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Gestão da Produção em Foco volume 40

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Prévia do material em texto

Editora Poisson 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gestão da Produção em Foco 
Volume 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
Poisson 
2020 
 
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade 
 
Conselho Editorial 
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais 
Ms. Davilson Eduardo Andrade 
Dra. Elizângela de Jesus Oliveira – Universidade Federal do Amazonas 
MS. Fabiane dos Santos 
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia 
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais 
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC 
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy 
Ms. Valdiney Alves de Oliveira – Universidade Federal de Uberlândia 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
G393 
Gestão da Produção em Foco - Volume 40/ 
 Organização Editora Poisson – Belo 
 Horizonte - MG: Poisson, 2020 
 
 
 Formato: PDF 
 ISBN: 978-85-7042-212-5 
 DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5 
 
 Modo de acesso: World Wide Web 
 Inclui bibliografia 
 
1. Gestão 2. Produção. 3. I. Título. 
 
 
 
CDD-658 
 
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de 
responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores. 
 
 
Baixe outros títulos gratuitamente em www.poisson.com.br 
contato@poisson.com.br 
 
 
 
http://www.poisson.com.br/
mailto:contato@poisson.com.br
 
 
SUMÁRIO 
Capítulo 1: A influência da crise econômica do Brasil (2014-2017) na arrecadação de 
impostos do Estado do Ceará................................................................................................................ 7 
José de Figueiredo Belém, Ramon Suassuna dos Santos 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.01 
Capítulo 2: Condições que influenciam a participação de gestores em cursos 
corporativos públicos - O caso do poder judiciário .................................................................... 16 
Daiane da Silva Algarves Castelo Branco, Márcia Terra da Silva, Jorge Luiz de Macedo, Luis Antonio Mendes 
de Mesquita Araujo, Yuri Cláudio Cordeiro de Lima 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.02 
Capítulo 3: Desempenho das Entidades do Terceiro Setor: Uma revisão sistemática 23 
Carlos Fernando Jung, Daniel Luciano Gevehr, Diogo da Silva Corrêa 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.03 
Capítulo 4: O gestor da incubadora de empresas como agente propulsor do 
empreendedorismo e da inovação ..................................................................................................... 43 
Thiago Alves da Silva, Ana Cláudia Fernandes Terence 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.04 
Capítulo 5: Os canais para distribuição do jerked beef paulista: Uma evolução da cadeia
 ............................................................................................................................................................................ 51 
Bruna Caroline Pinto, Shirley Martins Menezes, Carmen Josefina Contreras Castillo 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.05 
Capítulo 6: Estudo de viabilidade para instalação de um sistema de ventilação por 
circuito fechado para motores de laminação ................................................................................. 55 
Eliane da Silva Christo, Leandro Fagner Pereira, Marcelo Miquilino de Souza, Rafael de Moura Marques, 
Sebastião José de Andrade 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.06 
Capítulo 7: Uma abordagem baseada em filas dependentes do tempo para tratar um 
sistema de atendimento emergencial: O caso do SAMU de Ouro Preto e Mariana ....... 65 
Arthur Piassi Dias de Castro, Lásara Fabrícia Rodrigues, Ramon Sávio Moreira Lopes, Helton Cristiano 
Gomes, Cristiano Luís Turbino de França e Silva 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.07 
Capítulo 8: Planejamento otimizado do cultivo da cana-de-açúcar e da cana-energia 
para a produção de sacarose e fibra .................................................................................................. 74 
Gilmar Tolentino, Antônio Roberto Balbo, Sônia Cristina Poltroniere, Helenice de Oliveira Florentino 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.08 
 
 
SUMÁRIO 
Capítulo 9: Aplicação de técnicas de aprendizado de máquina na modelagem da fração 
de produtos não conformes de um processo produtivo ........................................................... 84 
Simone Massulini Acosta, Anderson Levati Amoroso, Ângelo Márcio Oliveira Sant’Anna 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.09 
Capítulo 10: Modelo de avaliação de tecnologias para a indústria 4.0 aplicadas em 
manutenção preditiva .............................................................................................................................. 95 
Álvaro dos Santos Justos, Luiz Felipe Pierin Ramos, Eduardo de Freitas Rocha Loures, Fernando 
Deschamps 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.10 
Capítulo 11: Estudo da acessibilidade física em escolas de referência do Ensino Médio
 ............................................................................................................................................................................ 104 
Bruna Pragana Valadares de Souza Rabelo, Larissa Cristine Melo Silva, Bianca Maria Vasconcelos 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.11 
Capítulo 12: MOUB – Desenvolvimento de aplicativo de mobilidade urbana ............... 120 
Dassaevy Oliveira de Santana 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.12 
Capítulo 13: Desafios na customização de Sistemas ERP às necessidades organizacionais
 ............................................................................................................................................................................ 127 
Ercilia de Stefano, Giovane Hammes Vieira, Yves Martins Brasiliense 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.13 
Capítulo 14: BDAgro: Sistema de gerenciamento dos dados do agronegócio do 
Município de Itacoatiara/Amazonas ................................................................................................. 135 
Sandro da Cruz Maruxo, Fabiane Aparecida Santos Clemente, Vandermi Joao da Silva 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.14 
Capítulo 15: Utilização de resíduos alimentares em processos biotecnológicos como 
perspectiva de fonte de energia e redução do impacto ambiental ....................................... 146 
Marcio Ronald Sella, Arthur Ribeiro Torrecilhas, Melina Aparecida Plastina Cardoso, Marcia Lopes de 
Moraes Sella, Rafael Misael Vedovatte 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.15 
Capítulo 16: Economia circular na sociedade 4.0 ...................................................................... 159 
Ercilia de Stefano, Fátima Regina Neves Lima, Laíssa Monteiro Raposo, Sara Monaliza Sousa Nogueira, 
Victória Santos de Jesus 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.16 
 
 
SUMÁRIO 
Capítulo 17: Análise de práticas de sustentabilidade em uma fábrica de calçados 
veganos à luz do Triple Bottom Line .................................................................................................. 168 
Ana Paula Taveira Alves, Adriana Figueiredo Moraes de Abreu, Aline Lucas Ravagnani, Paulo Renato 
Pakes, Brena Bezerra Silva 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.17 
Capítulo 18: Produção de sabão como uma solução sustentável para o 
reaproveitamento do óleo de peixe em Itacoatiara-AM ........................................................... 176 
Jessé Garganta da Silva Domingues, Rute Holanda Lopes, Maria Francisca Silva Bastos, Kátia Viana 
Cavalcante, Suelânia Cristina Gonzaga de Figueiredo, Pablo Steven Rodrigues Rios 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.18 
Capítulo 19: Resíduos sólidos e descarte do lixo hospitalar: Um risco à saúde do 
trabalhador ................................................................................................................................................... 186 
Karina Araújo Milagres 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.19Capítulo 20: As estereotipagens do processo de envelhecer e suas relações com a 
cultura organizacional ............................................................................................................................. 195 
Ana Luiza Blanco, Celeste José Zanon 
DOI: 10.36229/978-85-7042-212-5.CAP.20 
Autores: ......................................................................................................................................................... 205 
 
 
 
 
Gestão da Produção em Foco– Volume 40 
 
 
 
 
7 
Capítulo 1 
 
A influência da crise econômica do Brasil (2014-2017) 
na arrecadação de impostos do Estado do Ceará 
 
José de Figueiredo Belém 
Ramon Suassuna dos Santos 
 
Resumo: De uma crise política que teve início em meados de 2014, originou-se uma crise 
econômica e fiscal, ou seria o contrário? Não existe consenso. No entanto, um fato é 
inquestionável: esse cenário trouxe sérios problemas financeiros para alguns entes 
federativos. Dessa forma, o trabalho tem como objetivo geral analisar a influência da 
crise econômica na arrecadação de impostos do Estado do Ceará. Com esse intuito, 
utilizou-se de uma pesquisa descritiva com uma abordagem quanti- qualitativa. Por meio 
de uma análise documental no sítio da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará 
(SEFAZ), identificou-se a arrecadação de impostos do período 2013-2018. Entre os 
principais resultados obtidos, tem-se que todos os impostos apresentaram tendência de 
alta, no entanto, o ICMS e o IPVA apresentam redução do ritmo de crescimento. Por 
outro lado, o ITCMD sofreu forte influência no período, apresentando alta de 750% em 
2016. Portanto, identifica-se que o ITCDD foi o imposto mais influenciado pela crise 
econômica, como também foi utilizado como uma das medidas governamentais para 
compensar a diminuição do ritmo de crescimento dos demais impostos. 
 
Palavras Chave: Finanças, Tributos, Economia. 
 
Gestão da Produção em Foco– Volume 40 
 
 
 
 
8 
1. INTRODUÇÃO 
De uma crise política que teve início em meados de 2014, originou-se uma crise económica e fiscal, ou 
seria o contrário? Não existe consenso. No entanto, um fato é inquestionável: esse cenário trouxe sérios 
problemas financeiros para alguns entes federativos. O aumento constante do gasto público sem a devida 
cobertura financeira foi uma das principais causas do descontrole orçamentário. O governo, então, viu-se 
diante de duas alternativas: diminuição de despesas ou aumento de receitas. 
Diante desse cenário, faz-se necessário identificar de que forma essa crise impactou o estado do Ceará. 
Assim, surge a seguinte pergunta: qual foi a influência da crise econômica nas receitas de impostos do 
Estado do Ceará? 
Com esse intuito, este trabalho tem como objetivo geral, analisar a influência da crise econômica na 
arrecadação de impostos do Estado do Ceará por meio de métodos estatísticos. Já como objetivos 
específicos, tem-se que definir tributo, descrever as espécies de impostos estaduais, verificar a tendência 
da arrecadação de impostos, identificar qual espécie de imposto foi mais influenciada pela crise e mostra 
que medidas foram tomadas em resposta à crise. 
O interesse por essa pesquisa manifestou-se no sentido de entender como a crise econômica afetou o 
estado do Ceará sob a perspectiva tributária. Ademais, será de suma importância para a sociedade, pois 
possibilita a identificação de quais espécies de impostos são mais afetadas, possibilitando às pessoas se 
anteciparem a possíveis aumentos da carga tributária como forma de compensação para frear a queda de 
arrecadação. Por último, servirá de suporte para novos estudos sobre a temática, permitindo comparações 
e relacionamentos entre crises econômicas de períodos distintos e seus reflexos na arrecadação de 
impostos dos diferentes entes políticos. 
Para tanto, levantamento bibliográfico em livros, sites e artigos para construir o referencial teórico do 
trabalho. Posteriormente, a pesquisa torna-se descritiva, com uma abordagem quanti-qualitativa, a qual se 
dá por uma análise documental no sítio da Secretaria da Fazenda do Estados do Ceará (SEFAZ) entre 
fevereiro e abril de 2019, quando se selecionou dados sobre a arrecadação de impostos do estado do Ceará 
de 2013 a 2018. 
 
