Buscar

Direito Administrativo

Prévia do material em texto

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- OFICIAL PM - 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O inteiro teor desta apostila está sujeito à proteção de direitos autorais. 
Copyright © 2016 Loja do Concurseiro. Todos os direitos reservados. O conteúdo 
desta apostila não pode ser copiado de forma diferente da referência individual 
comercial com todos os direitos autorais ou outras notas de propriedade retidas, e 
depois, não pode ser reproduzido ou de outra forma distribuído. Exceto quando 
expressamente autorizado, você não deve de outra forma copiar, mostrar, baixar, 
distribuir, modificar, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, 
texto e/ou documentos contidos nesta apostila ou qualquer parte desta em 
qualquer meio eletrônico ou em disco rígido, ou criar qualquer trabalho derivado 
com base nessas imagens, texto ou documentos, sem o consentimento expresso 
por escrito da Loja do Concurseiro. 
 Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão 
de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da 
Loja do Concurseiro. 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
3 
 
 
PROGRAMA: 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO: 
Estado, governo e administração pública: conceitos, 
elementos, poderes e organização; natureza, fins e 
princípios; Direito Administrativo: conceito, fontes e 
princípios; administração direta e indireta; Agentes 
públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e 
prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; 
responsabilidade civil, criminal e administrativa; 
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder 
disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e 
abuso do poder; Ato administrativo: validade, eficácia; 
atributos; extinção, desfazimento e sanatório; 
classificação, espécies e exteriorização; vinculação e 
discricionariedade. 
 
 
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 
CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES E ORGANIZAÇÃO; 
NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS; DIREITO 
ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS 
 
 
INTRODUÇÃO 
O Direito Administrativo é um dos ramos do chamado 
direito público, ou seja, a área do direito que trata de 
relações estatais, compreendendo tanto o conjunto de 
normas jurídicas que regulam a relação entre o 
particular e o Estado, como o conjunto de normas 
jurídicas que regulam as atividades, as funções e 
organizações de poderes do Estado e dos seus 
servidores. 
 
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 
De forma simplificada, o Estado é uma criação humana 
destinada a manter a coexistência pacífica dos 
indivíduos, a ordem social, de forma que os seres 
humanos consigam se desenvolver, e proporcionar o 
bem estar a toda sociedade. 
É o Estado o responsável por dar força de imposição ao 
Direito, pois é ele que detém o papel exclusivo de 
aplicar as penalidades previstas pela Ordem Jurídica. 
Assim o Estado pode ser definido como o exercício de 
um poder político, administrativo e jurídico, exercido 
dentro de um determinado território, e imposto para 
aqueles indivíduos que ali habitam. 
Os elementos que caracterizam o Estado são: 
- População: entende-se pela reunião de indivíduos 
num determinado local, submetidos a um poder 
central. O Estado vai controlar essas pessoas, visando, 
através do Direito, o bem comum. A população pode 
ser classificada como nação, quando os indivíduos que 
habitam o mesmo território possuem como elementos 
comuns a cultura, língua, a religião e sentem que há, 
entre eles, uma identidade; ou como povo, quando há 
reunião de indivíduos num território e que apesar de se 
submeterem ao poder de um Estado, possuem 
nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes. 
- Território: espaço geográfico onde reside determinada 
população. É limite de atuação dos poderes do Estado. 
Vale dizer que não poderá haver dois Estados 
exercendo seu poder num único território, e os 
indivíduos que se encontram num determinado 
território estão obrigados a se submeterem. 
- Governo Soberano: é o exercício do poder do Estado, 
internamente e externamente. O Estado, dessa forma, 
deverá ter ampla liberdade para controlar seus 
recursos, decidir os rumos políticos, econômicos e 
sociais internamente e não depender de nenhum outro 
Estado ou órgão internacional. A essa 
autodeterminação do Estado dá-se o nome de 
soberania. 
O Estado assume em suas relações internacionais uma 
personalidade jurídica (capacidade de tornar-se titular 
de direitos e deveres) de direito público externo, dado o 
fato de reger-se pelas regras do direito público 
internacional. 
Já em se tratando das relações internas, ou seja, em 
relação à regência em suas relações de direito público 
interno, o Estado é representado, no caso do Brasil, 
pelos chamados entes da Federação – a União, os 
Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal 
(Pessoas jurídicas de direito público interno). 
Isto porque quando se fala das Formas de Estado, 
observa-se que ele pode assumir a forma de unitário 
(onde o poder político-administrativo é centralizado em 
um único ente) ou composto, como é o caso do Estado 
brasileiro (onde há a presença de diversos entes que 
exercem, dentro de limitações territoriais, sua 
NOÇÕES DE DIREITO 
ADMINISTRATIVO 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
4 
autonomia. Os Estados compostos podem ser 
classificados em: Uniões Reais, Uniões Pessoais, 
Federações e Confederações). 
A maneira pela qual o poder é exercido dentro de um 
Estado indica a Forma de Governo por ele adotada. 
Assim, temos como formas de governo: a República e a 
Monarquia. Na República, as principais características 
são a eletividade e a temporariedade dos governantes, 
além da Responsabilidade do Estado. Enquanto na 
Monarquia, os governantes são investidos por critérios 
de hereditariedade e permanecem vitaliciamente no 
exercício do poder, além de, em alguns casos, não 
poderem ser responsabilizados (monarquias 
absolutistas). 
Em resumo a organização e estrutura do Estado podem 
ser analisadas sob 03 aspectos: 
a) Forma de Governo - República ou Monarquia 
b) Sistema de Governo - Presidencialismo ou 
Parlamentarismo 
c) Forma de Estado - Unitário ou Federação. 
No BRASIL, o Estado é do tipo Federado ou Composto, 
pois temos diferentes poderes políticos convivendo no 
nosso território: um poder político central (União), um 
poder político regional (Estados-Membros) e um poder 
político local (Município), além do DF, que acumula as 
competências regionais e locais. 
Na CF/88, a forma federativa de Estado constitui 
cláusula pétrea, insuscetível de ser abolida pelo poder 
de reforma (art. 60, §4º, I). 
 
Organização dos Poderes do Estado 
Poder significa força para que se possa fazer ou 
executar certas coisas. Não há Estado sem poder. O 
poder deve mostrar-se presente na vida dos governados 
a fim de manter, principalmente, a ordem social, a 
segurança e a liberdade individual. 
O exercício do poder está concentrado em diversos 
órgãos estatais. “São poderes da União, independentes 
e harmônicos entre si, - determina o art. 2.º, da CF - o 
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Sendo 
independentes, evitam-se eventuais abusos, ficando 
cada um dentro da esfera de ação que lhe é traçada 
pela Lei Maior, impedindo, assim, que o poder venha 
ficar na mão de uma só pessoa, agindo, porém, 
harmonicamente no desempenho das finalidades que 
lhes são próprias. 
 
A) PODER LEGISLATIVO: 
a.1) Função típica: legislar e fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo; 
a.2) Função atípica de natureza executiva: ao disporsobre sua organização, provendo cargos, concedendo 
férias, licenças a servidores etc.; 
a.3) Função atípica de julgamento: o Senado julga o 
Presidente da República nos crimes de responsabilidade 
(art. 52, I) e julga seus próprios servidores no 
cometimento de atos de indisciplina. 
 
B) PODER EXECUTIVO: 
b.1) Função típica: prática de atos de chefia de Estado e 
chefia de Governo; 
b.2) Função atípica de natureza legislativa: o Presidente 
da República, por exemplo, adota medida provisória, 
com força de lei (art. 32); a administração se vale dos 
chamados atos normativos, secundários, mas capazes 
de impor regras gerais e abstratas; além da iniciativa de 
lei, que em alguns casos é do chefe do executivo. 
b.3) Função atípica de julgamento: o Executivo julga, 
apreciando defesas e recursos administrativos. 
 
C) PODER JUDICIÁRIO 
b.1) Função típica: julgar (função jurisdicional), dizendo 
o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que 
lhe são levados, quando da aplicação da lei; 
b.2) Função atípica de natureza legislativa: regimento 
interno de seus Tribunais e as iniciativas de lei; 
b.3) Função atípica de natureza executiva: administra 
ao conceder licenças e férias aos magistrados e 
serventuários, etc. 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Para uma definição mais exata da expressão 
“administração pública” devem-se considerar dois 
sentidos: objetivo/ material/ funcional e o sentido 
subjetivo/formal ou orgânico. 
No sentido objetivo, grafado com letra minúscula, a 
administração pública é a própria função administrativa 
do Estado, ou seja, a própria gestão dos interesses 
públicos, seja por sua organização interna ou por sua 
intervenção no campo privado. 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
5 
As quatro funções básicas que a Administração Pública 
desenvolve são: 
1. O Fomento - incentivo ao desenvolvimento da 
iniciativa privada. São muitos os instrumentos de 
fomento, como a concessão de crédito, o 
direcionamento para setores de infra-estrutura e 
demais setores de interesse coletivo. 
2. Os serviços públicos – atividades materiais internas 
às repartições, visando a satisfação das necessidades do 
próprio funcionamento do Estado e os externos- 
atividades materiais que visam a satisfação da 
coletividade, como água, energia elétrica, transporte, 
etc. 
3. A Polícia – atividades preventivas e repressivas, 
normativas e concretas, que limitam as ações do 
particular em benefício da coletividade. 
4. Intervenção - A exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado quando necessária aos 
imperativos da segurança nacional ou a relevante 
interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
 
