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MATERIAL DIDÁTICO ERGONOMIA E FISIOLOGIA DO TRABALHO CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 0800 283 8380 www.ucamprominas.com.br Impressão e Editoração 2 SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO ...................................................................................... 3 UNIDADE 2 - ERGONOMIA ....................................................................................... 6 2.1 REFLEXÕES CRÍTICAS INICIAIS E ESSENCIAIS ............................................................... 6 2.2 ERGONOMIA ............................................................................................................ 8 2.3 ÁREAS DE ATUAÇÃO ................................................................................................. 9 2.4 ABORDAGEM MULTIPROFISSIONAL DA ERGONOMIA .................................................... 11 2.5 DEGRAUS DA INTERVENÇÃO ERGONÔMICA ................................................................ 11 UNIDADE 3 - LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)/DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT) ...................... 13 3.1 DEFINIÇÃO............................................................................................................. 13 3.2 BREVE HISTÓRICO DE LER/DORT NO BRASIL .......................................................... 14 3.3 FATORES DE RISCOS PARA LER/DORT ................................................................... 14 UNIDADE 4 - PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR) .......................... 20 4.1 DEFINIÇÃO............................................................................................................. 20 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA PAIR .................................................................................... 21 4.3 FATORES DE RISCO ................................................................................................ 22 4.4 CUSTOS PARA A PREVIDÊNCIA SOCIAL EM 2002 ....................................................... 23 UNIDADE 5 - LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS ...................... 25 UNIDADE 6 - FISIOLOGIA DO TRABALHO ............................................................ 39 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46 ANEXOS ................................................................................................................... 49 3 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO A revolução social, cultural e profissional que se vive atualmente, proporciona avançados nos recursos tecnológicos com o intuito de facilitar a vida das pessoas, tais como o uso de computadores, lap top ou notebook, alarmes, telefones celulares e diversos outros equipamentos que são lançados continuamente no mercado. No entanto, a utilização das novas tecnologias tem também promovido o aumento de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, gerando ações nas esferas jurídicas, cível, criminal, trabalhista e previdenciária, que trazem inúmeras repercussões e prejuízos nos relacionamentos entre capital e trabalho, empresário e trabalhador, e sociedade de um modo geral, como será demonstrado no decorrer desta obra. As consequências têm sido discutidas nas áreas de saúde, social, tecnológica, segurança, jurídica, pesquisa, normas internacionais, e tem motivado o desenvolvimento de trabalhos vinculados à prevenção primária de saúde, ou seja, fazendo promoção de saúde e proteção específica, e segurança, bem como do conhecimento e avaliação dos riscos e dos efeitos que os mesmos ocasionam, buscando desta forma uma globalização e padronização de rotinas e práticas que tragam como resultado a proteção à saúde e segurança dos trabalhadores e do meio ambiente, onde criam-se ordens de serviço ou procedimentos específicos e que são exigências legais (Lei 6.514 - 22.12.1977 - NRs. Portaria 3.214- 08.06.1978). Apesar de existir um avanço tecnológico no que se refere à veiculação de informações e pesquisas, através do uso da web ou internet, deve-se admitir que a velocidade dessas informações, bem como o seu dinamismo, favorecem erros técnico-científicos, embora o processo de benchmarking entre os profissionais que atuam nas áreas de prevenção à saúde, segurança, meio ambiente, resulte na criação de uma malha normativa que agrupa de maneira global as informações a todos os envolvidos, na tentativa de propor alternativas mais adequadas para as atuais condições de trabalho (LOPES, 2001). Entretanto, os conflitos de interesses de classes, sindicatos, órgãos governamentais, convênios médicos, entre outros, demonstram o envolvimento de grandes somas de dinheiro, aumentando consideravelmente o custo Brasil e que 4 uma das causas do problema está exatamente na falta de conhecimento técnico, científico, administrativo e legal, bem como a maneira com que os problemas e sugestões para a erradicação dos mesmos são conduzidos. Na última década, observa-se que as preocupações com a avaliação de riscos inerentes à função e a ambientes de trabalho, têm se tornado rotina, tomada como uma das poucas formas de resolver inúmeras situações que resultam em prejuízos, tanto para trabalhadores quanto para empresas (LOPES, 2001). Observa-se também que o Direito do Trabalho vive, na sua rotina diária, mediando e intervindo na resolução de conflitos entre o capital e o trabalho, e que as questões referentes à saúde no trabalho por exposição a riscos conhecidos e doenças ocupacionais, demonstram que o trabalho exigido, frequentemente está sendo realizado acima dos limites de segurança ou inadequadas. Tais situações resultam, na maioria dos casos, em ações jurídicas e processos movidos de maneira reativa e compulsória, visando o reconhecimento e a indenização monetária. Essas situações poderiam ser prevenidas por meio de práticas seguras e efetivas de prevenção, através da ergonomia. Isto leva a considerar que a Ergonomia pode ser uma das principais possibilidades para a prevenção, tratamento, restrição de danos pessoais e econômicos, em toda sua amplitude, pois, por meio da ergonomia, pode-se constatar diversos aspectos primordiais para a prevenção de passivos ocupacionais, dentre eles: a biomecânica do posto de trabalho, a organização do trabalho, o levantamento e priorização de riscos, e ainda fatores físicos e psicossociais dos trabalhadores, dentre outros (LOPES, 2001). Procuramos abordar estes temas – ergonomia e fisiologia – de forma teórica e prática, evidenciando uma das importâncias da ergonomia, como instrumento preventivo de passivos ocupacionais, a fim de oferecer subsídios para que a ciência deste problema evite impactos às instituições e aos trabalhadores, por meio das ações reclamatórias que variam de uma simples queixa até a instalação de processos, os mais variados possíveis. Enfim, esta apostila não é uma obra inédita, trata-se de uma compilação de autores e temas ligados à ergonomia e fisiologia do trabalho e tomamos o cuidado 5 de disponibilizar ao final da mesma, várias referências que podem complementar o assunto e sanar possíveis lacunas que vierem a surgir. Desejamos bons estudos a todos! 