Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autora: Profa. Denise Augusto da Costa Lorencette Colaboradores: Profa. Raquel Machado Coutinho Profa. Renata Guzzo Gerenciamento de Pessoas e Serviços na Área da Saúde Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Professora conteudista: Denise Augusto da Costa Lorencette Bacharel em Enfermagem pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Administração em Recursos Humanos pela Universidade Paulista (UNIP) e mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EEUSP). Atuou por 20 anos no Hospital Alemão Oswaldo Cruz como coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva e no Serviço de Educação Continuada. No Ensino Superior, atua há 18 anos nos cursos de graduação e pós‑graduação em Enfermagem. Atualmente, é docente adjunto do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Paulista (UNIP). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) L868g Lorencette, Denise Augusta da Costa. Gerenciamento de Pessoas e Serviços na Área da Saúde. / Denise Augusta da Costa Lorencette. – São Paulo: Editora Sol, 2016. 128 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXII, n. 2‑083/16, ISSN 1517‑9230. 1. Processo gerencial. 2. Satisfação profissional. 3. Serviços na área da saúde. I. Título. CDU 614:658.3 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ana Luiza Fazzio Juliana Mendes Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Sumário Gerenciamento de Pessoas e Serviços na Área da Saúde APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 PROCESSO GERENCIAL DE ENFERMAGEM ........................................................................................... 11 1.1 Funções administrativas e teorias administrativas ................................................................. 11 1.1.1 Definição de Administração ................................................................................................................11 1.1.2 Funções administrativas....................................................................................................................... 13 1.2 Teorias administrativas e os serviços de Enfermagem .......................................................... 15 1.2.1 Teoria da Administração Científica – Frederick Winslow Taylor (1856‑1915) ............... 16 1.2.2 Teoria Clássica – Henri Fayol (1845‑1925) ................................................................................... 17 1.2.3 Teoria das Relações Humanas (década de 1930) ....................................................................... 18 1.2.4 Teoria da Burocracia – Max Weber (1864‑1920) ....................................................................... 19 1.2.5 Teoria Comportamental – Kurt Lewin (1890‑1947) ................................................................. 20 1.2.6 Teoria dos Sistemas (década de 1960) ........................................................................................... 21 1.2.7 Teoria Contingencial .............................................................................................................................. 22 1.3 Comunicação no processo gerencial de Enfermagem .......................................................... 22 1.3.1 O que é comunicação? ......................................................................................................................... 23 1.3.2 Tipos de comunicação .......................................................................................................................... 24 2 SATISFAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DA SAÚDE ............................................................................. 30 2.1 Como criar um ambiente sem estresse e que propicie a satisfação profissional ....... 30 2.1.1 Compreendendo o estresse e suas manifestações .................................................................... 30 2.1.2 Principais manifestações do estresse ............................................................................................. 32 2.1.3 Síndrome de burnout ............................................................................................................................ 33 2.1.4 Riscos ocupacionais ............................................................................................................................... 33 2.1.5 Riscos ocupacionais na área da saúde ........................................................................................... 33 2.1.6 Estresse e ocupação profissional ...................................................................................................... 34 2.2 Motivação: conceitos, teorias e a Enfermagem ....................................................................... 37 2.2.1 O que é motivação? ............................................................................................................................... 37 2.2.2 Tipos de motivação ................................................................................................................................ 37 2.2.3 Teorias da motivação ............................................................................................................................ 37 2.2.4 A responsabilidade dos enfermeiros em proporcionar um ambiente propício de trabalho ........................................................................................................................................................... 41 2.2.5 Como os enfermeiros podem propiciar um clima motivacional ......................................... 43 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 3 ELEMENTOS DA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA ......................................................................................... 44 3.1 Dirigir......................................................................................................................................................... 44 3.1.1 Liderança: evolução histórica do conceito ................................................................................... 44 3.1.2 Mas o que é liderança? .........................................................................................................................44 3.1.3 Estilos de liderança ................................................................................................................................. 46 3.1.4 Poder, autoridade e liderança ............................................................................................................ 48 3.1.5 Tipos de poder .......................................................................................................................................... 48 3.1.6 A Enfermagem e a liderança .............................................................................................................. 49 3.1.7 Fundamentos do controle ................................................................................................................... 51 3.2 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: ABORDAGEM TRADICIONAL E ABORDAGEM MODERNA ....................................................................................................................................................... 54 3.2.1 Avaliação de Desempenho (AD): um pouco da sua história ................................................. 54 3.2.2 O que é Avaliação de Desempenho? ............................................................................................... 55 3.2.3 Objetivos da AD ....................................................................................................................................... 55 3.2.4 Etapas para a implementação da AD.............................................................................................. 56 3.2.5 Resultados e benefícios da AD .......................................................................................................... 59 3.2.6 A AD e a Enfermagem ........................................................................................................................... 60 3.3 CUSTOS ..................................................................................................................................................... 60 3.3.1 Controle de custos.................................................................................................................................. 60 3.3.2 Centro de custos ..................................................................................................................................... 62 3.3.3 O gerenciamento dos custos e a Enfermagem ........................................................................... 63 4 GERENCIAMENTO EM ENFERMAGEM – MODELOS ASSISTENCIAIS ........................................... 65 4.1 Definição de método assistencial .................................................................................................. 65 4.2 Objetivos e finalidade do método assistencial ......................................................................... 66 4.3 Tipos de métodos assistenciais ....................................................................................................... 