No sentido subjetivo/formal/orgânico o termo refere-se 
ao conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que 
têm a incumbência de executar as atividades 
administrativas, ou seja, os sujeitos da função 
administrativa, quem a exerce de fato. Nesse sentido 
pode ser divida em direta e indireta. 
O Fim da Administração Pública é a satisfação do 
interesse púbico e do bem comum, isto é, de todos, 
incluídos brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros 
situados no País. 
Nesse contexto, o Direito Administrativo apresenta-se 
como “o conjunto harmônico de princípios jurídicos que 
regem a atividade administrativa, as entidades, os 
órgãos e os agentes públicos tendentes a realizar 
concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo 
Estado” (Nadal e Santos). 
É importante dizer que embora a Administração Pública 
seja a função típica do Poder Executivo, não é 
exclusivamente nele que ela repousa. Isto porque, 
nossa Constituição Federal adotou uma organização 
menos rígida entre os poderes, de forma que em suas 
atividades, eles acabam por desempenhar, de forma 
atípica, atividades semelhantes as atividades típicas uns 
dos outros. Nesse ínterim, os outros poderes do Estado 
e as funções de apoio (Ministério Público e Tribunal de 
Contas) também administram suas próprias casas, 
tomam decisões referentes a servidores, realizam 
concursos públicos, licitam, dentre várias outras 
atividades cotidianas tipicamente administrativas (um 
despacho administrativo de um magistrado deferindo 
pedido de férias de um servidor é exemplo disto). 
Por essa razão é lógico concluir que o Direito 
Administrativo também rege as atividades 
administrativas atipicamente executadas em outras 
estruturas estatais. Onde há Estado há Administração 
Pública e onde há Administração Pública há Direito 
Administrativo. 
 
Fontes do Direito Administrativo: 
Fontes organizadas: O ordenamento jurídico (leis, 
normas, etc.), a jurisprudência (decisões reiteradas do 
Poder Judiciário) e a doutrina (estudo dos 
administrativistas) 
Fontes inorganizadas: costumes (desde que não sejam 
contrários a à lei e à moral e tenham acolhida na lei) e a 
praxe administrativa (independente do amparo da lei, 
porém obedientes às normas gerais e decorrente de 
atitudes reiteradas dentro da administração pública). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
6 
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA 
 
 
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA 
Concernentemente ao aspecto organizacional, o Estado 
adota duas formas básicas no desempenho de suas 
atribuições administrativas: a centralização e 
descentralização. 
Ocorre a chamada centralização administrativa quando 
o Estado executa suas tarefas por meio dos órgãos e 
agentes integrantes da Administração Direta. Nesse 
caso, os serviços são prestados pelos órgãos do Estado, 
despersonalizados, integrantes de uma mesma pessoa 
política (União, DF, estados ou municípios), sem outra 
pessoa jurídica interposta. Portanto, quando falamos 
que determinada função é exercida pela Administração 
Centralizada Federal, sabemos que é a pessoa jurídica 
União quem a exerce, por meio de seus órgãos; quando 
se diz que um serviço é prestado pela Administração 
Centralizada do Distrito Federal, significa que é a pessoa 
jurídica Distrito Federal quem presta o serviço, por meio 
de seus órgãos, e assim por diante. 
Em resumo, a centralização administrativa, ou o 
desempenho centralizado de funções administrativas, 
consubstancia-se na execução de atribuições pela 
pessoa política que representa a Administração Pública 
competente - União, estado-membro, municípios ou DF 
– dita, por isso, Administração Centralizada. Não há 
participação de outras pessoas jurídicas na prestação do 
serviço centralizado. 
Ocorre a chamada descentralização administrativa 
quando o Estado (União, DF, estados ou municípios) 
desempenha algumas de suas funções por meio de 
outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupõe 
duas pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade 
que executará o serviço, por ter recebido do Estado 
essa atribuição. A descentralização administrativa 
acarreta a especialização na prestação do serviço 
descentralizado, o que é desejável em termos de 
técnica administrativa. Por esse motivo, já em 1967, ao 
disciplinar a denominada “Reforma Administrativa 
Federal”, o Decreto-Lei nº 200, em seu art. 6º, inciso III, 
elegeu a “descentralização administrativa” como um 
dos princípios fundamentais da Administração Federal. 
A doutrina aponta duas formas mediante as quais o 
Estado pode efetivar a chamada descentralização 
administrativa: outorga (também chamada de 
descentralização por serviços) e delegação (também 
chamada de descentralização por colaboração). 
A descentralização será efetivada por meio de outorga 
quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, 
mediante previsão em lei, determinado serviço público. 
A outorga normalmente é conferida por prazo 
indeterminado. É o que ocorre relativamente às 
entidades da Administração Indireta prestadoras de 
serviços públicos: o Estado descentraliza a prestação 
dos serviços, outorgando-os a outras entidades 
(autarquias, empresas públicas, sociedadesde 
economia mista e fundações públicas), que são criadas 
para o fim de prestá-los. 
A descentralização será efetivada por meio de 
delegação quando o Estado transfere, por contrato ou 
ato unilateral, unicamente a execução do serviço, para 
que o ente delegado o preste ao público em seu próprio 
nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do 
Estado, contudo. A delegação é normalmente efetivada 
por prazo determinado. Há delegação, por exemplo, 
nos contratos de concessão ou nos de permissão, em 
que o Estado transfere aos concessionários e aos 
permissionários apenas a execução temporária de 
determinado serviço. 
Em resumo, a descentralização administrativa 
pressupõe a existência de duas pessoas jurídicas: a 
titular originária da função e a pessoa jurídica que é 
incumbida de exercê-la. Se essa incumbência 
consubstanciar-se numa outorga, será criada por lei, ou 
em decorrência de autorização legal, uma pessoa 
jurídica que receberá a titularidade do serviço 
outorgado. É o que ocorre na criação de entidades 
(pessoas jurídicas) da Administração Indireta 
prestadoras de serviços públicos. Se a atribuição do 
serviço for feita mediante delegação, a pessoa jurídica 
delegada receberá, por contrato ou ato unilateral, a 
incumbência de prestar o serviço em seu próprio nome, 
por prazo determinado, sob fiscalização do Estado. 
Note-se, também, que é possível a delegação a pessoa 
física, sob a hipótese dos instrumentos de permissão e 
autorização. 
Também vale ressaltar duas outras técnicas 
administrativas presentes na Administração Pública: a 
concentração e a desconcentração. 
A desconcentração é simples técnica administrativa, e é 
utilizada, tanto na Administração Direta, quando na 
Indireta. 
Ocorre a chamada desconcentração quando a entidade 
da Administração, encarregada de executar um ou mais 
serviços, distribui competências, no âmbito de sua 
própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a 
prestação dos serviços. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
7 
A desconcentração pressupõe, obrigatoriamente, a 
existência de uma só pessoa jurídica. Em outras 
palavras, a desconcentração sempre se opera no âmbito 
interno de uma mesma pessoa jurídica, constituindo 
uma simples distribuição interna de competências dessa 
pessoa. 
Ocorre desconcentração, por exemplo, no âmbito da 
Administração Direta Federal, quando a União distribui 
as atribuições decorrentes de suas competências entre 
diversos órgãos de sua própria estrutura, como os 
ministérios (Ministério da Educação, Ministério dos 
Transportes etc.); ou quando uma autarquia, por 
exemplo, uma universidade pública, estabelece uma 
divisão interna de funções, criando, na sua própria 
estrutura, diversos departamentos (Departamento de 
Graduação, Departamento de Pós-Graduação, 
Departamento de Direito, Departamento de Filosofia, 
Departamento de Economia etc.). 
Como se vê, a desconcentração, mera técnica 
administrativa de distribuição interna de funções, 
ocorre, tanto na prestação de serviços pela 
Administração Direta, quanto pela Indireta. É muito 
mais comum falar-se em desconcentração na 
Administração Direta pelo simples fato de as pessoas 
que constituem as Administrações Diretas (União, 
estados, Distrito Federal e municípios) possuírem um 
conjunto de competências mais amplo e uma estrutura 
sobremaneira mais complexa do que os de qualquer 
entidade das Administrações Indiretas. De qualquer 
forma, temos desconcentração tanto em um município 
que se divide internamente em órgãos, cada qual com 
atribuições definidas, como em uma sociedade de 
economia mista de um estado, um banco estadual, por 
exemplo, que organiza sua estrutura interna em 
superintendências, departamentos ou seções, com 
atribuições próprias e distintas, a fim de melhor 
desempenhar suas funções institucionais. 
 
