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 ■ INTRODUÇÃO
A natureza tem sido uma importante fonte de substâncias utilizadas para o desenvolvimento de 
fármacos e de ferramentas para o estudo de fenômenos fisiológicos ou envolvidos na gênese das 
doenças.1,2 Ela é, também, uma fonte significativa de toxinas, de origem animal ou vegetal.1 Nada 
disso é de se estranhar, visto que os processos coevolutivos determinam que as interações entre 
os seres vivos sejam mediadas por substâncias químicas.3 
Os seres vivos — todos — produzem substâncias bioativas, metabólitos que servem à sua 
sobrevivência. No caso de vegetais, os produtos de seu metabolismo secundário são importantes 
para a atração de polinizadores, como dissuasórios alimentares de herbívoros e de insetos, no 
combate ao ataque por fungos, na competição por espaço com outros vegetais, entre outras ações.4 
Esses metabólitos interagem em nível molecular com proteínas, sistemas enzimáticos e de divisão 
celular, com consequente potencial atividade farmacológica e, também, toxicidade. 
De todos os fármacos aprovados como novas entidades químicas pela Agência de Alimentos e 
Medicamentos dos Estados Unidos (Food and Drug Administration [FDA]), entre os anos de 1981 
e 2014, 65% dos fármacos eram produtos naturais ou derivados de produtos naturais.5 Mas as 
plantas, além de terem originado, direta ou indiretamente, uma parcela importante dos medicamentos 
atualmente empregados na terapêutica, estão presentes em numerosos sistemas de cura tradicionais. 
E esse uso tradicional, que se confunde com a história da civilização, foi — e ainda é — uma base 
importante para o desenvolvimento de medicamentos.1,2
STELA MARIS KUZE RATES
PLANTAS MEDICINAIS 
E FITOTERÁPICOS NA 
PRÁTICA FARMACÊUTICA
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Atualmente, apesar de o uso de fármacos de origem sintética representar o principal recurso 
farmacológico para o tratamento de problemas de saúde, há um crescente e renovado interesse 
em plantas medicinais e fitoterápicos. Há mais de 20 anos, a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) estimou que 80% da população mundial utilizam plantas medicinais como recurso único ou 
complementar para tratar seus problemas de saúde e vem sugerindo políticas aos países-membros 
no sentido de valorizar e qualificar esse uso, em benefício da população.1 Não foram encontrados 
dados de alteração dessa estimativa.
Por óbvio, a utilização de plantas e de produtos derivados pelos povos originários nem sempre — ou 
quase nunca — considerou ou considera de forma direta a existência de uma interação molecular do 
tipo fármaco-alvo biológico nem tem ou teve como base evidências científicas de eficácia, entendida 
como tal pela medicina ocidental. 
O uso desses recursos terapêuticos no contexto dos sistemas tradicionais de cura é produto da 
observação atenta do meio ambiente e das relações entre os seres vivos, de um longo processo 
de tentativas e erros (no qual, sem dúvida, muitos se beneficiaram e outros tantos pereceram), 
inserido em diferentes cosmovisões.
A utilização de plantas medicinais em comunidades tradicionais fazia e faz parte não apenas de um 
processo de cura biológica propriamente dita, mas de um processo de socialização, de conexão 
com o meio ambiente, com os antepassados e com o mundo espiritual; e com esse olhar deve 
ser compreendida. Em contrapartida, quando se trata de medicamentos fitoterápicos, o uso deve 
considerar os preceitos básicos da medicina baseada em evidências, com todas as suas implicações.
A OMS e os organismos regulatórios estatais, incluindo o Ministério da Saúde (MS) do Brasil, 
reconhecem as plantas medicinais e os produtos derivados (fitoterápicos) como recursos terapêuticos 
válidos, utilizados no escopo do autocuidado ou sob prescrição de um profissional de saúde e 
dispensação em farmácias.
A dispensação será aqui entendida como o ato profissional farmacêutico de prover um ou mais 
medicamentos a um paciente, geralmente, em resposta à apresentação de uma prescrição elaborada 
por profissional autorizado. Nesse ato, o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o uso 
adequado do medicamento. São elementos importantes da orientação, entre outros: a ênfase no 
cumprimento da posologia, a influência dos alimentos, a interação com outros medicamentos, 
o reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de conservação do produto.6
Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF),7 o farmacêutico pode realizar a prescrição 
de medicamentos e de outros produtos com finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija 
prescrição médica, incluindo plantas medicinais e drogas vegetais; a prescrição farmacêutica é o 
ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, 
e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, à proteção e 
à recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde. 
O objetivo deste artigo é instrumentalizar o profissional farmacêutico para a otimização dos benefícios, 
prevenção e resolução de problemas relacionados à utilização de plantas medicinais e fitoterápicos.
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 ■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
 ■ identificar os diferentes contextos e dimensões da utilização de plantas medicinais e de fitoterápicos;
 ■ reconhecer as plantas medicinais e os fitoterápicos como recursos terapêuticos válidos no 
contexto da alopatia;
 ■ identificar as potencialidades e as limitações do uso de plantas medicinais e de fitoterápicos 
como recursos terapêuticos;
 ■ revisar os principais marcos regulatórios brasileiros relativos à produção, ao registro, à 
comercialização, à prescrição e à dispensação de plantas medicinais e de fitoterápicos;
 ■ acessar as fontes de informação sobre as plantas medicinais e os fitoterápicos aceitos ou 
formulados pelo MS;
 ■ identificar os aspectos mais importantes a serem considerados na dispensação de fitoterápicos 
e na orientação de uso de plantas medicinais.
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 ■ ESQUEMA CONCEITUAL
Conclusão
Casos clínicos
Caso clínico 1
Caso clínico 2
Aspectos mais importantes 
a serem considerados para 
a dispensação de fi toterápicos 
e orientação de uso 
de plantas medicinais
Problemas relacionados ao 
uso de plantas medicinais e 
fi toterápicos
Situações prováveis de 
atendimento na farmácia
O paciente solicita uma orientação 
ou conselho sobre um produto em 
uso ou que pretende utilizar
O usuário solicita um 
produto específi co
O usuário solicita uma indicação 
de um produto para um 
transtorno específi co
Quando o paciente chega 
com uma prescrição
Conhecendo o contexto 
de utilização de plantas 
medicinais e de fi toterápicos: 
potencialidades e limitações
Conhecendo os principais 
marcos regulatórios
Conhecendo as fontes 
de informação
Informações botânicas, de 
distribuição geográfi ca das 
espécies e de controle de 
qualidade da droga vegetal
Informações de uso tradicional
Algumas sugestões de livros 
contendo monografi as de plantas 
medicinais e fi toterápicos
Monografi as farmacoterapêuticas
Informações sobre registro 
e bulas de fi toterápicos 
comercializados no Brasil
Busca de revisões 
sistemáticas e metanálises
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 ■ CONHECENDO O CONTEXTO DE UTILIZAÇÃO 
DE PLANTAS MEDICINAIS E DE FITOTERÁPICOS: 
POTENCIALIDADES E LIMITAÇÕES
No Brasil, desde a implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, o uso de plantas 
medicinais e de fitoterápicos no âmbito dos serviços de atenção primária à saúde (APS)/atenção 
básica à saúde (ABS) tem sido uma demanda importante de movimentos sociais e amplamente 
discutido em esferasacadêmicas, governamentais e em conferências de saúde, resultando em 
diretrizes para a utilização de plantas medicinais e de produtos derivados, as quais estão, em 
grande parte, alinhadas às recomendações da OMS.8 
No ano de 2006, foram aprovadas a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos9 e a 
Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares,10 que inclui a fitoterapia como uma 
estratégia de fortalecimento da APS/ABS.11 Além disso, os fitoterápicos respondem por cerca de 
8% do mercado brasileiro de medicamentos.12
Muitas razões podem estar relacionadas ao crescimento do interesse pela utilização de plantas 
medicinais e de fitoterápicos como recursos terapêuticos, entres as quais, sugere-se:
 ■ a iniquidade de acesso ao medicamento e aos cuidados médicos e farmacêuticos;
 ■ os problemas na adesão ao tratamento farmacológico prescrito, pelo custo elevado, pelos efeitos 
adversos e/ou pela eficácia limitada de muitos medicamentos, pela dificuldade de comunicação 
com o profissional de saúde, pelas crenças pessoais, entre outros aspectos;
 ■ a tendência de parte da população (e de alguns profissionais) de considerar os produtos naturais 
opções mais saudáveis e seguras quando comparados aos medicamentos obtidos por síntese 
química, tendência essa que pode ter como base uma saudável e genuína consciência ecológica 
e busca de sustentabilidade ambiental, mas é também indevidamente explorada por interesses 
mercadológicos, os quais criam necessidades de consumo e expectativas irrealizáveis;
 ■ a (re)valorização de práticas culturais ancestrais ou de crenças pessoais, de cunho espiritual 
ou religioso, como elementos importantes na promoção da saúde;
 ■ o respeito dos profissionais da saúde à autodeterminação dos indivíduos (no caso, o direito às 
práticas de autocuidado com base em tradições familiares ou da comunidade); 
 ■ o reconhecimento de que as ações voltadas à fitoterapia na ABS promovem o fortalecimento do 
vínculo dos usuários e da comunidade com as equipes e o cuidado integral em saúde;
 ■ a premissa de que, no Brasil, a inserção da utilização de plantas medicinais e de fitoterápicos na 
ABS/APS pode constituir parte de uma cadeia produtiva geradora de renda e de fortalecimento 
de bens culturais, com consequente impacto positivo nos determinantes sociais em saúde;
 ■ o reconhecimento, por parte dos gestores e dos profissionais da saúde, de que muitos desses 
produtos (plantas medicinais e/ou fitoterápicos) apresentam eficácia demonstrada por meio de 
estudos clínicos controlados ou sugerida pelo uso milenar sem evidências de toxicidade.