2. CONCEITO DE TRIBUTO 
O art. 3° do Código Tributário Nacional traz definição de tributo da seguinte forma: Tributo é toda 
prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua 
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
O tributo é compulsório, sendo portando uma prestação imposta pela Estado no uso de poder de império – 
não sendo possível que o contribuinte se esquive da obrigatoriedade de contribuir. "Em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir”, ou seja, pode ser expresso em moeda. Também interessa saber que que, em 
se tratando de “sanção de ato ilícito”, quer dizer que o tributo não pode ser cobrado como forma de 
penalização por condutos proibidas em lei. O tributo só poderá ser criado mediante lei complementar, 
ordinária, ou medida provisória e de “forma vinculada”, sem qualquer grau de discricionariedade ao 
administrador. (ALEXANDRE, 2014, pág.14) 
O tributo é um gênero que engloba várias espécies. A doutrina entende que existem cinco tipos 
fundamentais de tributos, delineando assim a chamada teoria pentapartite. Mas, a Constituição Federal 
elenca apenas três espécies no seu artigo 145, inc. I, II, III, que são: os impostos, as taxas e as contribuições 
de melhorias 
Para Sabbag (2012), o texto da constituição sugere que o ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria 
tripartite. No entanto, na década de oitenta e noventa, surgiram os Empréstimos Compulsórios e as 
Contribuições Especiais, estes previstos nos artigos 148 e 149 da Carta Política. Sendo assim, o Supremo 
Tribunal Federal firmou entendimento quanto a existência de cinco espécies tributárias (teoria 
pentapartite). 
 
Gestão da Produção em Foco– Volume 40 
 
 
 
 
9 
2.1. ESPÉCIES DE TRIBUTOS 
2.1.2. IMPOSTOS 
Os impostos incidem sobre a riqueza do contribuinte, geralmente onerando mais quem tem maior renda. 
Segundo Ricardo Alexandre (2014), "o imposto se sustenta sobre a ideia da solidariedade social". Os 
recursos revertidos para a sociedade são advindos dos impostos pagos ao Estado. Vale destacar que os 
tributos não são vinculados, ou seja, sua arrecadação não é direcionada a um fim específico, suas receitas, 
portanto, são aplicadas nas atividades gerais do Estado, o seu fato gerador independe de qualquer 
atividade específica do estado, conforme o art. 16 CTN. 
 
2.1.3. TAXAS 
Diferentemente dos impostos, a taxa é atrelada a algum tipo de serviço ou ação do estado, sendo assim, o 
seu fato gerador está ligado a um ato específico da administração pública prestado ao contribuinte e 
geralmente posto a sua disposição. Vale destacar que o ente competente para instituir e cobrar 
determinada taxa é quem presta o serviço ou quem exerce o respectivo poder de polícia. (ALEXANDRE, 
2014) 
Importante se faz compreender que as taxas se diferem das tarifas, segundo Sabbag (2012)“a tarifa 
(espécie de preço público), pode ser conceituada como preço de venda do bem, exigido por empresas 
prestadoras de serviços públicos (concessionárias e permissionárias), como se comum vendedoras 
fossem”. Desta forma, as taxas são compulsórias, mas as tarifas serão pagas somente se o contribuindo 
desejar obter determinado serviço público oferecido – configurando aí, portanto, uma relação comercial. 
 
2.1.4. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 
A contribuição de melhoria tem como fato gerador uma situação peculiar: valorização imobiliária 
decorrente da execução de uma obra pública. Se qualquer ente federativo realizar determinada obra 
pública e, além disso, proporcionar valorização imobiliária para particulares, poderá ser cobrada essa 
espécie tributária. (MACHADO SEGUNDO,2018) 
Harada (2018) afirma que a exigência desse tributo decorre da aplicação do princípio da equidade, pois 
não é correto que toda a sociedade suporte um custo que beneficia diretamente pessoas específicas. No 
entanto, há grande dificuldade em delimitar a área que se beneficia da construção, o que justifica a não 
cobrança dessa exação pela maioria dos entes da federação. 
 
2.1.5. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO 
Segundo Paulsen (2018), empréstimo compulsórios são tributos constitucionalmente vinculados a 
determinado objetivo: gerar receitas para combater uma situação de calamidade, guerra externa ou 
investimento relevante e urgente. Paulsen (2018) ainda explicita uma característica exclusiva dessa 
espécie que é a obrigatoriedade de posterior devolução do valor arrecado aos contribuientes. 
Harada (2018) complementa ao dizer que só a União por meio de lei complementar pode instituir tal 
tributo e apenas nas hipóteses taxativamente previstas na Constituição. 
 
2.1.6. CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS 
Existem situações que o Estado age em relação a determinados grupos. Não se está falando de ações gerais 
custeadas por impostos nem tampouco de ações específicas e divisíveis suportadas por taxas, mas sim de 
esforços voltados a finalidades específicas de determinados grupos de contribuintes. São esses que 
custearam esses esforços por meio de contribuições. (PAULSEN, 2018) 
Ainda de acordo com Paulsen (2018), essas contribuições são subdivididas em quatro tipos: sociais, de 
intervenção no domínio econômico, de interesse de categorias profissionais ou econômicas e de 
iluminação pública. No entanto, não cabe nos aprofundar nesses conceitos neste estudo. 
 
Gestão da Produção em Foco– Volume 40 
 
 
 
 
10 
2.2. IMPOSTOS ESTADUAIS 
A Constituição Federal, como já é sabido, não cria nenhuma espécie tributária, mas apenas atribui 
competência para que os entes federados exerçam a criação. Assim também acontece com as demais 
normas de caráter geral (CTN e leis complementares). Dessa forma, a finalidade desses veículos 
legislativos é trazer certeza e segurança ao ordenamento jurídico no que tange à matéria tributária. 
(MACHADO SEGUNDO, 2018) 
Dessa forma, a Carta Magna estabelece competências tributárias federais, estaduais e municipais no que se 
refere aos impostos. 
 
2.2.1. IMPOSTO SOBE TRANSMISSÃO CAUSA ORTIS E DOAÇÃO DE QUAISQUER BENS OU DIREITOS – 
ITCMD 
Consoante o art.35 do CTN, o fato gerador é a própria transmissão dos bens e direitos por morte ou 
doação. De acordo com Machado Segundo (2018), transmissão nada mais é do que a troca da propriedade 
do bem ou direito. 
Segundo o art. 38 do CTN, a base de cálculo do ITCMD é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos. 
Conforme Harada (2018), é aceito como valor venal aquele usado para se calcular o IPTU ou, no caso de 
área rural, o valor fundiário usado no ITR. Já Machado Segundo (2018), de forma mais simplista, diz-se 
que valor venal é o mesmo que valor de “mercado” dos bens. 
No que tange aos contribuintes, o art. 42 do CTN define que é qualquer uma das partes na operação, 
conforme definir a lei do ente federado. Evidentemente, Machado Segundo (2018) afirma que, no caso de 
causa mortis, o contribuinte terá que ser o legatário(legado) ou o herdeiro(herança) e, no caso de doação, 
o doador (quem faz a doação) ou o donatário (quem recebe a doação). 
Em relação às alíquotas, a Constituição Federal estabelece que o Senado Federal determinará as alíquotas 
máximas que os Estados terão que observar. Assim, Harada (2018), Machado Segundo (2018) e Novais 
(2018) convergem ao afirmar que os Estados estabelecerão suas alíquotas livremente, desde que 
observado o teto máximo definido por Resolução do Senado Federal. 
 
2.2.2. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES RELATIVAS À CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SOBRE 
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE 
COMUNICAÇÃO –ICMS 
Em razão de sua vasta legislação que o regulamenta, como a própria Constituição Federal, lei 
complementar, convênios entre os estados (CONFAZ), leis instituidoras em cada Estado e seus respectivos 
regulamentos, o ICMS é considerado um dos impostos mais complexos do sistema tributário nacional. 
(PAULSEN, 2018) 
Com o advento da Constituição de 1988, o antigo ICM se transformou em ICMS, absorvendo os serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, que eram de competência federal. Por isso, 
sua abrangência ficou muito amplificada. (HARADA, 2018) 
Paulsen (2018) exemplifica aos diversos fatos geradores que justificam a cobrança do ICMS, conforme 
quadro abaixo: 
 
Quadro 1 – Fatos geradores do ICMS. 
Fatos Geradores relacionados a bens e mercadorias Fatos Geradores relacionados a serviços 
Operações de circulação de mercadorias 
Prestações de serviços de transporte 
interestadual e intermunicipal 
Operações mistas de circulação de mercadorias e 
prestações de serviços não compreendidos na 
competência tributária dos Municípios 
Prestações de serviços de comunicação 
Importação de bens e mercadorias Importação de serviços 
Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. 
 
