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TCC feminicídio CONCLUIDO 03 06

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15 
1
UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
DELVANIA MOTA DOS SANTOS
ANDRIA ARAÚJO DA SILVA
ANA MARIA DE SIQUEIRA BRITO
ELIZA SILVA DOS SANTOS
SUELY MELO DA SILVA 
O FEMINICÍDIO E O COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES SOB UMA PERSPECTIVA SOCIAL
Santarém
2020
DELVANIA MOTA DOS SANTOS
ANDRIA ARAÚJO
ANA MARIA SIQUEIRA BRITO
ELISA SANTOS
SUELY MELO DA SILVA
O FEMINICÍDIO E O COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES SOB UMA PERSPECTIVA SOCIAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado junto à Universidade Paulista – UNIP, campus Santarém, como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Prof. Esp. Adriane Melo do Carmo
Santarém
2020
DELVANIA MOTA DOS SANTOS
ANDRIA ARAÚJO
ANA MARIA SIQUEIRA BRITO
ELISA SANTOS
SUELY MELO DA SILVA
O FEMINICÍDIO E O COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES SOB UMA PERSPECTIVA SOCIAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado junto à Universidade Paulista – UNIP, campus Santarém, como parte dos requisitos para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social
Orientadora: Prof. Esp. Adriane Melo do Carmo
Data de Apresentação:___/___/____
Data da defesa: ___ de ______________ de 2020
Resultado: ________________________
BANCA EXAMINADORA
Prof. __________________
Nome da instituição onde atua
Prof. __________________
Nome da instituição onde atua
Dedicamos este trabalho aos nossos familiares por acreditarem e terem interesse em nossas escolhas, apoiando-nos e esforçando-se junto a nós.
AGRADECIMENTOS
Agradecer primeiramente a Deus, por nos iluminar e nos abençoar durante nossa trajetória. 
A nossa família, todo esforço, dedicação, amor, exemplo de humildade e luta, nos servindo de inspiração para chegar aonde chegamos.
Finalmente, agradecemos a todas as pessoas que colaboraram de alguma forma para a realização deste trabalho.
A nossa orientadora Profª. Esp. Adriane Melo do Carmo, por todos os ensinamentos e dedicação. 
A toda equipe da UNIP, que nos proporcionou profissionais maravilhosos e dedicados.
 
“A primeira garota bonita que eu vejo hoje à noite vai morrer”. (Edward Kemper, assassino em série).
RESUMO
Esta pesquisa tem como objeto de estudo uma análise do feminicídio e o combate à violência doméstica contra as mulheres no Brasil. Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica com a abordagem qualitativa. Trazendo como objetivo geral discorrer sobre ações sociais que poderão ser usadas em caso de violência doméstica contra as mulheres com o intuito de evitar o crime de feminicídio. Diante disso identificou-se que a violência contra as mulheres não é um fato novo, mas ocorre desde a antiguidade, o Brasil possui legislação própria com a Lei nº 13.104/2015, responsável por definir o crime de feminicídio no ordenamento jurídico pátrio. Conclui-se que leis e práticas para condenar autores de feminicídio ainda são extremamente e o sistema patriarcal de desigualdade e exclusão social permanece alto em áreas de alta concentração de pobreza e em zonas de conflito. Embora os países tenham promulgado leis para combater a violência contra as mulheres e procedimentos criminais adequados para o assassinato de mulheres, a implementação ainda é irregular, com poucas organizações internacionais investidas nos recursos e autoridade para supervisionar adequadamente o esforço.
Palavras-chave: Feminicídio. Mulher. Violência doméstica.
ABSTRACT
The object of study is an analysis of feminicide crime and the fight against domestic violence against women in Brazil. It was a review of the literature, with a qualitative approach, with materials available in academic portals Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) and in books. The general objective is to discuss social actions that can be used in case of domestic violence against women in order to prevent the crime of femicide. In view of this, it was identified that violence against women is not a new fact, but has occurred since antiquity, Brazil has its own legislation with Law No. 13,104 / 2015, responsible for defining the crime of feminicide in the national legal system. It is concluded that laws and practices to condemn feminicide perpetrators are still extremely high and the patriarchal system of inequality and social exclusion remains high in areas of high concentration of poverty and in conflict zones. Although countries have enacted laws to combat violence against women and adequate criminal procedures for the murder of women, implementation is still uneven, with few international organizations invested in the resources and authority to adequately oversee the effort.
Keywords: Woman. Violence. Femicide.
LISTA DE SIGLAS
	VDCM
	Violência doméstica contra a mulher
	ONU
	Organização das Nações Unidas
	UNODC
	United Nations Office on Drugs and Crime
	FBSP
	Fórum Brasileiro de Segurança Pública
	SPM
	Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
SUMÁRIO
1	INTRODUÇÃO	11
2	ASPECTOS E PERSPECTIVAS SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER	15
2.1	Características gerais da violência doméstica	17
2.1.1	As formas de violência doméstica contra a mulher	18
2.2	O perfil psicológico do agressor no contexto da violência doméstica	21
2.3	Prevenção da violência doméstica	22
3	DEFINIÇÃO E ASPECTOS GERAIS DO FEMINICÍDIO	24
3.1	Dados sobre o feminicídio no mundo	26
3.2	Dados sobre o feminicídio no Brasil	28
3.2.1	Tipos de feminicídio no Brasil	30
3.2.2	Exemplos de femicida	31
4	DIREITOS HUMANOS, FEMINICÍDIO E O SERVIÇO SOCIAL	33
4.1	Os desafios do Assistente Social na atualidade e papel diante das novas demandas que envolvem os Direitos Humanos	33
4.1.1	A violência e o Serviço Social	34
4.2	Atuação do Assistente Social nas questões da violência doméstica contra a mulher: Técnicas e ferramentas profissionais	36
4.2.1	Intervenção para a vítima	37
4.3	Intervenção do assistente social em projetos voltados a reabilitação da mulher vítima de violência de gênero	41
5	CONSIDERAÇÕES FINAIS	44
REFERÊNCIAS	47
introdução
Embora a relação de dominação e opressão de gênero esteja presente desde o início da humanidade, ela só se tornou significativa e adquiriu o esboço de uma questão científica e um importante foco de ações de saúde pública a partir da década de 1970. No Brasil, o reconhecimento ocorreu simultaneamente com reivindicações de movimentos sociais organizados, incluindo aqueles vinculados ao acesso aos serviços públicos de saúde e à melhoria da qualidade de vida, principalmente nos centros urbanos.
Como citado por Pasinato (2011) o termo violência doméstica contra a mulher (VDCM) foi adotado pelas Nações Unidas (ONU) na Assembleia Geral de 1993. Embora muitos autores usem termos como "violência por parceiro íntimo" e "violência familiar contra a mulher", a adoção do termo "a violência doméstica contra as mulheres" levou em consideração vários estudos, escolhendo o último termo, porque é o mais comum entre os estudos dos Estados Unidos. Desde então, sua definição mais ampla foi estabelecida e a violência contra as mulheres passou a ser definida como qualquer ato de violência de gênero que produza ou possa causar danos ou sofrimento físico, sexual ou mental às mulheres, incluindo ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, seja na vida pública ou privada.
A violência contra as mulheres (VCM) pode ser explicada como um fenômeno construído a partir da naturalização da desigualdade de gênero. Ortiz-Barreda et al. (2013) comentam que isso se baseia em categorias hierárquicas, historicamente construídas como um dos mecanismos ideológicos capazes de legitimar o status quo, entre os quais as classificações sociais e, dentro delas, a classificação sexual.
Ainda não se sabe a verdadeiraextensão da violência contra as mulheres, pois o medo de represálias, o impacto de não se acreditar e o estigma suportado pela sobrevivente e não pelo agressor, silenciaram as vozes de milhões de sobreviventes de violência e mascararam a verdadeira extensão das contínuas experiências horríveis das mulheres que tiveram a sua vida ceifada em detrimento da violência contra mulheres.
Wilson (2014) discorre que em casos que ocorre homicídios são o fim trágico de um ciclo de abuso e violência, quando uma mulher perde a vida, não é sem previsões, existiram incidências verbais e outras formas de violência, pois o padrão é estabelecido muito antes do homicídio. Nessa direção, comenta-se que o homicídio de mulheres é uma palavra que tem séculos de idade, mas recentemente assumiu um significado particular: o assassinato de uma mulher por causa de seu sexo passou a ser chamado de feminicídio.
Assim, o Trabalho de Conclusão de Curso possui como questionamento base para o desenvolvimento do estudo a seguinte problemática: Como estão as leis e práticas para o combate à violência doméstica que poderão ser impressos no âmbito social a fim de que não seja consumado o feminicídio? 
O objetivo geral consistiu em discorrer sobre ações sociais que poderão ser usadas em caso de violência doméstica contra as mulheres com o intuito de evitar o crime de feminicídio. Quanto aos objetivos específicos os mesmos consistiram em:
· Caracterizar a violência contra as mulheres, em companhia de seu histórico e os tipos de violências sofridas por elas; 
· Descrever sobre os aspectos gerais e os dados recentes em relação ao feminicídio nos últimos anos;
· Discorrer acerca da atuação do assistente social nas questões da violência doméstica contra a mulher e as intervenções deste profissional em projetos voltados a reabilitação da mulher vítima de violência de gênero. 