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Nesse ponto, é importante fazer algumas distinções. Primeiramente, qual é a diferença entre uma 
planta medicinal, um chá medicinal, um fitoterápico, um produto fitoterápico de uso tradicional e um 
medicamento fitoterápico? Para responder a essa pergunta, serão adotados os mesmos conceitos 
da legislação brasileira atual, no que tange à notificação e/ou ao registro desses produtos na Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),13 como definido no Quadro 1.
Quadro 1
DEFINIÇÕES DE PLANTA MEDICINAL E FITOTERÁPICOS
Planta medicinal
É a espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos 
terapêuticos. As plantas medicinais sob a forma de droga 
vegetal (planta inteira ou suas partes, na forma íntegra ou 
rasurada, triturada ou pulverizada) são consideradas chás 
medicinais e são isentas de registro, devendo a sua produção 
e a sua comercialização ser notificadas à Anvisa.
Chá medicinal
Droga vegetal com fins medicinais a ser preparado pelo 
consumidor por meio de infusão, de decocção ou de maceração 
em água pelo consumidor.
Fitoterápico
Produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto 
substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa 
ou paliativa, incluindo medicamento fitoterápico e produto 
tradicional fitoterápico, podendo ser simples, quando o ativo 
é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou 
composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma 
planta medicinal.
Medicamento fitoterápico
É o fitoterápico cujas segurança e eficácia devem ser 
comprovadas por ensaios clínicos e não clínicos; ou pela 
presença na Lista de Registro Simplificado da Anvisa, conforme 
a Instrução Normativa (IN) nº 2, de 13 de maio de 2014,14 ou 
suas atualizações; ou pela presença em monografias de uso 
de fitoterápicos bem estabelecido na Comunidade Europeia. 
O medicamento fitoterápico dever ser registrado na Anvisa 
e atender aos requisitos de qualidade farmacêutica para o 
fármaco vegetal, derivado vegetal e produto acabado.
Produto tradicional fitoterápico
São fitoterápicos cujas segurança e efetividade são com-
provadas por uso seguro e efetivo pela população por um 
período mínimo de 30 anos ou pela presença na Lista de 
Produtos Tradicionais Fitoterápicos da Anvisa, conforme a 
IN nº 2/2014,14 ou suas atualizações; ou pela presença em 
monografias sobre produtos tradicionais fitoterápicos na 
Comunidade Europeia. O produto tradicional fitoterápico é 
passível de registro na Anvisa, quando deve, também, atender 
aos requisitos de qualidade específicos para a droga vegetal, 
derivado vegetal e produto acabado. Quando estiver listado 
no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 
ou houver monografia específica de controle de qualidade 
da droga vegetal em farmacopeia reconhecida pela Anvisa, 
o produto tradicional fitoterápico não necessita de registro, 
pode ser apenas notificado à Anvisa.
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Uma outra definição a considerar é a que consta na Resolução do CFF nº 586,7 de 29 de agosto de 
2013, que regula a prescrição farmacêutica. Segundo essa resolução, o medicamento fitoterápico 
é um medicamento alopático, obtido por processos tecnologicamente adequados, empregando-se, 
exclusivamente, matérias-primas vegetais, com finalidades profilática, curativa, paliativa ou para 
fins de diagnóstico. 
No bojo dessa definição, entende-se que o medicamento fitoterápico é um recurso terapêutico 
inserido nas concepções médico-científicas com as quais a alopatia (sistema médico que considera 
o tratamento por oposição aos sintomas e/ou causa da doença) dialoga: eficácia demonstrada por 
estudos científicos, ação por interação molecular com um alvo biológico e efeito dependente da dose.
Assim, considerando-se o exposto até aqui, é possível caracterizar, pelo menos, três contextos de 
uso desses recursos terapêuticos fitoterápicos, conforme mostra o Quadro 2.
Quadro 2
UTILIZAÇÃO DE RECURSOS TERAPÊUTICOS FITOTERÁPICOS
Contexto de Utilização Características
Medicina científica
Quando existem evidências de eficácia, obtidas por meio de estudos clínicos 
controlados, e o tratamento é prescrito e/ou acompanhado por um profissional de 
saúde. É o caso de uma parcela dos medicamentos fitoterápicos (especialidades 
farmacêuticas) registrados na Anvisa, muitos deles como medicamentos de 
venda sob prescrição médica.
Medicina tradicional
Entendida, pela OMS, como o uso milenar, que transcorreu muitas gerações 
e está inserido na cultura de um povo em seus sistemas e/ou rituais de cura, 
como, por exemplo, as medicinas chinesa, ayurvédica, de povos ameríndios e 
de comunidades quilombolas. A Anvisa define o uso tradicional como aquele 
alicerçado no longo histórico de utilização no ser humano. No entanto, para efeito 
de registro e/ou de notificação, a Anvisa reconhece como uso tradicional o uso 
medicinal comprovado por um período mínimo de 30 anos, sem evidência de 
toxicidade;13 é o caso dos produtos tradicionais fitoterápicos.
Medicina popular
Entendida como o uso doméstico ou comunitário nos processos de autocuidado, 
pelas populações rurais ou urbanas. No Brasil, provavelmente, teve como base o 
uso tradicional por comunidades autóctones (indígenas brasileiros)e os costumes 
trazidos pelos africanos escravizados e imigrantes (europeus, principalmente). 
Pode apresentar conexão com costumes milenares ou rituais de cura ligados 
à espiritualidade, em uma interface com a medicina tradicional. Em alguns 
casos, é mediada ou estimulada por instituições religiosas. Porém, em função 
de fatores como o aniquilamento de povos e culturas originais, o intercâmbio 
cultural e a expansão da cultura de massas, com viés mercadológico, o uso 
popular nem sempre corresponde ao uso ancestral (tradicional) e, algumas 
vezes, nem sequer passou pelo crivo de uma geração. Normalmente, trata-se 
de chás ou outras preparações simples, obtidas a partir de plantas silvestres 
ou cultivadas em hortas domésticas. Mas também pode envolver plantas ou 
produtos processados, produzidos em hortos comunitários, oficiais (farmácias 
vivas) ou não, e produtos industrializados notificados à Anvisa.
As três situações de uso de fitoterápicos expostas no Quadro 2 (medicina científica, medicina 
tradicional e medicina popular) apresentam grande complexidade, como será discutido a seguir. 
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Diversamente dos fármacos sintéticos ou de base biotecnológica, que, em geral, são comercializados 
em apresentações contendo um ou um número limitado de componentes ativos (fármacos), as 
plantas medicinais e os fitoterápicos apresentam uma grande diversidade química.15,16
Um chá ou um fitoterápico pode conter inúmeras diferentes substâncias químicas capazes de interagir 
com diferentes alvos biológicos. Trata-se, sempre, de uma associação de muitos componentes 
químicos potencialmente ativos, ainda que constitua um preparado contendo uma única espécie 
vegetal. Isso tem sido discutido por alguns autores como uma possível vantagem terapêutica, à 
medida que as substâncias ativas poderiam agir em antagonismo, sinergismo ou aditividade, o 
que explicaria a eficácia de muitos preparados vegetais, mesmo em baixas doses, e também uma 
suposta maior segurança.15,16 
Porém, para efeito de manejo terapêutico, é preciso ter em mente que, em consequência da riqueza 
química, sempre que o usuário estiver consumindo um chá medicinal ou fitoterápico estará em 
uma situação análoga à polifarmácia, e com a peculiaridade de que, muitas vezes, a constituição 
química total ou os componentes dotados de ação farmacológica relacionada ao desfecho clínico 
esperado (substâncias ativas) não são conhecidos.
A constituição química de um chá ou de um fitoterápico pode variar com a origem geográfica e as 
condições de coleta da planta, bem como em função dos métodos de processamento da droga 
vegetal. Esses fatores podem impossibilitar a definição do perfil farmacocinético, interferir na 
farmacodinâmica e dificultar a definição de parâmetros para o controle da qualidade, determinando 
a necessidade de grande investimento tecnológico para a obtenção de produtos padronizados, 
com uniformidade química e com consequente garantia de dose e de reprodutibilidade de efeito.
A garantia da reprodutibilidade do efeito farmacológico só pode ser dada quando os 
parâmetros de qualidade farmacêutica estão diretamente relacionados às substâncias 
ativas, ou seja, os marcadores analíticos utilizados são as próprias substâncias ativas, 
o que nem sempre acontece.
LEMBRAR
As plantas medicinais e os fitoterápicos raramente constituem o único recurso terapêutico empregado 
pelos usuários durante determinado tratamento. Na maioria das vezes, são utilizados como recursos 
complementares, o que reforça a situação de polifarmácia.17–19
Mesmo no contexto das medicinas tradicionais, frequentemente, há o uso concomitante de 
medicamentos sintéticos, prescritos por médicos no contexto da medicina baseada em evidências. 
No entanto, estudos demonstram que os usuários não costumam relatar aos profissionais da saúde 
a utilização de plantas medicinais e/ou fitoterápicos e que os profissionais médicos, por sua vez, 
dificilmente abordam o assunto durante as consultas.17–19 Essa situação explica-se (e agrava-se) pelo 
fato de que, no Brasil, as faculdades de medicina não apresentam em seus currículos a disciplina 
de fitoterapia nem incluem o tema plantas medicinais nas disciplinas de farmacologia e terapêutica. 