66 4.3.1 Método funcional ................................................................................................................................... 66 4.3.2 Método do cuidado total ou cuidado integral ........................................................................... 67 4.3.3 Método do trabalho em equipe ........................................................................................................ 68 4.3.4 Método primary nurse .......................................................................................................................... 69 4.3.5 Método científico: processo de Enfermagem e sistematização da assistência de Enfermagem .................................................................................................................................................. 70 Unidade II 5 GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS E CONFLITOS E A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO EM EQUIPE NA ENFERMAGEM ...................................................................................................................... 74 5.1 Mudanças ................................................................................................................................................ 74 5.1.1 Fatores que interferem na mudança .............................................................................................. 74 5.1.2 Tipos e dimensões da mudança ........................................................................................................ 75 5.1.3 O processo de mudança e a Enfermagem .................................................................................... 77 5.2 Conflitos ............................................................................................................................................................ 77 5.2.1 Os conflitos e a Enfermagem ............................................................................................................. 79 5.3 Trabalho em equipe ............................................................................................................................. 80 5.3.1 Importância e origem do trabalho em equipe ............................................................................ 80 5.3.2 Definições e tipos de equipe .............................................................................................................. 81 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 5.3.3 Características para o trabalho em equipe ................................................................................... 81 5.3.4 O trabalho em equipe e as funções gerenciais dos enfermeiros ......................................... 82 6 SUPERVISÃO EM ENFERMAGEM ............................................................................................................... 83 6.1 Definição, importância e principais funções ............................................................................. 83 6.2 Principais funções da supervisão ................................................................................................... 84 6.3 Principais dificuldades da supervisão .......................................................................................... 87 6.4 Principais resultados da supervisão .............................................................................................. 87 6.5 Treinamento e desenvolvimento dos profissionais de Enfermagem ............................... 88 6.5.1 Definição, finalidade e importância ................................................................................................ 88 6.5.2 Etapas dos programas de treinamento .......................................................................................... 90 6.5.3 Tipos de programas de treinamento ............................................................................................... 93 6.5.4 Programas de desenvolvimento profissional ............................................................................... 94 6.5.5 Resultados dos programas de treinamento e desenvolvimento profissional ................ 94 7 DIMENSIONAMENTO DE PESSOAL ........................................................................................................... 95 7.1 Definição e importância .................................................................................................................... 95 7.2 Aplicação do cálculo de profissionais de Enfermagem ........................................................ 98 7.2.1 Primeira etapa – fórmula para o cálculo do quantitativo de profissionais de enfermagem .................................................................................................................................................. 98 7.2.2 Segunda etapa – fórmula para o cálculo da qualificação dos profissionais de enfermagem ..................................................................................................................................................99 7.3 Outros fatores que devem ser considerados no dimensionamento de pessoal ......... 99 7.4 Principais resultados ........................................................................................................................... 99 7.5 Escala de pessoal dos profissionais de Enfermagem ...........................................................100 7.5.1 Definição, importância e tipos de escala ....................................................................................100 8 GERENCIAMENTO DE RECURSOS MATERIAIS, FÍSICOS E AMBIENTAIS – FUNÇÕES DOS ENFERMEIROS ..........................................................................................................................................105 8.1 Gerenciamento de recursos materiais .......................................................................................105 8.1.1 Importância, finalidade e funções .................................................................................................105 8.1.2 Funções e responsabilidades dos enfermeiros no gerenciamento de materiais .........108 8.2 Gerenciamento de recursos físicos e ambientais ..................................................................110 8.2.1 Importância do gerenciamento dos recursos físicos e ambientais ...................................111 8.2.2 Gerenciamento dos recursos físicos: principais funções dos enfermeiros .................... 112 8.2.3 Gerenciamento dos recursos ambientais: principais funções dos enfermeiros .......... 114 9 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 APRESENTAÇÃO A Enfermagem é uma força de trabalho na saúde e representa, atualmente, de 45% a 60% do quantitativo de profissionais nas instituições de saúde no Brasil. Sua área de atuação é abrangente, uma vez que desenvolve ações assistenciais e gerenciais, desde a promoção até a recuperação e a reabilitação dos pacientes. Temos como objetivos gerais incutir, nos alunos do curso de graduação em Enfermagem, conhecimentos sobre o papel gerencial dos enfermeiros e as competências para o gerenciamento e os serviços de pessoas. Como objetivos específicos, apresentaremos os modelos gerenciais, as funções administrativas e as competências necessárias para o desenvolvimento das ações gerenciais dos enfermeiros, como a comunicação, a liderança, a motivação e o trabalho em equipe, além de desenvolver as habilidades gerenciais com foco nas pessoas e nos serviços de enfermagem. O estudo deste livro‑texto e as leituras complementares vão possibilitar a reflexão sobre a importância deste tema para a formação dos futuros enfermeiros. Boa leitura! INTRODUÇÃO Aprenderemos o que é a Administração, suas funções e teorias administrativas, além das principais competências gerenciais dos enfermeiros: processo de comunicação, motivação, liderança e seus efeitos na equipe, como lidar com o estresse e proporcionar um ambiente de trabalho mais adequado, controle de custos, avaliação de desempenho e, por fim, modelos assistenciais e de trabalho. Estudaremos o gerenciamento de materiais e o ambiente físico, como coordenar conflitos e trabalhar em equipe, a importância da supervisão em enfermagem, os processos gerenciais para o dimensionamento e a escala de pessoal e, finalmente, a importância dos programas de treinamento e desenvolvimento profissional. Dando continuidade aos temas sobre gerenciamento de pessoas, temos como objetivo apresentar, aos alunos do curso de graduação em Enfermagem, tópicos muito importantes que fazem parte das atividades dos enfermeiros no desenvolvimento de suas competências, a saber: o processo de mudanças e conflitos, os novos paradigmas da supervisão no mundo contemporâneo, a importância dos programas de treinamento e desenvolvimento profissional e, por fim, as ações necessárias para o gerenciamento de recursos materiais, físicos e ambientais. 