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1 ALEXANDRE JOSÉ MÜLLER KEGLER FABRICAÇÃO DIGITAL NO PROJETO DE PRODUTO ELETRÔNICO – CASE STAND UP PADDLE INTELIGENTE FLORIANÓPOLIS, 2015 2 3 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA CAMPUS FLORIANÓPOLIS DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETRÔNICA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ELETRÔNICOS ALEXANDRE JOSÉ MÜLLER KEGLER FABRICAÇÃO DIGITAL NO PROJETO DE PRODUTO ELETRÔNICO – CASE STAND UP PADDLE INTELIGENTE Monografia submetida ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina como parte dos requisitos de obtenção do certificado de Especialista em Desenvolvimento de Produtos Eletrônicos. Professor Orientador: Daniel Lohmann, M. Eng. FLORIANÓPOLIS, 2015 4 Ficha de identificação da obra gerada pelo sistema. Kegler, Alexandre José Müller FABRICAÇÃO DIGITAL NO PROJETO DE PRODUTO ELETRÔNICO : case Stand Up Paddle Inteligente / Alexandre José Müller Kegler ; orientação de Daniel Lohmann. - Florianópolis, SC, 2015. 86 p. Monografia de Especialização - Instituto Federal de Santa Catarina, Câmpus Florianópolis. Especialização em Desenvolvimanto de Produtos Eletrônicos. Departamento Acadêmido de Eletrônica. Inclui Referências. 1. Stand Up Paddle . 2. Fabricação digital. 3. Materialização. 4. Sistemas eletrônicos. I. Lohmann, Daniel . II. Instituto Federal de Santa Catarina. Departamento Acadêmido de Eletrônica. III. Título. 5 FABRICAÇÃO DIGITAL NO PROJETO DE PRODUTO ELETRÔNICO – CASE STAND UP PADDLE INTELIGENTE ALEXANDRE JOSÉ MÜLLER KEGLER Este trabalho foi julgado adequado para obtenção do certificado de Especialista em Desenvolvimento de Produtos Eletrônicos e aprovado na sua forma final pela banca examinadora do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Desenvolvimento de Produtos Eletrônicos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Florianópolis, 16 de junho de 2015. Banca examinadora: ____________________________________________________ Prof. Daniel Lohmann, M. Eng. ____________________________________________________ Prof. Luiz Salomão Ribas Gomes, PhD. (MEMBRO EXTERNO) ____________________________________________________ Prof. André Luís Dalcastagnê, Dr. Eng. 6 7 AGRADECIMENTOS Agradeço a minha mãe Ênia por ser exemplo para tudo o que eu faço em minha vida, que sempre apoiou minhas escolhas, e me segura nos momentos de fraqueza. Aos meus irmãos, sobrinhos e amigos que tornaram minha vida melhor e souberam compreender minha ausência. Ao meu orientador Daniel Lohmann por acreditar incondicionalmente nas minhas ideias malucas. Ao meu gênio de plantão e parceiro para projetos aleatórios Felipe Mesquita. Ao meu grande amigo Fernando Daniel Portela, por ser um dos precursores deste projeto e por seu auxílio em incontáveis ocasiões. Ao Laboratório Pronto 3D, pela parceria na execução do projeto. Ao professor Edson Melo, por apoiar, auxiliar e incentivar o projeto. Aos professores do departamento de eletrônica por sua solicitude. E por último a Deus que colocou todas essas pessoas incríveis na minha vida e me escutou em todos os momentos. 8 9 “Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou excluí. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive.” (Fernando Pessoa) http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/fernando-pessoa-poemas/ 10 11 RESUMO O presente trabalho apresenta o processo de desenvolvimento de uma prancha de Stand Up Paddle com sistema eletrônico embarcado, cujo principal objetivo é a iluminação com LEDs, visando atender prioritariamente a modalidade travessia noturna, vista como um nicho de projeto ainda pouco explorado. Para isso foram utilizadas diferentes técnicas de modelagem, materialização, e protótipos eletrônicos. Tendo como principal motivação as diversas possibilidades de materialização no crescente mercado de fabricação digital e sua importância no processo de projeto. Para desenvolver a prancha de Stand Up Paddle Inteligente, foi necessário conhecer as técnicas e parâmetros envolvidos no processo de criação de uma prancha, tais como shape (dar forma), laminação e relação entre parâmetros antropométricos e dimensões da prancha para entender como a modelagem digital e a fabricação poderiam auxiliar no desenvolvimento do projeto e como o sistema eletrônico poderia se adequar para atender a tarefa de remar à noite. A pesquisa iniciou com o grupo de Stand Up Paddle SUPSambaqui, que organiza eventos de remada noturna, elemento motivador da ideia primordial acerca da prancha inteligente, grupo este que conta hoje com mais de 100 participantes. Para isso foram feitos levantamentos com os seus participantes para definir as reais necessidades dos praticantes de Stand Up Paddle, com foco na modalidade travessia noturna. As alternativas levantadas foram sendo aperfeiçoadas com testes em modelos volumétricos, que serviram para validação em diferentes etapas do projeto, desde os aspectos ergonômicos e antropométricos até os testes do sistema eletrônico. A materialização permitiu encontrar soluções para a complexa equação que envolve as limitações do esporte, características dos materiais, os sistemas eletrônicos embarcados e as características físicas e psicológicas envolvidas no projeto. Como resultado, apresentou- se uma prancha de Stand Up Paddle usinada em máquina CNC, acabamentos feitos em corte a laser, dotada de sistema eletrônico para controle de luzes e aplicativo de celular para monitoramento e controle dos dados de nível de bateria, tempo dentro da água, temperatura ambiente, por meio de comunicação Bluetooth® com o microcontrolador instalado na prancha. Palavras-chave: Stand Up Paddle Inteligente, fabricação digital, materialização, sistemas eletrônicos. 12 13 ABSTRACT This work presents the developing process of a Stand up Paddle board with an embedded electronic system, aiming attend priority the night crossing modality, which has shown to be an under explored area by other manufacturers. In this project were used several modeling techniques, - as materialization and electronic prototyping. Its main motivation are the infinite possibilities in the growing market of digital fabrication and its importance to the projecting process. To develop the Smart Stand Up Paddle, was necessary knowing techniques and parameters involved in a board’s designing process, techniques as shaping, sheeting, relation between- anthropometric parameters and board dimensions to understand how digital modeling and fabrication could help the project developing and how the electronic system could attend the night rowing task, adding new functionalities until then not thought to this activity. The research begun with the Stand Up Paddle group SUPSambaqui, a group of over hundred persons that organizes night rowing event, being this the main motivator element about lighted board idea, a small set of questions was prepared for the members of thisgroup with the goal of understanding the key issues they had with current board design mainly those related to practicing paddling during the night. The methodologic development was based on collected data at the research stage and in the use of creative techniques, the chosen alternatives were being improved with tests in volumetric models that served to validate in different project stages, since ergonomic and anthropometric aspects up to electronic system. Materialization permitted to find solutions to the complex equation that involves the sport limitation, material characteristics, embedded electronic systems, physical and psychological characteristics involved in the project. As result were presented a Stand Up Paddle board CNC machined, finishing laser cut made, and an electronic system for light control, battery level measurement, tracking the time spent in the water, ambient temperature, a capacitive button to turn on and off the lights and smartphone app to monitor and control the data through Bluetooth® communication with micro controller on the board. Key words: Smart Stand Up Paddle, digital fabrication, materialization, electronic systems. 14 15 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Avaliação SUP – Lagoa da Conceição. ................. 32 Figura 2 – Organograma processos de fabricação. ................. 34 Figura 3 – Impressão 3D dos cases ......................................... 35 Figura 4 – Fresas CNC usadas no trabalho. (a) Usinagem da prancha. ................................................................................... 37 Figura 5 – Corte a Laser. (a) Corte da arte em madeira. (b) Corte do deck . ................................................................................... 38 Figura 6: (StorageBox). ........................................................... 39 Figura 7: (Noqua) .................................................................... 39 Figura 8: (SpeedCoach SUP 2) ............................................... 40 Figura 9: (Acessórios) ............................................................. 40 Figura 10: (H2Oglo) ................................................................ 41 Figura 11: (prancha Getts) ....................................................... 41 Figura 12: (SipaBoards) .......................................................... 