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NOTA TÉCNICA SAÚDE

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Federação Nacional dos Sociólogos 
CNPJ 26.229.666/0001-00 
Av. Dona Amália Golin Pagnoncelli, 10 
Jd. Rosa de França CEP: 07081-200 
Guarulhos - SP 
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NOTA TÉCNICA 
 
 
ATUAÇÃO DO 
SOCIÓLOGO/A NA SAÚDE 
 
 
Coordenação 
Eliane Saboia Pascoal 
Elaboração 
Eliane Saboia Pascoal 
Irineu Francisco Barreto Júnior 
Colaboradores 
Luciana Bolognini 
Odésio Cunha Filho 
Pedro Roberto Meinberg Garcia Filho 
Ricardo Antunes de Abreu 
Tatiana de Andrade Barbarini 
 
 
 
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AGOSTO DE 2013 
1-APRESENTAÇÃO 
O presente documento tem como intuito subsidiar os/as sociólogos/as que atuam 
ou desejam atuar na área das competências do Ministério da Saúde, bem como na rede de 
atenção primária, secundária e terciária do Sistema Único de Saúde-SUS, para que os 
profissionais sociólogos possam refletir, dialogar e reinventar suas práticas profissionais. 
Ao longo dos anos de construção e implantação do SUS, emergiram diversas discussões 
intersetoriais, baseando-se em estudos e experiências que conotam a possibilidade de novas 
categorias profissionais na área da saúde. Baseados em tais pressupostos, a Federação 
Nacional dos Sociólogos constitui esse documento, ressaltando que as atribuições da 
profissão estão referenciadas em legislação, nos documentos e normativas que delimitam a 
atuação deste profissional, a saber: 
 Lei 6.888/80 - dispõe sobre a criação da profissão de Sociólogo; 
 Decreto 89.531/84 - dispõe sobre a regulamentação da profissão de 
Sociólogo; 
 Classificação Brasileira de Ocupações; 
 Código de Ética do Sociólogo. 
Partindo da fundamentação e legislação acima citadas, a participação efetiva do/a 
sociólogo/a contribuirá no processo de emancipação humana e política, na defesa dos 
direitos sociais dos usuários e profissionais de saúde e na consolidação de um sistema 
público de saúde. 
 
2-A CONTRIBUIÇÃO DA SOCIOLOGIA PARA A CONSOLIDAÇÃO DA 
POLÍTICA DA SAÚDE 
Em 1973, ocorreu a Reforma Sanitária e o marco para a institucionalização das 
ações de Vigilância em Saúde foi a Campanha de Erradicação da Varíola. No Brasil, entre 
as décadas de 1980 e 1990, para definir atividades relacionadas à Saúde Coletiva, utilizava-
 
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se o termo medicina social, isto é, o "ramo da medicina voltado para o papel de fatores 
socioambientais na ocorrência, prevenção e tratamento de doenças" (BARROS; NUNES, 
2009) e ainda “(…) a saúde é uma questão eminentemente social e política, aliada a uma 
preocupação sociológica e a um profundo engajamento nos processos de transformação da 
situação de saúde” (ROUQUAYROL; ALMEIDA 2003, p. 5) A lei nº 8.080/90 é o marco 
legal da política pública de saúde, pois institui o Sistema Único de Saúde e define no 
âmbito do SUS a Vigilância Epidemiológica. 
A Vigilância Epidemiológica, conforme definida na Lei Orgânica da Saúde, 
consiste no: 
“conjunto de atividades que permite reunir a 
informação indispensável para conhecer, a qualquer 
momento, o comportamento ou história natural das 
doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus 
fatores condicionantes, com o fim de recomendar 
oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas 
e eficientes que levem à prevenção e ao controle de 
determinadas doenças” (Lei 8.080/90). 
Cabe à Vigilância Epidemiológica a coleta de informações com o objetivo de 
conhecer, identificar, prever ou medir qualquer mudança que possa acontecer nos fatores 
condicionantes do processo saúde-doença. Procura acompanhar o surgimento de doenças na 
sociedade, bem como identificar os impactos e gravidade dessas doenças na população. O 
conhecimento gerado na Vigilância Epidemiológica orienta as medidas de intervenção para 
reprimir ou amenizar os danos à população e elaborar ações e estratégias de promoção em 
saúde. 
Com a instituição do SUS, uniram-se pessoas públicas e sociedade civil envolvidas 
no campo da garantia de oferta pública e das melhorias à saúde, bem como elas iniciaram 
um debate sobre as diversas áreas do conhecimento que poderiam contribuir para o 
 