11 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE Unidade I 1 PROCESSO GERENCIAL DE ENFERMAGEM 1.1 Funções administrativas e teorias administrativas De início, apresentaremos o que é administrar, sua importância e as principais funções administrativas do gestor de enfermagem. Administrar é uma das funções mais importantes, e os enfermeiros precisam compreender quais são essas funções – planejar, organizar, dirigir, executar e controlar. Faz‑se necessário, também, conhecer as teorias administrativas, que começaram no início do século XX, seus principais teoristas e as influências que exerceram e continuam a exercer até os dias atuais, no dia a dia dos gestores de enfermagem. 1.1.1 Definição de Administração Segundo as definições de Chiavenato (2014), administrar constitui a maneira de utilizar os diversos recursos organizacionais – humanos, materiais, financeiros, de informação e tecnológicos – que visam alcançar objetivos da organização e atingir elevado desempenho. A administração não é uma ciência exata, mas uma ciência social, uma vez que o gerenciamento nas organizações se faz por intermédio de pessoas, por isso a importância deste livro‑texto para compreender e desvelar o que significa gestão, a multiplicidade das organizações de saúde, o cenário da Enfermagem e a complexidade em gerenciar pessoas que estão envolvidas na assistência aos pacientes/clientes. O gestor de enfermagem deve ter uma visão abrangente, ou seja, conhecer as legislações e as políticas socioeconômicas, vigentes no país, que interferem no desenvolvimento das ações de saúde. Desta forma, poderá compreender, contribuir e gerenciar de maneira mais eficaz e eficiente. Para entendermos a Administração, precisamos primeiro compreender que organização “é uma entidade social, pública, privada ou filantrópica, composta por pessoas que trabalham juntas e estão estruturadas numa divisão de trabalho para atingir os objetivos organizacionais” (CHIAVENATO, 2014). Deve‑se considerar que as organizações são constituídas por pessoas, que aplicam seu conhecimento, potencial e energia para o desenvolvimento de bens, produtos e prestação de serviços a fim de contribuírem para atingir os objetivos institucionais. As pessoas constituem o elemento inteligente e 12 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I dinâmico, que manipula, opera e agiliza todos os recursos da organização, a “mola propulsora” que impulsiona e anima as instituições. As organizações de saúde, entre elas os hospitais, são altamente complexas, pois são compostas por diversos departamentos ou serviços que também são estruturas complexas cujo objetivo é o atendimento de pessoas para a realização de exames diagnósticos, tratamentos clínicos e cirúrgicos, procedimentos terapêuticos e invasivos, sendo utilizados, para isso, recursos tecnológicos mais sofisticados. Já a prestação da assistência aos pacientes/clientes de forma segura, qualificada e humanizada é feita por um conjunto de profissionais, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, biomédicos, assistentes sociais, entre outros. Como apontamos anteriormente, os hospitais são formados por diversos serviços especializados, entre eles o Serviço de Enfermagem (SE), que é definido como um dos maiores serviços nas instituições de saúde por abranger de 45% a 60% dos funcionários. Além do quantitativo de pessoal, atende de forma ininterrupta, prestando assistência direta de enfermagem durante as 24 horas, dos cuidados ou procedimentos mais simples aos mais complexos, estabelecendo um vínculo com os pacientes/clientes e seus familiares. A equipe de enfermagemé composta por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. São asseguradas aos enfermeiros atividades privativas, como a direção dos serviços e de unidades de enfermagem, a coordenação, o planejamento, a organização, a direção, a execução e a avaliação dos serviços de enfermagem, além de consultoria, auditoria, emissão de pareceres, atividades assistenciais e gerenciais, ensino e pesquisa nas áreas de Saúde e Enfermagem, de acordo com a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, nº 7.498/86 (LORENCETTE; BOHOMOL, 2010). Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), do Ensino Superior de Enfermagem, que tratam deste nível de ensino e da formação dos enfermeiros, o art. 4º do Parecer CES 1.133/2001 atesta que a: formação do enfermeiro tem por objetivo dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o exercício das seguintes competências e habilidades gerais: atenção à saúde, tomada de decisão, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente (BRASIL, 2001). De acordo com a Lei do Exercício Profissional e das Diretrizes Curriculares Nacionais, compete aos enfermeiros as gestões de serviços, pessoas e todos os recursos para o planejamento e o desenvolvimento da assistência de enfermagem segura, qualificada e humanizada. Para a melhor compreensão da competência “administração e gerenciamento”, estudaremos as funções administrativas. 13 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE 1.1.2 Funções administrativas Antes de apresentar as funções administrativas, demonstraremos o que é e como é composto o processo administrativo, além dos elementos envolvidos. Podemos definir processo como a sequência de funções que se sucedem – uma maneira sistemática de fazer as coisas –, um meio, um método ou uma maneira de conduzir determinadas atividades. Processo administrativo, portanto, é a sequência das funções administrativas que os gestores desenvolvem e estão inter‑relacionadas, como: planejar, organizar, dirigir e controlar. Elas dependem umas das outras e funcionam como um círculo. 1.1.2.1 Planejamento Como primeira função administrativa, define os objetivos para o futuro, bem como os recursos, as tarefas e os métodos necessários para alcançá‑los. É por meio do planejamento que a organização delimita o que pretende fazer e alcançar no futuro. 1.1.2.2 Organização Na segunda função administrativa, é a organização que contempla os meios e os recursos necessários para o desenvolvimento da primeira função, que é o planejamento. A organização é a função administrativa que estabelece quais as tarefas, pessoas ou equipes envolvidas para o desenvolvimento das atividades, quais são os recursos necessários, além de atribuir autoridade para os objetivos a serem alcançados. Portanto, é um processo de engajar as pessoas num trabalho a ser executado. 1.1.2.3 Direção A terceira função administrativa coloca em atividade tudo o que foi planejado e organizado. Essa função envolve a influência a fim de motivar as pessoas e engajá‑las para um trabalho em equipe, com o intuito de desenvolver as atividades necessárias para atingir os objetivos. 1.1.2.4 Controle A quarta função administrativa acompanha, monitora e avalia se as atividades foram desenvolvidas ou não, com a finalidade de fazer as correções ou os ajustes necessários para o alcance dos objetivos planejados. Os gestores devem conhecer e estar atentos a todas as etapas das funções administrativas, ou seja, planejar, organizar, dirigir e controlar para que seus projetos possam ser realizados, obtendo sucesso e satisfação de todos os envolvidos. 14 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I A figura a seguir representa as quatro funções administrativas, segundo Chiavenato (2014): Planejamento Formular objetivos e os meios para alcançá-los Direção Designar pessoas, dirigir seus esforços, motivá-las, liderá-las e comunicar Controle Monitorar as atividades e corrigir os desvios Organização Modelar o trabalho, alocar recursos e coordenar atividades Recursos • Humanos • Financeiros • Materiais • Tecnológicos • Informação Resultados • Desempenho • Objetivos • Produtos • Serviços • Eficiência • Eficácia Figura 1 Os enfermeiros conhecem esse processo administrativo por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), que é um método científico e sistematizado com o objetivo de planejar a assistência aos pacientes de forma científica. Esse assunto é abordado com mais detalhes em outras disciplinas e será apresentado neste livro‑texto de forma sucinta, correlacionando o processo administrativo com a sistematização da assistência de enfermagem. Ao planejar a assistência aos pacientes, os enfermeiros realizam, inicialmente, a investigação dos problemas por meio da anamnese e do exame físico do paciente. Essa primeira etapa dará subsídios para o diagnóstico de enfermagem e o planejamento da assistência de enfermagem, que pode ser a curto, médio e longo prazo. Após o planejamento da assistência, os enfermeiros partem para a segunda etapa do processo assistencial, que é a organização dos dados e das ações, ou seja, prescrever as ações e a assistência de enfermagem, realizar e delegar os cuidados de enfermagem, além de prover os recursos necessários para a assistência. Na terceira fase ou etapa, os enfermeiros direcionam e colocam em prática o que foi planejado, orientam, motivam e incentivam a equipe para a execução do plano estabelecido e dos cuidados de enfermagem. A última etapa tem o intuito de controlar ou avaliar a assistência de enfermagem, checar, acompanhar se tudo o que foi estabelecido e planejado foi executado e alcançado, ou seja, é a avaliação da assistência e 15 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE do processo inteiro. Nessa etapa, é efetuada a evolução de enfermagem. Caso seja necessário, os enfermeiros redirecionarão, ajustarão, modificarão ou implementarão novas ações. É a retroalimentação do processo. O objetivo deste material é apresentar e discutir o processo gerencial dos enfermeiros, voltado, de forma especial, à gestão de pessoas, de materiais ou físicos e financeiros. A gestão de pessoas é uma subárea muito ampla da Administração, mas, para sua compreensão, se faz necessário apresentar as teorias administrativas e seus principais teoristas. Teorias estas que continuam a influenciar o desenvolvimento das atividades e os modelos gerenciais dos enfermeiros. Saiba mais A fim de complementar os estudos acerca da Administração, leia: KURCGANT, P. Administração em enfermagem. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1991. p. 237. 1.2 Teorias administrativas e os serviços de Enfermagem Desde os primórdios, a humanidade e os povos atravessaram os oceanos para conquistar novos territórios e continentes, desbravaram terras, construíram cidades, pirâmides, palácios, navios e comercializaram. Todos esses feitos foram conquistados mediante planejamento e organização. Para isto, utilizaram‑se de algum “esquema administrativo” a fim de direcionar todas essas importantes atividades e realizações. O estudo da Administração é recente, haja vista sua evolução somente na virada do século XIX e início do século XX, e suas inúmeras teorias administrativas – bem como seus interlocutores – serão apresentadas no decorrer do livro‑texto. Influências sofridas pela Administração, segundo Kurcgant (1991): • IgrejaCatólica: na Igreja existiu, e ainda perdura, a hierarquia do poder e da autoridade. As decisões são tomadas de cima para baixo. O poder é centralizado. Esse tipo de poder e autoridade influencia a Administração. • Organização militar: tem como princípios a unidade de comando, ou seja, um único chefe e a hierarquia (que são os vários níveis de comando). Outros princípios que tiveram origem nessas organizações foram a disciplina e a unidade de direção. • Economistas: em meados do século XIX, iniciava‑se um novo capitalismo, e a produção era em larga escala. Nessa época, ocorreu a influência dos economistas liberais, que pregavam a livre‑concorrência, tendo surgido conflitos, e a racionalização no processo de produção. 16 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I • Revolução Industrial: teve início com a invenção da máquina a vapor por James Watt (1736‑1819) e trouxe mudanças na mecanização das indústrias e da agricultura, acarretando transformações na economia. Outra modificação que marcou essa época foi a substituição das atividades artesanais pela máquina e das oficinas pelas indústrias, e as máquinas passaram a ser manejadas pelos operários. Surgiram, então, os donos do capital e a classe do proletariado. Como os operários trabalhavam em ambientes com péssimas condições, criou‑se a primeira legislação trabalhista em 1802, na Inglaterra. 1.2.1 Teoria da Administração Científica – Frederick Winslow Taylor (1856‑1915) Como engenheiro, Taylor desenvolveu sua teoria sobre a administração científica, que tinha como proposta o aumento da produção no final do século XIX. Ele então analisou e cronometrou os movimentos para aumentar a produção, surgindo o estudo de tempos e movimentos. Acreditava‑se que sua teoria pudesse ser aplicada em todos os casos, dos trabalhadores simples aos gerentes. Ele justificou sua teoria com centenas de experimentos para demonstrar as regras e as leis que governavam a teoria científica. A Ford Motor Company adotou a teoria de Taylor e a produção em linha como padrão para produzir veículos. Os objetivos da Teoria da Administração Científica são: • Desenvolvimento de um método para cada elemento do trabalho, ou seja, uma única maneira certa de fazer (the best way) para maximizar a eficiência de cada operário. • Seleção e treinamento do trabalhador de forma científica, ou seja, selecionar quanto ao porte físico e treinar para o maior rendimento no trabalho. • Encorajamento por parte da cooperação entre trabalhadores e gerência de modo que o trabalho saia conforme os procedimentos cientificamente desenvolvidos no planejamento para o aumento da produção. • Criação de uma divisão de trabalho de maneira igual entre os trabalhadores. A figura da gerência é para supervisionar a produção de cada setor, estabelecer as regras e manter a hierarquia. • Preocupação com a fadiga: estudar como a fadiga ocorre e de que forma pode ser evitada. • Plano de incentivo salarial: a remuneração é de acordo com a produção – prêmios para aqueles que produzem acima do esperado, conhecido como o Homo economicus; as pessoas são motivadas exclusivamente pelo dinheiro. • Condições do ambiente: a preocupação está voltada para reduzir a fadiga, uma vez que pode interferir na baixa produção. • Foco na produtividade do trabalho: criticada porque ignora o lado humano da organização ao tratar os trabalhadores como máquinas e explorá‑los, além de levá‑los à monotonia e ao descontentamento. 17 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE A Teoria da Administração Científica e a Enfermagem A prática da Enfermagem por muitos anos sofreu influência dessa teoria, que se caracteriza por: • Preocupação com o “como fazer”. • Divisão do trabalho aliada à padronização das tarefas, ou seja, o trabalho é dividido entre as pessoas da equipe: manuais de normas e rotinas que os profissionais não podem questionar. • Escalas de distribuição de tarefas, geralmente impostas aos elementos da equipe. • Assistência de enfermagem, muitas vezes, realizada de forma mecânica e fragmentada, em que os profissionais recebem um número de atividades a serem executadas no plantão. A Enfermagem é desenvolvida por um trabalho realizado em equipe. Embora exista uma divisão de atividades, estas devem ser realizadas de forma integrada com o objetivo de produzir um trabalho ágil, dinâmico e científico, diferentemente do modelo da teoria de Taylor. 1.2.2 Teoria Clássica – Henri Fayol (1845‑1925) Com o objetivo de eficiência da organização pela adoção de uma estrutura adequada, Fayol propôs as funções: prever, organizar, coordenar, comandar e controlar. Ao apresentar alguns princípios gerais da administração, essa teoria leva em consideração a variável “pessoas”. São eles: • Divisão de trabalho: a produção aumenta quando os trabalhadores se especializam. • Autoridade e responsabilidade: gerentes e líderes delegam poder a outros colaboradores, assim, a organização pode balancear a autoridade e a responsabilidade em relação a cada tarefa. • Unidade de comando: cada pessoa na organização se reporta a um único supervisor. • Unidade de direção: um objetivo do grupo é direcionado a um gerente a fim de implementar um plano de execução. • Disciplina: é usada para melhorar a produtividade. • Subordinação de interesses individuais a um interesse geral: os interesses da organização por inteira são mais importantes do que os de um colaborador ou um grupo. • Centralização: a autoridade de tomar decisões é centralizada no gerente ou descentralizada aos subordinados – varia conforme o tipo de situação. • Escala de produção: a amplitude de controle indica o número de subordinados que cada supervisor pode gerenciar e mostra o canal de comunicação. 18 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I • Remuneração: trabalhadores são pagos de acordo com os seus serviços por um valor justo; caso não sejam, eles podem deixar o trabalho cedo ou atrasar a chegada, demonstrando seu descontentamento. • Ordem: para administrar uma organização eficientemente, a equipe e os recursos devem estar no lugar certo, na hora certa. • Imparcialidade: colaboradores são tratados de forma justa e igual. • Estabilidade de pessoal: uma alta rotatividade é ineficiente. Planejamento e políticas podem reduzir a rotatividade. • Iniciativa: a equipe desenvolve e conduz planos positivos que influenciam todo o grupo. • Espírito de equipe: líderes promovem um espírito de equipe para assegurar que a organização trabalhe em harmonia. Apesar de algumas ideias serem ultrapassadas, ainda estão em uso hoje em dia. A Teoria Clássica e a Enfermagem Muitas instituições de saúde são estruturas hierarquizadas, o que leva à subordinação das pessoas. Outros aspectos embasados nessa teoria são: unidade de comando e direção, ou seja, as equipes são supervisionadas, divisão das atividades por categorias profissionais, interesses da instituição acima dos interesses pessoais. A preocupação está centralizada na quantidade de tarefas apresentadas e na própria instituição. 1.2.3 Teoria das Relações Humanas (década de 1930) No início da década de 1930, nos Estados Unidos, a Administração passou a enfatizar a variável “pessoas” em vez da “estrutura”, como eram enfatizados nas teorias de Taylor e Fayol. A preocupação passou a estar centrada no homem e em seu trabalho (aspectos psicológicos) e nos grupos (aspectos sociológicos), deixando de se preocupar, portanto, com métodos, regras e normas. Essa teoria se baseou nas Ciências Humanas(Psicologia e Sociologia), determinadas pela humanização e democratização na administração. Em 1924, surgiu um estudo realizado por Elton Mayo em Hawthorne, que pretendia, inicialmente, pesquisar a influência da iluminação na produção, porém o que se tem registro é que um grupo de mulheres foi chamado pelo supervisor para que desse sua opinião a respeito da luminosidade. As mulheres, por sua vez, se sentiram parte de um time e valorizadas por serem ouvidas; assim, Mayo pode constatar que a interação da operária e do supervisor foi um fator mais determinante na produção do que a condição da luminosidade, ou seja, o ambiente. 