42 Figura 13: (The night SUP) ..................................................... 42 Figura 14: (Flow SUP) ............................................................ 43 Figura 15 – Battle of the Paddle. ............................................. 44 Figura 16 – Crescimento das atividades ao ar livre nos EUA. 45 Figura 17 – Gasto calórico do SUP. ........................................ 46 Figura 18 – SUP como Terapia. .............................................. 47 Figura 19 – Sinalização das pranchas Sambaqui. ................... 51 Figura 20 – Acabamento parte superior. ................................. 55 Figura 21 – Acabamento parte inferior. .................................. 56 Figura 22 –Sketches. ................................................................ 62 Figura 23 – Softwares de modelagem utilizados no projeto. [(a) e (b)] Software Rhinoceros. ..................................................... 63 Figura 24 – Prancha usinada. .................................................. 65 Figura 25 – Etapa de lixamento. .............................................. 66 Figura 26 – Etapa de Laminação. ............................................ 67 Figura 27 – Posicionamento dos elementos. ........................... 68 Figura 28 – Posicionamento das quilhas. ................................ 68 16 Figura 29 – Simulação do posicionamento das quilhas em software.................................................................................... 69 Figura 30 – Arte aplicada na prancha. (a) Stencil. (b) Deck. (c) Arte em madeira. ..................................................................... 70 Figura 31 – Esquemático do sistema eletrônico. ..................... 71 Figura 32 – Sistema Eletrônico. ............................................... 72 Figura 33 – µCduino. ............................................................... 72 Figura 34 – Instalação e testes da iluminação. ........................ 73 Figura 35 – Sistema da luminária de emergência. ................... 74 Figura 36 – Esquemático do circuito no software Proteus®. .. 75 Figura 37 – Esquemático da placa de conexão sensores/Arduino ................................................................................................. 76 Figura 38 – Placa de conexão sensores/Arduino ..................... 77 Figura 39 – Fluxograma de Projeto ......................................... 78 Figura 40 – Controle dos LEDs. .............................................. 79 Figura 41 – Função FADE. ...................................................... 80 Figura 42 – Função STROBE. ................................................. 81 Figura 43 – Pulso nos LEDs. ................................................... 82 Figura 44 – Módulo Bluetooth®. ............................................. 83 Figura 45 – Teste no Aplicativo. ............................................. 84 Figura 46 – Interface Gráfica. .................................................. 85 Figura 47 – Próximas funcionalidades, Monitor de desempenho (a), Monitor de percurso (b)..................................................... 86 Figura 48 – Posicionamento dos sensores ............................... 87 Figura 49 – Montagens com LM35 ......................................... 88 Figura 50 – Botão Capacitivo. ................................................. 89 Figura 51 – Esquema botão capacitivo. ................................... 90 Figura 52 – Sensor de condutividade. ...................................... 91 Figura 53 – Baterias. ................................................................ 92 Figura 54 – Monitoramento do nível de tensão da bateria. ..... 93 Figura 55 – Testes na água. ..................................................... 96 Figura 56 – Testes com o modelo finalizado. .......................... 97 Figura 57 – Protótipo para testes. ............................................ 98 Figura 58 – Oxidação nas placas de circuito impresso. ........... 98 17 Figura 59– Tempo de carga e descarga no botão capacitivo. .. 99 Figura 60 – Medições em software. ...................................... 100 Figura 61 – Medição das correntes. ...................................... 101 Figura 62 – Aplicativo para tablet. ........................................ 102 18 19 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Análise Sincrônica ................................................. 39 Tabela 2 - Hierarquia de pesquisa ........................................... 50 Tabela 3 - Cronograma do projeto .......................................... 58 Tabela 4 – Tamanho da prancha ............................................. 59 20 21 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS .............................................................. 7 RESUMO ................................................................................ 11 ABSTRACT ............................................................................ 13 LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................... 15 LISTA DE TABELAS ............................................................19 SUMÁRIO .............................................................................. 21 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................. 23 1. Introdução ............................................................................ 25 1.1 O Problema .................................................................... 27 1.2 Objetivo Geral ............................................................... 27 1.3 Objetivos Específicos .................................................... 27 1.4 Justificativa .................................................................... 28 2. Fundamentação Teórica ...................................................... 29 2.1 Legislação ...................................................................... 31 2.2 Fabricação Digital e Prototipagem Rápida .................... 33 2.3 Análise Sincrônica ......................................................... 38 2.4 Prática do Stand Up Paddle .......................................... 44 3. Pesquisa com usuários ......................................................... 49 3.1 Estudo de Campo .......................................................... 50 3.2 Pesquisa em bases de patente ........................................ 53 4. Projeto ................................................................................. 55 4.1 Escolha da Prancha ........................................................ 59 4.2 Modelagem Digital ........................................................ 61 4.3 Confecção da Prancha ................................................... 64 4.4 Sistema Eletrônico ......................................................... 71 4.5 Programação .................................................................. 77 4.6 Sensores ......................................................................... 86 5 Testes .................................................................................... 95 6. Considerações Finais ......................................................... 103 REFERÊNCIAS .................................................................... 105 APÊNDICES ......................................................................... 109 APÊNDICE A – Organograma de projeto ........................ 109 22 APÊNDICE B – Custos do Projeto ................................... 110 ANEXOS ............................................................................... 113 ANEXO A – Deck de cortiça ............................................ 113 ANEXO B – Remo que se transforma em vela ................. 114 ANEXO C – SUP Inflável e com motor ............................ 116 ANEXO D – Acento dobrável para SUP ........................... 117 ANEXO E– Acessório estabilizador ................................. 118 ANEXO F – Comunicação de dados com a costa ............. 119 ANEXO G – Porta objetos ................................................ 120 ANEXO H – Luz para Stand Up Paddle ........................... 121 ANEXO I – Porta objetos com trava a vácuo .................... 122 ANEXO J – Stand Up Paddle com Painel Solar ............... 123 ANEXO K – Como escolher sua prancha de Stand Up? ... 124 23 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 3DP 3D Printer (Impressora 3D). ABS Acrylonitrile butadiene styrene (Acrilonitrila Butadieno Estireno). CAD Computer Aided Design (Computador Auxiliando o Design). CAM Computer Aided Manufacturing (Computador Auxiliando a Manufatura). CNC Computer Numeric Control (Controle Numérico Computadorizado). EPS Poliestireno Expandido. EVA Etil Vinil Acetato. FDM Fused Deposition Modeling (Modelagem por fusão e deposição). GPS Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global). IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IEA International Ergonomics Association (Associação Internacional de Ergonomia). IFSC Instituto Federal de Santa Catarina. IMO International Maritime Organization (Organização Marítima Internacional). ISCID International Council of Societies of Industrial Design (Conselho Internacional De Sociedades de Design Industrial). ISO International Organization for Standardization (Organização Internacional Para Padronização). INPI Instituto Nacional de Propriedade Intelectual. LED Light Emitter Diode (Diodo Emissor de Luz). MDF Medium Dense Wood Fiber (Fibra de Madeira de Densidade Média). OMS Organização Mundial da Saúde. PLA Polilactic Acid (Ácido Polilático). 