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126 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS Uso racional de antibióticos para médicos de atenção primária Rational use of antibiotics for the primary care physician AIRTON STEIN – Professor Titular de Medicina Preventiva da Fundação Faculda- de Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), Assistente de Coorde- nação de Ensino do Grupo Hospitalar Con- ceição, Professor do Curso de Pós-Gradua- ção em Saúde Coletiva da ULBRA. PAULO BEHAR – Professor Responsável pela Disciplina de Infectologia da FFFCMPA, Infectologista do Controle de In- fecção Hospitalar do Hospital NS Conceição. CARLO RH CUNHA – Médico de Família e Comunidade. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da FA- MED-UFRGS. LILIANA PELLEGRIN – Acadêmica de Medicina da FFFCMPA. JORGE ALBERTO SANTIAGO FER- REIRA – Farmacêutico Bioquímico do HNSC. Endereço para correspondência: Airton Tetelbom Stein Rua Sarmento Leite, 245 90050-170 Porto Alegre, RS, Brasil Fone (51) 3224-8822 asteins@via-rs.net SINOPSE A prescrição de um antibiótico sem uma indicação precisa pode levar ao desenvolvi- mento de resistência, à emergência de novos patógenos e ao óbito do paciente. O uso racional de medicamentos significa que o paciente recebe fármacos apropriados para as suas necessidades clínicas, em doses que satisfaçam suas necessidades individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo para ele e sua comunidade. Apresenta-se uma revisão da indicação do uso de antibióticos de infecções mais freqüentes em atenção primária. UNITERMOS: Uso Racional de Antibióticos, Atenção Primária. ABSTRACT The prescription of an antibiotics that does not have a precise indication can lead to the development of resistence, the emergence of new pathogens and can even lead to death. The rational use of medication means that the patient receives appropriated medi- cines to his or hers clinical needs, in a dose that satisfies the individual needs, for a period of time that is regarded as adequate, in the lowest cost for himself or herself and to the community. It is presented a review of the indication of antibiotics for the most fre- quent infections in primary health care. KEY WORDS: Rational Use of Antibiotics, Primary Care. O uso criterioso dos antibióticos é um objetivo essencial para os médicos que atuam em atenção primária. De acordo com o Centers for Disease Con- trol and Prevention (CDC), metade das 100 milhões de prescrições anuais de antibióticos realizadas em ambulató- rios nos Estados Unidos são conside- radas desnecessárias, as quais são di- recionadas para resfriados e outras vi- roses (1). A prescrição de um antibiótico sem uma indicação precisa pode levar ao desenvolvimento de resistência, à emergência de novos patógenos e ao óbito do paciente. Assim, a prescrição racional e responsável dos antibióticos ultrapassa a dimensão individual do médico que prescreve. Para a prescri- ção apropriada de antibióticos, é ne- cessário educação, conhecimento e mudança de comportamento. A cam- panha nacional norte-americana sobre o uso apropriado de antibióticos con- duzida pelo CDC investe nessas di- mensões. Seus alvos não são apenas os profissionais de saúde, mas toda a po- pulação do país. Enfatiza orientações relacionadas ao manejo clínico de pa- cientes com infecções virais e o uso de antibióticos em infecções comuns, como rinossinusites, faringites e bronquites agudas. A campanha re- comenda firmemente: “Use antibió- tico tendo como alvo o patógeno pro- vável” (1). O sucesso da antibioticoterapia ba- seia-se no atendimento personalizado, em identificar as características da doença infecciosa, do agente etiológi- co e dos medicamentos a serem usa- dos no tratamento do paciente especí- fico. São necessárias noções mínimas de farmacologia, de microbiologia, da clínica das doenças infecciosas e de relação médico-paciente com um en- foque integral no atendimento. A arte do exercício da medicina e o conheci- mento específico sobre uso racional de antibioticoterapia são fundamentais neste contexto, onde a clínica é sobe- rana, e os aspectos técnicos são cada vez mais complexos, específicos e multidisciplinares (2). A aplicação de medicina baseada em evidência com a utilização de pesquisas com elevado grau de robustez, como a aplicação dos estudos que se caracterizam por en- saios clínicos randomizados e análise sistemática deve ser utilizada. I NFECÇÕES DO TRATO RESPIRATÓRIO A maioria dos antibióticos da prá- tica ambulatorial nos Estados Unidos Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 127 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS são prescritos para sinusite aguda, fa- ringite aguda, bronquite aguda e infec- ções inespecíficas do trato respirató- rio superior (incluindo o resfriado) (3). Como a diminuição do uso de antibió- ticos na comunidade se constitui numa estratégia importante no combate à re- sistência bacteriana, o CDC se asso- ciou a um painel de médicos represen- tantes das disciplinas de medicina in- terna, medicina de família, medicina de emergência e infectologia para de- senvolver a série de artigos “Princípios de uso apropriado de antibióticos para tratamento de infecções agudas do trato respiratório em adultos” (1,3). Utilizando a revisão Cochrane, en- contram-se