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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO JOSÉ JOSENILDO DE SOUSA TEMOTEO A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE EMPREENDEDORISMO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE CEARENSE FORTALEZA 2014 JOSÉ JOSENILDO DE SOUSA TEMOTEO A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE EMPREENDEDORISMO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA FACULDADE CEARENSE Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Administração de Empresas do Centro Superior do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientadora: Professora Ms. Rosangela Soares de Oliveira FORTALEZA 2014 JOSÉ JOSENILDO DE SOUSA TEMOTEO A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE EMPREENDEDORISMO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DAS IES PRIVADO NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA/CE. Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Administração de Empresas, outorgado pela Faculdade Cearense – FAC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data da aprovação: _____/_____/________ ___________________________________________________________________________ Rosangela Soares de Oliveira, Ms. Orientadora ___________________________________________________________________________ Membro ___________________________________________________________________________ Membro A Deus, aos meus pais Irene Sousa e José Alves, aos meus familiares, a todos meus amigos (as) que estiveram ao meu lado nessa caminhada e aos meus professores. AGRADECIMENTO Primeiramente agradeço a Deus por estar sempre comigo me proporcionando saúde, força, coragem, determinação e principalmente humildade para alcançar meus objetivos, entre eles a finalização desse trabalho. A Ele toda honra e toda glória. Aos meus queridos pais Maria Irene e José Alves por todo seu amor, carinho, paciência, dedicação e esforço comigo, por acreditarem em mim e apoiarem sempre meus projetos de vida. Aos meus familiares e amigos que com sua paciência e confiança me ajudaram e incentivaram à conclusão desse trabalho. À minha orientadora professora e mestre Rosangela Soares de Oliveira pela sua dedicação, atenção, apoio e orientação precisa durante todo o desenvolvimento desse trabalho. A todos os professores do curso de Administração da Faculdade Cearense que contribuíram de forma espetacular para minha formação acadêmica e profissional, a eles meus sinceros votos de agradecimento. A todos meus amigos e amigas de caminhada acadêmica que durante esses quatro anos conviveram comigo buscando sempre ultrapassar todos os obstáculos de forma humilde. A todos que contribuíram com o desenvolvimento desse trabalho e que gentilmente cederam parte do seu tempo para responder ao questionário. E por fim a todos que de forma indireta ou direta contribuíram para conclusão desse trabalho e consequentemente para conclusão do meu curso. “Existe o risco que você não pode jamais correr, e existe o risco que você não pode deixar de correr.” (Peter Drucker) RESUMO O âmbito acadêmico brasileiro está cada vez mais marcado pela presença do ensino de empreendedorismo. Essa crescente evolução é benéfica para o país, pois os empreendedores nos dias atuais são vistos como fortes agentes propulsores para o desenvolvimento econômico, principalmente em países que estão em desenvolvimento como é o caso do Brasil. O objetivo principal desse trabalho é compreender a importância do ensino de empreendedorismo em uma IES privada no Curso de Administração e analisar o valor que é dado em relação ao ensino de empreendedorismo na mesma. Os meios utilizados para alcançar esse objetivo foram, inicialmente, pesquisa bibliográfica utilizando informações de autores que já abordaram a respeito do assunto, em seguida realizou-se uma pesquisa de campo utilizando como ferramenta para coleta dos dados um questionário aplicado a 23 acadêmicos da turma de Gestão de Novos Empreendimentos 2014.1 da IES X, no período de 07 a 09/04/2014. Através da pesquisa foram identificadas várias informações relevantes, entre elas, a percepção dos acadêmicos sobre a importância do ensino de empreendedorismo para sua formação acadêmica, como também a visão dos acadêmicos em relação ao valor que está sendo dado no ensino de empreendedorismo na IES. Palavras Chaves: Empreendedorismo, Ensino de Empreendedorismo, Curso de Administração. ABSTRATC The Brazilian academic context is increasingly marked by the presence of teaching entrepreneurship. This growing trend is beneficial for the country as entrepreneurs nowadays are seen as strong propellants for economic development, especially in countries that are in development that is the case of Brazil. The main objective of this study is to understand the importance of entrepreneurship education in a private IES in the course of Directors and analyze the value that is given in relation to the teaching of entrepreneurship in it. The means to achieve this goal were initially bibliographic research using information from authors who have addressed on the subject then carried out a field survey using as a tool for data collection a questionnaire administered to 23 students in the class of managing New Developments 2014.1 IES X, in the period from 07 to 09.04.2014. Through research various relevant information were identified, among them the perception of academics of the importance of teaching entrepreneurship to their academic training, but also the view of academics in relation to the value that is being given to the teaching of entrepreneurship in IES . Keywords: Entrepreneurship, Teaching Entrepreneurship, Management Course LISTA DE ILUSTRAÇÕES QUADROS Quadro 01- Perfil do graduando dos cursos de administração ................................................. 19 Quadro 02 – Evolução Histórica do Ensino de Administração no Brasil ................................ 21 Quadro 03 – Cursos com maiores números de matriculados ................................................... 23 Quadro 04 – Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor a partir da Idade Média ................................................................................................................ 24 Quadro 05 – Ensino Tradicional e aprendizado de empreendedorismo ................................... 31 FIGURAS Figura 01 As competências duráveis do administrador ............................................................ 20 Figura 02 Os ingredientes de um negócio bem-sucedido ......................................................... 28 GRÁFICO Gráfico 01 Evolução da matrícula na educação superior de graduação no Brasil ................... 22 Gráfico 02 Sexo ........................................................................................................................ 36 Gráfico 03 Faixa Etária.............................................................................................................37 Gráfico 04 Atuação ................................................................................................................... 37 Gráfico 05 Empreendedorismo como área de atuação para acadêmicos de administração ou administradores ......................................................................................................................... 38 Gráfico 06 Empreendedorismo como ferramenta propulsora do desenvolvimento da economia do nosso país ............................................................................................................................. 39 Gráfico 07 Visão positiva da IES X em relação ao ensino de empreendedorismo .................. 39 Gráfico 08 Realização de eventos acadêmicos pela IES X relacionadas ao tema empreendedorismo.................................................................................................................... 40 Gráfico 09 Professores da IES X que levam para sala de aula atividades relacionadas ao tema empreendedorismo.................................................................................................................... 40 Gráfico 10 Percepção dos entrevistados em relação a se os alunos da IES X mostram-se atraídos pela possibilidade de serem empreendedores ............................................................ 41 Gráfico 11 Considerações dos entrevistados em relação à formação empreendedora dada pela IES X ao seu corpo acadêmico ................................................................................................ 41 Gráfico 12 Percepção dos entrevistados em relação à importância do ensino de empreendedorismo para sua formação acadêmica .................................................................. 42 Gráfico 13 Percepção dos entrevistados em relação à metodologia utilizada pela IES X para o ensino de empreendedorismo .................................................................................................. 42 Gráfico 14 Motivos que levam a maioria dos entrevistados considerarem que a metodologia da IES X em relação ao ensino de empreendedorismo não é satisfatória ............................... 