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aprimoramento da saúde pública, utilizando-se de conceitos epistemológicos, de ações 
políticas e institucionais para dar concretude às ações da Política de Saúde. 
A sociologia apropriou-se dessas discussões e conceitos, propôs sua aplicação 
além da área de conhecimento sociológico, associando-se à prática e ao conhecimento da 
medicina, produzindo o que se chama de “sociologia médica” e “sociologia na medicina” 
(CANDEIAS 1971; BARROS & NUNES, 2009). Foram acumulados alguns trabalhos 
acadêmicos pertinentes ao tema que hoje podem ser encontrados nas revistas LILACs, 
MEDLINE, PHISIS, que definem a sociologia médica como "o estudo dos determinantes e 
efeitos sociais da saúde e da doença e da estrutura social das instituições ou profissões 
médicas”. (MONTAGNER, 2008). 
A priori, a sociologia da saúde ultrapassa a ideia de saúde como ausência de 
doença, assim como na visão do próprio SUS, ela está para além do corpo físico e consegue 
ser interpretada como um espaço que proporcione aos indivíduos um completo bem-estar 
físico, mental e social, assim como está descrita no conceito de saúde adotado pelo SUS. A 
sociologia da saúde vai além dos aspectos da atenção primária, secundária e terciária. Ela 
nos reporta às questões sobre a cura e sobre adoecimento da população, bem como permite 
a análise do sistema de saúde, tanto no que cabe à execução e oferta de serviços como no 
que tange à gestão pública do sistema. A contribuição da sociologia permite ações junto às 
instâncias promotoras de bem-estar, nos órgãos de fiscalização e na instância de controle 
social (Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais e Municipais, Fundação Nacional de 
Saúde - FUNASA, Fundação Osvaldo Cruz - FIOCRUZ, Escola de Saúde da Família, 
Centros de Saúde da Família, Grupos de Terapia Comunitária, Entidades de Apoio à 
Prevenção de Doenças Crônicas e entidades sociais que atuam na promoção e prevenção de 
saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, Agência Nacional de Saúde 
Suplementar - ANS, Conselho Nacional de Saúde – CNS, Conselho Estadual de Saúde – 
CES, Conselho Municipal de Saúde – CMS). 
 
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Outra contribuição da sociologia é sua aplicação como disciplina para a formação 
de profissionais na área da saúde, que não apenas complementa a grade curricular e a 
produção de conhecimento, bem como oferece um novo olhar nos estudos sobrea saúde da 
população (preventiva e comunitária). 
Classificando o processo de produção de conhecimento, podemos entender que a 
sociologia da saúde, em seu primeiro período, nas décadas de 1920 a 1940, se expressou 
pela abordagem da sociologia médica, de influência norte-americana, interacionista 
simbólica. 
Nos anos 1970, a contribuição da sociologia estava fundamentada no caráter 
critico dos debates que tratavam sobre a dominação das classes sociais e do capitalismo 
como eixo central da organização social. Em 1974, fundamentada nas concepções 
marxistas e na ação estatal, surge a crítica à medicina social, que procura romper com as 
práticas meramente sanitárias e higienistas, que tinham como foco o controle social por 
meio do indivíduo, no âmbito biológico, somático, corporal, das consciências e das 
ideologias. Decorrente desta critica surge uma nova concepção de medicina e passa a 
compreender que o fator adoecimento inclui o indivíduo e o meio em que ele está inserido. 
Essa nova abordagem sobre questões de saúde e adoecimento necessita de uma 
nova organização do processo de trabalho. O foco passa a ser a promoção da saúde, a 
prevenção de riscos e agravos, a reorientação da assistência a doentes e a melhoria da 
qualidade de vida. 
Desta forma, ocorrem mudanças no modelo gerencial, organizativo e operativo do 
sistema de serviços de saúde na busca de melhoria dos níveis de vida e a redução das 
desigualdades sociais. Questões como formação e capacitação profissional do setor, 
incorporação do desenvolvimento científico e tecnológico, nova consciência para as ações 
sanitárias, inclusão da participação crítica e criativa dos diversos atores sociais, 
participação no debate sobre a reorientação das políticas econômicas e sociais no país 
passam a permear as práticas em saúde. 
 