evidências importantes para a prática médica diária referente ao manejo diagnóstico e terapêutico das infecções do trato respiratório (ITR), como as listadas abaixo: – O diagnóstico de sinusite bacte- riana aguda é baseado em critérios clí- nicos nas crianças com sintomas res- piratórios persistentes e graves (forte recomendação baseada em evidência científica limitada e forte consenso). – Estudos de imagem não são ne- cessários para confirmar diagnóstico clínico de sinusite em crianças < 6 anos (forte recomendação baseada em evi- dência científica limitada e forte con- senso). – É recomendado o uso de antibió- tico no manejo de sinusite bacteriana para alcançar cura clínica mais rápida (forte recomendação baseada em boa evidência e forte consenso). – Em quadros iniciais de ITR, quan- do vírus são os principais patógenos e quando o diagnóstico definitivo ainda não está disponível, o aguardo para prescrever antibiótico é um meio efe- tivo para reduzir o uso de antibióticos em infecções respiratórias agudas (ba- seado em revisão sistemática de cinco ensaios controlados) (4). – Não há evidência suficiente sobre benefícios importantes do uso de antibióticos em ITR agudas e há aumento significativo de efeitos ad- versos associados ao seu uso (revi- são sistemática de ensaios clínicos randomizados) (5). – Antibióticos trazem um pequeno benefício para otite média aguda em crianças. Como a maioria dos casos resolve espontaneamente, deve-se rea- lizar um contrabalanço entre o benefí- cio e os efeitos adversos. O antibióti- co pode ter um papel importante na redução do risco de mastoidite em po- pulações onde essa complicação é co- mum (revisão sistemática de ensaios randomizados, comparando antibióti- cos e placebo em crianças com otite média aguda) (6). – Antibióticos têm um efeito bené- fico modesto em pacientes com bron- quite aguda. A magnitude desse bene- fício, entretanto, é similar ao dos po- tenciais efeitos adversos. Além disso, pacientes com outros sintomas de res- friado, doentes há menos de 1 semana não tem nenhum benefício do uso de antibióticos (revisão sistemática de ensaios randomizados comparando qualquer tratamento antibiótico com placebo em bronquite aguda ou tosse produtiva aguda sem outra causa ób- via em pacientes sem doença pulmo- nar subjacente) (7). – O clínico e o pediatra devem es- tar alerta de que, na perspectiva dos pais, tosse aguda não é uma situação trivial e que em algumas crianças, a tosse persiste por 3-4 semanas. No mo- mento da negociação do uso de anti- bióticos, essa informação pode habi- litar os pais a um maior controle dos cuidadose reduzir a “medicalização” (8). – Sulfametoxazol/trimetoprim con- tinua sendo uma alternativa importan- te no tratamento empírico de ITR (9). – Sulfametoxazol/trimetoprim tem um papel crescente na análise de cus- to-efetividade no tratamento etiológi- co de ITR e na contenção da resistên- cia a outros antibióticos (9). As doenças bacterianas agudas do trato respiratório incluem otite média aguda, sinusite, faringite, exacerbações agudas de bronquite crônica, traqueo- bronquite purulenta e pneumonia e suas complicações infecciosas. Com exceção de faringite, cujo principal patógeno bacteriano são os estreptoco- cos dos grupos A, C e G, as demais infecções descritas são causadas prin- cipalmente por Streptococcus pneumo- niae (pneumococo) e Haemophilus in- fluenzae (hemófilo). Assim, a antibio- ticoterapia deve ser dirigida para estes patógenos. Os fatores de risco para re- sistência bacteriana para outros pató- genos e fatores relacionados ao pacien- te e à gravidade da doença infecciosa são também levados em consideração no momento da prescrição (10). Os patógenos menos freqüentemente as- sociados a infecções do trato respira- tório são: Moraxella catarrhalis, Pseu- domonas aeruginosa, Klebsiella pneu- moniae e demais enterobactérias, anae- róbios, legionela, micoplasma e clamí- dia, dentre outros. O uso responsável e apropriado de antibióticos nesse con- texto inclui sempre o diagnóstico di- ferencial das doenças bacterianas agudas com as doenças bacterianas crônicas e com as doenças virais e fúngicas. A literatura internacional ilustra o panorama da resistência aos antibióti- cos. As infecções respiratórias pelos patógenos descritos acima podem ser tratadas com sulfametoxazol/trimeto- prim, penicilina, ampicilina, amoxici- lina, amoxicilina/ácido clavulânico, clindamicina (no caso de alergia à pe- nicilina), cefuroxima, eritromicina, claritromicina, azitromicina, tetracicli- na, doxiciclina, gatifloxacina, levoflo- xacina além de antibióticos não dispo- níveis na rede de atenção primária à saúde no Brasil e de outros disponí- veis apenas fora do país. No entanto, o filtro mais relevante ao selecionar o antibiótico é a susceptibilidade local. Apresentamos a seguir amostras de pneumococo e de hemófilo, isolados na Microbiologia do Hospital Concei- ção, com número de amostras repre- sentativa da cidade de Porto Alegre (RS) (Tabela 1) e sua susceptibilidade aos antibióticos mais utilizados na atenção primária à saúde no nosso meio. Como a porta de entrada de pneumococo e hemófilo tanto para as infecções do trato respiratório, quanto para as do sistema nervoso central, é a mesma, utilizamos, para avaliar a sus- ceptibilidade desses patógenos, tam- 128 