19 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE Os achados de Mayo incluíam: • Trabalho como uma atividade em grupo, ou seja, social, não individual. • Condições físicas do trabalho não são mais importantes para os trabalhadores do que a necessidade de reconhecimento, segurança e sentimento de pertencimento. • Reclamação de um trabalhador é frequentemente associada ao seu pouco reconhecimento na organização. • Grupos informais no ambiente de trabalho controlam hábitos e atitudes individuais de trabalhadores, e a colaboração em grupo deve ser planejada e desenvolvida. A Teoria das Relações Humanas passou a tratar temas relacionados à motivação, à liderança, à comunicação e ao trabalho em grupo. Além disso, o “homem econômico” da Teoria Científica é substituído pelo “homem social”. Com o decorrer do tempo, essa teoria se transformou e passou a ser paternalista, pois a busca da total harmonia fez os conflitos entre administradores e operários serem “escondidos” e ignorados. A Teoria das Relações Humanas e a Enfermagem Como pontos importantes, a teoria valorizou e enfatizou a importância da motivação dos profissionais e da comunicação entre o líder e seus liderados nos processos de trabalho na enfermagem. 1.2.4 Teoria da Burocracia – Max Weber (1864‑1920) Como sociólogo alemão, Max Weber estudou as organizações com enfoque na “racionalidade”, isto é, a utilização dos meios para o alcance dos objetivos. Foi denominada a forma burocrática das organizações, pois visava organizar a empresa de forma sistemática, detalhada e controlada. Essa teoria se desenvolveu por volta de 1940 a fim de atender as novas exigências, a complexidade das organizações e a necessidade de estabelecer novos sistemas de controle das pessoas, portanto caracteriza‑se pela impessoalidade nas relações humanas. A Teoria da Burocracia visa à eficiência organizacional com o objetivo de pormenorizar como as coisas devem ser feitas, além de determinar procedimentos, normas e rotinas com a remuneração condizente com o cargo e a função. A Teoria Burocrática e a Enfermagem Nos serviços de enfermagem, a preocupação com o delineamento de normas e rotinas é muito frequente. Não que elas sejam sem importância, mas a crítica é feita sempre que estas se sobrepõem na criatividade dos profissionais ou não favorecem as especificidades no cuidado aos pacientes, ou seja, norma é norma e deve ser seguida, independentemente do que o paciente requer naquele momento. 20 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I Há um apego às normas, aos protocolos e ao excesso de formalidades, levando resistência às mudanças. Muitas vezes, situações assim não auxiliam a equipe e passam a ser uma forma de controle rígido sobre as pessoas. 1.2.5 Teoria Comportamental – Kurt Lewin (1890‑1947) Com foco no processo em vez da estrutura, essa teoria, proposta por Kurt Lewin, psicólogo, contribuiu para o desenvolvimento do movimento behaviorista, que estuda o comportamento humano. Deu ênfase ao “homem administrativo”, visando à maneira satisfatória na realização do trabalho. Essa teoria estuda o comportamento das pessoas e a motivação humana. Podemos ressaltar a Teoria da Motivação, proposta por Maslow, que estuda as Necessidades Humanas Básicas (NHB) de forma hierárquica. Frederick Herzberg (1923‑2000), psicólogo clínico e pioneiro do “enriquecimento do trabalho”, é considerado um dos maiores pensadores originais da Teoria Motivacional de Administração. Ele propôs a Teoria dos Dois Fatores ao estudar o comportamento humano em situações de trabalho. Denominou, assim, de “fatores higiênicos” e “fatores motivacionais”. Os fatores higiênicos são aqueles que o indivíduo não pode controlar, como: salário, benefícios, tipo de chefia e sua relação com o ambiente, abrigo, segurança, entre outros. Já os fatores motivacionais são aqueles que o indivíduo pode controlar, como: o trabalho em si, a realização de acordo com a atividade desenvolvida, o reconhecimento, as atividades desafiadoras, entre outros. Herzberg acreditava que o trabalho devesse ser desafiante o suficiente para que os trabalhadores se sentissem desafiados; os gerentes tinham de adotar uma abordagem democrática na administração e melhorar o conteúdo e a natureza da atividade por: • Oferecer aos trabalhadores uma maior variedade de tarefas a serem executadas, tornando o trabalho mais interessante e desafiador. • Delegar mais poder aos funcionários para que eles pudessem tomar suas próprias decisões. Outro teorista que muito contribuiu foi McGregor, ao estudar os estilos dos administradores, segundo o comportamento humano, na Teoria X e na Teoria Y. A Teoria X idealizou o homem como um ser indolente, preguiçoso, irresponsável, que não gosta de assumir responsabilidades e, para isto, os gerentes precisam ser mais “duros”, comandar o que deve ser feito, supervisionando de forma direta. A Teoria Y contemplou o homem ao contrário da Teoria X, ou seja, é um ser responsável, gosta de trabalhar, assume responsabilidades e riscos, demandando em contrapartida, um estilo de supervisão aberta e democrática. 21 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE A Teoria Comportamental e a Enfermagem Atualmente, a tendência na Enfermagem é estar atento aos fatores motivacionais para o desenvolvimento das atividades e, sobretudo, das pessoas. Há estudos que valorizam a pessoa certa, no local certo, para o desenvolvimento do trabalho, a adequação do ambiente, o salário, as recompensas, o desenvolvimento profissional, entre outros aspectos. 1.2.6 Teoria dos Sistemas (década de 1960) Fundamentou‑se em três pressupostos: os sistemas existem dentro dos sistemas; os sistemas abertos; e as funções de um sistema dependem de sua estrutura. Por sua vez, sistema é um conjunto integrado de partes que se inter‑relacionam e desenvolvem uma atividade ou função para atingir determinados objetivos. Assim, todo sistema faz parte de um outro sistema maior, ou seja, o suprassistema que constitui o seu ambiente, e é constituído por sistemas menores ou subsistemas. Exemplo: o Sistema Solar, que existe dentro de um sistema maior, o universo, que é constituído por subsistemas, ou seja, planetas e satélites. Outro exemplo prático: a organização hospitalar é o sistema, constituído por subsistemas, como os Departamentos de Enfermagem, Nutrição, Almoxarifado, entre outros, e o hospital está inserido num sistema maior, que é o mercado de trabalho. É um sistema aberto em constante interação com o ambiente externo. Segundo Kurcgant (1991), o que caracteriza um sistema aberto é a “entrada” (ou os insumos), também denominada input, que podem ser categorizadas por recursos da informação, recursos materiais e de equipamentos, recursos humanos e recursos financeiros. Ao dar entrada no sistema da organização, ocorrem as transformaçõese a saída, também denominada de output, e o resultado do trabalho ou da transformação poderá ser a produção de serviços e bens. O ambiente proporciona: O ambiente consome: A organização transforma: Retroação do cliente Trabalho converte recursos em resultados Processos de transformação Entrada de recursos Saída de produtos Pessoas Dinheiro Tecnologia Materiais Informação Produtos ou serviços Figura 2 22 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I A Teoria dos Sistemas e a Enfermagem Fazendo um paralelo entre a Teoria dos Sistemas e a Enfermagem, podemos considerar o Serviço de Enfermagem (SE) como um subsistema, o qual faz parte de um sistema maior que é o hospital, um sistema. O SE é constituído por subsistemas que podem ser: pronto‑atendimento, pronto‑socorro, unidades de internação, centro cirúrgico, centro obstétrico, entre outras unidades. Para exemplificar os insumos no SE, podemos considerar: os pacientes que dão entrada no hospital são cuidados pela equipe de enfermagem pelo método da SAE, os procedimentos de enfermagem são realizados, os poacientes recebem alta e se recuperam. Esse processo é avaliado a fim de se obter melhorias, no que é chamado de feedback ou retroalimentação. 1.2.7 Teoria Contingencial Surgiu dos estudos de como uma mesma empresa funciona de diferentes formas e em diversas condições. O ambiente externo influencia a sua estrutura e os processos organizacionais. Além do ambiente, a tecnologia influencia a estrutura e a dinâmica da organização (KURCGANT, 1991). A Teoria Contingencial não admite conceitos absolutos, e, sim, relativos, portanto não há nada de absoluto, tudo é relativo e depende das condições da técnica administrativa, da tecnologia, do mercado, do sistema econômico e político etc. A Teoria Contingencial e a Enfermagem Trata‑se de uma teoria mais recente e pode sofrer influência do sistema econômico, além das condições sociais e políticas. Ressaltamos que os sistemas de saúde podem interferir nas ações de enfermagem. Lembrete Os enfermeiros precisam conhecer não apenas as funções administrativas, mas também as teorias administrativas e o que elas exercem e provocam nas ações gerenciais. 