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Reprodução parcial ou total apenas sob autorização da AgriPoint Consultoria Ltda. 
 
 
 
 
 
Curso Online: Controle parasitário em ovinos e 
caprinos 
 
Módulo 2 – Diagnóstico, tratamento e controle dos 
helmintos 
Marcelo Beltrão Molento 
Médico Veterinário, PhD em Parasitologia 
Laboratório de Doenças Parasitárias, DMV 
Universidade Federal do Paraná, UFPR 
 
Introdução 
 
Animais saudáveis têm menor carga parasitária, com conseqüente redução na 
contaminação das pastagens e re-infecção. Neste caso, a relação parasita-hospedeiro 
fica prejudicada depois que um animal recebe tratamento, porque a decisão de eliminar 
a população de parasitas é uma forma de desequilibrar esta relação. A erradicação dos 
parasitas não é viável no campo devido às condições tropicais do Brasil e a gama de 
hospedeiros. O objetivo então é proporcionar um sistema para produção de alimentos, 
que mantenha os animais sadios, suas características zootécnicas, aliado a novos 
conhecimentos. Hoje, esta necessidade é imperativa devido ao fenômeno de 
resistência dos parasitas e da maior percepção sobre o bem-estar dos animais. 
 
Diagnóstico 
 
É imprescindível que todos os profissionais envolvidos com a produção de 
alimentos saibam dos benefícios de um diagnóstico parasitológico preciso. Mesmo que 
estes testes representem em gasto econômico, toda a informação advinda destes 
procedimentos se torna viável frente aos benefícios que podem ser alcançados. 
 
 
 
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Curso Online: Controle parasitário em ovinos e 
caprinos 
 
Dentre as técnicas disponíveis, a necropsia (exame do animal morto) é a mais 
confiável e precisa. Existem várias técnicas laboratoriais disponíveis para diagnosticar a 
taxa de infecção dos animais: exame coproparasitológicos (fezes), ELISA (reação 
específica para anticorpos), PCR (testes com DNA ou RNA), coprocultura 
(determinação dos gêneros dos parasitas) e a contagem de larvas na pastagem, entre 
outros. Os exames coproparasitológicos mais utilizados para diagnóstico de ovos de 
helmintos são: Gordon & Whitlock modificado (OPG) e o Willis-Mollay (flutuação). 
Ambas as fases de preparação do material e identificação dos ovos de helmintos deve 
ser feita por pessoal treinado. Os estrongilídeos apresentam grande semelhança em 
suas estruturas e são os mais comumente encontrados. 
Exceto os testes de ELISA e PCR que são onerosos e ainda em fase de testes, 
as outras técnicas apresentam alta variabilidade, devido ao grande número de fatores 
envolvidos (época do ano, raça, sexo, idade, estado nutricional do hospedeiro) no 
momento da interpretação. Nestes casos, deve-se sempre que possível aliar os dados 
laboratoriais com os achados clínicos e de necropsia. 
Os sinais clínicos mais comuns de uma infecção parasitária são: apatia - letargia, 
emagrecimento, fezes amolecidas a líquidas (diarréia), presença de sangue nas fezes, 
anemia, edema submandibular (papeira), queda na lã e produção de leite e aumento da 
freqüência respiratória. É muito comum que os produtores tenham casos de morte na 
propriedade devido a infecções super agudas. Estas mortes acontecem em tempo curto 
devido a grande taxa de translação e o início da fase adulta do parasita, iniciando a 
fase hematófaga (alimenta-se de sangue). Infelizmente e devido a uma série de fatores, 
estes casos são aceitos como acontecimentos de rotina nas propriedades. 
A distribuição da infecção dos parasitas nos animais ocorre de forma agregada, 
isto é: muitos parasitas estarão em poucos animais. Então, na necropsia, o técnico de 
campo observará os parasitas adultos que infectam um animal muito parasitado e 
poderá melhor interpretar o estado sanitário do rebanho. No caso da contagem de 
 
 
 
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Curso Online: Controle parasitário em ovinos e 
caprinos 
 
Haemonchus contortus no abomaso de ovinos e caprinos é considerado uma infecção 
leve quando são encontrados menos do que 500 parasitas adultos. 
 
