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Montes Claros/MG - 2012 Biogeografia I Cássio Alexandre da Silva Lisa Vany Ribeiro Figueiredo Pedro Ivo Jorge Gomes EDITORA UNIMONTES Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089 - Telefone: (38) 3229-8214 www.unimontes.br / editora@unimontes.br CATALOGADO PELA DIRETORIA DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES (DDI) - UNIMONTES Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) © - EDITORA UNIMONTES - 2012 Universidade Estadual de Montes Claros REITOR João dos Reis Canela VICE-REITORA Maria Ivete Soares de Almeida DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Huagner Cardoso da Silva EDITORA UNIMONTES Conselho Editorial Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes. Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes. Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU. Profª Maria Geralda Almeida. UFG Prof. Luis Jobim – UERJ. Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal. Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha. Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile. Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes. Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes. Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes. Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP. REVISÃO LINGUÍSTICA Ângela Heloiza Buxton Arlete Ribeiro Nepomuceno Aurinete Barbosa Tiago Carla Roselma Athayde Moraes Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor. Luci Kikuchi Veloso Maria Cristina Ruas de Abreu Maia Maria Lêda Clementino Marques Ubiratan da Silva Meireles REVISÃO TÉCNICA Admilson Eustáquio Prates Cláudia de Jesus Maia Josiane Santos Brant Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida Káthia Silva Gomes Marcos Henrique de Oliveira DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO Andréia Santos Dias Camilla Maria Silva Rodrigues Clésio Robert Almeida Caldeira Fernando Guilherme Veloso Queiroz Francielly Sousa e Silva Hugo Daniel Duarte Silva Marcos Aurélio de Almeida e Maia Patrícia Fernanda Heliodoro dos Santos Sanzio Mendonça Henriques Tatiane Fernandes Pinheiro Tátylla Ap. Pimenta Faria Vinícius Antônio Alencar Batista Wendell Brito Mineiro Zilmar Santos Cardoso S586b Silva, Cássio Alexandre da. Biogeografia I / Cássio Alexandre da Silva, Lisa Vany Ribeiro Figueiredo, Pedro Ivo Jorge Gomes. – Montes Claros : Unimontes, 2012. 65 p. : il. color. ; 21 x 30 cm. Caderno didático do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Aberta do Brasil - UAB/Unimontes. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7739-180-6 1. Ensino superior. 2. Biogeografia. I. Figueiredo, Lisa Vany Ribeiro. II. Gomes, Pedro Ivo Jorge. III. Universidade Aberta do Brasil - UAB. IV. Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. V. Título. CDD 378.007 Chefe do Departamento de Ciências Biológicas Guilherme Victor Nippes Pereira Chefe do Departamento de Ciências Sociais Maria da Luz Alves Ferreira Chefe do Departamento de Geociências Guilherme Augusto Guimarães Oliveira Chefe do Departamento de História Donizette Lima do Nascimento Chefe do Departamento de Comunicação e Letras Ana Cristina Santos Peixoto Chefe do Departamento de Educação Andréa Lafetá de Melo Franco Coordenadora do Curso a Distância de Artes Visuais Maria Elvira Curty Romero Christoff Coordenador do Curso a Distância de Ciências Biológicas Afrânio Farias de Melo Junior Coordenadora do Curso a Distância de Ciências Sociais Cláudia Regina Santos de Almeida Coordenadora do Curso a Distância de Geografia Janete Aparecida Gomes Zuba Coordenadora do Curso a Distância de História Jonice dos Reis Procópio Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Espanhol Orlanda Miranda Santos Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Inglês Hejaine de Oliveira Fonseca Coordenadora do Curso a Distância de Letras/Português Ana Cristina Santos Peixoto Coordenadora do Curso a Distância de Pedagogia Maria Narduce da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Presidente Geral da CAPES Jorge Almeida Guimarães Diretor de Educação a Distância da CAPES João Carlos Teatini de Souza Clímaco Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Vice-Governador do Estado de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho Júnior Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Nárcio Rodrigues Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes João dos Reis Canela Vice-Reitora da Unimontes Maria Ivete Soares de Almeida Pró-Reitora de Ensino Anete Marília Pereira Diretor do Centro de Educação a Distância Jânio Marques Dias Coordenadora da UAB/Unimontes Maria Ângela Lopes Dumont Macedo Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Betânia Maria Araújo Passos Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH Antônio Wagner Veloso Rocha Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS Maria das Mercês Borem Correa Machado Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Paulo Cesar Mendes Barbosa Chefe do Departamento de Artes Maristela Cardoso Freitas Autores Cássio Alexandre da Silva Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU (2009-2013) - Mestre em Desenvolvimento Social (2007), Especialista em Geografia Regional do Brasil e Minas Gerais -(1997) e Graduado em Geografia Licenciatura Plena(1995) pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes . É docente do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Montes Claros. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Desenvolvimento Regional, atuando principalmente com os seguintes temas: ecoturismo, produtos turísticos, turismo, desenvolvimento sustentável, desenvolvimento social, ocupação urbana e geografia cultural. Atualmente inicia a coordenação do Laboratório de Geografia Cultural Natureza de Sertão. Lisa Vany Ribeiro Figueiredo Mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes - Especialista em Geografia e Gestão Ambiental, é Licenciada em Geografia, Coordenadora de Tutoria do Curso de Geografia UAB/Unimontes e Professora do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Pedro Ivo Jorge Gomes Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros (2003), Especialista em Geografia e Gestão Ambiental - Unimontes (2005), Especialização em Análise Criminal, Violência e Segurança Pública - Unimontes (2007) e Mestre em Desenvolvimento Social pela Unimontes (2010). Atualmente é Professor em cursos de Pós-Graduação das Faculdades Unidas do Norte de Minas e da Faculdade Vale do Gorutuba. Atua como Docente no curso de Técnico em Meio Ambiente – SENAC - e como Analista de Criminalidade da Polícia Militar de Minas Gerais em Montes Claros/MG. Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Introdução à biogeografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.1 Definições, objeto e relação com outras ciências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11 1.2 Divisão da Biogeografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 1.3 Histórico e evolução dos estudos biogeográficos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24 Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .25 A biosfera e os seres vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.1 A Biosfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.2 A classificação geral dos seres vivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31 2.3 As regiões biogeográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2.4 Fatores determinantes da Biogeografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39 Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Biogeografia e sistemas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 3.1 Placas tectônicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41 3.2 Teoria da evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42 3.3 Geossistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51 3.4 Tipos de poluição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57 3.5 O ambiente rural agrícola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 3.6 O ambiente urbano industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61 Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63 Atividades de Aprendizagem – AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65 9 Geografia - Biogeografia I Apresentação Caro(a) acadêmico(a), O estudo é sempre ponto de partida para elucidar o desconhecido. As ciências naturais bio- lógicas que aqui estão representadas pela Biogeografia desvendam para nós estudantes e pro- fissionais da Geografia um imenso leque que contempla a Geografia Humana e Física, tendo as ações antrópicas ora como coadjuvante, ora como elemento participativo de fenômenos socio- ambientais. Entendemos que essa concepção de Ensino a Distância -EaD - da Universidade Aberta do Brasil – UAB – em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES – favo- rece a construção do conhecimento, consequentemente, o ensino e a aprendizagem. A relação existente entre o docente e as didáticas oferecidas ao discente objetivam os fazeres metodológi- cos. Desta forma, levando em consideração que este curso é de licenciatura, buscamos, ao longo deste caderno didático, propor reflexões, dicas e sugestões do desenvolvimento de atividades li- gadas à temática biogeográfica, com vistas à prática em sala de aula. As leituras complementares indicadas tornam-se, muito importante, nesta etapa dos estudos da Biogeografia I, como base para a Biogeografia II. A ementa da disciplina Biogeografia I, que corresponde à carga horária de 90 h/a, é: “A evolução dos estudos biogeográficos. A biosfera e os seres vivos. O meio abiótico e biótico.” Para atender à ementa, optamos por apresentar a Biogeografia I em três unidades, a partir de uma leitura investigadora da: I - Introdução à Biogeografia; II- A Biosfera e os Seres Vivos; III- Biogeografia e Sistemas. Os principais conceitos e categorias que abrangem esta ciência, dentro da proposta da ementa, serão identificados nessas unidades. Neste sentido, a disciplina tem como objetivo proporcionar o conhecimento conceitual e os subsídios para que vocês discentes (futuros professores) possam executar, através da análise mais aprofundada sobre o espaço geográfico, os conhecimentos básicos e introdutórios à Bioge- ografia. A metodologia, que envolve professores, alunos e tutores, utilizando os subsídios tec- nológicos (internet; CD-ROM; vídeos; web; e ambiente digital), se complementa com o Caderno Didático, sugestões de filmes, de atividades práticas, de livros e de pesquisas. Assim, confirmamos que este material proporcionará a todos uma rica leitura e novos olha- res sobre o meio ambiente geográfico no qual o ser humano está inserido. Os autores. 