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BENEFICIAMENTO PRIMÁRIO Logo após a colheita, deve-se eliminar as impurezas que possam acompanhar o órgão ou a planta recém coletada. Pedaços de outras plantas do vegetal, areia e terra, pedra e insetos, são comuns em materiais recém coletados e devem ser eliminados. Algumas plantas precisam de tratamento (trituração, corte, lavagem) antes da secagem. Secagem A planta possui em média de 60-80% de umidade, que precisa ser reduzida a 8-12% para evitar fermentação ou degradação de princípios ativos. A secagem deve ser realizada de forma a preservar as características de cor, sabor, aroma e princípios ativos da planta. Deve se iniciar logo após a colheita (no máximo 3 horas) O tempo de secagem depende do fluxo de ar, temperatura e umidade do local de secagem Secagem Natural Deve ser feita à sombra (galpões arejados e limpos) Não deve ser feita em lugares com alta umidade relativa do ar nem para cultivos comerciais (necessita muito espaço e a qualidade é duvidosa) A desvantagem é o risco de perda do produto devido às condições climáticas adversas e aos compostos ativos, pela ação do sol Secagem Artificial Proporciona um produto de melhor qualidade em menor tempo O material deve ser espalhado em bandejas próprias (2 a 3 Kg de folhas ou flores por m2) Secagem Artificial A secagem das plantas deve ser realizada individualmente e a temperatura de secagem deve estar de acordo com o órgão vegetal e as características da planta Folhas e flores – 25 a 35º C Plantas aromáticas – 20 a 25º C Cascas e raízes – 40 a 50º C Nos três primeiros dias o material deve ser revolvido diariamente. Após este período, revolver a cada dois dias A verificação da secagem é realizada através do Teste Sensorial e determinação de umidade. Trituração Tem como objetivo diminuir o tamanho da partícula para facilitar a extração Embalagem e Armazenamento A embalagem e as condições de armazenamento devem permitir a conservação da droga vegetal e dos princípios ativos Normalmente o material utilizado são fardos, sacos de papel ou plástico, sacos de papel + plástico e caixas de papelão. A embalagem deve proteger o material da luz e umidade A temperatura ideal de armazenamento é de 25 a 30oC por no máximo 12 meses, a partir da secagem IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA Identificação Botânica Cada espécie deve ter um nome científico escrito em latim ou palavras latinizadas A primeira palavra corresponde ao gênero e deve ser escrita em letra maiúscula A segunda palavra corresponde à espécie e deve ser escrita em letra minúscula A terceira palavra (ou letra) corresponde ao profissional responsável pela descrição botânica da planta A quarta palavra corresponde à família Ex: Maytenus ilicifolia Martius Ex. Reissek Celastraceal Cynara scolymus L. Compositae Preparo da Excicata Devem ser coletadas todas as partes da planta (raiz, folhas, flores, frutos, ramos jovens) Exsicata Exsicata Identificação Botânica Um herbário é uma coleção classificada de plantas ou partes de plantas, secas e prensadas, acompanhada de alguns dados: nome do coletor, nº de colheita, data de colheita local exato da colheita dados sobre a planta dimensão, cor das flores, etc. habitat, clima e vegetação associada Abundância nome vernáculo e usos locais Métodos de Extração de Substâncias Naturais Extratos vegetais são preparações líquidas (extratos líquidos e tinturas), semi-sólidas (extratos moles) ou sólidas (extratos secos), obtidas por extração seletiva de princípios ativos das drogas vegetais, através do uso de diferentes solventes e meios de extração. São preparados por maceração, percolação, turbólise ou outro método adequado e validado, utilizando como solvente etanol, água ou outro. Preparo dos extratos vegetais Conhecer as classes de substâncias a serem extraídas Conhecer a seletividade do solvente Solventes utilizados: - alta polaridade: álcool etílico, água, glicerina, propilenoglicol média polaridade ou apolares: acetato de etila, diclorometano, acetona e hexano INFUSÃO Adiciona-se água fervente sobre as partes do vegetal que contém substâncias ativas - folhas, flores, cascas e raízes ou rizomas Deixar as plantas dentro da água quente por 5 a 10 minutos Filtrar Quantidade varia de acordo com a espécie – normalmente 5g para cada 100 ml de água Plantas ou drogas que apresentam classes de substâncias voláteis ou termolábeis (óleos essenciais, alcalóides) Também se aplica para vegetais frágeis (pétalas ou folhas) Decocção Planta fresca ou droga vegetal em contato com a água fria Aquecimento até a ebulição em recipiente fechado, deixando ferver por alguns minutos O produto é chamado de decocto Plantas que apresentam princípios ativos de difícil extração, por estarem presentes em partes lenhosas das plantas Drogas com classes químicas