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• A reprodução começa com o desenvolvimento dos óvulos nos ovários; no meio de cada ciclo sexual mensal, um só óvulo é expelido do folículo ovariano para a cavidade abdominal próxima das aberturas fimbriadas das duas trompas de Falópio; • O óvulo, então, cursa por uma das trompas de Falópio até o útero; se tiver sido fertilizado por espermatozoide, o óvulo implanta-se no útero, onde se desenvolve no feto, na placenta e nas membranas fetais, e por fim, em um bebê. Patologias que acometem o reto e a bexiga podem ser confundidas com disfunções uterinas e ovarianas e vice- versa. OÔGENESE Desenvolvimento folicular fetal • Um ovo em desenvolvimento (oócito) diferencia-se em óvulo maduro (óvulo) através de uma série de etapas, chamada oôgenese; • Durante o desenvolvimento embrionário inicial as células germinativas primordiais dividem- se repetidamente; • Quando essas células atingem o epitélio germinativo, elas convertem-se em ovogônias ou oócitos primordiais; • Em seguida, cada óvulo primordial passa a ser chamado de folículo primordial, reunindo em torno de si uma camada de células do estroma ovariano e as células da granulosa e assim o óvulo passa a ser chamado de oócito primário, e ainda é imaturo; • As oogônias no ovário embrionário completam a replicação mitótica e a primeira fase da meiose no quinto mês de desenvolvimento fetal, cessando-se em seguida, a mitose. Desenvolvimento folicular na puberdade • A primeira divisão meiótica do oócito ocorre após a puberdade, dividindo cada oócito em duas células, um óvulo grande (oócito secundário) e um primeiro corpo polar; O primeiro corpo polar pode sofrer, ou não, uma segunda divisão meiótica e depois se desintegra. • O óvulo é submetido a uma segunda divisão meiótica e ocorre uma pausa na meiose. Se o óvulo for fertilizado, ocorre o estágio final da meiose; • Quando o ovário libera um óvulo (ovulação) e, se este for fecundado, ocorre a meiose final. A metade das cromátides irmãs permanece no óvulo fertilizado, e a outra metade é liberada em um segundo corpo polar, que, em seguida, se decompõe. • A vida reprodutiva, geralmente, se estende dos 13 aos 46 anos de idade. Ao fim da capacidade reprodutora (menopausa), somente uns poucos folículos primordiais permanecem nos ovários, e mesmo esses folículos se degeneram em pouco tempo. SISTEMA HORMONAL FEMININO • Consiste em três hierarquias de hormônios: o O hormônio de liberação hipotalâmica, chamado hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). o Os hormônios sexuais hipofisários anteriores, o hormônio foliculoestimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), ambos secretados em resposta à liberação de GnRH do hipotálamo. o Os hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona, que são secretados pelos ovários, em resposta aos dois hormônios sexuais femininos da hipófise anterior • Esses diversos hormônios são secretados com intensidades drasticamente distintas, durante as diferentes partes do ciclo sexual feminino mensal; CICLO OVARIANO MENSAL • Os anos reprodutivos normais da mulher se caracterizam por variações rítmicas mensais da secreção dos hormônios femininos e correspondem a alterações nos ovários e nos outros órgãos sexuais; • O ciclo dura, em média, 28 dias; • Pode variar entre 20 dias ou 45 em algumas mulheres, embora o ciclo de duração normal esteja, geralmente, associado a menor fertilidade; • Existem dois objetivos do ciclo sexual feminino: 1) Liberação de um óvulo do ovário a cada mês, de maneira que geralmente, apenas um só feto, por vez, começará a crescer; 2) Preparação do endométrio uterino para implantação do óvulo fertilizado. Hormônios gonadotrópicos e seus efeitos • Na ausência dos hormônios FSH e LH, os ovários permanecem inativos, como ocorre durante toda a infância; • Entre os 9 e 12 anos de idade, a hipófise começa a secretar progressivamente mais FSH e LH, levando ao início de ciclos sexuais normais, que começam entre 11 e 15 anos de idade; o Esse período de mudança é denominado puberdade e o primeiro ciclo menstrual é denominado menarca. Crescimento do folículo ovariano • Durante toda a infância, acredita-se que as células da granulosa ofereçam nutrição ao óvulo e secretem um