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FACIAL ACADEMY – ALINE L. KONAKA -A toxina botulínica é um subproduto de uma bactéria (CLOSTRIDIUM BOTULINUM) para tratamentos estéticos -A doença botulismo é conhecida pela ciência há bastante tempo. -Um médico alemão, chamado Justino Kerber, em 1860, foi o primeiro médico que descreveu a doença botulismo. Alguns alimentos estavam sendo infectados pela bactéria Clostridium e foi observada uma intoxicação na população. Ele descreveu pela primeira vez os sinais e sintomas dessa doença, mas não se compreendia totalmente o que causava -Em 1895 essa bactéria foi isolada e denominada: Clostridium Botulinum por outro cientista. E até então só sabia as características do botulismo e a bactéria que causava essa doença. Porém, a ciência não dava muito importância para isso -Durante a Segunda Guerra Mundial houve um surto de botulismo entre os soldados americanos. Os EUA precisam alimenta-los, então, houve um grande crescimento industrial, os alimentos eram enviados para o campo de batalha e armazenados de forma crítica. Esses alimentos eram contaminados pela bactéria Clostridium, que se reproduziam e produziam o subproduto metabólico que é a toxina botulínica e ao ingerir esses alimentos contaminados os soldados apresentaram sinais e sintomas da doença botulismo, que era uma paralisia de braços, mãos, pernas.. E até parada cardiorrespiratória. A partir daí, a ciência voltou a estudar essa bactéria e hoje conhecemos toda a estrutura molecular, todo mecanismo de ação, como ela produz a toxina... -A partir desses estudos, teve o primeiro uso da toxina botulínica em humano com estrabismo, em 1977 -A FDA, que é um órgão importante dos EUA e regulamenta os medicamentos, reconhece a toxina botulínica como adequada em uso humano. A partir desse reconhecimento, teve um BOOM de pesquisa, não só para patologia, mas também para estética -Em 2019 o uso é consagrado em diversas áreas da medicina estética em vários tratamentos, especificamente na harmonização facial. -A toxina botulínica é um subproduto produzido por uma bactéria – Clostridium Botulinum de uma fermentação anaeróbica -É uma bactéria em forma de bastonete, do tipo flagelado, sua locomoção é por meio de flagelos, anaeróbica, do tipo GRAM+ (a sua parede é positivamente corada) -A bactéria é muito parecida com a Streptococcus Mutans. -Da mesma forma que o Streptococcus Mutans consome a sacarose (açúcar) do meio externo, faz o processo metabólico interno e produz o ácido láctico (subproduto), a qual não pode ficar armazenado no seu interior, e depois joga o ácido para fora da parede celular bacteriana, o Clostridium botulinum, produz a toxina botulínica e também elimina para o exterior da sua parede bacteriana -Há diferentes tipos de toxina botulínica produzida. Ela é uma proteína e toda proteína corresponde uma sequência de aminoácidos, então esses AA (aminoácidos), podem estar organizados em uma sequência que vamos nomear a toxina botulínica de um tipo, mas posso trocar esses AA de posição, trocando a sequencia, e mudando o tipo, dando outro nome -O Clostridium Botulininum produz toxina botulínica, podendo ter sequencias de AA diferentes e então a ciência vai nomear qual é o tipo de toxina botulínica produzida ou identificada. Hoje, conhecemos aproximadamente 8 subtipos da mesma toxina botulínica. Alguns artigos referem como tipos, mas o termo correto é subtipos, pq tudo é toxina botulínica. -Há subtipos: A, B, C, C1, C2, D, E, F, G, H. Elas tem características diferentes na sequencia de AA. -Pq precisamos saber qual é o subtipos da toxina botulínica? Pq o subtipo de toxina botulínica, vai demandar uma resposta imunológica do organismo diferente. -HOJE, de todos esses subtipos, apenas dois deles são utilizados em seres humanos, que são: A, que é a mais conhecida, a mais estudada, mais efetiva e a menor resposta imunológica em seres humanos e a do tipo B, que ainda é pouco conhecida e a sua efetividade não é