termoestáveis – taninos, flavonóides e derivados triterpênicos Decocção Pode ser adaptada com refluxo, onde são aquecidos por uma manta térmica por um tempo determinado, ocorrendo a evaporação constante do solvente depois de iniciado o processo de ebulição com posterioes condensação e recirculação do solvente Maceração Coloca-se a droga vegetal pulverizada em contato com o líquido extrator em um equipamento (de inox, vidro ou PVC) Deixar em contato por um período de tempo adequado (de acordo com a monografia), agitando o sistema periodicamente Maceração Ao final do processo o extrato líquido é separado e o resíduo presnado Reúne-se o líquido resultante da prensagem com o extrato inicial, completando-se o volume, se necessário O extrato gerado é denominado “tintura” Maceração Maceração estática – droga vegetal fica em contato com o solvente por vários dias com agitação ocasional Maceração dinâmica – droga vegetal e solvente são mantidos em movimento constante Maceração Desvantagens da maceração Processo lento Possibilidade de não alcançar esgotamento total da droga vegetal Digestão É muito similar ao processo de maceração, com a diferença de que a droga vegetal fica em contato com o solvente, com o sistema sendo mantido a uma temperatura de 40 a 60oC Tempo menor que a maceração (4 a 6h) É recomendada para drogas ricas em ativos resinosos Percolação Umedecimento da planta (fora do percolador) - a droga vegetal pulverizada fica submetida a uma maceração prévia, que promove seu umedecimento e aumenta a porosidade da parede celular, facilitando a difusão das substâncias químicas extraíveis para for a das células A droga entumescida é colocada em um recipiente (inox, vidro ou PVC) de formato cônico chamado “percolador” Percolação Adiciona-se o volume suficiente de solvente para cobrir a droga e acopla-se acima do percolador um recipiente com mais solvente que vai promover um abastecimento contínuo ao sistema Abre-se a parte inferior do equipamento junto com o depósito de solvente acima, iniciando-se por gravidade o processo de extração e recolhendo-se o líquido que escorre do equipamento até o esgotamento total dos ativos presentes no vegetal Percolação A velocidade, temperatura e o tempo de extração devem ser determinados para cada tipo de vegetal Desvantagens utiliza grande quantidade de solvente, pois busca o esgotamento dos ativos presentes na droga vegetal necessita aquecimento para concentração do extrato, que pode alterar quimicamente o conteúdo do percolado Turbólise As partes vegetais submersas em solvente são trituradas pelo turbolizador, dissolvendo-se seus conteúdos celulares. Aquecimento gerado pelo sistema de agitação contínua pode alterar quimicamente os princípios ativos Alto rendimento Variáveis que influenciam no processo de extração Extratos preparados a partir de um mesmo lote de matéria-prima vegetal, mas processados de formas diferentes, podem variar na constituição química final do extrato, que pode interferir na resposta terapêutica Variáveis: Estado de divisão da droga vegetal Natureza e concentraçãodo solvente Temperatura Método e tempo de extração Agitação Estado de divisão da droga vegetal A escolha do tipo de moagem e o material a ser moído são parâmetros que devem ser considerados para a eficiência do processo de extração Pós muito finos podem dificultar alguns processos, como a maceração e percolação, ocorrendo o concrescimento das partículas e formação de canais preferenciais Fragmentos maiores podem dificulatar a penetração dos solventes, tornando o processo de extração lento – o tamanho das partículas deve ser homogêneo Solventes É escolhido de acordo com a composição química da planta e a solubilidade dos grupos de ativos presentes Solventes mais usados: mistura de água e álcool Temperatura O aumento da temperatura melhora a extração, pois favorece a dissolução das substâncias químicas, mas pode prejudicar o processo pela decomposição de substâncias termolábeis e pela perda de substâncias voláteis Método de extração Influencia principalmente no rendimento do processo de extração Turbólise é o método mais valorizado pois é rápido, mas não é o que extrai maior quantidade de substâncias Maceração é muito utilizado industrialmente pela possibilidade de utilizar grandes volumes Método de extração Efeito do método sobre a extração de alcalóides MÉTODO TEMPO CONCENTRAÇÃO MG/100ML Percolação 5 dias 52 Maceração 10 dias 45 Turbólise 10 min 54 Tempo de extração Quanto maior o tempo de extração, maior a quantidade de ativos extraída, porém o custo-benefício (energia, mão de obra, equipamento ocupado) não compensa Agitação A agitação age no equilíbrio da saturação dos solventes e faz a renovação do solvente extrator Agitação sempre aumenta a velocidade de extração “ produto da extração da planta medicinal in natura ou da droga