A justificativa para o desenvolvimento deste está pautada no fato de que o Serviço Social através dos trabalhos desenvolvidos pelos profissionais Assistentes Sociais, está ligado diretamente a fatos sociais, tal como a violência doméstica, que junto às políticas públicas voltadas a atender mulheres violentadas por seus parceiros, trabalham a contenção deste perigo social e eminente, fazendo com que esta mulher volte ao seio da sociedade salva dos resquícios que lhe oprimiam. 
Dito isso, é preciso sensibilizar o sistema de justiça, fazendo com que as mulheres se sintam à vontade para denunciar, que são ouvidas e que há implicações para o agressor. Geralmente é no fim de uma relação conjugal que de fato se conhece com quem vivem, a mulher apesar de hoje ter seu espaço na sociedade, ainda sofre na pele a força do patriarcado e do machismo. Isso fica evidente quando a relação conjugal chega ao fim, por não aceitar o fim da reação a mulher se vê vítima de violência doméstica, que na maioria das vezes terminam em óbito. Poucas são as mulheres que tem coragem de denunciar o agressor, da denúncia há certa insegurança por ser esta mulher hipossuficiente. 
À medida que o campo de prática clínica e legalmente se move para uma abordagem integrada e multidisciplinar, a comunidade acadêmica é desafiada a seguir o exemplo. Historicamente, as universidades oferecem conteúdo limitado específico para violência doméstica, perseguição e agressão sexual nos cursos de psicologia, psiquiatria, assistência social, departamentos ou faculdades jurídicas e outros. Em todo o país, o número modesto de programas específicos de violência contra mulheres foi, em grande parte, desenvolvido em ciências sociais, estudos de mulheres ou programas de estudos de gênero. É necessária uma abordagem mais integrada e abrangente e perspectivas clínicas, jurídicas e de políticas públicas mais direcionadas.
Justifica-se que o interesse da pesquisa surgiu no decorrer do curso, diante dos estágios e ensinamentos vistos em sala de aula, assim viu-se a essencialidade do papel do Assistente Social nos programas sociais de atuação na área da violência doméstica, pois é este profissional que atuará através das dimensões técnicas operativas, que são: a dimensão ética política, a dimensão teórica metodológica e a dimensão técnica operativa, restabelecendo a dignidade e vida desta mulher, fazendo com que a vítima tenha condições físicas, financeiras e emocionais para voltar ao seio da família e sociedade. 
Para que a mesma fosse construída com êxito, fez-se uso da pesquisa bibliográfica. Gil (2007), destaca que a pesquisa bibliográfica “constitui o procedimento básico para os estudos monográficos, pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema.” Quanto a abordagem da pesquisa, a mesma é classificada como qualitativa, tendo em vista que é buscado explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, nesta abordagem os dados analisados são não-métricos e se valem de diferentes abordagens, como destaca Teixeira (2005).
Quanto à natureza, a mesma é descrita como descritiva, tendo em vista que seu foco é a geração de novos conhecimentos, os quais se apresentem como importantes para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Quanto aos objetivos, à pesquisa é caracterizada como explicativa, pois sua preocupação é identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, dessa forma Gil (2007), cita que este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas através dos resultados oferecidos. 
Quanto aos procedimentos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, a qual Teixeira (2005), menciona ser aquela realizada feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, ou por livros, artigos científicos, páginas de web sites.
A metodologia utilizada para análise dos textos consistiu em uma revisão integrativa dos estudos, os conteúdos foram reunidos e sintetizados, obtendo resultados sob a ótica de diversos especialistas. Acessaram-se os resumos dos materiais, após foram realizadas leituras críticas dos mesmos, em seguida feita a recuperação dos materiais de acordo com a pertinência dos mesmos ao objeto de estudo. Após a seleção dos mesmos, procedeu-se leitura compreensiva dos materiais, fichando-os e analisando-os pelos critérios de similaridade temática, construindo assim uma organização para a apresentação dos resultados.
ASPECTOS E PERSPECTIVAS SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
Pasinato (2011) comenta que a violência contra as mulheres foi aceita e até tolerada ao longo da história. Mais de 2.000 anos atrás, o direito romano concedeu ao homem autoridade de vida e morte sobre sua esposa, no século XVIII, o direito comum inglês deu a um homem permissão para disciplinar sua esposa e filhos com um pedaço de pau ou chicote, não mais largo que o polegar. Essa "regra de ouro" prevaleceu na Inglaterra e na América até o final do século XIX. 
Do cinema à televisão, aos videoclipes, letras de músicas, camisetas e anúncios, a violência contra as mulheres é frequentemente retratada como normal ou erótica. Alguns críticos dizem que essas atitudes transmitidas pela mídia podem preparar o cenário para a violência real contra as mulheres.
O número de mulheres submetidas à violência é assombroso. De acordo com World Health Organization (2013) as estimativas sugerem que uma em cada três mulheres em todo o mundo tenha sofrido violência física ou sexual em algum momento de suas vidas. Em algumas áreas do mundo, a violência contra mulheres é endêmica, com a prevalência da violência por parceiro íntimo.
World Health Organization definem a violência contra as mulheres como qualquer ato que resulte em dano ou sofrimento físico, sexual ou mental para as mulheres, incluindo ameaças de tais atos, coerção ou privação arbitrária de liberdade, seja vida pública ou privada. A violência ocorre em muitas formas, físicas, sexuais e psicossociais e tem um impacto emocional e mental de longa duração que afeta o bem-estar geral.
De acordo com Cardoso e Taveira (2017) com o passar dos anos a mulher conseguiu conquistar seuespaço na sociedade contemporânea, mas, apesar de tantas conquistas, principalmente na área profissional, este ser humano ainda sofre com uma triste realidade, a violência. Ainda se relata que essa violência, que se considera ser atual, decorre de séculos de sofrimento, onde o sexo feminino sempre foi discriminado pela sociedade machista e preconceituosa, naquela época muitas eram vistas como um ser inferior aos homens. 
Ao passo que eram rotuladas como sexo frágil, essas mulheres exerciam apenas o papel de donas de casa, sempre com uma postura de submissão perante seus maridos e seus pais, elas em nada interferiam, opinavam, palpitavam. Seu corpo, sua vida, seu destino, não lhes pertenciam, pois, o homem sentia-se no direito de penalizá-la ou puni-la a partir do momento que se achasse contrariado diante de suas atitudes, seus desejos e vontades. 
A definição de violência de gênero deve ser entendida como uma relação de poder de dominação do homem e de submissão da mulher. Ele demonstra que os papéis impostos às mulheres e aos homens, consolidados ao longo da história e reforçado pelo patriarcado e sua ideologia, induzem relações violentas entre os sexos e indica que a prática desse tipo de violência não é fruto da natureza, mas sim do processo de socialização das pessoas. Ou seja, não é a natureza a responsável pelos padrões e limites sociais que determinam comportamentos agressivos aos homens e dóceis submissos as mulheres. Os costumes, a educação e os meios de comunicação tratam de criar e preservar estereótipos que reforçam a ideia de que o sexo masculino tem o poder de controlar os desejos, as opiniões e a liberdade de ir vir das mulheres (TELES; MELO, 2003, p. 18)
Nesse contexto, a violência cometida contra a mulher é definida como um papel que foi imposto ao homem pela sociedade, não estando ligada à sua natureza, mas, sim, como a forma que ele foi educado nesse meio social, onde foi repassada a ideia de poder e arbítrio sobre o sexo oposto. 
Stearns (2007) preleciona que as relações entre os gêneros se definem através daquilo que a sociedade impõe principalmente na construção de suas diferenças. Diante disso, com o passar dos tempos houve poucas mudanças nesse sentido. No século XIX foi registrada uma mudança de fato quanto a essa conduta autoritária e escravista, pois, os direitos femininos começaram a ser reivindicados por movimentos que clamavam por benefícios para as mulheres, onde, tais direitos, foram sendo conquistados de forma gradativa.
Nessa direção é confirmado pela autora Cardoso e Taveira (2017) que, em termos de Brasil, foi somente no Código Civil de 1916 que aconteceu juridicamente uma mudança no modo de tratamento da mulher – pari passu, o Código Civil de 2002 consolidou direitos e deveres entre os sexos. Consoante a isto, conforme publicado no periódico Legislação da Mulher (2016), em julho de 1994, na capital do Estado do Pará, aconteceu a Convenção Interamericana onde o foco da questão era a proteção da mulher, sendo ratificada em 1995 pelo nosso país, pelo Decreto Legislativo 107/95, sendo promulgada em 1973.
Nesse contexto histórico Rifiotis (2004) menciona que nessa evolução foi criada uma delegacia especializada para o atendimento da mulher. Válido ressaltar que há 30 anos São Paulo recebia a primeira Delegacia de Defesa da Mulher do País, a criação dessa delegacia especial veio após reclamações de mulheres sobre o atendimento prestado em delegacias de polícia comuns, onde, geralmente, eram ouvidas por homens, quanto a isso, as vítimas relatavam que não se sentiam acolhidas e valorizadas (a reclamação era constante).
Desse modo, o país avançou no combate à violência contra a mulher, e, atualmente, conta com a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica. Por tudo, denota-se que essa luta é diária e incansável, tanto, por reconhecimento de direitos, quanto, por respeito entre os pares e na sociedade. 