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Essa nova organização está pautada na articulação interdisciplinar entre três áreas 
do conhecimento: Epidemiologia, Ciências Sociais, Administração e Planejamento. Sendo 
assim, as diversas disciplinas que compõem estas áreas são importantes para a produção de 
conhecimento - Demografia, Estatística, Ecologia, Geografia, Antropologia, Economia, 
Sociologia, História, Ciências Políticas, entre outras. Essa abordagem multidisciplinar 
amplia a compreensão das seguintes dimensões: 
 Condições de saúde de grupos populacionais específicos e tendências 
gerais do ponto de vista epidemiológico, demográfico, sócioeconômico e cultural; 
 A oferta de serviços de saúde de forma hierarquizada, considerando 
os diferentes níveis de complexidade (da unidade básica ao atendimento hospitalar 
especializado); 
 Realização de estudo sobre o processo de trabalho em saúde, 
formulação e implementação de políticas de saúde, a avaliação de planos, 
programas e tecnologias utilizada na atenção à saúde; 
 Ampliação e desenvolvimento de conhecimento sobre a saúde, o que 
inclui investigações históricas, sociológicas, antropológicas e epistemológicas sobre 
a saúde e doença e sobre as relações entre o “saber científico” e as concepções e 
práticas populares de saúde, desenvolvidas pelos grupos populares e fundamentadas 
nas tradições, crenças e culturas dos grupos populacionais. 
A partir da década de 90, percebe-se uma maior integração destes conhecimentos 
tendo como base as teorias e metodologias destas áreas de conhecimento, desencadeando-se 
em técnicas de pesquisa e novas possibilidades de análises de demanda em saúde. 
Atualmente, a sociologia da saúde, desponta no cenário clínico e metodológico 
apoiado em linhas de pesquisa estabelecidas e reconhecidas como sociologia médica, 
sociologia da saúde ou medicina social e tem como representantes pesquisadores como 
Maria Cecília Minayo que desenvolveu em 1992 a pesquisa qualitativa intitulada: O 
Desafio do Conhecimento - Pesquisa Qualitativa em Saúde. Nesse entrelaçar de novos 
 
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caminhos, abrem-se subsídios para novos métodos de análise no quesito saúde/doença, em 
consonância com a biomedicina e, ainda, enfatizando o doente como um processo de 
construção social, reportando à ideia do adoecimento vinculado a marcas sociais e 
redirecionando o adoecimento para um modelo centrado na saúde. Dentro de tais 
concepções, a sociologia é uma importante referência para a saúde pública e a „sociologia 
da saúde‟ foi incorporada nos Congressos de Medicina e de Saúde. 
Com a expansão das doenças crônicas, o doente passa a ser percebido de forma 
diferenciada, pois suas atividades rotineiras começam a ser analisadas de acordo com a sua 
complexidade, levando em consideração seu cotidiano, trajetória social e biografia. A 
sociologia na saúde desponta como algo que veio para contribuir e fecundar área de 
conhecimento da saúde pública e coletiva, referendada pela citação: "se a saúde pública é 
relativa à saúde do povo, então há muito mais coisas envolvidas além da medicina". (Lewis 
apud. Evans, 2003, p.959-967). 
 
