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Prévia do material em texto

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ
SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.
##Atenção: Atualizações em 26/08/2020 (as últimas atualizações na cor VERDE): 
· Questões de concurso.
· Atualização na explicação da Súmula 119 do STJ (SUPERADA) (Fonte: Dizer o Direito)
· Atualização na explicação da Súmula 296 do STJ (Fonte: Dizer o Direito) 
· Comentários à Súmula 308 do STJ (contribuição da @mafaldaleitora).
· Atualização na explicação da Súmula 441 do STJ (Fonte: Dizer o Direito) (contribuição da @conquistando.atoga).
· Atualização na explicação da Súmula 115 do STJ (Fonte: Dizer o Direito) (contribuição da @beatrizcbrito_)
· Comentários às Súmulas 179 e 271 do STJ: (Fonte: Dizer o Direito – Info 964 do STF).
· Comentários à Súmula 490 do STJ (Fonte: Dizer o Dieito – Info 658)
· Comentários à Súmula 637 do STJ (Fonte: Dizer o Direito – Info 659)
· Comentários à Súmula 638 do STJ (Fonte: Dizer o Direito Info 660)
· Comentários à Súmula 467 do STJ (Dec. 6514/08)
· Outras Súmulas superadas: nº 06, 11, 30, 75, 90, 119, 172, 279, 294, 472, 510 e 521 do STJ. 
· Cancelamento das Súmulas 61, 68, 94 e 469 do STJ.
	Orientações:
Súmulas válidas: Em verde (Ex: Súmula nº “x”) 
Súmulas com pouca relevância: Em cinza (Ex: Súmula nº “y”)
Súmulas canceladas: Em vermelho (Ex: Súmula nº “z”)
Súmulas superadas: Em roxo, ao final da súmula. Ex: (SUPERADA)
Fontes: Resumo do Livro, edição 2018: “Súmulas do STF e do STJ anotadas e organizadas por assunto”, do DOD; Site do DOD; questões de concurso; julgados do STJ e STF.
Súmula 641-STJ: A portaria de instauração do processo administrativo disciplinar prescinde da exposição detalhada dos fatos a serem apurados.
Súmula 640-STJ: O benefício fiscal que trata do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) alcança as operações de venda de mercadorias de origem nacional para a Zona Franca de Manaus, para consumo, industrialização ou reexportação para o estrangeiro.
Súmula 639-STJ: Não fere o contraditório e o devido processo legal a decisão que, sem ouvida prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento federal.
Súmula 638-STJ: É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil.
	OBS: Importante.
Penhor civil: Penhor é o direito real pelo qual o devedor ou terceiro transfere ao credor, em garantia do débito, a posse de uma coisa móvel. A coisa dada em penhor é “empenhada” ou “apenhada”. Não se pode confundir penhor (garantia real) com penhora (ato do processo de execução).
Penhor de joias: A Caixa Econômica Federal oferece uma forma de conferir empréstimo de modo mais ágil e sem burocracia. Trata-se do empréstimo com penhor. A pessoa interessada em obter um empréstimo procura a CEF e obtém o empréstimo, oferecendo, como garantia, joias, pedras preciosas, canetas, relógios etc. Quando a pessoa paga o empréstimo, recebe de volta o bem empenhado. Se o mutuário não quitar o empréstimo, a coisa apenhada é leiloada.
Imagine agora a seguinte situação hipotética: Pedro, precisando de dinheiro, resolve tomar um empréstimo na CEF e, como garantia, entrega o seu anel de formatura. No contrato assinado, havia uma cláusula que dizia que, em caso de roubo, furto ou extravio da joia empenhada, a CEF deveria pagar ao mutuário, a título de danos materiais e morais, o valor máximo de 1,5 vezes da quantia pela qual foi avaliado o bem. Ex: se o bem tivesse sido avaliado em R$ 10 mil, a CEF pagaria, no máximo, R$ 15 mil de indenização. Uma semana após Pedro dar o bem em garantia, houve um furto na agência da CEF e levaram o anel, que estava guardado em um cofre.
A CEF deverá indenizar Pedro por esse furto? SIM. O furto ocorrido deve ser entendido como fortuito interno, inerente à atividade explorada pelo banco. Assim, a instituição financeira é responsável por furtos ou mesmo roubos em seus cofres (STJ. 4ª T. REsp 1.250.997/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, j. 5/2/13).
Essa cláusula que limita o valor da indenização é válida? NÃO. O CDC prevê, em seu art. 51, I:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
No contrato de penhor celebrado com a Caixa, é notória a hipossuficiência do consumidor, pois este, necessitando de empréstimo, apenas adere a um contrato cujas cláusulas são inegociáveis, submetendo-se, inclusive, à avaliação unilateral realizada pela instituição financeira. Vale ressaltar que, comumente, a avaliação é inferior ao preço cobrado do consumidor no mercado varejista de joias. Ao aceitar dar em penhor sua joia pessoal, o consumidor demonstra não estar interessado em vender esse bem empenhado, preferindo transferir apenas a posse temporária dela à instituição financeira, em garantia de um empréstimo. Pago o empréstimo, ele tem plena expectativa de ter de volta seu bem. Isso revela que, em regra, o mutuário possui uma relação afetiva com a coisa apenhada.
