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Documentação de Acervo MuseológicoAcessibilidade em Museus Sumário Módulo 3 – Difusão das Informações ......................................................................3 Pré-requisitos para um bom Sistema de Documentação Museológica ............... 4 Pesquisa e Divulgação nos Museus ........................................................................ 6 Sistema DONATO/SIMBA ......................................................................................... 9 Encerramento do curso ..........................................................................................15 3 Módulo 3 – Difusão das Informações Chegamos ao terceiro e último módulo. Veremos agora o processo de difusão das informações, contemplando a recuperação, a pesquisa e a divulgação dos objetos nos museus. Um sistema de informação tem por finalidade coletar, processar, armazenar, recuperar e transmitir informações, dentro de um contexto ou tema, para um determinado usuário ou até mesmo outro sistema. Quando falamos em informação associada a museus, logo nos vêm à mente, por ló- gica, os objetos constituintes do seu acervo, quer estejam em exposição ou não. Entretanto, surge uma pergunta: como gerir tamanha gama de informações associa- das a eles? É aí que entra em cena, o sistema de Documentação de acervos museológicos. Um sistema de Documentação satisfatório deve apresentar, na sua estrutura de pro- cessamento, etapas básicas, como: entrada, classificação, catalogação e indexação. Ok, temos a informação, porém como buscá-la ou recuperá-la dentro desse sistema? A resposta é: o metadado. É muito comum, ao explicar o que é um metadado, alguém simplificar dizendo que é o dado de um dado, mas como compreender o dado de um dado? Em um ambiente virtual, os metadados podem ser compreendidos como sendo os instrumentos capazes de realizar a busca e a recuperação de informações, ou seja, de forma simplificada, o metadado é a pergunta que se faz ao sistema. Na atualidade, a linguagem mais difundida na web, para troca de informa- ções - metadados entre museus, é a XML (Extensible Markup Language), em português: Linguagem Extensível de Marcação Genérica. A linguagem em formato XML é compatível com programas, softwares, que geram e editam planilhas, sendo um dos mais conhecidos, o Office Excel. Importante 4 Pré-requisitos para um bom Sistema de Documentação Museológica O primeiro pré-requisito é o entendimento de que a documentação, “mais do que um conjunto de informações sobre cada item da coleção, é um sistema composto de partes inter-relacionadas que formam um todo coerente, que intermedia fontes de informação e usuários” (FERREZ, 1994). É um sistema que se estrutura em função de atender a um objetivo: as necessidades de informação de seus usuários (internos e externos). Portanto, a documentação não tem fim em si mesma, ela é um instrumento essencial para todas as atividades do museu, inclusive as administrativas. Enquanto sistema de recuperação da informação, outros pré-requisitos também devem ser observados: Clareza e exatidão As informações sobre os objetos devem ser claras, exatas e as mais completas pos- síveis. Não podem existir “informações de boca”: tudo deve ser documentado no sis- tema. Ferrez cita um exemplo: “Um objeto catalogado como brasão, feito de madeira, e pertencente ao donatário de uma das capitanias hereditárias do Brasil colonial. Ao perguntarmos sobre essa raridade do século XVI, fomos informados de que se trata- va de uma réplica recentemente adquirida. Esse pequeno dado, que muda substan- cialmente a qualidade do objeto, não estava registrado no sistema”. Como podemos observar, a falta de exatidão na inserção dos dados no sistema pode gerar interpre- tações equivocadas em relação ao tratamento do objeto, levando a outras falhas em efeito cascata. Definição dos campos Definição dos campos de informação que irão compor a base de dados do sistema. “O sistema não só deve poder abrigar um número ilimitado de campos de informação, como esses precisam ser definidos de acordo com a estrutura informativa dos objetos e com as necessidades de informação de seus usuários”. (FERREZ, 1994). Exemplos: número de identificação do objeto, seu nome, procedência, material e técnica, local e data de produção, autor ou fabricante, histórico, etc. 5 Consenso sobre normas Consenso de normas e procedimentos. Regras, rotinas e práticas de controle de entrada e saída de objetos, de registro, classificação, catalogação devem ser consenso e plenamente adotadas por todos os funcionários. “Regras e rotinas bem definidas são a garantia do fácil acesso e manutenção do sistema e devem estar consolidadas em manuais” (FERREZ, 1994). Controle de terminologia Definidos os campos de informação, a entrada de dados, além de clara, deve ser nor- malizada, com terminologia controlada. Isso impede que informações relevantes se- jam perdidas porque vários termos foram usados para designar uma mesma coisa. Ela se dá por meio de vocabulários controlados, que variam desde simples listas au- torizadas de termos até instrumentos mais sofisticados, como o Tesauros. Exemplo: vocês lembram da boneca de pano