Existem 3 tipos de DESCONCENTRAÇÃO: 
1) por MATÉRIA / ÁREA: Ex.: ministérios federais e 
secretarias 
2) por TERRITÓRIO: Ex.: subprefeituras e delegacias da 
Receita Federal 
3) por GRAU / HIERARQUIA: Ministério da Fazenda e 
Secretaria da Fazenda 
 
A prestação concentrada de um serviço ocorreria em 
uma pessoa jurídica que não apresentasse divisões em 
sua estrutura interna. É conceito praticamente teórico. 
Combinando as duas classificações podemos ter: 
1) centralização com concentração 
2) centralização com desconcentração 
3) descentralização com concentração 
4) descentralização com desconcentração 
 
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA 
Administração Direta é o conjunto de órgãos que 
integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída 
a competência para o exercício, de forma centralizada, 
das atividades administrativas do Estado. Em outras 
palavras, significa que “ A Administração Pública é, ao 
mesmo tempo, a titular e executora do serviço público”. 
( José Maria Pinheiro Madeira). 
Isso significa dizer que a Administração Direta do 
Estado abrange todos os órgãos dos Poderes das 
pessoas federativas cuja competência seja a de exercer 
a atividade administrativa, e isso porque os Poderes 
estão imbuídos da necessidade de atuarem 
centralizadamente por meio de seus órgãos e agentes. 
A administração pública direta é, portanto, composta 
de entidades estatais – União, Estados, Municípios e 
Distrito Federal – que atuam por intermédio dos órgãos 
públicos (ministérios, secretarias, etc.). Esses órgãos 
não possuem personalidade jurídica própria, estão 
ligadas à personalidade jurídica da entidade a que 
pertencem e sua atuação deve realizar a vontade da 
pessoa jurídica à qual estão subordinados, funcionando 
como verdadeiros centros de competências. Este 
entendimento formula a chamada teoria do órgão 
público, sob a qual encontramos o princípio da 
imputação volitiva, entendimento a partir do qual a 
vontade do órgão é imputada à pessoa jurídica a cuja 
estrutura pertence. 
Pode-se conceituar o órgão público, portanto, como o 
compartimento na estrutura estatal a que são 
cometidas funções determinadas, sendo integrado por 
agentes, que, quando as executam, manifestam a 
própria vontade do Estado. 
Os órgãos públicos não são livremente criados e 
extintos só pela vontade da Administração. Tanto a 
criação, quanto a extinção de órgãos públicos 
dependem de lei, de iniciativa privativa do Presidente 
da República (e por simetria, dos demais Chefes do 
Executivo). Em se tratando da estruturação e das 
atribuições, estas podem ser processadas por decreto 
do Chefe do Executivo, como consta, aliás, no art. 84, 
VI, “a” da Constituição Federal. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
8 
Como são círculos internos de poder, 
despersonalizados, os órgãos públicos não possuem 
capacidade processual. A capacidade para estar em 
juízo, seja como autor ou como réu, pertence à pessoa 
física ou jurídica. De um tempo pra cá, todavia, tem 
evoluído a idéia de conferir capacidade a órgãos 
públicos para certos tipos de litígio. Um desses casos é a 
possibilidade de impetração de mandado de segurança 
por órgãos públicos de natureza constitucional, quando 
da defesa de suas competências. O outro caso é trazido 
pelo Código de Defesa do Consumidor, que dispõe que 
são legitimados para promover a liquidação e execução 
de indenização as autoridades e órgãos da 
administração pública, direta e indireta, ainda que sem 
personalidade jurídica (Art. 82, III do CDC). 
São, portanto, as principais características dos órgãos 
públicos: 
a) integram a estrutura de uma pessoa política (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios), no caso dos 
órgãos da administração direta. Podem também 
integrar a estrutura de uma pessoa jurídica 
administrativa (autarquias, fundações públicas, 
Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas), 
quando forem da Administração Indireta (tópico a ser 
detalhado a seguir); 
b) não possuem personalidade jurídica; 
c) são resultados de desconcentração; 
d) alguns possuem autonomiagerencial, orçamentária e 
financeira; 
e) podem firmar, por meio de seus administradores, 
contratos de gestão com outros órgãos ou com pessoas 
jurídicas (CF, Art. 37, §8º); 
f) não têm capacidade para representar em juízo a 
pessoa jurídica que integram (salvo as exceções já 
mencionadas); 
g) não possuem patrimônio próprio; 
h) sua criação e extinção se dá por lei. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS 
 
1. Quanto a esfera de ação: 
Centrais – que exercem atribuições em todo o território 
nacional, estadual ou municipal, como os Ministérios, as 
Secretarias de Estado e as de Município) e; 
Locais – que atuam sobre uma parte do território, como 
as Delegacias Regionais da Receita federal, as 
Delegacias de Polícia, os Postos de Saúde, etc. 
2. Quanto a posição estatal 
Independentes – são os originários da Constituição e 
representativos dos três Poderes do Estado, sem 
qualquer subordinação hierárquica ou funcional, e 
sujeitos apenas aos controles constitucionais de um 
sobre o outro; suas atribuições são exercidas por 
agentes políticos. Entram nessa categoria as Casas 
Legislativas, a Chefia do Executiva e os Tribunais. 
Autônomos – são órgãos que se localizam na cúpula da 
Administração, subordinados diretamente à chefia dos 
órgãos independentes; gozam de autonomia 
administrativa, financeira e técnica e participam das 
decisões governamentais. Entram nessa categoria os 
Ministérios, as Secretarias de Estado e dos Municípios, 
o Serviço Nacional de Informações e o Ministério 
Público. 
Superiores – são órgãos de direção, controle e 
comando, mas sujeitos à subordinação e ao controle 
hierárquico de uma chefia; não gozam de autonomia 
administrativa nem financeira. Incluem-se nessa 
categoria órgãos com variadas denominações como 
Departamentos, Coordenadorias, Divisões, Gabinetes. 
Subalternos – são os que se acham subordinados 
hierarquicamente a órgãos superiores de decisão, 
exercendo principalmente funções de execução, como 
as realizadas por seções de expediente, de pessoal, de 
material, de portaria, zeladoria, etc. 
 
3. Quanto à estrutura: 
Simples ou unitários – constituídos por um único centro 
de atribuições, sem subdivisões internas, como ocorre 
com as seções integradas em órgãos maiores. 
Compostos – constituídos por vários outros órgãos, 
como acontece com os Ministérios, as Secretarias, que 
compreendem vários outros até chegar aos órgãos 
unitários, em que não existam mais divisões. 
 
4. Quanto à composição 
Singulares – quando integrados por um único agente. 
Ex: A Presidência da República e a Diretoria de uma 
escola. 
Coletivos – quando integrados por vários agentes. Ex: 
Tribunal Administrativo de Impostos e Taxas. 
 
 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
9 
5. Quando às funções 
Ativos – desempenham uma função administrativa ativa 
Consultivos – desempenham atividades consultivas 
(elaboração de pareceres, por exemplo) 
De controle – desempenham funções de controle sobre 
outros órgãos. Ex: Controladoria Geral da União 
 
Em se tratando da Administração Direta da União, no 
tocante ao poder executivo, pode-se apontar nos 
termos no Decreto-Lei n.º 200/67 (diploma que dividiu a 
administração federal em Direta e Indireta) e nos 
termos da regulamentação da lei 10.683/03 e suas 
alterações posteriores, que esta se ocupa, 
notadamente, da organização da Presidência e dos 
Ministérios. De acordo com este dispositivo legal, a 
Presidência é composta pela Casa Civil, pela Secretaria-
Geral, pela Secretaria das Relações Institucionais, pela 
Secretaria de Comunicação Social, pelo Gabinete 
Pessoal, pelo Gabinete de Segurança Institucional e pelo 
Núcleo de Assuntos Estratégicos. 
Os Poderes Legislativo e Judiciário têm sua estrutura 
orgânica definida em seus respectivos atos de 
organização administrativa. O Legislativo tem o poder 
constitucional de dispor sobre sua organização e 
funcionamento, bem como o de elaborar seu regimento 
interno. O Judiciário, da mesma forma, tem capacidade 
auto-organizatória em relação a cada um de seus 
Tribunais. Seus atos de organização se encontram nas 
leis estaduais de divisão e organização judiciárias e em 
seus regimentos internos. 
Na esfera estadual temos organização semelhante à 
federal, guardando com esta certo grau de simetria. 
Assim, teremos a Governadoria do Estado, os órgãos de 
assessoria do Governador e as Secretarias Estaduais, 
com vários órgãos que as compõe, correspondentes aos 
Ministérios na esfera federal. O mesmo se passa com o 
Legislativo e Judiciário estaduais. 
Por fim, a Administração Direta na esfera municipal é 
composta da Prefeitura, de eventuais órgãos de 
assessoria ao Prefeito e de Secretarias Municipais, com 
seus órgãos internos. O Município não tem Judiciário 
próprio, mas tem Legislativo (Câmara Municipal), que 
também poder dispor sobre sua organização, a exemplo 
do que ocorre nas outras esferas. 
O Distrito Federal é assemelhado aos Estados, mas tem 
as competências legislativas reservadas a Estados e 
Municípios. Desse modo sua administração direta 
compõe-se de Governadoria, órgãos de assessoria 
direita e de Secretarias Distritais. 
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA 
A administração pública indireta, composta pela técnica 
da descentralização administrativa por outorga, é 
composta de entidades autárquicas, fundacionais, 
sociedades de economia mista e empresas públicas. 
Sempre que se faz referência à Administração Indireta 
do Estado, a ideia de vinculação das entidades traz a 
tona, como órgão controlador, o Poder Executivo. 
Entretanto, o art. 37 da CF alude à administração direta, 
indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Assim 
dizendo, poder-se-ia admitir a existência de entidades 
da administração indireta vinculadas também às 
estruturas dos Poderes Legislativo e Judiciário, embora 
o fato não seja comum, por ser o Executivo o Poder 
incumbido basicamente da administração do Estado. 
 
AUTARQUIAS 
Autarquias são entes administrativos autônomos, 
criados por lei específica, com personalidade jurídica de 
direito público interno, para a consecução de atividades 
típicas do poder público, que requeiram, para uma 
melhor execução, gestão financeira e administrativa 
descentralizada. 
 