3-COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DOS/AS 
SOCIÓLOGOS/AS 
As Competências e atribuições profissionais dos/as Sociólogos/as e a atuação do 
profissional graduado em Ciências Sociais, Ciências Políticas, Ciências Sociais, Sociologia 
e Política e/ou Antropologia são orientadas pelos direitos e deveres que constam na Lei Nº 
6.888/80 e no Decreto Nº 89.531/84 que cria e regulamenta a profissão de Sociólogo. Para 
o exercício da profissão de Sociólogo/a, a Lei Nº 6.888/80 determina a realização de 
registro no órgão competente do Ministério do Trabalho. 
A lei que cria a profissão do Sociólogo/a define em seu artigo 2º· as competências 
deste profissional: 
I. Elaborar, supervisionar, orientar, coordenar, planejar, programar, implantar, 
controlar, dirigir, executar, analisar ou avaliar estudos, trabalhos, pesquisas, planos, 
programas e projetos atinentes à realidade social; 
 
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II. Ensinar Sociologia Geral ou Especial nos estabelecimentos de ensino, desde 
que cumpridas as exigências legais; 
III. Assessorar e prestar consultoria a empresas, órgãos da administração pública 
direta ou indireta, entidades e associações, relativamente à realidade social; 
IV. Participar da elaboração, supervisão, orientação, coordenação, planejamento, 
programação, implantação, direção, controle, execução, análise ou avaliação de qualquer 
estudo, trabalho, pesquisa, plano, programa ou projeto global, regional ou setorial, atinente 
à realidade social. 
A Classificação Brasileira de Ocupações reafirma estas competências na descrição 
sumária das atividades/atribuições da profissão Sociólogo/a: 
 Realizar estudos e pesquisas sobre as realidades sociais, econômicas e 
políticas; 
 Participar da gestão territorial e socioambiental; 
 Estudar e gerir o patrimônio histórico e cultural; 
 Participar da elaboração, implementação, avaliação de políticas e programas 
públicos; 
 Organizar informações sociais,culturais e políticas; 
 Elaborar documentos técnico-científicos. 
No XIV Congresso Nacional dos Sociólogos, realizado pela Federação Nacional 
dos Sociólogos em 16 de abril de 2008, aprovou-se a Carta de Princípios Éticos da 
Profissão. Neste documento, foram reunidos princípios éticos e fundamentais para atuação 
profissional do sociólogo/a. 
O código de ética da profissão de sociólogo/a estabelece que os profissionais de 
sociologia têm o compromisso fundamental de investigar a realidade social e interpretar a 
realidade dos fatos e das relações sociais através da aplicação de métodos científicos e 
técnicas de pesquisa sociológicas, lutar pelo exercício da soberania popular e 
autodeterminação dos povos; opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, defender os 
 
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princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem; manter sigilo e 
anonimato sobre as informações pessoais confiadas e/ou colhidas no exercício profissional, 
e garantir que as informações e conhecimentos produzidos tenha sua aplicação e divulgação 
na busca de melhoria da qualidade de vida socioambiental da humanidade. 
Os graduados em Ciências Sociais estão aptos a desenvolver ações pertinentes às 
competências da Política Pública de Saúde, no âmbito do Ministério da Saúde, das 
Secretarias Municipais e Estaduais e dentro das perspectivas do SUS, pois estão munidos 
de conhecimentos nos seguintes temas: 
 Dos direitos humanos, sociais e políticos; 
 Das questões de gênero e sexualidade; 
 Das culturas e costumes, raça/etnia, estigmas e preconceito; 
 Das relações de poder e cidadania; 
 Da organização política e social do Estado; 
 Das políticas públicas e da participação social: 
 Dos processos de organização popular e dos movimentos sociais. 
A sociologia utiliza-se de diversas técnicas e estratégias, tais como: 
 Abordagem sistêmica, problematização, história de vida; 
 Atividades socioeducativas, grupos de discussão e reflexão; 
 Articulação e mobilização do território e da comunidade, fortalecimento de 
redes sociais; 
 Estudo e diagnóstico de realidade e do território, sistematização de 
informações, construção de indicadores sociais e perfil socioeconômico, métodos e técnicas 
de pesquisa social; 
 Elaboração e produção de materiais técnicos e informativos, elaboração e 
execução de campanhas socioeducativas. 
 