6 UNIDADE 2 - ERGONOMIA 2.1 Reflexões críticas iniciais e essenciais Em medicina, a saúde é considerada o estado “normal” do organismo humano, embora a normalidade não possa ser determinada com exatidão pelo grande número de fatores, tais como sexo, idade, profissão, susceptibilidade, individualidade, que interagem no organismo de cada pessoa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define que “Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”. Na década de 1960, Leavell e Clark trabalharam com a tríade ecológica, que consiste na relação instávelentre agente (predisponente à doença), hospedeiro (predisposto à doença) e meio ambiente, e desenvolveram o modelo da História Natural das Doenças, modelo mecanicista e biologicista que tenta explicar o processo saúde doença e seus fatores associados. Leavell e Clark (1976) definiram em seu modelo que a história natural das doenças consistia nas inter-relações do agente suscetível e do meio ambiente, que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. Em síntese, os estímulos a que o homem é submetido, quer sejam físicos, químicos, biológicos, ambientais ou sociais, dentre outros, geram reações orgânicas, seguidas de sinais e sintomas. Para atingir-se os níveis de prevenção de saúde apresentados por Leavell e Clark (1976), necessita-se, evidentemente, de ação antecipada, de prevenção primária de saúde, ou seja, impedir o início da doença. Certamente a Análise Ergonômica do Trabalho pode ser considerada como uma das ações de intervenção prevencionista primária. Evitar a progressão da doença por prevenção secundária é atuar no início do processo patológico, procurando estancar ou retardar a progressão da doença por diagnóstico precoce e tratamento imediato. Nesta situação, considera-se o trabalhador que se apresenta com queixas de dor osteomuscular, dificuldade auditiva, entre outros, demonstrando que já tem um distúrbio instalado. Se o processo mórbido progride, atua-se por meio da 7 reabilitação, objetivando limitar o dano e o aparecimento de sequelas, para evitar fundamentalmente a debilidade funcional ou deformidades, que podem evoluir para invalidez ou até a morte do indivíduo. Nesta situação considera-se a prevenção terciária, em função da limitação e reabilitação das sequelas. Além da legislação trabalhista, que será discutida adiante, deve-se considerar os direitos previdenciários do trabalhador, ou seja, Lei 8.213/91 em seus artigos: 42 a 47, que determinam aposentadoria por invalidez; 57 e 58, que determinam aposentadoria especial; e finalmente, 59 a 63, que determinam os demais benefícios e serviços. Não deixando de considerar também que sequelas instaladas podem determinar o recebimento de pecúlio auxílio acidente de 50% de salário e que será objeto de estudo multiprofissional realizado pelo RP (Centro de Reabilitação Profissional), com intuito de devolvê-lo ao mercado de trabalho já reabilitado. O objetivo final é o pleno funcionamento da pessoa no lar, na comunidade e na profissão, procurando recuperar não só a função fisiológica, mas também alcançar um satisfatório rendimento psicológico e social. No tocante às relações de trabalho, em função do contínuo desenvolvimento do trabalho maquínico, redobrado pela revolução informática, as forças produtivas vão tornar disponível uma quantidade cada vez maior do tempo de atividade humana potencial. Rocha (2009) questiona qual seria a finalidade dessa disponibilidade ao ser humano: a do desemprego, da marginalidade opressiva, da solidão, da ociosidade, da angústia, da neurose, ou da cultura, da criação da pesquisa, da reinvenção do meio ambiente, do enriquecimento dos modos de vida e de sensibilidade? Rigotto (1992) relata que havia, já na década de 1990, um bilhão de pessoas sem trabalho no mundo, que vivenciam, ainda hoje, a falta de oportunidade para explorar outras dimensões da vida, mas a de conhecer na pele a dor da exclusão social. Outros tantos vivem a tortura cotidiana de um trabalho destituído de sentido. Suportam-no porque dele dependem para sobreviver, e até tentam dar-lhe um significado, projetar nele uma esperança, enxergar uma porta aberta, considerando a relação consciente e transformadora do homem com a natureza e com os outros 8 homens, impressão da própria face na sociedade e na história: o sentido do trabalho humano. Uma faceta ainda desse drama pós-moderno atormenta hoje milhares de mulheres e homens. Invade suas vidas na forma de uma dor ou dificuldade de discriminação de sons. Este drama mal entendido por quase todos, de empregadores a colegas, médicos, familiares, legislações, são as LER1/DORT e a PAIR2, que nos importa nesta apostila entendê-las e como diz Rocha (2009), entendê-las muito bem! As LER/DORT e a PAIR não são apenas um mero distúrbio mecânico, pois o ser humano é mais do que um conjunto de músculos, ossos e sensações, mais do que força de trabalho. Inclusive são doenças de um grupo crescente de indivíduos, são sinais que clamam por diagnóstico coletivo das mazelas de nossa sociedade. Daí é que advém a prevenção (ROCHA, 2009). Na família, a desarmonização é constantemente constatada em função de desarranjo conjugal, paternal ou maternal, comprometendo este núcleo que é a base da sociedade, e que, com a progressão do processo, atingirá outros núcleos familiares e, em cadeia, toda uma comunidade. Tentar conceituar com rigor um evento biológico, em se tratando de doenças ocupacionais, é certamente incorrer em erros, pois doenças como LER/DORT e PAIR têm etiologias multifatoriais, contudo, cabe esclarecer aqui os conceitos mais usualmente utilizados. Porém, antes de esclarecê-los, é importante fazer uma breve discussão sobre a ergonomia, sua definição, suas áreas de atuação, a abordagem multidisciplinar e os degraus da intervenção ergonômica. 2.2 Ergonomia Ergonomia é um conjunto de ciências e tecnologias que procura a adaptação confortável e produtiva entre ser humano e seu trabalho, basicamente procurando adaptar as condições de trabalho às características do ser humano, segundo Couto (1995). 1 LER- Lesões por Esforço Repetitivo, DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. 2 PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído. 9 A palavra ergonomia tem sua etiologia de origem grega, orgon significando trabalho e nomos, regras, leis. Assim, tem-se seu significado como o estudo das leis que regem o trabalho. Wisner (1987) define ergonomia como: conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquina e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo conforto, segurança e eficácia. Lida (1990), numa concepção mais ampla de trabalho, não restringindo este apenas à concepção física, mas levando em consideração também o aspecto organizacional, define ergonomia como “o estudo de adaptação do trabalho ao homem". Segundo a Associação Internacional de Ergonomia (IEA), numa das definições mais recentes (agosto de 2000), entende-se a ergonomia, ou fatores humanos, como uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. .Apesar de já no século passado utilizar-se a palavra ergonomia, foi apenas no início deste século que se propôs algo mais prático em relação a ela, como será visto adiante. A ergonomia tem, como uma de suas funções, a prevenção da insalubridade, da periculosidade e do trabalho penoso. A insalubridade está vinculada a agentes físicos, químicos e biológicos, enquanto a periculosidade se refere a atividades e operações perigosas com explosivos, inflamáveis, eletricidade e radiações ionizantes ou substâncias radioativas; já o trabalho penoso baseia-se nas inadequações das condições físicas e psicofisiológicas dos trabalhadores, de seu ambiente de trabalho (mobiliários, organização, equipamentos, entre outros). 2.3 Áreas de atuação Segundo Couto (2007), a ergonomia tem cinco grandes áreas de atuação aplicadas ao trabalho: 10 1)Planejamento dos sistemasde trabalho A primeira grande área da ergonomia preocupa-se com o planejamento dos sistemas de trabalho de atividades fisicamente pesadas, com altos gastos energéticos e acúmulo de ácido láctico no sangue do trabalhador, com a possibilidade de acidose metabólica. Nesta área também estudam-se ambientes com altas temperaturas. 2)Biomecânica A segunda grande área, a área da biomecânica, preocupa-se com os movimentos e posturas de trabalho, estudando a anatomia corporal relacionada à posição ocupacional do empregado. Nesta área também estuda-se o que decorre de uma jornada de um trabalhador na posição sentada. 3)Antropometria Na terceira grande área, utiliza-se da antropometria para medir as dimensões humanas e seus ângulos de conforto e desconforto, e, com base nestes dados, planejam-se postos de trabalho confortáveis e ergonomicamente adequados aos empregados. A ergonomia tenta planejar postos que atendam à 90% da população, sendo muito importante para isso o conhecimento do padrão antropométrico populacional. 4)A prevenção da fadiga no trabalho Relaciona-se com a Ergonomia de correção. É aplicada em situação real já existente para resolver problemas que se refletem na segurança, na fadiga, em doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da produção. 5)A prevenção do erro humano Relativamente nova, a quinta grande área de atuação da ergonomia ocupa-se em prevenir o erro humano, já que condições ergonomicamente adversas estão frequentemente relacionadas a este. Esta área é particularmente importante quando envolve postos de trabalho em que um erro por parte do trabalhador pode desencadear grandes riscos a outrem, como, por exemplo, no posto de condutor de meios de transporte. 