Gestão da Produção em Foco– Volume 40 
 
 
 
 
11 
Com relação às bases de cálculo, a Lei Complementar nº 87 de 1996 define como sendo o valor da 
mercadoria ou o valor da prestação de serviços, nos casos de transporte intermunicipal ou interestadual, 
ou de comunicação. 
As alíquotas são as mais variadas devido à quantidade de fatos geradores existentes para esse imposto e a 
quantidade de estados envolvidos. Dessa forma, a Constituição Federal deixou a cargo do Senado a 
competência para definir alíquotas mínimas e máximas, bem como ela mesma define regras em relação ao 
cálculo da alíquota. (CASSONE,2018) 
Por fim, contribuinte é aquele que promove a saída de mercadorias ou o prestador de serviços de 
comunicação ou de transporte intermunicipal e interestadual. (CASSONE,2018) 
 
2.2.3. IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES – IPVA 
A Constituição Federal (CF) atribui competências aos estados para instituir o IPVA. Propriedade é ter 
direito real por excelência, o mais extenso possível, que compreende os poderes de usar e dispor. Já 
veículos automotores são as coisas movidas a motor de propulsão com o objetivo de transportar pessoas 
ou coisas e que não sejam aviões ou embarcações. (PAULSEN,2018) 
Segundo Harada (2018), o fato gerador do IPVA é ser proprietário de veículo automotor de qualquer 
espécie, conforme definição dada pelo Código Brasileiro de Trânsito. O fato gerador considera-se ocorrido 
para veículos novos na data da aquisição e para veículos usados no dia 1 de janeiro de cada ano. 
No que tange à base de cálculo, Harada (2018) também é bem objetivo ao apontar o valor de mercado 
como base do referido imposto. O Poder Executivo divulgará tabela com valor de mercado dividida por 
marca, modelo, espécie e ano de fabricação, contudo, não tem caráter absoluto. 
Ademais, de acordo com Paulsen (2018), contribuinte é o próprio proprietário do veículo automotor ou o 
devedor fiduciário na alienação fiduciária. Por outro lado, em referências às alíquotas, o Senado Federal 
fixou-as em um patamar mínimo com o intuito de frear a guerra fiscal entre os estados. No entanto, é 
permitida a diferenciação de alíquotas em razão do uso e utilização do veículo. (HARADA, 2018) 
 
4. A CRISE ECONÔMICA NO BRASIL (2014 – 2017) 
A economia brasileira encontra-se formalmente em recessão desde o segundo trimestre de 2014, segundo 
o Comitê de Datação do Ciclo Econômico (CODACE) da Fundação Getúlio Vargas (BARBOSA FILHO, 2017). 
Essa recessão tem como causa o choque entre demanda e oferta, na maioria das vezes por opções erradas 
de determinadas políticas públicas que puxaram para baixo a aptidão de crescimento da economia do 
Brasil e ocasionaram um custo fiscal alto. Esse choque teve origem políticas econômicas que não deveriam 
ter sido implementadas, principalmente no período da Nova Matriz Econômica - NME(BARBOSA 
FILHO,2017).Em 2011/2012, com a NME como guia, o Brasil interferiu fortemente na economia com redução de taxa de 
juros e alto custo fiscal decorrente de investimentos, subsídios e intervenção de preços. No entanto, a 
redução da taxa de juros ocasionou inflação elevada e redução da credibilidade do Banco Central. O alto 
investimento e subsídios utilizaram dinheiro público de forma exacerbada e até ocasionaram aumento da 
taxa doméstica de investimento, contudo, não produziram crescimento econômico, e sim redução da 
produtividade dos fatores. O controle de preços afetou diretamente a Petrobrás e outra empresas do setor 
enérgico, que vendiam o seu produto abaixo do preço de mercado, acarretando diminuição do caixa, 
elevação do endividamento e aumento do custo da captação. (BARBOSA FILHO,2017) 
Todas essas decisões erradas trouxeram endividamento acelerado, redução do Produto Interno Bruto 
(PIB) e aumento do risco país nesse período. 
 
5. METODOLOGIA 
Utilizou-se uma pesquisa exploratória, através de levantamento bibliográfico em livros, sites e artigos para 
os construtos teóricos. 
 
Gestão da Produção em Foco– Volume 40 
 
 
 
 
12 
Após construção do referencial, a pesquisa torna-se descritiva, com uma abordagem quanti-qualitativa 
que é conhecida por utilizar em conjunto as abordagens quantitativa e qualitativa ao contrário de 
excludentes de acordo (MALHOTA, 2011) E (LEVILLE & DIONNE (1999) 
Segundo Ribas e Fonseca (2008), pesquisa descritiva caracteriza-se por demonstrar uma circunstância da 
forma que se apresenta, compreendendo-a e elucidando-a por meio da análise e observação de fatos ou 
fenômenos. É tomar conhecimento do que ocorre sem interferir no ocorrido. 
Por fim, realizou-se uma análise documental no sítio da Secretaria da Fazenda do Estados do Ceará 
(SEFAZ) entre fevereiro e abril de 2019, quando selecionou-se dados sobre a arrecadação de impostos do 
estado do Ceará de 2013 a 2018. 
Conforme Lakatos e Marconi (2003), na pesquisa documental, a coleta de dados é feita apenas em 
documentos escritos ou eletrônicos, os quais são considerados fontes primárias. 
 
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 
A SEFAZ-CE (Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará) disponibiliza no seu sítio na internet, dados da 
arrecadação de impostos do Estado do Ceará. Os dados foram organizados e apresentados por meio de 
métodos estatísticos com a finalidade de atingir os objetivos da pesquisa. 
 
Tabela 1 – Valores dos impostos arrecadados no Estado do Ceará. 
ANO IPVA ICMS ITCMD 
2013 R$510.711.567,72 R$8.565.578.586,25 R$59.510.672,61 
2014 R$575.958.102,34 R$9.350.981.088,13 R$56.413.035,34 
2015 R$646.045.462,61 R$9.746.022.528,60 R$76.945.942,68 
2016 R$694.229.617,53 R$10.341.955.635,43 R$652.250.084,59 
2017 R$817.484.851,26 R$11.193.454.804,07 R$92.833.297,84 
2018 R$847.341.222,21 R$10.507.384.425,64 R$136.910.136,91 
Fonte: Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará - SEFAZ, 2019. 
 
A tabela 1 apresenta os valores utilizados para a análise estatística. Percebe-se que se utilizou de valores 
do período da crise econômica (2014-2017), bem como de valores de um ano antes e um ano após a crise, 
com o intuito de identificar se o comportamento da arrecadação mudou durante esse período em 
comparação com anos de estabilidade econômica. 
 
Gráfico 1 – Evolução da arrecadação no período 2013-2018. 
Fonte: Pesquisa, 2019. 
 
 
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13 
Em análise ao gráfico 1, identifica-se que tanto o ICMS quanto o IPVA mantiveram tendências de 
crescimento durante o período, todavia, percebe-se um crescimento em menor ritmo em relação ao IPVA. 
Por outro lado, o ITCMD apresentou mudança brusca de crescimento no de 2016, em meio a crise 
econômica, e uma posterior queda acentuada em 2017, último ano da crise econômica. 
Dessa forma, percebe-se que a crise econômica afetou diretamente o comportamento da arrecadação do 
ITCMD, proporcionando um incremento considerável de arrecadação em 2016, com posterior retorno à 
arrecadação costumeira em 2017. 
Esse incremento de recursos advindos do ITCMD pode ser explicado pela elevação de suas alíquotas pelo 
estado do Ceará para o teto máximo permitido de 8%, juntando-se a outros 12 estados da federação que 
fizeram o mesmo, conforme explicitou Corrêa (2017), em matéria publicada no sítio de O Globo. Ainda 
segundo a matéria, tal artifício foi usado para compensar a queda de arrecadação proveniente do ICMS. 
 
Gráfico 2 – Variação percentual do período 2013 – 2018. 
Fonte: Pesquisa, 2019. 
 
Em uma análise apurada do gráfico 2, percebe-se que o ITCMD foi o imposto que teve mais oscilação 
durante o período da crise econômica (2014-2017). Em 2015, percebe-se um aumento de 36,39% em 
relação ao ano anterior. Em 2016, constatou-se um aumento abrupto da arrecadação em 747% em relação 
ao ano anterior, devido ao estímulo oferecido pelo governo para regularização das doações e dos 
inventários que estavam pendentes em todo o estado. No entanto, em 2017, último ano da crise, houve 
retração do crescimento, com uma queda de 85,76%. 
Dessa forma, o gráfico 2, que apresenta o crescimento em termos relativos complementa o gráfico 1, que 
apresenta o crescimento em termos absolutos. Além do mais, explicita de maneira ainda mais clara que o 
estado do Ceará utilizou o ITCMD como instrumento de recuperação de recursos que deixaram de ser 
arrecadados com a crise econômica, como afirmou Côrrea (2017). 
 
Gráfico 3 – Variação percentual do ICMS no período 2013-2018. 
Fonte: Pesquisa, 2019. 
 
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14 
O gráfico 3 demonstra que, apesar da tendência de crescimento apresentada durante a crise econômica, 
houve diminuição do percentual de crescimento, atingindo o menor patamar em 2015, com 4,22% em 
relação ao ano anterior. Isso acarreta diminuição significativa de recursos, comparados com expectativas e 
projeções baseadas em cenários econômicos estáveis ou em crescimento. 
Para tanto, basta que se observe o gráfico 1 e a tabela 1 para identificar que o ICMS é o imposto com maior 
arrecadação no estado do Ceará e que, por conseguinte, qualquer diminuição em seu padrão de 
crescimento proporciona grande volume de perda de receitas, o que compromete seriamente o 
planejamento financeiro do ente. Corrêa (2017) pontua ainda que a queda do ICMS tem como causa a 
diminuição de consumo em tempos econômicos difíceis. 
 
Gráfico 4 – Variação percentual do IPVA no período 2013-2018. 
Fonte: Pesquisa, 2019. 
 
No gráfico 4, analisa-se o IPVA mais detalhadamente. Apesar da tendência de crescimento demonstrada no 
gráfico 1, houve uma diminuição no ritmo, o que percebe-se ao analisar o período 2014 – 2016, tendo 
7,45% como a menor taxa de crescimento durante a crise econômica. De acordo com o gráfico 1 e a tabela 
1, o IPVA é o segundo imposto com mais arrecadação do estado do Ceará. Assim, essa queda do padrão de 
crescimento causa, ainda que em menor grau em comparação com o ICMS, perda considerável de receitas. 
 