11 Geografia - Biogeografia I UnIdAde 1 Introdução à biogeografia Introdução Ao apresentarmos este trabalho, estamos oportunizando um momento de reflexão sobre o conhecimento da Biogeografia. A proposta que trazemos é a de compreender os conceitos e as aplicações metodológicas que, tanto gerais, quanto específicas, norteiam os aspectos con- teudistas que compõem esse estudo. O ensino e a aprendizagem são fatores determinantes na didática ofertada, tendo a comunicação textual do caderno didático como o suporte para o em- basamento junto ao sistema de mídia. Essa primeira unidade é de fundamental importância para a compreensão dos estudos. Trata-se da apresentação de conceitos que são pré-requisitos para as demais unidades. Enfoca- mos os principais temas da Biogeografia, seu objeto de estudo como ciência e seus objetivos, relacionando-os com a didática e aprendizagem. Para elucidar os estudos, destacamos vários exemplos que proporcionam a efetiva compreensão desses conteúdos. As subdivisões temáti- cas organizam-se da seguinte forma: 1.1 Definições, objeto e relação com outras ciências. Neste tópico são identificados os conceitos primários e básicos que envolvem tanto as categorias da Biologia quanto da Geografia; 1.2. Divisão da Biogeografia. Aqui, apresentamos os campos da própria ciência, explicando cada uma de suas variantes; e 1.3. Histórico e evolução dos estudos biogeográficos. Neste tópico, desenvolvemos aspectos de aprendizagem, relacionando-os com os métodos e suas utilizações na atualidade. Esperamos que essa primeira parte possa abrir ou- tros horizontes, proporcionando, desta forma, novos olhares curiosos e investigativos em cada etapa do estudo. 1.1 Definições, objeto e relação com outras ciências A Biogeografia apresenta-se como uma ciência que faz a interação entre a Biologia e a Geo- grafia. O prefixo BIO: “Vida” e o radical GEO e GRAFIA: “descrição da Terra” sintetizam uma termi- nologia epistemológica que merecem análise mais profunda para melhor compreensão. Iniciaremos pelas “Esferas Vitais” que constituem a essência da vida no planeta. A Litosfera (rocha-pedra); Atmosfera (ar, gases) e a Hidrosfera (água) constituem a Biosfera (vida), elementos que serão tratados na Unidade II, de forma específica. Diante dessa configuração, podemos com- preender que existe uma dinâmica (movimento), a partir do “tempo e espaço”, que proporciona as inúmeras mudanças sobre a superfície terrestre. Essas relações se estabelecem através de uma concepção “sistêmica”, sendo matéria e energia componentes que serão discutidos na UnidadeIII. Ainda que de forma sucinta, exemplificaremos a configuração construtiva dessas relações citadas. Temos o Processo Erosivo como uma “chave” de vários conhecimentos que abrangem inúmeras categorias e conteúdos. Vejamos: Desgaste (d) + Transporte (T) + Sedimentação/acúmulo (S) = erosão Contextualizando os elementos acima, a erosão é o resultado de intemperismo (químico, fí- sico; biológico e/ou antrópico), pode-se verificar que existem movimentos de matéria e energia. O sistema aqui está entre as relações interdependentes entre os tipos de intemperismos, seus GLOSSÁRIO A Teoria de Sistema: de maneira sintética a teoria estabelece relações entre dois elementos apresen- tados em fenômenos que se interligam, tanto com a matéria ou com a energia. Para saber mais: veja a literatura indicada, “Teoria Geral dos Sistemas”; BERTALANFFY, Ludwig Von.; Ed. Vozes, 1975. 12 UAB/Unimontes - 7º Período processos e causalidades. A partir dessa exemplificação e reflexão contextualizada do processo erosivo e reconhecendo essas bases conceituais, enfocaremos o conceito principal desse estudo. O conceito de Biogeografia para Troppmair (1995, p. 01): “estuda as interações, a organiza- ção e os processos espaciais, dando ênfase aos seres vivos – vegetais e animais – que habitam determinado local: biotopo – onde constituem geobiocenoses”. Martins (1985, p. 09) também conceitua Biogeografia como sendo a “ciência que estuda a distribuição geográfica dos seres vi- vos de acordo com as condições climáticas e na dependência das possibilidades de adaptação”. A distribuição vegetal e animal, como a existência de verdadeiras comunidades de plantas e animais constituem, por si mesma, realidades da Geografia, no sentido de contribuírem para diferenciar a superfície da Terra (WOOLDRIGE & EAST,1967, p.58). Observamos que, nesses conceitos, o espaço e a vida são elementos máximos para a compre- ensão das relações sistêmicas entre ambos, além das particularidades dos autores em estudos. Definido o objeto de estudo, exemplificaremos as inúmeras relações da Biogeografia com outros objetos de algumas ciências. Primeiro a Geologia que se destaca como uma das princi- pais dessas ciências. Apresenta-se como importante estudo da estrutura da Terra, pois investiga os acontecimentos históricos ao longo da escala do tempo geológico. Os eventos naturais e/ou mesmo catastróficos revelam muitos elementos da vida terrestre. O grande exemplo é a Deriva Continental, com o movimento dos continentes muitas espécies sofreram modificações, sepa- rações ou mesmo migrações devido às alterações, principalmente, climáticas no meio ambiente que permitiram posteriormente a divisão do planeta em grandes regiões biogeográficas, trata- das na unidade II deste caderno. Na FIG.1, podem-se observar as diversas configurações que as massas continentais sofreram nos últimos milhões de anos, desde a Pangea (Pan = todo e gea = Terra) até a constituição dos cinco continentes atuais. A relação direta desses movimentos com a Biogeografia se estabelece na diferenciação entre os corpos sólidos e líquidos, apresentando, assim, uma grande diversida- de de vida em vários reinos e biomas. dICA Para saber mais sobre a Deriva Continental, faça a leitura de: BRANCO, Samuel Murgel. A Deriva dos Continentes. Coleção Polêmica – Editora Moder- na. 1992. Figura 1: A Deriva Continental, representada em suas modificações a partir da Pangea em milhões de anos atrás. Fonte: http://www. google.com.br/imgres ?q=deriva+dos+conti nentes. ▼ http://www.google.com.br/imgres?q=deriva+dos+continentes http://www.google.com.br/imgres?q=deriva+dos+continentes http://www.google.com.br/imgres?q=deriva+dos+continentes http://www.google.com.br/imgres?q=deriva+dos+continentes 13 Geografia - Biogeografia I Para contextualizar, é importante observar a imagem que representa a Deriva Continental e analisar as diversas transformações ocorridas na crosta terrestre ao longo dos tempos. Estas mo- dificações determinaram à Biogeografia que estudamos atualmente. Apresentamos no Box 1 uma síntese biográfica do criador da Teoria das Derivas do Continente. BOX 1 Alfred Lothar Wegener (Berlim, Alemanha, 1 de Novembro de 1880 — Groenlândia, 5 de Novembro de 1930) foi um meteorologista alemão proponente da teoria da deriva conti- nental. A formação inicial de Alfred Wegener foi feita pela astronomia, concluindo um douto- ramento em 1904 na Universidade de Berlim. Contudo, sempre teve interesse pela geofísica e tornou-se também interessado nos campos emergentes da meteorologia e climatologia. Al- fred Wegener casou-se com a filha de um famoso meteorologista, Wladimir Köppen. Na área da meteorologia, Wegener foi pioneiro na utilização de balões meteorológicos no estudo das massas de ar. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Wegener. Acesso: 07 set. 2011. Na Unidade III, trataremos da Tectônica de Placas, teoria que se relaciona também com a Geologia. A segunda ciência é a Climatologia, que estuda o Clima, com os seus elementos e fatores. Os elementos: pressão; temperatura, umidade, vento e massas de ar e os fatores: latitude, alti- tude, continentalidade e maritimidade. É importante lembrar que os Biomas se apresentam em espaços geográficos diferentes em função das latitudes e sofrem ações diretas e indiretas dos elementos e fatores citados acima. Podemos fazer vários questionamentos sobre o Clima: • Como era o Clima antigo ou paleoclima? • Quais eram as modificações extremas das temperaturas? • Que interferência determinante o Clima tinha sobre a vida no passado? • As glaciações climáticas são cíclicas? A terceira ciência é a Geomorfologia que se enquadra com a Geologia e a Climatologia, pois discute os estudos da forma da superfície terrestre. O relevo se apresenta com suas altitudes em diferentes latitudes da Terra. Desde as cordilheiras e altas montanhas, aos fundos dos vales depressivos e as planícies aluvionares, pode-se observar, temperaturas diferentes, o que propor- ciona vidas diferentes. Lembremos da máxima geográfica que o relevo estabelece: “maior altitu- de, maior a pressão e menor a temperatura”. Essa ideia configura-se através de uma rica biodiver- sidade em alguns locais do planeta. A Geomorfologia é parte da Geografia Física. Aqui, também, faremos alguns questionamentos que envolvem a Geomorfologia: • As espécies se adaptam melhor em alta montanha ou em planícies? • Os solos aluvionares são realmente mais férteis? • Nas áreas depressivas, o acúmulo e sedimentação de materiais são favoráveis ao apareci- mento de novos microorganismos? • Os processos erosivos atuam igualmente em áreas diferentes? A quarta e última ciência que exemplificaremos aqui é a ecologia que segundo Odum (1986, p.1), “La palabra ecología deriva del vocablo griego oikos”, que significa “casa” o “lugar onde se vive”. Essa Ecologia trata da Ecologia Animal e Ecologia Vegetal. Odum (1986), afirma que a palavra é pro- posta pela primeira vez pelo biólogo alemão Ernst Haeckel em 1869. Observemos o Box 2: BOX 2 ernst Heinrich Philipp August Haeckel (Potsdam, 16 de Fevereiro de 1834 — Jena, 9 de Agosto de 1919) foi um naturalista alemão que ajudou a popularizar o trabalho de Charles Da- rwin e um dos grandes expoentes do cientismo positivista. Foi médico e um artista versado em ilustração que se tornaria professor em anatomia comparada. Foi dos primeiros a conside- rar a psicologia como um ramo da fisiologia. Propôs alguns termos utilizados frequentemente como filo e ecologia. Os seus principais interesses recairam nos processos evolutivos e de de- senvolvimento e na ilustração centífica. O seu livro Kunstformen der Natur é um conjunto de ilustrações de diversos grupos de seres vivos. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Haeckel. Acesso em: 07 set. 2011. ATIVIdAde Observe a imagem que representa a deriva dos continentes e levante problematizações sobre: a. Todas as espécies sobreviveram às mu- danças? b.Houve modificações climáticas a partir da deriva dos continentes? c. As espécies se adap- taram facilmente? e. As espécies evoluí- ram? Em seguida, poste no fórum de discussões suas considerações. http://pt.wikipedia.org/wiki/Berlim http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha http://pt.wikipedia.org/wiki/1_de_Novembro http://pt.wikipedia.org/wiki/1880 http://pt.wikipedia.org/wiki/Groenl%C3%A2ndia http://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_Novembro http://pt.wikipedia.org/wiki/5_de_Novembro http://pt.wikipedia.org/wiki/1930 http://pt.wikipedia.org/wiki/Meteorologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha http://pt.wikipedia.org/wiki/Deriva_continental http://pt.wikipedia.org/wiki/Deriva_continental http://pt.wikipedia.org/wiki/Astronomia http://pt.wikipedia.org/wiki/1904 http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Berlim http://pt.wikipedia.org/wiki/Geof%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Meteorologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Climatologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Bal%C3%A3o_meteorol%C3%B3gico http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_Wegener http://pt.wikipedia.org/wiki/Potsdam http://pt.wikipedia.org/wiki/16_de_Fevereiro http://pt.wikipedia.org/wiki/1834 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jena http://pt.wikipedia.org/wiki/9_de_Agosto http://pt.wikipedia.org/wiki/9_de_Agosto http://pt.wikipedia.org/wiki/1919 http://pt.wikipedia.org/wiki/Naturalismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin http://pt.wikipedia.org/wiki/Anatomia http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Filo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Kunstformen_der_Natur http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernst_Haeckel 14 UAB/Unimontes - 7º Período Aqui, enceramos as exemplificações da Biogeografia com outras ciências, reforçando o seu caráter multidisciplinar. Além dessas quatro ciências citadas acima, podemos relacionar a Bio- geografia com outras mais, como no organograma 1. Algumas delas apresentam uma relação direta, tendo seus conceitos e categorias com definições próximas à similaridade, e outras uma relação indireta, abordando alguns modelos e paradigmas teóricos mais universalistas. ORGANOGRAMA 1 Biogeografia com outras ciências Fonte: elaboração própria. Diante da exposição multidisciplinar, é importante lembrar que algumas teorias marcaram a construção epistemológica dessas ciências, como é o caso da Teoria da Evolução, desenvolvida por Charles Darwin, estudaremos essa Teoria na Unidade III. Juntamente com o desenvolvimento dessas ciências nos dois últimos séculos passados, identificamos muitos estudiosos que são de fundamental importância para compreendermos o contexto e evolução de suas descobertas. Citemos o exemplo de De Candolle (FIG. 2), botânico suíço, autor de um vasto conjunto de memórias e de artigos isolados sobre fisiologia e sistemáti- ca vegetal, veja o Box 3. BOX 3 Augustin Pyrame de Candolle (1778-1841) foi um botânico suíço. Augustin Pyrame de Candolle é ainda autor de um vasto conjunto de memórias e de artigos isolados, entre os quais alguns contendo matérias seminais para as modernas fisiologia e sistemática vegetais, nomeadamente o Expériences relatives à l’influence de la lumière sur les végétaux e a Géo- graphie botanique. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Augustin_Pyrame_de_Candolle. Acesso em: 07 set. 2011. É importante saber que muitos desses estudiosos eram considerados “aventureiros” e utiliza- vam recursos próprios ou atendiam a solicitação do estado de origem para desbravarem o novo mundo. Na literatura vigente, muitos são reconhecidos como naturalistas, já que as ciências esta- vam se consolidando e muitos conceitos e métodos ainda não eram totalmente comprovados. A seguir, apresentamos um quadro pensando em alguns desses pesquisadores na perspec- tiva de seu envolvimento com a Biologia e com a Geografia, matérias que incitam investigações. Veja o QUADRO 1: dICA Em “O Guarani” de José de Alencar, podemos identificar na primeira parte “Os Aventurei- ros - I. Cenário”, uma descrição paisagís- tica incrível, de uma riqueza de detalhes altamente geográfica da região da Serra do Mar do Rio de Janeiro. Vale a pena conferir o romance de 1857. ▲ Figura 2: Augustin Pyrame de Candolle (1778-1841). Fonte: http://wikipedia.org. http://pt.wikipedia.org/wiki/1778 http://pt.wikipedia.org/wiki/1841 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bot%C3%A2nico http://pt.wikipedia.org/wiki/Su%C3%AD%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Fisiologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistem%C3%A1tica http://pt.wikipedia.org/wiki/1778 http://pt.wikipedia.org/wiki/1841 http://wikipedia.org 15 Geografia - Biogeografia I QUADRO 1 Principais naturalistas e suas contribuições para a Biogeografia nATURALISTAS COnTRIBUIÇÕeS CHARLeS dARWIn (1809-1882); Publicou, em 1859, “A origem das espé- cies”. Alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teo- ria se desenvolveu no que é agora considerado o paradigma central para explicação de diversos fenômenos na Biologia. Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Socie- dade Geológica de Londres, em 1859. Alfred Russel Wallace, em 1876, seus estudos centraram-se na origem e distri- buição das espécies. Durante suas análises da distribuição das espécies vegetais e animais, propôs a divisão biogeográfica do planeta em grandes regiões. ALEXANDER VON HUMBOLDT (1769- 1859) Na sua obra “Kosmos”, descreveu os aspectos físicos do mundo. Ele desenvolveu (e se especializou) em diversas áreas: foi etnógrafo, antropólogo, físico, geógrafo, geólogo, mineralo- gista, botânico, vulcanólogo e humanista, tendo lançado as bases de ciências como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia. Foi um dos primeiros a pesquisar a distrição geográfica das plantas e dos animais (De Distribuitione Geo- graphica Plantarum, 1817). PETER WILHELM LUND (1801-1880) Dinamarquês, considerado o “Pai da Arqueologia Brasileira”. A primeira estadia no Brasil (1825-1829), a viagem à Europa (1829-1831) e a última e fina viagem ao Brasil (1832-1880). Desenvolveu teorias sobre o Homem de Lagoa Santa, em Minas Gerais. JOHANN BAPTISTE VON SPIX (1781 - 1826) Esteve no Brasil, entre 1817-1820, onde catalogou espécies da flora e fauna no norte de Minas Gerais. Junto com Von Martius, desenvolveu uma descrição pelos caminhos no sudeste brasileiro e indo até o Pará. Muitas áreas da depressão do Rio São Francisco foram descritas em detalhes. Fonte: Elaborado a partir de dados retirados de http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin; http://pt.wikipedia.org/ wiki/Alexander_von_Humboldt; VENTURA, 1992, p.40-48; HOLTEN & STERLL, 2011. p. 26. Fica definido até aqui o objeto da Biogeografia e sua relação com as várias ciências. Agora, apresentaremos o segundo tópico que tratará da Biogeografia enquanto ciência e seu desenvol- vimento e evolução histórica no contexto epistemológico. 