tão boa como a A. -Quando compramos a toxina botulínica para utilização, de forma geral vai estar escrito ‘toxina botulínica, subtipo A’ -A estrutura molecular envolve duas cadeias, uma porção LEVE (cerca de 50 kilodawtons de peso), pequena. A outra porção é PESADA (cerca de 100 kilodoltons de peso). As duas estruturas (leve e pesada) estão unidas por uma PONTE DE SULFETO. E essa união é importante, pois ela mantém a funcionalidade dessas duas estruturas. -A toxina do subtipo A, dependendo da sequência que ela tem estruturada na cadeia leve e pesada, ainda pode classificar em 3 subtipos. Essas variações são denominadas como: TOXINA ABOBOTULÍNICA, sendo a marca comercial é a DYSPORT; a ICONBOTULÍNICA, cuja marca comercial é a XEOMIM; e a ONABOTULÍNICA, que a marca comercial é o BOTOX, PROSIGNE,BOTULIFT MÓDULO 1 HISTÓRIA DA TOXINA BOTULÍNICA ESTRUTURA MOLECULAR, TIPOS E MARCAS FACIAL ACADEMY – ALINE L. KONAKA -A Abobotulínica, Iconbotulínica e a Onabotulínica são toxina botulínica do tipo A, o que muda entre elas é a forma que a cadeia leve e a cadeia pesada estão estruturadas e organizadas -Dependendo da estrutura da cadeia leve e pesada influenciam diretamente na forma em como a toxina botulínica irá agir no corpo -Há dois aspectos importantes nas marcas comerciais e que tem uma relação íntima com o nosso uso clinico: 1- As marcas comerciais são apresentadas com quantidades variáveis de unidade de toxina botulínica do tipo A, Então vc vai encontrar frascos com 50 unidades, 100 unidades, 200 unidades, 300 unidades, 500 unidades de toxina botulínica. Quando diluir/reconstituir essas unidades não há muito tempo disponível para usar. Tem um tempo curto. Não pode deixar armazenada depois de reconstituída por muito tempo, pq perde a efetividade. Dica: se inicialmente tem poucos pacientes para fazer o uso de toxina botulínica, é mais interessante adquirir pequenas quantidades. Caso contrário, por ex, se constituir 500 unidades de toxina e aplicar 50 unidades ficará com 450 unidades prontas/preparadas, que precisará ser utilizada rapidamente, pq tem uma vida útil curta. -Então, o primeiro aspecto importante é esse: a quantidade de unidade de toxina em cada frasco. 2- Outro aspecto fundamental é que dependendo da marca comercial ela irá ter um halo de dispersão/difusão diferente. Como assim? Vamos pensar que eu aplico a toxina em uma região do músculo frontal, bem no centro. Têm toxinas que irão difundir tridimensionalmente, então, para um lado, para o outro, para cima, para baixo, em profundidade, acontecendo em até 1cm de diâmetro, ou seja, 1cm total tridimensionalmente. E há também toxinas em que a difusão vai até 3cm de diâmetro de difusão/tridimensionalmente. Saber disso é fundamental, pq por ex: se o paciente tem hitdiz ao redor dos olhos/orbicular dos olhos, conhecidas popularmente por pés de galinha e injetar uma toxina sem saber o halo de difusão poderá causar aptose palpebral. Portanto, precisamos ter conhecimento dessa difusão, pq é isso que vai nortear onde vou aplicar cada pontinho de toxina, onde eu marco o rosto do paciente e o quanto de toxina será aplicada. -As toxinas do tipo Onabotulínica, ou seja, botox, prosigne, botulift têm um halo de dispersão pequena, de 1 cm. De forma geral, são essas que gostamos de começar usar, principalmente quando está aprendendo as técnicas, pq tem um controle melhor. -A toxina do tipo Abobotulínica, ou seja, Dysport, o próprio nome já indica: dispersão. A dispersão é maior, o halo de difusão chega a ser de 3cm. São toxinas que difundem mais, mas isso não quer dizer que é ruim, pq dá para travar o músculo frontal com poucos pontos. Entretanto, é preciso ter mais experiência -A toxina Incobotulínica, cuja marca é a Xeomim, que é intermediário, não tem uma dipersãomuito pequena de 1cm e nem tão grande de 3cm. Ela chega a ter entre 1,5 a 2cm de halo de dispersão. -É importante saber a quantidade de unidade de toxina e principalmente o tipo de toxina para saber se ela