24 PR Rapid Prototyping (Prototipagem Rápida). PU Poliuretano PWM Pulse Width Modulation (Modulação por Largura de Pulso). SLA Stereolithography Apparatus (Aparato de Estereolitografia). SLS Selective Laser Sintering (Sinterização Seletiva a Laser). SOS Sigla internacional para pedido de socorro. SUP Stand Up Paddle. UFSC Universidade Federal de Santa Catarina. UV Ultravioleta. 25 1. Introdução Inerente à condição humana, movimentar-se tornou mais do que uma necessidade básica de subsistência, como acontecia nos primórdios com os caçadores e coletores. Atualmente os seres humanos exercitam-se para manter o condicionamento físico e a saúde em dia, pois perceberam como cita o poeta romano Juvenal, “mens sana in corpore sano” - mente sã em um corpo são – que o equilíbrio entre físico e mental auxiliam nas mais diferentes tarefas do cotidiano bem como tendem a aumentar a expectativa e qualidade de vida. (SAÚDE, 2015) Neste contexto, surgiram os esportes como uma alternativa para a forma física e distrair a mente dos problemas cotidianos. Entretanto torna- se evidente outra característica comum aos seres humanos, a competição. Invariavelmente o fazemos com o próximo e com nós mesmos, precisamos competir para evoluir. Porém, nem todos os seres humanos têm habilidades motoras e físicas para praticar esportes de alto desempenho, escolhendo assim atividades físicas e esportes com menor impacto físico e maior facilidade na execução e aprendizado. A pratica do Stand Up Paddle (SUP) é uma excelente opção para pessoas que procuram essas características, além de ser passível de aprendizado já nas primeiras tentativas, pois o fator equilíbrio não é predominante como na pratica do surfe e tampouco depende das condições das ondas na modalidade travessia. O Stand Up Paddle tem se popularizado exponencialmente nos últimos anos, conforme mostra os levantamentos anuais da Outdoor Foundation, (FOUNDATION, 2015) Percebe-se também outras duas vertentes que se associaram crescentemente com a pratica do Stand Up Paddle, em especial na modalidade travessia. A primeira é que por não depender de ondas, o esporte começou a ser praticado em outros locais que não somente o mar, tais como barragens, rios e lagos, estendendo assim as possibilidades na prática deste esporte. E a segunda é uma modalidade recente chamada travessia noturna, na qual o esporte é praticado à noite, especialmente em noites de lua cheia, a pesquisa com usuários mostrou que muitos dos praticantes não têm tempo para praticar durante o dia, mas o fazem durante a noite para aliviar as tensões e o estresse gerado em rotinas desgastantes. 26 Feito este recorte, observa-se que algumas questões podem ser aperfeiçoadas com a finalidade de ampliar ainda mais esse esporte tão rico em benefícios. Para tal serão usadas algumas tecnologias eletrônicas para controle e monitoramento de desempenho e a fabricação digital, como uma importante ferramenta de projeto. Fabricação Digital pode ser definida como “a fabricação de objetos físicos através do uso de ferramentas controladas por computador (CNC), na qual um modelo digital é criado usando software especializado. A informação geométrica do modelo digital é então traduzida em instruções para controlar movimentação das ferramentas da máquina.Qualquer configuração de ferramenta ou material é preparado previamente, e então as instruções são comunicadas à máquina. Cada tipo de máquina tem sua própria abordagem específica, mas a maioria depende de um cabeçote mecânico que se movimenta no espaço a partir de um em um sistema de coordenadas. Os cabeçotes mecânicos podem ter diferentes funcionalidades como por exemplo, cortes, desbastes ou deposição de materiais”, (LOUKISSAS, 2009) . Segundo PUPO, (2011), “As novas formas de produção associadas à tecnologia digital, hoje, trabalham como grandes aliadas na inovação de projetos, na fabricação e na construção. Os novos meios de produção, nos quais se incluem a prototipagem rápida e a fabricação digital, possibilitam um grau de inovação até então não possível desde a concepção de um projeto de qualquer natureza até sua produção”. As técnicas de fabricação digital dispensam os altos custos da produção industrial e facilitam os habituais ajustes que se fazem necessários nas etapas de execução do protótipo, tendo em vista a necessidade de adequação do produto ao usuário e a tarefa. 27 1.1 O Problema Com o advento de novas modalidades esportivas, surgem novas oportunidades e novos obstáculos a serem vencidos. A prática do Stand Up Paddle na modalidade travessia noturna apresenta como principal dificuldade a falta de iluminação, mesmo sendo normalmente praticada em lugares com água calma, estas podem eventualmente apresentar obstáculos como pedras, galhos, correnteza, colisão entre os praticantes ou até mesmo acidentes náuticos com outras embarcações devido à falta de sinalização e iluminação, tornando esse problema uma questão básica de segurança. 1.2 Objetivo Geral Desenvolver uma prancha de Stand Up Paddle com recursos eletrônicos que facilitem a atividade de remar a noite. 1.3 Objetivos Específicos Investigar a atividade e os aparatos utilizados na modalidade travessia noturna, e além da interação dos diferentes usuários com tais aparatos. Utilizar técnicas de modelagem e fabricação digital para criar um produto que possa se adequar às características ergonômicas e antropométricas do usuário e para validar as propostas de projeto. Levantar tecnologias eletrônicas a serem incorporadas de modo a criar um produto inovador e mercadologicamente viável. Desenvolver uma prancha com sistema eletrônico embarcado para facilitar a atividade de remar à noite. Desenvolver aplicativo para monitoramento e controle de dados da prancha. 28 1.4 Justificativa Projetistas, inventores e designers devem sempre estar atentos às novas tecnologias, aos materiais e aos processos, com o intuito de integrar conhecimentos e desenvolver projetos centrados no usuário, utilizando métodos e técnicas que resultem em melhorias para a sociedade. Com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de tecnologias computacionais, hoje, é possível desenvolver máquinas de prototipagem rápida cada vez mais especializadas e eficientes. Esse é um ramo de tecnologia que tende a crescer nos próximos anos, pois pode ser inserido nas mais diversas áreas da produção como uma ferramenta de projeto. Além disso a possibilidade de customização e produção personalizada amplia as possibilidades projetuais. As inovações tecnológicas e a multidisciplinaridade mostram um novo caminho para a solução de problemas através do projeto de produtos. Tendo em vista tais conhecimentos, será projetado um produto que atenda ao público praticante de Stand Up Paddle com suas características e especificidades, levando em consideração os problemas e às características relatadas por usuários. Para esse fim, serão utilizados conhecimentos de modelagem digital, prototipagem rápida, microeletrônica, antropometria1 e programação dentro de uma lógica centrada no usuário, no intuito de encontrar a melhor solução possível para a prática do SUP na modalidade travessia noturna. 1 A antropometria foi definida como a ciência de medida do tamanho corporal (NASA, 2015) 29 2. Fundamentação Teórica O desenvolvimento de uma ideia não é um fato isolado em si, ele carrega inúmeros outros conhecimentos que corroboram e ampliam as chances de êxito, por este motivo na fundamentação teórica foram levantados conceitos relacionados à criação de um produto. Mais especificamente um produto eletrônico chamado prancha de Stand Up Paddle Inteligente, com funcionalidades pré-definidas a serem validadas pela pesquisa e pelos testes, tais como sistema de iluminação, monitoramento do nível de bateria, temperatura da água e temperatura ambiente, por meio de aplicativo de celular. Pode-se entender produto como qualquer bem (tangível ou intangível) que possa ser oferecido a um mercado e que possa resolver ou solucionar um ou mais problemas. Para Kotler (1998), um produto é qualquer coisa que pode ser oferecida a um mercado para aquisição ou consumo, para satisfazer uma necessidade ou um desejo; inclui objetos físicos, serviços, personalidades, lugares, organizações e ideias. Segundo o decreto Nº 42.649/10. "A eletrônica define-se como o ramo da ciência que estuda o uso de circuitos formados por componentes elétricos e eletrônicos, com o objetivo principal de captar, armazenar, transmitir e processar informações caracterizada por compreender processos contínuos ou discretos de transformações de matérias primas na fabricação de bens de consumo ou de produção, pressupondo uma infraestrutura de energia e de redes de comunicação em virtude de sua complexidade e abrangência.", Eletroeletrônico, por sua vez é definida no artigo 1º deste mesmo decreto como sendo “todo produto que, além de utilizar corrente elétrica, tenha seu funcionamento controlado por circuitos eletrônicos”. O design como atividade criativa se volta para a criação de produtos que representem as características de uma determinada cultura ou grupo, tentando equilibrar as necessidades do coletivo com as necessidades do indivíduo, considerando este como parte importante da totalidade. 