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Entre os cursos de graduação na área da saúde, apenas o curso de farmácia oferta, em sua 
grade curricular, disciplinas obrigatórias com esses conteúdos (farmacobotânica, farmacognosia, 
fitoterapia, fitomedicamentos, entre outras). Como consequência, de modo geral, o profissional 
médico desconhece a magnitude do uso e as fontes de informação sobre a matéria. Esse cenário 
pode também estar conectado à constatação de que muitos dos produtos utilizados não passaram 
ainda pelo crivo científico, nos termos da medicina baseada em evidências, resultando em aceitação 
limitada pela comunidade médica. 
Várias obras, inclusive compêndios oficiais publicados pela OMS e pela Farmacopeia Brasileira, 
apresentam monografias que incluem dados de controle de qualidade, eficácia e segurança de 
espécies vegetais medicinais e fitoterápicos. No entanto, a maioria das espécies vegetais abordadas 
nessas obras é exótica, originária, principalmente, de países europeus, que têm longa tradição de 
emprego medicinal e algum suporte científico para o uso proposto.
Para as plantas nativas do Brasil, praticamente inexistem estudos clínicos que possam 
subsidiar a prescrição e a orientação de uso. Isso representa uma lacuna importante, 
visto que alguns trabalhos demonstraram um extenso uso de plantas nativas nas práticas 
de autocuidado da população brasileira, muitas vezes, desvinculado do histórico de uso 
tradicional.18,20
Além disso, é importante considerar que as informações constantes em grande parte das monografias 
farmacoterapêuticas de plantas medicinais e bulas de fitoterápicos resulta da seleção e da compilação 
de dados de uso tradicional, estudos pré-clínicos (in vitro ou em animais) e estudos clínicos 
qualificados nos níveis intermediários ou baixos de evidência para subsidiar a tomada de decisões.19
Na maioria dos casos, os relatos de ensaios clínicos com fitoterápicos não contêm todas as 
informações recomendadas pelas diretrizes do Consolidated Standards of Reporting Trials 
(Consort, disponível em: <http://www.consort-statement.org>), o que torna a qualidade dos 
estudos questionável.21,22 São ainda escassos os ensaios clínicos randomizados (ECRs), 
controlados contra uma intervenção ou um fármaco padrão, com desfecho e magnitude 
de efeito clinicamente relevantes, e a maioria das metanálises publicadas aponta para a 
necessidade de mais estudos para conclusões definitivas em relação ao grau de recomendação 
de condutas terapêuticas.19
A discussão sobre as razões para a escassez de estudos clínicos controlados e a fragilidade das 
evidências disponíveis está para além dos objetivos deste artigo, mas a questão em si é muito 
relevante. Em função do ainda frágil corpo de evidências científicas de eficácia, a prescrição e a 
orientação de uso de plantas medicinais e fitoterápicos, muitas vezes, alicerçam-se, prioritariamente, 
nos princípios de respeito à autodeterminação dos indivíduos e de não maleficência. Ou seja, o 
acolhimento ao usuário, às suas expectativas e crenças em relação à sua saúde, com garantia de 
segurança, podem sobrepor-se à exigência de garantia de eficácia farmacológica (aqui entendida 
como um elemento fundamental para o atendimento do princípio da beneficência).19,21 
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Em certa medida, é o que recomendam a OMS e a Anvisa em relação à utilização de plantas 
medicinais e produtos tradicionais fitoterápicos quando aceitam o uso de longa data, sem relatos 
de toxicidade, como indicativo de eficácia e de segurança. No entanto,entende-se que, quando 
a superioridade clínica de uma intervenção terapêutica sobre um placebo é pequena ou não 
comprovada, os critérios de segurança deveriam ser mais rigorosos, pois, nesse caso, mesmo os 
baixos riscos de eventos adversos (EAs) e aqueles de menor gravidade tornam a relação risco/
benefício desfavorável.19,21
O uso tradicional de longa data não garante que uma planta medicinal seja segura. Isso 
é particularmente verdadeiro para efeitos em longo prazo, como o desenvolvimento ou 
agravamento de câncer, hepatopatias e outras morbidades não facilmente detectáveis.
LEMBRAR
Normalmente, as comunidades só associam os efeitos adversos ao uso de uma planta medicinal 
quando esses são agudos e evidentes, como, por exemplo, diarreia, convulsões, desconforto gástrico 
e alergias. No entanto, há indícios de que alguns medicamentos fitoterápicos tradicionalmente 
usados e/ou seus constituintes são cancerígenos e/ou causam lesões no fígado, por exemplo. Além 
disso, preocupações de segurança também surgem de possíveis interações medicamentosas entre 
produtos fitoterápicos e fármacos convencionais.21 
Essas interações medicamentosas entre os produtos fitoterápicos e os fármacos convencionais 
podem ocasionar EAs que não são detectados no contexto do uso tradicional. Há, também, 
escassez de estudos do perfil farmacocinético, o que resulta, em muitos casos, na definição do 
regime terapêutico com base apenas em critérios empíricos.
Tomados em conjunto, os fatos discutidos implicam dificuldades para a previsibilidade dos desfechos 
clínicos e podem ter um impacto importante na segurança, com aumento de problemas relacionados 
à farmacoterapia, notadamente, a possibilidade de interações medicamentosas e de EAs não 
previsíveis ou documentados.
São inúmeros os relatos de interações entre plantas medicinais/fitoterápicos com medicamentos e 
alimentos que resultaram, entre outros eventos, em
 ■ maior taxa de sangramento;
 ■ depressão central excessiva;
 ■ hipoglicemia;
 ■ hipotensão;
 ■ toxicidade por digoxina;
 ■ efeito anticolinérgico;
 ■ redução da eficácia de antirretrovirais. 
As interações entre plantas medicinais/fitoterápicos e fármacos com ação sobre o sistema nervoso 
central (SNC) e o sistema cardiovascular; com os anticoagulantes, com os antiagregantes plaquetários, 
com os antirretrovirais e com os antibióticos sistêmicos estão entre as mais citadas. Isso pode 
ser particularmente relevante em condições associadas à alta morbidade, como procedimentos 
cirúrgicos e doenças crônicas (hipertensão, diabetes, insuficiência renal e hepática, por exemplo).
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Por outro lado, embora os efeitos adversos de plantas medicinais sejam, frequentemente, mencionados 
na literatura científica ou por centros de farmacovigilância, uma avaliação realizada de acordo com 
os critérios da OMS indicou que o número de relatos com evidência adequada para uma relação 
causal é pequeno.17 Na mesma revisão sistemática, os autores identificaram um número limitado 
de reações adversas severas, porém algumas fatais.
Portanto, a qualidade dos serviços de saúde, farmacêuticos em especial, é fundamental 
para a segurança e para a maximização dos benefícios possíveis no emprego de plantas 
medicinais e de fitoterápicos.
Os serviços farmacêuticos são entendidos como o conjunto de ações no sistema de saúde que 
busca garantir a atenção integral, integrada e contínua às necessidades e aos problemas de saúde 
da população, tanto individuais como coletivos, tendo o medicamento como um dos elementos 
essenciais e contribuindo para o seu uso racional. Essas ações, desenvolvidas pelo farmacêutico 
— ou sob sua coordenação —, incorporado a uma equipe de saúde e com participação comunitária, 
têm como objetivo a obtenção de resultados concretos em saúde com vistas à melhoria da qualidade 
de vida da população.23 
O uso de plantas medicinais é fortemente influenciado pelo contexto sociocultural e pelas crenças 
pessoais, o que demanda sensibilidade diferenciada da equipe para todos os elementos que podem 
interferir na manutenção e na restauração da saúde. Especificamente, para atuar na dispensação 
e na orientação de uso desses recursos terapêuticos, é essencial que o profissional farmacêutico 
seja capaz de:
 ■ identificar as necessidades do usuário;
 ■ reconhecer as espécies vegetais de uso medicinal no seu território;
 ■ conhecer o histórico de uso tradicional e/ou acessar as evidências de eficácia e segurança das 
plantas medicinais no contexto de vida do usuário;
 ■ atualizar-se sobre os marcos regulatórios pertinentes e os fitoterápicos registrados no país;
 ■ conhecer os compêndios oficiais e as fontes de informação na área.
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ATIVIDADES
1. Sobre o uso de plantas medicinais e de fitoterápicos no Brasil, assinale a alternativa 
correta.
A) Desde a implementação do SUS, o uso de plantas medicinais e de fitoterápicos no 
âmbito dos serviços de APS/ABS tem sido uma demanda importante de movimentos 
sociais e muito discutido em esferas acadêmicas, governamentais e em conferências 
de saúde, resultando em diretrizes para a utilização de plantas medicinais e de 
produtos derivados, que estão bastante alinhadas às recomendações da OMS.
B) O uso de plantas medicinais e de fitoterápicos no âmbito dos serviços de APS/ABS 
tem sido uma demanda importante de movimentos sociais, mas ainda não é discutido 
em esferas acadêmicas, governamentais e em conferências de saúde.
C) O uso de plantas medicinais e de fitoterápicos no âmbito dos serviços de APS/ABS 
tem sido uma demanda importante, bastante discutida em esferas acadêmicas e em 
conferências de saúde, não cabendo à esfera governamental decidir as diretrizes 
para a utilização desses produtos.
D) Desde a implementação do SUS, em 1988, o uso de plantas medicinais e de 
fitoterápicos no âmbito dos serviços de APS/ABS tem sido uma demanda importante de 
movimentos sociais e amplamente discutido em esferas acadêmicas, governamentais 
e em conferências de saúde, porém falta o alinhamento com as recomendações da 
OMS para a utilização de plantas medicinais e de produtos derivados para que a 
legislação seja aprovada.
Resposta no final do artigo
2. Sobre alguns dos possíveis motivos para o crescimento do interesse em usar plantas 
medicinais e fitoterápicos como recursos terapêuticos, assinale a alternativa correta.
A) Um dos motivos é o problema na adesão ao tratamento farmacológico prescrito, pela 
falta de produtos no mercado e pelas crenças pessoais de que os medicamentos 
genéricos não são eficazes.