Tratamento 
A forma mais comum de controle destes perigosos inimigos tem sido através do 
uso intensivo de compostos antiparasitários, negligenciando quase que completamente 
o conhecimento da biologia e a epidemiologia destes organismos. A sua utilização 
aconteçe sem cautela, empregando-os ora para aproveitar a lida com os animais na 
mangueira ou o baixo preço, ora para obedecer a um programa sanitário com intervalos 
fixos. O mais comum é que o produtor e mesmo o técnico de campo utilizem esta opção 
de forma isolada, com poucas razões técnicas. Então, o produtor fica mais e mais 
dependente do uso de drogas antiparasitárias, na expectativa de solucionar seu 
problema. 
Muito embora se saiba que o controle destas infecções possa ser feito através do 
bom uso de produtos antiparasitários, existem alguns parâmetros para sua correta 
escolha. Embora a lista de antiparasitários pareça extensa, hoje no mercado existem 
somente três classes de drogas de largo espectro de ação, que são os benzimidazóis, 
as lactonas macrocíclicas e os imidazóis (Tabela 1). As demais são descritas como de 
curto espectro de ação: pirimidinas, salicilanilidas, organofosforados e substitutos 
fenólicos. Cada grupo apresenta o seu mecanismo de ação e sua forma de eliminação 
parasitária independente. E neste aspecto é necessário saber que, quando se está 
utilizando um produto de um grupo químico é incorreto alternar para outro que possua o 
mesmo mecanismo de ação. Pois desta forma se estará aumentando as chances de 
seleção de parasitas resistentes para aquele grupo. 
No caso específico de ovinos e caprinos, a estratégia de tratamento em 
intervalos regulares (30, 45 ou 60 dias) tem o objetivo de interromper o ciclo de vida dos 
parasitas, eliminando parasitas adultos, assim diminuindo a infestação das pastagens. 
Entretanto, as famílias das drogas apresentam períodos diferentes de permanência no 
 
 
 
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caprinos 
 
sangue do animal. Isto significa que os regimes fixos de intervalo entre aplicação 
podem ser prejudicados e/ou invalidados caso esta característica não seja observada. 
 
Tabela 1. Compostos anti-helmínticos utilizados no tratamento de ruminantes. 
Classes de 
produtos 
Princípio ativo Mecanismo de ação Mecanismo de 
eliminação do 
parasita 
Espectro de ação 
Imidazotiazóis Levamisol 
Tetramisol 
Agonista colinérgico Paralisia 
espástica 
Nematodas 
gastrintestinais 
Pirimidinas Pamoato de pirantel Inibição da Acetil 
Cholinesterase 
Paralisia 
espástica 
Nematodas e cestodas 
gastrintestinais 
Salicilanilidas Closantel 
Niclosamida 
Interfere nas 
reações 
mitocondriais 
Não 
esclarecido 
Nematodas (clo) 
cestodas (nic) 
Organofosforados Triclorfon Inibição da Acetil 
Cholinesterase 
Paralisia 
espástica 
Nematodas 
gastrintestinais 
Benzimidazóis Albendazol 
Mebendazol 
Tiabendazol 
Fenbendazol 
Inibição da 
formação dos 
microtúbulos 
Morte de todas 
as fases do 
parasita 
Nematodas 
gastrintestinais e 
pulmonares, cestodas e 
trematodas 
Pró-benzimidazóis Netobimina Inibição da 
formação dos 
microtúbulos 
Morte de todas 
as fases do 
parasita 
Nematodas 
gastrintestinais e 
pulmonares, cestodas e 
trematodas 
Lactonas 
macrocíclicas 
Ivermectina 
Moxidectina 
Doramectina 
Abamectina 
Eprinomectina 
Abertura dos canais 
de cloro 
potencializados pelo 
glutamato 
Paralisia flácida Nematodas 
gastrintestinais e 
pulmonares 
Substitutos 
fenólicos 
Disofenol 
Nitroxinil 
Interfere nas 
reações 
mitocondriais 
Não 
esclarecido 
Nematodas 
gastrintestinais e 
Fasciola hepatica 
 