Gráfico 5 – Variação percentual do ITCMD no período 2013-2018. 
Fonte: Pesquisa, 2019. 
 
O gráfico 5 é um detalhamento da visão do gráfico 2 em termos percentuais, corroborando ainda mais o 
ITCMD como instrumento de compensação fiscal em crises econômicas. Oliveira e David (2016) 
enumeram algumas razões para adoção do ITCMD como salvação para alguns estados diante da queda de 
arrecadação de outros impostos: o aumento depende de lei própria do estado, sem qualquer vinculação ou 
dependência com qualquer ente federativo; as sucessões e as doações em geral não tendem a reduzir em 
meio à crise econômicas; e, em comparação aos demais impostos, tem menos repulsa social em relação ao 
seu aumento. 
 
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15 
Por fim, a fiscalização do ITCMD ficou mais eficiente rigorosa. A colaboração entres fiscos estaduais e 
federais ajudou sobremaneira nesse sentido, ocorrendo até excessos, como no caso de se cobraro imposto 
em operações nas quais ele não incide ou limitar benefícios legais em vigor. (OLIVEIRA; DAVID, 2016) 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O objetivo geral foi alcançado, já que se examinou essa arrecadação no período da crise econômica (2014-
2017) delimitada no presente estudo. 
Através da análise, conseguiu-se identificar que todos os impostos (ICMS, IPVA E ITCMD) apresentaram 
tendência de alta no período. Entretanto, essa alta foi em ritmo menor e em percentuais menores para o 
ICMS E IPVA ao passar dos anos da crise econômica, recuperando-se, apenas em 2017. O ITCMD, por outro 
lado, foi o imposto que mais apresentou tendência de crescimento no período, com aumento de 747% em 
2016, com retração de 85,76% em 2017, último ano da crise econômica. Assim, percebe-se que o ITCMD 
foi o imposto mais influenciado pela crise, porque o mesmo foi utilizado como medida governamental em 
resposta à crise, através de incentvos a regularização de doações e aos inventários de patrimônios de 
pessoas já falecidas, compensando a redução da tendência de crescimento do IPVA e, principalmente, do 
ICMS. 
Novas pesquisas devem ser realizadas no intuito de comparar o comportamento dos impostos em crises 
econômicas distintas. 
 
REFERÊNCIAS 
[1] Alexandre, Ricardo. Direito Tributário esquematizado. – 8. Ed. Rev., Atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: Método, 2014. 
[2] Barbosa Filho, Fernando de Holanda. A crise econômica de 2014/2017. Estud. av., São Paulo , v. 31, n. 89, p. 
51-60, Apr. 2017 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40142017000100051&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 03 de fevereiro de 2019. 
[3] Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: 
Centro Gráfico, 1988. 292 p. 
[4] Brasil. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Institui o Código Tributário Nacional. Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, Brasília, 27 out. 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 11 de 
abril 2019. 
[5] Brasil. Lei Complementar nº 87 de 1996. Lei Kandir. Cassone, Vittório. Direito tributário. - 28. ed. – São Paulo 
: Atlas, 2018. 
[6] Côrrea, Marcelo. O Globo, 20 de fev. de 2017. Em crise, estados elevam imposto sobre herança. Disponível 
em: <https://oglobo.globo.com/economia/em-crise-estados-elevam-imposto-sobre-heranca-20950394>. Acesso em: 
03 de mai. de 2019. 
[7] Harada, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. – 27. ed. rev. e atual. – São Paulo: Atlas, 2018. 
[8] Lakatos, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5.ed. São Paulo: 
Atlas, 2003. 
[9] Machado Segundo, Hugo de Brito. Manual de direito tributário. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Atlas, 
2018. 
[10] Novais, Rafael. Direito tributário facilitado. – 3. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
Método, 2018. 
[11] Oliveira, Matheus Bueno de; David, José Mario Neves. PVG, 11 de ago. de 2016. A crise aumentará a carga 
fiscal? Para o ITCMD, o movimento já começou. Disponível em: <https://www.pvg.com.br/pvg-mais/o-itcmd-e-
recessao-alteracoes-no-imposto-e-os-impactos-sucessorios-e-patrimoniais>. Acesso em: 03 de maio de 2019. 
[12] Oliveira, Maxwell Ferreira de. Metodologia científica: um manual para a realização de pesquisas em 
Administração. Catalão: UFG, 2011. Disponível em: 
<https://adm.catalao.ufg.br/up/567/o/Manual_de_metodologia_cientifica_-_Prof_Maxwell.pdf >. Acesso em: 28 de 
abr. de 2019. 
[13] Paulsen, Leandro. Curso de direito tributário completo –8.ed.– São Paulo: Saraiva, 2017. 
[14] Ribas, Cíntia Cargnin Cavalheiro; FONSECA, Regina Célia Veiga da. Manual de Metodologia. Curitiba: OPET, 
2008. Disponível em: <http://www.opet.com.br/biblioteca/PDF's/Manual_de_MET_Jun_2011.pdf> Acessado em: 17 
de mar. de 2019. 
[15] Sabbag, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 4. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. 
[16] Sefaz. Arrecadação total do estado do Ceará. 2019. Disponível em: 
<https://www.sefaz.ce.gov.br/arrecadacao-total/>. Acesso em: 03 de fev. de 2019. 
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16 
Capítulo 2 
 
Condições que influenciam a participação de gestores 
em cursos corporativos públicos - O caso do poder 
judiciário 
 
Daiane da Silva Algarves Castelo Branco 
Márcia Terra da Silva 
Jorge Luiz de Macedo 
Luis Antonio Mendes de Mesquita Araujo 
Yuri Cláudio Cordeiro de Lima 
 
Resumo: Atualmente, existe uma preocupação crescente das organizações públicas e 
privadas quanto à capacitação de seus funcionários, porém verifica-se uma certa 
dificuldade dos gestores em participar das referidas capacitações. Alinhado a isso, a 
reestruturação do poder judiciário introduzida pela emenda constitucional n° 45/2004 
tornou obrigatória a capacitação de magistrados, neste contexto se destaca o papel das 
escolas de magistratura no planejamento e gestão dessas formações. Este artigo procura 
analisar os fatores que influenciam a participação de gestores em cursos de capacitação 
no contexto corporativo. O estudo se desenvolveu através de pesquisa bibliográfica, a 
partir de artigos com entrevistas de magistrados, que aponta algumas fragilidades na 
forma como é ofertada a capacitação de magistrados das escolas de magistratura, 
indicando a necessidade de se estabelecer um planejamento de capacitação, haja vista 
que toda a sociedade depende da segurança e da qualidade das decisões judiciais. 
 
Palavras-chaves: Formação; Gestão; corporativo público. 
 
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17 
1. INTRODUÇÃO 
De acordo com o Ministério do Progresso, Indústria e Comércio Exterior, a capacitação no ambiente 
corporativo não é apenas qualificação de mão-de-obra. Refere-se à execução coordenada de gestão de 
recursos humanos e gestão do conhecimento, na qual as entidades públicas e privadas formam o indivíduo 
para executar melhor suas atividades, tanto na organização, como na vida. 
Santos et al., (2010) destacam que é crescente a conscientização das corporações sobre a relevância da 
educação corporativa na formação inicial e continuada de seus profissionais, reforçando que o 
conhecimento adquirido é de fundamental importância para a organização. 
Atrelado ao que foi dito acima, houve um aumento nas exigências sociais quanto à laboração dos 
magistrados e à legalidade de suas decisões. A sociedade passou a exigir dos seus juízes qualidades que 
vão além da técnica ou do estudo jurídico, e que precisam ser exploradas na formação de magistrado 
fornecida pelas escolas de magistratura. 
Além disso, com a Emenda Constitucional n. 45/04 houve uma tomada de consciência de que o Poder 
Judiciário precisava ser administrado de forma eficiente, afim de conceder justiça, sua finalidade basilar. 
Esse remédio jurídico revelou novas obrigações aos juízes, dentre elas, a de ser Gestor em sua Unidade, 
com o propósito de que ele assegure à sociedade a razoável duração do processo, além de exigir 
aproveitamento em cursos de aperfeiçoamento. Com relação a última exigência, a norma passou a impor a 
participação em Curso Oficial de Formação Inicial para os magistrados se tornarem vitalícios e a 
participação em cursos de Formação de Continuada para fins de promoção por merecimento. 
Para Gonçalves (2015), a preocupação com a formação dos magistrados se deu pelo fato dos cursos de 
Direito não oferecerem conhecimentos e habilidades que preparem o bacharel em Direito para a função 
judicante, tampouco para a atribuição atípicas de gestor das unidades jurisdicionais, cabendo às escolas 
judiciais a formação para esse fim. 
Pelo apresentado, nesta introdução, e considerando a relevância da educação corporativa no ambiente 
público, comprometemo-nos a investigar condições que influenciam a participação de gestores em cursos 
de formação inicial e continuada. 
A pesquisa apresenta uma contribuição uma vez que a análise dos fatores que influenciam gestores 
públicos a participar decapacitações pode auxiliar o trabalho dos envolvidos diretamente no processo de 
implantação e gestão de cursos nas organizações públicas. 
 