11 2.4 Abordagem multiprofissional da ergonomia Segundo Couto (2007), não existe uma categoria profissional que seja capaz de dar uma solução às situações do trabalho ergonomicamente completa. É necessário, para tanto, que a ergonomia seja praticada por uma equipe multiprofissional. Voltado para uma visão biomecanicista, avaliando estados ergonômicos que podem causar déficits na saúde do trabalhador, está o Médico do Trabalho. Em outras óticas da prática ergonômica, que são complementares entre si, atuam profissionais da engenharia, da Segurança do Trabalho e do desenho industrial, também profissionais da área biológica, como enfermeiros, fisioterapeutas; ainda psicólogos, e outros mais. Todos esses profissionais trabalham cooperativamente com o objetivo de estabelecer uma análise ergonômica completa. 2.5 Degraus da intervenção ergonômica Couto (2007) acredita que a intervenção ergonômica está organizada em cinco passos. 1º. O primeiro passo consiste na transformação de condições primitivas de trabalho, sem qualquer conforto, em postos de trabalho. 2º. O segundo passo se dá melhorando as condições de conforto relacionadas ao ambiente de trabalho, tais como o conforto térmico, auditivo e luminoso. 3º. O terceiro passo, talvez o mais sutil em relação à ergonomia, está relacionado à melhoria dos métodos de trabalho. Cabe nesta etapa fazer a análise biomecânica do posto do trabalhador e tentar solucionar os problemas relacionados à biomecanicidade. 4º. O quarto passo consiste na melhor organização do sistema de trabalho, fazendo a análise de situações antiergonômicas dentro de setores organizacionais e hierárquicos da empresa. 5º. O quinto passo, que já é considerado uma realidade atual, se dá na adequação das situações de impactos ergonômicos sobre o trabalhador, visando uma adequação do posto de trabalho ao trabalhador. O ergonomista, ao diagnosticar a condição inadequada, deve, nas suas conclusões, visar 12 também propostas de correção, observar parâmetros técnicos e científicos que não se restrinjam apenas à automatização do equipamento. Este profissional deve ter em mente também a adaptação das condições de trabalho às características do ser humano, visando assim um ambiente confortável, agradável, possibilitando produção com qualidade e garantia da saúde do trabalhador. 13 UNIDADE 3 - LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS (LER)/DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (DORT) 3.1 Definição As Lesões por Esforço Repetitivo e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, mais conhecidos pelo binômio LER/DORT, são abrangentes e se referem aos distúrbios ou doenças do sistema músculo- esquelético, principalmente de pescoço e membros superiores, relacionados ou não, ao trabalho. São um grupo heterogêneo de distúrbios funcionais e/ou orgânicos que são induzidos mais frequentemente por fadiga neuromuscular causada por trabalho realizado em posição fixa (trabalho estático) ou com movimentos repetitivos, principalmente de membros superiores; falta de tempo de recuperação pós- contração e fadiga devido à falta de flexibilidade de tempo e ritmo elevado de trabalho, de dor, formigamento, dormência, choque, peso e fadiga precoce (IPSEMG, 2007). As LER/DORT, apresentam-se como alguns distúrbios bem definidos: tendinite, tenossinovite, sinovite, peritendinite, em particular de ombros, cotovelos, punhos e mãos; epicondilite, tenossinovite estenosante (De Quervain), dedo em gatilho, cisto, síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar (nível de cotovelo), síndrome do pronador redondo, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome cervical ou radiculopatia cervical, neurite digital, entre outras. Em casos mais extremos tem-se a presença de quadros em que as consequências são generalizadas: síndrome miofacial, mialgia, síndrome da tensão do pescoço, distrofia simpático-reflexa/síndrome complexa de dor regional. 14 3.2 Breve histórico de LER/DORT no Brasil No Brasil, a primeira referência oficial a esse grupo de afecções do sistema musculoesquelético foi feita pela Previdência Social, com a terminologia tenossinovite do digitador, através da Portaria 4.062, de 06.08.1987. Em 1992, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo publicou a Resolução SS 197/92, já introduzindo a terminologia Lesões por Esforços Repetitivos (LER), após amplo processo de discussão entre os mais diferentes segmentos sociais. Nesse mesmo ano, a Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social e Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais publicaram a Resolução 245/92, baseada na Resolução SS 197/92, de São Paulo. Em 1993, o INSS publicou sua Norma Técnica para Avaliação de Incapacidade para LER, baseada nas resoluções anteriormente citadas. Em 1998, na revisão de sua Norma Técnica, a Previdência Social substituiu LER por DORT, sigla de Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, tradução escolhida para a terminologia Work ReZated Musculoskeletal Disorders. Neste trabalho utiliza-se LER/DORT. As tendências atuais têm evitado utilizar o termo LER, para evitar a impressão de que, diminuindo a repetitividade, se acabará com a “doença LER”. A LER em sua fase inicial ocorre como um distúrbio e não como uma lesão; esta se dará em uma fase bem posterior, razão pela qual a classificação DORT é mais adequada. É importante ressaltar que existem outros fatores a se considerar além da repetitividade, tais como: força excessiva, posturas incorretas, compressão tecidual, além do contributivo ou doenças de base, como, por exemplo, costela cervical, osteoartrose de coluna cervical, hérnia de disco cervical, mal de Hansen, neurites periféricas, entre outras (COUTO, 2007). 3.3 Fatores de riscos para LER/DORT As LER/DORT resultam da superutilização do sistema musculoesquelético, sendo quadros clínicos que se instalam progressivamente em pessoas que desenvolvem suas atividades em postos de trabalho sujeitos a fatores de risco relacionados à tecnologia e organização do trabalho. Os fatores que favorecem a ocorrência das LER/DORT são múltiplos.15 Primeiramente, um fator de risco importante no caso de LER/DORT é a repetitividade, que, ao interagir com outros fatores, tem seus efeitos potencializados. Para o estudo do fator repetitividade e suas possíveis repercussões na saúde, deve- se caracterizar a duração dos ciclos de trabalho, seu conteúdo e o custo humano no trabalho (OLIVEIRA, 1998). A repetitividade representa a frequência de execução de determinados movimentos ao longo do tempo, podendo ser biomecanicamente definida como o número de movimentos que ocorrem em uma determinada quantidade de tempo ou simplesmente o tempo necessário para completar uma atividade. Este tempo corresponde a um ciclo de trabalho. Um ciclo de trabalho inclui uma sequência de passos, de ações necessárias para a execução de uma atividade ou tarefa. Tomando-se como base o conceito de atividade, o tempo necessário para completar uma atividade corresponde a um ciclo de trabalho. Segundo Oliveira (1998), a repetitividade tem sido considerada um fator importante, mas não imprescindível para o desencadeamento de casos de LER (daí a impropriedade do nome). Para a caracterização ergonômica das tarefas quanto à repetitividade, existem propostas diferentes nos diversos centros. No entanto, o conceito mais amplamente difundido é o Putz-Anderson (NIOSHI), de 1988: Tabela 1 – NIOSHI – Conceito de Ciclos fundamentais Ciclos Fundamentais Pouco Repetitivos Muito Repetitivos Ciclo movimento predominante > 30” < 50% do ciclo < 30” > 50% do ciclo Fonte: Oliveira (1998, p. 150). Repetitiva é aquela tarefa em movimentos iguais, ou de mesmo padrão, que são realizados a cada poucos segundos, por um período superior a duas horas. Hedén e Bjuvald (apud Oliveira, 1998) apresentam o seguinte instrumento usado em toda a Escandinávia: 16 Tabela 2 – HÉDEN - BJUVALD – Ciclos de Movimentos Trabalho Repetitivo Inaceitável Necessita melhor avaliação Aceitável ciclo Repete-se muitas vezes por minuto Repete-se muitas vezes por hora Repete-se algumas vezes por hora Fonte: Oliveira (1998, p. 150). Mathlassen e Winkel (apud Oliveira, 1998) conceituam repetitividade como uma dimensão da exposição mecânica, carga física do trabalho. Segundo os autores, na avaliação de exposição mecânica, é necessário considerar suas três dimensões: amplitude, frequência e duração. A frequência determina a