 
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4–FORMAS DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO/A SOCIÓLOGO/A NO SISTEMA 
ÚNICO DE SAÚDE 
A interação mútua entre condições de saúde e sociabilidade humana se faz 
presente desde os primórdios da história e adquire contornos mais complexos com a vida 
moderna, tais como a sofisticação do aparato burocrático e normativo estatal e fatores que 
envolvem as condições de acesso aos serviços de saúde, tais como a transição demográfica, 
urbanização, crescimento das cidades, a formação de novos aglomerados urbanos, 
participação social no controle das políticas sociais e mix público e privado da oferta de 
ações e serviços em saúde, entre outros fatores. 
Desta forma, a presença do/a Sociólogo/a contribui na gestão e execução das ações 
do Sistema de Saúde, pois o profissional de sociologia é um agente com conhecimentos 
acerca das relações sociais capaz de intervir como analista e mediador nas relações entre 
Estado, Sociedade e Políticas Públicas. 
Dentro das atividades da gestão e mediação, o/a sociólogo/a poderá atuar: 
 Na elaboração, coordenação, implantação, execução, análise, estudos, 
pesquisas, planos, programas e projetos atinentes à realidade da atenção 
primária no âmbito federal, estadual ou municipal; 
 Na elaboração, implementação e assessoramento da educação permanente em 
saúde; 
 Na coordenação das ações e programas do Ministério da Saúde: Melhor em 
Casa, S.O.S Emergência, Academia da Saúde, Combate à Dengue, Farmácia 
Popular, Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN, Unidades de 
Pronto Atendimento – UPA, Olhar Brasil, Humaniza SUS, Projeto Expande, De 
Volta para Casa, Controle do Tabagismo, QualiSUS-Rede, Consultório de rua, 
 Na coordenação das ações, programas e serviços de saúde no âmbito da gestão 
municipal e estadual; 
 
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 Na elaboração de relatórios e laudos técnicos na atenção primária, secundária, 
terciária e educação permanente. 
 No Programa Saúde da Família, avaliando os procedimentos nos Centros de 
Saúde da Família, território, atendimento humanizado; 
 Na elaboração de instrumentos técnicos de conhecimento do território, 
vigilância socioassistencial e diagnóstico socioeconômico e estudo social; 
 Na produção de orientação técnica e de materiais informativos do SUS; 
 No monitoramento e avaliação dos serviços do SUS; 
 
O sociólogo também poderá ser incorporado como profissional da saúde, na equipe 
multiprofissional dos serviços de saúde por deter habilidades de pesquisa, análise e técnicas 
que possibilitam o aperfeiçoamento da oferta de Atenção à Saúde, no Sistema Único de 
Saúde. Sendo assim, a contribuição está: 
 Nos trabalhos de prevenção realizados nos grupos de formação com temas 
como gravidez na adolescência, saúde do trabalhador, adolescentes e 
juventudes, saúde do homem, saúde mental e outros; 
 Na composição e atuação com Equipes Multiprofissionais em Serviços de 
Saúde, para realizar Preceptoria, Tutoria, visando o acompanhamento de 
profissionais de saúde residentes ao campo e a troca de conhecimentos e 
métodos de trabalho; 
 No NASF - Núcleos de Apoio à Saúde da Família, atuando em conjunto com 
profissionais das Equipes Saúde da Família, assessorando, tutorando, instruindo 
as práticas em saúde nos territórios; 
 Na Coordenação e/ou gerenciar da Escola de Saúde da Família, nos Serviços de 
Educação Permanente em Saúde, nas Tutorias, Preceptorias e demais serviços já 
citados anteriormente; 
 