Características 
As autarquias possuem as seguintes características: 
o Personalidade jurídica de direito público; 
o Autonomia administrativa e financeira; 
o Criação por lei específica. 
o Capacidade específica 
 
Personalidade Jurídica de Direito Público 
Tendo personalidade jurídica, as autarquias são sujeitos 
de direito, ou seja, são de titulares de direitos e 
obrigações próprios, distintos dos pertencentes ao ente 
político (União, Estado, Município ou Distrito Federal) 
que as institui. 
Submetem-se a regime jurídico de direito público 
quanto à criação, extinção, poderes, prerrogativas, 
privilégios e sujeições, ou melhor, apresentam as 
características das pessoas públicas, como por exemplo 
as prerrogativas tributárias, o regime jurídico dos bens 
e as normas aplicadas aos servidores. Por tais razões, 
são classificadas como pessoas jurídicas de direito 
público. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
10 
Em suma: 
a) Possuem privilégios processuais: duplo grau de 
jurisdição; prazos dilatados; isenção de custas (mas 
pagamento de despesas judiciais feitas pela parte 
vencedora); dispensa de apresentação de procuração, 
pelos procuradores de seu quadro de pessoal, para a 
prática de atos processuais; dispensa de depósito prévio 
para interposição de recurso e não sujeição ao concurso 
de credores ou habilitação em falência, liquidação, 
recuperação judicial, inventário e arrolamento (há 
somente concurso de preferências entre as pessoas de 
direito público – U, E, DF e M). 
b) Patrimônio constituído de bens públicos. 
c) Imunidade tributária – não são sujeitas à impostos 
sobreo seu patrimônio, rendas e serviços, desde que 
vinculados a suas finalidades essenciais. 
d) Responsabilidade civil objetiva. 
e) Foro privilegiado para as autarquias federais- Justiça 
Federal. 
f) Orçamento integrante do orçamento fiscal da lei 
orçamentária anual. 
g) Regime de pessoal estatutário, enquanto vigorar a 
liminar proferida pelo STF na ADIN 2135/DF em 02 de 
agosto de 2007. 
h) Sujeição à obrigatoriedade de licitação. 
i) Obrigatoriedade de preencher seus quadros efetivos 
pela via do concurso público. 
j) Seus dirigentes são nomeados e exonerados 
livremente pelo chefe do executivo. Algumas vezes a 
nomeação exige prévia aprovação do Poder Legislativo, 
não ocorre no caso da exoneração. Aqui ressalte-se que 
dirigentes de agências reguladoras não são livremente 
exonerados, salvo por cometimento de faltas graves, 
mediante processo que assegure ampla defesa. 
k) Sujeição à prescrição quinquenal da fazenda pública. 
 
Capacidade Específica 
Outra característica destas entidades é capacidade 
específica, significando que as autarquias só podem 
desempenhar as atividades para as quais foram 
instituídas, ficando, por conseguinte, impedidas de 
exercer quaisquer outras atividades. 
Dentro dessas atividades típicas do Estado, a que estão 
preordenadas, as autarquias podem ter diferentes 
objetivos, classificando-se em: 
a) Autarquias assistenciais: aquelas que visam 
dispensar auxílio a regiões menos desenvolvidas ou a 
categorias sociais específicas, para o fim de minorar as 
desigualdades. Ex: a SUDENE, a SUDAM e o INCRA – 
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. 
b) Autarquias previdenciárias: voltadas para a atividade 
de previdência social oficial. Ex: O INSS. 
c) Autarquias culturais: dirigidas à educação e ao 
ensino. Ex: UFRJ, UFPA. 
d) Autarquias profissionais (ou corporativas): 
incumbidas da inscrição de certos profissionais e de 
fiscalizar sua atividade. Ex: CREA, CRM, etc. 
e) Autarquias administrativas: que formam a categoria 
residual, ou seja, daquelas entidades que se destinam 
às várias atividades administrativas, inclusive 
fiscalização, quando essa atribuição for da pessoa 
federativa a que estejam vinculadas. Ex: INMETRO, 
BACEN, IBAMA. 
f) Autarquias de controle: encontram-se aqui as 
agências reguladoras. 
 
Autonomia Administrativa Financeira 
As autarquias desempenham atividades tipicamente 
públicas. O ente político "abre mão" do desempenho de 
determinado serviço, criando entidades com 
personalidade jurídica (autarquias) apenas com o 
objetivo de realizar tal serviço. 
Por força de tal característica, as autarquias são 
denominadas de serviços públicos descentralizados, 
serviços públicos personalizados ou serviços estatais 
descentralizados, contando com autonomia 
administrativa e financeira (dotação orçamentária 
própria). 
 
Autarquias em regime especial 
Autarquia de regime especial é toda aquela em que a lei 
instituidora conferir privilégios específicos e aumentar 
sua autonomia comparativamente com as autarquias 
comuns, sem infringir os preceitos constitucionais 
pertinentes a essas entidades de personalidade pública. 
O que posiciona a autarquia de regime especial são as 
regalias que a lei criadora lhe confere para o pleno 
desempenho de suas finalidades específicas. São 
exemplos dessas autarquias o BACEN e as Agências 
Reguladoras. 
 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
11 
Agências Reguladoras 
Sua função é regular a prestação de serviços públicos e 
organizar e fiscalizar esses serviços a serem prestados 
por concessionárias ou permissionárias, com o objetivo 
garantir o direito do usuário ao serviço público de 
qualidade. Além dos serviços públicos, algumas agências 
regulamentam outros setores de interesse público, 
como a ANP (Agência Nacional do Petróleo), por 
exemplo. 
Há diferenças em relação à tradicional autarquia, razão 
pela qual são consideradas autarquias em regime 
especial. Pode-se dizer que possuem uma maior 
autonomia financeira e administrativa, dado o fato de 
seus dirigentes possuírem mandatos fixos por tempo 
determinado e, consequentemente não atingidos por 
livre exoneração de seus cargos, além disso, após o 
desligamento do cargo, ficam impedidos de atuar na 
área que regulavam por um período de quatro meses, a 
chamada quarentena; possuem ainda impossibilidade 
de submissão aos chamados recursos hierárquicos 
impróprios, o que lhes permite ter mais independência 
decisória; além disso, cobram a chamada taxa de 
fiscalização, permitindo maior autonomia financeira. 
Essas entidades têm as seguintes finalidades básicas: a) 
fiscalizar serviços públicos (ANEEL, ANTT, ANAC, 
ANTAC); b) fomentar e fiscalizar determinadas 
atividades privadas (ANCINE); c) regulamentar, 
controlar e fiscalizar atividades econômicas (ANP); d) 
exercer atividades típicas de estado (ANVS, ANVISA e 
ANS). 
 
Atualmente são essas as agências em exercício: 
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) 
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) 
promove o desenvolvimento das telecomunicações no 
país. Criada em 1997, a agência tem independência 
administrativa e financeira e não está subordinada a 
nenhum órgão de governo. A Anatel tem poderes de 
outorga, regulamentação e fiscalização e deve adotar 
medidas necessárias para atender ao interesse do 
cidadão. 
Agência Nacional de Petróleo (ANP) 
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e 
Biocombustíveis (ANP) foi criada em 1998 para regular 
as atividades da indústria de petróleo e gás natural e 
dos biocombustíveis. Autarquia federal, vinculada ao 
Ministério de Minas e Energia (MME), a ANP estabelece 
regras, contrata profissionais e fiscaliza as atividades 
das indústrias reguladas. 
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) 
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 
autarquia criada em 1996, regula e fiscaliza a geração, a 
transmissão, a distribuição e a comercialização da 
energia elétrica. Vinculada ao Ministério de Minas e 
Energia (MME), também atende a reclamações de 
agentes e consumidores e media os conflitos de 
interesses entre os agentes do setor elétrico e entre 
estes e os consumidores. 
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) 
Criada em 2000, a Agência Nacional de Saúde 
Suplementar (ANS) é vinculada ao Ministério da Saúde. 
A ANS promove a defesa do interesse público na 
assistência suplementar à saúde, regula as operadoras 
setoriais, inclusive quanto às suas relações com 
prestadores e consumidores, e contribui para o 
desenvolvimento das ações de saúde no país. 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi 
criada em 1999, tem independência administrativa e 
autonomia financeira e é vinculada ao Ministério da 
Saúde. A agência protege a saúde da população ao 
realizar o controle sanitário da produção e da 
comercialização de produtos e serviços que devem 
passar por vigilância sanitária, fiscalizando, inclusive, os 
ambientes, os processos, os insumos e as tecnologias 
relacionados a esses produtos e serviços. A Anvisa 
também controla portos, aeroportos e fronteiras e trata 
de assuntos internacionais a respeito da vigilância 
sanitária. 
Agência Nacional de Águas (ANA) 
Criada no ano 2000, a Agência Nacional de Águas (ANA) 
é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), 
mas tem autonomia administrativa e financeira. A 
agência implementa e coordena a gestão dos recursos 
hídricos no país e regula o acesso à água, sendo 
responsável por promover o uso sustentável desse 
recurso natural, a fim de beneficiar não só a geração 
atual, mas também as futuras. 
Agência Nacional do Cinema (Ancine) 
A Agência Nacional do Cinema (Ancine) é uma autarquia 
especial e, por isso, tem independência administrativa e 
financeira. Criada em 2001 e vinculada ao Ministério da 
Cultura (MinC), a agência tem como objetivo principal o 
fomento à produção, à distribuição e à exibição de 
obras cinematográficase videofonográficas. Além disso, 
a Ancine regula e fiscaliza as indústrias que atuam 
nessas áreas. 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
12 
Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) 
Criada em 2001, a Agência Nacional de Transportes 
Aquaviários (Antaq) é vinculada ao Ministério dos 
Transportes e tem autonomia financeira e 
administrativa. A agência implementa, em sua área de 
atuação, as políticas formuladas pelo ministério e pelo 
Conselho Nacional de Integração de Políticas de 
Transporte (Conit). Além disso, regula, supervisiona e 
fiscaliza os serviços prestados no segmento de 
transportes aquaviários e a exploração da infraestrutura 
portuária e aquaviária exercida por terceiros. 
Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) 
A Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) 
foi criada em 2001, é vinculada ao Ministério dos 
Transportes e tem independência administrativa e 
financeira. A agência é responsável pela concessão de 
ferrovias, rodovias e transporte ferroviário relacionado 
à exploração da infraestrutura; e pela permissão de 
transporte coletivo regular de passageiros por rodovias 
e ferrovias. Além disso, a ANTT é o órgão que autoriza o 
transporte de passageiros realizado por empresas de 
turismo sob o regime de fretamento, o transporte 
internacional de cargas, a exploração de terminais e o 
transporte multimodal (transporte integrado que usa 
diversos meios). 
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) 
Criada em 2005 para substituir o Departamento 
Nacional de Aviação Civil, a Agência Nacional de Aviação 
Civil (Anac) tem a função de regular e fiscalizar as 
atividades do setor. É responsabilidade da autarquia, 
vinculada à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da 
República, garantir segurança no transporte aéreo, a 
qualidade dos serviços e respeito aos direitos do 
consumidor. 
 