1.2 Divisão da Biogeografia Ao longo dos anos, a ciência Biogeográfica passa por uma evolução em seus conceitos e descobertas de novas categorias que sustentam tanto as suas teorias quanto as suas práticas. O naturalista, geógrafo, antropólogo e biólogo britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913) escreveu, em 1876, um dos primeiros e grandes trabalhos da Biogeografia: “A distribuição geo- gráfica dos animais”. Através de seus trabalhos Wallace estabeleceu os conceitos básicos da Bio- geografia, que ainda são vigentes. Por esses motivos, Wallace é considerado o pai da Biogeogra- fia, segundo (RIOS, p.09): Alfred Russel Wallace, contemporâneo e co-descobridor com Charles Darwin da teoria moderna da evolução, também contribuiu apreciavelmente para a Biogeografia quando procedendo a um confrontode conhecimentos cada vez mais exatos da fauna e da flora do mundo que então vinham sendo rapi- damente acumulados pelos naturalistas exploradores, demonstrou como as modificações geográficas e geológicas haviam influenciado a distribuição de animais e plantas. (LEBON, 1970, p.150). Pode-se verificar que a amplitude desses conhecimentos acaba se fazendo pela necessi- dade de desenvolvê-los, assim subdividindo vários campos da própria Biogeografia. Vejamos o organograma com algumas áreas que contextualizam o pensamento clássico e atual. A Biogeo- grafia divide-se em Biogeografia Histórica; Biogeografia Ecológica e Biogeografia Econômica; Médica; Regional (relatadas, conjuntamente, nesse contexto). PARA SABeR MAIS Minas Gerais, pela sua dimensão territorial, é uma variação de relevo entre os topos de chapadas, fundos de vales e mares de morros. Apresenta uma diversidade na fauna e flora, justamente, o que buscava os naturalistas dos séculos passados. No Norte de Minas, destacam-se alguns naturalistas famosos que percorreram a região no século XIX, entre eles podemos citar: Auguste Saint Hilaire; Richard Burton; Spix e Martius (Johann Baptiste Von Spix e Carl Friedrich P. Von Martius). http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Sele%C3%A7%C3%A3o_natural http://pt.wikipedia.org/wiki/Sele%C3%A7%C3%A3o_sexual http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Medalha_Wollaston http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_Geol%C3%B3gica_de_Londres http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_Geol%C3%B3gica_de_Londres http://pt.wikipedia.org/wiki/1859 http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Geologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Mineralogia http://pt.wikipedia.org/wiki/Mineralogia http://pt.wikipedia.org/wiki/Bot%C3%A2nica http://pt.wikipedia.org/wiki/Vulc%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Geologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Climatologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Oceanografia http://pt.wikipedia.org/wiki/1781 http://pt.wikipedia.org/wiki/1826 http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_von_Humboldt http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_von_Humboldt http://pt.wikipedia.org/wiki/Naturalista http://pt.wikipedia.org/wiki/Ge%C3%B3grafo http://pt.wikipedia.org/wiki/Antrop%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Bi%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Brit%C3%A2nico 16 UAB/Unimontes - 7º Período ORGANOGRAMA 2 A Biogeografia e o pensamento clássico e atual Fonte: Elaboração própria. Na área da biogeografia histórica estudam-se temas ligados aos processos de evolução das espécies, desde a evolução da Pangea até a sua estrutura atual, bem como as vidas so- bre os continentes que dela se originaram. Para melhor compreensão desse estudo, fazemos algumas reflexões através de ques- tões problemas, como: • Aquele ecossistema sempre esteve no mesmo local? • Acontece evolução dos seres vivos em todas as áreas? • O próprio espaço físico tem “barreiras” que impedem o desenvolvimento de alguma espécie? Podemos esclarecer alguns elementos dessas questões, utilizando o termo conceitual: Vicariância ou efeito vicariante. Trata-se de um mecanismo evolutivo no qual ocorre frag- mentação de uma área biótica, separando populações de determinadas espécies. A falta de fluxo génico entre as duas subpopulações agora formadas fará com que elas fiquem cada vez mais diferentes e, mantendo-se a barreira por tempo suficiente, levará à especiação. Es- tas barreiras podem ser geográficas, como a formação de montanhas, devido ao movimento de placas tectônicas, uma falha causada pelo distanciamento de duas placas, o surgimento de um rio, etc. As barreiras também podem ser ecológicas, quando a área entre duas popu- lações torna-se imprópria para a reprodução da espécie (por exemplo, no caso de anfíbios, uma zona úmida que se torna árida devido a desertificação). Em ambientes aquáticos, eleva- ções rochosas, nos fundos de oceanos, podem separar populações de uma mesma espécie que se manterão isoladas, sofrendo todo o processo de diferenciação génica separadamente. Um exemplo de estudo atual sobre Vicariância pode acontecer em Ilhas, pois se trata de áreas completamente isoladas, onde a vida depende basicamente das relações circunvi- zinhas ou próximas. Muitas espécies acabam por desenvolver aptidões vinculadas ao local. Lembremos, aqui, do exemplo das Ilhas Galápagos estudadas por Darwin. Nelas, as barreiras são naturais fazendo assim com que muitas espécies venham “romper o seu ciclo” de ma- neira atemporal ou de dependência do espaço físico habitual. Já que essas categorias apre- sentam comunhão entre as espécies e seus espaços, relacionamos as ilhas com as dinâmicas: a- Biosfera; b- Ecossistema; c- Comunidade; d- População: e- Organismo, conforme a FIG. 3 que representa, de forma genérica, as etapas hierárquicas do sistema ecológico. Cada ele- mento seja ele biótico ou abiótico tem uma função significativa no desenvolvimento e nos processos realizados sobre a Biosfera. As dinâmicas e as interações entre as populações e as espécies complementam-se diante da “vida”. PARA SABeR MAIS “A diversidade multi- colorida é conseqüên- cia do isolamento geográfico”. Na Nova Guiné, algumas ilhas vizinhas e o noroeste da Austrália: em um passado remoto, o território habitacional das aves-do-paraíso era interligado por pontes terrestres. Foi nessas regiões isoladas entre si por montanhas e água que as aves, fies ao habitat, desenvol- verem sua diversidade. Os diferentes níveis de altitude das montanhas constituem habitats variados por espécies distintas. Fonte: Espaço Geo: Um novo mundo de conhecimento – en- carte. In: Conhecimen- to Prático Geografia - Revista Geo. Edição nº 39 Agosto/2011. p.36. http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie http://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_g%C3%A9nico http://pt.wikipedia.org/wiki/Especia%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Montanha http://pt.wikipedia.org/wiki/Placa_tect%C3%B4nica http://pt.wikipedia.org/wiki/Rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Anf%C3%ADbio http://pt.wikipedia.org/wiki/Desertifica%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano 17 Seguindo o exemplo da FIG. 3, temos no Brasil O Bioma (Cerrado); Ecossistema (Veredas); Comunidade (roedores); a População e o Organismo (indíviduo). A Biogeografia Ecológica segundo Troppmair (1995, p. 04): Estuda as inter-relações dos seres vivos com as condições geoecológicas do meio ambiente em determinado espaço. Exemplos de questões a que respon- de: Qual è a relação da água do solo com a mata de galeria? Que condições geoecológicas influem nas migrações de aves e de mamíferos? Qual a influ- ência da poluição sobre os seres vivos? A Biogeografia Ecológica, por ter um campo de preocupação e de ação mais abrangente e pelo fato de responder a grande parte das questões sobre problemas ambientais do momento, é a de maior interesse a aceitação e apresenta grande leque de pesquisas. Essa subdivisão da Biogeografia trabalha com escalas de tempo, diferenças de latitudes, continentalidade, maritimidade, barreiras geográficas e climáticas (veja a FIG. 4), conceitos já co- nhecidos da Geografia que competem e co-evoluem na Biologia. O QUADRO 2 demonstra a sua divisão e períodos históricos respectivos. ▲ Figura 3: Cada Sistema Ecológico reúne diferentes tipos de processos. Fonte: RICKELEFS ROBERT, 2003, p.10. 18 UAB/Unimontes - 7º Período QUADRO 2 Períodos da Biogeografia PeRÍOdOS OCORRÊnCIAS 1. Período Clássico É o período que compreendeu 100 anos (1760- 1860)– perío- do dos viajantes naturalistas e do predomínio das descrições florísticas e faunísticas das grandes regiões mundiais. Foi o momento de muito relato e identificação do Novo Mundo. Os registros dos viajantes foram determinantes nessa etapa do conhecimento em suas missões. 2. Período Wallaceano É o segundo período que acontece de (1860-1960), recebeu esse nome devido à influência de Wallace-Darwin e da Teoria da Evolução na explicação do endemismo (grupos de animais ou plantas que ocorrem em uma única área) e da Biogeografia regional. 