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS Tabela 1 – Susceptibilidade de pneumococo à penicilina, GHC, Porto Alegre, 2001-2003 Espécime n Susceptível (%) Resistência Resistência intermediária (%) plena (%) LCR* 54 88,5 9,6 1,9 Sangue 98 72,4 25,6 2 Outro* 114 81,6 7 11,4 Ferreira, Jorge Alberto Santiago. Microbiologia do Laboratório Central do Hospital Nossa Se- nhora da Conceição. * Líquido cefalorraquidiano (2000-2003; demais espécimes clínicos 2001- 2003). ** Escarro, líquido pleural, aspirado traqueal, secreção ocular, sangue e secreção de ouvido. Tabela 2 – Susceptibilidade de hemófilo corrigida pelo teste de produção de beta– lactamase*, vários espécimes clínicos – GHC, Porto Alegre, 2001-2003 Antibiótico n Susceptível (%) Resistência Resistência intermediária (%) plena (%) Ampicilina 513 72,5 2,7 25,3 Ampicilina/ tazobactam 761 99,7 0 0,3 Cefuroxima 822 99,9 0 0,1 Ceftriaxona 817 99,3 0 0,7 Meropeném** 70 98,6 0 1,4 Ofloxacina 798 99,9 0 0,1 Sulfametoxazol/ trimetoprim 399 48,8 0,4 50,8 Cloranfenicol 258 95,6 0 4,4 Ferreira, Jorge Alberto Santiago. Microbiologia do Laboratório Central do Hospital Nossa Se- nhora da Conceição. * Teste da cefinase. ** Líquido cefalorraquidiano e outros sítios “estéreis”. Tabela 3 – Susceptibilidade de hemófilo, corrigida pelo teste de produção de beta– lactamase*, vários espécimes clínicos – GHC, Porto Alegre, 2003 Antibiótico n Susceptível (%) Resistência Resistência intermediária (%) plena (%) Ampicilina 220 85,9 - 14,1 Ampicilina/ tazobactam 293 99,6 0 0,4 Cefuroxima 325 99,7 0 0,3 Ceftriaxona 325 99,7 0 0,3 Ofloxacina 323 100 0 0 Sulfametoxazol/ trimetoprim 155 47,7 0 52,3 Ferreira, Jorge Alberto Santiago. Microbiologia do Laboratório Central do Hospital Nossa Se- nhora da Conceição. * Teste da cefinase. ** Líquido cefalorraquidiano e outros sítios “estéreis”. bém aqueles isolados a partir de ou- tros espécimes clínicos. Em relação às infecções por hemó- filo, as amostras não produtoras de beta-lactamase são tratadas preferen- cialmente com ampicilina ou amoxi- cilina, por outro lado aquelas que são produtoras de beta-lactamase devem- se tratar com amoxicilina/clavulanato, ampicilina com sulbactam ou tazobac- tam, cefuroxima, ceftriaxona ou oflo- xacina. Considerando a baixa sensibi- lidade do sulfametoxazol/trimeto- prim, como mostrado nas Tabelas 2 e 3 deve ser utilizado apenas após o antibiograma. Em síntese, as suscetibilidades do nosso meio sustentam o uso empírico de penicilina para as infecções do tra- to respiratório causadas por pneumo- coco e o uso empírico de ampicilina quando causadas por hemófilo, em pa- cientes que adquiriram a infecção em Porto Alegre. Este uso é recomendado em situações em que os pacientes não tenham exposição prévia a antibióticos nos últimos três meses. No caso de haver uso prévio de antibióticos, as escolhas são: penicilina para as infec- ções pneumocócicas do trato respira- tório, ou seja, não há modificação e ampicilina/tazobactam ou amoxicilina/ ácido clavulânico ou cefuroxima ou quinolona quando o agente etiológico é o hemófilo. I NFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO Nesta revisão discutiremos apenas cistite, a qual compreende uma das condições que compõem as infecções do trato urinário. É definida como in- fecção do trato urinário inferior com base no quadro clínico: disúria, pola- ciúria e urgência miccional. Os sinais sugestivos de infecção do trato uriná- rio superior (febre, calafrio, dor em flanco) devem ser identificados assim como fatores de risco para complica- ção (diabete, gestação, imunossupres- são, pielonefrite prévia, duração dos sintomas há mais de 14 dias). Assim o profissional de atenção básica à saúde poderá estabelecer a hipótese diagnós- tica de cistite não-complicada, que compreende a grande maioria das in- fecções do trato urinário. O agente etio- lógico mais freqüente é a Escherichia coli (75 a 90% dos casos). Completam a lista outras bactérias Gram-negativas: Proteus, Klebsiella, Enterobacter. Pode acometer pessoas de qualquer idade e sexo, porém ocorre com maior freqüência entre mulheres jovens e se- xualmente ativas. Mais da metade das mulheres terá no mínimo um episódio de ITU não-complicada ao longo de sua vida (11). A abordagem diagnósti- ca começa pela estimativa da probabi- lidade de cistite de acordo com os sin- tomas. Pacientes apresentando disúria, polaciúria, cistite prévia e vida sexual ativa, na ausência de sinais de vagini- te, tem 80% de probabilidade para o diagnóstico de cistite, não sendo ne- cessário realização de testes laborato- riais, devendo ser orientado tratamen- to (11). A ausência de um dos fatores Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 129 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS citados indica a realização de exame qualitativo de urina (EQU) e urocultu- ra para orientar o diagnóstico. Uma revisão sistemática recente sobre este tema evidencia que o uso de antibióti- cos orais pelo período de três dias é tão efetivo quanto períodos mais pro- longados (7-10 dias), apresentando menos efeitos adversos, com menor custo, porém maior taxa de recidiva (11). O sulfametoxazol-trimetoprim (SMT-TMP 800 + 160 mg) de 12 em 12 horas é ofármaco de primeira es- colha para o tratamento da cistite não- complicada. As quinolonas aparecem com baixas taxas de resistência e tam- bém