30 O International Council of Societies of Industrial Design (ISCID), órgão que representa a atividade oficialmente, adota a seguinte definição para a atividade do Design: “Design é uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as qualidades multifacetadas dos objetos, processos, serviços e seus sistemas durante o seu ciclo de vida. Deste modo, o design é o fator central de humanização das inovações tecnológicas e o fator crucial das mudanças culturais e econômicas. Assim, cabe ao designer compreender e avaliar as relações organizacionais, funcionais e econômicas, com a missão de: garantir a ética global (por meio da sustentabilidade), social (permitindo a liberdade aos usuários, produtores e mercado) e cultural (apoiando a diversidade). Dar aos produtos, serviços e sistemas, suas formas expressivas (semiologia) e coerentes (estética) com suas próprias características e complexidades. O Design está relacionado a produtos, serviços e sistemas concebidos a partir de ferramentas, organizações e processos industriais. O design é uma atividade que envolve um amplo espectro de profissões que integradas devem aumentar a valorização da vida. Portanto, o termo designer se refere a um indivíduo que pratica uma profissão intelectual, e não simplesmente oferece um negócio ou presta um serviço para as empresas” (ICSID, 2013). No contexto da atividade do projetista, algumas técnicas são fundamentais para a exteriorização de uma ideia como, por exemplo, as técnicas de desenho, textos descritivos de projeto e a prototipagem, que é a materialização de uma ideia. Todas essas técnicas necessitam de materiais e ferramentas para serem executadase podem ser desde o mais simples papel e caneta até os mais evoluídos softwares para manipulação de imagens e modelagem digital. O importante é perceber que essas ferramentas estão presentes na profissão do projetista e servem para exteriorizar uma ideia e aperfeiçoá-la ainda na etapa de projeto, minimizando custos e compreendendo questões que não receberam a devida importância na subjetividade das ideias não materializadas. 31 2.1 Legislação Um projeto de produtos deve sempre considerar as normas vigentes como parâmetro para sua execução e na ausência de leis e normas específicas o projetista precisa levar consigo a responsabilidade de criar levando em consideração a integridade dos usuários de modo a guiar ou até mesmo embasar futuras normas que possam vir a ser criadas. Não foram encontradas leis que regulem especificamente a prática do Stand Up Paddle no Brasil. Alguns participantes da pesquisa com usuários relatam que tal fato possa ter relação com o recente crescimento do esporte, ficando sujeito às normas de regulamentação náutica do Comitê Brasileiro de Navios - Embarcações e Tecnologia Marítima, (ABNT/CB-07), que normatiza no campo de navios, embarcações e tecnologia marítima, incluindo embarcações de recreio e outras pequenas embarcações menores de 24 m de comprimento total e estruturas marítimas sujeitas às exigências da International Maritime Organization (IMO). Este trabalho se enquadra na norma ABNT/CB-07 especificamente nos seguintes itens: CE-01 Segurança e salvatagem. CE-07 Embarcações de navegação interior. CE-08 Estruturas navais. CE-09 Requisitos gerais de projeto naval. CE-10 Aplicações computacionais navais. CE-11 Terminologia, documentação, símbolos e classificação. CE-13 Equipamentos elétricos navais. CE-15 Pequenas embarcações e de recreio. A Confederação Brasileira de Stand Up Paddle (CBSUP), fundada em 2013 pelas principais federações regionais, publicou em 2014 um livro de regras para regular eventos de competição. Este livro possui regras que podem ser aplicadas para à prática do esporte de modo geral, como por exemplo o uso de equipamentos de segurança. 32 Os principais órgãos fiscalizadores de atividades aquáticas são Marinha por intermédio da Capitania dos Portos e o Corpo de Bombeiros. Em um teste feito pelo Diário Catarinense (Figura 1), com uma empresa que aluga e monitora a prática do Stand Up Paddle na Lagoa da Conceição e em outras praias de Florianópolis, a empresa foi reprovada na maioria dos oito itens apontados como necessários pela Capitania dos Portos, Corpo de Bombeiros e CBSUP. Figura 1 – Avaliação SUP – Lagoa da Conceição. Fonte: http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2014/01/stand-up- paddle-irregular-na-lagoa-4400494.html, Acessado em 20/02/2015. http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2014/01/stand-up-paddle-irregular-na-lagoa-4400494.html http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/geral/noticia/2014/01/stand-up-paddle-irregular-na-lagoa-4400494.html 33 Observou-se que grande parte dos requisitos de segurança estão relacionados aos equipamentos auxiliares de salvatagem (colete e leash2) e instruções para a prática correta do esporte. Entretanto a presença de iluminação sinalizadora é recomendada como medida preventiva principalmente para modalidades noturnas. 2.2 Fabricação Digital e Prototipagem Rápida A prototipagem rápida é uma técnica dentre várias existentes no processo de Fabricação Digital e tem se destacado pela evolução tecnológica e riqueza de detalhes. Essa é uma técnica controlada por computador, completamente automatizada, e é de fundamental importância no desenvolvimento de produto, pois permite ajustes e testes ainda na etapa de projeto, sem que este precise ser levado à indústria para que os ajustes estruturais, funcionais, visuais e ergonômicos3 sejam feitos. Segundo Liou (2008), “Prototipagem é um caminho rápido para incorporar um feedback direto de usuários reais em um design. Um protótipo pode ser criado para o propósito de saber como o projeto irá se parecer, como o projetista se sentirá com o projeto final, como irá funcionar, onde ser feito, e como ter certeza de que irá ser como se quer que seja. A prototipagem virtual pode não ser suficiente para avaliar o desempenho final de um produto. Pelo menos um protótipo físico em escala se faz necessário até o final do projeto. Prototipagem física permite a exploração, otimização e validação do componente mecânico”. 2 Leash é a corda de segurança presa a prancha e ao usuário evitando que os mesmos se separem durante a pratica do esporte. 3 A Ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. (ABERGO, 2015) 34 Dentre os processos de fabricação (Figura 2), foram destacadas as técnicas aditivas e subtrativas que são controladas por computador e podem de diferentes formas gerar modelos volumétricos que auxiliem nas mais diversas etapas de projeto (Pupo, 2009). Figura 2 – Organograma processos de fabricação. Fonte: elaboração própria. As técnicas aditivas são caracterizadas pela adição de diferentes materiais em várias camadas (layers), formando objetos em três dimensões. Essas técnicas se categorizam pela condição primária em que o material se encontra antes da prototipagem (sólidos, líquidos, lâminas ou pó). Neste projeto foi utilizada a técnica aditiva denominada FDM, também conhecida como impressão 3D. Esta técnica consiste na extrusão de materiais plásticos através de bicos injetores que traçam camadas nos eixos horizontais. Os materiais são fornecidos em forma de filamentos, que ao passarem pelos bicos injetores, são derretidos por uma resistência elétrica ao ponto de mantê-lo ligeiramente acima do seu ponto de fusão, de modo que flua facilmente através dos bicos. O material é depositado em camadas e, a cada camada finalizada, a plataforma de construção se move no sentido vertical permitindo a 35 criação do objeto em três dimensões. A espessura de cada camada determina a qualidade do objeto e a velocidade de execução do projeto. Dentre os materiais usados, podem-se destacar: ABS, PLA policarbonato, poliamida, polietileno, polipropileno e cera de fundição. Essa técnica foi utilizada para a impressão 3D dos compartimentos para o sistema eletrônico e porta objetos (Figura 3). O material utilizado foi o PLA e a impressão 3D foi feita no Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento em Eletrônica (LPDE) do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Figura 3 – Impressão 3D dos cases Fonte: elaboração própria. As técnicas subtrativas, como o próprio nome sugere, é caracterizada pela retirada de materiais de blocos, geralmente maciços de materiais, tais como madeira, isopor ou poliuretano, aos quais são desbastados até se criar o conjunto de material e espaços vazios que determinam a forma desejada. Essa técnica é dividida em dois grupos, as fresas do tipo Computer Numeric Control (CNC) e as técnicas de corte. Nas fresas do tipo CNC o bloco de material é desbastado por fresas rotatórias em várias direções podendo ter vários eixos que movimentam a fresa e eixos que movimentam o bloco de material para diminuir a necessidade de deslocamento da fresa e assim aumentar o alcance em diferentes pontos do bloco. Esse é um sistema controlado por computador e, de forma geral, o que diferencia uma máquina da outra é o número de 36 eixos e ferramentas de corte, quanto maior o número de eixos, maior o nível de complexidade e detalhes possíveis deserem feitos no projeto. A capacidade de corte é uma relação entre