1.3 Comunicação no processo gerencial de Enfermagem Qual a importância da comunicação na Enfermagem? Os enfermeiros, como líderes da equipe de enfermagem, desenvolvem um importante papel nas funções administrativas e gerenciais, dedicam boa parte das suas atividades se comunicando e interagindo com sua equipe, a equipe de saúde, pacientes e familiares e os demais membros dos serviços de saúde. Estudaremos a importância da comunicação na saúde, mas antes é preciso definir comunicação, seus tipos e o que é preciso para que os profissionais obtenham uma comunicação adequada. 23 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE 1.3.1 O que é comunicação? Ato inerente ao ser humano, a comunicação envolve o compartilhamento e a compreensão de mensagens enviadas e recebidas entre dois ou mais indivíduos, pelas quais eles se relacionam, influenciam e até podem modificar a realidade em que estão inseridos. Comunicação é a transmissão de informação de uma pessoa para outra, isto é, o fenômeno pelo qual um emissor influencia e esclarece o receptor. Portanto, para haver comunicação é necessário ter um emissor (emite a mensagem) e um receptor (recebe a mensagem). Devemos compreender que a comunicação é um processo cuja informação é emitida, deve ser entendida e compartilhada por duas ou mais pessoas. (CHIAVENATO, 2014). Salientamos que os enfermeiros se comunicam intensamente com pessoas, ou seja, com integrantes das equipes de enfermagem e de saúde, pacientes/clientes e familiares, além de diversos departamentos ou setores da instituição de saúde, uma vez que detêm muitas informações e as transmitem diariamente em suas atividades assistenciais e gerenciais. Como a comunicação é um processo complexo, não basta emitir a mensagem, ela tem de ser clara e objetiva, e o emissor precisa validá‑la, ou seja, averiguar se o receptor compreendeu a mensagem recebida. Na figura a seguir, apresentamos de forma esquemática o processo de comunicação: Processo de comunicação empresarial Ambiente Codifica o significado desejado Decodifica o significado percebido Envia a mensagem desejada Retroação Recebe a mensagem percebida Fonte Transmissor Canal Ruído Receptor Destino Figura 3 Fonte é a pessoa que deseja transmitir a mensagem. Ela é quem dá o início ao processo da comunicação, que é realizado por meio de palavras, gestos, sinais e símbolos. A mensagem é enviada por um transmissor, ou seja, aquele que envia a mensagem. 24 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I Transmissor é o meio para codificar a ideia ou significado mediante uma forma de mensagem, que pode ser transmitida pela comunicação verbal ou não verbal, isto é, gestos, sinais, símbolos, entre outros. Canal é o meio pelo qual a mensagem flui entre a fonte e o seu destino e o ambiente que envolve as pessoas no processo de comunicação. Receptor é o meio que recebe, interpreta e decodifica a mensagem. No momento da codificação e da decodificação, existe a possibilidade de ocorrer erros na comunicação em razão de conhecimentos e experiências anteriores, que filtram as informações recebidas e podem criar ruídos, ou seja, a mensagem acaba não sendo interpretada adequadamente. Há vários motivos para isso, por exemplo: o receptor não conhece a codificação e não consegue decodificá‑la; tem dificuldade para interpretar; ou ainda não está apto a receber a mensagem. Destino é a pessoa ou grupo que deve receber a mensagem. Ruído é quando há alguma interferência no processo de comunicação, podendo afetar a mensagem que foi enviada da fonte ao seu destinatário. Retroação é o processo pelo qual o destinatário recebe e assimila a mensagem e envia o seu retorno, isto é, a resposta. Falhas na comunicação poderão interferir na atuação com os pacientes/clientes e as equipes de trabalho. Assim, a comunicação configura‑se como um elemento essencial no cuidado, exercendo um diferencial e um instrumento entre pacientes, familiares, equipe de enfermagem e pessoas envolvidas no processo do cuidar. Uma mensagem que foi transmitida de forma inadequada comprometerá todo o processo assistencial e gerencial, por isso o enfermeiro precisa compreender a mensagem e estar atento para tornar a comunicação eficiente e eficaz. 1.3.2 Tipos de comunicação 1.3.2.1 Comunicação verbal Comunicação falada ou escrita, ou seja, expressões verbais, sons e palavras que são usados para que as pessoas possam se comunicar e interagir. Por meio da linguagem é que as pessoas compartilham ideias, conhecimentos, suas experiências e atividades vivenciadas. A fim de ser bem‑sucedida, a comunicação verbal deve ser transmitida de forma clara entre o emissor e o receptor, e a linguagem usada pode ser falada ou escrita. Para o real entendimento, é necessário que as pessoas envolvidas entendam as mensagens emitidas, para isto, é importante falar a mesma língua; não usar jargões ou palavras técnicas/científicas. É imprescindível que os enfermeiros, ao se comunicarem para orientar os pacientes e seus familiares, conheçam sua origem e seu nível socioeconômico com a finalidade de adequar uma linguagem compatível. Dessa forma, a comunicação será eficiente e eficaz (BROCA; FERREIRA, 2012). 25 Re vi sã o:A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE A comunicação verbal pode ser por ordens dadas, colóquios, comunicações realizadas por telefone, debates e discussões. Também contempla a forma escrita, que se expressa por meio de relatórios, documentos, jornais, revistas, cartazes, prontuário dos pacientes etc. 1.3.2.2 Comunicação não verbal Grande parte da comunicação acontece na forma não verbal, representada por meio de gestos, silêncio, expressões faciais, postura corporal, aparência, vestimentas, adornos, meio ambiente, manifestações fisiológicas, entre outros, e envolve todos os sentidos, ou seja, audição, olfato, visão, tato e paladar. Segundo Silva (2011), podemos classificar a comunicação não verbal como paralinguagem, cinésica, proxêmica e tacêsica. A paralinguagem é qualquer som produzido pelo aparelho fonador que não faça parte do sistema sonoro da língua usada. Fornecido por ritmo da voz, intensidade da entonação, ruídos vocais, tosses, suspiro, entre outros. Alguns exemplos: Psssiu! (pedir silêncio); espirro ou tosse (para disfarçar tensão ou chamar a atenção de alguém). Podemos considerar cinésica como a linguagem do corpo, ou seja, movimentos, gestos manuais, movimentos dos membros e da cabeça, expressões faciais e tremores das mãos. Exemplos: • bater o pé: impaciência ou raiva; • mover as mãos lateralmente: adeus, tchau; • encolher os ombros: dúvida, proteção; • roer as unhas: ansiedade, medo; • mãos ou dentes cerrados: raiva; • mexer no cabelo, brincar com caneta: insegurança, ansiedade, tensão; • pálpebras levantadas, sorriso, olhar brilhante: alegria; • testa enrugada verticalmente pela junção das sobrancelhas, boca tensa, pupila contraída: raiva; • lábio superior levantado com acompanhamento ou não do inferior, sobrancelha acentuada: nojo; • rigidez, testa levantada com rugas horizontais: medo; • olhar cabisbaixo, choro: tristeza. 26 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I Importante ressaltar que os enfermeiros devem estar atentos tanto para as próprias expressões como para a dos seus interlocutores. Por meio dessa observação, pode‑se interpretar a reação e ter o entendimento a respeito de uma situação ou orientação. A linguagem proxêmica é a distância mantida entre os participantes de uma interação. Ela é favorecida ou não por alguns fatores, entre eles: • idade e sexo; • cultura e etnia; • tema ou assunto; • ambiente de interação (ambientes formais): a distância entre desconhecidos e conhecidos; • características físicas; • orientação emocional (pessoas menos amáveis): maior distância entre as pessoas. Ao contrário, quando as pessoas desejam aprovação, elas ficam mais próximas; • características da personalidade: ansiosas (ficam mais distantes); seguras (distância menor); • fatores do meio ambiente: disposição dos objetos no espaço e características do próprio espaço, como cor, forma e tamanho; • ambiente quente: permanecemos mais tempo do que no ambiente frio (as pessoas geralmente ficam mais tensas). Por fim, a tacêsica é a comunicação tátil, ou seja, a pressão exercida, o local onde se toca, sob influência da idade e do sexo dos comunicadores. Exemplo: os enfermeiros realizam o toque ao examinarem os pacientes, ao se comunicarem com a sua equipe, entre outros. Lembrete O toque é considerado uma intrusão no espaço pessoal dos indivíduos. Conforme Silva (2011), o ambiente, a postura, a comunicação, o saber ouvir e o feedback são estratégias necessárias para que exista uma comunicação efetiva. Ambiente: a comunicação na área da saúde se dá em ambiente hospitalar, clínica, unidade básica de saúde, entre outros cenários. Normalmente, esses espaços são agitados, envolvendo muitas pessoas e barulhos, por isso é importante nos lembrarmos de que nem sempre haverá um lugar totalmente apropriado para que as mensagens sejam transmitidas de uma forma adequada. Porém, caberá aos 27 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE profissionais de