 
 
 
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caprinos 
 
O técnico, e mesmo o produtor, deve buscar um produto que atenda às 
seguintes características: alta toxicidade para o parasita a ser combatido; ampla 
margem de segurança para os animais; fácil aplicação (pour-on, oral, sub-cutâneo, 
intramuscular); rápido metabolismo e ampla absorção, como também apresentar boa 
relação custo-benefício. 
 Deve-se respeitar todas as informações contidas na bula dos medicamentos 
(algumas bem incompletas), e utilizar material apropriado para aplicação como: 
seringas, agulhas e pistolas limpas, além de procurar manter os animais em um 
ambiente calmo, sem estresse. Desta forma se reduzirão os riscos de perda da eficácia 
do produto e que poderá ser confundida com resistência. Vale a pena fortalecer a 
mensagem de que pouca eficácia devido a falhas no uso destes produtos é diferente de 
resistência dos parasitas. 
O comércio de produtos Veterinários no mundo movimenta aproximadamente 
US$15 bilhões anuais, sendo 27% representados pelo comércio de parasiticidas. No 
Brasil este percentual alcança mais de 42%, motivado pela facilidade de acesso do 
produtor aos produtos, da ativa ocorrência dos parasitas, de orientações incorretas por 
parte de técnicos, da mídia e da própria cultura do pecuarista. Sabe-se que as práticas 
recomendadas no Brasil como o tratamento de todo o rebanho e em períodos curtos, 
uso de drogas com maior concentração e mesmo o tratamento com produtos 
misturados estimula o uso e difunde a cultura do uso irrestrito dos produtos 
antiparasitários. 
Como as opções entre bases químicas são limitadas, deve-se optar pelas de 
curto-espectro para depois sim utilizar medicamentos mais avançados. No caso de 
ocorrer a incidência de uma infecção por endoparasitas (parasitas internos) e 
ectoparasitas (parasitas externos) ao mesmo momento, aí sim o produtor deve 
considerar a utilização de endectocidas, que agem sobre ambos. 
 Se a opção recair sobre um medicamento de largo-espectro em função dos 
helmintos encontrados, deve-se levar em consideração a epidemiologia destes 
 
 
 
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caprinos 
 
parasitas (ciclo de vida e melhores épocas do ano), a categoria animal a ser atendida 
(maior ou menor freqüência de uso), a forma de aplicação e o preço do produto. Devido 
a esta complexa relação, o pecuarista muitas vezes se restringe a pergunta: Qual o 
melhor remédio? Infelizmente, muitas vezes esta pergunta é feita ao balconista da loja 
e não ao técnico. 
 
Como se observa a eficácia dos produtos 
 Existem poucas maneiras de se observar se um produto é eficaz ou não, sem 
cometer graves erros de interpretação. É imprescindível que exista alguma forma de 
monitoramento da eficácia dos medicamentos, pois somente desta forma se poderá 
observar o início da redução da perda de eficácia dos produtos. 
 A forma mais comum de observar se um composto apresenta boa eficácia é 
através da observação empírica de melhoria dos animais. Este fato pode parecer 
simples, porém traz informações importantes para a Assessoria Veterinária. Caso haja 
falhas visíveis, deve-se então iniciar o acompanhamento através de exames de fezes 
com duas amostragens, uma no dia do tratamento e outra entre 7 a 12 dias após. O 
exame de rotina é o Gordon & Withlock (McMaster – OPG) acompanhado do exame de 
coprocultura. Este tipo de exame pode esclarecer de maneira quantitativa e qualitativa o 
gênero dos parasitas presentes e o percentual de eficácia do composto testado. É 
aconselhável que seja testado mais de um grupo químico antes da troca de 
medicamentos. 
 