fator inibidor da maturação do oócito que mantém o óvulo parado em seu estado primordial; • Depois da puberdade, FSH e LH começam a ser secretados em quantidades significativas e os ovários, em conjunto com alguns dos folículos em seu interior, começam a crescer. • Após uma semana ou mais de crescimento, mas antes de ocorrer a ovulação, um dos folículos começa a crescer mais do que os outros, e os outros 5 a 11 folículos sofrem atrésia; • Esse processo de atresia é importante, pois normalmente permite que apenas um dos folículos cresça o suficiente todos os meses para ovular, evitando que mais de uma criança se desenvolva em cada gravidez. Ovulação • A ovulação na mulher que tem ciclo sexual de 28 dias se dá 14 dias depois do início da menstruação; 1. A parede externa do folículo incha rapidamente, e, através do estigma começa a vazar o líquido do folículo; 2. Depois que o estigma se rompe inteiramente, um líquido mais viscoso contendo o óvulo cercado por células da granulosa é lançado para fora, denominada coroa radiada; • Para que aconteça a ovulação é necessário que haja um pico do hormônio luteinizante, pois o LH é necessário para o crescimento folicular final e para a ovulação; o Sem esse hormônio, mesmo em grandes quantidades de FSH, o folículo não progride ao estágio de ovulação • 2 dias antes da ovulação, a secreção de LH e FSH pela hipófise anterior aumenta bastante; os dois hormônios agem sinergicamente causando a dilatação do folículo durante os últimos dias da ovulação; • O LH ainda tem um efeito específico nas células da granulosa e tecais, convertendo-as em células secretoras de progesterona; • Assim, a secreção de estrogênio começa a cair cerca de um dia antes da ovulação, enquanto quantidades cada vez maiores de progesterona começam a ser secretadas; Fase lútea • Durante as primeiras horas depois da expulsão do óvulo do folículo, as células da granulosa e tecais internas remanescentes se transformam em células luteiínicas; • O corpo lúteo é a massa total de células, com inclusões lipídicas, dando-lhe uma aparência amarelada; • As células da granulosa no corpo lúteo desenvolvem vastos retículos endoplasmáticos, os quais formam grandes quantidades de progesterona e estrogênio, com prevalência de progesterona nessa fase; • As células tecais formam os androgênios androstenediona e testosterona, em vez de hormônios sexuais femininos. Entretanto, a maioria desses hormônios é convertida em estrogênios; • O corpo lúteo cresce até 8 dias após a ovulação; Cerca de 12 dias depois, ele passa a involuir, perdendo suas funções secretoras e sua aparência amarelada e se transformando em corpus albicans; A gonadotrofina coriônica é outro hormônio com quase as mesmas propriedades do LH; é secretada pela placenta e pode agir no corpo lúteo, prolongando sua vida — geralmente durante, pelo menos, os primeiros 2 a 4 meses de gestação. • O estrogênio, em especial, e a progesterona secretados pelo corpo lúteo, têm efeitos de feedback na hipófise anterior, mantendo intensidades secretoras reduzidas de FSH e LH; o Além disso, as células luteinicas secretam o hormônio inibina que inibem a secreção de FSH e LH; • Com os níveis de FSH e LH baixos no sangue, o corpo lúteo se degenera completamente, cerca de dois dias antes de começar a menstruação; o Nesse momento, há uma parada súbita da secreção do estrogênio, progesteronae inibina pelo corpo lúteo, permitindo que outro ciclo ovariano se inicie a partir das secreções de FSH e LH. Interação de células da teca folicular e da granulosa para produção de estrogênio. As células da teca, sob controle de hormônio luteinizante (LH), produzem androgênio que se difunde para as células da granulosa. Em folículos maduros, o hormônio foliculoestimulante (FSH) age nas células da granulosa para estimular a atividade da aromatase, que converte androgênio em estrogênio. FUNÇÕES DOS HORMÔNIOS OVARIANOS Estrogênios • Na mulher não grávida, esses hormônios são secretados em quantidade significativa apenas pelos ovários e quantidades mínimas pelos córtices adrenais; • Já na mulher grávida, uma grande quantidade é secretada pela placenta; • Efeitos nas trompas: o Proliferação dos tecidos glandulares do revestimento mucoso das trompas; o Aumento da atividade