que entrou no museu? Se a nossa nova boneca foi catalogada como “bruxinha” ou “marionete”, sendo que as demais bonecas com- ponentes da coleção foram catalogadas como “bonecas de pano”: a recuperação da informação ficará prejudicada em razão do não uso de controle de terminologia – vo- cabulário controlado. Catálogos É o instrumento geral do museu, que contém as fichas catalográficas de cada um dos itens da coleção. Como o catálogo geral é acessado pelo número do objeto e o pesquisador nem sempre o tem, ele deve estar associado a outros catálogos que possibilitem o rápido acesso às informações. Exemplo: catálogo de autor, de doador, de material, de técnica, de local de produção, etc. Isso pode ser feito de forma manual (analógica), ou de forma estruturada dentro dos sistemas informatizados de docu- mentação. Numeração dos objetos Por mais sofisticado que seja um sistema de documentação, ele se torna completa- mente inoperante se os objetos perderem seu número de identificação. O número é a ponte entre o objeto e as suas informações, portanto, a perda do número caracteriza o risco de dissociação, como vimos anteriormente neste curso. 6 Segurança da documentação Na manutenção do sistema, deve estar prevista a segurança da documentação. A destruição das informações, sobretudo as de natureza extrínseca, pode significar perda irreparável da história e da identificação dos objetos. Aqui se revela a importân- cia de os museus manterem cópias de segurança em backups de seus sistemas de documentação, em diferentes plataformas (analógicas e digitais) e espaços, inclusive fora do museu. Pesquisa e Divulgação nos Museus A dimensão da pesquisa é fundamental no cotidiano do museu, pois perpassa várias de suas atividades. A pesquisa faz parte do tripé de funções básicas que devem ser desenvolvidas por uma instituição interdisciplinar como um museu: preservação, pesquisa e comunicação. Para preservar o acervo e disponibilizar informação para seus públicos, o museu necessita conhecê-lo em profundidade, o que exige uma atividade prévia de pesquisa sobre o acervo musealizado e sobre a temática própria do museu. Conforme preconiza a Lei n° 11.904/2009, a pesquisa em museus é fundamental para o desenvolvimento das ações em todas as áreas da instituição. Deste modo, as pesquisas não se dedicam apenas ao atendimento de questões específicas ou pontuais sobre o acervo, tratando-se de algo bem maior, fundamental e norteador para a própria existência da Instituição. 7 Lei n.º 11.904/2009: Art. 28. O estudo e a pesquisa fundamentam as ações desenvolvidas em todas as áreas dos museus, no cumprimento das suas múltiplas compe- tências. § 1º O estudo e a pesquisa nortearão a política de aquisições e descartes, a identificação e caracterização dos bens culturais incorporadosou incor- poráveis e as atividades com fins de documentação, de conservação, de interpretação e exposição e de educação. § 2º Os museus deverão promover estudos de público, diagnóstico de participação e avaliações periódicas objetivando a progressiva melhoria da qualidade de seu funcionamento e o atendimento às necessidades dos visitantes. Legislação A pesquisa é um dos programas do Plano Museológico, ferramenta básica de plane- jamento estratégico em museus, e pode ser desenvolvida por duas vertentes: uma interna e outra externa. A primeira se refere às pesquisas para suprir as próprias necessidades do museu, destinando-se a gerar informações acerca do seu acervo e da sua temática. Os re- sultados obtidos são disponibilizados para os visitantes, por meio de exposições de longa duração, curta duração, itinerantes e virtuais, atividades educativas e culturais, publicações, páginas eletrônicas e outros meios. Incluem-se nesse tema as pesqui- sas sobre os públicos do museu, destinadas a gerar informações sobre os diversos frequentadores e usuários, para que o museu estabeleça meios de comunicação e interação adaptados para cada um dos perfis do seu público. A segunda vertente é desenvolvida pelo atendimento a pesquisadores e instituições externas, servindo o museu e seu acervo como fonte de investigação e troca de infor- mações. É comum que pesquisadores externos, ao final de seus trabalhos, apontem informações adicionais sobre o tema e o acervo pesquisado, complementando infor- mações e, por vezes, até corrigindo dados da documentação do objeto pesquisado. 8 Percebe-se que é uma via de mão dupla, uma simbiose, pois da mesma forma que o museu serve como fonte para o pesquisador externo, este também pode alimentar as informações do museu. Você sabia que o Instituto Brasileiro de Museus – Ibram abriu seleção de bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq (PIBIC)? A seleção visa estimular o desenvolvimento do pensamento científico e iniciação à pesquisa de estudantes de graduação do ensino superior e tem como principal objetivo possibilitar maior interação entre alunos de graduação e as pesquisas desenvolvidas no campo museal. Fonte: http://www.museus.gov.br/ibram-abre-selecao-para-projetos-de-iniciacao-cientifica/ Saiba mais Das duas possibilidades citadas, ambas têm vital importância no melhor funcionamento do museu, pois são componentes capazes de