Características gerais da violência doméstica
Sabe-se que a violência está explicita e é um dos grandes males da sociedade, ela atinge todas as classes, raças ou credos. Segundo Pasinato (2004) refere-se à um tipo de violência, abuso e intimidação entre pessoas que são ou que tiveram um relacionamento íntimo. O agressor usa a violência para controlar e dominar outra pessoa, causando medo, danos físicos ou psicológicos e morte, ocorre em todas as idades e em todos os grupos socioeconômicos e demográficos, mas predominantemente entre mulheres e crianças. 
Oliveira (2015) afirma, que, a classe baixa ainda é a que se sobressai em relação ao aumento de denúncias, o que se imagina é o medo do constrangimento e exposição de suas vidas. Com o passar dos tempos a violência mostrou-se de maneira diferente para os gêneros já que emerge de modo distinto para homens e mulheres, e, esta diferença, está principalmente em onde acontece, a maneira e forma que acontecem, pois, a violência contra mulher, no geral, é cometida em lugar íntimo, praticado por pessoas próximas, como, namorados, companheiros, maridos e isso independe de credo, raça, cor, classe social ou grau de instrução. 
Fiorelli e Mangini (2015) mencionam que este fato é bem diferente do sexo masculino já que, a violência cometida contra ele no geral acontece fora do ambiente familiar, ou seja, nas ruas e por outro homem, a violência contra a mulher se resume na forma de como ela é vista pelo sexo oposto, ou a forma com que ele julga seus atos e comportamentos, a violência acaba seguindo um padrão no qual na maioria das vezes é manter o domínio sobre a mulher, e segue com a insegurança mesmo em relacionamentos considerados “normais”, há outros fatores que implicam, como os hábitos, opiniões diversas as dele, gerando um grande aumento de estresse e assim, desencadeando uma sucessão de ofensas psicológicas, até o momento em que a agressão se torna física. 
As formas de violência doméstica contra a mulher 
De acordo com Day (2003) a cada três mulheres no mundo pelo menos uma já sofreu algum tipo de violência, e, esse ato violento pode se manifestar de várias maneiras trazendo danos diversos (moral, físico, psicológico). Essas agressões vão além da violação dos direitos e garantias individuais, atinge a própria dignidade da mulher (uma ferida incurável).
Piovesan conceitua a violência contra a mulher como:
[...] qualquer conduta – ação ou omissão – de discriminação, agressão ou coerção, ocasionado pelo simples fato de a vítima ser mulher, e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como privados (PIOVESAN, 2002, P. 214).
Nesse sentido, foram criadas várias formas de proteção à mulher, como, os Tratados Internacionais com intuito de defender e proteger as mulheres, Delegacias Especializadas para maior atenção aos casos de violência, Leis que venham inibir e punir seus violentadores e igualmente a proteção de seus direitos o que não deixa de ser um grande desafio.
A lei Maria da Penha (11.340/2006) é um exemplo de proteção à mulher, segundo Pasinato (2004), Maria da Penha Maia Fernandes é brasileira, profissional farmacêutica que sofreu durante anos abusos e agressões, e foi vítima também de duas tentativas de assassinato que teve como autor seu marido Marco Antônio Heredia Viveiros e pai de suas três filhas e ficou tetraplégica por consequência da agressão. Seu caso chegou a ser apresentado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
A Lei 11.340/2006 Lei Maria da Penha, foi criada para que a mulher pudesse ter seus direitos jurídicos protegidos e respeitados, ela demonstra que as formas de violência sofrida pela mulher vão muito além, sendo um atentado aos direitos da pessoa humana, porém, não conseguiu erradicar a tal violência, já os casos de abusos crescem a cada dia, principalmente no âmbito doméstico o que gera certas perturbações a respeito da eficácia de sua aplicabilidade.
Nucci (2006)menciona que a Lei Maria da Penha é composta de inúmeras medidas com intuito de garantir e efetivar a segurança, tais medidas são consideradas uma novidade onde se estende inclusive ao processo penal comum, mesmo a vítima não sendo mulher.
Importante mencionar que existem vários tipos de violência praticado contra a mulher, que vai muito além da violência física, os quais serão destacados nos subtópicos seguintes. 
Violência Psicológica 
Segundo Day (2003) a violência psicológica, é entendida como ação que venha causar lesão emocional, decrescimento da autoestima, ou que afete de forma negativa o desenvolvimento do sujeito, ou mesmo se manifeste com atos degradantes que venham regular suas ações, seu modo de pensar, de agir, com suas crenças, através de intimidação, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularizarão, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. 
Conforme o que expõe Rifiotis (2004) a violência psicológica revela-se principalmente em atitudes e palavras, que vão se repetindo como insultos, comentários agressivos a respeito de seus princípios e suas convicções, chegando a denegrir sua imagem e diminuindo seu amor próprio, manipulando a mulher emocionalmente, de maneira que a leve retrair suas vontades e até mesmo a capacidade te tomar suas próprias decisões. Afastando-a na maioria das vezes da convivência de outras pessoas, como familiares e amigos.
Violência Física
A violência física de certa forma é bem mais fácil de identificar, pois, deixa lesões no corpo, gerando hematomas, fraturas e traumas (uma experiência de abuso, dor e sofrimento emocional e físico que dura anos – por vezes, uma vida).
Osterne (2011) define a violência física como uma ação que venha ser feita com ou sem intenção, mas, que cause lesão física à vítima, podendo deixar leves escoriações, arranhões ou mesmo levar aos casos mais extremados como a morte. Nessa esteira, Day et al. (2003) declaram, que, esse ato de violência em sua forma mais grave e extremada é quando a vida da vítima é ceifada. 
Violência Sexual
De acordo com inciso III do artigo 7º, da Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), esse tipo de violência causa constrangimento na mulher, ao imputa-la a manter, a ver ou mesmo fazer parte de qualquer relação sexual, através de coação, intimidação, uso de força, que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
Violência Moral 
Conforme a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em seu artigo 6º, inciso V, esse tipo de agressão se define como qualquer conduta que venha configurar calúnia, difamação ou injúria, existindo assim certa conexão com outros crimes contidos no ordenamento jurídico como crimes cometidos contra a honra, disposto no art. 138 e 142 do Código Penal Brasileiro, quais sejam: calúnia, injúria e difamação. Essa violência moral consiste em prática de conduta que venha desabonar a honra, ou como o próprio nome já diz a moral da vítima. 
Violência Patrimonial
Segundo o art.7º inciso IV, da Lei nº 11.340/2006, para se concretizar esse tipo de violência, qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades, o agressor geralmente age macumunado com outros tipos de violência, por exemplo, agressão física ou psicológica. 
O perfil psicológico do agressor no contexto da violência doméstica
Fiorelli e Mangini (2015) diferenciam agressividade de violência, pois, muitas vezes, elas são vistas como sinônimos. A agressividade representa algo de força combativa, comportamento adaptativo e instinto de vida, pois é uma característica de personalidade e é inerente a todo ser humano, a violência se apresenta quando o indivíduo não conseguiu canalizar a agressividade para atividades produtivas, e assim, reflete mecanismos impulsivos e baixa tolerância a frustrações. 
Os autores supracitados relatam ainda que o comportamento agressivo do indivíduo demonstra a impulsividade quando alguma emoção negativa o domina fazendo com que ele regrida a estágios primários de seu desenvolvimento psicológico e prevaleça o egocentrismo. Na mente do agressor não há direitos para o outro e a percepção de punição inexistente ou insignificante contra ele funciona como motivador para que ele não desenvolva nenhum tipo de autocontrole. 
O psicanalista Winnicott (1999) sugere que a violência pode ser percebida como reação a frustração. Na impossibilidade de ver o seu desejo realizado, o psiquismo reage e desloca a energia para a violência. Assim, Serafim, Barros e Rigonatti (2006) complementam destacando que dentro da relação conjugal a mulher vítima da violência doméstica normalmente exibe um perfil de baixa autoestima, percepção de não ter controle sobre sua vida e incapaz de modificar a situação. O homem agressor, por sua vez, apresenta uma postura dominadora e violenta, porém, pode apresentar sentimento de culpa por seu comportamento promovendo momentos de conciliação, consubstanciados em benefícios diversos, incluindo concessões econômicas e/ou no campo da sexualidade. 
Assim, reflete-se que o agressor constrói em seus relacionamentos representações da sua trajetória de vida da maneira que ele assimilou psicologicamente e emocionalmente. A relação conjugal é o local da mistura, da intimidade, da transmissão de valores, onde o passado, presente e futuro se encontram, deixando marcas na forma como o relacionamento funciona. 
Nesse contexto, Fiorelli e Mangini (2015) apontam que a origem do comportamento violento e impulsivo do agressor se deve ao condicionamento que teve em sua vida, pois o indivíduo continuamente era submetido a experiências em que a violência constituía o diferencial (no lar, na escola, no lazer), e, com o tempo, integrou ao seu esquema de comportamento. O cérebro desenvolve padrões de respostas para estímulos violentos e o indivíduo comporta-se de maneira não apenas destinada a responder tais estímulos, mas, também, a provocá-los.