Categorias de Tratamentos com Anti-helmínticos 
a) Tratamento preventivo: 
O princípio ativo é fornecido durante períodos mais ou menos longos e contínuos. 
Existe as aplicações de produtos de atuação prolongada ou a implantação de bolus 
que liberam as drogas lentamente. A finalidade destes produtos é evitar a 
necessidade de reunir os animais diversas vezes ao ano. No entanto, o princípio 
 
 
 
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ativo não elimina 100% das formas infectantes, selecionando cepas resistentes. 
Existe também a presença de resíduos nos tecidos do hospedeiro. Outra forma de 
controle preventivo é o tratamento de animais 30-15 dias antes do parto e/ou no 
desmame, com o objetivo de prevenir os momentos de estresse do animal. 
b) Tratamento estratégico: 
É um conceito estatístico baseado na probabilidade da ocorrência de certos eventos 
epidemiológicos em certas épocas do ano. Este programa pode falhar, devido às variações 
climáticas locais e a falta de conciliação com o manejo da propriedade. O programa 
estratégico é mais eficaz e econômico do que tratamentos curativos em áreas endêmicas (Fig 
1). O “programa estratégico flexível” contorna a possibilidade de falhas locais, incluindo um 
ou mais tratamentos táticos adicionais quando este se fizer necessário. 
c) Tratamento tático: 
Implica no conhecimento dos ciclos dos parasitas e dos fatores responsáveis pelo 
processo de translação; precisa-se de conhecimento epidemiológico das infecções. 
Deve-se aplicar o tratamento tático para evitar a alta contaminação do ambiente, 
após modificações no manejo ou clima (chuvas pesadas com temperaturas 
elevadas numa época normalmente seca, introdução de animais de outra área ou 
em pastagens recém formadas, queima de pastagens). 
d) Tratamento curativo (de emergência, de salvamento). 
Incluem-se os tratamentos em animais clinicamente doentes. Este é o esquema 
mais “desfavorável” economicamente na relação custo-benefício, entre as opções 
descritas, especialmente quando aplicado nos animais “mais doentes”. Isto porque o 
tratamento em animal muito debilitado pode agravar ainda mais o estado clínico, 
aumentando o grau de anemia, causando inclusive a morte do animal. 
e) Tratamento Estratégico Flexível (estratégico + tático). 
É o sistema que utiliza tratamentos além dos previstos com base nas observações 
epidemiológicas. Estas observações estão ligadas a modificações climáticas que 
podem influenciar a taxa de translação. Em algumas propriedades adaptou-se a 
 
 
 
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técnica de monitoramento de rebanho mediante a técnica da OPG (nível de 
infecção) para decidir quando o tratamento tático deverá ser utilizado. 
f) Tratamento Seletivo 
O tratamento seletivo é utilizado após a avaliação individual da clínica, por nível de 
produção ou através do resultado de exames laboratoriais. A escolha deste tipo de 
tratamento requer o conhecimento dos fatores envolvidos para cada característica 
descrita acima. Por exemplo: No caso de rebanhos leiteiros, pode-se tratar as 
fêmeas de alta produção e as primíparas (de primeira cria), deixando as outras 
categorias sem receber tratamento. 
 
Custo-Benefício dos esquemas estratégicos 
As análises de custo-benefício normalmente são baseadas somente em termos 
de ganho de peso adicional resultante da utilização de tratamentos com anti-
helmínticos. Deve-se ressaltar que este não é o único aspecto importante. Com melhor 
ganho de peso, o animal poderá chegar mais cedo ao abate/reprodução e com peso 
desejável. Isto implica em um período de manutenção menor. Animais tratados com o 
esquema estratégico perdem menos peso no período seco e ganham mais durante a 
fase de ganho compensatório, do que os animais não tratados, ou tratados somente 
duas vezes por ano. 
 
Limitações na Metodologia 
Alguns fatores ambientais podem interferir na execuçãoe na interpretação do 
esquema de tratamento estratégico, afetando a taxa de translação. 
 