rotação e torque, determinando quais materiais podem ser cortados em cada máquina. Neste projeto (Figura 4), as fresas CNC foram utilizadas em diferentes momentos e para diferentes finalidades. Na primeira, [Figura 4 (a)], a prancha foi usinada em uma máquina CNC especializada para modelagem de pranchas a partir de um modelo digital criado no software Shape3D®. O remo e os cases [Figuras 4(b) e 4(c)] foram modelados no software Rhinoceros® e usinados em uma máquina CNC de propósito geral no Laboratório Pronto 3D, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O remo não foi incorporado ao projeto devido à falta de tempo hábil para sua finalização. Entretanto, foi aqui mostrado para representar a importância dessas tecnologias nas diferentes etapas de projeto. O botão capacitivo [Figura 4(d)], foi modelado no software Adobe Illustrator® e usinado em uma fresa CNC dedicada à confecção de placas de circuito impresso do Departamento Acadêmico de Eletrônica do IFSC. 37 Figura 4 – Fresas CNC usadas no trabalho. (a) Usinagem da prancha. (b) Usinagem dos cases. (c) Usinagem do remo. (d) Usinagem do botão capacitivo. Fonte: elaboração própria. A técnica subtrativa de corte a laser é uma das mais utilizadas no mercado, por permitir corte de diferentes materiais de uma forma precisa, bem como a criação de objetos tridimensionais por meio de sobreposição ou montagem das placas cortadas, estas máquinas são equipadas com espelhos que direcionam um feixe de laser para o material. O calor do feixe de laser pode cortar ou criar vincos no material dependendo da configuração da intensidade do laser e do material usado. A intensidade do laser pode ser ajustada anteriormente ao corte. Algumas das vantagens do corte a laser são a velocidade e precisão do corte. 38 Figura 5 – Corte a Laser. (a) Corte da arte em madeira. (b) Corte do deck. Fonte: elaboração própria. Neste projeto a tecnologia laser foi utilizada no corte das lâminas de madeira para a arte na parte inferior da prancha [Figura 5(a)] e para a confecção do deck antiderrapante [Figura 5(b)]. Ambos foram modelados no software Adobe Illustrator® e cortados na máquina de corte a laser do Laboratório Pronto 3D da UFSC. 2.3 Análise Sincrônica No mercado existem inúmeros projetos (Tabela 1) que visam melhorar a qualidade e o desempenho da prática do Stand Up Paddle, Alguns destes foram listados por conter características positivas passíveis de serem incorporadas ou características negativas a serem evitadas no projeto. 39 Tabela 1 – Análise Sincrônica Acessórios para Stand Up Paddle Imagem do Projeto Pontos positivos Pontos negativos Figura 6: (StorageBox). Fonte: http://www.ebay.com/itm/Stand- Up-Paddle-Board-Waterproof-case- Storage-Box-with-Suction-Cap- Mounts- Acessado em: 28/02/2015. -Porta objetos. -Adaptável em diferentes pontos da prancha e em diferentes pranchas. -Tamanho elevado. -Risco de perda caso mal fixado à prancha. Figura 7: (Noqua) Fonte: http://nocqua.com/portfolio/nocqua- spectrum/ Acessado em: 28/02/2015. -Sistema de Iluminação adaptável. -Diferentes cores de iluminação. -Modifica a hidrodinâmica da prancha. - Bateria externa. http://www.ebay.com/itm/Stand-Up-Paddle-Board-Waterproof-case-Storage-Box-with-Suction-Cap-Mounts-/271766900512 http://www.ebay.com/itm/Stand-Up-Paddle-Board-Waterproof-case-Storage-Box-with-Suction-Cap-Mounts-/271766900512 http://www.ebay.com/itm/Stand-Up-Paddle-Board-Waterproof-case-Storage-Box-with-Suction-Cap-Mounts-/271766900512 http://www.ebay.com/itm/Stand-Up-Paddle-Board-Waterproof-case-Storage-Box-with-Suction-Cap-Mounts-/271766900512 http://nocqua.com/portfolio/nocqua-spectrum/ http://nocqua.com/portfolio/nocqua-spectrum/ 40 Figura 8: (SpeedCoach SUP 2) Fonte:http://www.nkhome.com/row ing-sports/who-uses-our- products/nk-sports-performance- stand-up-paddleboarding/ Acessado em: 28/02/2015. -Exercícios programáveis. - Monitoramento de Frequência cardíaca, calorias gastas, velocidade média, distância média, tempo discorrido. -Posicionamento GPS. -Custo Elevado 450 dólares. -Usuários relatam dificuldade de operação. Figura 9: (Acessórios) Fonte: http://www.mysabah.com/wordpres s/stand-up-paddle-boarding-in-sapi- island-sabah/ Acessado em: 28/02/2015. -Suporte para Câmera - Porta Objetos. -Sistema de Iluminação adaptável. -Diferentes cores. http://www.nkhome.com/rowing-sports/who-uses-our-products/nk-sports-performance-stand-up-paddleboarding/ http://www.nkhome.com/rowing-sports/who-uses-our-products/nk-sports-performance-stand-up-paddleboarding/ http://www.nkhome.com/rowing-sports/who-uses-our-products/nk-sports-performance-stand-up-paddleboarding/ http://www.nkhome.com/rowing-sports/who-uses-our-products/nk-sports-performance-stand-up-paddleboarding/ http://www.mysabah.com/wordpress/stand-up-paddle-boarding-in-sapi-island-sabah/ http://www.mysabah.com/wordpress/stand-up-paddle-boarding-in-sapi-island-sabah/ http://www.mysabah.com/wordpress/stand-up-paddle-boarding-in-sapi-island-sabah/ 41 Figura 10: (H2Oglo) Fonte: http://h2oglo.com.au/shop/ Acessado em: 28/02/2015. Imagem do Projeto Pontos positivos Pontos negativos Figura 11: (prancha Getts) Fonte:http://getts.com.br/life/pranch as-stand-up-paddle/pranchas-stand- up/stand-up-flores-por-encomenda- frete-free.html Acessado em: 28/02/2015. - Acabamento personalizado. - Prancha personalizada. - Deck antiderrapante. -Deck descolando. http://h2oglo.com.au/shop/ http://getts.com.br/life/pranchas-stand-up-paddle/pranchas-stand-up/stand-up-flores-por-encomenda-frete-free.html http://getts.com.br/life/pranchas-stand-up-paddle/pranchas-stand-up/stand-up-flores-por-encomenda-frete-free.html http://getts.com.br/life/pranchas-stand-up-paddle/pranchas-stand-up/stand-up-flores-por-encomenda-frete-free.html http://getts.com.br/life/pranchas-stand-up-paddle/pranchas-stand-up/stand-up-flores-por-encomenda-frete-free.html 42 Figura 12: (SipaBoards) Fonte: http://www.gizmodo.com.au/2015/0 4/a-self-inflating-self-propelled- stand-up-paddleboard/ Acessado em: 28/02/2015. -Motor que auxilia o deslocamento. -Controle de velocidade no remo. -Auto inflável. -Porta objetos. -leve e fácil transporte. - Baixa durabilidade da bateria. -Complexa instalação de sistema de iluminação. - Limitados ciclos de carga da bateria. Figura 13: (The night SUP) Fonte: http://www.thenightsup.com/gallery .html Acessado em: 28/02/2015. -Sistema de iluminação incorporado a prancha. -Duração da bateria de apenas duas horas. -Bateria externa. http://www.gizmodo.com.au/2015/04/a-self-inflating-self-propelled-stand-up-paddleboard/ http://www.gizmodo.com.au/2015/04/a-self-inflating-self-propelled-stand-up-paddleboard/ http://www.gizmodo.com.au/2015/04/a-self-inflating-self-propelled-stand-up-paddleboard/ http://www.thenightsup.com/gallery.html http://www.thenightsup.com/gallery.html 43 Figura 14: (Flow SUP) Fonte: elaboração própria. -Prancha leve -Custo reduzido se comparado aos concorrentes. -Possui pega para transporte -Material frágil. -Material barato e inadequado, principalmente no deck e quilhas -Quilhas passantes e atarraxadas à prancha. A análise sincrônica serviu para identificar as seguintes características passíveis de serem incorporadas no projeto: Sistema de iluminação incorporado a prancha. Diferentes cores de iluminação. Monitor de frequência cardíaca. Monitor de calorias gastas. Suporte para guardar utensílios. Posicionamento GPS Tempo de atividade. Velocidade e distânciamédia Suporte para câmera. Customização. Também se destacaram características a serem evitadas no projeto, tais como: Dimensões exageradas da prancha e dos acessórios. Fixação ineficiente dos acessórios. Alto consumo energético. 44 Custo elevado. Dificuldade de operação. Materiais de baixa qualidade. Bateria acoplada a prancha. 2.4 Prática do Stand up Paddle O Brasil possui o maior número de rios, lagos, represas e mares navegáveis do mundo. Além disso, os climas tropical e subtropical favorecem a prática dessa modalidade esportiva aquática e de fácil aprendizado (Pereira, 2015). Florianópolis é cogitada como sede do - Battle of the Paddle (Figura 15), considerada uma das maiores competições de Stand Up Paddle do mundo. Figura 15 – Battle of the Paddle. Fonte: http://www.ondasdovento.com.br/standup/battle-of-the-paddle-florianopolis. Acessado em: 26/05/2015. Não foram encontrados na literatura brasileira dados sobre a da taxa de crescimento do Stand Up Paddle no Brasil. Entretanto, a Outdoor http://www.ondasdovento.com.br/standup/battle-of-the-paddle-florianopolis-2014/ 45 Foundation publica pesquisas sobre o crescimento dos esportes ao ar livre nos Estados Unidos da América (Figura 16) e mostra que o Stand Up Paddle é o esporte que mais cresce de um ano para o outro e o segundo com maior taxa de crescimento em uma média de três anos. Deve-se levar em consideração que o Stand Up Paddle só entrou nessa lista em 2010, crescendo de 1,9 milhão de praticantes em 2014 para 2,8 milhões em 2015. Tal crescimento é atribuído à facilidade de praticar esse esporte e à vasta gama de lugares passíveis de serem utilizados para remar, podendo mesmo ser praticado à noite, horário livre para a maioria das pessoas. Figura 16 – Crescimento das atividades ao ar livre nos EUA. Fonte:http://www.outdoorfoundation.org/research.participation.2015.topline.html. Acessado em 21/03/2015, adaptado pelo autor. A facilidade no aprendizado versus a quantidade de benefícios para o corpo e para a mente são os ingredientes para o crescimento desse esporte. Dentre os principais benefícios, destacam-se: http://www.outdoorfoundation.org/research.participation.2015.topline.html 46 Baixo impacto físico facilitando a pratica em qualquer idade. Gasta-se entre 400 e 1100 calorias por hora dependendo da modalidade e da intensidade (Figura 17). Melhora do sistema cardiorrespiratório. Melhora no equilíbrio. Resistência e fortalecimento muscular. Figura 17 – Gasto calórico do SUP. Fonte: http://www.islesurfboardsblog.com/home/2015/04/10. Destacam-se também questões relativas à saúde mental, uma vez que o Stand Up Paddle é praticado em contato com a natureza, diminuindo o estresse e a ansiedade decorrentes de rotinas diárias. Observa-se inclusive a integração com modalidades já consagradas na relação corpo e mente, tal como o Yoga (Figura 18). 