3. Período Moderno Este se inicia em 1960 e em parte foi influenciado pelo desen- volvimento da Teoria da Tectônica de Placas, já mencionada e pelo desenvolvimento da Genética. Muitos outros elementos surgiram, no caso a Biogeografia Ecológica que já retratamos. Essa “nova” Biogeografia se concretiza com muitos conceitos que abrangem as relações de espaço, tempo e vida, ou seja, a vida se evolui em condições geográficas diferentes de forma diferente, conforme à adaptação. Fonte: Elaborado a partir de dados de Troppmair, 1987. Observando a FIG. 4, podemos verificar que o processo de movimentação está inserido em todas as relações, ou seja, como migração de espécies ou populações, como transporte de mate- riais de correntes de água ou de vento. Essas movimentações acabam por suprir áreas de ecossis- temas diferentes. Como exemplo, haverá troca de nutrientes de matérias de alta montanha que são carreados para a planície, constituindo assim uma interação. uma interaçuindo assins de ma- terias vovimentaçsoas Além de Vicariância, é importante também destacar outros dois conceitos que estão relacio- nados com o espaço, são eles: a dispersão e a extinção. Veja informações no Glossário. Figura 4: Diferentes partes da Biosfera estão Unidas. Fonte: RICKELEFS ROBERT, 2003, p.11. ▼ 19 Geografia - Biogeografia I A terceira subdivisão da Biogeografia engloba: a Biogeografia Regional, Econômica e a Mé- dica. A Regional é subdividia em Fitogeografia e Zoogeografia e estuda as ocorrências em uma dada região. A Econômica busca identificar o valor e aproveitamento das espécies. Podemos exemplificar calculando o preço de um reflorestamento ou mesmo de uma espécie extrativa que apresenta substância para a indústria de farmácia. Já a Médica, estuda a distribuição e as causas de ocorrência de pragas e moléstias de acordo com Troppmair (1995). 1.3 Histórico e evolução dos estudos biogeográficos A Biogeografia Científica se apresenta segundo Troppmair (1995, p.17) como: Um novo período para a Geografia Brasileira inicia-se com a fundação da Facul- dade de Filosofia da Universidade de São Paulo em 1934 e do Conselho Nacional de Geografia em 1937. Desenvolvem-se a partir dessas datas, mais intensamente, estudos de cunho científico e espírito geográfico. Teses e publicações da Geo- grafia Física sempre incluem aspectos de vegetação e da fauna. Devemos ressal- tar também que os botânicos continuam a oferecer contribuição valiosa. Não diferente do que no século passado, atualmente, pode-se também identificar o cres- cimento de muitos trabalhos científicos na área. Vejamos na citação abaixo alguns números de trabalhos publicados em áreas dentro da Biogeografia: Nos Anais dos Simpósios Brasileiros de Geografia Física Aplicada dos anos de 1997, 1999, 2003, 2005 e 2007 foram encontrados ao todo 230 trabalhos que tratavam de biogeografia. A área da Fitogeografia e as suas subcategorias apre- sentaram o maior desenvolvimento de estudos, totalizando 78 trabalhos, sendo que 45 são sobre Impactos Ambientais Associados à Vegetação, 19 tratam da Fi- togeografia pura e 14 sobre a Distribuição Geográfica. A segunda categoria com maior número de trabalhos é a Biogeografia e Recursos Naturais com 64 artigos sendo que 17 correspondem a Unidades de Conservação, 20 a Áreas Verdes em Meio Urbano e 27 tratam de Recursos Naturais. Quanto aos ramos que obtiveram resultados menos expressivos, a Biogeografia Ambiental apresentou 49 traba- lhos e a Biogeografia e Linhas Teóricas Metodológicas apresentou 37 bibliogra- fias. O ramo que teve o menor número de publicações foi a Paleobiogeografia, com apenas 2 trabalhos. (CARVALHO & GONTIJO, 2007, p.3) Com essa realidade de desenvolvimento da Biogeografia, discutiremos, a seguir, categorias de uso atual na ciência que envolve as relações entre a sociedade e o meio ambiente. Desde o processo de produção acelerada e em série imposta pela primeira Revolução Industrial e a acele- ração do desenvolvimento das cidades, deixando o campo somente basicamente para a produ- ção. Com efeito, identificamos vários problemas socioespaciais de caráter ambiental, problemas esses tanto no meio urbano quanto no rural. Depois do discurso conservacionista, na perspectiva ambientalista, verificamos que muitas políticas públicas assumiram modificações para acompanhar a rede de ações, sendo uma des- sas a Avaliação Ambiental. O conjunto da Legislação discute de forma eficaz, mas nem sempre chega a atingir bons resultados na prática. Um dos métodos de trabalhos da Geografia que está ligado diretamente aos relatórios e diagnósticos do meio físico é a Ecodinâmica: Classificação Ecodinâmica dos Meios Ambientes: Jean Tricart (1976) desenvol- ve a metodologia de classificação Ecodinâmica em: a- Os Meios Estáveis; b- Os Meios Intergrades; c- Os Meios Fortemente Instáveis; as três fazem parte da compreensão dinâmica em matéria de organização do espaço, tendo observân- cia sobre as ações humanas no meio ambiente. (TRICART, Jean apud IBGE, 1977). No contexto brasileiro, desde a Constituição de 1988, que trata do conceito de Meio Am- biente, há uma intenção de preservação e conservação de suas áreas de biodiversidade. De for- ma direta, em se tratando do governo federal, podemos observar o trabalho do Ministério do Meio Ambiente – MMA - através do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na- GLOSSÁRIO dispersão biológica: conjunto dos processos que possibilitam a fi- xação de indivíduos de uma espécie num local diferente daquele onde viviam os seus proge- nitores. Fonte: http:// pt.wikipedia.org/wiki/ Dispers%C3%A3o_ biol%C3%B3gica extinção: em biologia e ecologia é o total de- saparecimento de es- pécies, subespécies ou grupos de espécies. O momento da extinção é geralmente consi- derado sendo a morte do último indivíduo da espécie. Em espécies com reprodução sexu- ada, extinção de uma espécie é geralmente inevitável quando há apenas um indivíduo da espécie restando, ou apenas indivíduos de um mesmo sexo. A ex- tinção não é um evento incomum no tempo ge- ológico - espécies são criadas pela especiação e desaparecem pela extinção. Fonte: http:// pt.wikipedia. org/wiki/Extin%C3%A7 %C3%A3o. dICA Leia a obra “Tratado de Fitogeografia do Brasil” de Carlos Toledo Rizzini que é de fundamental importância para a compreensão da evo- lução dos biomas no país. Ela traz elementos sobre o manejo de florestas e ações que minimizam o impacto sobre as espécies. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dispers%C3%A3o_biol%C3%B3gica http://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie http://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie http://pt.wikipedia.org/wiki/Morte http://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Indiv%C3%ADduo http://pt.wikipedia.org/wiki/Sexo http://pt.wikipedia.org/wiki/Especia%C3%A7%C3%A3o 20 UAB/Unimontes - 7º Período turais Renováveis – IBAMA - e do Instituto Chico Mendes – ICMBIO. No ano de 2000 foi criado o Sistema Nacional de Unidade de Conservação – SNUC - que proporciona a criação e manejo das Unidades de Proteção Integral, como exemplo os parques e as Unidades de Uso Sustentável como as Áreas de Proteção Ambiental – APA (Estes temas também serão tratados na unidade II). Entre um parque e outro, em todo o território nacional, pode-se verificar muitos espaços descontínuos, o que proporcionaum hiato entre muitos dos Biomas. Além dessa questão é notó- ria a questão sazonal do clima no país, já que se podem constatar em todo o Brasil duas estações bem distintas, uma a seca e a outra chuvosa. A evolução do desmatamento e das queimadas, muitas vezes substituindo as Florestas Na- tivas por campos de pastagens e agricultura, acarreta grande perda da Biodiversidade. A FIG. 5 mostra períodos e áreas que sofrem essa condenação. É importante destacar que essa modifica- ção também é marcada pelo desenvolvimento urbano que não só acontece no litoral, mas tam- bém no interior do país. O caso específico é o sul da Bahia, região de Mata Atlântica que sofre ação antrópica desde o processo colonizador português que iniciou no século XVI. O uso de técnicas e de metodologias, nas pesquisas em Biogeografia, pode ser aplicado ao ensino complementando e reforçando o conteúdo. Existem muitas metodologias que são ins- trumentalizadas com equipamentos altamente sofisticados ou mesmo com simples atividades de campo. Identificaremos, aqui, alguns dos principais passos que podem ser utilizados para a investigação biogeográfica: a. descrever a área estudada: Essa descrição pode ser total ou parcial, em função dos ob- jetivos do trabalho, devem ser mensuradas para facilitar os caminhamentos. A prospecção é inicialmente realizada em laboratório, onde a consulta de documentos cartográficos an- tigos ou atuais, já informam sobre alguns aspectos físicos da área e suas formas. b. Identificar espécies: A identificação pode acontecer com registros de indivíduos, comu- nidades, populações, nichos, e suas quantidades em um determinado espaço. Usa-se o método de taxonomia, que permite de forma padronizada e esclarecedora uma linha de organização científica. c. Relacionar as espécies com outras áreas: Essa relação entre dados coletados requer muito tempo e conhecimento da taxonomia, consiste em “garimpar” elementos comuns e diferentes entre as espécies pesquisadas, o que possibilita novas descobertas no cenário científico. d. Identificar as Migrações: Assim como as dispersões, os processos migratórios devem ser identificados ou por períodos ao longo do ano, ou por quantidade de populações e indivíduos, por necessidades de alimento ou mero comportamento (etologia). e. Mapeamento: É uma etapa que se vincula a inúmeras outras condições de estudo. O mapeamento é uma representação cartográfica básica. Os mapeamentos Fitogeográficos e Zoogeográficos devem ser apresentados em 5 aspectos, conforme Troppmair (1995, p. 226-227): Figura 5 - Extinção da Biodiversidade. Fonte: RICKELEFS RO- BERT, 2003, p. 451. ► PARA SABeR MAIS Na linguagem simbóli- ca, nas ciências bioge- ográficas, sucedem-se termos para designar “ilhas” de vegetação aparentemente anôma- las, identificadas nos corredores de grandes domínios morfoclimá- ticos e fitogeográficos. Entre tais expressões conceituais, podem- -se listar quatro mais comuns: relictos, encla- ves, redutos e refúgios. O mais singelo desses termos é, certamente, a expressão relicto, aplicada para desig- nar qualquer espécie vegetal encontrada em uma localidade espe- cífica e circundada por vários trechos de outro ecossistema, de acordo com AB’SABER, Aziz Nacib. Os domínios de natureza no Brasil: po- tencialidades paisagís- ticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003, p.145. 