43 Gráfico 15 O valor do ensino de empreendedorismo no curso de administração para os entrevistados ............................................................................................................................ 44 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS ANPAD Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração CAPES Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CFA Conselho Federal de Administração CRA Conselhos Regionais da Administração DASP Departamento de Administração do Serviço Público EAESP Escola de Administração de Empresas de São Paulo EBAP Escola Brasileira de Administração Pública ESAN Escola Superior de Administração de Negócios FEA-USP Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo FGV Fundação Getúlio Vargas GEM Global Entrepreneurship Monitor IES Instituição de Ensino Superior IBQP Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade IDORT Instituto de Organização Racional do Trabalho POCCC Planejar, Organizar, Comandar, Coordenar e Controlar SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 15 2.1 Administração: Definições e Suas Teorias ......................................................................... 15 2.1.1 Perfil, Funções e Habilidades de um Administrador ....................................................... 18 2.1.2 Evolução do Ensino de Administração no Brasil ............................................................ 20 2.2 Empreendedorismo: Definições e Histórico ....................................................................... 23 2.2.1 Tipos de Empreendedores ............................................................................................... 25 2.2.2 Perfil de um Empreendedor de Sucesso .......................................................................... 27 2.2.3 O Ensino de Empreendedorismo ..................................................................................... 29 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 32 3.1 Estratégia Metodológica ..................................................................................................... 32 3.2 Tipo de Pesquisa ................................................................................................................. 32 3.3 População e amostra da pesquisa ....................................................................................... 33 3.4 Método de coleta de dados ................................................................................................. 34 4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 35 5 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ........................ 36 5.1 Conhecendo objeto de estudo ............................................................................................. 36 5.2 Caracterização do valor dado ao ensino de empreendedorismo na IES ............................. 38 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 47 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ACADÊMICOS DA TURMA DE GESTÃO DE NOVOS EMPREENDIMENTOS ......................................................................................... 49 1 INTRODUÇÃO O assunto empreendedorismo está cada vez mais ganhando espaço em nossa sociedade e no âmbito acadêmico. Disciplinas, eventos e atividades diversas relacionadas ao tema estão presentes no cotidiano de muitos acadêmicos. Segundo Flores, Hoelgebaum e Silveira (2008, p. 4) “Em vários países já se percebe a presença do empreendedorismo nos currículos escolares, o que reflete a visão de que a educação é passo primordial para o desenvolvimento dos futuros empreendedores”. Para Baron e Shane (2007) a área de empreendedorismo é eclética por natureza: tem origem em muitas disciplinas mais antigas e bem formadas, como a economia, a psicologia, a administração e a sociologia. [...] definição de empreendedorismo – um campo de estudos que busca entender como surgem as oportunidades para criar novos produtos ou serviços, novos mercados, processo de produção, formas de organizar as tecnologias existentes ou matérias-primas e como são descobertas por pessoas específicas, que então usam vários meios para explorá-las ou desenvolvê-las. (BARON; SHANE, 2007, p.10) Desde 1999 o programa Global Entrepreneurship Monitor - GEM realiza avaliação em alguns países do mundo relacionado ao desenvolvimento do empreendedorismo. Tal avaliação era realizada inicialmente em 10 países atualmente cerca de 100 países participam desta avaliação. O Brasil começou a participar dessa avaliação a partir de 2002. Todo ano, com base nessa avaliação, o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade - IBQP juntamente com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE e Fundação Getúlio Vargas - FGV elaboram um relatório com os resultados dessa avaliação. A última pesquisa realizadano ano de 2012 pela GEM mostrou que o grau de escolaridade dos empreendedores iniciantes está aumentando em relação aos empreendedores estabelecidos. Analisando os dados em nível nacional e relacionando-os aos níveis de escolaridade de curso superior percebe-se uma diferença de 4,03% no nível de escolaridade de curso superior incompleto no qual os empreendedores iniciantes representam 10,3%, enquanto os empreendedores estabelecidos são de 6%. Já analisando o nível de escolaridade do curso superior completo percebe-se uma diferença de 3% no qual os empreendedores iniciantes possuem 11,5% enquanto os empreendedores estabelecidos apresentam 8,9%. 13 Nessa perceptiva pode-se considerar que os novos empreendedores que estão entrando no mercado buscam primeiro a capacitação para poderem visualizar as oportunidades mais vantajosas e se conseguirem manter vivos no âmbito dos negócios que se encontram cada vez mais competitivos. Segundo Flores, Hoelgebaum e Silveira (2008, p. 1) “O empreendedorismo tem tido um valor crescente no mundo em virtude das inúmeras mudanças que vêm ocorrendo, principalmente, nas relações de trabalho e na questão de emprego e renda. A formação de empreendedores tornou-se questão importante”. A IES possui a missão de educar, formar e realizar pesquisas, a fim de contribuir para o desenvolvimento cultural, social e econômico da sociedade, promovendo, gerando e difundido conhecimento em um contexto de pluralismo e diversidade cultural. “As IES têm, como principal função, prover o mercado de profissionais capacitados e sintonizados com o cenário atual. Sendo assim, destaca-se o esforço caracterizado pelas reformulações curriculares, identificado na maioria das IES, a fim de adequar a formação do profissional de administração à nova realidade”. (DUTRA E PEIXOTO, 2001, p. 8) Analisar o valor dado pelo corpo acadêmico de IES privada ao fenômeno empreendedorismo, que é importante para o desenvolvimento econômico e social do nosso país, é determinante para compreender se os universitários estão sendo estimulados a desempenharem um papel empreendedor em nossa sociedade. “Hoje, ser empreendedor é quase um imperativo, significando dizer que visão de futuro e talento individual é elemento propulsor das novas idéias. No entanto, para o sucesso de empreendimentos inovadores, é preciso análise, planejamento estratégico-operacional e capacidade de desenvolvimento, tanto fora da organização, quando se inicia um novo empreendimento, quanto dentro da organização, quando o funcionário começa a ter visão de dono do negócio. É necessário, ainda, que os empreendedores se convertam em multiplicadores de conhecimento, tendo como objeto a criação de empresas e de novos postos de trabalho. (FLORES, HOELGEBAUM E SILVEIRA, 2008, p. 2)” Assim é possível identificar a seguinte problemática: Qual a importância do ensino de empreendedorismo para os acadêmicos da turma de empreendedorismo da Faculdade Cearense uma IES privada situado no município de Fortaleza/CE? O objetivo principal deste trabalho monográfico é compreender a importância do ensino de empreendedorismo em uma IES privada no curso de Administração e analisar o valor que é dado em relação ao ensino de empreendedorismo na mesma. De modo mais 14 específico, os objetivos propostos são: entender o contexto social econômico que abrange o tema empreendedorismo no âmbito do campo acadêmico; analisar a presença de atividades relacionadas ao tema empreendedorismo no curso de Administração de Empresas; analisar a percepção dos acadêmicos da turma de empreendedorismo de uma IES privada em relação à importância que está sendo dada ao ensino do empreendedorismo no curso de Administração de Empresas. O fenômeno empreendedorismo contribui para o desenvolvimento econômico e social do nosso país, analisar a importância do ensino de empreendedorismo em uma IES é determinante para compreender se os universitários estão sendo estimulados a desempenharem um papel empreendedor em nossa sociedade. O intuito desde trabalho é proporcionar informações relevantes sobre o ensino de empreendedorismo como conceito, características, benefícios e outros. A estrutura do trabalho está divida em cinco capítulos: o primeiro capítulo destina-se à introdução que apresenta a problemática, justificativa, objetivo geral e específico. O segundo capítulo denominado referencial teórico encontra-se dividido em duas subseções, a primeira relacionada ao tema Administração, relatando suas definições, teorias, perfis, funções e habilidades de um administrador e a evolução do ensino de Administração no Brasil. A segunda subseção é relacionada ao tema Empreendedorismo abrangendo seus conceitos, contexto histórico, tipos de empreendedores, perfis de um empreendedor de sucesso e o ensino de empreendedorismo. O terceiro capítulo refere-se à metodologia. Neste serão apresentados os procedimentos utilizados na realização dessa pesquisa, indicando o tipo de pesquisa, como a pesquisa foi realizada e o instrumento utilizado para a coleta de dados. O quarto capítulo destina-se ao estudo de caso no qual é explanado sobre o local da realização do estudo de caso. O quinto capítulo refere-se à análise dos dados e interpretação dos resultados de forma a apresentar as informações coletadas e tabuladas, mostrando as considerações sobre os resultados encontrados. As considerações finais destinam-se a apresentar conexões da teoria com os resultados obtidos na pesquisa de campo. Finalmente, as referências bibliográficas serão apresentadas de forma a identificar os autores e publicações que proporcionaram embasamento para a concretização dessa pesquisa. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO A seguinte seção apresentará o referencial teórico empregado nesse trabalho. Este se encontra dividido em duas subseções. A primeira está relacionada ao tema Administração, relatando suas definições, teorias, perfis, funções e habilidades de um administrador e a evolução do ensino de administração no Brasil. A segunda subseção está relacionada ao tema empreendedorismo abrangendo seus conceitos, contexto histórico, tipos de empreendedores, perfis de um empreendedor de sucesso e o ensino de empreendedorismo. 2.1 Administração: Definições e Suas Teorias Segundo Chiavenato (2004) a palavra administração vem do latim, no qual, ad se refere à direção, tendência para e minister se refere à subordinação ou obediência, significa aquele que realiza uma função sob comando de outro. Chiavenato (2004) menciona que administração em seu contexto histórico é recente e somente no século XX começou ganhar mais espaço. De acordo com Maximiano (2004 p. 33): “Administração é uma palavra antiga, associada a outras que se relacionam com o processo de tomar decisões sobre recursos e objetivos”. Segundo Chiavenato (2008a) administração pode ser conceituada como o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar a aplicação das competências e o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz. De acordo com Silva (2004 p.6): “Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais”. Para Maximiano (2004 p.34) “A administração é um processo dinâmico de tomar decisões e realizar ações que compreende cinco processos principais interligados: planejamento, organização, liderança (e outros processos da gestão de pessoas), execução e controle”. Pode se observar que as funções planejar, organizar, dirigir e controlar estão presentes nos conceitos de administração desses pensadores e para um melhor entendimento é preciso compreender cada uma delas. Segundo Lacombre e Heilborn (2008)o planejar é ação de pensar antecipadamente nas decisões que possam influenciar ou serem colocadas em prática no futuro. 16 Para Chiavenato (2008a p.13): “O planejamento produz estratégias que se baseiam em objetivos e nos procedimentos específicos para alcançá-los. Planejar envolve solução de problemas e tomada de decisões quanto à alternativa para o futuro”. De acordo com Chiavenato (2008a p.13): “A organização visa estabelecer a infra- estrutura e os recursos necessários para possibilitar a implementação do planejamento, o que reflete como a empresa tenta cumprir os planos.”. Já para Lacombre e Heilborn (2008) o organizar é o processo de identificar, separar e remanejar de forma correta o trabalho. Chiavenato (2008a) define dirigir como o processo de influenciar e orientar as atividades relacionadas às tarefas dos diversos indivíduos da equipe ou da organização, como um todo. Segundo Silva (2004) controle é a função que se delega ao comparar o desempenho atual com os padrões predeterminados. Para Chiavenato (2008a, p.14) “O controle representa o acompanhamento, monitoração e avaliação do desempenho organizacional para verificar se as ações estão acontecendo de acordo com o que foi planejado, organizado e dirigido”. Diante dos conceitos de administração abordados pode-se compreender que as funções administrativas estão ligadas diretamente à administração. Segundo Chiavenato (2008a, p.14) “No conjunto, as quatro funções administrativas – planejamento, organização, direção e controle – formam o processo administrativo”. Inicialmente para se compreender as escolas de administração se faz necessário entender o significado da palavra teoria no âmbito da administração. Segundo Maximiano (2004) as teorias da administração são ideias práticas que ajudam a entender e administrar organizações. Para Lacombe e Heilborn (2008, p. 37): “As teorias organizacionais podem ser entendidas como um conjunto de princípios e prescrições que visam facilitar a realização dos objetivos das organizações”. Segundo Lacombe e Heilborn (2008) as teorias organizacionais nasceram há muito tempo atrás, desde as primeiras organizações que tiverem que lidar com problemas e definir objetivos. As mesmas vêm evoluindo constantemente no decorrer do tempo, porém uma nova teoria não elimina a outra e sim complementa a mesma, incluindo novos ângulos e ampliando a visão dos administradores. De acordo com Maximiamo (2004) as teorias administrativas estão organizadas em escolas que podem possuir ênfase principalmente em três aspectos, mecanicistas, comportamentais e sistêmicos. Segundo Lacombe e Heilborn (2008) os aspectos mecanicistas envolvem as teorias que priorizam os aspectos técnicos como tarefas, normas, estrutura organizacional, 17 responsabilidade dos administradores e hierarquia. Já as teorias que envolvem os aspectos comportamentais são as com ênfase nas pessoas que constituem a organização como a motivação e o comportamento. As teorias que enfatizam as relações entre as partes da organização e a sua interação com o ambiente externo, no qual, está inserida são de aspecto sistêmico. Segundo Chiavenato (2004) as escolas da administração começaram através da Administração Cientifica de Taylor, em seguida com preocupação na estrutura surge à escola Clássica com Fayol e a Teoria da Burocracia com Weber, dando continuidade. Agora com ênfase nas pessoas surge a Teoria das Relações Humanas. Em seguida com ênfase no ambiente surge a Teoria dos Sistemas que é completada com a Teoria da Contingência. De acordo com Lacombe e Heilborn (2008) a primeira Escola foi da Administração Científica através do engenheiro Frederick Winslow Taylor, baseada na divisão do trabalho. Buscava a elevação da eficiência da produção por meio da racionalização do trabalho, evitando o desperdício. Taylor possuiu alguns seguidores na sua linha de raciocínio como: Henry Gantt, Frank e Lilian Gilbreth, Henry Ford e outros. “Taylor e seus seguidores tiveram o mérito de assimilar, sistematizar e disseminar um conjunto de princípios que vinha ao encontro de uma necessidade e, por isso, foram recebidos com grande entusiasmo, apesar de algumas críticas importantes. Estudos de tempos e movimentos, descrições de cargos, organização e métodos, engenharia de eficiência e racionalização do trabalho foram algumas idéias que a ação de Taylor colocou na ordem do dia. (MAXIMIANO, 2004 p. 56)” Segundo Maximiano (2004) Henry Ford também deu várias contribuições fundamentais para Escola da Administração Cientifica como a produção em massa, a intercambialidade das peças e a linha de montagem responsável pela expansão industrial em todo o mundo. Para Lacombe e Heilborn (2008), a escola clássica é mais voltada para estrutura organizacional, na qual, possui ênfase na maneira correta de se estabelecer a estrutura organizacional e as responsabilidades dos administradores. O pioneiro dessa escola foi o engenheiro Henri Fayol o mesmo separou as funções do administrador das funções de seus subordinados, além de estabelecer as funções básicas da administração: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Nessa mesma ocasião surgiu a teoria da burocracia de Max Weber, de acordo com Maximiano (2004 p. 60): “Weber descreveu as organizações burocráticas como máquinas totalmente impessoais, que funcionam de acordo com regras que ele chamou de racionais”. 