B) A tendência de parte da população e de alguns profissionais de considerar os 
produtos naturais opções mais saudáveis e seguras quando comparados aos 
medicamentos obtidos por síntese química, o que é devidamente explorado por 
interesses mercadológicos.
C) o conhecimento de que, no Brasil, a inserção da utilização de plantas medicinais e 
de fitoterápicos na ABS/APS é parte de uma cadeia produtiva que não demandará o 
uso do dinheiro, com o fortalecimento de bens culturais, com consequente impacto 
positivo nos determinantes sociais em saúde.
D) o reconhecimento, por parte dos gestores e dos profissionais da saúde, de que 
muitos desses produtos (plantas medicinais e/ou fitoterápicos) apresentam eficácia 
comprovada por meio de estudos clínicos controlados ou sugerida pelo uso milenar 
sem evidências de toxicidade.
Resposta no final do artigo
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3. Em relação à utilização de recursos terapêuticos fitoterápicos, correlacione as colunas.
(1) Medicina científica
(2) Medicina tradicional
(3) Medicina popular
( ) Entendida pela OMS como o uso milenar, 
que passou por muitas gerações e está 
inserida na cultura de um povo, em seussistemas e/ou rituais de cura. A Anvisa 
define esse uso como o alicerçado ao 
longo histórico de utilização no ser 
humano.
( ) Quando existem evidências de 
eficácia, obtidas com estudos clínicos 
controlados, e o tratamento é prescrito 
e/ou acompanhado por um profissional 
de saúde. É o caso de uma parcela 
dos medicamentos fitoterápicos 
registrados na Anvisa, muitos deles 
como medicamentos de venda sob 
prescrição médica.
( ) Entendida como o uso doméstico 
ou comunitário nos processos de 
autocuidado, pelas populações rurais ou 
urbanas. Pode apresentar conexão com 
costumes milenares ou rituais de cura 
ligados à espiritualidade. Em alguns 
casos, é mediada ou estimulada por 
instituições religiosas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) 1 — 2 — 3.
B) 2 — 1 — 3.
C) 3 — 2 — 1.
D) 2 — 3 — 1.
Resposta no final do artigo
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4. Sobre o ensino do uso de plantas medicinais e de fitoterápicos no Brasil, assinale V 
(verdadeiro) ou F (falso).
( ) Apenas o curso de farmácia oferta, em sua grade curricular, disciplinas obrigatórias 
sobre esse conteúdo, como farmacobotânica, farmacognosia, fitoterapia, 
fitomedicamentos.
( ) De modo geral, o profissional médico desconhece o alcance do uso e as fontes de 
informação sobre o uso de plantas medicinais e de fitoterápicos.
( ) O fato de muitos produtos fitoterápicos utilizados não terem passado ainda pela 
aprovação científica, nos termos da medicina baseada em evidências, provavelmente 
contribui para a aceitação limitada do uso de plantas medicinais e de fitoterápicos 
pela comunidade médica.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
A) F — F — V.
B) V — F — V.
C) F — V — F.
D) V — V — V.
Resposta no final do artigo
5. Sobre o uso tradicional de uma planta medicinal, assinale a alternativa correta.
A) O uso tradicional de muito tempo é o que garante a segurança de uma planta medicinal, 
o que é especialmente verdadeiro para efeitos em longo prazo, por exemplo, no câncer 
e nas hepatopatias.
B) É comum as comunidades só associarem os EAs ao uso de uma planta medicinal 
quando ela não tem o efeito desejado.
C) Não há indícios de que alguns medicamentos fitoterápicos tradicionalmente usados 
e/ou seus constituintes sejam cancerígenos.
D) O uso tradicional de muito tempo não garante que uma planta medicinal seja segura, 
especialmente para efeitos em longo prazo, como no câncer, nas hepatopatias e em 
outras morbidades não facilmente detectáveis.
Resposta no final do artigo
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6. Sobre a melhor caracterização da diferença entre um medicamento fitoterápico e um 
produto tradicional fitoterápico, assinale a alternativa correta.
A) Para efeito de registro na Anvisa, a eficácia e a segurança do medicamento fitoterápico 
devem ser comprovadas por ensaios clínicos e não clínicos, e a eficácia e a segurança 
do produto tradicional fitoterápico são comprovadas por uso seguro e efetivo pela 
população, por um período mínimo de 30 anos.
B) O medicamente fitoterápico só pode ser dispensado com receita médica, enquanto 
o produto tradicional fitoterápico é isento de prescrição médica.
C) O medicamento fitoterápico necessita de registro na Anvisa, e o produto tradicional 
fitoterápico é isento de registro.
D) O medicamento fitoterápico deve ser registrado na Anvisa e atender aos requisitos 
de qualidade farmacêutica para o fármaco vegetal, o derivado vegetal e o produto 
acabado. O produto tradicional fitoterápico pode ser registrado ou notificado à Anvisa 
e, em qualquer caso, apenas a matéria-prima (droga vegetal) deve atender aos 
requisitos de qualidade farmacêutica.
Resposta no final do artigo
 ■ CONHECENDO OS PRINCIPAIS MARCOS REGULATÓRIOS
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Anvisa nº 26, de 13 de maio de 2014,13 define as 
categorias de medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico e estabelece os requisitos 
mínimos para o registro e para a renovação de registro de medicamento fitoterápico, e para o 
registro, a renovação de registro e a notificação de produto tradicional fitoterápico. Aplica-se a 
produtos industrializados. 
Na petição de registro dos medicamentos fitoterápicos e dos produtos tradicionais 
fitoterápicos, devem ser apresentados relatórios de produção e de controle de qualidade 
da matéria-prima, do produto intermediário e do produto acabado, além da comprovação 
de eficácia e de segurança. As embalagens dos medicamentos fitoterápicos devem ser 
acompanhadas de bula, e as embalagens dos produtos tradicionais fitoterápicos devem 
ter folheto informativo.
A segurança e a eficácia dos medicamentos fitoterápicos devem ser comprovadas por ensaios 
não clínicos e clínicos de segurança e de eficácia, ou pela presença na Lista de Medicamentos 
Fitoterápicos de Registro Simplificado, conforme IN da Anvisa nº 2/2014,14 ou suas atualizações; ou 
pela presença nas monografias de fitoterápicos de uso bem estabelecido da Comunidade Europeia 
(Community herbal monographs with well — established use) elaboradas pelo Comitê de Produtos 
Medicinais Fitoterápicos (HMPC, do inglês Committee on Herbal Medicinal Products) da Agência 
Europeia de Medicamentos (EMA, do inglês European Medicines Agency). 
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Para o registro como produto tradicional fitoterápico, o uso tradicional deverá ser comprovado por 
meio de documentações técnico-científicas, que serão avaliadas conforme os seguintes critérios:
 ■ o produto deve ser concebido para a utilização sem vigilância de um médico para fins de 
diagnóstico, de prescrição ou de monitorização;
 ■ o produto não pode ser indicado para administração injetável ou oftálmica;
 ■ a indicação do produto não deve se referir a parâmetros clínicos e a ações amplas;
 ■ as informações de uso propostas devem ser coerentes com as relatadas nas documentações 
técnico-científicas;
 ■ o produto não pode conter insumo farmacêutico ativo vegetal (Ifav) de risco tóxico conhecido ou 
grupos ou substâncias químicas tóxicas em concentração maior do que os limites comprovadamente 
seguros;
 ■ deve haver comprovação de uso seguro por período igual a ou maior do que 30 anos para as 
alegações de uso propostas.
Os produtos tradicionais fitoterápicos podem ser sujeitos apenas à notificação de comercialização, 
desde que sejam constituídos por Ifavs listados em edições atualizadas do Formulário de Fitoterápicos 
da Farmacopeia Brasileira e que tenham monografia específica de controle da qualidade publicada 
em farmacopeia reconhecida pela Anvisa.
A IN da Anvisa nº 4, de 18 de junho de 2014,24 apresenta um guia de orientação para o registro de 
medicamento fitoterápico e para o registro e a notificação de produto tradicional fitoterápico. Os 
produtos manipulados devem seguir regras específicas, definidas pelas RDCs da Anvisa nº 67, de 
8 de outubro de 2007,25 e nº 87, de 21 de novembro de 2008,26 que dispõem sobre as boas práticas 
de manipulação de produtos magistrais e oficinais.
As farmácias vivas devem seguir a RDC da Anvisa nº 18, de 3 de abril de 2013.27 Consideram-se 
farmácias vivas aquelas instituídas pela Portaria do MS nº 886, de 20 de abril de 2010,28 que instituiu 
a farmácia viva no âmbito do SUS, e que realizam as etapas de cultivo, coleta, processamento, 
armazenamento de plantas medicinais, preparação e dispensação de produtos magistrais e oficinais 
de plantas medicinais e fitoterápicos.
As disposições da Resolução nº 18/201327 aplicam-se somente aos estabelecimentos que realizam 
as atividades de preparação de plantas medicinais e fitoterápicos oriundos de horta ou de horto oficial 
ou comunitário a serem dispensados no âmbito do SUS, não sendo permitida a sua comercialização. 
Caso necessário, as matérias-primas de origem vegetal poderão ser adquiridasde fornecedores 
qualificados. O responsável técnico pelo estabelecimento, inclusive pela avaliação das prescrições, 
é o profissional legalmente habilitado com registro no seu respectivo Conselho Regional de Farmácia 
(CRF). Os profissionais legalmente habilitados, respeitando os códigos de seus respectivos conselhos 
profissionais, são os responsáveis pela prescrição dos produtos de que trata a Resolução nº 18/2013.
As preparações elaboradas pelos povos e pelas comunidades tradicionais do Brasil, 
sem fins lucrativos e não industrializadas, não são objeto de registro ou de notificação 
na Anvisa.