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 Elaboração de relatórios, instrumentos técnicos de conhecimento do território: 
vigilância em saúde, diagnóstico socioeconômico e estudo social. 
A atuação do sociólogo como agente produtor de conhecimento acerca do 
processo saúde-doença ocorre por meio da participação em projetos, programas de ensino, 
pesquisa e extensão, conforme a Política do Ministério da Saúde, e, especificamente: 
 Na produção, sistematização de informações, indicadores e índices 
territorializados das situações de vulnerabilidade e risco social e violações de 
direitos que incidem sobre famílias/pessoas; 
 Nos estudos e pesquisas que proporcione o conhecimento da realidade territorial 
para a orientação da implantação de serviços voltados para melhoriada qualidade 
de vida; 
 Na identificação das características e dimensões das situações de precariedades, 
que vulnerabilizam e trazem riscos e danos à saúde, à comunidade, à sua 
autonomia e à socialização; 
 No processo de análise e avaliação e publicação das informações oriundas dos 
sistemas: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC, 
Departamento de Ouvidoria Geral do SUS – DOGES, Banco de Dados do 
Sistema Único de Saúde – DATASUS, Sistema Nacional de Informações em 
Saúde – SNIS, Sistema de Informações Ambulatoriais – SIA, Cadastro Nacional 
de Estabelecimentos de Saúde – CNES, Sistema de Informação de Agravos de 
Notificação – SINAN, Brasil Sorridente, Sistema de Apoio à Elaboração de 
Projetos de Investimentos em Saúde - SOMASUS, Sistema de Gerenciamento da 
Tabela Unificada de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Próteses e 
Materiais Especiais do Sistema Único de Saúde – SIGTAP, Informações 
técnicas, situação epidemiológica, documentos, links relacionados, entre outras 
opções que podem auxiliar na pesquisa de informações sobre a doença, Sistema 
de Informações do Programa Nacional de Imunizações – SI-PNI, Jogos 
 
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produzidos pela equipe do Portal da Saúde/ASCOM/GM para Campanhas, 
Sistema de Informações Gerenciais de Malária - SIGMALÁRIA, Sistema de 
Informações sobre Mortalidade – SIM, Sistema Integrado de Protocolo e Arquivo 
do Ministério da Saúde – SIPAR, Políticas públicas e ações para os diversos 
segmentos da população brasileira, Sistema de Informações sobre Orçamento 
Público em Saúde – SIOPS, Programa de Tabulação do Ministério da Saúde – 
TABNET; 
 Nos estudos de territorialidade, auxiliando a traçar o perfil dos usuários atendidos 
no Sistema Único de Saúde – SUS e os indicadores de vulnerabilidade (perfil 
socioeconômico, demográfico e cultural); 
 Nos estudos de vigilância em saúde, visando criar indicadores de incidência (por 
intermédio dos sistemas de informações e vigilância epidemiológica) que 
permitam detectar, prever e planejar ações que visem à erradicação ou prevenção 
de um determinado fenômeno. Por exemplo, fazer observação sistemática no 
sistema de notificação de violência contra a mulher, visando à elaboração de 
estudos e diagnósticos que permitam traçar o perfil do agressor e da vítima, 
identificar as condições de vida destes, possibilitando planejamento de políticas 
públicas para este público; 
 Nos estudos de avaliação e monitoramento dos Projetos e Programas do Sistema 
Único de Saúde - SUS, visando obter um diagnóstico e a qualificação dos 
mesmos. 
Portanto, é mister que o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Saúde 
incluam na resolução nº 287/1998, que dispõe sobre as categorias profissionais que 
compõem o Sistema Único de Saúde, o/a sociólogo/a como profissional habilitado para 
compor as equipes de ação interdisciplinar no âmbito da saúde. 
A citada resolução reconhece que a “imprescindibilidade das ações realizadas 
pelos diferentes profissionais de nível superior constitui um avanço no que tange à 
 
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concepção de saúde e à integralidade da atenção”. Diante disto, o conhecimento sociológico 
torna-se necessário por estar na base do planejamento para a gestão das políticas da área da 
saúde, da análise e intervenção nas condições sociais, dos estudos demográficos e 
epidemiológicos, pois contribui com a ampliação do conhecimento sobre saúde-doença. 
A atuação nas equipes multiprofissionais e em serviços de saúde, dentre inúmeras 
outras possibilidades, contribui com a vigilância epidemiológica, prevenção e ações 
territoriais. 
Por fim, vale salientar que o Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, por 
intermédio da resolução de nº 17, de 17 de julho de 2011, que dispõe sobre as categorias 
profissional de nível superior, reconhece a contribuição indispensável do sociólogo como 
profissional de nível superior integrante da equipe multiprofissional do Sistema Único de 
Assistência Social – SUAS. 
 
5–REFERÊNCIAS: 
BARROS, Nelson Filice de; NUNES, Everardo Duarte. Sociologia, medicina e a 
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