21 Geografia - Biogeografia I 1. Cartas de inventário: representam levantamentos de espécies vegetais e/ou animais que ocorrem em determinado espaço associados às condi- ções ambientais reinantes. Esses mapas ou cartas são importantes para a avaliação das potencialidades bióticas de espaços (Sauvage, 1980). 2. Cartas da dinâmica populacional: representam a expansão ou retrata- ção do espaço ocupado por apenas uma espécie ou toda uma geobio- cenose. Sua importância reside na possibilidade de avaliação das suces- sões bióticas no espaço e no tempo. 3. Cartas de vulnerabilidade: representam os parâmetros que devem ser respeitados para não ocorrerem alterações drásticas que afetem ou mesmo eliminem espécies da flora e fauna. Sua importância reside em representar a sensibilidade das geobiocenoses e manejo adequado dos sistemas bióticos. 4. Cartas de impactos ou alterações: representam o grau de interferência antrópica em geobiocenoses. Através das 4 classes propostas por Jalas (1965), hemeoróbio ou ecossistema natural, oligohemeoróbio ou ecos- sistema mais natural que artificial, mesohemeoróbio ou ecossistema mais artificial que natural, e euhemeoróbio ou ecossistema artificial, podemos assim avaliar as alterações ambientais causadas pela ação do homem. Essas cartas representam o grau de interferência humana e per- mitem a avaliação de impacto. Esse tipo de carta ganha atualmente im- pulso face à sua importância nos estudos ambientais. 5. Cartas temáticas e/ou especiais: representam determinado aspecto da biosfera como fenologia de espécies vegetais, migração de animais, as- pectos bióticos e abióticos. O uso de mapas para registrar as representações em diversas escalas dos eventos bioge- ográficos é altamente representativo principalmente em acontecimentos regionais ou mesmo continental. Em alguns mapas são utilizados a semiologia de pictogramas (ex: a figura do ani- mal), situado sobre o mapa em referência. f. Montar estações de observações e coletas: Para a realização de experiências compor- tamentais de algumas espécies é necessária a montagem de estações de coletas. Algumas dessas são em solo firme (chão); outras subterrâneas (em dutos do solo ou mesmo cavida- des-cavernas) e/ou aéreas (em bases sobre as copas das árvores). Os instrumentos de cole- tas são designados para cada função, seja capturas, observações ou medições e solturas. g. O Transcecto: O transcecto é uma metodologia que utiliza elementos da Cartografia, Bio- logia e Geografia. Trata-se de um perfil longitudinal onde são observados os pontos de coletas do trabalho desenvolvido (ex: quantidade de espécies por metro ao longo do per- fil). Observe o exemplo de um Transcecto na FIG. 6. Os transcectos são comuns na Biogeografia, pois é representação demonstrativa de uma grande área. h. Global Positioning System – GPS (Sistema de Posicionamento Global): Na atualidade o uso do GPS acontece em grande escala já que a Cartografia trabalha com Geoproces- samento, Sensoriamento Remoto ou Sistema de Informação Geográfica – SIG. Para os es- tudos da Biogeografia essa ferramenta é de fundamental importância na localização dos fenômenos da superfície terrestre. Seu uso também se restringe em pequenas áreas onde algumas espécies distribuem ou são endêmicas. Mostraremos, no QUADRO 3, as funções, análise de dados e suas vantagens, ao se trabalhar com GPS. 22 UAB/Unimontes - 7º Período QUADRO 3 Diferenças entre Sistema de Informação Geográfica e Atlas Digital SIG ATLAS dIGITAIS Funções Entrada de dados, manipulação, análise e saída de informações. Análise e representação ou comunica- ção da informação espacial. Interface ao usuário Complexa Fácil Usuário Especialista Não especialista Tempo de processamento Longo Curto Controlado por Usuário Autor Foco principal Manipulação e análise dos dados Visualização ou comunicação carto- gráfica. Dados Brutos Editados Meio de Saída Tela/Papel Tela/Papel Fonte: Elaborado a partir de dados de Nicolas et al. 2001, p. 900. Figura 6: Demonstra as tipologias vegetacionais, potencias contempladas pelo transcecto, originando o Perfil Geoecológico. Fonte: MIKOSIK, 2008. ► 23 Geografia - Biogeografia I Segundo Rosa (2009, p. 246): O GPS nasceu para obter a posição geográfica de uma entidade (elemento da superfície da Terra) com velocidade e exatidão altas a ponto de provocar a maior revolução que a Geodésica (ciência que se ocupa das medições sobre a fase da Terra) já experimentou. Assim, o uso do GPS em atividades de GIS veio a co-existir de forma cada vez mais interdependente. i. Aulas de Campo: As aulas em Biogeografiatambém devem complementar as atividades extraclasse. O trabalho de campo é fundamental não só na interação entre a teoria e a prática, bem como na relação direta do discente com o meio ambiente fazendo inferên- cias e observações, como exemplo as coletas. j. Caminhadas: Essas acontecem em campo com roteiros antecipadamente determinados para seus objetivos. A estrutura morfológica do discente deve ser levada em conta, ten- do em vista sua capacidade física no percurso a ser desenvolvido. k. desenho: A arte de desenhar vem desde os trabalhos desenvolvidos pelos naturalistas. Através dessa representação trata de identificar espécies com o mais fiel “traço”, usa-se, às vezes, a aquarela para colorir. l. Fotografia; Filmagens e Gravações: A arte de fotografar em trabalhos de campo é um registro que configura o momento exato do fenômeno, assim como a filmagem. As len- tes de aumento proporcionam uma leitura mais aproximada do objeto pesquisado assim como os movimentos. Atualmente, existem câmeras que são utilizadas pelo pesquisador ou que são deixadas em campo e funcionam a partir de sensores que agem na presen- ça de espécies. Por exemplo, trabalhos são realizados com gravações sonoras de aves. O meio digital tem facilitado todo esse trabalho e criado mecanismos de registros cada vez mais apurados tecnologicamente. m. exsicatas: Exsicata é uma amostra de planta prensada que em seguida é desidratada em uma estufa (herborizada). Fixada em uma cartolina de tamanho padrão e acompa- nhada de uma etiqueta ou rótulo contendo informações sobre o vegetal e o local de coleta, para fins de estudo botânico. Exsicatas são normalmente guardadas num her- bário. As coletas de vegetais para a realização desse processo de “desidratação” devem seguir algumas normas de segurança para retirada dos materiais, já que são utilizados equipamentos cortantes. De maneira geral, em espécies pequenas coleta-se o material completo(inclusive raízes). n. Coletas: Atualmente as coletas apresentam normas específicas. Deve-se dar total aten- ção à Legislação vigente, já que estamos trabalhando com bem da União. É importante que se faça solicitação aos órgãos competentes em cada área de atuação, muitos órgãos já possuem formulários próprios para registros dos pesquisadores. Todos esses usos de materiais e técnicas configuram uma metodologia para melhores re- sultados das atividades em seu ambiente. Por fim, descreveremos algumas relações teóricas que as categorias geográficas apresentam com as nomenclaturas em uso cotidiano. A “paisagem” é comumente utilizada, retratando de maneira geral o espaço estudado. No entanto, existem também especificações paisagísticas próprias, destacando-se por sua fi- sionomia e fisiologia. O “território” se enquadra no limite e nas fronteiras de cada espécie em relação a sua área de manifestação. A transição é muito abordada quando se designa a passagem de um para outro terreno. A “região” merece destaque nas leituras Biogeográficas, apresentando grandes áreas continentais, altamente expressivas em escala. O “lugar” sugere a topologia, sendo o nicho ecológico de várias espécies. Concluindo essa unidade, apresentamos as bases teóricas para o conhecimento e enten- dimento da Biogeografia http://pt.wikipedia.org/wiki/Plantae http://pt.wikipedia.org/wiki/Herb%C3%A1rio http://pt.wikipedia.org/wiki/Herb%C3%A1rio 24 UAB/Unimontes - 7º Período Referências CARVALHO, Carla Juliana Aguiar de & GONTIJO Bernardo Machado. A Biogeografia brasileira no âmbito de trabalhos publicados nos Simpósios de Geografia Física no período de 1997 a 2007. disponível em: http://www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/trabalhos_comple- tos/eixo5/004.pdf. Acesso em: 07 set. 2011. LEBON, J.H.G. Introdução à Geografia Humana. Tradução de Christiano Monteiro Oiticica. Cole- ção - A Terra e o Homem - Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1970. MARTINS, Celso. Biogeografia e ecologia. 5. ed. São Paulo: Nobel, 1985. ODUM, Eugene P. ecologia. Traducido al español por el Sr. Carlos Gerhard Ottenwaelder.Tercera edición. Edicion Revolucionaria, 1986. RAMOS, Cristhiane da Silva. Visualização cartográfica e cartografia multimídia: conceitos e tecnologias. São Paulo: Editora UNESP, 2005. RICKLEFS,Robert E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2003. RIOS, Ricardo Bahia. Licenciatura em Geografia – Biogeografia. Faculdade de Tecnologia e Ciências - FTC. Educação a Distância - EaD.1. ed. Disponível em: www.ftc.br/ead. ROSA, Roberto. Introdução ao sensoriamento remoto. 7. ed. Uberlândia: EDUFU , 2009. TROPPMAIR, Helmut. Biogeografia e Meio Ambiente. 