Agências executivas – são pessoas jurídicas de direito 
público que podem celebrar contrato de gestão com 
objetivo de reduzir custos, otimizar e aperfeiçoar a 
prestação de serviços públicos. Seu objetivo principal é 
a execução de atividades administrativas. Nelas há uma 
autonomia financeira e administrativa ainda maior. São 
requisitos para transformar uma autarquia ou fundação 
em uma agência Executiva: a) tenham planos 
estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento 
institucional em andamento; b) tenham celebrado 
contrato de gestão com o ministério supervisor. José 
dos Santos Carvalho Filho cita como agências executivas 
o INMETRO e a ABIN. 
 
EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA 
Embora as atividades empresariais não sejam o foco das 
atividades Estatais, por vezes, o Estado se vê obrigado 
pelas circunstâncias a criar entidades regidas pelas 
mesmas normas do setor privado. Surgem neste 
contexto, as Sociedades de Economia mista e as 
empresas Públicas, ambas pessoas jurídicas de direito 
privado, instituídas com a finalidade de exercer o papel 
do Estado-empresário, sempre justificado pelo 
interesse público. 
Ressalte-se que ambas as espécies de empresas estatais 
são criadas ou para explorar atividades econômicas, ou 
para prestar serviços públicos como distribuição de 
água, energia elétrica, etc. 
Note-se que a exploração da atividade econômica só se 
justifica pelo disposto no art. 173 da Constituição da 
República (quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo). 
 
Características em comum: 
o personalidade jurídica de direito privado; 
o realização de atividades econômicas, incluindo 
prestação de serviços públicos; 
o derrogações (alterações parciais) do regime de 
direito privado por normas de direito público; 
o a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas 
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações 
civis, comerciais, trabalhistas e tributários; 
o não poderão gozar de privilégios fiscais não 
extensivos ao setor privado. 
 
 
Derrogações do Regime de Direito Privado Por Normas 
de Direito Público 
Apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, 
não se aplica o Direito Privado integralmente às 
Empresas Estatais, pois são entidades da Administração 
Pública sujeitas a um regime híbrido, ou seja, em 
maioria privado, mas com uma adição de normas do 
direito público, tais como: 
a) Possibilidade de sujeição passiva à Ação Popular e 
mandado de segurança. 
b) Submissão aos princípios da Administração Pública. 
c) Controle estatal – abrangendo o interno (pelo Poder 
Executivo, através da tutela) e o externo (pelo Poder 
Legislativo, com o auxilio dos Tribunais de Contas). O 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
13 
controle exercido pelas Cortes de Contas compreende o 
julgamento das contas dos administradores e demais 
responsáveis por dinheiros, bens e valores; a 
apreciação, para fins de registro da legalidade dos atos 
de admissão de pessoal, excetuadas as nomeações em 
comissão, aposentadoria e pensões; além da realização 
de inspeções e auditorias de natureza contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. 
d) Finanças Públicas – sujeição aos limites globais e 
condições para operações de crédito externo e interno, 
estabelecidos pelo Senado; obediência à lei 
complementar que disponha sobre dívida externa e 
interna; inclusão na lei orçamentária anual, do 
orçamento fiscal, de seguridade social e de 
investimentos. e) Servidores Públicos – exigência de 
concurso público para ingresso; proibição de 
acumulação de cargos, empregos e funções; restrição à 
existência de prévia dotação orçamentária quanto a 
concessão de qualquer vantagem ou aumento de 
remuneração, criação de empregos, alteração de 
estrutura de carreiras e contratação de pessoal; seus 
empregados são equiparados aos funcionários públicos 
para fins penais; são considerados agentes públicos 
para fins de incidência das sanções na hipótese de 
improbidade administrativa. 
f) Autorização legislativa para criação de subsidiárias ou 
participação em empresas privadas. 
g) Vedação a Deputados e Senadores, sob pena de 
perda de mandato, de, a partir da diplomação firmarem 
ou manterem contrato com essas entidades, aceitar ou 
exercer cargo, função ou emprego remunerado, 
inclusive demissíveis ad nutum; e, a partir da posse a 
proibição de ocupar cargo ou função de que sejam 
demissíveis ad nutum e de patrocinar causa em que 
seja interessada qualquer das referidas entidades. 
h) Legitimidade ativa para proposição de Ação civil 
pública, na defesa do patrimônio público e social, do 
meio ambiente e de outros interesses difusos e 
coletivos. 
i) Em caso de estado de sítio, as empresas prestadoras 
de serviços públicos ficam sujeitas à intervenção. 
j) Obrigatoriedade de licitação em atividades meio. 
l) Responsabilidade objetiva das que forem prestadoras 
de serviços públicos, bem como a responsabilidade 
subsidiária do Estado. 
m) Não sujeição à falência. 
n) Estabelecimento do estatuto jurídico por lei, nos 
casos em que forem exploradoras de atividades 
econômicas (incluindo: sua função social, a fiscalização 
a ser exercida pelo Estado e pela sociedade, a sujeição 
ao regime privado quanto aos direitos e obrigações 
civis, comerciais, trabalhistas e tributários, a 
constituição e o funcionamento dos conselhos de 
administração e fiscal, os mandatos, avaliação de 
desempenho e responsabilidade dos administradores e 
regras próprias quanto a licitações e contratos 
administrativos. 
o) Criação por Autorização Legislativa Específica - De 
acordo com a nova redação dada pela emenda 
constitucional nº 19 ao art. 37, XIX, da Constituição da 
República, a criação das empresas públicas necessita de 
autorização legislativa específica. Desse modo, no 
aspecto da criação da pessoa deve o Estado 
providenciar a prática do ato que contenha o estatuto, 
ou dos próprios atos constitutivos da entidade, para 
que sejam inscritos no registro próprio. A extinçãotambém reclama lei autorizadora. 
p) Imunidade tributária para empresas estatais 
prestadoras de serviços públicos em regime de 
monopólio. (RECURSO EXTRAORDINÁRIO 744.699 
MINAS GERAIS) 
q) A dispensa do empregado de empresas públicas e 
sociedades de economia mista que prestam serviços 
públicos deve ser motivada (STF - RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO 589.998 PIAUÍ). 
 
DIFERENÇAS ENTRE AS SOCIEDADES DE ECONOMIA 
MISTA E AS EMPRESAS PÚBLICAS 
Aspectos Empresa Pública 
Sociedade de 
Economia 
Mista 
Capital 
Capital 
exclusivamente 
público 
Parte do capital 
pertencente ao 
Poder Público e 
outra parte ao 
setor privado, 
tendo, sempre, 
o controle 
público. 
Forma 
Qualquer forma 
admitida em 
Direito. 
(admitindo-se 
empresas 
pluripessoais ou 
unipessoais) 
Somente a 
forma de 
Sociedade 
Anônima. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
14 
Competência 
De acordo com o 
art. 109 da CF, as 
causas de 
interesse das 
empresas públicas 
federais serão 
julgadas na Justiça 
Federal, com 
exceção das causas 
trabalhistas. 
As causas de 
interesse das 
sociedades de 
economia 
mista federais 
serão julgadas 
na Justiça 
Estadual, com 
exceção das 
causas 
trabalhistas. 
 