47 Figura 18 – SUP como Terapia. Fonte: https://www.facebook.com/supyogatherapy Acessado em 21/03/2015 https://www.facebook.com/supyogatherapy 48 49 3. Pesquisa com usuários A atividade projetual precisa se inteirar das situações de uso do produto a ser projetado, pois são os detalhes que provém do uso e das características particulares dos usuários que determinam o sucesso ou o fracasso de um projeto. Nesta pesquisa, devido ao prazo reduzido e à necessidade de literalmente “aprender” a fazer uma prancha, a maior parte da pesquisa foi feita concomitantemente com a execução do projeto. “A atividade básica da ciência é a pesquisa. Todavia, convém não esquecer que as lentes do pesquisador, como as de qualquer mortal, estão impregnadas de crenças, paradigmas, valores. Negar isso é negar a própria condição humana de existir. Refuta-se, portanto, a tão decantada “neutralidade científica”. (VERGARA, 2007) Segundo Selltiz (1987), “Pesquisas exploratórias tem por objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições”. As pesquisas efetuadas foram do tipo exploratórias, de modo a definir rapidamente as respostas necessárias para o projeto, utilizando para isso parâmetros, normas e requisitos já criados. Para isso, foi dividida em revisão bibliográfica a qual forneceu subsídios teóricos, normas e diretrizes para o projeto e o estudo de campo, com observações e entrevistas com os usuários para compreender as necessidades dos usuários. 50 Tabela 2 - Hierarquia de pesquisa Revisão Bibliográfica Observações Entrevistas Projeto de Produto 3.1 Estudo de Campo O estudo de campo se mostrou fundamental para conhecer mais sobre o esporte, visto que o mesmo não havia sido praticado anteriormente pelo autor deste projeto, assim sendo, vários parâmetros relacionados à atividade e a execução da prancha advindos do uso e foram levantados e incorporados ao projeto O estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de observação do que de interrogação. É basicamente realizado por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes, para assim captar as explicações e interpretações do ocorre naquela realidade”. Para Gil (2002) “Os estudos de campo procuram muito mais o aprofundamento das questões propostas do que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis”. Como consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta muito maior flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao longo do processo de pesquisa. As pesquisas exploratórias, na maioria dos casos, envolvem; (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas e questionários com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; (c) análise de exemplos que “estimulem a compreensão” (SELLTIZ, 1987). As observações foram feitas em lugares como Lagoa da Conceição, Barra da lagoa, Lagoa de Ibiraquera e Tinguá, duas delas se destacaram pela riqueza de informações observadas. Os grupos 51 SUPAdventure, na Avenida das Rendeiras, em Florianópolis e o grupo SUPSambaqui, localizado na praia do Sambaqui, em Florianópolis (Figura 19), organizam eventos de travessia especificamente na modalidade travessia noturna e foram as principais fontes de informações na pesquisa com usuários. Devido à falta de um questionário estruturado e de um formulário para autorização do uso de imagem, as entrevistas foram conduzidas informalmente, com praticantes do esporte, tanto iniciantes, quanto intermediários, bem como com funcionários de empresas de venda e aluguel de pranchas. Figura 19 – Sinalização das pranchas Sambaqui. Fonte: elaboração própria. Dentre os aspectos observados e levantados nas etapas de pesquisa, sem uma ordem de prioridade, e suas possíveis utilidades neste projeto ou em melhorias futuras. Os eventos são majoritariamente organizados pelas redes sociais. Conexão do aplicativo com as redes sociais. Informação de condições para a prática em diferentes pontos da cidade. Divulgação de eventos de Stand Up Paddle. Os eventos contam com um número expressivo de participantes. Conhecimento do mercado regional. Normalmente, há pranchas para alugar e instrutores para orientar os praticantes iniciantes. Novo mercado para venda e aluguel de pranchas diferenciadas. Os praticantes mais evoluídos no esporte procuram desafios, tais como modalidades em ondas,travessias longas ou yoga sobre a prancha. 52 Adaptação para outras modalidades. Há um equilíbrio no número de participantes homens e mulheres. Customização das pranchas para homens e mulheres. Há idosos e crianças praticando. Tamanho adequado para cada usuário. Não foram vistos deficientes praticando o esporte nestas observações. Acessibilidade. Falta de iluminação na modalidade travessia noturna. Criação de sistema de iluminação. Falta de cobrança dos acessórios de segurança. Observar normas de segurança. Prancha e acessórios são caros. Diferentes linhas de pranchas e acessórios. Falta de suporte para objetos nas pranchas. Porta chaves, carteira e aparelhos de telefonia móvel, etc. Baixa qualidade de alguns materiais como deck, quilhas e coletes de salvatagem. Uso de materiais adequados às normas náuticas. Falta de equipamentos de orientação. Adaptação de sistema de localização GPS no aplicativo. Monitoramento de percurso (distância e tempo). Rápido aprendizado do esporte. Crescimento do mercado Pranchas sem deck são escorregadias e precisam de parafina. Utilização de deck antiderrapante. Desconhecimento das dimensões adequadas da prancha pelos praticantes iniciantes. Necessidade de adaptação. Formatos diferenciados para cada modalidade. Possibilidade de novas linhas de pranchas. 53 3.2 Pesquisa em bases de patente Além das pesquisas bibliográficas anteriores e da análise sincrônica que levantou brevemente o estado da arte das pranchas de Stand Up Paddle, foi feita uma pesquisa em bases de patentes para observar a existência de produtos similares já registrados, bem como possíveis funcionalidades a serem incorporadas a esse projeto ou em melhoramentos futuros. Na base de dados do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), no sítio eletrônico http://www.inpi.gov.br/, não foram encontrados registros na busca pelas palavras chave Stand Up Paddle, SUP, ramada de pé, acessórios para Stand Up Paddle e acessórios para pranchas, sendo pesquisadas tanto na base de patentes quanto na base de desenhos. Na base norte americana de patentes United States Patents and Trademark Office, foram encontrados: Deck de cortiça (ANEXO A). Remo que se transforma em vela (ANEXO B). SUP Inflável e com motor (ANEXO C). Na base Europeia de patentes Espacenet Patents Search, que reúne também parte das patentes asiáticas, foram encontrados: Acento dobrável para SUP (ANEXO D). Acessório estabilizador (ANEXO E). Comunicação de dados com a costa (ANEXO F). No Google patentes foram encontrados: Porta objetos (ANEXO G). Luz para Stand Up Paddle (ANEXO H). Porta objetos com trava a vácuo (ANEXO I). Stand Up Paddle com Painel Solar (ANEXO J). Os requisitos levantados nas diferentes etapas de pesquisa foram classificados em requisitos ergonômicos, de percepção, antropológicos, tecnológicos e econômicos, com a finalidade de facilitar a compreensão do objeto de estudo sob uma lógica qualitativa. http://www.inpi.gov.br/ 54 Requisitos ergonômicos Deve ter dimensões ajustáveis (tamanho das pranchas). Ser leve. Ser fácil de manipular. Ter compartimento estanque para guardar objetos. Requisitos de percepção Ter formas simples. Deve ser testado com usuários. Textura agradável no deck antiderrapante. Sinalização de emergência Requisitos antropológicos Facilitar a atividade de remar à noite Evitar acidentes (esbarrar em objetos). Arte passível de ser customizada. Ser fácil de manipular (ligar, desligar, mudar programação). Ser fácil de recarregar as baterias. Requisitos tecnológicos e econômicos Possuir botão liga e desliga. Ser fácil de produzir Ser fácil de replicar. Utilizar recursos eletrônicos de sensoriamento e programação para captar as informações do ambiente e passar a informação para o usuário. Ter bateria recarregável. Deve ter boa relação entre custo e benefício. Primar por produtos com menor impacto na natureza. Grande autonomia da bateria. 