18 “A burocracia enfatiza a formalização (obediência e normas, rotinas, regras e regulamentos), divisão do trabalho, hierarquia (obediência às ordens dos superiores e conferência de status às posições hierárquicas elevadas), impessoalidade e profissionalização e competência técnica dos funcionários. (LACOMBRE; HEILBORN, 2008 p.49)” Segundo Maximiano (2004) o enfoque comportamental tem como principal componente a Escola das Relações Humanas que possui seu primórdio nos famosos experimentos realizados pelo psicólogo Elton Mayo em Hawthorne que, apresentou em seus resultados o que seria indispensável dar mais ênfase aos aspectos humanos das organizações. Para Lacombe e Heilborn (2008) abordagem comportamental é a forma ideal de administrar, no qual, prioriza a importância de compreender e conhecer os subordinados e suas necessidades, de modo a motivá-los e a obter melhores resultados por meio deles. De acordo com Maximiano (2004) a abordagem sistêmica possui o enfoque na ideia de elementos que interagem entre si e que consequentemente formam conjuntos para realizar objetivos. Seu principal idealizador foi o biólogo Ludwing Von Bertalanffy com a Teoria dos Sistemas. Após verificar os conceitos e teorias da administração em nosso contexto histórico, pode-se dar continuidade analisando o perfil, funções e habilidades de um administrador. 2.1.1 – Perfil, Funções e Habilidade de um Administrador Diante das mudanças constantes no mundo organizacional faz-se necessário compreender o perfil, funções e habilidades de um administrador para melhor atuar no mundo dos negócios. Segundo Lacombe e Heilborn (2008) o perfil do administrador no contexto atual possui diversos papéis: a obtenção de resultados por meio das pessoas é um desses papéis. O mesmo precisa alcançar seus resultados através das pessoas que estão inseridas em sua equipe. Outro papel do administrador segundo Lacombe e Heilborn (2008) é dar prioridade aos resultados econômicos: o mesmo toma decisões e realiza ações constantemente no seu dia a dia, tais decisões e ações precisam, em caráter de prioridade, estar alinhadas com o desempenho satisfatório econômico da empresa. Para Lacombe e Heilborn (2008) o administrador precisa de experiência, conhecer as ferramentas administrativas e seus princípios, habilidade de lidar com as pessoas e um alto grau de responsabilidade.19 PERFIL DO GRADUANDO DOS CURSOS DE ADMINISTRAÇÃO 1. Internalização de valores de responsabilidade social, justiça e ética profissional. 2. Formação humanística e visão global que o habilite a compreender o meio social, político, econômico e cultural no qual está inserido e a tomar decisões em um mundo diversificado e interdependente. 3. Formação técnica e científica para atuar na administração das organizações, além de desenvolver atividades específicas da prática profissional em consonância com as demandas mundiais, nacionais e regionais. 4. Competência para empreender, analisando criticamente as organizações, antecipando e promovendo suas transformações. 5. Capacidade de atuar em equipes multidisciplinares. 6. Capacidade de compreensão da necessidade do contínuo aperfeiçoamento profissional e do desenvolvimento da autoconfiança. Quadro 01 – Perfil do graduando dos cursos de administração. Fonte: Lacombe e Heilborn (2008, p. 5) - ADAPTADO O administrador possui a responsabilidade de identificar os objetivos da sua unidade organizacional, definir formas de atingir tais objetivos e buscar os recursos necessários para o alcance dos objetivos. De acordo com Lacombe e Heilborn (2008) para existência de uma organização formal é necessário que o administrador execute as seguintes funções: planejar, organizar, prover recursos humanos, liderar, coordenar e controlar. Segundo Chiavenato (2004) a partir do momento em que o administrador vai elevando seu nível de conhecimento, experiência e hierarquia na organização, consequentemente aumenta a proporção da necessidade pelas habilidades as quais se vão alterando, começando com habilidade técnica, passando para habilidade humana até chegar à habilidade conceitual. Além dessas habilidades segundo Chiavenato (2004) para o administrador ser bem- sucedido, o mesmo precisa desenvolver três competências duráveis: CONHECIMENTO, que é o acervo de informações, conceitos, idéias, experiências e aprendizagem do administrador; PERSPECTIVA, a capacidade de colocar o conhecimento em ação; ATITUDE, o desempenho pessoal do administrador frente ás situações com que se defronta no cotidiano. 20 Figura 01 – As competências duráveis do administrador. Fonte: Chiavenato (2008, p. 4) – ADAPTADO 2.1.2 – Evolução do Ensino de Administração no Brasil Segundo Pinto e Junior (2012) os documentos relacionados ao ensino de Administração no Brasil remetem ao início do século XX em um período que o país passava por uma grande expansão comercial. Nesse período em 1902 são criadas duas instituições particulares de ensino a Academia de Comércio do Rio de Janeiro e a Escola Prática de Comércio de São Paulo. De acordo com Pinto e Junior (2012) em 1931 é lançado o decreto-lei nº 201.58, que tratava da organização do ensino comercial, nesse mesmo decreto foi criado o primeiro Curso Superior de Administração e Finanças. No ano de 1941 em São Paulo foi criado a Escola Superior de Administração de Negócios - ESAN que se tornou a primeira escola de Administração do Brasil e da América Latina. Cinco anos depois em 1946 é criada a Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo - FEA-USP, porém somente em 1964 que são lançados na FEA-USP os cursos de Administração de Empresas e de Administração Pública. Segundo Pinto e Junior (2012) diante do crescimento do estado de Rio de Janeiro, em 1944 é criado a Fundação Getúlio Vargas - FGV, voltada ao estudo e ao ensino da Administração. Após realização de visitas por uma comissão nas universidades americanas, em 1952, a FGV cria a Escola Brasileira de Administração Pública - EBAP, tal escola foi responsável pela elaboração dos primeiros livros de administração no Brasil. Em 1960 a FGV 21 começa a ministrar cursos de Pós–Graduação nas áreas de Administração Pública e de Empresas. No quadro 02 é apresentada a evolução do ensino de Administração no Brasil ANO EVENTO 1902 Criação da Academia de Comércio do Rio de Janeiro e a Escola Prática de Comércio de São Paulo. 1931 Decreto-lei Nº 20.158 - Criação do primeiro Curso Superior de Administração e Finanças com duração de três anos. 1931 Criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho – IDORT, primeira instituição de treinamento em administração da América Latina. 1941 Criação da Escola Superior de Administração de Negócios – ESAN, primeira Escola de Administração do Brasil e da América Latina. 1944 Criação da Fundação Getúlio Vargas – FGV, com objetivo de desenvolver pesquisa e ensino na área de Administração. 1946 Criação da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo - FEA-USP. 1952 Criação da Escola Brasileira de Administração Pública - EBAP pela FGV no Rio de Janeiro, primeira escola de Administração Pública do Brasil e da América Latina. 1960 FGV começa a ministrar cursos de Pós-Graduação nas áreas de Administração Pública e de Empresas. 1963 A FEA-USP começa a oferecer os cursos de Administração de Empresas e de Administração Pública. 1964 Criação do Curso de Administração de Empresas e de Administração Pública no ano de 1964. 1965 Regulamentação da Profissão de Administrador através da Lei Nº 4.769 e Criação do Conselho Federal - CFA e os Conselhos Regionais da Administração - CRA. 1966 Parecer 307/66 do Conselho Federal de Educação, estipulando o currículo mínimo do curso de graduação em administração. 1976 Aprovação do estatuto da Associação Nacional dos Programas de Pós - Graduação em Administração - ANPAD. 2001 EBAP amplia o seu aspecto para além da Administração Pública, passando a denominar-se EBAPE - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. 2004 Parecer 134/2003 - Conselho Nacional de Educação aprova as diretrizes curriculares para os cursos de graduação de Administração. Quadro 02 - Evolução Histórica do Ensino de Administração no Brasil. Fonte: Pinto e Junior (2012) - ADAPTADO Pinto e Junior (2012) expõem que somente em 1965 através da lei 4.769 a profissão de Administrador foi regulamentada, na mesma lei é feita a criação do Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração. 22 De acordo com o sítio do Conselho Federal de Administração - CFA (2014) em 1979 é realizado um concurso para escolher um símbolo para representar os atributos e identificação do CFA. As flechas centrais indicam, para um ponto comum os objetivos da profissão, já as laterais indicam as metas. Segundo Pinto e Junior (2012) em 1976 houve aprovação da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. Atualmente – ANPAD o mesmo é uma das maiores associações do gênero do mundo, possui uma divisão que se preocupa exclusivamente com o ensino e pesquisa em Administração e Contabilidade. O gráfico 01 apresenta os dados do último Censo da Educação Superior 2012, podemos visualizar a evolução de ingressantes no ensino superior. Gráfico 01 - Evolução da matrícula na educação superior de graduação no Brasil. Fonte: Censo Educação Superior (INEP, 2012) O quadro 03 expõe os dados do Censo da Educação Superior 2012. Mostra que relacionado ao sexo feminino o curso de Administração é o segundo colocado com números de alunas matriculadas, já relacionando o sexo masculino o curso de Administração fica em primeiro lugar com maior número de alunos matriculados em relação aos demais cursos. 