podem ser utilizadas em regimes de três dias, porém seu uso deve ser criterioso justamente para que essas taxas sejam mantidas. Quando SMT- TMP está contra-indicado, elas pode- rão ser usadas. As quinolonas mais uti- lizadas são: norfloxacina 400 mg 12/ 12 h e ciprofloxacina 250 mg 12/12h. Nitrofurantoína pode também ser in- dicada, inclusive nas gestantes, na dose 50 a 100 mg 6/6 h. I NFECÇÕES GASTROINTESTINAIS Nessa revisão serão apresentadas infecções pelo Helicobacter pylori e gastroenterite. I NFECÇÃO PELO HELICOBACTER PYLORI A doença péptica ulcerosa é abor- dada como uma doença infecciosa, na qual a eliminação do agente causal cura a condição. O H. pylori causa inflama- ção gástrica contínua em todas as pes- soas infectadas (12). A prevalência de infecção pelo H. pylori entre adultos da meia-idade é mais de 80% em mui- tos países em desenvolvimento. O H. pylori é responsável pela maioria das úlceras duodenais e gástricas. A erra- dicação do H. pylori diminui muito a recorrência da taxa do H. pylori as- sociado à úlcera péptica. Uma revisão da Cochrane sugere que a erradicação do H. pylori melhora os sintomas em somente 9% dos pacientes com dispep- sia sem úlcera. A meta do tratamento do H. pylori é a completa eliminação do organismo. Uma vez que isso tenha sido conseguido, as taxas de reinfec- ção são baixas; assim o benefício do tratamento é prolongado. Os regimes de erradicação do H. pylori, que sejam relevantes clinicamente, devem ter uma taxa de cura de pelo menos 80% sem efeitos adversos maiores e com uma indução mínima de resistência bacteriana. Como a acidez influencia a efetividade de alguns agentes anti- microbianos, os quais são ativos con- tra o H. pylori, os antibióticos são com- binados com o inibidor da bomba de próton ou ranitidina. A terapia tríplice – combinação de um agente antisecre- tório com dois agentes antimicrobia- nos por 7 a 14 dias, tem sido extensa- mente avaliado e o esquema mais re- comendado é: omeprazole 20 mg duas vezes ao dia + claritromicina 500 mg duas vezes ao dia + amoxicilina 1g duas vezes ao dia por 10 dias. A com- binação de dois ou mais agentes anti- microbianos aumenta a taxa de cura e reduz o risco de resistência ao H. pylo- ri. Os principais agentes antimicrobia- nos utilizados nesse regime são amo- xicilina, claritromicina, metronidazo- le, tetraciclina e bismuto. A resistên- cia a amoxicilina e tetraciclina perma- nece incomum, mas a freqüência de resistência a claritromicina é cerca de 10% na maioria dos países europeus e nos EUA e ainda maior no Japão. A resistência ao metronidazol varia en- tre 20 a 30% e é mais freqüente entre mulheres, pelo uso desse medicamen- to para tratar outras doenças (12). D IARRÉIA Apesar da redução na mortalidade em todo mundo, a diarréia ainda é res- ponsável por mais de 2 milhões de mortes anuais (13). A diarréia aguda é definida como um aumento de defeca- ção (três ou mais vezes por dia ou pelo menos 200 g de fezes por dia), duran- do menos de 14 dias. A avaliação clí- nica inicial do paciente com diarréia aguda deve focar na avaliação da gra- vidade da doença, a necessidade para reidratação, e a identificação das cau- sas prováveis com base na história e exame físico (13). Considerando que a maioria das doenças diarréicas são autolimitadas ou viral, e aproximada- mente metade dura menos que um dia, a investigação microbiológica não é habitualmente necessária. A Tabela 4 apresenta as recomendações para agen- tes etiológicos de diarréia. I NFECÇÕES DE PARTES MOLES É apresentada uma revisão sobre impetigo, erisipela e celulite, as quais são os problemas mais freqüentes em atenção primária. I MPETIGO Impetigo é uma dermatose bacte- riana predominantemente causada por estafilococos e estreptococos. Apresen- ta-se sob duas formas: com bolhas (im- petigo bolhoso que tem como etiolo- gia os estafilococos) ou em vésico- crostas (impetigo não-bolhoso, onde pode ser isolado estafilococo e/ou es- treptococo). Quando na apresentação clínica há predominância de crostas, a presença de estreptococos do grupo A ocorre em mais de 90% dos casos. A lesão inicial do impetigo não-bolhoso é eritêmato-macular, é que em segui- da se transforma em vésico-papular com conteúdo purulento. Este conteú- do, após dessecar, dará origem às cros- tas melicéricas. No impetigo bolhoso o quadro inicial manifesta-se com pre- sença de lesões vésico-bolhosas, que têm maior duração do que as lesões iniciais do impetigo não-bolhoso, po- dendo freqüentemente ser observada lesão recentemente rompida formada por erosões e restos da flictena. A base do tratamento é a limpeza com água morna e sabão várias vezes ao dia. A mupirocina, um antibiótico tópico, é um agente eficaz no tratamento do 130 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS impetigo, tendo apresentado resultados semelhantes ao uso de eritromicina oral em ensaio clínico randomizado que avaliou esse desfecho (14). Na presen- ça de lesões disseminadas, a adminis- tração de antibiótico sistêmico deverá ser considerada, utilizando-se penici- lina G benzatina 1.200.000 U IM em adultos e crianças acima de 27,5 kg e 50.000 U/kg (no máximo 900.000 U) IM em crianças abaixo de 27,5 kg dose única. Eritromicina 500 mg via oral de 6 em 6 horas em adultos ou 30 a 50 mg/kg/dia via oral dividida de 6 em 6 horas para crianças