ciliar que ajuda a propelir o óvulo fertilizado para o útero; • Efeitos nas mamas: o Desenvolvimento dos tecidos estromais das mamas; o Crescimento de um vasto sistema de ductos; o Dão início ao crescimento das mamas e do aparato produtor de leite; o Depósito de gordura nas mamas. • Efeitos no esqueleto: o Inibe a atividade osteoclástica nos ossos, estimulam o crescimento ósseo; o Causa a união das epífises com a haste dos ossos longos. o Osteoporose: Depois da menopausa, quase nenhum estrogênio é secretado pelos ovários e essa deficiência leva a: 1. Maior atividade osteoclástica nos ossos; 2. Diminuição da matriz óssea; 3. Menos deposito de cálcio e fosfato ósseo. • Efeitos no metabolismo e depósito de gordura: o É devido a esse hormônio que a porcentagem de gordura no corpo das mulheres é consideravelmente maior do que no corpo dos homens. • Efeitos nos pelos e na pele: o Não afeta, muito a distribuição de pelos, pois os androgênios são os responsáveis pelo desenvolvimentos dos pelos na região pubiana e nas axilas após a puberdade; o Já na pele, o efeito do estrogênio está associado à grande vascularização e a uma textura macia e lisa. • Efeitos no equilíbrio eletrolítico: Os estrogênios causam retenção de sódio e água nos túbulos renais, causando um distúrbio hidroeletrolítico (DHE) principalmente durante a gravidez. Progesterona • Na mulher não grávida, a progesterona é secretada em quantidades significativas apenas na fase lútea de cada ciclo ovariano; • Na mulher grávida, grande quantidade desse hormônio é secretada pela placenta, especialmente depois do 4º mês de gestação; • Alterações secretoras no útero: o A progesterona promove alterações no endométrio uterino para preparar o útero para a implantação do óvulo fertilizado; o Além disso, a progesterona diminui a frequência e a intensidade das contrações uterinas, ajudando a impedir a expulsão do óvulo implantado. • Efeito nas trompas de Falópio: o Promove o aumento da secreção pelo revestimento mucoso das trompas de falópio, o qual nutre o óvulo fertilizado antes dele ser implantado no útero. • Efeito nas mamas: o Promove o desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos das mamas, fazendo com que as células alveolares proliferem, aumentem e adquiram natureza secretora. o Mas cuidado! A progesterona não faz com que os alvéolos secretem leite, esse papel é do hormônio prolactina. CICLO ENDOMETRIAL MENSAL E MENSTRUAÇÃO • Estágios do ciclo endometrial no revestimento do útero: 1. Proliferação do endométrio uterino; 2. Desenvolvimento de alterações secretoras no endométrio; 3. Descamação do endométrio, que conhecemos como menstruação. • Fases do crescimento endometrial e da menstruação durante cada ciclo sexual mensal feminino: Fase proliferativa • É a fase estrogênica do ciclo endometrial e ocorre antes da ovulação; • Sob a influência da grande secreção de estrogênios no início do ciclo ovariano mensal, as células do estroma e as células epiteliais restantes da descamação do endométrio, proliferam rapidamente; • Antes de ocorrer a ovulação, a espessura do endométrio aumenta bastante, devido à grande quantidade de células estromais, glândulas endometriais e vasos sanguíneos; • As glândulas endometriais secretam um muco fino e pegajoso que ajuda a guiar o espermatozoide na direção correta da vagina até o útero. Fase secretora • É a frase progestacional do ciclo endometrial e corre após a ovulação; • A progesterona e o estrogênio são secretados em grande quantidade pelo corpo lúteo. O estrogênio promove leve proliferação celular adicional ao endométrio, enquanto a progesterona causa inchaço e desenvolvimento secretor acentuado do endométrio; • O endométrio fica ainda mais vascularizado e espesso para prover condições apropriadas à implantação do óvulo fertilizado. Menstruação • Se o óvulo não for fertilizado, cerca de dois dias antes do final do ciclo mensal, o corpo lúteo subitamente involui e a secreção de estrogênio e progesterona caem, e assim, ocorre a menstruação; • Com a queda dos hormônios, as células endometriais se reduzem, o endométrio involui sua espessura prévia e os vasos sanguíneos liberam materiais vasoconstritores das prostaglandinas; • Com as alterações citadas anteriormente, o endométrio sofre