4. ed. Rio Claro: Impresso Graf-Set, 1995. WOOLDRIDGE, S.W; EAST W. Gordons. espírito e propósitos da Geografia. Tradução de Tho- maz Newlands Neto. Coleção - A Terra e o Homem. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967. http://www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/trabalhos_completos/eixo5/004.pdf http://www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/trabalhos_completos/eixo5/004.pdf http://www.ftc.br/ead 25 Geografia - Biogeografia I UnIdAde 2 A biosfera e os seres vivos Introdução Como já vimos anteriormente, a Biogeografia assume, em seus objetivos, uma posição de destaque ao estudar os seres vivos, analisando sua participação nas estruturas, nas inter-rela- ções e nos processos dos geossistemas numa visão sistêmica têmporo- espacial (TROPPMAIR, 1987). Nesta perspectiva, a biosfera se torna o palco onde a dinâmica do ciclo da vida acontece e se transforma. As condições que favoreceram o surgimento da vida no planeta, presentes na biosfera, foram responsáveis pela enorme biodiversidade e, consequentemente, por suas transformações. A necessidade de entender a origem da vida no planeta e todo o seu funcionamento esti- mulou a humanidade a pesquisar e levantar diversas hipóteses e teorias que auxiliaram no aper- feiçoamento destas possíveis respostas. Ao longo dos estudos biogeográficos, os seres vivos foram classificados pelas suas semelhanças e agrupados em grandes reinos da natureza e em regiões biogeográficas, permitindo um estudo detalhado que proporciona, gradativamente, o conhecimento das “engrenagens” vitais de cada espécie. O estudo da biosfera é de fundamental relevância para a Biogeografia, pois nela se concen- tram os diversos ecossistemas e ao estudá-los adotamos estratégias para conservação da biodi- versidade. Nesta segunda unidade, trataremos da caracterização de toda a biosfera, engloban- do os seres vivos, suas classificações e os fatores da biogeografia que proporcionam às espécies suas características e interações atuais. As subdivisões temáticas, para esta unidade, se organizam da seguinte forma: 1.1. A Bios- fera, definição, formação, seus limites, suas reservas e as questões socioambientais; 1.2. A clas- sificação geral dos seres vivos pela Biologia e Geografia, bem como o agrupamento de espécies em grandes regiões biogeográficas no planeta; e 1.3. Fatores determinantes da Biogeografia, em que são apresentados os principais daqueles que influenciam na distribuição das espécies e na vida de maneira geral. 2.1 A Biosfera A definição da biosfera (do grego Bios = vida e Sfaira = esfera; “esfera da vida”) foi ampla- mente discutida por diversas pesquisas e estudiosos ao longo da evolução dos estudos bioge- ográficos, apresentando suas multíplices abordagens de difícil conceituação. Também denomi- nada de “teia da vida”, é formada pela junção de três esferas: a litosfera, atmosfera e a hidrosfera. dICA Leia o livro “A teia da vida” de Fritjof Capra. Neste livro, Capra descreve os inter- -relacionamentos e as interdependências entre fenômenos psico- lógicos, biológicos, físicos, sociais e cultu- rais, propiciando uma síntese das descobertas científicas recentes. 26 UAB/Unimontes - 7º Período É exatamente nesta porção do planeta, representada pela união indissociável entre as de- mais esferas (FIG. 7), que se dá a atuaçãoda Biogeografia. Segundo Ramade (1977), a biosfera é a “região” do planeta que compreende o conjunto de todos os seres vivos e na qual se faz possível sua existência. A biosfera é considerada ainda como uma tênue, frágil e complexa camada onde é possível a existência e interação entre os seres vivos. Tênue, porque é uma “estreita” parcela do planeta onde se podem apresentar as variadas formas de vida; frágil, porque qualquer desequi- líbrio em suas estruturas e esferas pode afetar a vida como um todo; e complexa, porque a vida se apresenta de forma enigmática desde sua origem até suas transformações. Até o momento atual, novas descobertas e novas teorias constroem ou desconstroem afirmativas sobre a origem e manutenção da vida no nosso planeta. A complexidade que envolve o conceito de biosfera reside na interdependência dos fato- res bióticos e abióticos presentes na hidrosfera, litosfera e atmosfera. A palavra “complexo” vem do latim complexus que significa “o que está tecido junto”, indica aquilo que abrange vários ele- mentos ou partes, transmitindo, desta forma, a ideia de tecido, rede ou teia (MORIN, 1996). Este emaranhado de fatores interdependentes proporciona à vida, tanto animal quanto vegetal, no planeta. De maneira geral, pode-se dizer que a biosfera é a parte do planeta Terra onde se en- contram os seres vivos. Ela compreende a superfície terrestre e a porção inferior da atmosfera, prolongando-se até o fundo dos oceanos. Para Troppmair (1987, p. 21) a biosfera, é ocupada de forma contínua, pois mesmo nos desertos quentes e frios ou nas grandes profundezas dos oceanos há vida. As geobiocenoses formam um mosaico na superfície terrestre, existindo áreas com altas concentrações de vida como as florestas equatoriais, enquanto em outras, como nos desertos e pólos, a vida é rarefeita. Fisicamente, além da hidrosfera (água, ambiente líquido), atmosfera (camada de gás que en- volve a Terra como o ar e seus componentes) e a litosfera (parte sólida da terra acima do nível das águas, como as rochas e o solo) a biosfera depende da fonte de energia que é o sol. A ener- gia solar possibilita a existência da vida no planeta da maneira pela qual a percebemos. Essas características nos permitem considerar que a biosfera é única no universo, sendo a vida, exclu- sividade do planeta até onde a conhecemos. A energia solar é distribuída de forma variada pela superfície da Terra, em face de fatores geográficos como altitude, latitude, distribuição das águas e terras, influi nos sistemas climáticos e, consequentemente, nos demais elementos abióticos, mas interfere principalmente no meio biótico (TROPPMAIR, 1987, p. 21). Figura 7: A Biosfera Fonte: Disponível em: http://www.grupoes- colar.com/materia/biosfe- ra.html. ► http://www.grupoescolar.com/materia/biosfera.html http://www.grupoescolar.com/materia/biosfera.html http://www.grupoescolar.com/materia/biosfera.html 27 Geografia - Biogeografia I Essa complexa teia de elementos interdependentes se revela em um grande conjunto de comunidades terrestre e aquática. Desta forma, torna-se de grande relevância o entendimento da biosfera como um sistema dinâmico e suas interdependências, bem como suas relações, fun- cionamento e evolução para os estudos biogeográficos. Essa interdependência dos elementos que compõem a biosfera torna as ações do ser hu- mano no planeta ameaçadoras. Isto porque o homem, na atualidade, vem alterando significa- tivamente os ecossistemas e suas dinâmicas na Terra. O conceito de ecossistema foi utilizado pela primeira vez na década de 1934, pelo ecólogo britânico Arthur Tansley, quando passou a denominar um ambiente específico povoado por seres vivos e o conjunto destes seres vivos que povoam este mesmo ambiente, de “ecossistema”. Desta maneira, os ecossistemas são unidades dinâmicas e interdependentes da biosfera. Cada uma destas unidades, em função de suas espe- cificidades resultantes das combinações entre os elementos bióticos e abióticos (água, ar, solo, energia do sol) apresentam manifestações distintas de vida, constituindo, desta forma, diferen- tes ecossistemas. A presença humana e suas atividades atribuem características adicionais aos ecossistemas naturais, sejam nos ecossistemas urbanos ou nos agroecossistemas. Na biosfera, todos os seres vivos dependem mutuamente uns dos outros, consolidando um sistema onde cada elemento contribui para a permanência da vida dos demais. 2.1.1 Formação da biosfera A formação da biosfera está diretamente ligada à origem da vida a partir dos processos fí- sico-químicos na formação do planeta Terra. A humanidade desde o princípio busca explicar a origem do universo, do sistema solar, de onde viemos, para onde vamos, ou se há vida além do nosso planeta e visando suprir esta necessidade de respostas, várias teorias se dedicaram às explicações. Entre elas, podemos citar três: a teoria do Big Bang que afirma que a Terra se origi- nou de uma grande explosão seguida de expansão contínua; a teoria do Oscilamento que em- bora semelhante à teoria do Big Bang, contraria a expansão contínua, acreditando que em um futuro haverá um processo de decontração, retração, tornando a explodir e concluindo um ciclo e a teoria Criacionista que explica a formação do universo e da vida a partir de Deus. A teoria mais aceita pelos cientistas é a do Big Bang e, conforme demonstrada na ilustração abaixo, a Terra era uma enorme “bola de fogo” a mais de três milhões de anos atrás, com ativida- de vulcânica intensa (FIG. 8). Figura 8: A formação da Litosfera. Fonte: Disponível em: http://www.slideshare.net. ▼ http://www.slideshare.net 28 UAB/Unimontes - 7º Período A intensa atividade vulcânica, de liberação de gases e vapores levou à formação da atmos- fera, permitindo a retenção de calor no planeta proveniente do sol. A solidificação da superfície terrestre foi um processo lento e os gases e vapores emanados, associados à condensação deste, provocaram chuvas torrenciais que duraram séculos. Esse grande dilúvio originou a hidrosfera e nela o aparecimento das primeiras formas de vidas aquáticas. Seja qual for a teoria, é inegável os processos químicos, físicos e biológicos que permitiram a vida