saúde, entre eles os enfermeiros, criar um ambiente propício, ou seja, acolhedor e privativo, uma vez que as atividades diárias dos enfermeiros vão desde uma consulta de enfermagem, com transmissão de orientações sobre exames e procedimentos, até atividades mais complexas e que necessitam de privacidade, como em caso de doença terminal em que o paciente e sua família precisam do apoio dos enfermeiros. Postura: “o corpo fala”. Essa é uma expressão que sempre ouvimos, e de fato nossa postura corporal revela sentimentos, emoções e se estamos realmente interessados, ou não, em nossos interlocutores. É imprescindível que os enfermeiros atentem à postura que estão assumindo diante do outro. Comunicação: deve ser simples, com frases curtas, e os termos técnicos precisam ser explicados ou “traduzidos” para uma linguagem de fácil compreensão. Importante também é checar se nossos interlocutores compreenderam a mensagem, pois, muitas vezes, pacientes ou alguém da equipe diz que está tudo entendido, porém, ao se perguntar um item, percebe‑se que não houve o entendimento ou que a pessoa entendeu parcialmente a mensagem. Saber ouvir: outra frase que escutamos muito: “Temos dois ouvidos e uma boca”. Portanto, é necessário saber ouvir nossos interlocutores, mas é preciso fazê‑lo com paciência, dedicação e interesse. Ao ouvir nossos interlocutores – pacientes, colegas de serviço, entre outros –, é possível, além de receber as mensagens, fazer uma leitura não verbal destes e ter a percepção dos seus anseios, angústias e expectativas. Feedback: significa uma resposta (retorno) à sua conversa ou pedido formal (ou informal). Como exemplo, podemos falar que uma das formas de recebermos ou transmitirmos feedback é por ocasião dos processos de avaliação de desempenho cujos enfermeiros recebem e transmitem aos seus subordinados os resultados de sua atuação. O feedback também permite averiguar se as instruções e as orientações dadas aos seus interlocutores foram recebidas, entendidas e realizadas de forma satisfatória ou não. As barreiras são restrições ou limitações que ocorrem dentro das etapas do processo de comunicação ou entre estas. Elas impedem que a mensagem seja transmitida de forma adequada, levando a perda de tempo e desgastes desnecessários. É importante reconhecer e identificar as barreiras da comunicação para prevenir tais problemas (CHIAVENATO, 2014). É essencial que os enfermeiros promovam um ambiente que propicie uma comunicação aberta, reconhecendo e removendo as barreiras que tanto dificultam o intercâmbio na comunicação. Principais barreiras na comunicação: • ideias preconcebidas; • interpretações pessoais; • preconceitos pessoais; • dificuldades de comunicação; 28 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I • negligência; • desinteresse; • emoções; • conflitos; • motivação/desmotivação. Os profissionais de enfermagem devem, portanto, observar seus interlocutores e reconhecer previamente essas barreiras para, então, intervirem e evitarem os ruídos na comunicação, que dificultam tanto a relação interpessoal. A seguir, elucidaremos como acontece a comunicação organizacional, ou seja, como ocorre esse processo entre os profissionais, os serviços e os departamentos. É importante ressaltar que a comunicação dependerá do tipo e da estrutura organizacional – instituição pública ou privada –, bem como de seu organogramae níveis hierárquicos. Chamaremos a comunicação organizacional de “canais de comunicação”, que estão divididos em: formais e informais. Os formais podem ser descendentes, ascendentes e horizontais (CHIAVENATO, 2014). Os canais de comunicação formal ocorrem dentro de uma estrutura planejada e formalizada para que os objetivos institucionais sejam alcançados, porém vai depender de como a estrutura organizacional está desenhada, ou seja, de quais e quantos são os níveis hierárquicos de poder e de subordinação. São elas: • Comunicação formal descendente: as mensagens e as informações são enviadas do topo da organização para os subordinados, ou seja, ela se inicia no topo do organograma e percorre os demais níveis hierárquicos mais baixos – de cima para baixo, em uma direção descendente. Isso pode ocorrer mediante ordens expressas, manuais, reuniões, memorandos, entre outros. • Comunicação formal ascendente: as mensagens que fluem dos níveis mais baixos para os níveis mais altos da hierarquia organizacional podem ocorrer por meio de sugestões para melhorias, relatórios de desempenho dos setores/departamentos, informações contábeis e financeiras, além de manifestações e greves de funcionários. • Comunicação formal horizontal: ocorre entre os pares ou colegas da organização de forma lateral e diagonal dentro das unidades ou setores cujos objetivos são informar e solicitar informações, auxílio ou suporte. São mensagens trocadas entre os profissionais de um mesmo setor a fim de saber o andamento de um projeto entre departamentos, em que há a interação e a troca de informações ou solicitações interdepartamentais. Os canais de comunicação informal não seguem a hierarquia de autoridade. Fazem parte do dia a dia das organizações e, muitas vezes, surgem devido à demora e à lentidão das respostas da 29 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE comunicação formal. Exemplo: funcionários de uma determinada organização se encontram e trocam informações ao passar pelas linhas formais da organização. Muitos diretores ou gerentes utilizam os canais de comunicação informal para se aproximarem de seus subordinados. Exemplo: coordenadores ou supervisores de enfermagem visitam um determinado setor para observar e conversar diretamente com os funcionários de enfermagem. Eles desenvolvem um contato informal com esses funcionários e tomam conhecimento de alguma situação que pode intervir de forma mais ágil e rápida. Importante ressaltar que nas instituições de saúde a comunicação pode ocorrer intensamente por intermédio de trabalho em equipe e reuniões. A comunicação no trabalho em equipe se caracteriza pela união de pessoas que atuam para alcançar objetivos em comum. Para que ocorra um verdadeiro trabalho em equipe, é preciso que seus membros interajam por meio da comunicação verbal e da não verbal. Esse tema será abordado posteriormente. Como a comunicação e as reuniões nas organizações são muito utilizadas, estas constituem um encontro de pessoas para apresentar um determinado assunto, poder discuti‑lo e resolvê‑lo ou encaminhá‑lo. Trata‑se de um intercâmbio de ideias entre as pessoas que dela participam e poderá constituir uma ferramenta preciosa se o líder souber aplicá‑la de forma adequada, tendo objetivos claros e tempo para início e término, tomando decisões e delegando responsabilidades. Portanto, deve haver planejamento antes, no decorrer e depois da reunião, bem como ata ou relatório das principais ideias discutidas e dos resultados alcançados. A comunicação no processo de negociação das organizações não só faz parte das atividades assistenciais dos enfermeiros, mas também dos enfermeiros responsáveis pela gestão. Negociação ou barganha envolve habilidade de comunicação por ser um processo de tomar decisões em conjunto, com todas as partes envolvidas. Os enfermeiros assistenciais negociam continuamente com os pacientes/clientes ao propor determinado procedimento a que os pacientes, muitas vezes, não querem aderir. Desta forma, os enfermeiros fazem um acordo com os pacientes, propondo e apresentando os pontos positivos. Por conseguinte, os enfermeiros gestores negociam frequentemente com seus superiores e subordinados. Para que aconteça a negociação, é preciso ter pelo menos duas partes envolvidas – pode haver conflitos entre eles. Por isso é necessário que haja planejamento, concessões e contrapropostas, ou seja, na negociação não podem ocorrer perdas, mas sim ganhos para ambas as partes. Portanto, a comunicação deve ser efetiva e não gerar conflitos. Chiavenato (2014) recomenda e dá dez dicas, referenciadas como Os dez mandamentos da boa comunicação, a saber: 1. Esclareça suas ideias antes de comunicá‑las. 2. Examine o propósito de cada comunicação. 30 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I 3. Considere o conjunto físico e humano onde você vai comunicar. 4. Consulte outras pessoas para planejar suas comunicações. 5. Comunicar‑se é tão importante quanto o conteúdo da mensagem. 6. Aproveite a oportunidade, quando surgir, para ajudar ou valorizar o ouvinte. 7. Acompanhe sua comunicação. 8. Comunique para o amanhã tão bem como para o hoje. 9. Assegure‑se de que suas ações sirvam de base para sua comunicação. 10. Procure fazer‑se compreender, mas compreenda também, como um bom ouvinte. Podemos concluir que a comunicação é um assunto muito amplo e complexo, por isso os enfermeiros precisam ter o conhecimento e se analisar para verificar como está sua comunicação com seus pares, pacientes/clientes, familiares, a comunidade e a equipe de saúde. 