Prevenção da violência doméstica
Há um número crescente de estudos bem projetados que analisam a eficácia dos programas de prevenção e resposta. São necessários mais recursos para fortalecer a prevenção e a resposta à violência por parceiro íntimo e sexual, incluindo a prevenção primária- impedindo que isso aconteça em primeiro lugar.
Assim, Ortiz-Barreda et al. (2013) afirmam que existem evidências de países de alta renda de que intervenções de advocacia e aconselhamento para melhorar o acesso a serviços para sobreviventes de violência por parceiro íntimo são eficazes na redução dessa violência. Os programas de visitas domiciliares que envolvem assistência profissional de saúde treinados também mostram promessas na redução da violência por parceiro íntimo. No entanto, esses ainda precisam ser avaliados para uso em ambientes com poucos recursos.
De acordo com Wilson (2014) em ambientes com poucos recursos, as estratégias de prevenção que se mostraram promissoras incluem: aquelas que capacitam mulheres econômica e socialmente por meio de uma combinação de microfinanças e treinamento de habilidades relacionadas à igualdade de gênero; que promovam habilidades de comunicação e relacionamento entre casais e comunidades; que reduzem o acesso e o uso nocivo de álcool; transformar normas prejudiciais de gênero e sociais por meio da mobilização comunitária e educação participativa em grupo com mulheres e homens para gerar reflexões críticas sobre relações desiguais de gênero e poder.
Acerca do destacado anteriormente, comenta-se que paraalcançar mudanças duradouras, é importante promulgar e fazer cumprir a legislação e desenvolver e implementar políticas que promovam a igualdade de gênero por: acabar com a discriminação contra as mulheres nas leis de casamento, divórcio e custódia, acabar com a discriminação nas leis de herança e propriedade de ativos, melhorar o acesso das mulheres ao emprego remunerado, desenvolver e fornecer recursos e planos e políticas nacionais para combater a violência contra as mulheres. 
Embora prevenir e responder à violência contra as mulheres exija uma abordagem multissetorial, o setor da saúde tem um papel importante a desempenhar. Laurent (2013) discorre que o setor da saúde pode defender que a violência contra as mulheres seja inaceitável e que essa violência seja tratada como um problema de saúde pública; fornecer serviços abrangentes, sensibilizar e treinar prestadores de serviços de saúde para responder às necessidades dos sobreviventes de forma holística e empática.
Ainda de acordo com Laurent (2013) o setor da saúde tem ainda o papel de prevenir a recorrência da violência através da identificação precoce de mulheres e crianças que sofrem violência e fornecendo encaminhamento e apoio adequados; promover normas igualitárias de gênero como parte das habilidades para a vida e currículos abrangentes de educação em sexualidade ensinados aos jovens e gerar evidências sobre o que funciona e a magnitude do problema, realizando pesquisas de base populacional ou incluindo a violência contra mulheres em pesquisas demográficas e de saúde de base populacional, bem como em sistemas de vigilância e informações em saúde. 
DEFINIÇÃO E ASPECTOS GERAIS DO FEMINICÍDIO
Desde 2007, 15 países da América Latina reconhecem o feminicídio como uma categoria distinta de assassinato. A proporção de assassinatos de mulheres reconhecidas como feminicídio varia muito.
O Femicídio ou feminicídio, definido como o assassinato misógino de mulheres por homens (Russell e Radford, 1992), tem suas raízes no discurso feminista mais amplo, que enfatiza a natureza patriarcal da sociedade e a tendência de usar a violência como ferramenta de repressão na manutenção do sexo masculino. O termo foi elaborado no trabalho de Jill Radford e Diana EH Russell em uma compilação de trabalhos intitulados “Femicide: the politics of woman killing” (Feminicídio, a política de matar mulheres), publicado em 1992. Ele toma a sua forma da palavra 'cide', um derivado da palavra latina ceadere, que significa matar e feminao que significa mulher ou feminino. 
Embora se diga que a prática é tão antiga quanto o próprio patriarcado, o termo provavelmente não foi usado até 1974, quando uma escritora norte-americana, Carol Orlock, preparou uma antologia de feminicídio, que permanece inédita (Russell e Radford, 1992). O surgimento do termo pode ser visto como parte dos movimentos feministas da década de 1970, que testemunharam as tentativas das mulheres de nomear suas próprias experiências e criar uma forma de resistência a essa forma última de violência contra as mulheres. Em vez de ser uma nova forma de violência, é realmente vista como estando no extremo de um continuum de violência exercida contra as mulheres. Mais especificamente, é proposto como uma alternativa ao termo neutro de gênero de homicídio, como tal, busca destacar o assassinato de mulheres por serem mulheres, um fenômeno intimamente ligado à violência sexual praticada para punir, culpar e controlar as ações, emoções e comportamento das mulheres.
O feminicídio foi definido como um crime específico sob o Código Penal Brasileiro em 2015. A Lei Nº 13.104, de 9 de março de 2015, lei sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff, que ficou conhecida como Lei do Feminicídio, classificado como uma subcategoria de assassinato, refere-se ao assassinato de uma mulher como consequência de seu sexo, seja por discriminação ou desprezo, ou em casos de violência doméstica. Cuja definição legal se enquadra ao do Código Penal Brasileiro, mais especificamente nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal:
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos integrantes do sistema prisional e
da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de
condição de sexo feminino quando o crime
envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Wilson (2014) comenta que o termo feminicídio foi particularmente adotado na América Latina como uma ferramenta útil em resposta a uma escalada alarmante de assassinatos muito violentos de mulheres e meninas. Paralelamente, a palavra feminicídio foi introduzida para capturar o elemento de impunidade e violência institucional, devido à falta de responsabilização e resposta adequada por parte do Estado quando ocorrem esses assassinatos.
Tentar concordar com uma definição "global" do assassinato de mulheres e meninas com base em seu gênero é altamente complexo. Seu significado varia de acordo com o ponto de vista, contexto e disciplina a partir do qual está sendo examinado, assim como seu escopo, conteúdo e implicações dependem de como está sendo abordado. Concorda-se que o conhecimento reflete condições particulares de possibilidade que permitem que seja produzido em primeiro lugar. 
Pasinato (2011) comenta que o feminicídio não é um caso de violência "isolado" ou "esporádico", mas resulta de estruturas de poder desiguais, enraizadas em papéis, costumes e mentalidades de gênero "tradicionais", onde mulheres e meninas geralmente se encontram em um subordinado e/ou posição marginalizada. O feminicídio não é apenas a forma mais extrema de violência contra mulheres e meninas, mas também a manifestação mais violenta de discriminação contra elas e sua desigualdade, o qual ocorre tanto na esfera privada quanto na pública, por um parceiro íntimo ou por qualquer outro membro da família ou comunidade e, em alguns contextos, pode ser perpetrado ou tolerado pelas ações dos Estados ou omissões.
Nessa direção, Ortiz-Barreda et al. (2013) discorre que a conscientização pública sobre a violência contra as mulheres aumentou dramaticamente nas últimas quatro décadas, graças ao ativismo multifacetado das mulheres. No entanto, apesar da extensa cobertura da mídia sobre assassinatos de mulheres cometidos por homens, incluindo o que parece ser um número crescente de assassinos em série que visam mulheres e meninas, poucas pessoas parecem registrar que a maioria desses assassinatos são manifestações extremas de dominação e sexismo masculinos. 
Dados sobre o feminicídio no mundo
A principal pergunta que todos procuram responder é: quantas mulheres e meninas estão sendo mortas por causa de seu sexo: por que, por quem e onde? Existem limitações nos esforços para coletar dados comparáveis, confiáveis ​​e desagregados por gênero para cada país ou região do mundo.
No contexto da coleta de dados sobre o feminicídio, é importante distinguir entre os dados coletados em nível nacional e internacional. Cardoso e Taveira (2017) comentam que algumas formas de feminicídio são mais prevalentes em alguns países do que em outros, pois isso depende do contexto sociocultural. Além disso, dependendo das capacidades institucionais e administrativas de um determinado país ou região, existem estados que apenas coletam dados sobre homicídios e outros, particularmente na América Latina, que coletam dados sobre feminicídios, de acordo com a maneira como esse tipo de o crime foi classificado na estrutura legal do país. 
Portanto, ainda de acordo com Cardoso e Taveira (2017) quando se trata de ter estatísticas sobre esse fenômeno em nível global, é importante manter uma estrutura que permita ter a cobertura mais abrangente dos países que são adequadamente cobertos. Além disso, é importante operar dentro de uma estruturaestatística aceita pelos estados, reconhecendo a grande diversidade de sistemas jurídicos existentes.
Segundo Oliveira (2015) muitos dos dados coletados sobre homicídios não são desagregados por sexo, o que resulta em muitos assassinatos de mulheres não contabilizadas, especialmente em conflitos armados e em áreas atingidas pela pobreza. No entanto, houve melhorias recentes na coleta e disponibilidade de dados sobre o feminicídio. Desde 1995, mais de 100 países realizaram pelo menos uma pesquisa sobre o assunto.
Nessa direção, comenta-se sobre o Protocolo Modelo das Mulheres da ONU é uma ferramenta para ajudar policiais, tribunais, funcionários dos departamentos de justiça e médicos forenses a investigar adequadamente o feminicídio. Historicamente, na América Latina e no mundo, os crimes de ódio contra as mulheres e suas investigações e ações judiciais não seguem protocolos específicos. Ativistas argumentaram que a falta de definições, padrões e procedimentos consistentes e prescritos internacionalmente contribuiu para a persistência de altas taxas de feminicídio.