necrose, promovendo hemorragias e se descamando; • 4 a 7 dias após o início da menstruação, a perda de sangue cessa, porque nesse momento, o endométrio já se reepitalizou. Efeitos de feedback negativo do estrogênio e progesterona Em pequenas quantidades, o estrogênio tem forte efeito de inibir a produção de LH e FSH. Além disso, quando existe progesterona disponível, o efeito inibidor do estrogênio é multiplicado, muito embora a progesterona, por si só, tenha pouco efeito. Regulação por feedback do eixo hipotalâmico- hipofisário-ovariano: Os efeitos estimulatórios são indicados pelo sinal de mais, e os efeitos de feedback negativo são indicados pelo sinal de menos. Os estrogênios e as progestinas exercem tanto os efeitos do feedback positivo quanto do negativo, na hipófise anterior e no hipotálamo, dependendo do estágio do ciclo ovariano. A inibina tem efeito de feedback negativo na hipófise anterior, enquanto a ativina tem efeito oposto, estimulando a secreção de FSH pela hipófise anterior. FSH, hormônio foliculoestimulante; GnRH, hormônio liberador de gonadotropina; LH, hormônio luteinizante; SNC, sistema nervoso central. CICLO ANOVULATÓRIOS • Se o pico pré-ovulatorio de LH não tiver grandeza suficiente, a ovulação não ocorrerá e diz-se que o ciclo é anovulatório; • As fases do ciclo sexual continuam, mas são alteradas das seguintes maneiras: o A ausência de ovulação leva ao não desenvolvimento do corpo lúteo, de maneira que não há quase nenhuma secreção de progesterona no final do ciclo; o O ciclo é encurtado por vários dias. Puberdade e Menarca • A puberdade significa o início da vida adulta e menarca significa o primeiro ciclo de menstruação; • O período da puberdade é causado por aumento gradual na secreção dos hormônios gonadotrópicos pela hipófise; • O início da secreção desses hormônios se inicia aos 8 anos de idade e culminam no início da puberdade e da menstruação, entre 11 e 16 anos de idades; Secreção de estrogênio durante toda a vida sexual da mulher. Menopausa • Entre 40 e 50 anos de idade, o ciclo sexual geralmente torna-se irregular, e a ovulação muitas vezes não ocorre. Depois de alguns meses a alguns anos, o ciclo cessa totalmente; • A causa da menopausa é o “esgotamento” dos ovários; • Quando a produção de estrogênio cai abaixo de nível crítico, os estrogênios não conseguem mais inibir a produção das gonadotropinas FSH e LH. Em vez disso, as gonadotropinasFSH e LH FSH) são produzidas depois da menopausa em quantidades elevadas e contínuas, mas, como os folículos primordiais remanescentes ficam atrésicos, a produção de estrogênios pelos ovários cai quase a zero; • A perda dos estrogênios geralmente causa mudanças fisiológicas como o “Fogachos, caracterizados por rubor extremo da pele; o Sensações psíquicas de dispneia; o Irritabilidade; o Fadiga; o Ansiedade; o Diminuição da resistência e da calcificação dos ossos no corpo inteiro. Como tratar? O uso diário de estrogênio normalmente reverte os sintomas, e, ao diminuir a dose gradativamente, é provável que as mulheres na pós-menopausa possam evitar sintomas graves. No entanto, há evidencias que esse tratamento pode aumentar os riscos de doença cardiovascular. Por isso, esse tratamento já não é prescrito sistematicamente. Alguns estudos sugerem que o tratamento com estrogênios pode realmente reduzir o risco de doença cardiovascular caso seja iniciado precocemente. Portanto, recomenda-se que a mulher pós-menopáusica fale com seu médico para saber qual a melhor conduta. ANORMALIDADES DA SECREÇÃO OVARIANA Hipogonadismo • No hipogonadismo ou quando as gônadas estão secretando poucas quantidades de estrogênios devido a outros fatores como, por exemplo, o hipotireoidismo, o ciclo ovariano, geralmente, não ocorre de maneira normal; • Em vez disso, muitos meses podem se passar entre os períodos menstruais, ou a menstruação pode cessar completamente (amenorreia); • Ciclos ovarianos prolongados estão frequentemente associados à ausência de ovulação, talvez devido à secreção insuficiente de LH no momento do pico pré-ovulatório de LH. Hipersecreção pelos ovários • A hipersecreção extrema de hormônios ovarianos é entidade clínica rara, já que a secreção excessiva de estrogênios automaticamente diminui a produção de