vai dispersar muito ou pouco, a qual vai nortear a forma como eu vou marcar e aplicar a toxina. -O mecanismo de ação é dividida em 5 fases, desde quando aplica a toxina até a sua ação efetiva - Anatomia da célula nervosa, neurônio: ela tem uma porção nervosa, chamada de dentríticas ou dentritos, uma cauda e no finalzinho dela chamamos de axônio. -Então, a partir do axônio poderá ter a união com outro neurônio ou uma célula muscular. Essa união não é física, há um contato bioquímico/químico. Entre eles há um espaço, que denominamos de fenda sináptica. O neurônio vai produzir mediadores químicos, que são liberados nesse espaço/fenda sináptica e esses mediadores vão despolarizar a membrana celular da célula adjacente para com que o impulso nervoso/elétrico seja transmitido e o efeito que se quer naquela célula seja disseminado. -Vamos pensar que para a contração muscular acontecer o mediador químico produzido pelo axônio é a acetilcolina. Ou seja, no final do axônio, o neurônio produz no interior do seu citoplasma um monte de acetilcolina que irá ser encapsulada. Quando a cápsula estiver cheia de acetilcolina, ela irá migrar para o final do axônio e se ligará a uma proteína do tipo Sner, chamada de Snepe 25 -Resumindo: o neurônio produz no final da sua célula (axônio), no interior do ciplasma, a acetilcolina, que é encapsulada. Essa acetilcolina se liga a uma proteína da membrana desse axônio, chamada snepe 25, uma proteína do tipo sner. Essa proteína tem a função de carrear essa vesícula de acetilcolina do interior do citoplasma, do axônio, para a fenda sináptica. Então, é pela ligação da proteína snepe 25, que a acetilcolina é liberada na fenda sináptica. MECANISMO AÇÃO E INDICAÇÕES DA TOXINA FACIAL ACADEMY – ALINE L. KONAKA -Uma vez que a acetilcolina é liberada, ela vai induzir a contração muscular. E é ai que a toxina botulínica vai agir. Quando gente injeta o produto, ela permeia no citoplasma da célula nervosa, se liga a proteína snpe 25 e bloqueia a ligação da própria proteína com a acetilcolina. -Então, há alguns mecanismos, chamada de etapas para isso acontecer -A primeira etapa é chamada de internalização. Como já sabemos, a toxina botulínica tem uma cadeira leve e pesada que são unidas por uma ponte de sulfeto. Essa cadeia pesada se liga a membrana celular da célula nervosa, e ai, ela consegue entrar no citoplasma do axônio. Uma vez que a toxina botulínica está no interior do citoplasma da célula nervosa, a gente tem a fase dois. -A fase dois, é chamada de dissociação molecular, então, a ponta de sulfeto é rompida. A parte pesada e a parte leve ficam separadas. Essa parte leve vai iniciar a terceira fase -A fase 3 é chamada de clivagem do receptor Sner. A cadeia leve se liga na proteína sner, que está no finalzinho da membrana do axônio e inutiliza-a, desnatura a proteína, tornando incapaz de se ligar a vesícula de acetilcolina, que foi produzida pelo axônio. Uma vez que essa proteína é clivada, tem o inicio da fase 4 -A fase 4 é o bloqueio da liberação da acetilcolina na fenda sináptica. Então, há um bloqueio gradual. A medida que a toxina vai se ligando nas proteínas da membrana do axônio, ela vai impedindo a liberação gradual da acetilcolina nessa região. Com menos acetilcolina você vai tendo uma redução da contração muscular, até que tenha a inibição total da acetilcolina na fenda sináptica e a paralisação total da contratura muscular, que é a fase 5 -Fase 5 é o bloqueio total da contração muscular - Naturalmente o organismo produz novas proteínas e chega um momento que não haverá mais toxina para se ligar a proteína snpe. A proteína irá ficar totalmente livre para se ligar novamente a vesícula de acetilcolina, retomando gradativamente a contração muscular. Por isso, o uso da toxina botulínica é reversível em doses especificas e controladas. -Uma vez que aplica a toxina o tempo é de 48horas para ocorrer a fase da internalização. E 15 dias é o tempo total para o mecanismo de ação se