2. A REESTRUTURAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO 
O Poder Judiciário percebeu que precisa organizar, coordenar e controlar suas atividades. Essa ideia de 
administração do Poder Judiciário é bem recente, tendo esta necessidade sido revelada pelo que muitos 
denominam de “crise do Poder Judiciário”, representada pelo grande número de demandas que 
permanecem sem solução, pela morosidade resultando no descumprimento reiterado do princípio da 
razoável duração do processo e, o pior, pela descrença que causa na sociedade. 
Visando ajudar o judiciário à sair da crise em que se encontra, foi instituída a Escola Nacional de Formação 
e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), que funciona junto ao STJ. 
A Escola Nacional da Magistratura (Enfam) em conjunto com as demais escolas de magistratura, 
desenvolve o planejamento estratégico para a formação dos magistrados, revelando-se como fórum 
nacional de debates para as escolas regionais e setoriais, buscando o aprimoramento dos sistemas de 
formação de magistrados, além de oferecer cursos de aperfeiçoamento cultural, jurídico e humanístico 
(SALOMÃO, 2006). 
Antes de prosseguir nesta reflexão, não se pode ignorar a importância de pesquisas fundamentais para 
conhecer a magistratura brasileira e as tendências de transformação do Judiciário, entre as quais 
destacam-se aquelas que procuraram traçar o perfil da magistratura brasileira, demonstrando que há uma 
crescente juvenização, conforme constatam pesquisas realizadas por Vianna (1997), Sadek (2006), bem 
como a pesquisa de Leite (2004). 
A preparação para a prestação jurisdicional tem como primeiro e mais importante momento aquele que 
segue o ingresso no cargo, no qual são cunhadas a personalidade e as características do novo juiz. Porém, 
de acordo com Alves (2014), não significa que as Escolas de Magistratura devem negligenciar o seu papel 
vital no aperfeiçoamento dos magistrados que já compõem os quadros da carreira, já que as instituições 
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18 
são obrigadas por exigências constitucionais a capacitar os juízes anualmente, como requisito para o 
vitaliciamento e para a promoção. 
O mito da sabedoria decorrente da aprovação em concurso público precisa ser desconstituído, como se a 
aprovação por si só, garantisse a qualidade dos atos praticados no exercício da função. Os próprios juízes 
definiram que ser juiz vitalício não é só passar por um mero “estágio probatório”, pois além de avaliado, o 
magistrado também está sendo formado e aperfeiçoado, moldando-se, assim, o perfil do juiz que será ao 
longo da carreira. Tal ato reconhece que os magistrados não assumem a função de detentores de toda 
experiência e qualificação que lhes são exigidas quando do exercício da judicatura. 
 
3. PERFIL DOS JUÍZES NOVEL 
De acordo com Gonçalves (2015), avaliar se alguém tem competências e habilidades para exercer a função 
de juiz e está apto para conviver com os poderes que assumirá deve mesmo ser questão que interesse a 
todo cidadão, seja ele magistrado ou não, pois da qualidade dos juízes e de suas virtudes depende a 
proteção dos direitos de todos. 
Uma pesquisa realizada em 2006 pela professora Maria Tereza Sadeck (USP), aponta o perfil dos juízes 
que ingressaram na magistratura brasileira. A pesquisa mostrou que a tendência é o recrutamento dos 
mais jovens, ainda não inseridos completamente no mercado de trabalho, esse fenômeno da 
"juvenilização" é comum em toda a Europa ocidental, como na França, Itália, Portugal, Espanha e 
Alemanha. Segundo a pesquisa os magistrados de primeiro e segundo grau, na proporção de 45% e 54,2%, 
respectivamente, afirmam ser importante a passagem dos futuros juízes pela Escola da Magistratura. 
Muitos magistrados substitutos, ou seja, aqueles que ainda estão em estágio probatório, por tanto não 
vitaliciados, que foram entrevistados naquela pesquisa vislumbram a importância do curso de formação 
inicial de juízes, inclusive reconhecendo um imenso descompasso entre o conteúdo exigido para a 
aprovação nos concursos e o exigido pela prática cotidiana, descompasso que poderia ser diminuído pela 
oferta do curso de formação prévio ao exercício do cargo. 
Sobre as competências que o juiz-gestor deve ter em uma organização, Fleury (2001) delineou da seguinte 
forma: 1- Competências sobre Processos, que trata dos conhecimentos dos processos de trabalho; 2- 
Competências Técnicas, que fazem menção aos conhecimentos específicos sobre o trabalho que deve ser 
realizado; 3- Competências sobre a organização que versa sobre a organização dos fluxos de trabalho; 4- 
Competências de serviço que irá aliar à competência técnica o impacto que o produto ou serviço terá 
sobre o consumidor final e, por fim o item 5- Competências sociais: que se refere ao saber ser, incluindo 
atitudes que sustentem o comportamento dos indivíduos, no qual o autor aponta os seguintes domínios: 
autonomia, responsabilização e comunicação. 
Conforme Freitas (2009), quando o magistrado estiver no papel de administrador deve deixar a toga de 
lado devendo agir como gestor inteirando-se das técnicas modernas de administração pública e 
empresarial, adaptando-se aos recursos tecnológicos, decidindo de maneira ágil e direta, sem a burocracia 
dos processos judiciais, mantendo o bom e corrigindo o ruim, delegar. 
Atualmente percebe-se a necessidade de um magistrado mais humanista, que pensa, pergunta e sugere, 
com conhecimentos multidisciplinares, compreendendo a realidade em que está inserido. Acontece que, 
essas habilidades não fazem parte do currículo dos cursos que formam bacharéis em Direito, cabendo às 
escolas judiciais suprir as lacunas na formação, o que, por certo, contribui para que sejam atingidos os 
objetivos estratégicos do Poder Judiciário (VITOVSKY; BARROS, 2016). 
 
4. O PAPEL DAS ESCOLAS DE MAGISTRATURA NA REESTRUTURAÇÃO DO JUDICIÁRIO 
De acordo com Salomão (2006), as Escolas de Magistratura são instituições relativamente novas, pois nem 
sempre ficou clara a necessidade de formar magistrados, de prepará-los para a atividade que iriam 
desempenhar. A humanidade passou a compreender que o tecnicismo decisório conduz à irracionalidade e 
põe em risco o próprio sistema normativo. Com isso, em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, a primeira 
instituição especificamente destinada à formação de juízes surgiu no Japão, vinculada a Suprema Corte 
daquele país. O I Congresso Internacional de Magistrados, realizado em Roma no ano de 1958, passou a 
recomendar que os países criassem centros de educação judicial, despertando o interesse na problemática 
relacionada à formação dos juízes e configurando importante marco histórico para o desenvolvimento da 
educação judi¬cial, a ponto da França fundar, naquele mesmo ano, a ÉcoleNationale de Magistrature, fato 
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19 
que influenciou a criação de escolas semelhantes em outros países (SOUZA, 2016). 
Há nos dados oriundos do Censo Judiciário divulgado em 2014, a constatação de que 75,1% dos 
magistrados brasileiros avaliam positivamente as políticas de qualificação, concordando com a afirmação 
de que os cursos de aperfeiçoamento promo¬vidos pelos tribunais e conselhos contribuem para a sua 
atuação no trabalho. 
Pesquisa realizada por Souza (2016) na Escola de Magistratura do Ceará, os magistrados consideraram de 
fundamental importância a manutenção do aprimoramento constante para o desempenho qualificado de 
suas atividades. Dentre as principais razões levantadas pelos magistrados foi citada as constantes 
alterações na legislação e na jurisprudência predominante, sem falar na necessidade de informação sobre 
"novidades" em outros sistemas jurídicos, uma vez que vivemos num mundo globalizado. Foi citada 
também a chance de reavaliar a interpretação da lei de acordo com os novos tempos, de sorte que a lei nãoprecisa necessariamente ser revogada/alterada, mas apenas adaptada à nova realidade que se apresenta, 
diversa da época em que pensada pelo legislador, mas sempre atentos ao espírito da norma e aos 
princípios que regem do Direito. 
Neste aspecto, o papel das escolas de magistratura seria menos o de direcionar e mais o de orientar e 
fornecer subsídios para a formação de magistrados. Segundo Alves (2014), o papel da escola, consiste em 
oferecer, não impor, aos magistrados, todo o material possível para que o mesmo alcance o convencimento 
propício e necessário ao bem julgar. 
 
5. FATORES RELEVANTES PARA A OFERTA DE CAPACITAÇÃO CORPORATIVA PÚBLICA DE 
GESTORES (RESULTADOS E DISCUSSÕES) 
Foram analisados os resultados de 3 (três) pesquisas: o de Vitovsky e Barros (2016) que entrevistou 
Magistrados do Tribunal Regional Federal da 2ª Região do Rio de Janeiro e Espírito Santo; o de Gonçalves 
(2015) realizada com Magistrados do Estado do Ceará e o de Souza (2016) que ouviu Magistrados do Rio 
Grande do Sul. Foi possível identificar alguns aspectos relevantes que influenciam na oferta e satisfação 
dos magistrados. Entre as dificuldades citadas, tem-se a dificuldade das Escolas com relação à estrutura 
física, pessoal e orçamentáriapara disponibilizar as formações, além da insatisfação dos magistrados com 
o horário que é ofertado. Como pontos positivos foram mencionados a possibilidade de troca de 
experiências entre os participantes e a escolha dos conteúdos abordados nos cursos de formação. 
Ademais, houve sugestões para a utilização de ferramentas de Educação a Distância. 
 
5.1. DIFICULDADES ENFRENTADAS PELAS ESCOLAS DE FORMAÇÃO 
A literatura sobre educação judicial mostra que as escolas de magistratura, principalmente aquelas que 
não dispõem de estrutura, pessoal e orçamento próprio, sentem grande dificuldade em cumprir a maioria 
das exigências da Escola Nacional de Magistratura (Enfam). 
É bastante relevante analisar possíveis fragilidades das Escolas, como, por exemplo, a estrutura física, os 
riscos de insuficiência de corpo técnico e docente, condições de trabalho adequadas aos quadros técnicos, 
condições para atualização contínua do corpo docente, são riscos que devem orientar a elaboração de 
questões e objetivos estratégicos (OTERO, 2008). 
Os juízes sentem-se excessivamente cobrados para atingir fins para os quais não foram fornecidos os 
meios. Muitas vezes, é exigido deles o cumprimento de metas nacionais, mas sem que sejam dadas 
condições para viabilizar que tais metas sejam alcançadas VITOVSKY; BARROS (2016). 
 