A caracterização variada de feminicídio também é abundante. Assim, por meio de Laurent (2013) comenta-se que em países como o Chile ou a Nicarágua, os assassinatos de mulheres - que são considerados feminicídios em lugares como a Colômbia - não são definidos da mesma forma se, por exemplo, a vítima não tem relação com o agressor. O México também tem sido vago sobre o que a lei define como feminicídio. Por exemplo, o estado de Chihuahua não conta o assassinato de mulheres por extrema violência de maneira diferente de outros assassinatos. Além disso, para ser considerada um feminicídio no estado do México, a vítima deve mostrar sinais de agressão sexual ou mutilação ou ter passado por um histórico de abuso.
Foi realizado em 2019 um estudo sobre homicídios globais, destacando o número de assassinatos de mulheres e meninas por gênero. Este estudo de referência, lançado pela primeira vez no Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres de 2018, examina os dados de homicídios disponíveis para analisar o assassinato de mulheres e meninas por gênero, com um foco específico no homicídio por parceiro íntimo e relacionado à família e como isso refere-se ao status e papéis das mulheres na sociedade e na esfera doméstica.
Os dados apresentados neste folheto são baseados em estatísticas de homicídios produzidas por sistemas estatísticos nacionais nos quais são relatadas as relações entre a vítima e o autor e/ou o motivo. Embora a desagregação dos dados de homicídios no nível do país tenha melhorado ao longo dos anos, as estimativas regionais e globais se baseiam em um número limitado de países, com a África e a Ásia respondendo pela maior parte das lacunas (STUDY ON GLOBAL HOMICIDE, 2019).
Os assassinatos por parceiros íntimos ou familiares em 2017 somaram um total de 87.000 mulheres mortas intencionalmente. Mais da metade delas (58%) foram mortas por parceiros íntimos ou familiares. Isso significa que 137 mulheres em todo o mundo são mortas por um membro de sua própria família todos os dias, isso equivale a cerca de seis mulheres sendo mortas a cada hora por pessoas que conhecem (UNODC, 2019).
Acerca de mortes por parceiros íntimos em 2017, destaca-se que mais de um terço (30.000) das mulheres foram mortas intencionalmente por seu atual ou ex-parceiro íntimo, alguém em quem normalmente esperariam confiar. Em comparação com 2012, com base em dados revisados, o número estimado de mulheres mortas por parceiros íntimos ou familiares em 2012 foi de 48.000 (47% de todas as mulheres vítimas de homicídio). O número anual de mortes de mulheres em todo o mundo resultantes de homicídio por parceiro íntimo/familiar parece, portanto, aumentar (UNODC, 2019).
Em relação ao quantitativo de assassinatos por região, cita-se que o maior número (20.000) de todas as mulheres mortas em todo o mundo por parceiros íntimos ou familiares em 2017 foi na Ásia, seguido por África (19.000), América (8.000) Europa (3.000) e Oceania (300). No entanto, com uma taxa de homicídio por parceiro íntimo/familiar de 3,1 por 100.000 mulheres, a África é a região em que as mulheres correm o maior risco de serem mortas por seus parceiros íntimos ou familiares, enquanto a Europa (0,7 por 100.000 pessoas) é a região onde o risco é mais baixo. A taxa de homicídio por parceiro íntimo/familiar também foi alta na América em 2017, em 1,6 por 100.000 mulheres, assim como na Oceania em 1,3 e na Ásia em 0,9 (UNODC, 2019).
A disparidade entre as ações de vítimas masculinas e femininas de homicídio perpetradas exclusivamente por um parceiro íntimo é substancialmente maior do que de vítimas de homicídios perpetradas por parceiros íntimos ou membros da família, cerca de 82% de vítimas femininas versus 18% de vítimas do sexo masculino (UNODC, 2019).
Dados sobre o feminicídio no Brasil
Embora as últimas estatísticas de criminalidade do Brasil tenham mostrado uma redução encorajadora nas taxas de assassinatos, as tendências de violência contra as mulheres continuam preocupantes. As mortes violentas caíram 10,8% em todo o país em 2018, mas os casos de feminicídio aumentaram 4% no mesmo período.
De acordo com dados provenientes do relatório anual de segurança pública brasileira de 2019, divulgado anualmente pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), como o femicídio ainda é um conceito relativamente novo no Brasil, existe a possibilidade de que o aumento nos casos de feminicídio se deva mais a uma mudança na metodologia policial, em oposição a um aumento absoluto nas mortes. Por exemplo, assassinatos que anteriormente teriam sido registrados como homicídios agora podem ser listados como feminicídios.
Figura 1- Dados sobre o feminicídio no Brasil em 2018
Fonte: Relatório anual de segurança pública brasileira (2019)
Por meio da figura 1 percebe-se que os relatórios de violência doméstica aumentaram 0,8% em 2018, atingindo a taxa alarmante de um incidente a cada dois minutos. O estudo também mostrou que o perfil típico de vítimas de feminicídio são mulheres negras ou pardas, com idades entre 25 e 35 anos, com ensino fundamental. Em relação aos agressores, 88,8% dos feminicídios foram cometidos por parceiros atuais ou antigos.
Enquanto o país como um todo viu uma redução nos homicídios, as taxas aumentaram em alguns estados, como no Ceará e Roraima, onde também houve feminicídio. De fato, enquanto a taxa de homicídios de Roraima aumentou 64,9%, as mortes violentas com vítimas femininas aumentaram 165,7%. No Ceará, a taxa geral de homicídios realmente caiu 10,6%, mas entre as mulheres vítimas subiu 26,1%, indicando um aumento absoluto de mulheres vítimas.
A FBSP calculou um total de 1.206 feminicídios em 2018: 1,1 por 100.000 mulheres, um aumento de 4% em relação ao ano de 2017. Os dados sobre femicídios ainda são inconsistentes, enquanto na maioria dos estados o feminicídio é responsável por cerca de 20 a 40% dos homicídios femininos, a proporção é irrealisticamente baixa no Ceará e no Amazonas, em apenas 6 e 4,5%, respectivamente.
Como mencionado anteriormente, a lei brasileira considera a violência doméstica um motivo legal para o feminicídio, com a FBSP afirmando que esses assassinatos são o culminar de uma série de violências que muitas vezes não são relatadas. De fato, um estudo do Ministério Público de São Paulo mostrou que, após analisar casos de morte violenta de mulheres , apenas 4% das vítimas haviam relatado anteriormente casos de violência perpetrada por seus assassinos.
Abaixo comenta-se sobre os tipos de feminicídio presentes no brasil, tal como destacado por Cardoso e Taveira (2017) e pelo Relatório anual de segurança pública brasileira (2019).
Tipos de feminicídio no Brasil
O feminicídio íntimo
 Também conhecido como feminicídio do parceiro íntimo, captura a matança de mulheres por parceiros atuais ou antigos. Globalmente, as mulheres são muito mais propensas do que os homens a serem agredidas, estupradas ou mortas por um parceiro atual ou ex-parceiro e isso ocorrecom mais frequência em relacionamentos onde há um histórico de violência por parceiro íntimo (BRASIL, 2015; RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA, 2019).
O feminicídio não íntimo 
Nesse tipo envolve a morte de mulheres por alguém com quem eles não compartilham um relacionamento íntimo de parceiro, abrangendo uma ampla gama de subtipos de feminicídios, como o feminicídio familiar, o feminicídio de 'outro perpetrador conhecido' e o feminicídio estranho (BRASIL, 2015; RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA, 2019).
Femicídios por conexão
Tratam-se de casos nos quais as mulheres foram assassinadas porque estavam na “linha de fogo” de um homem que tentava matar outra mulher, ou seja, trata-se da prática na qual mulheres adultas ou meninas buscavam intervir para impedir a prática de um crime contra outra mulher e por conta disso acabaram morrendo. Independem do tipo de vínculo entre a vítima e o agressor, que podem inclusive ser desconhecidos (BRASIL, 2015; RELATÓRIO ANUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA BRASILEIRA, 2019).
Exemplos de femicida
Instâncias de feminicídio têm sido difundidas ao longo da história e variam do relativamente amplo ao muito específico, excluindo quaisquer aspectos qualitativos do termo. De fato, o feminicídio pode descrever, por exemplo, uma ação deliberada do estado/coletivo contra muitas mulheres e a mais particular, mas a morte raramente aleatória de uma mulher. Consequentemente, o termo é qualitativo, estando sua essência no sujeito e na motivação: a pessoa morta é uma mulher, morta pela razão específica de gênero de ser mulher.
No século XVI ao XVII, isso tomou a forma de matar bruxas consideradas intrinsecamente más. Nas experiências modernas, o termo pode ser usado para descrever o assassinato legal de mulheres suspeitas de adultério, a queima de mulheres em assassinatos de 'vergonha' e o infanticídio feminino, como o praticado às vezes na China e na Coréia, por exemplo, se houver uma preferência embutida para crianças do sexo masculino. O tiroteio de 14 estudantes de engenharia do sexo feminino em Montreal, em dezembro de 1989, por Marc Lepine, cujas vítimas foram chamadas de 'feministas do caralho’ é citado pelos autores, Russell e Radford (1992) como manifestação arquetípica de atitudes predominantes de ódio às mulheres. 