repetitividade e avalia em que medida a exposição muda. O produto da amplitude (concentração ou nível) pela duração é a dose. Segundo Codo (1987), um trabalho é repetitivo quando: existirem poucos passos em cada ciclo; os passos forem sempre os mesmos e realizados da mesma maneira, e, a ordem dos passos não puder ser alterada. Para Rio (1998) a repetitividade pode ser biomecanicamente definida como o número de movimentos que ocorrem numa determinada quantidade de tempo ou simplesmente o tempo necessário para completar uma atividade. É fundamental, nesta situação, para se compreender a questão da repetitividade, conceituar o ciclo de tarefa repetitiva. Rio (1998) conceitua o ciclo como uma sequência de passos, de ações necessárias para a execução de uma atividade ou tarefa, tomando como base o tempo necessário para completar uma atividade correspondente a um ciclo de trabalho. Como exemplo de repetitividade pode-se citar o digitador e o ciclo de tarefa repetitiva do caixa bancário. A invariabilidade do trabalho refere-se à atividade que é sempre a mesma durante toda a jornada de trabalho e é outro fator considerado de risco. É um conceito também ligado à repetitividade. As tarefas monótonas, com posturas imobilizadas pelas exigências do trabalho, parecem apresentar risco maior para a ocorrência de LER/DORT. Se o 17 trabalho não varia em ciclos curtos, as estruturas tornam-se sobrecarregadas, sem tempo de recuperação, tendo-se assim maior probabilidade de ocorrência de LER/DORT. Colombini (2005 apud Couto, 2007) comenta que a literatura internacional apresenta suficiente consenso ao definir como potencialmente danosas: a postura e o movimento extremo de qualquer articulação; a postura (ainda que não extrema) mantida por longo tempo; e, movimentos específicos dos diversos segmentos quando fortemente repetitivos. Em termos gerais, posturas estáticas são aquelas que duram mais de 20 segundos. Músculos submetidos a trabalho estático podem requerer um tempo de 12 vezes para se recuperar da fadiga, do que o requerido por uma contração não estática (COUTO, 2007). As cargas musculoesqueléticas são as forças exercidas sobre estruturas dos sistemas ósseo e muscular, gerando, por exemplo, tensão no músculo e estiramento de um tendão em sua bainha. A inadequação da carga ao indivíduo pode desencadear um processo de LER/DORT. O trabalho muscular estático ocorre, por exemplo, quando um membro é mantido em determinada posição, e quando as estruturas musculoesqueléticas devem suportar o peso desse membro, como no caso do trabalho com os braços elevados, acima do nível da cintura escapular. Um outro exemplo seria o trabalho em postura sentada. Esse trabalho muscular estático implica uma contração mantida sem interrupção, o que poderia levar a uma sobrecarga e, se o tempo de recuperação não for suficiente, há probabilidade de ocorrência de LER/DORT. O esforço dinâmico é aquele realizado pela contração da musculatura onde há um movimento do segmento, podendo ser movimentos repetitivos ou não, deslocamentos a pé, transportes de cargas, utilização de escadas, entre outros. Posturas inadequadas, que são assumidas pelos trabalhadores para realizarem as operações do ciclo de trabalho quando o posto de trabalho é 18 inadaptado, entram também no grupo dos fatores de risco. Para cada articulação, pode-se definir uma postura de base em que as exigências ligadas à sua manutenção são mínimas e as estruturas anatômicas estão em posições favoráveis. Uma postura é inadequada quando, por exemplo, o corpo tem de lutar contra a gravidade para mantê-Io. As estruturas anatômicas, então, encontram-se em má posição para poderem funcionar de maneira eficaz. Se essas posturas críticas estão presentes no trabalho e a solicitação das estruturas for frequente, haverá uma sobrecarga e, se o tempo de recuperação não for suficiente há maior probabilidade de ocorrência de LER/DORT (VIDAL, 2001). Outro fator de risco é a pressão mecânica, que ocorre quando tecidos moles de segmentos do corpo são esmagados pelo contato direto contra um objeto duro presente no ambiente de trabalho. Geralmente o local mais afetado é a mão, pois a manipulação de objetos com bordas vivas e pegas estreitas, por exemplo, levará a uma grande pressão local. Outras regiões do corpo, como punhos, antebraços e cotovelos podem também ser submetidas à pressão mecânica em determinadas atividades. Se a pressão mecânica, os choques e impactos estão frequentes no trabalho, as estruturas serão muito solicitadas havendo probabilidade de ocorrência de LER/DORT (VIDAL, 2001). As LER/DORT são as lesões geradas por repetitividade, esforço, velocidade da tarefa, resistência pessoal, estado psicossocial do indivíduo, bem como a exposição a fatores ambientais como ruído, vibrações, frio, umidade, iluminação, mobiliário, arranjo físico e dimensionamento do posto de trabalho (VIDAL, 2001). Para Antonalia (2001), o principal fenômeno responsável para essa patologia é a modernização do trabalho, seja a mecanização, seja a automação das tarefas ou a informatização das áreas de serviços, determinando um aumento das tarefas manuais repetitivas, especialmente em membros superiores, ombros e região cervical. Rigotto (1992) constatou que o admirável desenvolvimento científico e tecnológico, principalmente dos últimos anos – a utopia da modernidade – abriu possibilidades para profundas modificações noprocesso de trabalho. Inovação nas máquinas, equipamentos e formas de organizar o trabalho estão transformando os 19 postos de trabalho e reduzindo progressivamente a necessidade do trabalho humano para a produção de bens e serviços. 20 UNIDADE 4 - PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR) 4.1 Definição Também conhecida como “Perda Auditiva por Exposição a Ruído no Trabalho”, “Perda Auditiva Ocupacional”, “Surdez Profissional”, “Disacusia Ocupacional”, a Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional – PAIR – constitui- se em doença profissional de enorme prevalência, tendo se difundido a numerosos ramos de atividades. A Perda Auditiva Induzida por Ruído, relacionada ao trabalho, é uma diminuição gradual da acuidade auditiva, decorrente da exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora. O termo Perda Auditiva Neurossensorial por Exposição Continuada a Níveis Elevados de Pressão Sonora é mais adequado (NUDELMANN, 1997). Sua caracterização clínica e médico-pericial é muito complexa, se considerarmos que a legislação anterior não considerava a PAIR como doença profissional e, portanto, não estava relacionada no Anexo V do Decreto 83.080/79. O Decreto 611/92, que regulamentava a Lei 8.213/91, passou a considerar o ruído como agente causador de doença profissional, porém foram utilizados critérios inadequados para avaliar incapacidades e indenizações, em seu Anexo III, somente contemplava como auxílio acidente as perdas auditivas consequentes de acidentes típicos, considerando apenas as frequências de 500 a 2.000 Hz do audiograma. Hoje, conforme Portaria 19 de 09.04.1998 (Ministério do Trabalho e Emprego - Portaria 3.214 - NR 7 – Anexo I – Quadro lI), que define as diretrizes e parâmetros mínimos para a avaliação e acompanhamento da audição em trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados, a PAIR não deve indicar inaptidão ao trabalhador lesado, pois tal doença não o impossibilita de desempenhar suas funções laborais habituais. A lesão constatada na audição é de frequências agudas (4000, 6000Mz), sendo que a área da fala é de frequências graves e médias, ou seja, de 500Hz até 2000Hz, estão então preservadas na PAIR. 21 4.2 Caracterização da PAIR De acordo com o Comitê de Ruído e Conservação da Audição da American College of Occupational Medicine, e segundo o Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, são características da PAIR: Ser neurossensorial, por comprometer as células de órgão de Corti; Ser quase sempre bilateral (ouvidos direito e esquerdo com perdas similares) e, uma vez instalada, irreversível; Por atingir a cóclea, o trabalhador portador de PAIR pode desenvolver intolerância a sons mais intensos (recrutamento), perda da capacidade de reconhecer palavras, zumbidos, que, somando-se ao déficit auditivo propriamente dito, prejudicarão o processo de comunicação; Muito raramente, provocar perdas profundas, não ultrapassando geralmente os 40 dB (NA) (decibéis Nível Auditivo) nas frequências baixas e 75 