5.2. CONCILIAR CAPACITAÇÃO COMO EXCESSO DE DEMANDA DE TRABALHO 
Na atividade de fiscalização administrativa atribuída constitucionalmente ao CNJ, cada vez mais, ampliam-
se as exigências no que concerne ao cumprimento de metas e ao atendimento a resoluções baixadas pelo 
órgão. Hoje, são exigidos relatórios estatísticos periódicos, o que toma boa parte do tempo de atividade 
dos magistrados, sobretudo daqueles que têm poucos servidores sob seu comando, realidade comum em 
muitas comarcas do interior (ALVES, 2014). 
Marden (2015) destaca que administrar o tempo parece ser uma dificuldade inerente ao exercício da 
atividade judicante. O juiz lida diretamente com prazos e a sua desídia em relação ao gerenciamento dos 
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20 
prazos processuais pelo impulso oficial que precisa empregar na tramitação dos feitos sob julgamento 
pode representar danos irreversíveis à sociedade. Em muitos casos, a falta de celeridade ou a demora na 
prestação jurisdicional pode causar grave lesão ao direito das partes ou mesmo ser fatal para a prescrição 
do processo. 
Segundo as pesquisas analisadas, o fato de o magistrado novel ser obrigado a freqüentado o curso de 
formação já exercendo as suas funções, sendo lotados nas comarcas do interior logo após a posse, sem 
qualquer orientação prévia ou acompanhamento específico para o exercício da judicatura, aparece de 
forma muito forte nas falas dos magistrados, refletindo de modo geral, uma ausência de preparação 
adequada para exercer suas funções. 
Nas três pesquisas verificou-se que os magistrados sugeriram que a formação inicial poderia ser feita em 
um curso com dedicação exclusiva, para propiciar uma melhor qualidade à formação. Todavia, a sociedade 
não pode esperar muito tempo para que os tribunais preparem juízes para assumir seus postos, sendo 
necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre necessidade de formação e exercício da jurisdição. 
Nas mesmas pesquisas analisadas também se verificou um ponto em comum, em relação à objeção de 
muitos magistrados quanto ao horário de realização das formações. A maioria deles está insatisfeita com 
os horários em que são oferecidas as atividades, devido à dificuldade que eles têm de ajustarem seus 
compromissos funcionais com as atividades de formação. 
Outra crítica apresentada, por parte dos magistrados lotados no interior, foi com relação à duração dos 
eventos, indicando que às vezes o tempo de deslocamento dos magistrados para a Capital era maior do 
que a própria duração da atividade, fazendo com que muitos não participassem das mesmas. 
 
5.3. COMPARTILHAMENTO DE BOAS PRÁTICAS 
A valorização dos contatos com os colegas e a troca de informações como fontes privilegiadas de 
aprendizagem é um importante aspecto a ser considerado para o estabelecimento daquilo que Vigotsky 
(2007) denominava “zona de desenvolvimento proximal”. Esta interação entre os juízes recém-aprovados 
no concurso, durante o curso de formação, talvez seja um dos principais aspectos a ser observado para o 
aprimoramento destes cursos. 
As pesquisas realizadas com os Magistrados do Ceará e do Rio Grande do Sul mostraram que os 
magistrados possuem a mesma percepção, chegando a sugerir uma espécie de estágio, no qual o novel juiz 
seria acompanhado por outro magistrado de carreira, mais experiente. A interação entre sujeitos no 
processo de aprendizagem pode contribuir de modo significativo para que dificuldades de aprendizagem 
sejam superadas. 
De acordo com as mesmas pesquisas, alguns juízes mais antigos acabam exercendo importante atividade 
na Escola de Magistratura, na condição de juízes formadores, acompanhando o desenvolvimento dos 
módulos práticos do Curso de Formação Inicial de Juízes e, assim, podendo ajudar seus colegas com suas 
experiências e iniciativas bem sucedidas. 
Quanto aos conteúdos a serem abordados, os juízes do Tribunal Regional Federal da 2ª Região elogiaram a 
interdisciplinaridade dos conteúdos oferecidos, ainda assim, um deles propôs um maior debate entre os 
graus de jurisdição (Juízes e Desembargadores). 
 
5.4. POSSIBILIDADES DE USO DE METODOLOGIAS DE EAD 
As três pesquisas analisadas apontaram que, segundo os magistrados entrevistados, as exigências que 
recaem sobre eles, no que concerne ao cumprimento de prazos e metas, aliadas ao pouco tempo de que 
dispõem para deslocar-se de suas comarcas até a sede da escola para acompanhar aulas presenciais, 
torna-se necessário estabelecer o uso da Educação a Distância, embora ainda haja restrições da Enfam 
quanto a sua utilização em cursos de formação inicial de juízes, admitida apenas em cursos de 
aperfeiçoamento. 
Alguns magistrados, do Ceará, entrevistados citaram a possibilidade de uso das modernas tecnologias da 
informação e da comunicação para ministrar cursos de aperfeiçoamento utilizando a metodologia da 
educação a distância (EaD). Gonçalves (2015) percebeu-se que a educação a distância tem boa 
receptividade entre os novos magistrados, muitos deles bastante afeitos ao uso destas novas tecnologias, 
até pela idade média do grupo de entrevistados. Um dos magistrados entrevistados diz que o acesso 
Gestão da Produção em Foco– Volume 40 
 
 
 
 
21 
virtual dá maior liberdade quanto ao horário que a disciplina pode ser cursada, haja vista a rotina diária 
do Fórum. 
Já entre os magistrados vitaliciados mais antigos, embora não haja exatamenteuma resistência a este tipo 
de metodologia de ensino a distância, é evidente as dificuldades que apresentam quando se deparam com 
os desafios de um ambiente virtual de aprendizagem (GONÇALVES, 2015). 
Foi sugerida também a possibilidade das Escolas conseguirem mesclar as duas modalidades de ensino 
(presencial e EaD). Além da sugestão das Escolas descentralizarem suas atuações. Oferecendo cursos em 
comarcas pólos, não apenas na Capital. 
Nas palavras de um dos juízes do Ceará, as Escolas exploram pouco as ferramentas de aprendizagem à 
distância, que podem em muito contribuir para uma cultura de constante intercâmbio de ideias entre os 
juízes. O mesmo magistrado diz que há que se pensar a formação como algo permanente, daí a 
importância da criação de espaços virtuais (EaD) para essas trocas de experiências e compartilhamento de 
conhecimentos teóricos e práticos. 
Além das vantagens da educação a distância informadas pelos Magistrados nas pesquisas, podemos 
mencionar também a economia de recursos financeiros tanto da instituição quanto do aluno, e a 
possibilidade do gestor fazer o curso sem precisar se ausentar da sua vara. 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Destarte, é urgente e importante pensar na formação do juiz do futuro, adequando-a as aspirações da 
sociedade. 
Igualmente relevante é se conferir autonomia administrativa e financeira às escolas de magistratura, pois 
somente com a possibilidade de planejar seus objetivos estratégicos, a magistratura ampliará o acesso dos 
cidadãos a uma justiça ágil, melhor aparelhada, informatizada e, portanto, mais transparente e capaz de 
cumprir plenamente sua função social. 
Os dados analisados acerca da atuação das Escolas de magistratura na formação dos magistrados revelam 
que há problemas de gestão. 
Embora saibamos da necessidade de equilíbrio emocional e formação humanística mais ampla para 
exercer o cargo de juiz, do qual se exigem, atualmente, também conhecimentos gerenciais, mormente de 
gestão de pessoas e gestão de processos, estes requisitos são completamente negligenciados, tanto na 
graduação quanto no concurso a que se submeteram. 
Os novos magistrados reconhecem as dificuldades decorrentes da formação deficiente que receberam e, 
embora enalteçam o concurso público como critério adequado, republicano e impessoal de recrutamento 
compreendem claramente a incapacidade de se identificar e eliminar, durante os certames, perfis 
psicológicos inadequados para o exercício da magistratura, com isso,reconheceram a importância do curso 
de formação inicial como espaço de interação e troca de experiência com os colegas, principalmente com 
aqueles que contavam com mais tempo na magistratura. 
Seguramente, a guinada no modelo de capacitação será uma guinada na justiça oferecida à população. 
 
REFERÊNCIAS 
[1] Alves, C. d. “O novo paradigma de capacitação de magistrados e o atual modelo de curso de formação”. In: 
Revista do CEJ, Ano XVIII, n. 62, jan/abr , 15-21, 2014. 
[2] Brasil. Conselho Nacional de Justiça. Censo Judiciário 2014. Disponível em 
<http://www.cnj.jus.br/images/dpj/CensoJudiciario.final.pdf>, Acesso em 01/04/2019. págs. 32 a 85. 
[3] Brasil. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Portal de Educação Corporativa. 
Disponível em: <http://www.educor.desenvolvimento.gov.br/educacao>. Acesso em: 16/04/2019. 
[4] Cf. Vigotsky, Lev Semenovich. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos 
superiores. Trad. José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 7 ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2007. 
[5] Fleury, Maria Tereza Leme & Fleury, Afonso. Construindo o Conceito de Competência. RCA, ed especial: 183-
196, 2001. 
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22 
[6] Fragale Filho, Roberto. Aprendendo a ser juiz. Rio de Janeiro: UniverCidade e Topbooks, 2008. 
[7] Freitas, Wladimir Passos de Freitas. “Os Dez Mandamentos do Juiz Administrador”. In <http: 
//www.ibrajus.org.br.>, acessado em 09/04/2019. 
[8] Gonçalves, Flávio José Moreira. Políticas públicas para a formação e avaliação de magistrados: a contribuição 
da educação judicial através das escolas de magistratura. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 5, nº 2, 
2015 p.288-314 
[9] Leite, Raimundo Hélio. Aperfeiçoamento e Especialização: o esperado e o alcançado na visão dos alunos que 
frequentaram os cursos da Escola da Magistratura do Ceará, nos anos de 1995 a 2002. Tese de Doutorado. Fortaleza: 
UFC, 2004. 
[10] Marden, Carlos. A Razoável Duração do Processo: o fenômeno temporal e o modelo constitucional 
processual. Curitiba: Juruá, 2015, p. 17. 
[11] Piragibe, Marcelo. Equilíbrio entre influência e independência na formação judiciária in IOJT. 7th 
International Conferenceon the Training of the Judiciary. Recife, 2015, p. 4. 
[12] Sadek, Maria Tereza. Magistrados: Uma imagem em movimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. 
[13] Salomão, L. F. A Formação do Juiz e as Escolas de Magistratura no Brasil. Revista da EMERJ, Rio de Janeiro, 
v.9, nº 36, 2006. 
[14] Santos, M. R. G. dos; VAZ, M.; Braga Júnior, S. S.; Ramos, A. L.; Alonso Júnior, N.; Fanchin, M.; Silva, D. da. A 
Educação à Distância como Estratégia Educacional nas Organizações. VII Simpósio de Excelência em Gestão e 
Tecnologia. Associação Educacional Dom Bosco, Resende/RJ, 2010. Disponível em: 
<http://www.aedb.br/seget/artigos10/427_Artigo_Estrategia_EAD.pdf>. Acesso em 01/04/2019. 
[15] Souza, Fabio Souza de. Análise da satisfação dos magistrados do TRT da 4ª Região com a formação oferecida 
pela escola judicial. Trabalho de conclusão de curso de graduação. Porto Alegre, 2016. 
[16] Vianna, Luiz Werneck. Corpo e Alma da Magistratura Brasileira. 3ª edição. Rio de Janeiro: Revan, 1997. 
[17] Vitovsky, V. S. & BARROS, M.M.N. Curso de Formação Inicial e de Aperfeiçoamento para fins de Vitaliciamento 
de Magistrados: relato de uma experiência e de um porvir. ENFAM, Brasilia, 2016. 
 