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 ■ CONHECENDO AS FONTES DE INFORMAÇÃO
O conjunto de informações sobre as plantas medicinais e os fitoterápicos é bastante amplo e em 
constante evolução, com considerável aporte diário de conhecimento novo sobre a constituição 
química, as propriedades biológicas, os métodos de cultivo etc. Como para qualquer outro tema, 
as fontes de informações na área podem ser classificadas em primárias, secundárias e terciárias.
Serão aqui indicadas, especialmente, as fontes secundárias e terciárias de fácil acesso (bases de 
dados ou livros/compêndios disponíveis na internet) e/ou indicadas na regulamentação vigente 
no Brasil para o tema das plantas medicinais e dos fitoterápicos. As fontes foram selecionadas 
com foco nas necessidades do profissional farmacêutico relativas à dispensação e à indicação ou 
prescrição de plantas medicinais/drogas vegetais e fitoterápicos.
Foram priorizadas as fontes contendo informações consolidadas (monografias) sobre modo de 
preparo, uso tradicional, eficácia, segurança e posologia de plantas medicinais ou fitoterápicos. 
Serão também indicadas fontes que subsidiam a identificação botânica, o que pode ser fundamental 
para a orientação ao paciente em situações que serão discutidas mais adiante neste artigo. 
INFORMAÇÕES BOTÂNICAS, DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES 
E DE CONTROLE DE QUALIDADE DA DROGA VEGETAL
No Quadro 3, estão elencadas as principais bases de dados para a busca de informações sobre 
identificação botânica, distribuição geográfica das espécies e controle de qualidade da droga vegetal.
Quadro 3
DADOS BOTÂNICOS, DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA 
E CONTROLE DE QUALIDADE DA DROGA VEGETAL
Projeto Flora do Brasil 2020, Jardim 
Botânico do Rio de Janeiro/RJ 
(http://floradobrasil.jbrj.gov.br)
Este projeto apresenta descrições, chaves de identificação e ilus-
trações para espécies de plantas, de algas e de fungos conhecidos 
no Brasil. A busca pode ser realizada pelo gênero, pelo binômio 
científico (espécie) e pelo nome popular (vernacular name).
Base Tropicos® (http://www.
tropicos.org/)
Esta base contém todos os dados nomenclaturais, bibliográficos 
e de amostras (incluindo desenhos e fotografias) acumulados 
nos bancos de dados eletrônicos do Missouri Botanical Garden. 
Apresenta quase 1,3 milhão de nomes científicos e mais de 4,4 
milhões de registros de espécimes. Pode-se também realizar a 
busca pelo nome popular (common name).
International Plant Names Index 
(http://www.ipni.org/)
É um banco de dados de nomes e detalhes bibliográficos básicos 
associados a plantas de sementes, a samambaias e a licófitas. 
Seu objetivo é eliminar a necessidade de referências repetidas 
a fontes primárias para informações bibliográficas básicas sobre 
nomes de plantas.
Farmacopeia Brasileira, 5. ed., 
v. 2 (http://portal.anvisa.gov.br/
farmacopeias-virtuais)
Apresenta monografias para o controle de qualidade das drogas 
vegetais, incluindo desenhos que auxiliam na identificação.
OMS (http://apps.who.int/medicine-
docs/en/d/Js2200e/)
Além de dados farmacoterapêuticos, apresenta monografias para 
o controle de qualidade das drogas vegetais.
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INFORMAÇÕES DE USO TRADICIONAL
Informações sobre o uso tradicional de plantas medicinais podem ser encontradas em:
 ■ Resolução RDC nº 26 de 13 de maio de 2014 — Anexo III lista de referências para comprovação 
do uso tradicional.
 ■ Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, disponível em: <http://portal.anvisa.gov.
br/documents/33832/259456/Suplemento+FFFB.pdf/478d1f83-7a0d-48aa-9815-37dbc6b29f9a>.
MONOGRAFIAS FARMACOTERAPÊUTICAS
A seguir, estão listadas algumas obras/sites importantes contendo informações organizadas sob a 
forma de monografias sobre eficácia, indicação terapêutica, posologia, efeitos adversos e interações 
medicamentosas de plantas medicinais e fitoterápicos comumente utilizados no Brasil.
 ■ Herbal Medicine — Expanded Comission e monographs de Blumenthal e colaboradores de 2000.
 ■ EMA, disponível em: <https://www.ema.europa.eu/en/medicines>; <https://www.ema.europa.eu/
en/medicines/field_ema_web_categories%253Aname_field/Herbal>.
 ■ Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira (2011; 2018), disponível em: <http://portal.
anvisa.gov.br/formulario-fitoterapico>; e <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259456/
Suplemento+FFFB.pdf/478d1f83-7a0d-48aa-9815-37dbc6b29f9a>.
 ■ Medscape, disponível em: <https://reference.medscape.com/drugs/herbals-supplements>.
 ■ Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira, (1. ed.), disponível em: <http://portal.anvisa.gov.
br/documents/33832/2909630/Memento+Fitoterapico/a80ec477-bb36-4ae0-b1d2-e2461217e06b>.
 ■ Planfavi — Sistema de farmacovigilância em plantas medicinais (Universidade Federal de São 
Paulo [Unifesp]/Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas [Cebrid]), disponível 
em: <http://planfavi-cebrid.webnode.com/>.
 ■ Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename, 2017, anexo 1), disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relacao_nacional_medicamentos_rename_2017.pdf>.
 ■ OMS, disponível em: <http://apps.who.int/medicinedocs/en/d/Js2200e/>.
Em uma série de volumes, a OMS disponibiliza monografias sobre plantas medicinais selecionadas, 
contendo informações sobre segurança, eficácia e, também, controle de qualidade. O índice de 
plantas está apresentado em latim, com a denominação que remete à parte da planta utilizada (por 
exemplo: valeriana = Radix valerianae).
BUSCA DE REVISÕES SISTEMÁTICAS E METANÁLISES
Revisões sistemáticas e metanálises são ferramentas muito importantes para a tomada de decisões 
na prática clínica.19 As revisões sistemáticas caracterizam-se pela utilização de métodos padronizados 
para identificar estudos originais, sendo descritas as bases de dados consultadas. Os resultados 
dos estudos selecionados são sintetizados e interpretados.
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As metanálises são revisões sistemáticas seguidas de análise estatística para gerar medida 
sumarizada de efeito. A compilação dos artigos originais resulta em grande número de participantes, 
o que confere poder estatístico para testar hipóteses que, de outra maneira, dificilmente seriam 
testadas em tempo adequado para a aplicação clínica. Como parte do processo, há a avaliação 
da qualidade metodológica dos artigos originais. 
Na escala de hierarquia de evidências, muitos autores colocam a metanálise de ECRs 
como a de maior relevância, seguida por ECRs com grande número de participantes, 
cegamento de participantes e investigadores e alocação sigilosa do tratamento (estudos 
duplo-cego randomizados).
LEMBRAR
Dentre as bases de dados mais importantes e facilmente acessáveis para a busca de metanálises 
e revisões sistemáticas, podem-se citar:
 ■ Cochrane Library, disponível em: <http://www.cochranelibrary.com>; e <https://www.cochranelibrary.
com/cdsr/reviews>.
 ■ PubMed (US National Library of Medicine [NLM]/National Institute of Health[NIH]), disponível 
em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed>.
INFORMAÇÕES SOBRE REGISTRO E BULAS 
DE FITOTERÁPICOS COMERCIALIZADOS NOBRASIL
As informações referentes ao registro e às bulas de fitoterápicos comercializados no Brasil estão 
disponíveis em:
 ■ <http://portal.anvisa.gov.br/medicamentos>;
 ■ <http://portal.anvisa.gov.br/medicamentos/consultas>;
 ■ <http://portal.anvisa.gov.br/bulario-eletronico1>.
ALGUMAS SUGESTÕES DE LIVROS CONTENDO MONOGRAFIAS 
DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS
 ■ Barnes J, Anderson LA, Phillipson JD. Fitoterápicos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2012.
 ■ Harkness R; Bratman S. Mosby's handbook of drug-herb and drug-supplement interactions. St. 
Louis: Mosby; 2003.
 ■ Gilbert B, Ferreira JLP, Alves FL. Monografias de plantas medicinais brasileiras e aclimatadas. 
Curitiba: Abifito; 2005.
 ■ Lorenzi H, Abreu Matos FJ. Plantas medicinais no Brasil — nativas e exóticas. 2. ed. Nova 
Odessa: Instituto Plantarum; 2008.
 ■ Williamson E, Driver S, Baxter K. Interações medicamentosas de Stockley: plantas medicinais 
e medicamentos fitoterápicos. Porto Alegre: Artmed; 2012.
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 ■ ASPECTOS MAIS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS 
PARA A DISPENSAÇÃO DE FITOTERÁPICOS 
E ORIENTAÇÃO DE USO DE PLANTAS MEDICINAIS
O primeiro aspecto a ser considerado para a dispensação de fitoterápicos e orientação de uso 
de plantas medicinais é o elenco de plantas medicinais ou fitoterápicos que estará disponível na 
farmácia. Em se tratando de dispensação no âmbito do SUS, só poderão estar disponíveis os produtos 
elaborados com as espécies constantes da Rename ou conforme o disposto na regulamentação 
para as farmácias vivas.
Para a dispensação de fitoterápicos em farmácias comunitárias, devem ser adquiridas especialidades 
farmacêuticas com registro válido na Anvisa (fitoterápicos ou produtos tradicionais fitoterápicos), de 
acordo com os critérios da regulamentação vigente apresentados anteriormente. Entre os produtos 
tradicionais fitoterápicos, podem ser também adquiridos aqueles sujeitos apenas à notificação de 
comercialização. 