23 Quadro 03 - Cursos com maiores números de matriculados. Fonte: Censo Educação Superior (INEP, 2012) 2.2 Empreendedorismo: Definições e Histórico Segundo Dolabela (2006) a palavra empreendedorismo vem de entrepreneur, uma palavra francesa utilizada no século XII para designar aquele que incentivava brigas. Porém deacordo com Hisrich, Peters e Shepherd (2009 p.27) “A palavra entrepreuner é francesa e, literalmente traduzida, significa “aquele que está entre” ou “intermediário”. De acordo com Dolabela (2006, p.29) “Empreendedorismo não é um tema novo ou modismo: existe desde sempre, desde a primeira ação humana inovadora, com o objetivo de melhorar as relações do homem com os outros e com a natureza”. Para Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p.30): “Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessário, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal.”. (HISRICH, PETERS E SHEPHERD, 2009 p.30)” Para Dolabela (2006 p.67) “Empreendedorismo é criar e construir algo de valor a partir de praticamente nada. É processo de criar ou aproveitar uma oportunidade e persegui-la a despeito dos recursos controlados”. Segundo Baron e Shane (2007) empreendedorismo é um processo sendo uma cadeia de eventos e atividades que ocorrem ao longo do tempo tendo início com uma ideia para algo novo e continuando com a transformação dessa ideia em realidade. 24 Segundo Mendes (2009) empreendedorismo é um processo de criação de valor e modificações de comportamentos dos negócios por meio da inovação de serviços ou produtos oferecidos. Segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2009) o contexto histórico do empreendedorismo foi se desenvolvendo em cada época da historia. Na idade média o termo foi utilizado para descrever tanto um participante quanto um administrador de grandes projetos de produção. Já no século XVII é incluindo no termo os riscos que os empreendedores corriam. No quadro 04 pode-se verificar o desenvolvimento do conceito de empreendedorismo desde da idade média Período Autor Conceito Idade Média Desconhecido Participante e pessoa encarregada de projetos de produção em grande escala. Século XVII Desconhecido Pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato de valor fixo com o governo. 1725 Richard Cantillon Pessoa que assume risco é diferente da quem fornece capital. 1803 Jean Baptiste Say Lucros do empreendedor separados dos lucros de capital. 1876 Francis Walker Distinguir entre os que forneciam fundos e recebiam juros e aqueles que obtinham lucro com habilidades administrativas. 1934 Joseph Schumpeter O empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda não foi testada. 1961 David McClelland O empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados. 1964 Peter Drucker O empreendedor maximixa oportunidades. 1975 Albert Shapero O empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e econômicos e aceita os riscos do fracasso. 1980 Karl Vésper O empreendedor é visto de modo diferente por economistas, psicólogos, negociantes e políticos. 1983 Gifford Pinchot O intraempreendedor é um empreendedor que atua dentro de uma organização já estabelecida. 1985 Robert Hisrich O empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e os esforços necessários, assumindo riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal. 2001 José Carlos Assis Dornelas O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização. 2007 Do autor É o indivíduo criativo capaz de transformar um simples obstáculo em oportunidade de negócios. Quadro 04 – Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor a partir da Idade Média. Fonte: Mendes, (2009, p.6) - ADAPTADO 25 De acordo com Hisrich, Peters e Shepherd (2009) no século VXIII começa a diferenciação do empreendedor com o fornecedor de capital. Nós séculos XIX e XX, o empreendedor possui a função de organizar e operar uma empresa para lucro pessoal. “Se os governos levarem isso a sério, tudo pode mudar. Os resultados positivos provocados pelo fenômeno do empreendedorismo são o desejo de qualquer nação, porém as iniciativas e apoio ao desenvolvimento da cultura empreendedora ainda são incipientes e ainda estão no campo do particular, não do público ou do coletivo. O esforço concentrado da sociedade – não somente dos governos – e a mentalidade empreendedora são os fatores capazes de transformar a consciência dos negócios no futuro. (MENDES, 2009 p. 28)” O fenômeno “empreendedorismo é o processo dinâmico de criar mais riqueza” Mendes (2009, p. 7) está fortemente presente em nossa sociedade, “o empreendedorismo é um fenômeno cultural” Dolabela (2006, p.36) além de contribuir para o desenvolvimento econômico, segundo Baron e Shane (2007). Depois de compreender os conceitos de empreendedorismo e seu desenvolvimento histórico é importante agora conhecer os tipos de empreendedores. 2.2.1 Tipos de Empreendedores Segundo Dornelas (2007, p. 11) “[...] tornar-se empreendedor é algo que pode acontecer a qualquer um”. Para Bernardi (2008) várias circunstâncias podem dar origem a um empreendimento e ao surgimento do empreendedor que podem ou não estar relacionados aos traços de personalidade. Ambos os autores Dornelas (2007) e Bernardi (2008) trazem em suas obras tipos e definições de empreendedores que serão apresentados no decorrer desse tópico. Segundo Dornelas (2007) o primeiro tipo é o empreendedor nato (mitológico), são os mais conhecidos e aclamados, suas histórias são brilhantes. Na maioria das vezes iniciam do nada e criam grandes impérios, começam a trabalhar muito jovem e consequentemente adquirem habilidades de negociação e vendas. “São visionários, otimistas, estão á frente do seu tempo e comprometem-se 100% para realizar seus sonhos. Suas referências e exemplos a seguir são os valores familiares e religiosos, e eles mesmos acabam por se tornar uma grande referência. (DORNELAS, 2007 p. 12)” De acordo com Dornelas (2007) o segundo tipo é o empreendedor que aprende (inesperado) é um individuo que nunca pensou em ser um empreendedor. “É normalmente 26 uma pessoa que, quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio próprio”. (Dornelas, 2007 p. 12) Para Dornelas (20 o terceiro tipo é o empreendedor Serial (cria novos negócios), é uma pessoa dinâmica busca mais desafios e adrenalina envolvidos na criação de algo novo. “O empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria, mas principalmente pelo ato de empreender”. (Dornelas, 2007 p. 12) O empreendedor Corporativo é o quarto tipo de empreendedor, geralmente é um executivo que trabalha na empresa de olho nos resultados, assume desafios, possui capacidade gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas, Dornelas (2007). Segundo Dornelas (2007) o quinto tipo é o empreendedor Social, possui como missão de vida construir um mundo melhor para as pessoas, criando oportunidades para essas que não possuem. “Os empreendedores sociais são um fenômeno mundial e, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, têm um papel social extremamente importante, já que através de suas ações e das organizações que criam preenchem lacunas deixadas pelo poder público.” (DORNELAS, 2007 p. 14)” De acordo com Dornelas (2007) o sexto tipo é o empreendedor por Necessidade, esse cria um negócio por não ter alternativa, às vezes porque não possui acesso ao mercado de trabalho. Bernardi (2008) denomina esse tipo de empreendedor como uma opção ao desemprego, no qual, é uma modalidade de empreendimento arriscada. “Na verdade, os empreendedores por necessidade são vítimasdo modelo capitalista atual, pois não têm acesso a recursos, à educação e às mínimas condições para empreender de maneira estruturada” Dornelas (2007, p. 14). Para Dornelas (2007) o sétimo tipo é o empreendedor Herdeiro (sucessão familiar). Segundo Bernardi (2008) o herdeiro pode ou não possuir as características de um empreendedor, quando possui consegue dar continuidade ao empreendimento, quando não pode vir a ser um problema para a continuidade da empresa. O último tipo de empreendedor que Dornelas (2007) expõe em sua obra é o empreendedor Normal (Planejado) é o individuo que busca minimizar riscos, se preocupa com as decisões tomadas e possui uma visão do futuro clara. 27 “[...] o empreendedor normal seria o mais completo ponto de vista da definição de empreendedor e o que a teria como referência a ser seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade considerável de empreendedores. No entanto, ao se analisar apenas empreendedores bem-sucedidos, o planejamento aparece como uma atividade bem comum nesse universo específico, apesar de muitos dos bem- sucedidos também não se encaixarem nessa categoria. (DORNELAS, 2007 p. 16)” Além desses oito tipos de empreendedores citados pelo Dornelas (2007) Bernardi (2008) faz a citação de mais três tipos em sua obra. O Funcionário da empresa é um deles, é o indivíduo que possui característica de empreendedor e ao longo da sua careira profissional sente um desequilíbrio e decide partir para iniciar um negócio próprio. Outro tipo de empreendedor para Bernardi (2008) é o excelente Técnico, é o indivíduo com características de empreendedor, dispõe de conhecimento know-how sobre algum produto ou serviço e decide abrir seu próprio negócio. Segundo Bernardi (2008) outro tipo de empreendedor é o Vendedor, é o indivíduo que conhece o mercado, pois atua nele e com sua experiência no ramo que atua decide abrir um negócio próprio. Como foi possível observar existem vários tipos de empreendedores, agora serão abordadas as características do perfil de um empreendedor de sucesso no mercado. 