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23 
Capítulo 3 
 
Desempenho das Entidades do Terceiro Setor: Uma 
revisão sistemática 
 
Carlos Fernando Jung 
Daniel Luciano Gevehr 
Diogo da Silva Corrêa 
 
Resumo: O objeto do presente artigo centra-se na revisão sistemática que teve por 
finalidade analisar as contribuições das publicações científicas acerca do denominado 
“Terceiro Setor”, mais especificamente sobre as variáveis e implicações da mensuração 
de resultados das entidades que o compõem. Para tanto, foram selecionados 30 
publicações nas bases Periódicos CAPES, Directory of Open Access Journals (DOAJ), 
VOLUNTAS: Revista Internacional de Organizações Voluntárias e Sem Fins Lucrativo, 
Revista de estudos e pesquisas avançadas do Terceiro Setor e Scientific Periodicals 
Electronic Library (SPELL). O estudo mostrou que há um crescente interesse a respeito 
das formas de mensuração de desempenho das entidades pertencentes ao Terceiro 
Setor, considerando o número de publicações acentuado nos últimos dez anos. Além 
disso, foi constatada uma tendência das pesquisas abordarem a avaliação dessas 
organizações como um processo objetivo com características funcionalistas, havendo um 
campo de pesquisa a ser explorado no que se refere às influências no desenvolvimento 
social a partir dessas intervenções na sociedade, com foco nos aspectos subjetivos. 
 
Palavras-chave: Terceiro Setor, avaliação de desempenho, revisão sistemática. 
 
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24 
1. INTRODUÇÃO 
As Organizações do Terceiro Setor encontram espaço em nações independentemente do nível de 
desenvolvimento ou efetivação democrática, onde elas vão se adaptando e assumindo diferentes papeis 
conforme o contexto social, político e ambiental. Carregando as características fundamentais de entidades 
“não governamentais” e “não lucrativas”, que as diferenciam dos chamados 1º e 2º setores, 
respectivamente, difundem-se tanto nas áreas urbanas quanto rurais e envolvema participação 
voluntária, autônoma e privada, organizada em torno de motivações baseadas participação na mudança 
sociais em prol de terceiros. (HUDSON, 1999) 
Para Ana Maria Viegas da Silva (2018) o Terceiro Setor “é um dos pilares que sustenta a sociedade 
moderna”, uma vez que estão presentes em diversas áreas, como assistência social, saúde, meio ambiente, 
educação, cultura, esportes, pesquisas, entre outras. Tenório (2004) enfatiza a alteração de posição 
passiva da sociedade civil para uma de maior interação como ator dentro do processo democrático, 
participando com os demais setores da formulação da gestão social que prima por atividades dialógicas e 
pela não utilização de processos burocráticos e de “mão única” e que tenham cálculos utilitaristas. 
Entretanto, esse fenômeno filantrópico mais organizado tem se desenvolvido em meio à tendentes 
mudanças na estrutura da sociedade, onde o Estado deixa de ser o promotor exclusivo das ações de cunho 
social, abrindo espaço para outros atores desempenharem as funções de interesse público. (JUNQUEIRA, 
2006) Para Carlos Montaño, a “imagem romântica” do voluntariado e as ações filantrópicas são utilizadas 
como estratégia ideológica neoliberal, onde a “terceirização” da responsabilidade pelas mazelas sociais 
representam a efetiva perda de conquistas históricas da cidadania, na medida em que a oferta de serviços 
público deixa de ser um direito universal. Segundo Cicconelo (2019) a expressão Terceiro Setor “traz uma 
idéia de indiferenciação, unidade, convergência, consenso”. Contudo, a realidade é que no Brasil a 
complexidade das relações sociais é extremamente diversa, plural e heterogênea, sendo que muitas 
entidades deste “Setor” têm interesses diversos e até conflitantes. 
A despeito das bases ideológicas que carregam, essas transformações puderam ser percebidas no Brasil a 
partir da década de 1970, onde se iniciam as primeiras ideias identificando as entidades de caridade e 
religiosas fazendo parte de uma organização maior, para além da mera benevolência. Após um 
desenvolvimento socioeconômico com forte papel do Estado, mais notadamente a partir de 1990, ocorre 
uma paulatina diluição do papel ativo nas questões sociais entre outras organizações: a sociedade civil 
organizada (terceiro setor) e as empresas que visam lucro, mas que se colocam em posição de interessado 
pela “responsabilidade social” (segundo setor). Na visão de Tenório (2004) o Estado passava por um 
processo de redefinição de funções em um ambiente onde o referencial de um Estado forte e centralizador 
sofria sérias críticas e a lógica neoliberal era de “enxugar” a máquina pública, deixando-a somente com as 
funções reguladoras. Dessa forma, caberiam aos agentes econômicos atender as demais demandas por 
meio do livre mercado e, quando necessário fosse, relegar ao terceiro setor as tarefas de cunho social. 
O crescente debate nacional sobre o tema fez com o Congresso Nacional se manifeste com a edição de 
alguns diplomas legais. A título de exemplo, no ano de 2014 foi criado o “Novo Marco Regulatório das 
Organizações da Sociedade Civil – MROSC”, que passou a direcionar as ações desse segmento e fazia parte 
de uma política mais ampla de participação da sociedade, conforme previa o Decreto 8.243 de 23 de maio 
de 20141 que instituia o Sistema Nacional de Participação Social o qual tinha como objetivo: “[...] fortalecer 
e articular os mecanismos e as instâncias democráticas de diálogo e a atuação conjunta entre a 
administração pública federal e a sociedade civil”. 
A partir desse contexto de transformação social e econômica, muitas abordagens acadêmicas são 
elaboradas sob diversos enfoques que circundam o Terceiro Setor: relação entre ele e o Estado, 
voluntariado, modelos ideológicos que o acompanham, entre outros. Para o estudo no presente trabalho, 
delimitamos a abordagem na questão dos processos de avaliação de resultados das entidades 
pertencentes a esse setor, considerando os aspectos que suscitam as discussões cerne, bem como as que 
têm influência nessa área de pesquisa. 
Podemos observar a relevância de estudos sobre essas organizações quando, por exemplo, analisamos 
dados internacionais sobre o Terceiro Setor, como a pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de 
Associações Filantrópicas dos Estados Unidos (2012) e Comissão de Produtividade do governo australiano 
(2010). A primeira mostra que se o Terceiro Setor de forma global fosse um país, teria a décima sexta 
maior economia do mundo, considerando dados do PIB compilados pelo Banco Mundial. Nos Estados 
 