poderá ser utilizada, por 10 dias, principal- mente nos casos de pacientes alérgi- cos à penicilina. E RISIPELA É uma infecção da pele e do tecido celular subcutâneo, que acomete habi- tualmente os membros inferiores e é causado pelos estreptococos beta-he- molíticos do grupo A. Muitas vezes é difícil fazer a diferenciação entre eri- sipela e celulite. Ambas podem ser acompanhadas de linfangite e linfade- nite, sinais sistêmicos (febre) e mani- festar sinais inflamatórios (eritema, edema, dor e calor local). Na erisipela o acometimento ocorre nas camadas mais superficiais da pele. Isso faz com que a área afetada fique demarcada nitidamente pelos sinais inflamatórios (calor local, edema e eritema), distin- guindo-se das áreas de pele normal. Na celulite essa demarcação não é clara, uma vez que a infecção atinge cama- das mais profundas da pele e tecido celular subcutâneo. A penetração do estreptococo na pele ocorre por solu- ções de continuidade (as portas de en- trada do patógeno) causadas por trau- ma, úlcera de pele ou dermatomicoses interdigitais. Dados atuais indicam que mais de 85% dos casos de erisipela ocorrem nos membros inferiores, con- trariando a literatura antiga, que con- siderava a face como local mais fre- qüentemente acometido (14). O trata- mento envolve repouso ao leito, ele- vação do membro afetado e antibioti- coterapia sistêmica. O antibiótico de escolha é a penicilina G procaína na dose de 400.000U intramuscular de 12 em 12 horas para adultos ou 25 a 50.000 U/kg/dia intramuscular admi- nistrado de 12 em 12 horas para crian- ças. Para pacientes com alergia à pe- nicilina poderá ser usado eritromicina nas doses já descritas anteriormente. Nas duas opções terapêuticas citadas a duração do tratamento é de 10 dias. C ELULITE Como já descrito, a celulite é uma infecção da derme e tecido subcutâneo profundo, geralmente desencadeada por ferimento, úlcera ou dermatoses. Diferentemente da erisipela, onde vir- tualmente todos os casos clássicos são devidos a estreptococo beta-hemolíti- co, na celulite a definição do agente etiológico é mais problemática. De acordo com a localização anatômica e causa predisponente, poderemos infe- rir o patógeno de maior probabilidade para cada situação: celulite periorbital é mais comumente causada por Staphylococcus aureus, pneumococo ou estreptococo do grupo A; celulite perioral, Haemophilus influenzae (fre- qüente em crianças de 3 a 24 meses); celulite secundária à colocaçãode piercing (pavilhão auricular, nariz, ci- catriz umbilical), Staphylococcus au- reus ou estreptococo do grupo A; ce- lulite secundária à ferida pós-operató- ria em cirurgia de tórax ou abdome, es- treptococo do grupo A; em usuários de drogas injetáveis os patógenos mais freqüentes são Staphylococcus aureus e estreptococos grupos A, C, F, G; ce- lulite perianal, estreptococo do grupo A. A imunização com a vacina para Haemophilus influenzae tipo B tornou a celulite perioral evento raro nas crian- ças vacinadas (15). Uma vez que a maio- ria dos casos de celulite são causados por estreptococos ou Staphylococcus aureus, antibióticos beta-lactâmicos com atividade contra S.aureus produ- tor de penicilinase serão as drogas de escolha. O paciente deve ser encami- nhado a tratamento em ambiente hos- pitalar para uso de antibiótico endove- noso se a lesão evolui, espalhando-se rapidamente e há envolvimento sistê- mico com febre (37,8°C ou mais) e ca- lafrios ou ainda se existe uma condi- ção clínica significante (insuficiência Tabela 4 – Recomendações para o tratamento da diarréia de agentes específicos em pacientes imunocompetentes Shigella sulfametoxazol 800 mg e trimetoprim 160 mg (dose pediátrica – 25 mg e 5 mg/kg, respectivamente) duas vezes ao dia por 3 dias (se suscetível) ou quinolona (300 mg floxacina, 400 mg de norflo- xacina, ou 500 mg de ciprofloxacina duas vezes ao dia por 3 dias, ácido nalidíxico 55 mg/kg/dia (pediátrico) ou 1 g por dia por 5 dias. Salmonela não não recomendado antibiótico, mas se grave ou paciente < 6 me- tifóide ses ou > 50 anos ou ter prótese valvular, doença cardíaca, ateros- clerose grave, neoplasia ou uremia, sulfametoxazol e trimetropin (se suscetível), ou fluoroquinolona como acima duas vezes ao dia por 5 a 7 dias. Campylobacter eritromicina 500 mg duas vezes ao dia por 5 dias. Escherichia coli Enterotoxigênica – sulfametoxazol 800 mg e trimetoprim 160 mg duas vezes ao dia por 3 dias (se suscetível) ou fluoroquinolona (300 mg floxacina, 400 mg norfloxacina, ou 500 mg ciprofloxacina duas vezes ao dia por 3 dias). Enteroinvasivo – como acima. Enteropatogênico – como acima. Enteroemorrágico – evitar drogas antidiarréicas, o papel do anti- biótico não está claro e a administração deve ser evitada. Parasitas Giárdia – metronidazole 250-750 mg três vezes ao dia por 7 a 10 dias. Entamoeba histolytica – metronidazole 750 mg três vezes ao dia por 5 a 10 dias. Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 131 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS Ta be la 5 – L is ta d e m ed ic am en to s an tim ic ro bi an os e ss en ci ai s su ge rid os p el a O M S A P R E S E N TA Ç Ã O cá ps ul a ou c om pr im id o, 2 50 m g, 5 00 m g (a ni dr a) ; p ó pa ra s us pe ns ão o ra l, 12 5 m g (a ni dr a) /5 m L co m pr im id o, 5 00 m g + 12 5 m g pó p ar a in je çã o, 5 00 m g, 1 g (c om o sa l s ód ic o) e m fr as co pó p ar a in je çã o, 6 00 m g (= 1 m ilh ão U I), 3 g ( = 5 m ilh õe s U I) (c om o sa l só di co o u po tá ss ic o) e m fr as co pó p ar a in je çã o, 1 ,4 4 g be nz ilp en i- ci lin a (= 2. 