FUNDAÇÕES PÚBLICAS 
As fundações públicas se caracterizam pela 
circunstância de ser atribuída personalidade jurídica a 
um patrimônio preordenado a certo fim social. É 
inerente às fundações sua finalidade social, ou seja, a 
perseguição a objetivos que, de alguma forma, 
produzam benefícios aos membros da coletividade. 
Oriundas do direito privado, a figura das fundações 
públicas assemelham-se às fundações de privadas, a 
medida em que têm como características principais: a 
figura do instituidor (nesse caso o Estado), o fim social 
da entidade e a ausência de fins lucrativos. 
Tem se travado uma grande discussão acerca da 
natureza jurídica das fundações públicas. Há duas 
correntes sobre a matéria. A primeira, dominante, 
defende a existência de dois tipos de fundações 
públicas: as de direito público e as de direito privado; 
por este entendimento, as fundações de direito público 
são verdadeiras autarquias, pelo que se denominam 
fundações autárquicas ou autarquias fundacionais. A 
segunda corrente afirma que, mesmo instituídas pelo 
poder público, as fundações devem sempre ter 
personalidade jurídica de direito privado. 
O Decreto-Lei n.º 200/67 assim conceituou a Fundação 
Pública – a entidade dotada de personalidade jurídica 
de direito privado, criada em virtude da autorização 
legislativa, para o desenvolvimento de atividades que 
não exijam execução por órgãos ou entidades de direito 
público, com autonomia administrativa, patrimônio 
próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e 
funcionamento custeado por recursos da União e de 
outras fontes. 
Os fins a que se destinam as fundações públicas são 
sempre de caráter social e suas atividades se 
caracterizam como serviços públicos. Por esse motivo 
jamais podem intervir no domínio econômico. O comum 
é que se destinem a atividades de assistência social, 
saúde, educação, pesquisa científica, proteção do meio 
ambiente, atividades culturais, etc. Note-se, neste 
ponto, que a partir da EC 19/98, o inciso XIX do art. 37 
da CF passou a prever, em sua parte final, que lei 
complementar estabeleça as áreas em que poderão 
atuar fundações públicas. Trata-se de regra aplicável 
independente da natureza jurídica da fundação. A 
referida lei ainda não foi editada, provavelmente, 
quando o for, será encampada a lição da doutrina, 
segundo a qual as fundações públicas devem atuar em 
área de interesse social. Seria uma lei geral, obrigatória 
para todas as pessoas políticas da federação. O Projeto 
de lei ainda tramita no Congresso, observe o texto: 
 
 
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 92/2007. 
Regulamenta o inciso XIX do art. 37 da 
Constituição Federal, parte final, para definir 
as áreas de atuação de fundações instituídas 
pelo poder público. 
 
O CONGRESSO NACIONAL decreta: 
Art. 1º Poderá, mediante lei específica, ser instituída ou 
autorizada a instituição de fundação sem fins lucrativos, 
integrante da administração pública indireta, com 
personalidade jurídica de direito público ou privado, 
nesse último caso, para o desempenho de atividade 
estatal que não seja exclusiva de Estado nas seguintes 
áreas: 
I - saúde; 
II - assistência social; 
III - cultura; 
IV - desporto; 
V - ciência e tecnologia; 
VI- meio ambiente; 
VII - previdência complementar do servidor público, de 
que trata o art. 40, §§ 14 e 15, da Constituição Federal; 
VIII - comunicação social; e 
IX - promoção do turismo nacional. 
§ 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, 
compreendem-se também na área da saúde os 
hospitais universitários federais. 
§ 2º O encaminhamento de projeto de lei para autorizar 
a instituição de hospital universitário federal sob a 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
15 
forma de fundação de direito privado será precedido de 
manifestação pelo respectivo conselho universitário. 
Art. 2º. Esta Lei Complementar entra em vigor na data 
de sua publicação. 
Brasília, de de 2007; 186º da Independência e 119º da 
República. 
Principais características: 
1. Criação e extinção: se forem de direito privado a lei 
apenas autorizará sua criação (a personalidade em si só 
é adquirida quando ocorre a inscrição de escritura 
pública de sua constituição no Registro de Pessoas 
Jurídicas). Se a fundação for de natureza autárquica, ou 
seja, de direito publico a regra a ser aplicada é a mesma 
das autarquias, ou seja, a própria lei dá nascimento à 
entidade. O mesmo raciocínio deve ser utilizado para a 
extinção dessas entidades. 
2. Prerrogativas processuais (prazo em dobro para 
recorrer, prazo em quádruplo para contestar e o duplo 
grau de jurisdição) – só possuem se revestirem-se de 
personalidade jurídica de direito público; 
3. Privilégios tributários – o princípio da imunidade 
tributária, relativa aos impostos sobre a renda, o 
patrimônio e os serviços federais, estaduais e 
municipais é extensivo às fundações públicas tanto de 
natureza pública, quanto privada; 
4. Patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos 
de direção; – bens públicos quando autárquicas, bens 
privados, quando de personalidade de direito privado 
(aqui é importante ressaltar que mesmo sendo bens 
privados, caso utilizados diretamente na prestação de 
serviços públicos, são impenhoráveis, por força do 
princípio da continuidade do serviço público); 
5. Pessoal – Estatutário quando de direito público, 
celetista quando de direito privado. 
6. funcionamento custeado por recursos dos entes que 
a criaram e outras fontes; 
7. Regras para exercício do mandato eletivo – as 
mesmas, independente da natureza jurídica; 
8. Isenção do pagamento de custas judiciais na justiça 
federal, em ambos os casos (conforme Art. 4º da Lei n.º 
9286/96); 
9. Foro de julgamento – O que se tem observado na 
jurisprudência é o entendimento do foro federal para 
ambas. O STJ em 1996 afirmou essa posição, ao afirmar 
que as Fundações públicas de direito privado, sendo 
federais, são equiparadas às empresas públicas federais 
para o efeito do Art. 109, I da CF, sendo da JF a 
competência para processar e julgar as causas de que 
participem (CC 16.397, rel. Min. Sálvio de Figueiredo 
Teixeira, 28.08.1996). No mesmo sentido, encontra-se a 
Lei n.º 10.259/01 que estatui poderem ser parte, como 
rés, nos Juizados Especiais Federais Cíveis, a União, 
autarquias, fundações e empresas públicas federais, 
sem menção à personalidade jurídica das fundações a 
que se referem. 
10. Sujeitas a obrigatoriedade de licitação. 
11. Realizam concursos públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
16 
AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E CLASSIFICAÇÃO;PODERES, DEVERES E PRERROGATIVAS; CARGO, 
EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS; RESPONSABILIDADE 
CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRATIVA. 
 
 
AGENTES PÚBLICOS 
 
Conceito: agente público é toda pessoa natural (física) 
que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da 
administração indireta. 
 
Espécies e classificação: São quatro os tipos de agentes 
públicos: 
a) agentes políticos; 
b) servidores públicos; 
c) particulares colaborando com o Poder Público; e 
d) Militares 
 
AGENTES POLÍTICOS 
São os titulares de cargos estruturais à organização 
política do país, ou seja, são os ocupantes dos cargos 
que compõe a estrutura constitucional do Estado, o 
esquema fundamental do Poder. Daí que se constituem 
nos formadores de vontade superior do Estado. São 
agentes políticos o Presidente da República, os 
Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os 
auxiliares imediatos dos Chefes do Executivo, isto é, 
Ministros de Estado e Secretários das diversas pastas, 
bem como os Senadores, Deputados federais e 
estaduais e os Senadores. 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam 
serviços à administração direita ou indireta, com vínculo 
empregatício (CLT), estatutário ou temporário. São 
remunerados pelas atividades executadas e mantém um 
verdadeiro vínculo profissional com os órgãos ou 
entidades públicas. 
 
Os servidores públicos podem ser classificados de 
diversas formas diferentes a saber: 
 
 
I. Servidores Públicos em sentido amplo: 
a) Servidores estatutários – estão sujeitos ao regime 
estatutário e ocupam cargos públicos. Regidos pelos 
regimes jurídicos únicos de cada ente federativo, 
conforme determinação do Art. 39 da Constituição 
Federal. 
b) Empregado público – é o contratado sob o regime 
celetista (CLT) e regido, também pela legislação 
trabalhista extravagante, ocupa emprego público e 
desempenha suas atividades, nas Empresas estatais e 
nas Fundações públicas de Direito Privado. Ressalte-se 
que, por força da EC 19/98, encontramos alguns 
celetistas na Administração Direta, autárquica e 
fundacional (espécie de contratação suspensa pela 
liminar na ADI 2135/STF – sem efeitos retroativos). O 
empregado público, embora regido pelo regime 
privado, submete-se a derrogações do direito público, 
dado o fato de que se submete a concurso, pode 
afastar-se para mandato eletivo, tem limitações para 
acumulação de seu emprego público com outros ou até 
com cargos e funções públicas, dentre outras hipóteses. 
c) Servidor temporário – é aquele que exerce função, 
em caráter excepcional, por tempo determinado, sem 
vínculo a cargos ou emprego público. A natureza de seu 
vínculo jurídico com a administração é especial, 
regulado pela Lei n.º 8.745/93, a qual estende alguns 
dispositivos constantes na Lei 8.112/90, que 
regulamenta o regime jurídico dos servidores públicos 
federais (ex: ajuda de custo, passagens e diárias, 
décimo terceiro salário, adicionais de periculosidade, 
insalubridade e penosidade, horas extras, adicional 
noturno, férias, gratificação por encargo de curso ou 
concurso, casos de ausência do serviços permitidas, 
deveres dos servidores, proibições, acúmulo de cargos e 
responsabilização civil penal e administrativa. 
 
II. Servidores em sentido estrito – para Hely Lopes 
Meireles, são "os titulares de cargos público efetivo e 
em comissão, com regime jurídico estatutário geral ou 
particular e integrantes da Administração direta, das 
Autarquias e das fundações públicas com personalidade 
de Direito Público", ou seja, para este autor, servidores 
são somente os estatutários. 
 
III. Servidores comuns e especiais. 
Esta classificação leva em consideração a natureza das 
funções exercidas e o regime jurídico que disciplina a 
relação entre o servidor e o Poder Público. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
17 
Os servidores comuns são aqueles a quem incumbe o 
exercício das funções administrativas em geral e o 
desempenho das atividades de apoio aos objetivos 
básicos do Estado. Podem ser estatutários ou celetistas. 
Os estatutários podem ser de regime geral (RJU) ou de 
regime especial (quando regidos por leis específicas, 
como professores e policiais, por exemplo). 
Já os servidores especiais são aqueles que executam 
certas funções de especial relevância no contexto geral 
das funções do Estado, sendo sujeitos a regime jurídico 
funcional diferenciado, sempre estatutário e instituído 
por normas específicas. Nessa categoria aparecem os 
magistrados, os membros do Ministério Público, os 
Defensores Públicos, os membros dos Tribunais de 
Contas e os Membros da Advocacia Pública 
(Procuradores da União e dos Estados-Membros). 
 