55 4. Projeto A alternativa escolhida (Figuras 20 e 21) é uma prancha de Stand Up Paddle Inteligente com iluminação a LED, sistema microcontrolado para o acionamento das luzes, leitura do nível de bateria, medição tempo dentro e fora da água, leitura da temperatura ambiente e temperatura da água, interfaceamento com o aplicativo móvel para monitoramento e controle dos dados por meio de comunicação Bluetooth® e botão capacitivo para ligar e desligar as luzes sem o aplicativo. Figura 20 – Acabamento parte superior. Fonte: elaboração própria. 56 Figura 21 – Acabamento parte inferior. Fonte: elaboração própria. O desenvolvimento do projeto se baseou na proposta metodológica de Gui Bonsiepe, utilizando-se dos itens pertinentes para a realização deste trabalho, visto que algumas etapas podem ser modificadas e/ou adequadas ao longo do projeto, podendo inclusive ser incorporadas ferramentas utilizadas em outras metodologias. Bonsiepe (1978 apud Gomes, 2004, p. 43) acredita que a metodologia projetual se baseia na hipótese de que no processo projetual existe uma estrutura comum, como se fosse uma armadura. 57 Esquematicamente, o processo projetual pode ser dividido, segundo o autor, nos seguintes passos: Problematização. Análise. Definição do problema. Anteprojeto/ geração de alternativas. Avaliação, decisão, escolha. Realização. Análise final da solução. Essa metodologia se mostra mais forte no quesito de estruturação de projeto onde se pode, além de definir com clareza o problema, ter uma visão geral do objetivo do projeto, fazendo assim com que a geração de alternativas ocorra de forma mais ordenada. As duas macro etapas, Estruturação do Problema Projetual e Projeto possuem características teóricas e práticas, respectivamente, como pode ser observado no (APÊNDICE A), e a separação em micro etapas evita grandes modificações ao longo do projeto, mesmo com as variações que podem ocorrer durante a execução, permitindo sua revisão, adaptação sem afetar drasticamente o projeto como um todo. "A fraqueza fundamental da abordagem projetual é que o projetista gera um universo muito grande de alternativas desconhecidas e o processo de pensamento consciente para explorar é lento". (JONES, 2000). Determinados os objetivos e a metodologia do projeto, observou- se a necessidade de estruturar um cronograma com a síntese das etapas a serem executadas tendo em vista o curto prazo disponível para a execução do mesmo. O prazo foi um dos desafios mais difíceis e importantes no desenvolvimento deste projeto, pois a atual proposta começou a ser trabalhada apenas em fevereiro de 2015 e precisou ser implementada na íntegra desde as etapas iniciais de modelagem digital, shape da prancha até o acabamento da forma e do circuito e do aplicativo Android. Para tanto, os prazos colocados neste cronograma estão diretamente relacionados com os prazos limites para entrega e defesa da monografia sem prorrogação, tendo no total 3 meses para o desenvolvimento completo da prancha de Stand Up Paddle Inteligente. 58 O cronograma (Tabela 3) foi modificado de modo a adequar atividades que não puderam ser executadas em tempo hábil e a acrescentar outras etapas que se mostraram fundamentais ao longo do desenvolvimento do projeto. Tabela 3 - Cronograma do projeto Atividade Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Proposta de monografia ao orientador X Fundamentação teórica. X X Observação. X X Entrevistas. X X Análise dos dados. X Pesquisa de tecnologias. X X Protótipo X Testes com protótipos X Pesquisa de materiais X X Compra de materiais X X Confecçãoda prancha X X Testes dos sensores X X Seminário de acompanhamento do TCC X Programação do microcontrolador X X Desenvolv. do aplicativo Android X X Testes do sistema eletrônico X X Validação do modelo na agua X Redação da monografia X X Requerimento de defesa até 01/06 X Defesa até 16/06 X Os principais parceiros no desenvolvimento do projeto da prancha de Stand Up Paddle Inteligente, além do Departamento Acadêmico de Eletrônica do IFSC, ao qual pertence o curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em Desenvolvimento de Produtos Eletrônicos, também foram importantes parceiros o Departamento Acadêmico de Metal-Mecânica, nas pessoas de Edson Francisco Melo, professor e Felipe Mesquita, aluno para auxilio no desenvolvimento do sistema eletrônico embarcado e do aplicativo para celular. O laboratório Pronto 3D da UFSC pela materialização dos modelos físicos. Este foi um projeto bastante dispendioso, dado o alto valor agregado à fabricação das pranchas de Stand Up Paddle, o desconhecimento dos materiais, a falta de pesquisa de fornecedores e 59 principalmente a falta de experiencia na execussão do projeto, os valores (APÊNDICE B) não contabilizam o sistema eletrônico (bateria, microcontrolador, módulo bluetooth), partes essas que foram gentilmente emprestadas ao projeto pelos parceiros supracitados. Observa-se, entretanto, que essas despesas podem ser reduzidas em até 40% com a redução de desperdícios, uso de ferramentas adequadas e pesquisa de fornecedores. 4.1 Escolha da Prancha A escolha da prancha é fundamental para o melhor desempenho na atividade pois impacta diretamente no esforço relacionado para desempenhá-la. Para isso, o blog Surfbatevolta desenvolveu um pequeno manual de como escolher uma prancha (ANEXO K) e a SUPSURF criou uma tabela relacionando os níveis de habilidade no esporte com o peso e o tamanho da prancha (Tabela 4). Tabela 4 – Tamanho da prancha INICIANTE PESO TAMANHO DA PRANCHA Até 54kg 10'6" - 11' x 27.5" x 4 5/8" De 54kg até 63kg 11' x 28" x 4 3/8" De 63kg até 72kg 11' x 29" x 4 5/8" De 72kg até 81kg 11' x 29.5" x 4 3/4 De 81kg até 90kg 11' x 30.5" x 4 3/4 De 90kg até 100kg 11' x 32" x 4 7/8" De 100kg até 109kg 12' x 33" x 5" De 109kg até 118kg 12' x 35" x 6" De 118kg até 127kg 12' x 36" x 6" INTERMEDIÁRIO PESO TAMANHO DA PRANCHA Até 54kg 10'6" – 11' x 27" x 3 7/8" De 54kg até 63kg 10'6" - 11' x 27.5" x 4 1/4" De 63kg até 72kg 11' x 28" x 4 3/8" De 72kg até 81kg 11' x 29" x 4 5/8" De 81kg até 90kg 11' x 29.5" x 4 3/4 De 90kg até 100kg 11' x 30.5" x 4 3/4 60 De 100kg até 109kg 11' x 32" x 4 7/8" De 109kg até 118kg 12' x 33" x 5" De 118kg até 127kg 12' x 34 x 5 MÉDIO PESO TAMANHO DA PRANCHA Até 54kg 9'6"–10'6" x 26 ½" x 3 7/8" De 54kg até 63kg 10' - 10'6" x 27" x 4" De 63kg até 72kg 10' - 10'6" x 27.5" x 4 1/4" De 72kg até 81kg 10'6" – 11' x 28" x 4 1/2" De 81kg até 90kg 11' x 28.5" x 4 5/8" De 90kg até 100kg 11' x 29.5" x 4 3/4" De 100kg até 109kg 11' x 31" x 4 7/8" De 109kg até 118kg 11'6" x 32" x 5" De 118kg até 127kg 12' x 33" x 5" AVANÇADO PESO TAMANHO DA PRANCHA Até 54kg 9' – 10' x 26" x 3 3/4" De 54kg até 63kg 9'6"–10'6" x 26 ½" x 3 7/8" De 63kg até 72kg 9'6" – 10'6" x 27" x 4 1/8" De 72kg até 81kg 9'6"- 10'6" x 27.5" x 41/4" De 81kg até 90kg 10' – 10'6" x 28" x 4 5/8" De 90kg até 100kg 10'4" – 11' x 28.5 x 4 3/4" De 100kg até 109kg 11' x 29.5" x 4 7/8" De 109kg até 118kg 11' x 31 x 5" De 118kg até 127kg 12' x 32 x 5" QUEM IRÁ USAR A PRANCHA? Usuário principal Alexandre com possibilidade de compartilhamento da prancha, anda de skate há mais de 15 anos e possui pouca experiência no surfe, possui equilíbrio médio/alto e facilidade no transportar a prancha. ALTURA E PESO Altura: 1,96 metros Peso: 92 quilogramas LARGURA Optou-se por uma prancha mais larga para aumentar a estabilidade e permitir a utilização por outros usuários. 61 COMPRIMENTO O comprimento escolhido foi 10’2 pés (aproximadamente 310 cm), aumentando a espessura de borda para compensar a flutuação, podendo assim reduzir o comprimento, consequentemente facilitando o transporte e armazenamento da prancha. ESPESSURA E VOLUME Como citado anteriormente a espessura da borda foi aumentada para 4,5 polegadas (aproximadamente 12 cm) para compensar a redução de comprimento, seguindo a sugestão de parâmetros do manual: Volume da Prancha(L) = (Seu peso em Kg) x Fator Volume da Prancha(L) = (93) x 2 Volume da Prancha(L) = 186 Litros CONFIGURAÇÃO DE QUILHAS Foram utilizadas duas quilhas pequenas nas laterais e um quilhão central, aumentando a estabilidade da prancha em aguas mais agitadas. Todas as quilhas são removíveis para facilitar o transporte e permitir a mudança de configuração para diferentes locais de acordo com o desempenho desejado. 4.2 Modelagem Digital Após a ideia e os conceitos serem definidos, é necessário exteriorizá-los com o objetivo de simular parâmetros que não podem ser integralmente registrados, aperfeiçoados e desenvolvidos no campo das ideias. A criação de sketches (Figura 22) acompanhou a evolução da ideia, a princípio como registro das possíveis soluções encontradas para o projeto e posteriormente como geração de alternativas, filtrando e incorporando os requisitos levantados ao longo do projeto, bem como incorporar as dimensões escolhidas, para em seguida embasar a etapa de modelagem digital. 62 Figura 22 –Sketches. Fonte: Elaboração própria. A modelagem da prancha (Figura 23) foi feita inicialmente no software Shape 3D®, no qual foram informadas as dimensões da prancha previamente definidas. Arquivos do tipo CAD/CAM tem a característica se originarem de uma informação matemática escalável passível de ser enviada na forma de coordenadas para as maquinas CNC e, comumente, podem migrar de um software para outro. Após modelada a prancha, seu arquivo digital foi exportado para o software Rhinoceros® [Figuras 23 (a) e (b)], onde foi possível juntar com os arquivos 2D do deck e da arte em madeira criados em Adobe Illustrator® [Figura 23 (d)] para criar o modelo 3D final para então simular no software renderizador Keyshot® não só a forma já visualizada mas também o acabamento do projeto [Figura 23 (c)], dispensando assim a materialização para visualização fiel do modelo final. 