4 m ilh õe s U I) em f ra sc o 5m L pó p ar a in je çã o, 1 g (= 1 m ilh ão U I), 3 g (= 3 m ilh õe s U I) em fr as co cá ps ul a, 2 50 m g, 5 00 m g (c om o sa l só di co ) co m pr im id o, 2 50 m g (c om o sa l p o- tá ss ic o) ; pó p ar a su sp en sã o or al , 25 0 m g (c om o sa l p ot ás si co )/5 m L Li st a co m pl em en ta r IN D IC A Ç Õ E S In fe cç õe s do tr at o re sp ira tó rio s up er io r, co m o si nu si te s, o tit e m éd ia , e xa ce rb a- çõ es d a br on qu ite c rô ni ca . E ris ip el a, es ca rla tin a e ce lu lit e. S al m on el os e (e s- pe ci al m en te , q ua nd o há r es is tê nc ia a o cl or an fe ni co l). N as in fe cç õe s ur in ár ia s, ap en as c om a nt ib io gr am a pr év io . Ú til q ua nd o su sp ei ta d e in fe cç õe s po r ce pa s re si st en te s à am ox ic ili na , in fe c- çõ es d o tra to r es pi ra tó rio s up er io r (s i- nu si te , o tit e m éd ia , t on si lit e re co rr en te ); ex ac er ba çõ es d a br on qu ite c rô ni ca (e s- pe ci al m en te c on si de ra da g ra ve ), br on - co pn eu m on ia ; in fe cç õe s do t ra to ur in ár io ,c om o ci st ite s (e xc lu in do -s e pr os ta tit es ); in fe cç õe s da p el e e te ci do s m ol es (c el ul ite ). In fe cç õe s do tr at o re sp ira tó rio , d o tra to ga st rin te st in al , v ia s ge ni tu rin ár ia s e m e- ni ng ite b ac te ria na . B ac te re m ia e e n- do ca rd ite . M en in gi te , pe ri to ni te e e nd oc ar di te pn eu m oc óc ic as ( na a us ên ci a de r es is - tê nc ia à p en ic ili na ). D ift er ia ; ab sc es so pu lm on ar , e m pi em a. R ec id iv as d e fe br e re um át ic a; s ífi lis 1 a ,2 a e la te nt e. P en um on ia s ad qu iri da s na c om un id ad e (fr eq üe nt em en te p or p ne um oc oc os ); in - fe cç õe s de p el e e su bc ut ân eo : im pe ti- go , e ris ip el a e ce lu lit e. B le no rr ag ia ( IM co m p ro be ni ci da ). In di ca do n as i nf ec çõ es p or S . au re us pr od ut or d e pe ni ci lin as e. G en gi vo es to m at ite , a ct in om ic os e. Li st a co m pl em en ta r D E N O M IN A Ç Ã O ** sa m ox ic ili na am ox ac ili na + ác id o cl av ul ân ic o am pi ci lin a be nz ilp en ic ili na ** be nz ilp en ic ili na be nz at in a ** be nz ilp en ic ili na pr oc aí na di cl ox ac ili na (n ão h á no B ra si l) Fe no xi m et il- pe ni ci lin a Li st a co m pl em en ta r E FE IT O S A D V E R S O S E xa nt em a m ác ul o- pa pu la r, pr ur id o, f e- br e, d ia rr éi a, e os in of ili a, e le va çã o da s tra ns am in as es , l eu co pe ni a. N áu se a, d ia rr éi a, d or a bd om in al , in di - ge st ão , co lit e ps ed om em br am on os a, ra sh c ut ân eo , ca nd id ía se , ur tic ár ia e va gi ni te . N áu se a, d ia rr éi a, d or a bd om in al , gl os - si te , e st om at ite , e nt er oc ol ite , c ol ite p se u- do m em br an os a, e rit em a m ác ul o- pa pu - la r, ur tic ár ia e d er m at ite e sf ol ea tiv a; e le - va çã o m od er ad a da s tr an sa m in as es , tro m bo ci to pe ni a. R ea çõ es d e hi pe rs en si bi lid ad e, e ru p- çõ es m ác ul o- pa pu la re s, e ru pç õe s ur ti- ca rif or m es , f eb re , v as cu lit e e de rm at ite . Le sõ es d o tip o de rm at ite e sf ol ea tiv a ou sí nd ro m e de S te ve ns -J oh ns on . E fe ito s se m el ha nt es a os c au sa do s pe la be nz ilp en ic ili na . E fe ito s se m el ha nt es a os c au sa do s pe la be nz ilp en ic ili na . R ea çõ es d e hi pe rs en si bi lid ad e, e ru p- çõ es u rti ca rif or m es e m ác ul o- pa pu la re s. E fe ito s se m el ha nt es a os c au sa do s pe la be nz ilp en ic ili na . Li st a co m pl em en ta r P R E Ç O * ** S us p1 25 m g/ 5m l F rX 15 om l R $ 7, 59 S us p2 50 m g/ 5m l F rX 15 0m l R $ 9, 94 S us p5 00 m g/ 5m l F rX 15 0m l R $ 15 ,6 1 C ap 5 00 m g B lX 15 R $ 8, 71 C ap 5 00 m g B lX 21 R$ 11 ,9 4 C ap 5 00 m g B lX 30 R $ 15 ,0 1 S us p 12 5m g/ 5m l F rX 75 m l R $ 14 ,1 6 S us p 25 0m g/ 5m l F rX 75 m l R $ 24 ,6 3 P ot 5 00 m g co m p 2 B lX 6 R $ 31 ,1 6 P ot 5 00 m g co m p 3 B lX 6 R $ 46 ,5 7 Fr 5 00 m g pó p /in j c x c/ 1f rx 3m l R $ 2, 39 Fr 1 00 0m g pó p /in j c x c/ 1 fr3 m l R $ 3, 21 P ó so l i nj 1 .0 00 .0 00 U I C x c/ 25 fr R $5 1, 53 P ó so l in j 5 .0 00 .0 00 U i C x c/ 25 fr R $ 12 8, 95 P ó su sp in j 1 50 .0 00 U i C x c/ 10 0a m px 4m l R $ 42 9, 68 P ó su sp in j 3 00 .0 00 U i C x c/ 10 0a m px 4m l R $ 50 7, 27 Fr as co /A m p 1g 4 00 .0 00 U I R $ 5, 41 S us p 80 .0 00 U I/m l 6 0 m l R $ 8, 82 Li st a co m pl em en ta r 132 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS ce fta zi di m a ce ftr ia xo na im ip en ém * + c ila st a- tin a* az itr om ic in a ci pr of lo xa ci no cl or an fe ni co l do xi ci cl in a ** er itr om ic in a es pe ct in om ic in a* pó p ar a in je çã o, 2 50 m g (c om o pe n- ta hi dr at o) e m fr as co pó p ar a in je çã o, 2 50 m g (c om o sa l só di co ) e m fr as co pó p ar a in je çã o 25 0 m g (c om o m o- no hi dr at o) + 2 50 m g (c om o sa l s ó- di co ), 50 0 m g (c om o m on oh id ra to ) + 50 0 m g (c om o sa l s ód ic o) fr as co . cá ps ul a, 2 50 m g ou 5 00 m g; s