IV. Servidores Civis e Militares. 
Ressalte-se essa classificação apontada por Carvalho 
Filho, Odete Medauar e Lúcia Valle Figueiredo que, a 
despeito da alteração trazida pela EC 18/98*admitem 
que os militares continuam sendo servidores lato sensu, 
isto porque embora diversos os estatutos jurídicos, são 
vinculados por relação de trabalho subordinado às 
pessoas federativas e percebem remuneração como 
contraprestação pela atividade que desempenham. Em 
sentido contrário: DI Pietro e Diógenes Gasparini. 
* A referido emenda substituiu a expressão “servidores 
públicos civis” por “servidores públicos” e eliminou a 
expressão “servidores públicos militares” substituindo-a 
por “Militares dos Estados, Distrito Federal e 
Territórios”. Some-se a isso a inclusão dos militares 
federais no Capítulo das Forças Armadas (Título V, 
Capítulo II, arts. 142 e 143, CF). 
 
PARTICULARES COLABORANDO COM O PODER 
PÚBLICO 
Os particulares colaborando com o Poder Público são as 
pessoas físicas que prestam serviços ao Estado, sem 
vínculo empregatício, com ou sem remuneração. Podem 
colaborar por: 
a) delegação do Poder Público – empregados de 
empresas concessionárias ou permissionárias dos 
serviços públicos, serviços notariais e de registro, 
leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos, sob 
fiscalização do Poder Público e remunerados por 
particulares. 
b) requisição, nomeação ou designação – para o 
exercício de funções públicas relevantes como jurados, 
prestação de serviço eleitoral, etc. Não cabe 
remuneração. 
c) gestores de negócios – assumem determinada função 
pública em momento de emergência, como, por 
exemplo, em epidemias, enchentes, etc. 
 
AGENTES MILITARES 
Os militares abrangem as pessoas físicas que prestam 
serviços às forças armadas – Marinha, Exército e 
Aeronáutica e às polícias militares e corpos de 
bombeiros militares dos Estados, Distrito Federal e 
Territórios. Possuem um vínculo estatutário sujeito a 
regime próprio (diverso do regime dos servidores civis), 
mediante remuneração paga pelos cofres públicos. Esse 
regime próprio estabelece regras sobre ingresso, limites 
de idade, estabilidade, transferência para inatividade, 
direitos e deveres, remuneração e prerrogativas ( Art. 
142, §3º, X da CF/88). 
Os militares organizam-se com base nos princípios de 
disciplina e hierarquia e recebem suas patentes do 
Presidente da República (âmbito federal) e dos 
Governadores (âmbito estadual, distrital e nos 
territórios). É importante destacar que aos militares 
estão constitucionalmente proibidas a greve, a 
sindicalização, o acúmulo de cargos, a filiação político-
partidária. (Art. 142, II, IV e V da Constituição Federal). 
Até a Emenda Constitucional 18/98 os militares eram 
considerados servidores públicos, conforme a antiga 
redação do Art. 42 da CF que denominava uma seção de 
“servidores públicos militares”. A partir dessa emenda, 
ficaram excluídos da categoria, só lhes sendo aplicáveis 
as normas referentes aos servidores públicos quando 
houver expressa previsão nesse sentido, como o que 
dispõe o Art. 142, §3º, VIII, que determina a aplicação 
dos seguintes direitos previstos no Art. 7º da 
Constituição Federal: 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração 
integral ou no valor da aposentadoria;XII - salário-família pago em razão do dependente do 
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo 
menos, um terço a mais do que o salário normal; 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do 
salário, com a duração de cento e vinte dias; 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes 
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em 
creches e pré-escolas; 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
18 
Também no mesmo inciso, a Constituição determina 
que são aplicáveis a esses agentes algumas normas dos 
servidores civis: teto salarial, proibição à vinculação de 
espécies remuneratórias, proibição de acúmulo em 
cascata de vantagens pecuniárias e irredutibilidade de 
vencimentos e subsídios. 
 
Outra classificação 
Segundo Hely Lopes Meireles, os agentes públicos 
classificam-se em: 
• Agentes Políticos: são os que compõem o Governo, 
com cargos, funções, mandatos ou comissões, por 
nomeações, designação, eleição ou delegação para 
exercer determinada função. Possuem liberdade 
funcional no desempenho de suas atribuições, possuem 
prerrogativas e responsabilidades disciplinadas pela 
Constituição Federal ou leis especiais. Nesta categoria 
encontram-se : Chefes de Executivo (Presidente, 
Governadores e Prefeitos) e seus auxiliares imediatos 
(Ministros e Secretários de Estado e Município); 
Membros das Casas Legislativas (Senadores, Deputados, 
e Vereadores); Membros do Poder Judiciário; Membros 
do Ministério Público; Membros dos Tribunais de 
Contas (Ministros do TCU e Conselheiros do TCE). 
• Agentes Administrativos: são os vinculados ao Estado 
ou as entidades autárquicas, por relações profissionais, 
sujeito a regime jurídico e hierarquia funcional. Em 
geral são nomeados, contratados ou credenciados, 
investidos a titulo de emprego com recebimento de 
rendimentos. Nesta categoria se encontram os 
servidores públicos (estatutários), os empregados 
públicos (celetistas) e os temporários. 
• Agentes Honoríficos: são pessoas físicas, nomeadas ou 
convocadas para prestar serviço certo ao Estado, 
escolhidos por sua condição cívica ou capacidade 
profissional. Não possuem vínculo estatutário ou 
empregatício, em geral não recebem remuneração, vez 
que configuram o chamado múnus público. Nesta 
categoria se encontram : Jurados do tribunal do júri; 
mesário eleitoral e Membro de comissão de estudo ou 
de julgamento. 
• Agentes Delegados: são configurados pelo 
recebimento de incumbência para determinada 
atividade pelo particular, a fim de realizar obra ou 
serviço público em nome próprio, assumindo a 
responsabilidade do ato, sob atenta fiscalização de 
quem delegou a ele tal tarefa. Representam uma 
categoria a parte de colaboradores do serviço público. 
Nesta categoria se encontram: os concessionários e os 
permissionários de obras e serviços públicos; os 
serventuários de ofícios ou cartórios não estatizados; 
os leiloeiros e os tradutores e intérpretes públicos. 
• Agentes Credenciados: são aqueles que recebem 
tarefa determinada da Administração, assumem a 
representação dessa atividade no lugar Poder Público a 
remuneração é prerrogativa dessa categoria de 
agentes. Exemplo: um cientista brasileiro representante 
do país em convenção internacional. 
 
Agentes de fato 
A doutrina refere-se a um grupo de agentes que, 
mesmo sem ter uma investidura normal e regular, 
executam uma função pública em nome do Estado. São 
os denominados agentes de fato, nomenclatura 
empregada para distingui-los dos agentes de direito. O 
ponto marcante dos agentes de fato é que o 
desempenho da função pública deriva de situação 
excepcional, sem prévio enquadramento legal, mas 
suscetível de ocorrência no âmbito de Administração, 
dada a grande variedade de casos que se originam da 
dinâmica social. 
Podem ser agrupados em duas categorias: os agentes 
necessários e os putativos. Os necessários são aqueles 
que praticam atos e executam atividades em situações 
excepcionais, como, por exemplo, as de emergência, 
em colaboração com o Poder Público e como se fossem 
agentes de direito. Agentes putativos são os que 
desempenham uma atividade pública na presunção de 
que há legitimidade, embora não tenha havido 
investidura dentro do procedimento legalmente 
exigido. É o caso, por exemplo, do servidor que pratica 
inúmeros atos de administração, tendo sido investido 
sem aprovação em concurso público. 
Ressalte-se que os efeitos dos atos produzidos por 
esses agentes. Em relação ao agente necessário, a regra 
é que seus atos sejam confirmados pelo Poder Público, 
entendendo-se que a excepcionalidade da situação e o 
interesse público a que se dirigiu o agente têm 
idoneidade para suprir os requisitos de direito. Em 
relação aos agentes putativos, podem ser questionados 
alguns atos praticados internamente na Administração, 
mas externamente devem ser convalidados, para evitar-
se que terceiros de boa-fé sem prejudicados pela falta 
de investidura legítima. Fala-se aqui da teoria da 
aparência, significando que para o terceiro há uma 
fundada suposição de que o agente é de direito. 
Acresça-se a isso que se o agente exerceu as funções 
dentro da Administração, tem ele o direito a percepção 
da remuneração, mesmo se ilegítima a investidura, não 
estando obrigado a devolver os respectivos valores. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
19 
Note-se, porém, que o agente de fato jamais poderá 
usurpar a competência funcional dos agentes públicos 
em geral, já que este tipo de usurpação da função 
pública constitui crime previsto no Art. 328 do Código 
Penal. 
 
CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICA. 
Cargos são as mais simples e indivisíveis unidades de 
competência a serem expressas por um agente, 
previstas em número certo, com denominação própria, 
retribuídas pelos cofres públicos e criadas por lei, salvo 
quando referentes aos serviços auxiliares do legislativo, 
caso em que se criam por resolução da Câmara (art. 51, 
IV, CF) ou do Senado (art. 52, XIII, CF). Pode-se dizer que 
o cargo é a menor unidade de competência integrantes 
da organização administrativa. Note-se que por previsão 
no Art. 84 da CF/88 (que enumera as competências do 
Presidente da República) cargos vagos podem ser 
extintos por Decreto Presidencial. (Art. 84, VI, “b”, CF). 
Cargos públicos podem ter a natureza efetiva (quando 
para o provimento é necessária a prévia habilitação no 
concurso público), em comissão, quando também são 
conhecidos como cargos de confiança (quando 
declarados em lei de livre nomeação e livre exoneração) 
ou vitalícios. Os cargos em comissão, por expressa 
previsão constitucional destinam-se apenas às 
atribuições de direção, chefia e assessoramento e 
devem ser preenchidos por servidores de carreira 
(efetivos) nos casos, condições e percentuais mínimos 
previstos em lei (Art. 37, V da CF/88), embora criados 
por lei para livre nomeação e livre exoneração, a 
nomeação para estes cargos deve obedecer a vedação 
ao nepotismo: o STF entendeu a vedação à 
administração direta e indireta de todos os Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, impedindo a nomeação para cargo ou 
função de confiança ou ainda função gratificada, de 
cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive 
relacionados à autoridade nomeante ou a servidor da 
mesma pessoa jurídica ocupante de cargo de direção, 
chefia ou assessoramento. Vedado também ficou o 
nepotismo transverso (ou cruzado), aquele que resulta 
de ajuste que enseja designações recíprocas. Todos 
esses aspectos foram consolidados na Súmula 
Vinculante 13 do STF.Os cargos vitalícios são aqueles 
que oferecem a maior garantia de permanência a seus 
ocupantes. Somente através de processo judicial, como 
regra, podem os titulares perder seu cargo (art. 95, I,CF). Desse modo, torna-se inviável a extinção do vínculo 
por exclusivo processo administrativo (salvo no período 
inicial de dois anos até a aquisição da prerrogativa). A 
vitaliciedade configura-se como verdadeira prerrogativa 
para os titulares dos cargos dessa natureza e se justifica 
pela circunstância de que é necessária para tornar 
independente a atuação desses agentes, sem que sejam 
sujeitos a pressões eventuais impostas por 
determinados grupos de pessoas. A vitaliciedade tem 
previsão constitucional e atualmente é conferida aos 
cargos dos magistrados (art. 95, I CF), dos membros do 
Ministério Público (art. 128, § 5º, I, a, CF) e aos dos 
membros dos Tribunais de Contas (art. 73, §3º, CF). 
Nesse sentido, não pode qualquer outra lei, de 
qualquer esfera, a não ser Emenda Constitucional, 
conferir vitaliciedade a qualquer outro cargo. 
Já em se tratando do termo função pública, pode-se 
visualizá-lo em um sentido amplo, onde qualquer 
atividade estatal seja assim designada. Qualquer agente 
público, portanto, possui o que chamamos de função 
pública. 
Por outro lado, em uma visão mais estrita do termo, 
encontramos o entendimento de Maria Sylvia Zanella Di 
Pietro, segundo o qual, perante a Constituição atual, 
quando se fala em função pública tem-se dois tipos de 
situações: 
1. A função exercida por servidores contratados 
temporariamente com base no art. 37, IX, para a qual 
não se exige, necessariamente, concurso público, 
porque às vezes, a própria urgência da contratação é 
incompatível com a demora do procedimento; 
2. As funções de natureza permanente, 
correspondentes a chefia, direção, assessoramento ou 
outro tipo de atividade para a qual o legislador não crie 
o cargo respectivo; em geral são as funções de 
confiança, de livre designação e dispensa; a elas se 
refere o art. 37, V, ao determinar que as funções de 
confiança serão exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargos efetivos. 
Ressalte-se, ainda, a existência das chamadas funções 
gratificadas. Não existe identidade entre função 
gratificada (FG) e função de confiança (FC). A 
gratificação de função destina-se a remunerar o 
servidor pelo exercício de atividades de natureza 
extraordinária, precária e transitória, estranhas ao 
cargo efetivo, entre elas, o desempenho de direção, 
chefia e assessoramento. Todavia, há gratificações que 
indenizam o cumprimento de outras tarefas: 
 Responsabilidade técnica perante órgãos de 
regulamentação/fiscalização profissional; 
 Responsabilidade técnica pela execução de 
convênios; 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
- LEI 5.810/94 
 
 
20 
 Responsabilidade técnica perante o tribunal de 
contas; 
 Funções diretivas e de apoio pedagógico 
privativas de professores (direção, supervisão e 
orientação escolar); 
 Membro de sistema de controle interno. 
Portanto, o desempenho de função de confiança 
representa apenas uma das hipóteses que autorizam a 
percepção de gratificação de função. Em outras 
palavras, a função de confiança é espécie do gênero 
função gratificada. 
Quanto ao emprego público, diz-se desse a espécie de 
vínculo que mantém com o Estado os servidores 
celetistas, ou seja, as funções desempenhadas pelos 
empregados públicos, regidas pela CLT. Empregados 
públicos, portanto, ocupam empregos públicos. 
 
OS PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO 
São os expressos em lei, os impostos pela moral 
administrativa e os exigidos pelo interesse da 
coletividade. O poder administrativo é atribuído à 
autoridade p ara remover interesses particulares que se 
opões ao interesse público. 
 
PODER-DEVER DE AGIR: O poder tem para o agente 
público o significado de dever para com a comunidade e 
para com os indivíduos, no sentido de quem o detém 
está sempre na obrigação de exercitá-lo; esse poder é 
insuscetível de renúncia pelo seu titular. Se paro o 
particular o poder de agir é uma faculdade, para o 
administrador público é uma obrigação de atuar, desde 
que se apresente o ensejo de exercitá-lo em benefício 
da comunidade. Daí por que a omissão da autoridade 
ou o silêncio da Administração, quando deva agir ou 
manifestar-se, gera responsabilidade para o agente 
omisso e autoriza a obtenção do ato omitido por via 
judicial, notadamente por mandado de segurança, se 
lesivo de direito liquido e certo do interessado. 
DEVER DE EFICIÊNCIA: é o que se impõe a todo agente 
público de realizar com suas atribuições com presteza, 
perfeição e rendimento funcional. A eficiência funcional 
é, pois, considerada em sentido amplo, abrangendo não 
só a produtividade do exercente do cargo ou da função 
como perfeição do trabalho e sua adequação técnica 
aos fins visados pela Administração, para o que se 
avaliam os resultados, confrontando-se os 
desempenhos e aperfeiçoa o pessoal através de seleção 
e treinamento, assim, a verificação de eficiência atinge 
os aspectos quantitativo e qualitativo do serviço. 
DEVER DE PROBIDADE: está constitucionalmente 
integrado na conduta do administrador público como 
elemento necessário à legitimidade de seus atos; assim, 
o ato administrativo praticado com lesão aos bens e 
interesses públicos também fica sujeito a invalidação 
pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, 
por vício de improbidade, que é uma ilegitimidade 
como as demais que nulificam a conduta do 
administrador público. 
DEVER DE PRESTAR CONTAS: é decorrência natural da 
administração como encargo de gestão de bens e 
interesses alheios; no caso do administrador público, a 
gestão se refere aos bens e interesses da coletividade e 
assume o caráter de múnus público, isto é, de um 
encargo para com a comunidade. Daí o dever 
indeclinável de todo administrador público de prestar 
contas de sua gestão administrativa, e nesse sentido é a 
orientação de nossos tribunais (STF, RF, 99/969; TJSP, 
RT, 237/253). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - OFICIAL 
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
21 
PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER HIERÁRQUICO; 
PODER DISCIPLINAR; PODER REGULAMENTAR; PODER 
DE POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER; 
 
 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Os poderes administrativos são inerentes à 
Administração Pública para que esta possa proteger o 
interesse público. Encerram prerrogativas de 
autoridade, as quais, por isso mesmo, só podem ser 
exercidas nos limites da lei. São os poderes normativo 
(ou regulamentar), disciplinar, hierárquico e poder de 
polícia. Poderes discricionário e vinculado não existem 
como poderes autônomos. Discricionariedade e 
vinculação são, no máximo, atributos de outros poderes 
ou competências da Administração. Segundo Hely Lopes 
Meirelles, “poder vinculado ou regrado é aquele que o 
Direito Positivo – a lei – confere à Administração Pública 
para a prática de ato de sua competência, 
determinando os elementos e requisitos necessários à 
sua formalização.” O agente está totalmente preso ao 
previsto na lei. “Poder discricionário é o que o Direito 
concede à Administração, de modo explícito ou 
implícito, para a prática de atos administrativos com 
liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade 
e conteúdo.” (Direito Administrativo Brasileiro, p. 
102/103) 
 
Poder regulamentar 
Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à 
Administração Pública de editar atos gerais para 
complementar as leis e possibilitar sua efetiva 
aplicação. Seu alcance é apenas de norma 
complementar à lei; não pode, pois, a Administração, 
alterá-la a pretexto de estar regulamentando-a. Se o 
fizer, cometerá abuso de poder regulamentar, 
invadindo a competência do Legislativo. 
O poder regulamentar é de natureza derivada (ou 
secundária): somente é exercido à luz de lei existente. 
Já as leis constituem atos de natureza originária (ou 
primária), emanando diretamente da Constituição. 
ATENÇÃO: Aqui os autores divergem, dado o fato de 
alguns considerarem o Poder Regulamentar uma 
prerrogativa exclusiva

Continue navegando