe média’” (p.127).
- A imagem que se faz de alguém de classe média é: “possuir um padrão de vida estável, ter feito universidade, ter renda alta, ter acesso a lazer e diversão, etc.” (p.131). Autores e autoras afirmam “que a ideia de classe média no Brasil teria sido formada tendo como referência a imagem –um tanto idealizada- da classe média européia e norte-americana” (p.135). Isso no contexto de meados do século XX. Por isso, “deve-se ter em vista, portanto, que dada a posição periférica de países como o Brasil, a ideia de “classe média” surgiu nos chamados países centrais, e foi posteriormente absorvida pela sociedade brasileira no contexto específico de meados do século XX. Conforme argumentado por autores como Owensby (1999), numa situação em que os países centrais eram vistos como ápice do desenvolvimento em direção ao qual, acreditava-se, o Brasil estava começando a caminhar, ser reconhecido como pertencente à “classe média” significava ser reconheci- do como parte desse mundo “desenvolvido”. Significava, portanto, uma posição social superior, que deveria corresponder a certo grau de prestígio ou status social. Afirmava-se, dessa maneira, aquilo que Souza (2003) identificara como a separação simbólica entre “europeizados” e “não europeizados”; e se reconhecer e ser reconhecido como membro da “classe média” significa(va) também fazer parte da primeira categoria (p.135).
- Lembrando: a esfera subjetiva da estratificação social é considerada nas análises. Classe média não é omesmo que a mediana da população brasileira.
- Classe média como grupo socialmente significativo (ou formação social). Como observado, não ha correspondência entre “classe média estatística” (de Neri, 2008) e a formação de classe média no Brasil (p.136).

Outros materiais