gonadotropinas pela hipófise, o que limita a produção de hormônios ovarianos. Por conseguinte, essa hipersecreção, em geral, é reconhecida clinicamente apenas no desenvolvimento eventual de tumor feminilizante. • Um raro tumor de células da granulosa pode se desenvolver no ovário, ocorrendo com mais frequência após a menopausa do que antes dela. Eles secretam grandes quantidades de estrogênios, causando hipertrofia do endométrio uterino e sangramento irregular desse endométrio. A PÍLULA CONTRACEPTIVA • A administração de estrogênio ou progesterona pode inibir a ovulação, pois esses hormônios podem evitar o pico pré-ovulatório da secreção de LH pela hipófise; • O desafio de estabelecer métodos de supressão hormonal da ovulação tem sido desenvolver combinações adequadas de estrogênios e progestinas que suprimam a ovulação, mas não causem outros efeitos indesejáveis como sangramento menstrual anormal; • Por isso, quase todas as “pílulas” usadas no controle da fertilidade consistem em uma combinação de progestinas e estrogênios sintéticos, pois os hormônios naturais são quase inteiramente destruídos pelo fígado pouco tempo depois de serem absorvidos pelo trato gastrointestinal na circulação porta- hepática, entretanto, muitos dos hormônios sintéticos conseguem resistir a essa propensão destrutiva do fígado. ESTERILIDADE FEMININA • Aproximadamente 5% a 10% das mulheres são inférteis, e essa infertilidade se deve à função fisiológica anormal do sistema genital ou desenvolvimento genético anormal dos próprios óvulos; • A causa mais comum é a falta de ovulação que pode ser resultado da hipossecreção de hormônios gonadotrópicos ou ovários anômalos que não permitem a ovulação; • A ausência de ovulação por hipossecreção de hormônios gonadotrópicos pode ser tratada pela administração de gonadotropina coriônica humana, o qual é secretado pela placenta, mas possui quase os mesmos efeitos que o LH e, por isso, é um poderoso estimulador da ovulação. Entretanto, o uso excessivo desse hormônio pode causar a ovulação de vários folículos simultaneamente, resultando em fetos múltiplos; Endometriose • É uma causa comum de esterilidade feminina; • O tecido endometrial, quase idêntico ao endométrio uterino normal, cresce e menstrua na cavidade pélvica ao redor do útero, das trompas de Falópio e dos ovários, causando fibrose por toda a pelve; • Essa fibrose, às vezes, envolve de tal maneira os ovários, que os obstrui e impossibilita a liberação de óvulo na cavidade abdominal. Salpingite • É a inflamação das trompas de Falópio; • Causa fibrose nas trompas, obstruindo-as; • Antigamente, essa inflamação ocorria, particularmente, em decorrência de infecções gonocócicas. Entretanto, com as terapias modernas, trata-se, hoje, de causa menos prevalente de infertilidade feminina. Secreção anormal do muco • No momento da ovulação, o meio hormonal do estrogênio causa secreção de muco com características especiais que permitem a rápida mobilidade dos espermatozoides para o útero, guiando-os; • Anormalidades do próprio colo uterino, como infecções ou inflamações de baixo grau, ou estimulação hormonal anômala do colo uterino, podem criar tampão de muco viscoso que impede a fertilização. Paciente, 29 anos, universitária, sem comorbidades, vem para consulta de rotina referindo que tem mais de 5anos que não passa numa consulta ginecológica e gostaria de fazer os exames de rotina. Refere que no momento está sem sintomas. 1) Quais perguntas relevantes para história do paciente vocês poderiam fazer para a paciente? - Com qual idade teve sua menarca? - Sua menstruação é regular? - Faz uso de algum método contraceptivo? - Vida sexual ativa? Um parceiro fixo ou mais de um? - Usa preservativo nas relações sexuais? - Possui algum hábito ou vício? Estilo de vida, alimentação, atividade física, tabagismo; - Histórico familiar (tumores ovarianos)? Alguma alteração? - Qual o nível de intensidade das cólicas menstruais (dismenorreia)? - Fez alguma cirurgia recentemente? 2) Qual exame deve ser realizado na paciente? - Exame físico ginecológico; - Exame especular de colo uterino; - Papanicolau. Paciente realizou o exame ginecológico que se apresentou sem achados. O exame Papanicolau também foi feito. A paciente pergunta qual a importância de ter feito o Papanicolau e de quanto em quanto tempo ele deve ser feito. 