Embora o feminicídio possa ser ativo, como nos exemplos citados acima, também pode ser permissivo ou indireto, tais como a morte de mulheres como resultado de abortos mal conduzidos devido à falta de direitos de fertilidade em alguns países ou mortes por histerectomias e clitorectomias desnecessárias. Além disso, o feminicídio descreve a morte de meninas ou mulheres por simples negligência, por fome ou maus-tratos.
Em uma tentativa de combater as principais críticas ao feminismo, que argumentam que os defensores tendem a implicar a natureza universal da experiência feminina, Radford e Russell (1992) insistem que a natureza do feminicídio varia, dependendo do caráter cultural, econômico e social da sociedade. Como tal, ele se apresenta de várias formas, variando de feminicídio em série ou em massa, a feminicídio homofóbico (também chamado de 'lesbicida'), a feminicídio conjugal. Além disso, diz-se que existe um vínculo particularmente forte com o racismo, resultando em um alto nível de feminicídio racista. Um exemplo mais "moderno" de um tipo de feminicídio reside na transmissão deliberada do vírus HIV/AIDS, embora isso ainda não tenha um nome específico. 
Paradoxalmente, Cardoso e Taveira (2017) citam que onde se pensa que as mulheres correm maior risco é o lar, concebido tradicionalmente como sendo o lugar de direito da mulher. Dizem que os maridos representam a maior ameaça, especialmente para as mulheres que desejam sair de casa ou iniciar o processo de divórcio. No entanto, essa violência certamente não se limita ao lar, mas é intrínseca a todos os aspectos da sociedade. 
Diante disso, é possível comentar que a representação da mídia na mulher, por exemplo, ao relatar mortes envolvendo mulheres e na pornografia e em filmes que retratam a violência aparentemente real contra as mulheres para gratificação sexual masculina, destaca as perspectivas masculinas sobre questões que dizem respeito às mulheres e objetivação das mulheres, retratado como desprovido de qualquer experiência subjetiva. Cardoso e Taveira (2017) mencionam que o sistema judicial também desempenha um papel na perpetuação das estruturas que permitem o feminicídio, devido à recusa em se concentrar na natureza misógina dos crimes e na tendência de transferir a responsabilidade do assassino para a mulher morta. 
Assim, estratégias de culpar as mulheres que até levaram à codificação do termo “provocação” em muitos sistemas jurídicos fazem parte do fenômeno mais amplo da “vitimologia”, que desvia a culpa dos verdadeiros culpados e contribui para o fracasso do Estado em proteger as mulheres da violência sexual masculina.
DIREITOS HUMANOS, FEMINICÍDIO E O SERVIÇO SOCIAL
Os desafios do Assistente Social na atualidade e papel diante das novas demandas que envolvem os Direitos Humanos
Acerca do papel que deve ser tomado pelo assistente social frente às novas demandas que perfazem os direitos humanos, torna-se necessário a partir de Moura, Araújo e Nunes (2014) que sua formação e o exercício profissional sejam consolidados em meio a uma rede de situações e vertentes complexas, sendo essas sustentadoras das sociedades contemporâneas.
 Diante do contexto de conjunção da globalização são colocadas para o profissional de Serviço Social novas demandas na sua atuação profissional, assim como destaca Iamamoto (2010), pode-se compreender que as novas exigências colocadas ao Serviço Social brasileiro contemporâneo trazem elementos que demonstram uma preocupação em respondê-las. 
Nessa direção, os autores Aquino e Maciel (2013) destacam que nesse cenário é inerente a contribuição do assistente social, pois estes profissionais atuam na condição de sustentáculo para a luta e a efetivação dessas garantias, estes estão amparados pelo regime normativo-jurídico, pelo projeto ético-político, pelo Código de Ética profissional e pela lei que regulamenta a profissão.
Desse modo, Magri et al. (2013) complementam destacando que é necessário que seja realizada a construção da cidadania e da democracia, de modo que o sujeito esteja incluso nessa perspectiva, o mesmo deve estar participando social e politicamente na sociedade civil, numa dimensão socioeducativa em torno do trabalho e dos sujeitos coletivos. Logo, se trata de uma questão difícil, pois o poder está na mão de uma minoria, dessa forma, o trabalho desenvolvido pelo assistente social poderá possibilitar uma dimensão investigativa sobre os processos organizativos da sociedade, bem como sua inserção nos espaços de participação com a finalidade de inclusão social e garantia de direitos, o que se refere a um desafio a este profissional. 
Trata-se de um forte compromisso, pois garante mudanças que podem emergir das próprias aspirações societárias, a fim de que seja ampliada a competência da articulação política, além de destacar a promoção de ações e processos participativos que atuem de modo mais abrangente, em busca de consolidar os direitos sociais, políticos, econômico e cultural.
De acordo com Inácio (2003) uma melhor capacitação dos profissionais de Serviço Social deve ser uma prioridade importante para traduzir as políticas públicas mencionadas acima em prática, porque o reconhecimento da violência requer um alto grau de conscientização, sensibilidade, consciência de segurança e confidencialidade tanto para as mulheres como para os trabalhadores. Os assistentes sociais devem estar munidos de conhecimento para desconstruir situações e incentivar/fornecer apoio e recursos para atuar. 
Lisboa (2014) destaca que as ações devem incluir treinamento apropriado para 'acolhimento', que poderia ter o potencial de colocar em prática a política de Humanização para melhor gerenciar o processo de violência de gênero. Portanto, assistentes sociais sãocoparticipantes relevantes no processo de cuidar das mulheres vítimas de violência e podem desempenhar um papel significativo no acolhimento. Esta experiência pode constituir uma estratégia chave para apoiar as mulheres afetadas por violência de gênero, tanto em situações crônicas quanto agudas. 
Teoricamente, tais considerações parecem razoáveis, mas na prática persistem enormes desafios e lacunas entre discursos e práticas. Segundo Inácio (2003) lacunas na formação/sensibilização sobre acolhimento cruzam-se com a falta de estratégias eficazes de combate às relações de gênero desiguais. Todas essas iniciativas exigem a estrutura de suporte do sistema como um todo e uma maior atenção à exposição potencial e aos danos aos quais os profissionais estão sujeitos.
A violência e o Serviço Social
Moura, Araújo e Nunes (2014) destaca que a profissão do assistente social é mais ampla do que a maioria das disciplinas como que diz respeito à gama e tipos de problemas abordados com o cenários em que o trabalho se realiza, os níveis de prática, intervenções utilizadas e populações atendidas. Este profissional está envolvido em uma variedade de ocupações que vão desde hospitais, escolas, clínicas, departamentos de polícia, órgãos públicos, tribunais sistemas para práticas privadas ou negócios. 
Segundo Iamamoto (2011) a prática do trabalho do assistente social requer conhecimento do desenvolvimento humano em instituições sociais, econômicas e culturais e da interação de todos esses fatores. As principais tarefas dos assistentes sociais podem incluir uma variedade de serviços, tais como gestão (ligando clientes a agências e programas que atenderão às suas necessidades psicossociais), aconselhamento, gestão de serviços humanos, bem-estar social, análise política, desenvolvimento de políticas e práticas, organização, desenvolvimento internacional, social e comunitário.
Desse modo, entende-se que trabalhadores do Serviço Social são capacitados para analisar e compreender as razões complexas e variadas que envolvem a violência contra as mulheres, e podem apoiar as comunidades na mudança de comportamentos sociais e na prevenção da violência. Os assistentes sociais também desempenham um papel fundamental na prestação de serviços de aconselhamento e encaminhamento para atendimento e tratamento da saúde física, mental e psicossocial.
Entende-se que criar um ambiente onde as mulheres se sintam confortáveis ​​em compartilhar que foram vítimas de violência é um primeiro passo essencial para fornecer cuidados e tratamento. Dito isso, Iamamoto (2010) discorre que o trabalho que é realizado pelos profissionais nas esferas de formulação, gestão e execução da política social é, de fundamental importância para o processo de institucionalização das políticas públicas, seja para a afirmação da lógica da garantia dos direitos sociais, bem como também para a consolidação do projeto ético-político da profissão. Nessa premissa, quando se trata do enfrentamento dos desafios neste âmbito, tem-se então uma questão apresentada como fundamental para a legitimidade ética, teórica e técnica do Serviço Social.
Dessa forma, o assistente social desenvolve seus trabalhos na premissa de que seja mantido o combate direcionado às mazelas engendradas pelo capitalismo, tais como a fome, desemprego, miserabilidade, precarização das relações de trabalho, exploração de menores, mulheres, idosos, de modo geral refere-se a todas as sequelas que estão estritamente ligadas a questão social.
Em referência ao descrito, utiliza-se Lisboa (2014) para fazerem menção às competências ético-político, teórico-metodológico e técnico-operativo que são de domínio do assistente social, a partir destas foi possível realizar a concretização das finalidades profissionais, fazendo o devido uso dos instrumentos e técnicas, os quais se constituem como necessários para o processo de intervenção profissional. No entanto, é correto destacar que o assistente social não se mostra como apenas um profissional que se encontra apto a lidar com os instrumentos de trabalho, mesmo porque seu principal objetivo é muito mais importante do que a instrumentalidade. 