 Manejo e tratamento: combinação perfeita 
1. Cuidar com a administração de medicação oral: Deve-se tomar muito cuidado 
para que ocorra uma perfeita administração do medicamento. Existe a suspeita 
de que em certos casos ocorra o fechamento da goteira esofágica (rúmen by 
 
 
 
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pass) ao utilizar a medicação oral em ruminantes. Foi determinado que o 
oxfendazole pode ter sua passagem acelerada, diminuindo significativamente 
sua eficácia. A goteira esofágica é ativada quando a cabeça do animal fica 
estendida acima da linha horizontal do dorso do animal. 
2. Restringir o alimento antes do tratamento. Os produtos antiparasitários de 
administração oral trazem em sua formulação um veículo oleoso que se adere ao 
alimento. A redução da quantidade de alimento promove uma redução da 
motilidade do trato digestório permitindo uma melhor absorção e maior 
permanência do medicamento no organismo animal. Deve-se então manter os 
animais em jejum de 10 a 12h (até 24h) antes do tratamento, mantendo os 
animais somente com água por outras seis horas após tratamento. O período de 
restrição aumenta a eficácia de drogas como o albendazole ou oxfendazole em 
até 50% com 12h de jejum e de até 120% com 24h de jejum. Deve-se evitar 
tratar fêmeas próximas do parto, animais fracos ou febris e animais em 
condições de estresse com esta forma de manejo. 
3. Fazer a rotação lenta das famílias de vermífugos. Foi comprovado que a rotação 
rápida de bases químicas acelera o processo da resistência. Pior do que isto, 
causa à resistência anti-helmíntica múltipla (RAM). Estipulou-se que o período 
mínimo para a rotação de drogas seja de um ano no caso de ovinos e caprinos e 
após 8 a 12 tratamentos para bovinos. O critério para esta recomendação é que, 
dentro de várias gerações a seleção parasitária será inevitável, então ao trocar 
de bases, ocorrerá uma alternância estratégica da seleção química, com 
conseqüente redução da presença de genes resistentes. Preconiza-se também o 
uso contínuo (indefinidamente) de determinada droga, com constante 
monitoramento por OPG, para somente depois de determinada redução da 
eficácia proceder com a mudança da base química. Desta forma a droga seria 
utilizada até sua exaustão. 
 
 
 
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caprinos 
 
4. Combinar as bases químicas: Em sua maioria, o produtor brasileiro trata seu 
rebanho de maneira preventiva (68%) e não de maneira curativa (32%). Para isto 
utiliza, em média, 6 (entre 4 a 12) tratamentos ao ano, fazendo a rotação de 
todas as bases disponíveis, escolhidas ora pelo preço, ora pela disponibilidade 
das casas agropecuárias, ora por alguma sugestão. As avermectinas são as 
mais utilizadas, seguidos pelos imidazóis e os benzimidazóis. Uma ingrata 
surpresa é que a combinação destas drogas é rotina para 55% dos produtores, 
em geral realizada sem critério. 
A utilização de drogas de diferentes princípios ativos em um mesmo momento, 
não misturadas ou quando já disponíveis em solução comercial, tem 
demonstrado grande eficácia. Entretanto, é fundamental que se tenha o 
conhecimento prévio de que ambos os compostos tenham significativo efeito 
tóxico para os helmintos que se deseja combater quando utilizados 
isoladamente. No caso do aparecimento de cepas muito resistentes, foi 
demonstrado que a utilização de compostos associados pode não demonstrar 
redução significativa da infecção. Existem outros fatores importantes com relação 
ao uso da combinação de drogas que precisam ser considerados como: as vias 
de aplicação devem ser as mesmas, as dosagens iniciais precisam ser 
estudadas e o próprio custo elevado da combinação. 
Existe no mercado, um número cada vez maior de produtos antiparasitários 
genéricos. Vários já foram testados com resultados variados, alertando para um 
possível problema na fabricação ou aquisição de matéria prima. Neste caso, 
deve-se evitar a compra de medicamentos sem teste prévio e comprovação do 
fabricante, atestada pelo Ministério da Agricultura. 
Um ponto importante do tratamento é a escolha da dose, mudando o conceito de 
tratar os animais pelo lote mais pesado. Eles devem ser divididos em três 
categorias: leves, medianos e pesados e tratados com concentrações 
apropriadas para cada categoria. Isto evita a superdosagem, que é um dos 
 
 
 
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fatores responsáveis pela resistência, além de reduzir custos. 
 