3) Como você orienta a paciente? - A importância é o rastreio do câncer de colo de útero e alterações como HPV. - O exame deve ser feito 2x por ano, e se não houver alterações, o exame só precisa ser repetido após 3 anos. CÂNCER DE COLO DE ÚTERO • É também chamado de câncer cervical; • Causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano - HPV (chamados de tipos oncogênicos); • A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo (conhecido também como Papanicolau), e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame; • Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal); • É a quarta causa de morte nas mulheres e por isso o rastreio é tão importante. • É uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais. • Fatores de risco: o Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros; o Tabagismo (a doençaestá diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados); o Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais. • Como é feito o exame? o Para a coleta do material, é introduzido na vagina um instrumento chamado espéculo (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato); o O profissional de saúde faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero; o O profissional promove a escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha; o As células colhidas são colocadas numa lâmina de vidro para análise em laboratório especializado em citopatologia. • Quem deve fazer e quando fazer o exame preventivo? o Toda mulher que tem ou já teve vida sexual e que estão entre 25 e 64 anos de idade. Devido à longa evolução da doença, o exame pode ser realizado a cada três anos. Para maior segurança do diagnóstico, os dois primeiros exames devem ser anuais. Se os resultados estiverem normais, sua repetição só será necessária após três anos. Voltando ao caso clínico... 5 anos depois a paciente volta novamente referindo que está com dificuldades para engravidar e sente muita dor na região de baixo ventre no período menstrual. • Ao exame ginecológico: Nódulos enegrecidas em fundo de saco posterior ao exame especular. Ao toque o útero se apresenta com pouca mobilidade. 4) Quais podem ser as causas de infertilidade nessa paciente? 5) Qual sua suspeita diagnostica principal? 6) Como diagnosticar essa doença? 7) Como tratar essa paciente? ENDOMETRIOSE • Alteração benigna; • Tecido uterino fora do útero; • Atinge 5 a 10% da população feminina em idade fértil; • Pode ser do tipo ovariana, peritoneal ou profunda; • Sintomas: o Dismenorreia (cólicas menstruais); o Dor pélvica crônica ou dor acíclica; o Dispareunia de profundidade (dor na relação sexual); o Alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, disquezia (defecação dolorosa) e dor anal no período menstrual); o Alterações urinárias cíclicas (disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional no período menstrual); o Infertilidade. • O exame físico: o Nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco posterior ao exame especular sugerem a doença; o Ao toque, útero com pouca mobilidade sugere aderências pélvicas (fibroses), nódulos geralmente dolorosos também em fundo de saco posterior podem estar associados a lesões retrocervicais, nos ligamentos úterossacros, no fundo de saco vaginal posterior ou intestinais; o Anexos fixos e dolorosos, assim como a presença de massas anexiais, podem estar relacionados a endometriomas ovarianos. • Exames complementares: o Ultrassonografia da pelve: O radiologista deverá contemplar em sua avaliação o útero, a região retro e a paracervical, os ligamentos redondos e os uterossacros, o fórnice vaginal posterior, o septo retovaginal, o retossigmoide, o apêndice, o ceco, o íleo terminal a bexiga, os ureteres, os ovários, as tubas e as paredes pélvicas – que são os locais mais frequentes da doença; o Transvaginal somente se a paciente não for virgem; o Videolaparoscopia apenas em casos selecionados. • Tratamento: o Caso a paciente venha a engravidar, isso lhe beneficiará, pois ela irá ficar meses sem menstruar; Referências: HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Câncer do colo do útero. 2020.
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