us pe n- çã o 20 0 m g/ 5 m L co m pr im id o 25 0 m g (c om o cl or i- dr at o) cá ps ul a, 2 50 m g; s us pe ns ão o ra l, 15 0 m g (c om o pa lm ita to )/5 m L; p ó pa ra in je çã o, 1 g ( co m o su cc in at o só di co ) e m fr as co ; s us pe ns ão o le o- sa p ar a in je çã o 0, 5 g (c om o su cc in a- to d e só di o) /m L em a m po la d e 2 m L cá ps ul a ou c om pr im id o, 1 00 m g (c lo - rid ra to ) cá ps ul a ou c om pr im id o, 2 50 m g (c om o es te ar at o ou e til su cc in at o) ; pó p ar a su sp en sã o or al , 12 5 m g (c om o es te ar at o ou e til su cc in at o) ; pó p ar a in je çã o, 5 00 m g (la ct ob io - na to ) f ra sc o pó p ar a in je çã o, 2 g (c om o cl or id ra - to ) e m fr as co Po te nt e co nt ra in fe cç õe s po r P se ud om o- na s sp . ( M el io id os e) . S ep se , m en in gi te , b or re lio se d e Ly m e, in fe cç õe s in tra -a bd om in ai s (p er ito ni te s, in fe cç õe s ga st rin te st in ai s e bi lia re s) , i n- fe cç õe s os te oa rti cu la re s de te ci do s m o- le s, p el e e fe rid a, in fe c. e m p ac ie nt es im un oc om pr om et id os , pr of ila xi a de in - fe cç õe s pó s- op er at ór ia s. In fe cç õe s da s vi as u rin ár ia s, r es pi ra tó - ria s, i nt ra -a bd om in ai s e gi ne co ló gi ca s cu tâ ne as , t ec id os m ol es , ó ss eo s e ar ti- cu la re s. Ú til n o tra ta m en to d e in fe cç õe s m is ta s ca us ad as p or o rg an is m os h os pi - ta la re s. In fe cç õe s do t ra to r es pi ra tó rio in fe rio r, in cl ui nd o br on qu ite e p ne um on ia ; i nf ec - çõ es d a pe le e te ci do s m ol es , e m o tit e m éd ia , in fe cç õe s do t ra to r es pi ra tó rio su pe rio r, in cl ui nd o si nu si te e f ar in gi te / to ns ili te . N as D S Ts in fe c. g en ita is n ão co m pl ic ad as p or C .t ra co m at is e à N .g on or rh oe ae s em re si st ên ci a m úl tip la . In fe cç õe s do tr at o re sp ira tó rio : p ne um o- ni a pn eu m oc óc ic a, o tit e m éd ia , e nt er ite . P re fe rid o pa ra tr at am en to d e fe br e tif ói - de e p es te b ub ôn ic a, b ru ce lo se , m en in - gi te m en in go có ci ca e p ne um oc óc ic a em pa ci en te s al ér gi co s à pe ni ci lin a sí fil is . Tr ac om a, u re tri te in es pe cí fic a; ú til n o tra - ta m en to p or P ne um oc is tis c ar in ii e To - xo pl as m a go nd ii. E fic az c on tra in fe c. p or riq ué ts ia , l in fo gr an ul om a ve né re o, tr ac o- m a, c on ju nt iv ite d e in cl us ão , ce rv ic ite , có le ra . P ne um on ia p or L eg io ne lla s p, d ift er ia , có le ra , c oq ue lu ch e, fa rin gi te , e sc ar la ti- na e e ris ip el a. T ét an o e sí fil is . U til iz ad o no tr at am en to d e in fe cç õe s po r N ei ss er ia g on or rh oe ae . D ia rr éi a, l eu co pe ni a, t ro m bo ci to pe ni a, au m en to d as t ra ns am in as es e f os fa ta - se a lc al in a. C ol ite p se ud om em br an os a, a um en to da s tra ns am in as es , l eu co pe ni a, tr om bo - ci to pe ni a, la m a bi lia r p or d ep os iç ão d es - te s al n a ve sí cu la . N áu se as , d ia rr éi a (p rin ci pa lm en te s e a in fu sã o fo r r áp id a) , f eb re , s up er in fe cç ão (c om b ac té ria s e fu ng os ), co nv ul sã o, le uc op en ia , pl aq ue to pe ni a, e le va çã o da s tra ns am in as es . N áu se as , vô m ito s, a no re xi a, t on te ira , ce fa lé ia , ca ns aç o, e ru pç õe s cu tâ ne as , di sp ep si a, d es co nf or to a bd om in al ( do r/ có lic a) , c on st ip aç ão e fl at ul ên ci a. M ai s ra ra m en te , d is fu nç ão a ud iti va . N áu se a, d ia rr éi a, d or a bd om in al , e le va - çã o da s tra ns am in as es , l eu co pe ni a, s o- no lê nc ia , c on vu ls ão . R ea çõ es d e to xi ci da de (a ne m ia , l eu co - pe ni a e tro m bo ci to pe ni a) ; re aç õe s de hi pe rs en si bi lid ad e (e ru pç õe s cu tâ ne as m ac ul ar es o u ve si cu la re s) . R ea çõ es d e Ja ris ch – H er xh ei m er . N áu se as , vô m i- to s, d ia rr éi a e irr ita çã o pe rit on ea l. E fe ito s ga st rin te st in ai s, p iro se , n áu se as e vô m ito s. F ot os se ns ib ili da de , o ni có lis e e pi gm en ta çã o da s un ha s. D or e pi gá st ric a, fe br e, e os in of ili a, e ru p- çõ es c ut ân ea s; h ep at ite c ol es tá tic a é o ef ei to c ol at er al m ai s no tá ve l. U rt ic ár ia s, c al af rio s, f eb re , ve rt ig en s, ná us ea s e in sô ni a. P ó so l i nj 1 g c/ 01 fr as co /a m p R $ 17 ,3 6 P ó in j 1 00 0m g IM a m p di lX 10 R $ 14 ,3 4 P ó in j 5 00 m g IM a m p di l X 2 R $ 9 ,5 4 • C om p 50 0m g cx c / 0 2 co m pr R $ 22 ,4 1 C om p 50 0m g cx c / 0 3 co m pr R $ 31 ,7 1 P ó p/ s us p 60 0m g 15 m l c/ d ilu en te R $ 24 ,4 8 C om p 25 0m g c/ 6c om p re v R $ 16 ,9 8 C om p 50 0m g c/ 6c om p re v R $ 29 ,4 3 • C ap 1 00 m g c/ 15 R $ 18 ,8 7 C ap 1 00 m g c/ 20 R $ 23 ,7 5 • • Ta be la 5 – L is ta d e m ed ic am en to s an tim ic ro bi an os e ss en ci ai s su ge rid os p el a O M S (c on tin ua çã o) Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 133 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIODE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS O to to xi ci da de , n ef ro to xi ci da de . N áu se a, d or a bd om in al , d ia rr éi a, c ef a- lé ia , s en sa çã o de g os to m et ál ic o, p ar es - te si a. S ín dr om e se m el ha nt e à pr