Diante disso, entende-se que a prática deste profissional não está fundamentada em manuais de instruções repetitivos e mecânicos, contudo, encontra-se na capacidade criativa e sólida de desempenhar as atribuições privativas estabelecidas pela Lei 8662/93 que regulamenta a profissão. 
Atuação do Assistente Social nas questões da violência doméstica contra a mulher: Técnicas e ferramentas profissionais
A atuação do assistente social nas questões da violência doméstica contra a mulher de acordo com as palavras de Iamamoto (2010) se constrói como profissão inserida na divisão sócia técnica do trabalho, sendo participador de diversos processos sociais que possuem ligação à produção e reprodução material e ideológica da força de trabalho. Diante disso, em meio a sua trajetória sócia histórica, o Serviço Social, possui a questão social como seu eixo fundamentador, em detrimento do qual desenvolve suas estratégias de enfrentamento que constituem o seu processo de trabalho. 
Contudo, Iamamoto (2010) ainda descreve que com o aparato de conhecimento, com a capacidade de intervenção na realidade, possuindo tamanha competência em realizar a investigação de problemáticas sociais referentes a grupos de convivências, com a formação de sujeitos políticos etc. emergem as mais diversas possibilidades para a atuação dos profissionais de Serviço Social em buscar socializar informações, desenvolver orientações a população quanto aos seus direitos, trabalhar em prol do incentivo da participação dos sujeitos em organismos de lutas, fomentar para que a ação do Assistente Social possa desenvolver mudanças e assim se materialize em “uma nova ordem social”, a qual seria contrária as desigualdades e explorações, cuja ação possui como foco a emancipação humana.
Logo, Lisboa (2016) discorre que vinte anos atrás, existia pouco conhecimento empírico sobre a violência praticada pelo parceiro íntimo, as explicações conceituais para a violência no relacionamento não eram bem pensadas e os assistentes sociais estavam mal treinados para lidar com o problema. A violência doméstica, na época, era privada e vista como problema familiar e questão pessoal, hoje, estudantes e assistentes sociais podem se beneficiar de descobertas de pesquisas e anos de experiência prática que não estavam disponíveis há duas décadas.
Diante disso, entende-se que a força de trabalho de profissionais do Serviço Social bem planejada, desenvolvida e apoiada é um componente-chave de um sistema forte necessário para resolver esse problema. Os assistentes sociais devem ter uma visão do problema da violência doméstica para trabalhar efetivamente no sentido de acabar com a violência no relacionamento. Intervenções que possam aliviar a violência doméstica devem ser aplicadas em todos os níveis: micro, maso e macro.
De acordo com Lisboa (2016) os assistentes sociais devem estar cientes dos seguintes pontos: 
1. A violência doméstica é um crime comum; 
2. A violência doméstica é geralmente baseada em gênero; 
3. É sobre poder e controle, não apenas conflito ou raiva; 
4. A violência doméstica prejudica as crianças; 
5. Nem todas as mulheres espancadas são desamparadas e fracas; 
6. As mulheres espancadas são frequentemente culpadas pela violência; 
7. Pessoas com deficiências podem estar sob alto risco de violência doméstica; 
8. A questão da economia leva à violência doméstica; 
9. Os espancadores não são todos alcoólatras, eles geralmente podem controlar sua raiva, e eles são muitas vezes encantadores e manipuladores; 
10. A mudança social deve ser um componente chave para acabar com a violência doméstica.
Diante desses pontos apontados por Lisboa, entende-se que o profissional de Serviço Social pode desempenhar todos esses papéis em diferentes contextos e diferentes tempos em suas carreiras. O papel do assistente social é complexo, incorporando o fornecimento de apoio a famílias e salvaguardaros membros vulneráveis da sociedade. Os assistentes sociais devem trabalhar com mulheres e suas famílias, em relação ao encaminhamento aos serviços sociais, observa-se a preocupação em oferecer condições de caráter social à mulher, reforçando que as necessidades biossociais são providas por outro setor além do da saúde.
Intervenção para a vítima
Em relação a intervenção para a vítima Antunes (2016) menciona que o assistente social inicia um plano de prevenção e segurança para a vítima de abuso. O assistente social educa a vítima sobre abrigos de emergência, linhas diretas de violência doméstica, ordens de proteção e independência financeira. 
Antunes (2016) ainda menciona destaca que as lesões, o trauma, o estigma e a frustração psicológica associados à violência doméstica (por exemplo, abuso sexual de cônjuges, abuso sexual de crianças, espancamento de mulheres, estupro, etc.) exigem intervenções de assistência social. Essas intervenções também ajudam na redução da incidência ou ocorrência futura de violência doméstica. 
Para isso, segundo Lisboa e Pinheiro (2005) é possível citar que a mediação de conflitos nesses casos possui o intuito de apontar a intenção que a sociedade possui em sintetizar, se organizar, desviar os conflitos ou entender com quais métodos poderá ser mais propensos resolvê-los, a fim de que seja mantida a ordem e a estabilidade no convívio entre particulares, destacando entre estes e o Estado.
De acordo com Costa e Piedade (2013), quando se relembra as sociedades primitivas é indispensável refletir a respeito da figura dos seres humanos e seus comportamentos rígidos quando na resolução de conflitos. Não havia o pré-estabelecimento de um diálogo para que se descobrisse o possuidor da razão naquele cenário. O que se via era a abdicação do direito pleiteado ausente de diretrizes capazes de dizer se aquilo que se concretizava seria justo, de modo que a escolha baseava-se no grau de poder exercido pelos indivíduos.
Diante de tal contexto, cita-se que o procedimento de Mediação de Conflitos, deverá tem embasamento a partir das necessidades dos sujeitos, desse modo tem por escopo buscar o embasamento que permeie a satisfação de todos, no mais, faz necessariamente a exigência de uma atividade que envolva diversos saberes.
 Nessa premissa, discorre-se que não seria provável que o tema fosse abordado a partir de uma ótica formal ou legal, assim como não somente de uma perspectiva sociológica ou psicológica, haja vista que se torna necessário o trabalho com os indivíduos de modo global e articulado as questões pertinentes a sua realidade.
Assim, é descrito por Fuga (2013) que a mediação não irá eliminar por completo o conflito, até porque esse não é seu propósito, mas sim trabalhar com os quesitos que envolvem a violência e/ou os aspectos destrutivos e empobrecedores do conflito. Ao que se refere o ato da mediação, cita-se que se trata da possibilidade de realizar a investigação e propor a assimilação sobre o conflito, haja vista que não se refere a um ordenamento considerado como absoluto de eliminação do conflito. 
Intervenção de Crise
Segundo a World Health Organization (2013) pessoas agredidas, estupradas ou abusadas sexualmente precisam de atenção urgente ou cuidados imediatos. Portanto, os assistentes sociais têm a responsabilidade de ajudar as mulheres a superar o choque o mais rápido possível. Eles devem ajudar essas vítimas a obter tratamentos médicos imediatos nos hospitais para o seu trauma ou lesões sofridas durante a violência.
Aconselhamento
Inácio (2003) cita que os assistentes sociais têm a responsabilidade de trabalhar com o agressor e a vítima. Através do aconselhamento, o assistente social poderia determinar a causa do abuso. Eles devem auxiliar no aconselhamento da vítima e do agressor e tentar mediar seus problemas, ajudar a aumentar a autoestima das vítimas e permitir que elas decidam quais medidas querem tomar. 
Segurança e Proteção das Vítimas
Vítimas de violência doméstica sofrem turbulência emocional e medo como resultado da violência infligida sobre eles. Portanto, Lisboa (2016) destaca que seus sentimentos e potencialidades para mais danos devem sempre ser de extrema consideração. Como eles podem não ser capazes de se proteger, os assistentes sociais devem dar atenção extra à sua segurança e proteção. Para este fim, eles devem ajudar a fazer arranjos alternativos para a sua vida, como as vítimas podem estar constantemente com medo de onde a violência ocorre, tais indivíduos podem ser ajudados a conseguir uma nova casa ou local onde vivenciarão menos tensões.
Psicoterapia
Inácio (2003) cita que esta é uma forma de meios psicológicos para tratar problemas emocionais associados à violência doméstica. Como as vítimas de violência doméstica podem ser estigmatizadas ou sentirem vergonha, seu ego ferido precisa ser estimulado. Para esse fim, os assistentes sociais têm a responsabilidade de encaminhar os sujeitos para o profissional de psicologia, em prol de reduzir seus problemas emocionais (por exemplo, ansiedade, medo, preocupação, depressão, culpa, vergonha, etc.) através de meios psicológicos, como reafirmação, palavras de encorajamento, conselhos e apoio emocional.
Psicoeducação
De acordo com Oliveira (2005) as mulheres precisam entender a gravidade da violência doméstica. Assim, os programas de trabalho social precisam ser responsivos ao estado emocional das mulheres vítimas de abuso, as quais precisam ser ensinadas a reavaliar suas situações, desenvolver a autoestima e decidir uma solução para seus problemas. Os assistentes sociais precisam auxiliar a educar as vítimas, haja vista que elas devem ser devidamente educadas para as possíveis intervenções legais que irão emergir. Enquanto isso, os assistentes sociais devem ser menos críticos, em outras palavras, eles devem permitir que as vítimas tomem suas próprias ações.