contribuir na construção de uma instituição museológica mais centrada, dinâmica e observadora da realidade. Pensar a pesquisa no museu é compreender que a instituição, com acervo e temática específicos, é uma fonte de conhecimento, de informações, geradas pela equipe técnica e disponibilizadas para seus públicos. Importante Seja de maneira específica, quando se refere a dados de um determinado objeto para fins de catalogação, ou em trabalhos mais amplos e complexos, como as pesquisas desenvolvidas pelos especialistas de determinadas áreas, a pesquisa é uma porta que se abre, uma oportunidade para compreendermos a real dimensão dos objetos mais diversos que constituem os acervos dos museus. Ao elaborar um projeto de pesquisa, é necessário que se defina o que será abordado, o método de trabalho e, independente da metodologia adotada, que se faça um levantamento prévio das fontes bibliográficas que serão utilizadas. 9 Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico atual, a maior parte dos museus ainda permanece como espaços físicos e presenciais, sendo os objetos do seu acervo os principais norteadores e desencadeadores dos seus mais variados processos. Entretanto, diante desta nova realidade, a instituição não pode estar alheia às novas tecnologias, formas, ferramentas, modalidades e espaços de pesquisas, em especial no mundo virtual. Utilizando as redes sociais, o museu pode potencializar a sua pesquisa, estabelecendo contato com pesquisadores de todo o mundo, postando e debatendo sobre seus acervos, dúvidas e questionamentos. Dica Um sistema de documentação informatizado, como mencionado anteriormente, tem por objetivo a organização funcional, a facilidade de acesso e a rapidez na obtenção da informação, porém, para que todas essas funcionalidades sejam viáveis, é necessária a reunião dessas informações - conjunto de metadados - em um repositório, um banco de dados. Na atualidade, diversos museus fazem uso de bancos de dados e seus respectivos sistemas de gerenciamento de informações, sendo um dos mais difundidos o sistema Donato/Simba. Sistema DONATO/SIMBA A base de dados DONATO foi pioneira no Brasil, sendo desenvolvida por técnicos do Museu Nacional de Belas Artes - MNBA, no Rio de Janeiro, para atender às necessidades de documentação e consultas de técnicos e pesquisadores interessados nas informações sobre o acervo do museu, ou seja, suas coleções de pintura, escultura, desenho e gravura. Com o passar dos anos, a equipe técnica do MNBA detectou a necessidade de melhorar a organização, o controle, o acesso e a divulgação das informações contidas na sua base de dados, criando assim o Projeto SIMBA - Sistema de Informações do Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, em 1993. A união da base de dados - DONATO, com o sistema de informação do acervo - SIM- 10 BA, gerou o Programa Donato, uma propriedade do MNBA/Ibram. O sistema já foi distribuído gratuitamente para 121 museus, tanto públicos quanto privados, nacional e internacionalmente, em plataformas de uso gratuito (MySQL e PHP). Para ter acesso ao sistema, o museu formalizava a solicitação ao MNBA, via correspondência convencional (carta por correio) ou eletrônica (e-mail), junto com informações que permitiam uma amostragem do acervo, para avaliação e verificação de compatibilidade no sistema. Aprovada a solicitação, eram enviados, junto com o Termo de Recebimento, o CD-ROM com o programa (software) e os manuais de instalação e catalogação. Para conhecer melhor o Programa Donato, é recomendado um agendamento de visita ao Museu Nacional de Belas Artes - MNBA. Os e-mails relacionados ao processo de solicitação de cessão devem ser encaminhados para os seguintes endereços eletrônicos: simba@mnba. gov.br, divisaotecnica@mnba.gov.br, constando no assunto: Cessão Donato - Nome da Instituição. Manual de Instalação DONATO 3.3 - XP/Vista/Seven: https://www.facebook.com/donato.mnba/media_set?set=a.257682567657751&type=3 Saiba mais 11 A seguir veremos alguns exemplos de “prints” de telas do Sistema Donato/Simba. 12 13 14 Mesmo que o seu museu ainda não tenha um sistema informatizado, voltado especificamente para as necessidades do seu acervo, é importante ter em mente que você pode documentar o seu acervo em uma planilha de Office Excel, que oferece recursos básicos de busca que cruzam dados, permitindo a recuperação da informação. Para tanto, tudo o que falamos sobre regras, normas e controle de vocabulário devem ser estritamente observados em sua planilha Office Excel. Documente seu acervo! Dica Considerações finais Neste curso, vocês aprenderam como um objeto se torna um bem cultural musealizado; o tratamento que ele recebe nas diversas áreas técnicas da instituição; a importância da criação de métodos para a documentação; e como essas informações são fontes de conhecimento e divulgação para o museu e para a sociedade. 15 Encerramento do curso Parabéns, você concluiu o Curso de Documentação de Acervo Museológico. Módulo 3 – Difusão das Informações Pré-requisitos para um bom Sistema de Documentação Museológica Pesquisa e Divulgação nos Museus Sistema DONATO/SIMBA Encerramento do curso
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