Deve ser priorizada a aquisição de fitoterápicos padronizados, ou seja, produtos produzidos de forma 
a garantir a uniformidade química, definida pela constância do perfil fitoquímico (finger print) e da 
concentração dos marcadores químicos, e reprodutibilidade do efeito farmacológico. Idealmente, 
os marcadores químicos deveriam ser constituídos pelas substâncias responsáveis pela atividade 
farmacológica desejada. Aconselha-se, também, a preferência por fitoterápicos simples, constituídos 
por uma única espécie vegetal como componente ativo.
A escolha por uma associação de componentes vegetais dos fitoterápicos se justifica 
quando sua eficácia é reconhecidamente superior em relação aos fitoterápicos 
monopreparados. Em qualquer caso, dos monopreparados ou das associações, 
o ideal é optar por aqueles com monografias farmacoterapêuticas publicadas pela 
Anvisa/Farmacopeia Brasileira, OMS, EMA ou outras organizações aceitas pelo MS, 
como a Comissão E,29 por exemplo.
LEMBRAR
Os aspectos fundamentais a serem considerados na dispensação de fitoterápicos e na orientação 
de uso de plantas medicinais não diferem daqueles considerados para medicamentos em geral. A 
atuação farmacêutica deve ser orientada pelos deveres prima face, definidos no Relatório Belmont,30 
que são:
 ■ o respeito às pessoas (a autonomia dos indivíduos deve ser respeitada e os indivíduos com 
autonomia diminuída — vulneráveis — devem ser especialmente protegidos);
 ■ a beneficência (os danos devem ser evitados, e os benefícios, maximizados);
 ■ a justiça (que engloba o conceito de equidade). 
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Bent31 considera que, em função da definição pobre da relação risco/benefício para a maioria das 
plantas medicinais (questão discutida anteriormente neste artigo), é razoável utilizá-las apenas 
quando o paciente apresenta uma condição em que não há tratamentos eficazes conhecidos ou 
quando as terapias disponíveis não foram bem toleradas ou se mostraram ineficazes na situação 
específica. Segundo Bent,31 o tratamento com produtos fitoterápicos deve ser monitorado de perto 
por um clínico.
Cañigueral e Vila32 apresentaram três indicações básicas para o estabelecimento de 
uma fitoterapia racional, quais sejam: devem ser utilizados produtos padronizados; 
os fitoterápicos não são apropriados para situações agudas, de emergência e uso 
hospitalar; os fitoterápicos devem ser reservados para a utilização em doenças leves 
(aqui, entendidas como transtornos menores) ou em doenças crônicas, sob prescrição 
de médicos generalistas e/ou orientação farmacêutica.
Colalto19 discute a importância da formulação de guidelines em fitoterapia, destinados aos profissionais 
de saúde, cujos objetivos devem ser:
 ■ recomendar a fitoterapia com base nas melhores evidências científicas de eficácia;
 ■ fornecer dados seguros sobre a toxicologia e acerca das interações medicamentosas;
 ■ otimizar a prática clínica;
 ■ avaliar a qualidade dos produtos fitoterápicos.
Em termos de Brasil, é importante ressaltar três aspectos que podem dificultar a implementação de 
uma fitoterapia nos moldes propostos pelos autores (Bent; Cañigueral e Vila; Colalto) anteriormente 
citados:
 ■ é extenso o uso popular de plantas medicinais nativas, para a maioria das quais as evidências 
de eficácia são inexistentes;
 ■ a maioria dos fitoterápicos e dos produtos fitoterápicos tradicionais é de medicamentos isentos 
de prescrição médica; 
 ■ os usuários raramente relatam o uso de plantas medicinais aos médicos;
 ■ os médicos, em geral, desconhecem a magnitude de uso e as fontes de informações sobre 
esses recursos terapêuticos.
O farmacêutico é profissional-chave para a promoção do uso adequado de plantas 
medicinais e dos fitoterápicos. 
LEMBRAR
Colalto,19 em sua proposta de uma fitoterapia baseada em evidências, pondera que as recomendações 
de guidelines são, geralmente, formuladas para beneficiar uma população, mais do que a um 
indivíduo, e, portanto, é necessário que o profissional considere cada caso, as necessidades, as 
preferências e o contexto de vida de cada indivíduo. 
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As pessoas têm direito às próprias escolhas e são conhecedoras de sua saúde ou da saúde 
daqueles que estão sob os seus cuidados. Quando procura um profissional de saúde, o paciente 
tem uma história. Pode já ter vivenciado a mesma condição, ter tentado outros tratamentos, ter suas 
próprias ideias sobre as causas dos seus transtornos de saúde, opiniões sobre os tratamentos e 
preferência por determinadas abordagens,33 entre elas, a fitoterapia. E o profissional farmacêutico 
precisa estar atento a tudo isso.
O paciente deve ser atendido em clima de confiança e de respeito, com privacidade e 
confidencialidade; não pode se sentir constrangido por suas opções terapêuticas no âmbito 
do autocuidado. O profissional deve ter as habilidades de escuta e de comunicação e 
ser empático, respeitando a autodeterminação do paciente e percebendo as situações 
de vulnerabilidade (como o não acesso ao medicamento, a desinformação, a influência 
de agentes externos com interesses diversos ao bem-estar do indivíduo). Sobretudo, 
o profissional deve ser capaz de estabelecer um acordo com o paciente, garantindo a 
beneficência das intervenções terapêuticas em curso ou propostas.
O profissional farmacêutico deve ter como objetivos primordiais a garantia de uma boa qualidade 
de vida para as pessoas e a prevenção de problemas que podem decorrer do uso de plantas 
medicinais e de fitoterápicos.
PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS
Os problemas que podem ocorrer com o uso de plantas medicinais e de fitoterápicos estão 
destacados no Quadro 4.
Quadro 4
PROBLEMAS RELACIONADOS AO USO DE 
PLANTAS MEDICINAIS E DE FITOTERÁPICOS
■■ Não efetividade, por escolha inadequadado produto em si ou do modo de preparo e da posologia.
■■ Não efetividade ou surgimento de efeitos tóxicos por causa da baixa qualidade farmacêutica de alguns 
produtos oferecidos no mercado (contaminação, adulteração, não padronização dos produtos, com 
consequente não garantia de dose).
■■ Exposição desnecessária a uma mistura de componentes químicos presentes em produtos sem eficácia 
comprovada no transtorno/doença em curso.
■■ Interferência nos resultados terapêuticos de outras terapias farmacológicas já implementadas, em 
decorrência das interações medicamentosas.
■■ Não adesão a outras terapias farmacológicas eficazes já implementadas, por causa da substituição 
dessas por terapias alternativas, pela crença de que tratamentos com produtos à base de plantas 
possam ser mais seguros.
■■ Surgimento de reações adversas, eventualmente, de efeitos tóxicos, os quais nem sempre são previsíveis 
ou associadas à utilização de plantas medicinais ou de fitoterápicos pelo usuário e/ou pelo profissional 
de saúde.
■■ No caso de uso popular de plantas medicinais em práticas de autocuidado e no processo de automedicação 
com fitoterápicos, retardo no diagnóstico de doenças e, consequentemente, na busca pelo tratamento 
adequado.
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SITUAÇÕES PROVÁVEIS DE ATENDIMENTO NA FARMÁCIA 
As situações gerais de atendimento na farmácia quando se trata de plantas medicinais ou fitoterápicos 
não diferem daquelas possíveis para outros medicamentos. Porém, podem apresentar peculiaridades, 
pelo contexto anteriormente discutido, especialmente no que tange aos significados de tal uso para 
o indivíduo e à pouca familiaridade do profissional médico com o tema.
Basicamente, há as seguintes situações de atendimento na farmácia em relação a plantas medicinais 
ou a fitoterápicos:
 ■ o paciente chega à farmácia com uma prescrição de um outro profissional habilitado;
 ■ o paciente chega solicitando um produto específico;
 ■ o paciente apresenta uma queixa e solicita a indicação de um produto;
 ■ o paciente solicita uma orientação ou um conselho sobre um produto em uso ou que pretende 
utilizar.
Na presença da prescrição, o farmacêutico compartilha a responsabilidade com outro profissional, 
deve exercer as suas habilidades e aplicar o seu conhecimento no sentido de verificar a integridade 
da prescrição e orientar o paciente para o uso adequado do produto prescrito.
Quando não há prescrição de outro profissional, a responsabilidade do farmacêutico é ampliada. 
É necessário entender as necessidades do paciente e ser capaz de distinguir transtornos menores 
de transtornos maiores. Para tanto, são fundamentais a habilidade de ouvir, de perguntar e a 
capacidade de observação do paciente (linguagem não verbal, idade, gênero, aspecto físico, sinais 
e sintomas não referidos). Além disso, obviamente, é fundamental o conhecimento sobre a eficácia 
e a segurança de plantas medicinais e dos produtos fitoterápicos isentos de prescrição médica. 
Em qualquer situação de atendimento, o acesso a fontes de informação na farmácia, a 
possibilidade física de comunicação e a capacidade de interagir com outros profissionais 
de saúde são necessidades absolutas. Idealmente, a farmácia deve ter um espaço em 
que se possa garantir alguma privacidade ao paciente. 
A seguir, serão apresentados roteiros básicos de conduta nas diferentes situações. Os roteiros 
para as situações em que não há apresentação de uma prescrição médica ou de outro profissional 
habilitado foram formulados com base nas seguintes referências:
 ■ Blenkinsopp A, Paxton P. Symptoms in the pharmacy: a guide to the management of common 
illness. 8th ed. Chichester: Wiley-Blackwell; 2018.
 ■ Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 586, de 29 de agosto de 2013. Brasília: DOU; 2013.