consolidar. -A partir de 48 horas já tem a toxina internalizada, que começa interagir com as proteínas e bloqueando a acetilcolina, isso vai acontecendo gradativamente, até um tempo máximo de ação de 15 dias, que é o efeito máximo de clivagem dessas proteínas e ausência total da liberação da acetilcolina. A durabilidade disso depende de efeitos intrínsecos, do próprio paciente e extrínsecos, que são comportamentais, mas de forma geral, a literatura descreve a durabilidade de 3 até 6 meses dessa paralisação. Sendo que o pico mais alto, do efeito da toxina, é a partir de 30 dias. -Quando entendemos o mecanismo de ação, já podemos indicar o uso da toxina -A indicação é dividida em 2 categorias: funcional e estética -As indicações funcionais são: dor orofacial, pacientes que apresentam disfunção têmporo-mandibular, bruxismo, apertamento dental. A toxina controla e reduz muito bem a força da contratura muscular, reduz a hiperfunção muscular. -Lembre: a toxina não trata o bruxismo, ela apenas trata a consequência, que é a força da contratura muscular -A causa do bruximo, da DTM são investigados pelos profissionais com essa finalidade -As indicações estéticas: se podemos paralisar os músculos, naturalmente conseguimos melhorar aquilo que está acima da musculatura. Quando o musculo contrai acaba sendo marcado, ele puxa um pouco do tecido adiposo, tecido epitelial e vinca muitas vezes esse tecido -Essa imagem mostra a celula alvo da toxina botulinica, que o neurônio, a célula nervosa. -Todas essas ramificacoes são chamadas de dentritos e a cauda chamada de axonio. E é no final do axonio que ocorre a ação da toxina botulinica -Essa imagem está no livro do professor Altemir Flavio, livro de toxina botulinica para harmonização facial -Aí é demonstrado o final do axônio e é nesse lugar que há produção da acetilcolina -Então, a gente injeta a toxina botulinica, atinge a pele, o músculo RESUMO COM ESQUEMA FACIAL ACADEMY – ALINE L. KONAKA -No final do neurônio, onde tem as fendas sinápticas para a liberação da acetilcolina e promover a contração muscular é onde a toxina vai agir -Uma vez que a toxina botulinica é injetada no músculo, vai ter a permeabilidade da membrana citoplasmática do neurônio para essa toxina -Lembre-se que a toxina tem duas cadeias: leve e pesada. A cadeia pesada que vai favorecer/promover a internalização da molécula. Uma vez que acontece isso, vai ter a dissociação das proteinas acessórias e a liberação da cadeia ativa da toxina botulinica, que é a cadeia leve. A cadeia leve quando está dentro do citoplasma vai atingir diretamente as proteínas snepe 25, clivando-a e não vão mais conseguir se unir nas vesiculas de acetilcolina pelo neuronio. Quando a proteina está inibida, não há mais liberação da acetilcolina nas fendas sinapticas, impedindo assim o impulso da despolarização para celular muscular. Então, a celula é paralisada. -Nesse artigo também é muito bem explicado o mecanismo de ação -A cadeia pesada permite a permeabilidade/entrada da toxina botulínica na membrana plasmática. Depois que ela internaliza, a cadeia leve e pesada se dissociam e a cadeia leve cliva as proteinas da membrana que se ligariam nas vesiculas sinapticas cheias de acetilcolina. Então, quando a cadeia leve se liga a essa proteina, é impedido a ligação com a vesicula sinaptica e consequentemente a liberação da acetilcolina nessa região. 1. Internalização 2. Dissociação molecular 3. Clivagem do receptor snpe 4. Bloqueio da acetilcolina 5. Bloqueioda contração muscular -A cadeia leve e a cadeia pesada se dissociam, a ponte de sulfeto da estrura molecular se rompe. Depois a cadeia leve se une a proteina snepe. Depois que a proteina snepe não está mais ativo para ligar as vesiculas sinapticas, tem o bloqueio da liberação de acetilcolina nas fendas sinapticas. Quando tem pouca/nenhuma acetilcolina tem gradativamente a redução da contração até o bloqueio da contração muscular
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