2.2.2 Perfil de um empreendedor de Sucesso Segundo Bernardi (2008 p.68) “Rotineira e popularmente, empreendedores bem- sucedidos são vistos como pessoas com “tino”, com “visão”, “visionários”, “líderes”, além do que o empreendedor tem a conotação de realizador, enérgico e persistente”. De acordo com Bernardi (2008) inicialmente o individuo precisa fazer uma auto – avaliação de si de forma honesta, realista e criteriosa. Para esse autor as características típicas que se destacam no perfil de um empreendedor são: senso de oportunidade; dominância; agressividades e energia para realizar; autoconfiança; otimismo; dinamismo; independência; persistência; flexibilidade e resistência a frustrações; criatividade; propensão ao risco; liderança carismática; habilidade de equilibrar “sonho” e realização; habilidade de relacionamento. Já para Chiavenato (2008b) para o empreendedor ser bem-sucedido precisa das seguintes características: ter vontade de trabalhar duro; ter habilidade de comunicação; conhecer maneiras de organizar o trabalho; ter orgulho daquilo que faz; manter boas relações 28 interpessoais; ser um self-starter, um autopropulsionador; assumir responsabilidades e desafios; tomar decisões. De acordo com Dornelas (2007) está presente nas características de um empreendedor de sucesso: iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive; aceita assumir os riscos e a possibilidade de fracassar. Figura 02 - Os ingredientes de um negócio bem-sucedido. Fonte: Chiavenato (2008b, p. 20) A figura 02 mostra os ingredientes para um empreendedor ser bem-sucedido em seu negócio segundo Chiavenato (2008b). Já para Bernardi (2008 p. 68) “As características da personalidade empreendedora, uma correta modelagem do negócio e uma planejamento bem elaborado aumentam as chances de sucesso de um empreendimento”. Para Chiavenato (2008b p. 19) “O que pode tornar você bem-sucedido em um negócio é a conjunção de duas coisas: o negócio oportuno e apropriado e o espírito empreendedor bem-dotado que o leva adiante. Trata-se de um casamento entre a oportunidade e o oportunista que pretende aproveitá-la”. Bernardi (2008) apresenta algumas motivações e razões predominantes para um empreendedor, que são: a necessidade de realização; implementação de ideias; independência; fuga da rotina profissional; maiores responsabilidades e riscos; prova de capacidade; auto – realização; maior ganho; status e controle da qualidade de vida. Em contra partida Chiavenato (2008b) expõe que existem algumas limitações para ser um empreendedor de sucesso, que são: no início o empreendedor precisa trabalhar mais de oito horas diárias, nos fins de semana e feriados, levar trabalhos para casa entre outras coisas; a existência do risco eventual de perdas e prejuízos nos primeiros meses. Às vezes há a inexistência de ganhos ou ganho menor, grandes responsabilidades com as tomadas de 29 decisões, mesmo fazendo o que você gosta, irão existir atividades desagradáveis, todo seu tempo e toda sua energia terão que ser aplicadas no negócio. 2.2.3 O Ensino de Empreendedorismo Conforme Flores, Hoelgebaum e Silveira (2008) o tema empreendedorismo vem crescendo constantemente no mundo em virtude das inúmeras mudanças que estão ocorrendo, principalmente nas relações de trabalho e na questão de emprego e renda. A formação de empreendedores tornou-se questão importante para o desenvolvimento da nossa sociedade. Segundo Dolabela (2006 p. 58), existem dez razões para ensinar empreendedorismo que são: “Por que ensinar empreendedorismo? Razão 1 A alta taxa de mortalidade infantil das empresas. No mundo das empresas emergentes, a regra é falir, e não ter sucesso. De cada três empresas criadas, duas fecham as portas. As pequenas empresas (menos de 100 empregados) fecham mais: 99% das falências são de empresas pequenas. Se alguns têm sucesso sem qualquer suporte, a maioria fracassa, muitas vezes desnecessariamente. A criação de empresas é indispensável ao crescimento econômico e ao desenvolvimento social. Razão 2 Nas últimas décadas, as relações de trabalho estão mudando. O emprego dá lugar a novas formas de participação. As empresas precisam de profissionais que tenham visão global do processo, que saibam identificar e satisfazer as necessidades do cliente. A tradição do nosso ensino, de formar empregados nos níveis universitário e profissionalizante, não é mais compatível com a organização da economia mundial na atualidade. Razão 3 Exige-se hoje, mesmo para aqueles que vão ser empregados, um alto grau de “empreendedorismo”. As empresas precisam de colaboradores que, além de dominar a tecnologia, conheçam também o negócio, saibam auscultar os clientes e atender às necessidades deles, possam identificar oportunidades e mais: buscar e gerenciar os recursos para viabilizá-las. Razão 4 A metodologia de ensino tradicional não é adequada para formar empreendedores. Razão 5 Nossas instituições de ensino estão distanciadas dos “sistemas de suporte”, isto é, empresas, órgãos públicos, financiadores, associações de classe, entidades das quais os pequenos empreendedores dependem para sobreviver. As relações universidade/empresa ainda são incipientes no Brasil. Razão 6 Cultura. Os valores do nosso ensino não sinalizam para o empreendedorismo. Razão 7 A percepção da importância da PME (Pequena e Média Empresa) para o crescimento econômico ainda é insuficiente. Razão 8 A cultura da “grande empresa”, que predomina no ensino. Não há o hábito de abordar a pequena empresa. Os cursos de administração, com raras exceções,são voltados para o gerenciamento de grandes empresas. Razão 9 Ética. Uma grande preocupação no ensino do empreendedorismo são os aspectos éticos que envolvem as atividades do empreendedor. Por sua grande influência na sociedade e na economia, é fundamental que os empreendedores — como qualquer cidadão — sejam guiados por princípios e valores nobres. Razão 10 Cidadania. O empreendedor deve ser alguém que apresente alto comprometimento com o meio ambiente e com a comunidade, dotado de forte consciência social. A sala de aula é excelente lugar para debater esses temas.” 30 Para Dolabela (2008) a introdução da cultura empreendedora nas universidades é o primeiro passo para alcançar um objetivo maior que é a formação de uma cultura em que tenham prioridade valores como combate a miséria através da gestão e distribuição de riquezas, inovação, criatividade, sustentabilidade e liberdade. Para Saes e Pita (2007) grande parte das instituições de ensino não preparam os seus alunos para serem empreendedores a fim de enfrentarem o mundo dos negócios. De acordo com Schmidt, Domingues e Hoeltgebaum (2005) as IES possuem capacidade para propiciar o surgimento de bons empreendedores, porém o ensino de empreendedorismo adotado não pode ser aplicado de maneira tradicional como outras disciplinas da grade curricular. Segundo Dolabela (2006, p. 30): “Não é possível transferir conhecimentos empreendedores — ao contrário do que acontece, por exemplo, em uma aula de geografia, porque o empreendedorismo não é um conteúdo cognitivo convencional. Nesse sentido, não é possível ensinar, mas é possível aprender a ser empreendedor, desde que através de um sistema bastante diferente do ensino tradicional." Para Saes e Pita (2007) a implantação de aulas de empreendedorismo deve ser planejada de forma prática sendo ministrado de forma dinâmica e que instigue desafios aos alunos, utilizando estudos de casos, trabalhos práticos e mantendo um relacionamento com pessoas que já praticam o empreendedorismo. De acordo com Schmidt, Domingues e Hoeltgebaum (2005) o ensino de empreendedorismo precisa ser utilizado de forma estratégica no qual levem os alunos a definir, estruturar contextos e compreender várias etapas de sua evolução. Segundo Dolabela (2006) ao contrário da metodologia tradicional, na metodologia de ensino do empreendedorismo os alunos é que geram o conhecimento, representado pela concepção e pelo projeto de sua empresa, algo que não existia antes. Conforme visto o ensino de empreendedorismo precisa de um tratamento especial na IES, uma vez que sua forma de transmissão de conhecimento é bem diferente da forma tradicional, na qual, o professor possui um papel de suma importância nesse processo de aprendizagem de empreendedorismo. Segundo Dolabela (2008) o papel principal do professor é transformar a sala de aula em um local que os alunos sejam estimulados a gerar novos conhecimentos. 