od uz i- da p el o di ss ul fir am , qu an do i ng er id a co m á lc oo l. N áu se a, c ef al éi a e to nt ur a. E ru pç õe s cu tâ ne as , f ot os se ns ib ili da de e a rtr al gi a. N áu se as , v ôm ito , d ia rr éi a, c al af rio s, fe br e, ic te ríc ia , a ne m ia h em ol íti ca . N áu se a, v ôm ito s, d ia rr éi a, a ne m ia , l eu - co pe ni a, t ro m bo ci to pe ni a, d ep re ss ão , ac id os e tu bu la r, an af ila xi a, s ín dr om e de St ev en s- Jo hn so n N áu se a, v ôm ito s, d ia rr éi a, a ne m ia , l eu - co pe ni a, tr om bo ci to pe ni a, d ep re ss ão . D ia rr éi a, c ol ite , d or a bd om in al . N áu se a, v ôm ito , d ia rr éi a, c ef al éi a, e ru p- çã o cu tâ ne a, fe br e, d ep re ss ão e ic te rí- ci a. Fe br e, f le bi te , ca la fr io s, h ip ot en sã o, sí nd ro m e do h om em v er m el ho , l eu co - pe ni a, e os in of ili a, n ef ro to xi ci da de e ot ot ox ic id ad e. B ac te re m ia , e nd oc ar di te , i nf ec çõ es d as vi as u rin ár ia s nã o co m pl ic ad as . P os su i e sp ec tro re st rit o a in fe cç õe s po r an ae ró bi os : ab sc es so s pu lm on ar es , ab do m in ai s ou c er eb ra is , v ag in os e ba c- te ria na e c ol ite p se ud om em br an os a as - so ci ad a a an tib ió tic o. Ú te is n o tra ta m en to d e in fe cç õe s de v ia s ur in ár ia s. P re ve nç ão e tr at am en to d e in fe cç õe s de vi as u rin ár ia s. In fe cç õe s do t ra to r es pi ra tó rio a lta s e ba ix as ; i nf ec çõ es d o tra to u rin ár io e re - na is ; i nf ec çõ es d os g en ita is e m a m bo s os s ex os ; i nf ec çõ es d o tra to g as tri nt es - tin ai s (s al m on el os e) ; i nf ec çõ es d a pe le e te ci do s m ol es . U til iz ad o em a ss oc ia çã o, e m g er al , c om su lfa m et ox az ol . In fe c. p or a na er ób io s, fa rin gi te u lc er at i- va , a bs ce ss o pu lm on ar , e m pi em a, g en - gi vi te , t ét an o, g an gr en a ga so sa . R ec id iv a de fe br e re um át ic a em c as o de hi pe rs en si bi lid ad e à pe ni ci lin a. M en in gi te p ne um oc óc ic a (r es is te nt e a m úl tip lo s ag en te s m ic ro bi an os ), ba ct e- re m ia , a bs ce ss os , e nd oc ar di te , p ne um o- ni a, o st eo m ie lit e, c el ul ite . in je çã o, 1 0 m g, 4 0 m g (c om o su lfa - to )/m L em fr as co 2 m L co m pr im id o, 2 00 -5 00 m g; i nj eç ão , 50 0 m g em fr as co 1 00 m L; s up os i- tó rio , 5 00 m g, 1 g ; s us pe ns ão o ra l, 20 0 m g (c om o be nz oa to )/5 m L co m pr im id o 25 0 m g, 5 00 m g co m pr im id o, 1 00 m g co m pr im id o, 1 00 m g + 20 m g, 4 00 m g + 80 m g; s us pe ns ão o ra l, 20 0 m g + 40 m g/ 5 m L; in je çã o, 8 0 m g + 16 m g/ m L em a m po la 5 m L e 10 m L co m pr im id o, 1 00 m g, 2 00 m g; cá ps ul a, 1 50 m g; in je çã o, 1 50 m g (c om o fo sf at o) /m l co m pr im id o, 5 00 m g; in je çã o, 2 50 m g (s al s ód ic o) e m a m po la 4 m L pó p ar a in je çã o, 2 50 m g (c om o cl o- rid ra to ) e m fr as co ge nt am ic in a m et ro ni da zo l na lid íx ic o, á ci do * ** ni tro fu ra nt oí na ** su lfa m et ox az ol + tri m et op rim Tr im et op rim cl in da m ic in a ** su lfa di az in a va nc om ic in a A m p 16 0m g 2m l R $ 5, 05 A m p 28 0m g 2m l R $8 ,0 7 C om p 25 0m g 2 B l X 10 R $ 4, 92 • • C om p 40 0m g+ 80 m g c/ 20 R $1 3, 09 • S ol in j 3 00 m g am pX 2m l R $ 6, 26 S ol in j 6 00 m g am pX 4m l R $ 6, 91 • • Ta be la 5 – L is ta d e m ed ic am en to s an tim ic ro bi an os e ss en ci ai s su ge rid os p el a O M S (c on tin ua çã o) *A r el ev ân ci a pa ra a s aú de p úb lic a e/ ou a e fic ác ia e /o u se gu ra nç a de st e ite m te m s id o qu es tio na da e s ua p er m an ên ci a ne st a lis ta s er á re vi sa da n o pr óx im o en co nt ro d o C om itê d e E sp ec ia lis ta s. ** M ed ic am en to s di st rib uí do s pe la S ec re tá ria M un ic ip al d e S aú de d e P or to A le gr e/ R S . ** *V al or es p es qu is ad os ju nt o à lis ta d e pr eç os d e m ed ic am en to s lib er ad a pe la A nv is a, c on si de ra nd o, s eg un do a s do sa ge ns s ug er id as n a lis ta d a O M S , o s m en or es v al or es e nt re s im ila re s e ge né ric os . • M ed ic am en to s nã o en co nt ra do s na li st a de p re ço s da A nv is a. M ed ic am en to p ar tic ip an te d a lis ta d e ge né ric os . 134 Revista AMRIGS, Porto Alegre, 48 (2): 126-134, abr.-jun. 2004 USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS... Stein et al. SIMPÓSIO DE ATUALIZAÇÃO EM ANTIBIÓTICOS cardíaca ou renal, imunosupressão, cir- rose, neutropenia). Após controlado o quadro de evolução rápida inicial, o tratamento poderá ser alterado para via oral com o uso de cefalexina 500 mg de 6 em 6 horas por um período de 7 a 14 dias. Para os casos de celulite não complicada está indicado o uso de ce- falexina 500 mg de 6 em 6 horas por 7 a 14 dias (15). Na Tabela 5 apresenta-se um elen- co mínimo de medicamentos necessá- rios para um sistema básico de aten- ção à saúde. R EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Centers for Disease Control and Preven- tion. Get smart. Know when antibiotics work. Disponível em URL:http:// www.cdc.gov/drugresistance/communi- ty//#campaign. Acessado em 15/03/2004. 2. BEHAR, P. “A Escolha do Antibiótico: Critérios e Avanços.” Ed. A. B. M. Bran- dão. 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