5. Dosificar duas vezes. É mais eficaz tratar os animais duas vezes com intervalo 
de 12 h. do que dobrar a dose do medicamento, em uma só vez. Desta forma a 
concentração da droga será mantida alta por mais tempo, saturando os parasitas 
mais resistentes. O tratamento em dose dobrada aumenta a pressão de seleção 
e acelera o processo de resistência. 
 
Efeitos no meio ambiente 
Respeitadas a forma de uso e carências, os riscos de contaminação humana por 
endoparasiticidas são muito pequenos e a chance de ocorrerem abortos ou 
malformações em seres humanos expostos a altas doses de ivermectina e albendazole 
são mínimas ou mesmo nulas. 
Em relação ao impacto ambiental, estão a ele relacionados aspectos como: a 
atividade direta ou indireta contra organismos não parasitas do ambiente; quantidade e 
tempo de eliminação do agente ativo; estabilidade e manutenção da atividade do 
resíduo excretado e a sua lenta degradação pela luz solar, chuva e temperatura. 
No Brasil, o grupo das lactonas macrocíclicas representa mais de 60% dos 
compostos utilizados, que permanecem por longos períodos sendo eliminados 
lentamente do animal, afetando tanto as larvas de parasitas ingeridas diariamente, 
como insetos presentes na pastagem e que se alimentam do material fecal. Mas elas 
exibem uma toxidez seletiva o que coloca este grupo como o agente ideal, por 
apresentar atividade contra os parasitas sem perigo para o hospedeiro. 
A ivermectina, desta mesma classe, se liga fortemente ao solo e é estável por 
até 250 dias no meio ambiente, porém não apresenta efeito tóxico contra a minhoca 
(Lumbriculus terrestris), assim como o thiabendazole e o trichorfon, que são pouco 
tóxicos para este organismo. A ivermectina também é inofensiva para animais 
aquáticos próximos, como a criação de peixes. 
 
 
 
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Os organismos do solo que melhor servem como medidores ambientais são os 
besouros (coleópteros), pois são os primeiros colonizadores do esterco fresco. Estes 
fazem um trabalho importante na recuperação da fertilidade das pastagens e sua ação 
auxilia na redução de moscas e helmintos, possibilitando um menor uso de defensivos. 
 O besouro mais conhecido é o Onthophagus gazella, chamado popularmente de 
rola-bosta. A ivermectina, doramectina, abamectina, milbemicina e eprinomectina 
mantêm um grau de eliminação das larvas de besouros por tempo variável, 
dependendo da formulação. A abamectina e a eprinomectina tem efeito negativo na 
fecundidade das fêmeas e também causam a morte de besouros adultos. A ivermectina 
não prejudica a fertilidade e também não causa a mortalidade de adultos. Porém a 
utilização desta droga na forma de bolus de liberação lenta prejudica por até 135 dias 
as larvas, afetando a viabilidade dos adultos e a fecundidade das fêmeas. A 
moxidectina é o único composto que não apresenta ação letal contra larvas,besouros 
adultos e não altera a fecundidade das fêmeas. 
 A estratégia de tratar os animais durante os períodos de seca, muito utilizada no 
Centro-Oeste do Brasil, prejudica enormemente a importante e frágil diversidade da 
fauna que habita o bolo fecal. Por exemplo, no período, os besouros já estão em menor 
número e tem uma baixa atividade reprodutiva. 
 Para se ter uma noção do impacto ambiental, um animal de 400 kg necessita de 
8 ml de ivermectina 1%. Se utilizado quatro vezes ao ano, isto representa 0,32g 
IVM/ano/animal. Sabendo que existem aproximadamente 70 milhões de animais que 
usam este princípio ativo, se terá um consumo aproximado de 22.400 kg/IVM/ano no 
Brasil. Como 65% deste composto é eliminado de forma inalterada nas fezes, chega-se 
ao total de 15 toneladas do composto ativo no meio ambiente/ano. Os dados relativos a 
esta alta eliminação são desconhecidos e podem gerar graves conseqüências para 
todo o ecossistema. 
 