dB (NA) nas altas; A perda tem seu início, e predomina, com um entalhe audiométrico na frequência de 4000Hz, evoluindo para uma gota acústica, com comprometimento evolutivo das frequências em 3000Hz e 6000Hz, progredindo lentamente às frequências de 8.000, 2.000, 1.000, 500 e 250 Hz, para atingir seu nível máximo, nas frequências mais altas, nos primeiros 10 anos de exposição estável a níveis elevados de pressão sonora, sendo que o prejuízo mais comum para o acometido é a discriminação da fala, ou seja, dificuldade em entender a fala em presença de ruído de fundo, presença de tinitus (alucinações auditivas) ou zumbido e o fenômeno denominado de recrutamento ou dor ao ser exposto a ruído excessivo. Cessada a exposição ao nível elevado de pressão sonora, não há progressão da PAIR. Cabe aqui diferenciar curva audiométrica do tipo condutiva, neurossensorial e mista. Na curva condutiva as ondas sonoras não se transmitem ao ouvido interno através do sistema normal que é a cadeia ossicular do ouvido médio; no entanto, quando aplicado sobre a superfície óssea, o estímulo se propaga normalmente até o ouvido interno, cuja função é normal. Tal é o caso da esclerose do ouvido médio, 22 das otites, da perfuração do tímpano, desarticulação da cadeia ossicular e até mesmo de rolhas ceruminosas no conduto auditivo externo. A curva neurossensorial ocorre quando existem alterações cocleares (Órgão de Corti) ou retrococleares. O fator etiológico está no órgão de Corti e/ou nervo acústico. Os principais causadores da curva são: PAIR, presbiacusia, trauma sonoro, medicamentos ototóxicos, doença de Meniére, surdez súbita entre outros. A curva do tipo mista acontece quando a audição por condução aérea e a audição por condução óssea também estão diminuídas, porém a condução óssea em menor grau, com diferença maior que 10dB entre os dois valores, com comprometimento do sistema de transmissão aérea e também do sistema neurossensorial. Os seguintes fatores influenciam nas perdas auditivas induzidas por ruídos: características físicas do agente causal (tipo, espectro, nível de pressão sonora), tempo e dose de exposição, e susceptibilidade individual (HARGER; BARBOSA- BRANCO, 2004). 4.3 Fatores de Risco É comum em condições normais de trabalho, além da presença do ruído, a coexistência de vários fatores, que podem agredir diretamente o órgão auditivo ou através da interação com o nível de pressão sonora ocupacional ou não ocupacional, influenciando o desenvolvimento da perda auditiva. Alguns, dentre estes fatores, merecem referência: Agentes químicos – solventes (tolueno, dissulfeto de carbono), fumos metálicos, gases asfixiantes (monóxido de carbono); Agentes físicos – vibrações, radiação e calor; Agentes biológicos – vírus, bactérias, entre outros. O ruído torna-se fator de risco ambiental da perda auditiva ocupacional se o nível de pressão sonora e o tempo de exposição ultrapassarem certos limites. A NR 15 da Portaria 3.214/78, nos Anexos 1 e 2, estabelece os limites de tolerância para a exposição a ruído contínuo ou intermitente e para ruído de impacto, vigentes no País. Como regra geral, é tolerada exposição de, no máximo, oito horas 23 diárias a ruído, contínuo ou intermitente, com média ponderada no tempo de 85 dB(A), ou uma dose equivalente. No caso de níveis elevados de pressão sonora de impacto, o limite é de 130 dB(A) ou 120 dB(C). As doenças do trabalhador relacionadas ao seu metabolismo em geral, principalmente descompensadas ou de difícil compensação, devem ser consideradas como prováveis fatores predisponentes ao surgimento ou agravamento de perdas auditivas em indivíduos expostos a outras condições de risco de perda auditiva, como exposição a níveis elevados de pressão sonora. Dentre as alterações do metabolismo destacam-se o diabetes mellitus e disfunções tireoideanas, como o hiper e hipotireoidismo. O uso de medicamentos, principalmente os ototóxicos, também pode predispor à perda auditiva induzida por ruído. 4.4 Custos para a Previdência Social em 2002 A Previdência Social despendeu com a concessão de recursos materiais para serviços de reabilitação profissional, em 2002, R$ 3,7 milhões, o que correspondeu a um aumento de 95% quando comparado com o ano de 2001 (fornecido pelo Anuário Estatístico da Previdência Social 2002), isso sem contar os custos com os acidentes de trabalho (que não foram fornecidos no Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho 2001). São considerados acidentes do trabalho a doença profissional e a doença do trabalho, categorias onde se encontram a LER/DORT e a PAIR. Equiparam-se também ao acidente do trabalho: o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a ocorrência da lesão;certos acidentes sofridos pelo segurado no local e no horário de trabalho; a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade, e o acidente sofrido a serviço da empresa ou no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa. Os serviços de assistência reeducativa e de readaptação profissional são prestados em casos de incapacidade parcial ou total para o trabalho; dando orientação e apoio na melhoria de sua inter-relação com a Previdência Social e na solução de problemas pessoais e familiares; e atividades destinadas a avaliar a 24 incapacidade de postulantes à percepção de benefícios pecuniários, cuja concessão dependa dessa avaliação (COUTO, 2007). 25 UNIDADE 5 - LEGISLAÇÃO E NORMAS REGULAMENTADORAS A prevenção dos riscos do trabalho traduz-se na proteção que a sociedade proporciona a seus membros, por meio de uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais, evitando o desaparecimento ou a redução do poder aquisitivo em consequência da instalação de doenças, acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais, desemprego, invalidez, redução da capacidade funcional (OIT, CONVENÇÃO Nº 102 apud SILVA, 2004). A Constituição Federal de 1988 garante o adicional de penosidade que, ao contrário do adicional de insalubridade e periculosidade, não vem favorecendo trabalhadores que atuam em condições ergonômicas inadequadas. Cita-se a título de exemplo: - Projeto de Lei 2.168/89 – são atividades penosas, aquelas que demandem esforço físico estafante ou superior ao normal, exijam uma atenção contínua e permanente ou resultem em desgaste mental ou stress; - Projeto de Lei 1.808/89 – atividade penosa é aquela que, em razão da natureza ou da intensidade com que é exercida, exige do empregado esforço fatigante, capaz de diminuir-lhe significativamente a resistência física ou produção intelectual. As primeiras leis nesta matéria, em alguns países, datam dos primórdios do século XIX, referindo-se especificamente aos trabalhadores expostos a tarefas perigosas (ROCHA, 2009). A necessidade de justiça com equidade propõe o princípio no qual pessoas que se utilizam de máquinas e trabalhos de outrem, estabelece uma organização passível de ocasionar acidentes, cuja responsabilidade será do empregador. Essa responsabilidade vem sendo transferida a entidades seguradoras, por determinação legal, ou até voluntária, com objetivos de compartilhar este passivo (ROCHA, 2009). As contribuições ao órgão previdenciário – Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) – são de obrigação legal, cujo seguro acidente do trabalho dá-se por meio de desconto mensal de 1% a 3%, da folha de pagamento, de acordo com o 26 grau de risco. Atualmente, ou seja, a partir de 06.05.1999 (Decreto 3.048, da Previdência Social, conforme regulamenta a Lei 8.213/91), além do desconto deste seguro, incorporou-se o aumento de alíquota que varia de 3% a 9%, na GFIP - Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social, do fundo de garantia depositado. O Decreto 3.048, de 06.05.1999, do Ministério de Previdência e Assistência Social, estabelece que, conforme o risco a que o trabalhador está exposto, poderá ter direito à aposentadoria especial, ou seja, o trabalhador aposenta-se com menor número de anos de contribuição, sendo o mínimo de 15 até o máximo de 25 anos de contribuição. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi instituída em 1943, mas apenas a partir de 22.12.1977, pela Lei 6.514, que aprovou a Portaria 3.214 de 08.06.1978, é que foram aprovadas as Normas Regulamentadoras - NRs, que tratam especificamente da legislação de segurança e saúde no trabalho. No site do Ministério do Trabalho e Emprego encontramos todas as 34 Normas Regulamentadoras (as quais estão elencadas no quadro abaixo), mas cabe- nos neste momento, a título de enriquecimento falar das NR 01, 02 e 17 que tratam especificamente das disposições gerais, da inspeção prévia e da Ergonomia. NORMA REGULADORA Nº MATÉRIA 01 Disposições gerais 02 Inspeção prévia 03 Embargo ou Interdição 04 Serviços Especializados em Eng. de Segurança e em Medicina do Trabalho 05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 06 Equipamentos de Proteção Individual - EPI 27 07 Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional 08 Edificações 09 Programas de Prevenção de Riscos Ambientais 10 Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade 11 Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais Anexo I - Regulamento Técnico de Procedimentos para Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore, Granito e outras Rochas 12 Máquinas e Equipamentos 13 Caldeiras e Vasos de Pressão 14 Fornos 15 Atividades e Operações Insalubres 16 Atividades e Operações Perigosas 17 Ergonomia Anexo I - Trabalho dos Operadores de Checkouts Anexo II - Trabalho em Teleatendimento / Telemarketing 18 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção 19 Explosivos Anexo I - Segurança e Saúde na Indústria de Fogos de Artifício e outros artefatos pirotécnicos 28 20 Líquidos Combustíveis e Inflamáveis 21 Trabalho a Céu Aberto 22 Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração 23 Proteção Contra Incêndios 24 Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho 25 Resíduos Industriais 26 Sinalização de Segurança 27 Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB - Revogada pela Portaria GM nº 262, 29/05/2008 28 Fiscalização e Penalidades 29 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário 30 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário Anexo I - Pesca Comercial e Industrial Anexo II - Plataformas e Instalações de Apio 31 Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde 33 Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços 29 Confinados 34 Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval NR 1 - DISPOSIÇÕES GERAIS Publicação D.O.U. Portaria GM nº 3.214, de 08 de junho de 1978 06/07/78 Atualizações D.O.U. Portaria SSMT nº 06, de 09 de março de 1983 14/03/83 Portaria SSMT nº 03, de 07 de fevereiro de 1988 10/03/88 Portaria SSST nº 13, de 17 de setembro de 1993 21/09/93 Portaria SIT nº 84, de 04 de março de 2009 12/03/09 1.1 As Normas Regulamentadoras – NR, relativas à segurança e medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) 1.1.1 As disposições contidas nas Normas Regulamentadoras – NR aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores avulsos, às entidades ou empresas que lhes tomem o serviço e aos sindicatos representativos das respectivas categorias profissionais. (Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09/03/83) 1.2 A observância das Normas Regulamentadoras – NR não desobriga as empresas do cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos Estados ou Municípios, e outras, oriundas de convenções e acordos coletivos de trabalho. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) 1.3 A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho – SSST é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho – CANPAT, o Programa de Alimentaçãodo Trabalhador – P AT e ainda a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho em todo o território nacional. (Alteração dada pela Portaria nº 13, de 17/09/93) 1.3.1 Compete, ainda, à Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho – SSST conhecer, em última instância, dos recursos voluntários ou de ofício, das decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em matéria de segurança e saúde no trabalho. (Alteração dada pela Portaria nº 13, de 17/09/93) 1.4 A Delegacia Regional do Trabalho – DRT, nos limites de sua jurisdição, é o órgão regional competente para executar as atividades relacionadas com a segurança e medicina do trabalho, inclusive a Campanha Nacional de Prevenção dos Acidentes do Trabalho – CANPAT, o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT e ainda a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares 30 sobre segurança e medicina do trabalho. (Alteração dada pela Portaria nº 13, de 17/09/93) 1.4.1 Compete, ainda, à Delegacia Regional do Trabalho – DRT ou à Delegacia do Trabalho Marítimo – DTM, nos limites de sua jurisdição: (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) a) adotar medidas necessárias à fiel observância dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; c) embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos; d) notificar as empresas, estipulando prazos, para eliminação e/ou neutralização de insalubridade; e) atender requisições judiciais para realização de perícias sobre segurança e medicina do trabalho nas localidades onde não houver Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança do Trabalho registrado no MTb. 1.5 Podem ser delegadas a outros órgãos federais, estaduais e municipais, mediante convênio autorizado pelo Ministro do Trabalho, atribuições de fiscalização e/ou orientação às empresas, quanto ao cumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) 1.6 Para fins de aplicação das Normas Regulamentadoras – NR, considera-se: (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) a) empregador, a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como empregados; b) empregado, a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário; c) empresa, o estabelecimento ou o conjunto de estabelecimentos, canteiros de obra, frente de trabalho, locais de trabalho e outras, constituindo a organização de que se utiliza o empregador para atingir seus objetivos; d) estabelecimento, cada uma das unidades da empresa, funcionando em lugares diferentes, tais como fábrica, refinaria, usina, escritório, loja, oficina, depósito, laboratório; e) setor de serviço, a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no mesmo estabelecimento; f) canteiro de obra, a área do trabalho fixa e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demolição ou reparo de uma obra; g) frente de trabalho, a área de trabalho móvel e temporária, onde se desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demolição ou reparo de uma obra; h) local de trabalho, a área onde são executados os trabalhos. 1.6.1 Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para efeito de aplicação das Normas Regulamentadoras – NR, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) 31 1.6.2 Para efeito de aplicação das Normas Regulamentadoras – NR, a obra de engenharia, compreendendo ou não canteiro de obra ou frentes de trabalho, será considerada como um estabelecimento, a menos que se disponha, de forma diferente, em NR específica. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) 1.7 Cabe ao empregador: (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos; (Alteração dada pela Portaria nº 84, de 04/03/09) Obs.: Com a alteração dada pela Portaria nº 84, de 04/03/09, todos os incisos (I, II, III, IV, V e VI) desta alínea foram revogados. c) informar aos trabalhadores: (Alteração dada pela Portaria nº 03, de 07/02/88) I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; (Alteração dada pela Portaria nº 03, de 07/02/88) e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho. (Inserção dada pela Portaria nº 84, de 04/03/09) 1.8 Cabe ao empregado: (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; (Alteração dada pela Portaria nº 84, de 04/03/09) b) usar o EPI fornecido pelo empregador; c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras – NR; d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras – NR; 1.8.1 Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento do disposto no item anterior. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) 1.9 O não cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho acarretará ao empregador a aplicação das penalidades previstas na legislação pertinente. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) 1.10 As dúvidas suscitadas e os casos omissos verificados na execução das Normas Regulamentadoras – NR, serão decididos pela Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho – SSMT. (Alteração dada pela Portaria nº 06, de 09/03/83) http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_01_at.pdf 32 NR 2 - INSPEÇÃO PRÉVIA Publicação D.O.U. Portaria GM nº 3.214, de 08 de junho de 1978 06/07/78 Atualizações D.O.U. Portaria SSMT nº 06, de 09 de março de 1983 14/03/83 Portaria SSMT nº 35, de 28 de dezembro de 1983 29/12/83 2.1 Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades, deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTb. (Alteração dada pela Portaria nº 35, de 28/12/83) 2.2 O órgão regional do MTb, após realizar a inspeção prévia, emitirá o Certificado de Aprovação de Instalações – CAI, conforme modelo anexo. (Alteração dada pela Portaria nº 35, de 28/12/83) 2.3 A empresa poderá encaminhar ao órgão regional do MTb uma declaração das instalações do estabelecimento novo, conforme modelo anexo, que poderá ser aceita pelo referido órgão, para fins de fiscalização, quando não for possível realizar a inspeção prévia antes de o estabelecimento iniciar suas atividades. (Alteraçãodada pela Portaria nº 35, de 28/12/83) 2.4 A empresa deverá comunicar e solicitar a aprovação do órgão regional do MTb, quando ocorrer modificações substanciais nas instalações e/ou nos equipamentos de seu(s) estabelecimento(s). (Alteração dada pela Portaria nº 35, de 28/12/83) 2.5 É facultado às empresas submeter à apreciação prévia do órgão regional do MTb os projetos de construção e respectivas instalações. (Alteração dada pela Portaria nº 35, de 28/12/83) 2.6 A inspeção prévia e a declaração de instalações, referidas nos itens 2.1 e 2.3, constituem os elementos capazes de assegurar que o novo estabelecimento inicie suas atividades livre de riscos de acidentes e/ou de doenças do trabalho, razão pela qual o estabelecimento que não atender ao disposto naqueles itens fica sujeito ao impedimento de seu funcionamento, conforme estabelece o art. 160 da CLT, até que seja cumprida a exigência deste artigo. (Alteração dada pela Portaria nº 35, de 28/12/83) 33 34 NR 17 - ERGONOMIA Publicação D.O.U. Portaria GM nº 3.214, de 08 de junho de 1978 06/07/78 Atualizações/Alterações D.O.U. Portaria MTPS nº 3.751, de 23 de novembro de 1990 26/11/90 Portaria SIT nº 08, de 30 de março de 2007 02/04/07 Portaria SIT nº 09, de 30 de março de 2007 02/04/07 Portaria SIT nº 13, de 21 de junho de 2007 26/06/07 (Redação dada pela Portaria MTPS nº 3.751, de 23 de novembro de 1990) 17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. 17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora. 17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais. 35 17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora: 17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga. 17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual de cargas. 17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a dezoito anos e maior de quatorze anos. 17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. 17.3. Mobiliário dos postos de trabalho. 17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. 17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos mínimos: a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura do assento; b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais. 17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser executado. 36 17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes requisitos mínimos de conforto: a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento; c) borda frontal arredondada; d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar. 17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. 17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas. 17.4. Equipamentos dos postos de trabalho. 17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve: a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual; b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque ofuscamento. 17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo devem observar o seguinte: a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas; c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira que as distâncias olho-tela, olho teclado e olho-documento sejam aproximadamente iguais; d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável. 17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as exigências previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas executadas e levando-se em conta a análise ergonômica do trabalho. 17.5. Condições ambientais de trabalho. 17.5.1. As condiçõesambientais de trabalho devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; b) índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus centígrados); 37 c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. 17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB. 17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador. 17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade. 17.5.3.1. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa. 17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos. 17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMETRO. 17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3 deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do ângulo de incidência. 17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do piso. 17.6. Organização do trabalho. 17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. 17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo: a) as normas de produção; b) o modo operatório; c) a exigência de tempo; d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho; f) o conteúdo das tarefas. 17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte: a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; b) devem ser incluídas pausas para descanso; c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento. 17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte: a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual 38 de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie; b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos, nem esforço visual; d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho; e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea "b" e ser ampliada progressivamente. 39 UNIDADE 6 - FISIOLOGIA DO TRABALHO A descrição do trabalho muscular permite evidenciar as relações existentes entre o ser humano e seu posto de trabalho. Aspectos histológicos e bioquímicos são de pouco interesse para a ergonomia, mas precisamos ressaltar a presença dos músculos sinérgicos e dos músculos de controle, os primeiros engajados nas atividades dinâmicas e os últimos engajados nas contrações prolongadas (SANTOS, 2000). Toda atividade profissional necessita de um trabalho muscular, mais ou menos importante, segundo as tarefas a serem realizadas. Este trabalho muscular é necessário tanto para a manutenção de uma simples postura, quanto para a execução de gestos e movimentos de trabalho. O conhecimento da fisiologia muscular, portanto, é a base dos estudos ergonômicos do homem como um sistema de transformação de energia, onde um arranjo físico do posto de trabalho pode diminuir os gastos energéticos e a fadiga física produzida pela realização de uma tarefa com forte solicitação muscular (SANTOS, 2000). Desse modo, podemos inferir que uma das primeiras perguntas que toda pessoa deve realizar estaria encaminhada a conhecer, como é obtida a energia pelo corpo humano para a realização de um trabalho físico? Pois bem, em estado de repouso, o metabolismo do indivíduo é ligeiramente superior ao metabolismo basal. Neste caso é bom lembrar que o metabolismo basal varia dependendo do sexo, ou seja, para as mulheres este metabolismo seria de 40,6 w/m2 e para os homens de 42,9 w/m2 (BATIZ, 2003). O começo de uma atividade muscular determina o aumento do ritmo respiratório e das profundezas das inspirações para garantir a quantidade de oxigênio necessário para que as células se contraem. De forma simultânea acontece um incremento do ritmo cardíaco para aumentar o fluxo sanguíneo que transporta o oxigênio as células. O sangue leva as células, além de oxigênio, os nutrientes que subministrarão a energia necessária para a contração e recebe das células as substâncias de residual e o calor que produzem as reações químicas na célula (BATIZ, 2003). Estas reações podem ser aeróbias ou anaeróbias. 