2 SATISFAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA DA SAÚDE 2.1 Como criar um ambiente sem estresse e que propicie a satisfação profissional Para diminuir o estresse e aumentar a satisfação no trabalho, deve‑se reconhecer que o ambiente laboral na área da saúde é bastante peculiar, pois diferencia‑se de outros ambientes, pelos riscos que oferece. Os principais riscos que os profissionais de enfermagem correm são biológicos, químicos, físicos e de radiações, além da carga emocional devido ao contato com o sofrimento humano. O estresse é uma manifestação que ocorre em algumas profissões e de forma específica nos profissionais de saúde. Assim, apresentaremos as causas, as manifestações clínicas e o que os enfermeiros devem propiciar no ambiente de trabalho para que possam amenizar essa doença tão comum em nosso meio. 2.1.1 Compreendendo o estresse e suas manifestações Categorizado como um antecedente ou estímulo, uma consequência ou resposta, além de uma interação de vários fatores, o estresse tem sido estudado a partir de diferentes visões de psicólogos, médicos e enfermeiros. Várias abordagens surgiram ao longo do tempo, com estudos e pesquisas que foram realizados, uma vez que o estresse faz parte da vida do homem desde a Antiguidade. O médico austríaco Hans Selye definiu estresse como “o esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadora para sua vida e para o seu equilíbrio” (BIANCHI, 2000). 31 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE No entanto, o estresse não é totalmente prejudicial, pois em certas situações as pessoas reagem e se sentem impulsionadas para enfrentar e realizar o que deve ser feito. Segundo Selye, o estresse ocorre quando há a liberação de catecolaminas, glicocorticoides e mineralocorticoides. Para essa médica, o mecanismo de ação das catecolaminas e dos cortiesteroides é voltado basicamente para os pulmões e ocoração, oferecendo o aporte de sangue e oxigênio; para os músculos e o cérebro, ao preparo do organismo para luta ou fuga; para o estômago e os intestinos, a menor demanda em crise e equilíbrio iônico, para dar quantidade de energia extra a ser mobilizada pelo organismo (BIANCHI, 2001). Bianchi (2001), com base em Selye, afirma que o estresse é dividido em três fases: inicial – chamada fase de alarme; a segunda – classificada de resistência; e uma terceira – denominada exaustão. 2.1.1.1 Fase de alarme ou alerta Como acontece imediatamente após o contato com o agente causador do estresse, podendo ser consciente ou não, nosso cérebro e nossos hormônios reagem rapidamente, e nós podemos perceber os seus efeitos, mas somos geralmente incapazes de notar o trabalho silencioso do estresse crônico nessa fase. Passamos a experimentar uma série de sensações. 2.1.1.2 Fase de resistência Nessa fase, o organismo luta para se adaptar e sobreviver, ou seja, tenta restabelecer um equilíbrio interno, e alguns sintomas iniciais desaparecem, porém essa adaptação utiliza a energia que o organismo necessita para outras funções vitais. Caso o agente agressor persista, começam a aparecer as primeiras consequências mentais, emocionais e físicas do estresse crônico, como: perda da concentração, instabilidade emocional, depressão, palpitações, suores frios, dores musculares ou dores de cabeça frequentes. Os sinais são evidentes, mas muitas pessoas ainda não conseguem relacioná‑los ao estresse, e a síndrome pode prosseguir até a sua fase final e mais perigosa. 2.1.1.3 Fase de exaustão Essa fase representa muitas falhas no mecanismo de adaptação. Há, em parte, um retorno à fase de alarme; posteriormente, se o estímulo estressor permanecer potente, poderão surgir doenças, levando o indivíduo à morte. É muito comum que as pessoas e os profissionais não deem a devida importância para os sinais de alarme de seu corpo e sua mente; pelo contrário, desvalorizam e agem como se tudo fosse resolvido e a vida voltasse ao normal. Sem o tratamento adequado, com o passar do tempo e a continuidade dos fatores que levam ao estresse, podem surgir várias doenças, como a síndrome de burnout. 32 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I • Coping O coping foi definido como um esforço cognitivo e comportamental realizado para dominar, tolerar ou reduzir as demandas externas e internas. Forma pela qual o indivíduo escolhe suas estratégias de enfrentamento; está determinada, em partes, por seus recursos internos e externos. Existem dois tipos de estratégia para o enfrentamento do estresse (coping): um, concentrado na emoção; outro, concentrado no problema. Quando o coping estiver focalizado no problema, a pessoa tentará defini‑lo, passará a lidar de forma direta com a situação, procurará soluções e testará maneiras de resolvê‑lo. Já no coping voltado para a emoção, o indivíduo utiliza estratégias emocionais e cognitivas que mudam a forma de ver a situação estressante, procurando se afastar e evitar o problema. Não existe uma forma correta de encarar o estresse, mas ambas podem ser uteis dependendo da situação de estresse vivenciada (RODRIGUES; CHAVES, 2008). • Resiliência O termo, originário da física e da engenharia, refere‑se à capacidade que um material tem de absorver determinada energia sem sofrer deformações permanentes. A resiliência caracteriza‑se pela capacidade individual da pessoa, do grupo ou da comunidade em prevenir, ultrapassar ou minimizar os efeitos das adversidades, superando‑as com sucesso. Esse processo ocorre em um período de tempo, devido a determinadas junções de características individuais, familiares, ambientais, sociais e culturais. As relações construídas em diversos ambientes são preditores de resiliência (BELANCIERI et al., 2010). 2.1.2 Principais manifestações do estresse O estresse pode desencadear várias manifestações ou efeitos no organismo; entre eles, podemos destacar: • Efeitos subjetivos: ansiedade, agressividade, apatia, falta de paciência, falta de interesse, fadiga, frustração, solidão, entre outros. • Efeitos fisiológicos ou clínicos: aumento da pressão arterial, sudorese, dificuldade para respirar, cefaleia e enxaqueca, dores musculares, nas articulações e na coluna, insônia. • Efeitos cognitivos: dificuldade para concentrar‑se, tomar decisões e relacionar‑se, lapsos de memória. • Efeitos comportamentais: consumo de álcool, tabaco e outras drogas, irritabilidade, isolamento, instabilidade e labilidade de humor, entre outros. • Efeitos sobre a organização: distração, má qualidade do trabalho e diminuição da produtividade, insatisfação e desinteresse pelo emprego. 33 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 GERENCIAMENTO DE PESSOAS E SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE É possível que um indivíduo apresente os efeitos em mais de uma categoria, devendo procurar ajuda médica e detectar os fatores que estão levando ao estresse. Caso isso não ocorra, os sintomas progridem acarretando sérias consequências, como o desenvolvimento de doenças crônicas e síndrome de burnout, podendo inclusive levar à morte. 2.1.3 Síndrome de burnout Segundo Murofuse (2005), burnout é definido como um transtorno adaptativo crônico associado às demandas e às exigências cujo desenvolvimento é insidioso e frequentemente não conhecido pelo indivíduo com múltiplos sintomas, no qual predomina o cansaço emocional. É aquilo que deixou de funcionar por exaustão energética, expresso por meio de um sentimento de fracasso causado por um excessivo desgaste de energia. É uma síndrome na qual as pessoas perdem o sentido da sua relação com as atividades e com o trabalho. As coisas passam a não ter mais importância e qualquer esforço lhes parece inútil. As manifestações podem ser físicas, psíquicas ou uma interação dos dois estados. No trabalho, os profissionais notam que já não possuem condições de utilizar a mesma energia para o atendimento de seu cliente e de outras pessoas da forma que antes faziam. 2.1.4 Riscos ocupacionais É relevante ressaltar que os profissionais de saúde, entre eles o da enfermagem, exercem um importante papel com os pacientes/clientes e familiares na prestação da assistência 24 horas de forma ininterrupta. As atividades assistenciais são prestadas em ambientes que oferecem certos riscos, que precisam ser observados, tomando‑se as precauções necessárias, como o uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), que compreende o uso correto de lavagem das mãos, luvas de procedimentos, óculos protetores, máscara facial e avental. Todos estes devem ser utilizados de acordo com a situação e o tipo de assistência que se for prestar. Os riscos ocupacionais existem no ambiente de trabalho e podem causar doenças. O trabalhador se expõe às cargas de trabalho biológicas, químicas e físicas, que podem ser quantificadas, e às cargas fisiológicas e psíquicas, que fazem parte da materialidade interna do indivíduo. 2.1.5 Riscos ocupacionais na área da saúde Riscos biológicos: estão incluídos os microrganismos patogênicos que podem causar danos à saúde do trabalhador, provenientes do contato com pacientes portadores de doenças contagiosas e parasitárias, e da manipulação de materiais contaminados. A exposição ocorre no momento da prestação da assistência, bem como da manipulação de materiais e instrumentos infectados. O risco de contrair doenças como hepatites, HIV, gripe H1N1 e meningites por meio de acidentes com agulhas e perfurocortantes é um exemplo. 34 Re vi sã o: A ba F az zi o - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 16 /0 8/ 20 16 Unidade I Riscos
Compartilhar