 ■ Finkel R, Pray WS. Guia de dispensação de produtos terapêuticos que não exigem prescrição. 
Porto Alegre: Artmed; 2007. 
 ■ Zardaín E, Llavona AM. Protocolos para la atención de los trastornos menores. Farmacia Clínica. 
1994;4:312–25.
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Quando o paciente chega com uma prescrição
Quando o paciente se apresenta com uma prescrição na farmácia, primeiramente, o profissional deve 
certificar-se da integralidade da prescrição, antes de preparar ou realizar a distribuição. De acordo 
com a RDC nº 44,34 de 17 de agosto de 2009, uma prescrição deve contemplar os seguintes itens:
 ■ legibilidade e ausência de rasuras e de emendas;
 ■ identificação do usuário;
 ■ identificação do medicamento, concentração, dosagem, forma farmacêutica e quantidade;
 ■ modo de usar ou posologia;
 ■ duração do tratamento;
 ■ local e data da emissão;
 ■ assinatura e identificação do prescritor com o número de registro no respectivo conselho profissional.
Em seguida, o profissional deve interpretar a adequação da prescrição médica. Para tanto, é 
necessária uma breve conversa com o paciente, na qual o farmacêutico deverá exercer a empatia 
e as suas habilidades de comunicação para identificar, a partir das informações do usuário, o 
objetivo terapêutico do prescritor e o contexto no qual o medicamento será utilizado. Isso possibilita 
a conferência da indicação terapêutica e da posologia, o que é relevante, pois diferentes quadros 
clínicos podem exigir diferentes formas de apresentação ou dosagens dos medicamentos.
É importante, também, saber se o paciente já utilizou o medicamento alguma vez e como se sentiu. 
O objetivo é saber se o paciente apresentou anteriormente alguma reação adversa ou dificuldade 
com o uso do medicamento. Além disso, no momento em que essas informações são fornecidas, 
é possível certificar-se de que o usuário compreendeu a indicação e a necessidade de uso do 
medicamento, o objetivo da prescrição. O reconhecimento da necessidade do uso contribui para 
a adesão ao tratamento.
Caso o fitoterápico em questão seja reconhecido por seu potencial de interações medicamentosas 
clinicamente relevantes é recomendável averiguar se o paciente está utilizando outros medicamentos. 
Como exemplos, podem ser citados os fitoterápicos à base de erva-de-são-joão (Hypericum 
perforatum) e de ginko (Ginkgo biloba).35
Se o fitoterápico prescrito for reconhecido por seu potencial mutagênico, teratogênico ou abortivo, 
e o usuário for mulher em idade fértil, é necessário questionar sobre a possibilidade de gravidez. 
Como exemplos, podem ser citados os fitoterápicos à base de cáscara sagrada (Rhamnus purshiana) 
e valeriana (Valeriana officinalis, V. walichii).35 
Estando a prescrição adequada, o profissional pode realizar a entrega do produto, com as devidas 
informações para o uso correto, certificando-se de que o paciente as compreendeu e esclarecendo 
eventuais dúvidas. Antes de fornecer as informações, é importante averiguar se a pessoa que 
apresentou a prescrição será, de fato, a usuária do medicamento. As informações devem ser 
dadas apenas se se tratar do próprio usuário ou se esse for o cuidador do usuário. Informações não 
compreendidas ou mal transmitidas podem ser determinantes para o insucesso de um tratamento 
ou para o desenvolvimento de reações adversas.
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Diante da disparidade entre a planta medicinal ou fitoterápico constantes na prescrição 
com a indicação ou posologia recomendados na literatura, relato de ocorrência de reação 
adversa, possibilidade de interações medicamentosas ou incompatibilidade do uso dos 
produtos prescritos com contexto de vida do usuário, é necessário considerar a gravidade 
da situação e, caso exista a necessidade, contatar o prescritor para esclarecimentos e 
para o planejamento conjunto de alterações de conduta, se aplicável.
Caso o contato com o prescritor não seja possível no momento do atendimento e o farmacêuticoconsiderar que a utilização do fitoterápico, na forma prescrita e/ou no contexto de vida, colocam o 
paciente em risco, o farmacêutico não deve realizar a dispensação, explicando o motivo, sugerindo 
que o paciente tente contato com o médico e/ou colocando-se à disposição para ajudar em 
novas tentativas de contato. Isso deve ser feito de forma compreensível, objetiva e tranquila, sem 
amedrontar o paciente. É uma situação que requer habilidade especial, pois, dentro dos limites da 
ética, o farmacêutico não deve induzir a quebra de confiança entre o paciente e o médico ou outro 
profissional prescritor habilitado. 
A recusa da dispensação não deverá causar, no paciente, a sensação de abandono ou 
de descaso com a sua situação. Pelo contrário, deve gerar confiança, mostrar que o 
farmacêutico se importa com a saúde do paciente e está disposto a ajudar.
O usuário solicita um produto específico
Quando um indivíduo busca a farmácia para adquirir um produto já definido por ele, esse produto só 
poderá ser dispensado se for isento de prescrição médica. Da mesma forma que os medicamentos 
de origem sintética, os fitoterápicos também são categorizados, e muitos deles só podem ser 
dispensados sob prescrição médica. Para realizar a dispensação, o farmacêutico deve conversar 
com o usuário e distinguir se ele precisa de tratamento farmacológico ou de outras condutas que 
sejam de sua alçada orientar.
Se constatada a necessidade de tratamento farmacológico, o farmacêutico deve distinguir se o 
usuário precisa daquele tratamento por ele mesmo escolhido, se pode utilizar tal tratamento, ou se 
precisa de outro, que seja da alçada do farmacêutico indicar/prescrever (medicamentos isentos de 
prescrição médica), ou, ainda, se o usuário precisa ser encaminhado ao médico, para que esse o 
avalie e prescreva o melhor tratamento.
Para a tomada de decisão, algumas informações são fundamentais. É necessária uma conversa 
com o usuário, na qual o farmacêutico deverá exercer a empatia e suas habilidades de comunicação 
para obter as seguintes informações:
 ■ O produto é para uso próprio?
 ■ Para qual finalidade?
 ■ Tem diagnóstico médico?
 ■ Por que decidiu utilizar esse produto? 
 ■ Já utilizou o produto antes? Quantas vezes? Por quanto tempo? Como se sentiu?
 ■ Alguma vez ele foi utilizado com indicação médica? 
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Se a indicação estiver correta e o histórico do paciente com o produto indicar benefício, o farmacêutico 
deve perguntar ao paciente:
 ■ Como utilizou/pretende utilizar (dose, via de administração, posologia)?
 ■ Está utilizando outros medicamentos (fitoterápicos ou não) ou chás?
 ■ Tem algum outro problema de saúde?
 ■ Apresenta algum tipo de alergia?
 ■ Está grávida ou amamentado? [Se aplicável].
Esse inventário de informações aproxima-se de uma anamnese farmacêutica e possibilita ao 
farmacêutico avaliar se as indicações aprovadas para o produto escolhido estão de acordo com os 
objetivos terapêuticos do usuário e se a utilização do produto não resultará em retardo do diagnóstico, 
em reações adversas, em interações medicamentosas ou em outros problemas. 
Conhecer a motivação do usuário para o uso (por que decidiu utilizar?) pode ser crucial quando se 
constata que não é adequado realizar a dispensação do produto e é necessária uma abordagem 
de convencimento para a substituição por outro, mais apropriado ao caso, ou para a busca de 
atendimento médico. 
Para exemplificar essa situação, será utilizada a espécie Arnica montana (arnica) a seguir.
A EMA, com base na utilização de longa data da arnica, concluiu que as preparações farmacêuticas 
à base de flores dessa planta podem ser utilizadas para o alívio de contusões, de entorses e de 
dores musculares localizadas. Entre os EAs da arnica relatados, destaca-se a dermatite de contato.35
As formulações de arnica são destinadas somente ao uso externo (exceto em preparações 
homeopáticas adequadamente diluídas e dinamizadas); a ingestão oral pode resultar em 
gastrenterite, em paralisia muscular, em alterações respiratórias e na frequência cardíaca 
(FC), podendo ser fatal.35 Por insuficiência de dados que garantam a segurança, o uso da 
arnica deve ser evitado durante a gravidez. 
Supondo-se que um jovem procure a farmácia e solicite um produto à base de arnica e, quando 
questionado sobre a finalidade do uso, informe que está com o tornozelo inchado e dolorido, pois torceu 
o pé durante uma partida de futebol, o uso pretendido está de acordo com a indicação terapêutica 
aceita na literatura. É importante, contudo, saber há quanto tempo ele está machucado, dimensionar 
o problema (está conseguindo caminhar? Apresenta hematoma? Buscou atendimento médico?).35
Para o uso seguro da arnica, é importante também saber se o paciente já utilizou esse medicamento 
ou outros produtos à base de arnica em outro momento, como reagiu e se é alérgico a algum outro 
medicamento ou chá, visto o potencial alergênico da planta.35
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Dentre os constituintes químicos da arnica, as lactonas sesquiterpênicas parecem ser as 
responsáveis pelas alergias de contato.35 Essas substâncias, presentes também na camomila 
(Matricaria recutita), apresentam um grupamento alfa-metileno exocíclico, o qual é reconhecido 
como um pré-requisito imunológico para a alergia de contato. As plantas da família Asteraceae, 
que produzem lactonas sesquiterpênicas, podem apresentar sensibilidade cruzada. Portanto, 
é importante perguntar se o indivíduo já apresentou alguma reação alérgica a outras plantas 
dessa família, como camomila e calêndula (Calendula officinalis).