Advocacia/Vinculação com os Recursos da Comunidade
Antunes (2016) contribui mencionando que os assistentes sociais devem, portanto, vincular as vítimas de violência doméstica com recursos em suas localidades, o que pode ajudar a aliviar seus fardos ou sofrimentos. Um tratamento abrangente inclui proteger vítimas potenciais, como abrigos, recursos de apoio adequados, defensores das vítimas; e assim por diante.
Educação Comunitária
Segundo Lisboa (2016) os assistentes sociais têm a responsabilidade de organizar uma campanha de educação comunitária que desafiará a crença de que a violência familiar ou doméstica é uma preocupação privada e não pública. A campanha também ajudará a comunidade a se conscientizar dos perigos da violência doméstica e denunciar os casos de violência doméstica (espancamento de mulheres, estupro, etc.) aos agentes da lei o mais rápido possível.
Intervenção do assistente social em projetos voltados a reabilitação da mulher vítima de violência de gênero
Lisboa (2016) ainda menciona que a concretização dos dispositivos da Lei está diretamente relacionada à capilaridade do acesso aos serviços e à informação. Para tanto, foi instituído, em agosto de 2007, o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que consiste em um acordo federativo entre o governo federal e os governos dos 26 estados, do Distrito Federal e dos municípios brasileiros para o planejamento e integração das ações intersetoriais, de responsabilidade do poder judiciário e de diversos ministérios e secretarias das três esferas de governo.
Nesse contexto, de acordo com Inácio (2003) o Programa "Mulher, Viver sem Violência", a cargo da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) tem por objetivo integrar e ampliar os serviços públicos existentes voltados às mulheres em situação de violência, mediante a articulação dos atendimentos especializados no âmbito da saúde, da justiça, da segurança pública, da rede socioassistencial e da promoção da autonomia financeira. Para tanto, o Programa propõe o fortalecimento e a consolidação, em âmbito nacional, da rede de atendimento às mulheres em situação de violência, pormeio da articulação das diversas áreas envolvidas.
Acerca das Estratégias de ação do Programa “Mulher, Viver sem Violência” Antunes (2016) cita que ela concerne a: 1) Criação da Casa da Mulher Brasileira; 2) Ampliação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180; 3) Implantação e Manutenção dos Centros de Atendimento às Mulheres nas Fronteiras Secas; 4) Organização e Humanização do Atendimento às Vítimas de Violência Sexual; 5) Unidades Móveis de Atendimento às Mulheres do Campo e da Floresta (Rodoviárias e Fluviais); e 6) Realização de campanhas continuadas de conscientização.
De acordo com Lisboa (2016) o desenvolvimento comunitário adota várias técnicas de trabalho social para trabalhar com grupos de indivíduos e comunidade. Os modelos de serviço de reabilitação variam de país para país, dependendo do contexto político e social, não há “tamanho único” resposta à pergunta sobre como fornecer reabilitação.
Para Pasinato (2004) a boa prática sugere que os estados adotem uma abordagem multidisciplinar de longo prazo para fornecer reabilitação serviços e considere as seguintes possibilidades: i) Serviços liderados pelo Estado: prestação direta de serviços especializados de reabilitação através de serviços nacionais de saúde e sociais; (ii) Serviços não estatais: o estado fornece apoio financeiro a serviços não governamentais de reabilitação; ou (iii) Um modelo híbrido: integração de serviços de reabilitação especializados não governamentais no sistema nacional de saúde.
Embora tanto as medidas de proteção quanto as medidas punitivas reativas sejam as bases legais necessárias para salvaguardar as vítimas de abuso doméstico, Lisboa (2016) afirma que elas não devem constituir o complemento total da intervenção do Estado. A abordagem tradicional de regulamentação para salvaguardar as partes vulneráveis ​​em casa busca fornecer sanções de proteção ordenadas judicialmente que reajam a incidentes de violência contra elas. 
Inácio (2003) cita que as atuais medidas de intervenção baseadas na legislação protegem o requerente, colocando restrições sobre as ações e/ou condições de vida do entrevistado, e sanções penais podem ser impostas quando tais ordens são violadas. Esses poderes autorizados pelo Estado são uma importante afirmação da necessidade de denunciar comportamentos socialmente inaceitáveis ​​e de impor sanções civis e criminais aos autores de atos violentos.
De acordo com Lisboa (2016) a intervenção do assistente social em projetos voltados a reabilitação da mulher vítima de violência de gênero começa com os métodos primários de trabalho social. Os métodos primários são o método participativo com o indivíduo, grupo e comunidade. Os métodos secundários são ambos participativos e não participativo a ser usado para o benefício de sociedade em geral. Então o papel do assistente social é alargado para o aprimoramento do indivíduo, grupo e comunidade. 
No mais, Lisboa (2016) menciona que a violência demanda ações dos serviços sociais, com o objetivo de informar sobre os benefícios que ajudam a melhorar a qualidade de vida ou que contribuem para o enfrentamento da violência. O assistente social não resolve os problemas, mas fornece apoio, aconselhamento e encaminhamentos para a vítima.
É essencial disseminar a conscientização entre as pessoas em relação aos direitos legais que possuem para lutar contra as atrocidades a que estão sujeitas. Eles estão encorajando cada vez mais pessoas a denunciar qualquer caso de violência doméstica, para que ações adequadas possam ser tomadas contra os culpados.
considerações finais
Diante da pesquisa realizada identificou-se que a violência doméstica contra as mulheres é um problema social e social de saúde pública, onde vários fatores de ação mútua contribuem para a vitimização das mulheres. O perfil emocional e os traços de personalidade, não apenas do agressor, mas também da vítima, são fatores significativos no entendimento da dinâmica da violência doméstica, triagem, planejamento e tratamento de prevenção. 
De acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que as mulheres vítimas de violência doméstica têm dimensões emocionais de privação e agressão significativamente mais intensas do que as mulheres que não foram vítimas de abuso, a proeminência de emoções negativas pode ser um fator de risco para distúrbios de saúde mental e para a vitimização de mulheres vítimas de violência doméstica, bem como um obstáculo para a busca de ajuda e resultados de procedimentos terapêuticos.
Para dar início a pesquisa partiu-se do seguinte questionamento: Como estão as leis e práticas para o combate à violência doméstica que poderão ser impressos no âmbito social a fim de que não seja consumado o feminicídio? A resposta foi obtida com êxito, haja vista que se identificou que leis e práticas para condenar autores de feminicídio ainda são extremamente fracas na América Latina e o sistema patriarcal de desigualdade e exclusão social permanece alto em áreas de alta concentração de pobreza e em zonas de conflito. Embora os países tenham promulgado leis para combater a violência contra as mulheres e procedimentos criminais adequados para o assassinato de mulheres, a implementação ainda é irregular, com poucas organizações internacionais investidas nos recursos e autoridade para supervisionar adequadamente o esforço.
Ao que se refere o objetivo geral do trabalho, buscou-se discorrer sobre ações sociais que poderão ser usadas em caso de violência doméstica com o intuito de evitar o crime de feminicídio, assim há evidências de que intervenções de aconselhamento e defesa de direitos, bem como visitas domiciliares, são promissoras na prevenção ou redução da violência por parceiro íntimo contra as mulheres. As leis que criminalizam a violência, incluindo a violência por parceiros íntimos, são recentes; a maioria passou nos últimos 40 anos. Isso se deve em parte à falta de reconhecimento dos efeitos negativos imediatos e de longo prazo do trauma, combinados com uma cultura de manter os assuntos privados fora dos olhos do público. No entanto, as interações privadas entre indivíduos são influenciadas por normas sociais e comunitárias sobre a violência de gênero.
O primeiro objetivo específico consistiu em comentar sobre a violência contra as mulheres, em companhia de seu histórico e os tipos de violências sofridas por elas, desse modo foi possível destacar que historicamente, a violência contra as mulheres, ou violência de gênero, foi institucionalizada e apoiada por normas sociais. Acerca dos tipos de violência, menciona-se que elas são caracterizadas sem Violência Psicológica, Violência Física, Violência Sexual, Violência Moral e Violência Patrimonial.
Em seguida, o segundo objetivo específico teve como escopo descrever sobre os aspectos gerais e os dados recentes em relação ao feminicídio nos últimos anos, fato que possibilita destacar que mesmo que nas últimas estatísticas de criminalidade o Brasil tenha mostrado uma redução nas taxas de assassinatos, as tendências de violência contra as mulheres continuam preocupantes. 
Por fim, o último objetivo específico debruçou-se em discorrer acerca da atuação do assistente social nas questões da violência doméstica contra a mulher e as intervenções deste profissional em projetos voltados a reabilitação da mulher vítima de violência de gênero, assim o trabalho desse profissional envolve a prevenção para educar e melhorar os comportamentos dos indivíduos e seus relacionamentos com os outros, garantindo que as instituições de sua comunidade rejeitem políticas prejudiciais e implementem práticas que sejam equitativas e inclusivas. Uma abordagem anti-opressão possibilita uma lente para mudar o poder e o controle desiguais e fornece um caminho para desmantelar as normas que toleram estupro e abuso.
Além do mais, como premissa de limitações para o desenvolvimento desta e proposta de pesquisas futuras, comenta-se a necessidade de transformar em pesquisa de campo, já que as respostas na literatura especializada ainda são insuficientes,

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