no planeta. Portanto, a biosfera surge com a formação da Terra, calculada em aproximada- mente 4,5 a 5 bilhões de anos. Em análises de rochas sedimentares antigas (3,5 bilhões de anos) foram detectados microfósseis de organismos como bactérias, significando que em apenas 1 bi- lhão de anos após a origem do planeta, já existia aqui alguma forma de vida primitiva. Houve um longo processo de evolução até a atualidade, como é possível visualizar na FIG. 9 da escala geo- lógica do tempo, e a síntese dos seus principais acontecimentos: A era pré-cambriana ou era primitiva é marcada pela formação dos escudos cristalinos, pe- las rochas magmáticas, primeira glaciação e pela presença de vida unicelular. Na era Paleozóica houve a formação das rochas sedimentares e metamórficas, formação das grandes florestas e origem de bacias carboníferas. Ocorreram ainda, nesta mesma fase, glaciações e o surgimento da Pangéia, assim como de peixes, vegetais, insetos e répteis. A era Mesozóica ou secundária, ocasião em que houve a fragmentação da Pangéia em Laurásia e Gondwana, foi marcada tam- bém pelo aparecimento dos grandes répteis. Na era Cenozóica, quando acontecem os dobra- mentos modernos, surgem os mamíferos e os seres humanos. Figura 9: Escala geológica do tempo. Fonte: Disponível em: http://www.grupoescolar. com/materia/biosfera. html. ▼ http://www.grupoescolar.com/materia/biosfera.html http://www.grupoescolar.com/materia/biosfera.html http://www.grupoescolar.com/materia/biosfera.html 29 Geografia - Biogeografia I 2.1.2 Limites da biosfera O limite superior da biosfera, na atmosfera, é a camada de ozônio que está delimitada cerca de 15 quilômetros de altitude. Esta camada é responsável pela proteção dos seres vivos, da radia- ção ultravioletaemitida pelo sol e, por isso, é alvo de muitos esforços para preservá-la. Na figura 09, estão representados os limites da biosfera, tanto superior quanto inferior. Se analisarmos o limite superior, perceberemos, um pouco abaixo da camada protetora, a presença de vida como os esporos e pólen suspensos no ar, assim como presença de algumas aves migratórias. A variedade de vida vai aumentando na faixa central, onde as condições físico- -químicas são mais favoráveis. Como podemos visualizar na FIG. 10, o limite inferior da biosfera é considerado desde al- guns centímetros do solo, até o fundo dos oceanos, chegando a atingir aproximadamente onze quilômetros de profundidade. Teoricamente, este limite é definido até onde foi possível detectar a presença de vida seja animal ou vegetal. 2.1.3 Reservas da Biosfera As reservas da biosfera são áreas de ecossistemas terrestres e ou marinhos, demarcadas por sua importância mundial para a biodiversidade. Estas reservas têm como objetivos básicos a pro- teção/preservação da biodiversidade, monitoramento ambiental, pesquisas científicas e melho- ria da qualidade de vida das populações. É um modelo internacionalmente adotado de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, reconhecido pelo Programa Man and Biosphere (Homem e Biosfera) da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cul- tura – UNESCO. Figura 10: A biosfera e seus limites. Fonte: Disponível em: http://faqbio.blogspot. com. ▼ dICA Conheça mais sobre a biosfera através dos sites: http://www. biosfera.org.br e proje- tobiosfera.com; http:// www.biosferatv.com.br e http://www.unesco. org. http://faqbio.blogspot.com http://faqbio.blogspot.com http://www.biosferatv.com.br http://www.biosferatv.com.br http://www.unesco.org http://www.unesco.org 30 UAB/Unimontes - 7º Período O Programa Man and Biosphere (MaB) surgiu em 1968 como produto da “Conferência so- bre a Biosfera” realizada pela UNESCO e posto em prática a partir de 1971, visando a cooperação científica entre os países acerca das interações entre o ser humano e o meio ambiente. Nestas in- terações são analisadas e debatidas as situações que envolvem as questões biogeográficas, bio- climáticas, socioeconômicas, culturais e ambientais. No Brasil, foi instituído no ano de 2000, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, que é responsável por estabelecer e reger os critérios e normas para a criação, implan- tação e gestão de unidades de conservação. Conforme o SNUC (2000), uma reserva da biosfera é constituída por: 1. Uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza; 2. Uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não resul- tem em dano para áreas-núcleo; 3. Uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação e o manejo dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo participativo e em bases sustentáveis. Conforme apresentadas na FIG. 11 do zoneamento de uma Reserva da Biosfera: Uma reserva da biosfera é constituída a partir destes zoneamentos básicos: 1- Zona de Nú- cleo; 2- Zona Tampão ou de amortecimento e 3 – Zona de Transição, como é possível observar na figura anterior. A Zona Núcleo tem seu foco na proteção maciça da biodiversidade, nela estão inseridas as áreas de proteção integral, como as estações ecológicas e parques. A Zona Tampão ou amorteci- mento funcionam como um cinturão em torno da Zona Núcleo e tem, entre outras, a função de amortecer os impactos ambientais sofridos neste entorno. As Zonas de Transição contornam as Zonas de amortecimento e núcleo. Nesta área, são enfocados os trabalhos socioambientais com as populações residentes, educação ambiental e familiarização da sociedade com a Reserva da Biosfera (FIGUEIREDO, 2011). Atualmente, em 107 países existem cerca 553 reservas da biosfera, superando uma área de 280 milhões de hectares (UNESCO, 2010). A maioria das áreas ambientais protegidas no mundo se localiza nos países economicamente mais pobres. Este fato é gerador de conflitos socioam- bientais pelo mundo e está sendo o cerne dos debates do que se convencionou chamar de “pro- blemática ambiental” ou “questão ambiental” na atualidade. O Brasil possui uma das biotas mais notáveis do mundo e, por isso, dentro das reservas da biosfera brasileira foram estabelecidas as Unidades de Conservação em áreas prioritárias. Conforme o Instituto Chico Mendes de Con- servação da Biodiversidade – ICMBio - no Brasil, a soma das áreas de unidades de conservação (áreas protegidas por lei) sejam federais, estaduais e ou municipais é de aproximadamente 100 milhões de hectares . As discussões em torno da qualidade de vida e da conservação dos recursos naturais par- tem do princípio de que as intervenções contra a pobreza em determinados países, quando não considerada a necessidade da proteção ambiental, tendem ao fracasso. Da mesma forma, e em contrapartida, garantir o equilíbrio ambiental através de restrições do uso e apropriação da na- tureza pelo homem, não necessariamente garantirá a qualidade de vida e do meio ambiente (FIGUEIREDO e NEVES, 2010). O ser humano faz parte do meio ambiente, desta forma, intensifi- Figura 11: Zoneamento de uma Reserva da Biosfera. Fonte: Disponível em: http://rbse-unesco.blogs- pot.com. ► http://rbse-unesco.blogspot.com http://rbse-unesco.blogspot.com 31 Geografia - Biogeografia I cam-se cada vez mais os esforços para as mediações de conflitos, para a educação ambiental e desenvolvimento sustentável. De acordo com a UNESCO (2010), o Brasil aderiu ao Programa Man and Biosphere em 1974, criando a Comissão Brasileira do Programa Homem e Biosfera. A rede brasileira de reservas da bio- sfera somente foi organizada em 1995 e é regida atualmente pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA. Aproximadamente, foi definida uma reserva da biosfera para cada bioma brasileiro. Ou seja, das 553 grandes reservas da biosfera existentes no mundo, o Brasil abriga seis: Amazônia Central; Mata Atlântica (incluindo o Cinturão Verde da cidade de São Paulo); Caatinga; Cerrado; Pantanal e mais recentemente foi reconhecida pela UNESCO a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, no ano de 2005. Todas estas reservas são de grande importância para a biodiversidade do Brasil e do mundo. A maneira com que a sociedade moderna tem tratado as questões ambientais evidencia a relevância da educação ambiental e urgente mudança de postura. O ensino da biogeografia transcende à mera apresentação de conceitos e definições dos elementos bióticos e abióticos. Numa perspectiva cada vez mais multidisciplinar, ele deve inte- ragir com o espaço de vivência do discente, promovendo reflexões, análises e transformações dentro de uma visão crítica-participativa, ou seja, de investigação-ação. É por meio desta postura educacional, que os docentes poderão desenvolver, de forma efetiva, a Educação Ambiental crí- tica e emancipatória. 2.2 A classificação geral dos seres vivos Você seria capaz de imaginar a quantidade e diversidade de seres vivos presentes na bios- fera? Agora imaginemos estudar cada exemplar isoladamente, seria extremamente complicado, daí a necessidade científica de catalogar e classificar os seres vivos das mais variadas maneiras, permitindo o conhecimento específico de cada ecossistema e espécies (FIG. 12). Ao longo da evolução dos estudos biogeográficos e da botânica sistemática, milhares de espécies e suas regiões geográficas foram identificadas e analisadas, permitindo, através da clas- sificação um melhor entendimento de suas atuações, interações e desenvolvimento dentro de determinado ecossistema. A quantidade de espécies, seja animal ou vegetal, no mundo, aumenta significativamente em direção à região equatorial e diminui para os polos. Mas o que explicaria
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