31 Convencional Empreendedor Ênfase no conteúdo, que é visto como meta Conduzido e dominado pelo instrutor O instrutor repassa o conhecimento Aquisição de informações “corretas” de uma vez por todas Currículo e sessões fortemente programados Objetivos do ensino impostos Prioridade para o desempenho Rejeição ao desenvolvimento de conjecturas e pensamento divergente Ênfase no pensamento analítico e linear; parte esquerda do cérebro Conhecimento teórico e abstrato Resistência à influência da comunidade Ênfase no mundo exterior; experiência interior considerada imprópria ao ambiente escolar Educação encarada como necessidade social durante certo período no tempo, para firmar habilidade mínimas para um determinado papel Erros não aceitos O conhecimento é o elo entre aluno e professor Ênfase no processo; aprender a aprender Apropriação do aprendizado pelo participante O instrutor como facilitador e educando; participantes geram conhecimento O que se sabe pode mudar Sessões flexíveis e voltadas a necessidades Objetivos do aprendizado negociados Prioridade para a auto-imagem geradora do desempenho Conjecturas e pensamentos divergentes vistos como parte do processo criativo Envolvimento de todo o cérebro; aumento da racionalidade no lado esquerdo do cérebro por estratégias holísticas, não lineares, intuitivas; ênfase na confluência e fusão dos dois processos Conhecimento teórico amplamente complementado por experimentos na sala de aula e fora dela Encorajamento à influência da comunidade Experiência interior é contexto para o aprendizado; sentimentos incorporados à ação Educação vista como processo que dura toda a vida, relacionado apenas tangencialmente com a escola Erros como fonte de conhecimento Relacionamento humano entre professores e alunos é de fundamental importância Quadro 05 – Ensino Tradicional e aprendizado de empreendedorismo Fonte: Dolabela, (2008, p. 153) – ADAPTADO Neste capítulo verificou-se o referencial teórico abordado e dando continuidade a esta pesquisa, no próximo capitulo, serão apresentados os métodos e as técnicas utilizadas para elaboração da mesma. 32 3 METODOLOGIA Nessa seção serão apresentados o tipo da pesquisa, a estratégia metodológica utilizada, a população e a amostra da referida pesquisa. 3.1 Estratégia Metodológica De acordo com Santos (2009, p. 99) método “Define-se como: seguir um caminho ou a ordem a que se sujeita qualquer tipo de atividade, com vistas a chegar a um fim determinado”. É a assimilação dos métodos a serem usados para realização da pesquisa a fim de que a mesma seja concluída e os seus objetivos sejam alcançados. Através da pesquisa cientifica é possível construir um caminho para o alcance da realidade ou encontrar partes de uma verdade. Para Marconi e Lakatos (2003, p.155) “A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Segundo Santos (2009 p.189) “É por meio da pesquisa que se pode alcançar e dominar novos conhecimentos de forma metódica”. Seguindo essa perspectiva nessa seção serão abordados os aspectos metodológicos que foram utilizados para realização da pesquisa sobre a importância dada ao ensino de empreendedorismo no curso de administração de uma IES privada, apresentando os principais aspectos para solucionar a problemática. 3.2 Tipo de Pesquisa De acordo com Santos (2009) a pesquisa pode ser classificada em duas formas: a primeira é baseada nos procedimentos técnicos utilizados pelo pesquisador, enquanto a segunda é baseada nos objetivos pretendidos. Diante da problemática estabelecida e dos objetivos propostos a referida pesquisa, em relação a sua coleta e análise dos resultados, utilizou a pesquisa bibliográfica. “A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. (MARCONI; LAKATOS, 2003 p. 183).” 33 Segundo Silva (2009, p. 193) “A pesquisa bibliográfica é feita com base em documentos já elaborados tais como livros, dicionários, enciclopédia, periódicos, como jornais e revista, além de publicações como comunicação e artigos científicos, resenha e ensaios críticos”. Em relação ao propósito a pesquisa classifica-se como descritiva, que de acordo com Santos (2009 p. 193) “Na pesquisa descritiva é feita a descrição das característicasde uma determinada população, estudo descritivo de determinado fenômeno com suas variáveis”. Adotou-se também a pesquisa de campo na qual os dados foram coletados in loco, ou seja, no próprio local. “Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimento acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (MARCONI; LAKATOS, 2003 p. 186).” Para realização da pesquisa foi aplicado um questionário aos alunos da turma Gestão de Novos Empreendimentos 2014.1 do curso de Administração de uma IES X, situada no município de Fortaleza/CE, para coleta de dados. Segundo Marconi e Lakatos (2003, p.201) “Questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador”. 3.3 População e amostra da pesquisa Para definir a população dessa pesquisa foi realizada uma consulta à Coordenação do Curso de Administração da IES X para obtenção da relação de acadêmicos matriculados na turma de Gestão de Novos Empreendimentos 2014.1 a qual informou a existência de 38 acadêmicos que serão a população analisada. Dentro desta população foi selecionada uma amostra 50% dos alunos matriculados na turma Gestão de Novos Empreendimentos 2014.1. 3.4 Método de coleta de dados Visando a realização da pesquisa elaborou-se um estudo de campo utilizando como ferramenta para coleta de dados um questionário divido em duas partes: a primeira composta 34 de oito perguntas objetivas e a segunda parte com duas perguntas subjetivas (Apêndice A), entregue aos alunos para que fosse respondido de próprio punho. A aplicação do questionário final foi realizada pelo próprio pesquisador no período de 07 a 09 de Abril de 2014 no horário de 18:30 ás 22:00. Para realização da tabulação dos dados utilizou-se o auxilio do software Microsoft Office Excel 2007. No capítulo 4 será explanado o estudo de caso relacionado a essa pesquisa. Segundo Santos (2009) o estudo de caso analisa com profundidade um ou poucos fatos, com o objetivo da obtenção de um grande conhecimento com riqueza de detalhe do objeto estudado. 35 4 ESTUDO DE CASO O estudo de caso foi realizado na Faculdade Cearense, uma IES privada situada em Fortaleza/CE, com os acadêmicos da disciplina de Gestão de Novos Empreendimentos 2014.1 do curso de Administração. A Faculdade Cearense foi fundada no ano de 2002, na cidade de Fortaleza, com a missão de contribuir para o desenvolvimento do País, especialmente no estado do Ceará. Possui o objetivo de contribuir para a formação e a qualificação de recursos humanos na cidade. A Faculdade Cearense oferece cursos de graduação, pós-graduação e extensão universitária. Seus cursos de graduação são: Administração, Ciências Contábeis, Direito, Jornalismo, Pedagogia, Publicidade e Propaganda, Serviço Social e Turismo. A missão do curso de Administração está relacionada diretamente com as demandas das empresas, do processo de desenvolvimento do Estado e suas potencialidades. A disciplina de Gestão de Novos Empreendimentos 2014.1 da Faculdade Cearense possui uma carga horária de 80 h/a e está inserida na matriz curricular das disciplinas do oitavo semestre do curso de Administração de Empresas. A ementa dessa disciplina aborda: O empreendedor; Oportunidade de negócios; O processo de criação de novos empreendimentos; Definição e atributos de novos serviços e produtos; Análise das tendências e do mercado; Concepção e estrutura administrativa; Aspectos jurídicos e legais de novos empreendimentos; Estudo de casos; A nova geração de empresas-empreendedoras. Objetivo geral dessa disciplina no curso de Administração de Empresas é disseminar a cultura empreendedora entre os discentes. Como objetivos específicos: Desenvolver nos discentes competências para serem empreendedores e agentes de mudança em qualquer atividade que desempenharem; Oportunizar o aprendizado através das experiências, dos fracassos e das relações pessoais, absorvendo, renovando e criticando tudo o que lhe é apresentado; Estimular nos discentes a capacidade de reconhecer em si o comportamento e qualidade do empreendedor; Propiciar a formação de profissionais criativos, inovadores e de comportamento proativo. A referida disciplina utiliza como procedimentos metodológicos um planejamento elaborado pelo docente que são: Exposição Interativa;- Atividades, discussões e dinâmicas de grupo; Atividades individuais, visando exercitar os conhecimentos adquiridos. 36 5 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Nessa seção será apresentado o objeto de estudo dessa pesquisa e os resultados obtidos através da aplicação dos questionários a fim de caracterizamos a importância dada ao ensino de Empreendedorismo na IES X. 5.1 Conhecendo o objeto de estudo A disciplina de Gestão de Novos Empreendimentos 2014.1 da Faculdade Cearense está inserida na matriz curricular do curso de Administração no oitavo semestre. A turma possui no total 38 alunos matriculados. O gráfico 02 refere-se ao gênero da turma composta, predominantemente, pelo sexo feminino (78%) e em sua minoria o sexo masculino (22%). Gráfico 02 - Sexo Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. Com relação à faixa etária a predominância está entre os 25 anos a 30 anos com 52%, não possui nenhum menor de 18 anos, 26% estão na faixa etária entre 18 a 25 anos e 22% estão acima de 30 anos, tais dados são apresentados no gráfico 03. 