vegetal, podendo ocorrer na forma de extrato, tintura, alcoolatura, óleo fixo e volátil, cera, exsudato e outros” RDC 14 de março de 2010 Extrato vegetal É a preparação de consistência líquida, sólida ou intermediária, obtida a partir de material animal ou vegetal. O extrato é preparado por percolação, maceração ou outro método adequado e validado, utilizando como solvente álcool etílico, água ou outro solvente adequado. Após a extração, materiais indesejáveis podem ser eliminados. Tinturas Soluções extrativas alcoólicas ou hidroalcoólicas preparadas a partir de uma droga vegetal ou animal Relação droga vegetal/solvente 5:1 São preparadas por percolação, maceração ou turbólise Extrato fluido É o extrato bruto líquido obtido pela extração via percolação, padronizado para que uma de suas partes Relação droga vegetal/solvente 1:1 Apresentam composição e características comparáveis, mesmo com a modificação do processo de obtenção Permite uma relação imediata entre a quantidade da droga vegetal e o volume do extrato fluido a ser administrado Extrato glicólico São obtidos por processos de maceração ou percolação da droga vegetal em um solvente hidroglicólico, podendo ser esse o propilenoglicol ou a glicerina São utilizados nos fitocosméticos, indicados para incorporação em soluções aquosas, géis sem álcool, emulsões água/óleo e em tensoativos (sabões, banhos de espuma, xampus) Extrato mole São semi-sólidos que possuem consistência pastosa, obtidos por evaporação parcial do solvente utilizado na sua preparação São obtidos utilizando-se unicamente mistura de etanol-água Quando dessecados a 105oC perdem entre 15 a 20% de água Apresentam a mesma aplicação do extrato fluido, com a vantagem de possuírem uma concentração maior A ação prolongada de calor resultam produtos alterados na sua composição química Extrato seco São sólidos, pulverulentos ou granulados e se apresentam sob a forma de pó com teor de água em torno de 2 a 8% Processo de obtenção é realizado pela secagem por asperção utilizando altas temperaturas Extrato seco A evaporação rápida faz com que as gotículas não cheguem a atingir temperaturas elevadas Forma característica das partículas faz com que a área superficial seja elevada, determinando uma dissolução rápida Podem ser facilmente manipulados, apesar de serem muito higroscópicos Alcoolatura São preparações obtidas pela maceração de plantas frescas com ação do álcool ou mistura hidroalcoólica na temperatura ambiente Não podem sofrer processos de estabilização e secagem pois perdem a sua atividade São empregadas partes iguais de planta fresca e álcool a um título elevado para evitar sua diluição pela água liberada pela planta Deve-se macerar por 8-10 dias a planta fresca rasurada em um recipiente fechado, com álcool, fazer uma expressão e, logo após, uma filtração A relação droga-solvente é de 1:1 a 1:2 Aparelho de Clevenger Enfloração (enfleurage) São utilizadas flores frescas que têm baixo teor de óleos essenciais e são extremamente delicadas a ponto de não poderem ser utilizados outros métodos O método consiste em colocar tais pétalas em um chassi, que é uma armação com placas de vidro, recoberta de gordura Enfloração (enfleurage) Estas placas são postas umas sobre as outras de modo a evitar o contato direto com o ar atmosférico As pétalas são substituídas por outras frescas após um período de 24 horas, normalmente Enfloração (enfleurage) Após 8-10 semanas a gordura chega a seu ponto de saturação em relação aos óleos das flores Remove-se a gordura saturada por extração com álcool Resfria-se esta solução para eliminação da gordura dissolvida Destila-se o “extrato das flores” para remover o solvente Destilação por arraste por vapor d’água É o processo mais comum de extração de óleos essenciais É feita em um alambique, onde as partes secas ou frescas da planta são colocadas para extração O vapor saindo de uma caldeira circula por onde a planta se encontra, forçando o rompimento das bolsas intercelulares ou dos tricomas glandulares e liberação dos óleos presentes nas plantas Após o arraste, o vapor é condensado e ocorre a separação do óleo essencial da água Própolis própolis: produto de características físicas resinosas e composição variável, coletada a partir de várias espécies vegetais e que sofre adição de secreções da abelha, sendo classificada como opoterápico “Conceituam-se como preparações opoterápicas as que são obtidas, a partir de glândulas, outros órgãos, tecidos e secreções animais–Resolução Normativa 10/78” Referências: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plantas Medicinais – orientações gerais para o cultivo – I. Brasília: MAPA/SDC. 2006. SIMÕES et al. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 2.ed. Porto Alegre: Florianópolis: UFRGS, UFSC, 2003.
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