Se o jovem não for alérgico à arnica, é possível dispensar o produto (há um gel com registro válido 
na Anvisa), com as devidas informações para o uso adequado e com o aconselhamento para a 
adoção paralela de medidas não farmacológicas (restrição de movimento e gelo no local). Se o 
jovem apresentar histórico de alergia à arnica ou a produtos semelhantes, a dispensação não deve 
ser realizada e deve ser avaliada a indicação de uso de outro medicamento.
Outra possibilidade seria não dispensar o produto, indicando apenas as medidas não farmacológicas. 
Em qualquer caso, é fundamental o estímulo à busca de atendimento médico para a definição do 
diagnóstico (trata-se de uma contusão, uma luxação ou uma fratura?) e para o tratamento subsequente.
O usuário solicita indicação de um produto para um transtorno específico
Quando o usuário pede a indicação de um produto fitoterápico para determinado transtorno, o 
farmacêutico está diante do contexto previsto para uma prescrição farmacêutica, nos termos da 
Resolução do CFF nº 586/2013, que define que7
a prescrição farmacêutica constitui uma atribuição clínica do farmacêutico e deverá 
ser realizada com base nas necessidades de saúde do paciente, nas melhores 
evidências científicas, em princípios éticos e em conformidade com as políticas de 
saúde vigentes. O processo de prescrição farmacêutica é constituído de: identificação 
das necessidades do paciente relacionadas à saúde; definição do objetivo terapêutico; 
seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base em sua 
segurança, eficácia, custo e conveniência, dentro do plano de cuidado; redação da 
prescrição; orientação ao paciente; avaliação dos resultados; documentação do 
processo de prescrição.
Ainda segundo a Resolução do CFF nº 586/2013,7
no ato da prescrição, o farmacêutico deverá adotar medidas que contribuam para 
a promoção da segurança do paciente, entre as quais se destacam: basear suas 
ações nas melhores evidências científicas; tomar decisões de forma compartilhada 
e centrada no paciente; considerar a existência de outras condições clínicas, o uso 
de outros medicamentos, os hábitos de vida e o contexto de cuidado no entorno do 
paciente; estar atento aos aspectos legais eéticos relativos aos documentos que serão 
entregues ao paciente; comunicar adequadamente ao paciente, seu responsável ou 
cuidador, as suas decisões e recomendações, de modo que estes as compreendam 
de forma completa; adotar medidas para que os resultados em saúde do paciente, 
decorrentes da prescrição farmacêutica, sejam acompanhados e avaliados.
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A seguir, será apresentado um roteiro para uma anamnese que possibilite a identificação das 
necessidades do paciente, a definição do objetivo terapêutico e a seleção da terapia farmacológica 
ou de outras intervenções:
 ■ Para quem é destinada a indicação? É para uso próprio ou para alguém sob cuidado do solicitante?
 ■ Quando iniciou o transtorno (sinais e sintomas)? É a primeira vez que ocorre? Tem localização 
definida? Alivia ou agrava com alguma situação específica (calor, frio, posição do corpo, horário 
do dia, alimentação etc.)?
 ■ Já utilizou ou está utilizando algum medicamento para o alívio da queixa apresentada? Como 
se sentiu?
 ■ Que outras medidas foram tomadas para aliviar o transtorno? Como se sentiu?
 ■ Consultou ou tem consulta agendada com um médico para tratar o transtorno?
 ■ Toma outros medicamentos, chás ou suplementos dietéticos?
 ■ Apresenta outros problemas de saúde?
 ■ Apresenta algum tipo de alergia?
 ■ Está grávida ou amamentado? [Se aplicável].
Para exemplificar, será retomada a situação de queixa por trauma na prática de esporte. Em uma 
segunda-feira pela manhã, um homem jovem entra mancando na farmácia e solicita “alguma coisa” 
para aliviar a dor e o “inchaço” decorrentes de uma torsão no tornozelo. Respondendo às perguntas do 
farmacêutico, informa que se machucou jogando futebol na tarde anterior. Relata que doeu bastante 
na hora e inchou depois. Durante a noite, manteve repouso e aplicou bolsas com gelo no local.
O jovem não foi ao médico nem pretende ir, no dia em curso, pois tem uma entrevista de emprego 
após o almoço e prova na universidade no final da tarde, e precisa estudar. Ele tomou um comprimido 
de dipirona, 500mg, à noite, e outro pela manhã, antes de ir para a farmácia. Porém, o rapaz 
gostaria de algo para aplicar localmente, enquanto estuda para a prova. Ele relata não ter outros 
problemas de saúde, pois é vegetariano e pratica esportes, e afirma que tem preferência por um 
medicamento de origem natural.
O farmacêutico observa que o jovem tem aparência saudável, mas uma nítida expressão de 
dor. Pede licença para olhar o tornozelo do rapaz e constata edema importante, vermelhidão e 
hematoma. Questionado, o jovem informa que não se lembra de ter desenvolvido alergia a nenhum 
medicamento ou alimento até então.
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A seguir, apresenta-se a resolução adequada do caso do jovem, nos termos da Resolução CFF 
nº 586/2013:7
 ■ identificação das necessidades do paciente relacionadas à saúde — aliviar a dor e o edema 
do tornozelo;
 ■ definição do objetivo terapêutico — aliviar a dor e o edema do tornozelo do rapaz até que ele 
possa ir ao médico para a necessária realização do diagnóstico e para a definição da continuidade 
do tratamento; 
 ■ seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base em sua segurança, 
em sua eficácia, em seu custo e em sua conveniência — pode ser indicado o gel de arnica. 
Segundo a EMA, a eficácia de produtos à base das flores de arnica é sugerida pelo uso tradicional. 
Os ensaios clínicos não são conclusivos. Outros medicamentos mais eficazes poderiam ser 
indicados. O gel de arnica foi selecionado com base na conveniência, visto ser um medicamento 
isento de prescrição médica, acessível em termos de preço e ajustar-se à preferência do rapaz 
por medicamentos de origem natural. Na situação, é um produto seguro, visto que o jovem não 
apresenta histórico de alergia. Devem ser mantidos a aplicação intermitente de bolsa de gelo e 
o repouso (tanto quanto possível). Adicionalmente, deve-se recomendar a elevação da perna e, 
se possível, a compressão. A dipirona pode ser substituída por um analgésico anti-inflamatório 
não esteroide (Aine) isento de prescrição médica, como ibuprofeno, 400mg;
 ■ orientação ao paciente — segundo monografia publicada pela EMA, o gel de arnica deve ser 
aplicado em uma camada fina na área afetada, de 2 a 3 vezes ao dia. Se ocorrer reação alérgica, 
o produto deve ser descontinuado. Se os sintomas piorarem ou não melhorarem em quatro dias, 
a avaliação médica é obrigatória. Porém, na situação específica, o jovem deve ser encorajado a 
procurar um traumatologista o mais breve possível, para a realização do diagnóstico (trata-se de 
uma contusão, uma luxação ou uma fratura?) e para a reavaliação do tratamento. É necessário 
proceder também à orientação para o uso adequado do ibuprofeno. 
O paciente solicita uma orientação ou conselho 
sobre um produto em uso ou que pretende utilizar
Uma situação que pode acontecer no ambiente da farmácia é a busca de informações ou conselhos 
sobre a utilização de uma planta e preparações caseiras derivadas, na esfera do autocuidado, como, 
por exemplo: “É verdade que tal planta é boa para tal problema? Posso usar (ou continuar usando)? 
Como posso utilizar?”. Também, eventualmente, durante o atendimento, o paciente assume uma 
posição de controle sobre a sua vida e/ou de alguém que pode e quer contribuir com o conhecimento 
da terapêutica, apresentando ao profissional interlocutor informações e questionamentos, tais como: 
“Tal planta é muito boa para tal coisa, você não sabia?”.
Apesar de aparentemente simples, essa é uma situação bastante complexa, na qual há uma chance 
importante de ambos, profissional e paciente, sentirem-se frustrados em suas expectativas, pois, 
muitas vezes, as informações não existem ou são conflitantes, e, quando existem, contrariam os 
desejos e as crenças do usuário. Em contrapartida, é uma grande oportunidade para a educação em 
saúde, visto que o usuário que busca o farmacêutico para esse tipo de informação, possivelmente, 
está disponível para conversar, o que nem sempre acontece nas outras situações discutidas 
anteriormente.
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Para uma resposta comprometida com a qualidade de vida do usuário, é necessário conhecer o 
contexto no qual a utilização pretendida ou efetivada acontece (ou acontecerá) e a planta ou produto 
em questão: qual a importância desse uso para o indivíduo? Qual é o padrão de utilização? Qual 
a extensão do uso tradicional? Qual é o corpo de evidências científicas de eficácia e de segurança 
na condição de vida do usuário? Um ponto crucial, por vezes limitante, para trabalhar essa situação 
é a identificação botânica da planta. 
Muitas espécies vegetais são conhecidas pelos mesmos nomes populares, e vice-versa. Assim, não 
basta a informação do usuário sobre o nome da planta, seja ele científico, seja popular. É necessário 
ter em mãos uma amostra da planta, preferentemente, um ramo florido, para a correta identificação 
e busca na literatura das informações relativas à eficácia e à segurança, usando o nome científico 
como termo de busca. Porém, mesmo tendo em mãos um ramo florido da planta, o farmacêutico 
não é o profissional formalmente capacitado para a identificação botânica; o ideal é contar com um 
botânico taxonomista. Obviamente, isso quase nunca é possível no ambiente da farmácia. 
O farmacêutico deve conhecer o território no qual atua, as plantas com tradição de uso 
pelo público atendido. Quando a atuação farmacêutica se dá em farmácias do sistema 
público ou comunitárias, de bairro e de pequenas comunidades, o agente comunitário de 
saúde (ACS) pode ser um bom parceiro. Com o nome popular, pode-se proceder a busca 
nos sites apresentados anteriormente nesse artigo (Flora do Brasil, Tropicos), os quais 
apresentam os

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