37 Gráfico 03 – Faixa Etária Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014 No gráfico 04 são apresentadas as atuações dos membros do grupo em estudo. A predominância é de indivíduos que atuam em emprego formal com 74% que possuem seu próprio negócio 22% e que somente estudam 4%. Gráfico 04 - Atuação Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014 5.2 Caracterização da importância dada ao ensino de empreendedorismo na IES Verificam-se no gráfico 05 as considerações em relação a se o empreendedorismo pode ou não ser uma nova forma de atuação no mercado para os acadêmicos de administração ou administradores. Percebe-se, através dos dados coletados, que a maioria considera que sim, 38 representando 96%, porém 4% não consideram. Segundo Dolabela (2006) o empreendedorismo tornou-se na última década a melhor forma para gerar novos empregos, em sociedades que se encontram submetidas a duros ajustes estruturais. Gráfico 05 Empreendedorismo como área de atuação para acadêmicos de administração ou administradores Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. O gráfico 06 apresenta as considerações relacionadas se o empreendedorismo pode ou não ser uma ferramenta propulsora para o desenvolvimento da economia do país. Verifica-se que todos consideram que sim, representando 100%. De acordo com Dolabela (2006) o empreendedorismo é uma ferramenta de suma importância para o desenvolvimento econômico da sociedade. Gráfico 06 Empreendedorismo como ferramenta propulsora do desenvolvimento da economia do nosso país. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. 39 Os dados apresentados no gráfico 07 representam as considerações dos entrevistados sobre a visão positiva do ensino de empreendedorismo na Faculdade Cearense. Através desses dados pode-se verificar que 57% da turma considera como resposta que não é positiva a visão da IES em relação ao ensino da disciplina de empreendedorismo,enquanto que 43% da turma considera que o IES tem sim uma visão positiva em relação à mesma. Gráfico 07 Visão positiva da Faculdade Cearense em relação ao ensino de empreendedorismo. Fonte: Dados da pesquisa,elaborada pelo autor, 2014. Nessa mesma pesquisa os entrevistados foram questionados se a Faculdade Cearense proporciona eventos acadêmicos (palestras, oficinas, debate etc) relacionados ao tema empreendedorismo 57% afirmaram que sim e 43% responderam que não, conforme o gráfico 08 apresenta. 40 Gráfico 08 Realização de eventos acadêmicos pela Faculdade Cearense relacionadas ao tema empreendedorismo. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. Os dados do gráfico 09 permitem visualizar se os professores da Faculdade Cearense buscam levar para sala de aula temas relacionados ao empreendedorismo. Dos entrevistados 61% responderam que não, enquanto 39% afirmaram que sim. Segundo Dolabela (2008) a tarefa central do professor de empreendedorismo é transformar a sala de aula num ambiente em que os alunos sejam estimulados a gerar novos conhecimentos, ou seja, proporcionar aos alunos um ambiente que estimule a geração de novos conhecimentos. Gráfico 09 Professores da Faculdade Cearense que levam para sala de aula atividades relacionada ao tem empreendedorismo. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. 41 O gráfico 10 apresenta a percepção dos entrevistados em relação a se os alunos da Faculdade Cearense mostram estar atraídos pela possibilidade de serem empreendedores. Mais da metade consideram que não, representando 57%, a outra parte considera que sim representam 43%. De acordo com Dolabela (2008, p. 31) “Os valores do nosso ensino não sinalizam para o empreendedorismo, estando voltados, em todos os níveis, para a formação de profissionais que irão buscar emprego no mercado de trabalho”. Gráfico 10 Percepção dos entrevistados em relação se os alunos da Faculdade Cearense mostram atraídos pela possibilidade em serem empreendedores Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014 Os dados apresentados do gráfico 11 mostram as considerações dos entrevistados em relação se a Faculdade Cearense possibilita para seu corpo acadêmico uma boa formação empreendedora. Através dos dados coletados é possível verificar que a maioria dos entrevistados considera que não, representando 83%, o restante que representa 17% considera que sim. Segundo Flores, Hoelgebaum e Silveira (2008, p.4) “Em vários países já se percebe a presença do empreendedorismo nos currículos escolares, o que reflete a visão de que a educação é passo primordial para o desenvolvimento dos futuros empreendedores”. 42 Gráfico 11 Consideração dos entrevistados em relação à formação empreendedora dada pela Faculdade Cearense ao seu corpo acadêmico. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. Verifica-se no gráfico 12 a percepção dos entrevistados em relação à importância do ensino de empreendedorismo para sua formação acadêmica, todos os entrevistados afirmaram que sim, representando 100%. Segundo Ramos e Ferreira (2003 p.10) “O ensino do empreendedorismo nas IES vem se consolidando como uma prática recorrente na formação do profissional de administração.”. Gráfico 12 Percepção dos entrevistados em relação à importância do ensino de empreendedorismo para sua formação acadêmica. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014 O gráfico 13 apresenta as considerações dos entrevistados em relação à metodologia utilizada pela Faculdade Cearense para o ensino de empreendedorismo, a maioria não 43 considera satisfatória, representando 91%, 5% afirmaram que é satisfatória e 4% não responderam a pergunta. Segundo Dolabela (2006) a metodologia de ensino do empreendedorismo se diferencia da metodologia convencional onde os alunos é que geram o conhecimento, representado pela concepção e pelo projeto de sua empresa, algo que não existia antes. Gráfico 13 Percepção dos entrevistados em relação à metodologia utilizada pela Faculdade Cearense para o ensino de empreendedorismo. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. Através dos dados coletados com a pesquisa foi possível identificar alguns motivos que levam a maioria dos entrevistados a considerarem que a metodologia da Faculdade Cearense, em relação ao ensino de empreendedorismo, não é satisfatória. No gráfico 14 é apresentado tais motivos, 29% consideram que a Instituição não possui aulas práticas, oficinas e demais atividades diferenciadas, 28% por a disciplina relacionada a empreendedorismo ser somente no último semestre, 19% informaram que os professores utilizam pouca abordagem em relação ao tema de empreendedorismo, 19% consideram que é pouco o investimento no ensino de empreendedorismo, 5% consideram que deveria ter mais disciplinas relacionadas ao empreendedorismo. 44 Gráfico 14 Motivos que levam a maioria dos entrevistados considerarem que a metodologia da Faculdade Cearense em relação ao ensino de empreendedorismo não ser satisfatória. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014 Com os dados coletados foi possível também identificar algumas informações dos entrevistados em relação à metodologia aplicada pela Faculdade Cearense no ensino de empreendedorismo: investir mais no ensino de empreendedorismo através de cursos, debates, eventos etc.; colocar a disciplina de empreendedorismo para o início do curso; os professores abordarem mais sobre o tema empreendedorismo em sala de aula; trabalhar o tema de empreendedorismo em todos os semestres; fazer convênio com SEBRAE e parceiras com outras empresas. Foi questionada aos entrevistados qual a importância do ensino de empreendedorismo para o Curso de Administração. Através dos dados coletados foi possível identificar que 34% consideram importante o ensino de empreendedorismo pois a maioria dos alunos do Curso de Administração procura o curso para criar e administrar seu próprio negócio, 33% consideram importante, no qual, permitem ao aluno ter uma visão empreendedora, 14% consideram muito importante pois através de empreendedores profissionais será possível alavancar o país, 14% consideram importante uma vez que é útil tanto para abrir seu negócio como desenvolver uma atitude empreendedora na sua área de atuação, 5% consideram importante porque é um tema atual e inovador, conforme mostra o gráfico 15. 45 Gráfico 15 A imortância do ensino de empreendedorismo no Curso de Administração para os entrevistados. Fonte: Dados da pesquisa elaborada pelo autor, 2014. 46 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS É notável a presença do ensino de empreendedorismo nós currículos escolares de IES, tanto no Brasil como em outros países em desenvolvimento. É recente a aplicação do ensino da arte de empreender no campo acadêmico, porém sua aplicabilidade vem em constante crescimento. Tal crescimento está sendo possível porque o empreendedorismo é uma ferramenta propulsora para o desenvolvimento social e econômico da nossa sociedade. Diante deste contexto de desenvolvimento e importância do empreendedorismo para nossa sociedade a IES possui a responsabilidade de fomentar em seus acadêmicos a importância de possuírem essa visão empreendedora para contribuir no desenvolvimento do nosso País. A presente pesquisa analisou algumas questões com foco na percepção dos acadêmicos do Curso de Administração de Empresas da Faculdade Cearense no qual estão cursando, atualmente, a cadeira de Gestão de Novos Empreendimentos. Constatou-se, inicialmente, que no âmbito social a maioria dos alunos considera