 
 
 
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Técnicas de controle químicas e não-químicas: outra s opções 
� Novas fórmulas de produtos antiparasitários: Utilização de antiparasitários em 
forma de bolus é uma alternativa que não teve grande êxito no Brasil por se 
tratar de uma tecnologia cara para as nossas condições de campo. Os 
produtores teriam que utilizar vários Bolus durante a vida produtiva do animal o 
que encareceria muito o produto final. 
� Controle biológico com fungos ou bactérias nematófagas: O controle biológico de 
pragas vem ganhando muito destaque, utilizando agentes como fungos, 
bactérias e insetos, para combater os mais variados organismos. Embora em 
fase de teste por grupos do mundo inteiro, já se podem encontrar alternativas 
viáveis para o controle parasitário. 
� Vacinas: Nada poderia ser mais bem recebido do que uma vacina eficaz para o 
amplo controle de helmintos. Porém a eficácia das vacinas testadas desagrada à 
opinião científica. A única vacina que foi desenvolvida com algum sucesso contra 
helmintos em Medicina Veterinária foi obtida através de larvas irradiadas contra 
Dictyocaulus viviparus, ao D. filaria e ao Ancylostomum caninum. 
� Seleção genética do hospedeiro: A seleção de hospedeiros geneticamente 
resistentes aos parasitas tem grande potencial para ser outra valiosa alternativa. 
A resistência do hospedeiro provavelmente opera de dois modos: (1) através de 
reações imunológicas ou (2) através da obtenção de indivíduos resilientes a 
infecção, que significa que estes animais devem possuir aptidão em compensar 
os danos causados pela ação parasitária. O maior fator limitante neste caso é 
determinar um método de seleção de animais resistentes que não os exponha a 
doses de infecção parasitária letais. Mesmo após 20 anos de pesquisas nesta 
área, não se dispõe de material suficiente para difusão desta tecnologia. Isto é 
decorrente da grande variabilidade em termos da transmissão desta 
característica genética para os descendentes. O problema encontrado pelos 
 
 
 
Reprodução parcial ou total apenas sob autorização da AgriPoint Consultoria Ltda. 
 
 
 
 
 
Curso Online: Controle parasitário em ovinos e 
caprinos 
 
pesquisadores é a baixa associação das características de ganho de peso ou 
produção de leite com a resistência contra o ataque de parasitas. 
� Manejo de pastagens: Deve-se evitar a superpopulação nos piquetes, pois 
quando isto ocorre os animais irão pastar até as partes mais baixas do capim, 
aumentando a taxa de contaminação, devido a maior presença das larvas. 
� Controle com homeopatia: Embora os resultados ainda sejam inconsistentes, o 
uso de medicação homeopática tem atraído pesquisadores e produtores no 
Brasil e no mundo. 
� Controle com fitoterápicos: A fitoterapia apresenta um ramo promissor para as 
pesquisas e tem potencial para participar ativamente em programas de controle 
parasitário. A utilização da fitoterapia deve ser aceita de forma gradual, sem 
eufemismos ou falsas expectativas. 
 
Conclusão: revendo conceitos para a preservação da refugia 
Como foi detalhado neste módulo o produtor deve dar preferência ao tratamento 
seletivo dos animais observando os sinais clínicos ou queda na produtividade. O 
técnico deve observar o escore corporal, manifestações clínicas (diarréia, anemia) e os 
índices produtivos. Para isto foram desenvolvidas técnicas que darão suporte as novas 
propostas de manejo. 
Outra forma de manter a população com carácter susceptível é a manutenção dos 
animais em pastagens contaminadas. Pode-se então manter os animais nas pastagens 
de origem ou então tratar os animais somente após a transferência para novas áreas. 
O técnico deve adotar a premissa de que a erradicação dos parasitas é inviável, 
devido ao efeito da resistência e a adaptabilidade nas nossas reigões. Para isto, deve-
se adotar outras formas de controle parasitário, aliado a diminuição do uso de produtos 
químicos, visando a sustentabilidade dos programas sanitários, mantendo os índices 
zootécnicos na produção animal.

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