1 Revogado pelo Decreto nº 9.759 de 11 de abril de 2019 que extinguiu os órgãos colegiados – como conselhos, 
comitês, grupos de trabalhos, entre outros. 
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25 
Unidos, por exemplo, o setor filantrópico contribuiu com US $ 878 bilhões para a economia em 2012, ou 
cerca de 5,4% do PIB do país. Além disso, na época do levantamento o setor empregava 11,4 milhões de 
pessoas, ou seja, 10,2% da força de trabalho americana. O segundo levantamento feito pela a Comissão de 
Produtividade do governo australiano (2010), mostra que a participação desse setor foi de mais de 4% do 
PIB, movimentando cerca de 5 milhões de voluntários e contribuindo com mais US $ 14,6 bilhões em 
trabalho não remunerado, compreendendo 8% da força de trabalho daquele país. 
Em sua nona publicação, o Índice Mundial de Doações da Fundação de Ajuda Charities (CAF) apontou 
queda na disposição de doar dinheiro pelo segundo ano consecutivo, o que corrobora em parte com o 
acima exposto, mesmo considerando que a referida amostragem aponta um crescimento de pessoas 
envolvidas de alguma forma com a filantropia. O estudo é baseado em dados coletados ao longo de um 
período de cinco anos (2013-2017). Inclui resultados de 146 países coletados ao longo de 2017. (CAF, 
2019) 
No Brasil, a movimentação das Organizações do Terceiro Setor vem sendo acompanhada desde 2002 nos 
estudos sobre as Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos no Brasil – FASFIL, a partir das 
informações contidas no Cadastro Central de Empresas – CEMPRE do IBGE. A partir de 2010 hoje 
modificações nos parâmetros utilizados para adequar o número real de entidades que compoem o FASFIL 
excluídas as entidades2 que não se enquadravam nos critérios internacionais: privadas, não integrantes, 
portanto, do aparelho de Estado; sem fins lucrativos; institucionalizadas, isto é, legalmente constituídas; 
autoadministradas ou capazes de gerenciar suas próprias atividades; e voluntárias, na medida em que 
podem ser constituídas livremente por qualquer grupo de pessoas (IBGE, 2016). 
Segundo a gerente da pesquisa do IBGE, Denise Guichard, a explicação para esse redução no número de 
entidades FASFIL é reflexo da crise econômica brasileira iniciada em 2008, considerando que grande parte 
do financimento delas depende de alguma forma de capital estatal ou privado. (SARAIVA, 2019) 
Apesar da redução no número de entidades FASFIL um dado importante é o percentual de participação 
das entidades sem fins lucrativos no total de pessoal ocupado, que em 2016 representou 7,2%, tendo 
como principal enpregador os serviços de saúde, onde foram criados 164,6 mil novos postos de trabalho, 
conforme tabela abaixo. Além disso, segundo estimativa da “pesquisa nacional por amostra de domicílios 
contínua” do IBGE, cerca de 7,4 milhões de pessoas realizaram trabalho voluntário em 2017 (4,4% da 
população de 14 anos ou mais de idade). Considerando os números de 2016, houve um aumento de 12,9% 
no contingente de pessoas que se disposeram seu tempo para o voluntariado. Na mesma pesquisa, foi 
observado um aumento de 12,4% (2016) para 13,0% (2017) no percentual de pessoas que realizaram 
trabalho voluntário através de associação de moradores, associação esportiva, ONG, grupo de apoio ou 
outra organização. (IBGE, 2017) 
Segundo Gilberto Caetano (2006), dois fenômenos são maisimpactantes do que a oscilação no 
crescimento do número de novas entidades sem fins lucrativos que compõem o terceiro setor: a relação 
entre conscientização ética e responsabilidade social, bem como o aumento da necessidade de promoção 
de alianças estratégicas, tanto entre essas instituições, quanto com outros setores da sociedade. A partir 
desse cenário, tem crescido a necessidade das entidades sem fins lucrativos provarem seus resultados, 
muito por conta da constante pressão dos investidores, principalmente o próprio Estado, bem como da 
concorrência entre entidades e o enfrentamento das oscilações econômicas. Conforme Chris Roche (2002, 
pg. 14), a combinação desses fatores pode gerar um vácuo entre a retórica contida na missão das 
entidades e os resultados que elas conseguem entregar para a comunidade, gerando um ambiente cético 
entorno dessas organizações, gerando questionamentos acerca das suas efetivas contribuições sociais. 
Dessa forma, estudar a importância da avaliação de desempenho dessas entidades e como o ambiente 
acadêmico vem tratando dessa temática é de extrema importância para o entendimento da complexa 
relação entre políticas públicas e o setor privado sem fins lucrativos. 
O artigo é composto por três partes, além da presente introdução: a seção 2 apresenta os procedimentos 
metodológicos da pesquisa, onde são apresentados os objetivos da revisão e as variáveis que deram 
origem ao conteúdo coletado; na seção 3 a revisão da literatura, que inicia com a análise das 
características das pesquisas selecionadas; discussão do mérito das publicações analisadas, onde serão 
aferidas as relações existentes entre os textos estudados a partir de duas premissas: i) Importância dos 
 
2 Caixas escolares e similares, Partidos políticos, Sindicatos, federações e confederações, Condomínios, Cartórios, 
Sistema “S”, Entidade de mediação e arbitragem, Comissão de conciliação prévia, Conselhos, fundos e consórcios 
Municipais, Cemite rios e funera rias. 
https://www.urban.org/sites/default/files/publication/33711/413277-The-Nonprofit-Sector-in-Brief--.PDF
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26 
processos de avaliação das entidades do terceiro setor e ii) Publicações de caráter objetivo das avaliações 
e iii) Publicações com abordagens subjetivas das avaliações; e a seção 4 conclui o estudo. 
 
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
2.1. OBJETIVOS DA REVISÃO 
Esta revisão sistemática aborda a seguinte questão: Quais são as questões predominantes nas pesquisas 
sobre avaliação de desempenho das entidades do terceiro setor? Nesse sentido, pretende-se evidenciar e 
analisar as contribuições advindas dessas pesquisas, em especial, sobre a importância/necessidade da 
existência de processos avaliativos para o desenvolvimento do terceiro setor e de que maneira essa 
temática tem sido tratada pela literatura. 
Conforme Prodanov (2013) a revisão de literatura tem papel fundamental para o desenvolvimento da 
pesquisa acadêmica, uma vez que proporciona uma contextualização do assunto em tela dentro de uma 
área mais ampla de estudos, apontando aspectos já abordados e possíveis lacunas existentes. Gil (2007) 
reforça essa importância indicando que o aprimoramento das ideias e as intuições sobre o tema em estudo 
são potencializadas com a imersão em pesquisas já realizadas, sendo um trabalho típico de caráter 
exploratório. 
Dessa forma, foram pesquisadas as contribuições de estudos publicados e foram utilizados cinco critérios 
para coleta de dados para que o artigo integrasse essa revisão: (i) conter a expressão “ONG”/“ONGs” ou 
“Terceiro Setor” no título; (ii) conter as expressões “Indicadores”, “avaliação de resultados” ou 
“desempenho” em qualquer parte do trabalho; (iii) não envolver trabalhos cuja análise foi feita em 
entidades religiosas; (iv) ter sido publicado em português, inglês ou espanhol; e (v) ser uma publicação 
científica. Esta pesquisa não estabeleceu restrições ao ano de publicação dos artigos. 
Os critérios para inclusão foram aplicados sobre as seguintes bases de dados, considerando o critério de 
acessibilidade: (i) Periódicos CAPES, (ii) Directory of Open Access Journals (DOAJ), (iii) VOLUNTAS: 
Revista Internacional de Organizações Voluntárias e Sem Fins Lucrativo, (iv) Revista de estudos e 
pesquisas avançadas do Terceiro Setor. Isso permitiu, em um primeiro momento, a inclusão de 
aproximadamente cento e noventa e oito trabalhos que satisfaziam os critérios de inclusão. Realizada uma 
triagem foram descartados os estudos que não apresentavam conteúdos relevantes ao objetivo da 
pesquisa. Desta forma, restaram 30 publicações para a realização desta revisão sistemática. 
O foco desta revisão está nos fatores identificados nesses estudos selecionados, sendo conduzido um 
estudo temático, tendo em conta os diferentes tipos de estudos de investigação. Isso incluiu categorizar os 
fatores identificados que apontam: a) Quais os fatores que fazem com que a avaliação de desempenho do 
Terceiro Setor seja importante para a sociedade em geral; b) Quais são as abordagens predominantes na 
literatura analisada: objetiva ou subjetiva. Este processo permitiu um aprofundamento nos dados 
extraídos, já que muitos dos fatores identificados poderiam potencialmente circular ao redor dos mesmos 
problemas subjacentes. 
 
3. RESULTADOS 
A partir da leitura e análise inicial das publicações selecionadas, foi elaborada uma planilha destinada a 
organizar as seguintes informações: (i) ano; (ii) título; (iii) autores; (iv) periódico ou base de dados; (v) 
local onde realizada a pesquisa publicada; (vi) área de publicação; (vii) metodologia aplicada ao estudo. 
Para classificação das publicações selecionadas em relação à área de publicação, levou-se em consideração 
a área de conhecimento do periódico. 
Após a classificação, as publicações foram analisadas e extraídos os principais resultados. Na sequência, 
foram relacionadas as percepções e contribuições dos autores, sendo que os conteúdos em síntese se 
referem a: (i) a importância dos processos de avaliação das entidades do terceiro setor; (ii) Publicações de 
caráter objetivo das avaliações (iii) Publicações de caráter subjetivo das avaliações. O Quadro 1 apresenta 
uma síntese das publicações, em ordenação cronológica, que foi utilizada para a revisão da literatura. Esse 
quadro relaciona a origem de cada publicação à área de publicação. 
 
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Quadro 1 – Síntese das publicações no período 2005–2018. 
Ano Autor Pais Área de Publicação 
2005 FREGONESI, M. S. A. et al BRASIL Ciências Contábeis 
2005 MARQUES, D. S. P.; MERLO, E. M.; NAGANO, M. S. A BRASIL Gestão Ambiental 
2006 AGUIAR, A. B.; MARTINS, G. A. BRASIL Ciências Contábeis 
2008 HECKERT, C. R.; DA SILVA, M. T. BRASIL Administração 
2009 CRUZ, J. A. W. et al BRASIL Administração 
2010 CUNHA, P. R. et al BRASIL Ciências Contábeis 
2011 COSTA, A. M. M. et al BRASIL Saúde Pública 
2011 ASSUMPÇÃO, J. J; CAMPOS, L. M. S. BRASIL Administração 
2011 GUERRA SILVA, C. E.; AGUIAR, A. C. BRASIL Administração 
2011 LARSON, B. A.; WAMBUA, N. USA Saúde Pública 
2011 MURTAZA, N. USA Pesquisa do Terceiro Setor 
2012 EDWARDS, M. et al AUSTRÁLIA Sociologia 
2013 BORGES, E. F. et al. BRASIL Ciências Contábeis 
2014 AGUILÓ, M; MAYAYO, J.; ROBLEDO, I. S. ESPANHA Pedagogía Social 
2014 SALLES, H. K.; DELLAGNELO, E. H. L. BRASIL Administração 
2014 GAMBARDELLA, A BRASIL Sociologia 
2014 SILVA, R. R. et al BRASIL Gestão Social 
2014 LAGE, J. C.; ARRIZABALAGA, C. E. ESPANHA Sociologia 
2016 AVILA, L. A. C.; BERTERO, C. O. BRASIL Ciências Contábeis 
2016 FONSECA, S. M. F. et al BRASIL Administração 
2016 GRACIA DE CASTRO. J. M. BRASIL Direito 
2017 BIANCUZZI, M.; VICENTE, V. M. B. BRASIL Administração 
2017 
TIMOTIO, J. G. M.; AUGUSTO EÇA, J. P.; SANTOS 
JÚNIOR, I. M. 
BRASIL Administração 
2018 OLIVEIRA, A. S. e CALLADO, A. A. C. BRASIL Administração 
2018 BUCHELY, L. F.; HERRERA,

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