40 As reações anaeróbias produzem ácido láctico que se deve processar posteriormente, quando está disponível o oxigênio necessário. A utilização das reações anaeróbicas vai em incremento com o aumento na intensidade do trabalho muscular, pelo que a concentração de ácido láctico na sangue aumenta progressivamente com o incremento na intensidade do trabalho. As reações aeróbias podem manter-se por um tempo determinado entretanto esteja disponível o oxigênio e os nutrientes necessários, mais se predominam as reações anaeróbias, o trabalho somente pode continuar durante um tempo relativamente curto, pois a elevada concentração de ácido láctico impede a continuação das contrações (BATIZ, 2003). Sabe-se que para um trabalho ligeiro ou moderado se produz uma quantidade de oxigênio aos músculos o qual é suficiente para a realização desse tipo de trabalho. Neste caso se sabe que a concentraçãode ácido láctico aumenta, mais isso não impede que o trabalho possa ser realizado por um período de tempo relativamente cumprido. Tal como foi dito anteriormente, na medida que aumenta a intensidade de trabalho, o organismo humano precisa de maior consumo de oxigênio, já que a quantidade deste aos músculos é insuficiente, portanto neste caso tornam cada vez mais maior importância as reações anaeróbia (SANTOS, 2000). O organismo humano possui reservas normais de ATP, fosfato de creatina e ácido láctico que são utilizadas quando da realização de um trabalho, as quais devem ser restabelecidas através dos mecanismos oxidativos que continuam desenvolvendo-se quando o trabalho seja terminado (BATIZ, 2003). Capacidade de trabalho físico A capacidade de trabalho físico (CTF), também conhecida como potência aeróbia máxima, é o máximo caudal de oxigênio que um indivíduo é capaz de inspirar, combinar com o sangue em seus pulmões e transportar por meio do sangue às células que se contraem. Sabe-se que um indivíduo alcançou sua potência aeróbia máxima quando os incrementos da carga não provocam aumento do consumo de oxigênio e quando a concentração de lactado em sangue é de 8-9 milimoles/litro (BATIZ, 2003). 41 É importante esclarecer que na definição dita anteriormente somente se corresponde com a definição comum de capacidade de trabalho, quando na atividade se empregam grupos musculares grandes das extremidades, pois a capacidade máxima para realizar um trabalho na prática pode ser muito menor se se consideram atividades onde somente encontra-se em contração um número pequeno de músculos (SANTOS, 2000). Por outra parte em trabalhos onde são utilizados grandes grupos musculares, como por exemplo, carregamento de cargas, trabalhos agrícolas, entre outros, é impossível que o indivíduo realize seu trabalho com uma intensidade tal que precise que seu consumo de oxigênio seja o máximo, pelo que é recomendado que o limite admissível seja de uma intensidade de 30% de volume máximo de oxigênio. Os músculos, ossos e juntas formam diversas alavancas no corpo, semelhantes as alavancas mecânicas. Para cada movimento, há pelo menos dois músculos que trabalham antagonicamente: quando um se contrai, o outro se distende. Por exemplo: ao dobrar o braço sobre o cotovelo, há uma contração de bíceps e uma distensão do tríceps. Os músculos podem funcionar de forma mais ou menos complexa, fazendo parte de um conjunto mais amplo, permitindo várias combinações de movimentos, como as contrações associadas a movimentos rotacionais (SANTOS, 2000). Temos vários métodos para determinar a capacidade de trabalho físico: 1. Método de regressão linear A determinação da capacidade de trabalho físico se realiza geralmente através de provas submáximas em uma bicicleta ergonométrica ou um degrau, fazendo uso da relação entre o ritmo cardíaco e a carga de trabalho. Na medida em que aumenta a carga de trabalho, aumenta o ritmo cardíaco. A prova consiste em colocar um indivíduo pedalando em uma bicicleta ergonométrica a uma carga e durante um tempo determinado; nesse período de trabalho deve-se medir os valores de ritmo cardíaco em intervalos de tempo determinado, fazendo um regime de trabalho-descanso que permita avaliar o comportamento do indivíduo que pode ser de 6 minutos de trabalho e 4 minutos de descanso. 42 Durante esse tempo o pesquisador poderá comprovar como vai aumentando o ritmo cardíaco na medida em que passa o tempo de trabalho e como vai diminuindo quando está no período de descanso até alcançar um valor que está perto das condições inicias, ou seja, antes de começar o trabalho ou condições de repouso. Desta forma, sugere-se variar, como um mesmo regime de trabalho, a carga até alcançar 3 valores diferentes. Importância do gasto energético Os seres humanos não são utilizados na atualidade como recurso energético, como o foram em séculos passados, mas algumas ocupações ainda exigem de um esforço físico considerável, em outros momentos um esforço ou ainda como acumulação de esforços durante o trabalho. A medição do gasto energético durante o trabalho tem importância prática, pois comparando-o com a capacidade de trabalho física do indivíduo pode-se avaliar suas atitudes para o tipo de trabalho e estabelecer períodos de trabalho e descanso adequados. Ao mesmo tempo pode-se determinar os requerimentos alimentícios do trabalhador evitando tanto sua insuficiência em trabalhos pesados como seu excesso em trabalhos sedentários, ambos prejudiciais para a saúde (BATIZ, 2003). O consumo de energia em determinado tipo de atividade pode variar segundo a maneira de realizá-lo e a postura que adotem os trabalhadores, pelo que o gasto energético pode ser um critério adequado de comparação entre vários métodos de trabalho, com o objetivo de otimizar a eficiência do trabalhador desde o ponto de vista biológico. Os limites do trabalho variam segundo autores, mas parece conveniente que o gasto energético não exceda a 30% da capacidade de trabalho físico ou potência aeróbia máxima do trabalhador naqueles trabalhos onde se utilizam grandes grupos musculares (BATIZ, 2003). Este critério é insuficiente quando o trabalho supõe atividade de poucos músculos ou com um componente estático grande, em cujo caso os músculos podem ser sobrecarregados sem que o gasto energético seja grande. Dentre os métodos para a avaliação do gasto energético temos: 43 1. Medir o alimento consumido, durante períodos relativamente largos, registrando ao mesmo tempo o peso corporal do sujeito. Com o conteúdo energético dos alimentos pode-se determinar com bastante exatidão, por exemplo, se o peso corporal se mantém constante, se a energia que contêm os alimentos tenha sido utilizada pelo indivíduo. Como desvantagem: não permite diferenciar facilmente a energia consumida no trabalho e a consumida nas restantes atividades. 2. Situar ao sujeito em um calorímetro realizando sua atividade laborar. Tendo em conta que na última instância toca a energia consumida durante o trabalho se converte em calor, pode-se medir o gasto energético a partir dele. Para isto o indivíduo é situado em um calorímetro o suficientemente grande para permitir a realização da atividade laboral avaliada. Desvantagens: é um procedimento complexo que só é possível a nível de laboratório e muitas atividades laborais são impossíveis de realizar em um espaço limitado. 3. Calorimetria indireta. Tem seu fundamento no método anterior mais em lugar de medir diretamente o calor gerado pelo sujeito o faz indiretamente. Baseia-se em que a geração de calor realiza-se devido a oxidação dos alimentos pelo que é possível determiná-Io medindo o oxigênio consumido pelo sujeito durante seu trabalho. Este método baseia-se no fato de que a obtenção de energia dos alimentos deve-se a sua oxidação com o oxigênio que se obtém durante a respiração. A quantidade de energia obtida por litro de oxigênio depende do tipo de alimento oxidado, mais na prática pode utilizar-se um valor de 20 KJ/I (4,8 Kcal) STPD. O método de calorimetria indireta consiste na medição do consumo de oxigênio do trabalhador durante o trabalho e na determinação do gasto energético, multiplicado pelo valor calorífico do oxigênio dito anteriormente. 44 O procedimento utilizado têm algumas variantes dependendo dos equipamentos disponíveis e das condições em que se desenvolve a atividade laborar, mas em forma geral requer da medição de: a) a ventilação pulmonar (volume de ar espirado por unidade de tempo) I/min; b) a concentração do oxigênio no ar espirado. Como o volume do ar depende das condições de pressão, temperatura e conteúdo de vapor de água, estas condições devem especificar-se. São elas: BTPS – volume do ar à temperatura do corpo e pressão barométrica ambiental saturado
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