63 Figura 23 – Softwares de modelagem utilizados no projeto. [(a) e (b)] Software Rhinoceros. (c) Software Keyshot. (d) Software Illustrator. Fonte: Elaboração própria. Um projeto da Siemens pretende usar a tecnologia do software de modelagem NX CAD para desenvolver um software específico para a produção de pranchas a partir de informações parametrizadas, chamado Firewire Surfboards®, no qual o usuário coloca os parâmetros de altura, peso, habilidades, modalidade esportiva e desempenho desejado para criar o modelo 3D, possibilitando assim a personalização da prancha a ser usinada em uma fresa CNC. A Surfteccel disponibiliza os arquivos digitais 3D de suas pranchas gratuitamente em seu sítio eletrônico. Há softwares de modelagem 3D de pranchas, tais como: 64 Board CAD® Surf CAD® AKU Shaper® Shape 3D® No ano de 2005, a SRS Surfboards desenvolveu em parceria com o IFSC e a Shape 3D uma máquina de usinagem de pranchas, considerada uma das melhores máquinas neste segmento em nível internacional. 4.3 Confecção da Prancha Após modelada digitalmente, a prancha passou por processos de usinagem, lixação, instalação dos componentes, laminação, arte (madeira e stencil), pintura e, por falta de maquinário adequado, não foi dado o polimento necessário para cristalizar a resina, o que não prejudica o funcionamento mas deixa o acabamento pouco profissional.A prancha (Figura 24) foi usinada em uma fresa CNC especializada na empresa Rhyno Foam, localizada no bairro Rio Tavares, em Florianópolis, sendo esta uma das possíveis empresas fornecedoras de blocos. Entretanto, a empresa não permitiu o registro fotográfico do processo de usinagem do bloco. O material utilizado foi o EPS, popularmente conhecido como Isopor®. A longarina é feita de compensado naval para dar maior resistência à prancha. 65 Figura 24 – Prancha usinada. Fonte: elaboração própria. A principal dificuldade nessa etapa foi a fixação para o transporte do bloco, uma vez que as amarrações esmagavam o material, assim deformando-o e fazendo necessário o lixamento em toda a prancha para manter a simetria. O lixamento ocorreu em todas as etapas de confecção da prancha para corrigir imperfeições (Figura 25). Porém, algumas ferramentas precisaram ser adaptadas à função, tais como lixas fixadas em tacos de madeira para superfícies planas e lixas fixadas em blocos de espuma para as superfícies curvas. Foi necessária a compra de uma lixadeira orbital para facilitar o trabalho de remoção de uma das camadas de resina, na qual ocorreu uma reação química da resina com a tinta. 66 Figura 25 – Etapa de lixamento. Fonte: elaboração própria. A longarina foi bastante difícil de ser lixada sem danificar o bloco de EPS, pois a madeira tem densidade e rigidez muito superior, desgastando muito mais o EPS do que a longarina, mesmo sendo aplicada a mesma força para lixar ambos. Um erro cometido no início da etapa de lixamento foi a utilização de lixas de gramatura baixa, para desbaste rápido. Isso danificava o material mais do que dava acabamento. Recomenda-se assim o uso de lixa com gramatura para alto acabamento, bem como uso de uma massa acrílica antes da laminação para corrigir imperfeições. Importante ressaltar a necessidade de utilização de equipamentos de proteção em todas as etapas do projeto, principalmente na laminação e na lixação das camadas de fibra e resina, a Figura 25 apresenta a lixação do EPS, seus resíduos são menos prejudiciais do que os resíduos da resina e da fibra, entretanto não dispensam o uso de máscara para evitar a inalação dos resíduos. A laminação (Figura 26) foi feita com resina epóxi sobre o tecido de fibra de 330oz para dar resistência à prancha, sendo aplicada alternadamente duas camadas de tecido na parte superior e uma na parte inferior, que posteriormente recebeu a arte feita com lâminas de madeira, aumentando assim a resistência da parte inferior. Para a aplicação a mistura para laminação, é feita na proporção de 2 partes de resina para 1 de catalisador e 3 de microesferas (para facilitar o lixamento). O tecido de fibra é cortado com dimensões em torno de 15 cm maior do que as da prancha e a aplicação é feita rapidamente, pois o tempo de secagem é baixo. 67 Figura 26 – Etapa de Laminação. Fonte: elaboração própria. Os LEDs, sensores de condutividade e botão capacitivo foram feitos antes da laminação, bem como os buracos de suporte das tampas de inspeção e do handle4 (Figura 27). A fixação destes últimos deveria ser feita somente no final, pois para cada etapa eles precisavam ser isolados para não serem danificados pelo lixamento, pintura ou resina. O desconhecimento do processo acarreta em erros e os erros em desperdício de tempo e recursos, entretanto estes erros permitem grande aprendizado para confecções futuras. 4 Handle pega de material plástico para transportar a prancha. 68 Figura 27 – Posicionamento dos elementos. Fonte: elaboração própria. O posicionamento das quilhas (Figura 28) foi feito após a laminação e aplicação da arte em madeira, sendo simulada previamente no software Shape 3D® (Figura 29). Figura 28 – Posicionamento das quilhas. Fonte: elaboração própria. 69 Figura 29 – Simulação do posicionamento das quilhas em software. Fonte: elaboração própria. A arte (Figura 30) foi aplicada não somente para fins estéticos, mas também para mostrar as inúmeras possibilidades que a fabricação digital proporciona, sendo a customização uma das mais importantes. A diferença entre os novos métodos de produção baseados em modelos digitais e os antigos métodos de produção de massa é que os primeiros não se destinam a produzir cópias idênticas de um mesmo produto. Pelo contrário, constituem se em sistemas suficientemente adaptáveis para produzir um grande espectro de formas diferentes. Esse novo conceito tem sido chamado de “mass customization” (personalização em massa) e foi definido por autores como Stan Davis (1996), Tseng e Jiao (2001), Pine (1993), e Kaplan e Haenlein (2006). O molde para a pintura, também conhecido como stencil, foi criado a partir do mesmo arquivo digital da arte em madeira [Figura 23(a)], recortado em uma máquina do tipo plotter. Após recortado o stencil em folha adesiva, foram descartadas as partes em que se desejava permitir o contato da tinta com a prancha, foi então colado na superfície superior traseira da prancha e pintado com spray de cor preta [Figura 30 (a)]. A pintura do stencil deveria ter sido feita somente no final, após todas as camadas de tinta e resina aplicadas na prancha, pois ocorreu uma reação química entre as camadas de resina e de tinta fazendo com que a 70 pintura e a lixamento tivessem que ser refeitas diversas vezes para retirar as imperfeições, deixando marcas no entorno da arte. O Deck [Figura 30 (b)] foi feito de EVA de alta densidade com superfície antiderrapante e 8 mm espessura. Essa etapa não apresentou grandes dificuldades. Entretanto, observou-se que decks comerciais utilizam espessuras menores da lâmina de EVA, reduzindo custos e peso da prancha sem prejudicar a superfície antiderrapante. A arte em madeira [Figura 30 (c)] foi feita com lâminas processadas de resto de madeira em tons de marfim (clara) e imbuia (escura) para aumentar o contraste da arte. As lâminas de madeira foram cortadas a laser e coladas sobre a resina. As dificuldades dessa etapa foram o uso do tipo inadequado de adesivo de contado, fazendo com que vários pontos precisassem de reparo posterior devido a umidade do ar que descolava a madeira da resina criando bolhas; As lâminas de madeira rachavam no sentido do veio da madeira após cortadas, formando um verdadeiro quebra cabeças. As soluções seriam o corte a laser da madeira colada em algum material adesivo que evitasse a quebra das lâminas e o uso de adesivo de contato apropriado. Figura 30 – Arte aplicada na prancha. (a) Stencil. (b) Deck. (c) Arte em madeira. Fonte: elaboração própria. 71 4.4 Sistema Eletrônico O desenvolvimento do sistema eletrônico (Figuras 31 e 32) foi feito essencialmente na forma de protótipo, onde procurou-se o modo mais rápido de testar o maior número de funcionalidades para incorporá- las ao projeto dentro do prazo, validando os conceitos previamente definidos. Observa-se porém que para transformar a prancha de Stand Up Paddle Inteligente em um produto, todos os circuitos projetados para simular as funcionalidades precisam ser pensados de modo a alcançar o maior desempenho do sistema, bem como simplifica-los para adaptar melhor à prancha e reduzir os custos. Figura 31 – Esquemático do sistema eletrônico. Fonte: elaboração própria. 72 Figura 32 – Sistema Eletrônico. Fonte: elaboração própria. Devido à falta de tempo para criação de uma placa dedicada, optou-se por trabalhar com a plataforma eletrônica open source Arduino®, valorizando um projeto criado dentro do IFSC, pelo professor Edson Melo do departamento de Metal-Mecânica, a placa µCduino (Figura 33), essa possui compatibilidade com o padrão Arduino, modelo Duemilanove
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