O que fazer, então, no caso concreto? O juiz deverá reconhecer que a cláusula é nula de pleno direito, nos termos do art. 51, I, do CDC, devendo condenar à CEF a pagar um valor justo de indenização, que atenda estritamente aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Deve-se salientar que, além dos danos materiais, a CEF deverá ser condenada a pagar também danos morais, uma vez que o consumidor que decide pelo penhor assim o faz pretendendo receber o bem de volta, e, para tanto, confia que o mutuante o guardará pelo prazo ajustado. Se a coisa empenhada fosse para o proprietário um bem qualquer, sem nenhum valor sentimental, provavelmente o consumidor optaria pela venda da joia, e, certamente, obteria um valor maior.
Qual é o prazo prescricional para o ajuizamento dessa ação de indenização? 5 anos, nos termos do art. 27 do CDC:
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
##Atenção: ##TJRS-2018: ##VUNESP: ##TJBA-2019: ##CESPE: O furto das joias, objeto do penhor, constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, devendo incidir o prazo prescricional de 5 anos para a ação de indenização, conforme previsto no art. 27 do CDC. STJ. 4ª T. REsp 1.369.579-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 24/10/17 (Info 616).
· (TJBA-2019-CESPE): No que se refere a responsabilidade por vício do serviço, legitimidade ativa para a propositura de ações coletivas, cláusulas abusivas, prescrição e decadência, assinale a opção correta, com base no CDC e na jurisprudência do STJ: O furto de joias que sejam objetos de penhor constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, e não mero inadimplemento contratual, devendo incidir o prazo prescricional de cinco anos para o ajuizamento das competentes ações de indenização, conforme previsto no CDC. BL: Info 616, STJ.
· (TJRS-2018-VUNESP): Joias utilizadas como garantia de mútuo em contrato de penhor subscrito com instituição financeira foram furtadas. A contraprestação devida nos contratos de mútuo garantido por penhor é o pagamento do valor acordado para o empréstimo. Nesse caso, a prescrição para que o proprietário das joias, que pagou sua dívida, seja ressarcido pelo valor das mesmas é de cincos anos, por se tratar de reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço. BL: art. 27, CDC e Info 616, STJ.
Súmula 637-STJ: O ente público detém legitimidade e interesse para intervir,incidentalmente, na ação possessória entre particulares, podendo deduzir qualquer matéria defensiva, inclusive, se for o caso, o domínio.
	OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: João ajuizou ação de reintegração de posse contra Pedro alegando que o réu invadiu o seu sítio. Foi, então, que o INCRA (autarquia federal) apresentou oposição alegando que nenhum dos dois (nem autor nem réu) tinha direito. Isso porque o terreno em discussão pertenceria a ele (INCRA), de forma que os particulares em questão não teriam a posse sobre o bem. O juiz não admitiu a intervenção do INCRA no processo alegando que, em ação possessória não se admite oposição, mesmo que se trate de bem público, porque nesse tipo de demanda discute-se a posse do imóvel, de forma que o INCRA não poderia intervir discutindo o domínio (propriedade). O magistrado invocou, como fundamento legal, o art. 557 do CPC/2015:
Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
O argumento utilizado pelo magistrado é aceito pela jurisprudência atual do STJ? NÃO. Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. STJ. Corte Especial. EREsp 1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 21/03/2018 (Info 623).
Acesso à justiça: O STJ afirmou que, neste caso, não se deve aplicar o art. 557 do CPC/15, sob pena de o Poder Público ficar sem ter como defender sua propriedade, o que violaria a garantia constitucional de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CF). Não se poderia conceber que o Poder Público, sendo titular do bem público, possa ser impedido de postular em juízo a observância do seu direito simplesmente pelo fato de que particulares se anteciparam e estão discutindo entre eles a posse.
Oposição discute também posse e, apenas incidentalmente, o domínio do bem público: Quando se trata de bens públicos, não se pode exigir da Administração Pública que demonstre o poder físico sobre o imóvel, para que se caracterize a posse sobre o bem. Esse procedimento é incompatível com a amplitude das terras públicas, notadamente quando se refere a bens de uso comum e dominicais. A posse do Estado sobre seus bens deve ser considerada permanente, independendo de atos materiais de ocupação, sob pena de tornar inviável conferir aos bens do Estado a proteção possessória. Disso decorre que a ocupação dos bens públicos por particulares não significa apenas um ato contrário à propriedade do Estado, mas também um verdadeiro ato de esbulho contra a posse da Administração Pública sobre esses bens. Desse modo, se dois particulares estão discutindo a posse de um bem público e há a oposição do Poder Público, este também estará discutindo a posse do Estado sobre a área.
Não significa que o proprietário irá vencer: Não se está a afirmar que o proprietário haverá de se sagrar sempre vencedor da demanda possessória. Tanto assim que o parágrafo único do art. 557 do CPC/15 veio a dispor que “Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de propriedade ou de outro direito sobre a coisa”. Com efeito, a tutela possessória há de ser concedida àquele que tenha melhor posse, que poderá ser não o proprietário, mas o arrendatário, o cessionário, o locatário, o depositário etc. 
Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência.
	OBS: Importante.
Critério trifásico: A dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico:
· 1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP;
· 2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes;
· 3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição.
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo consagrado pela jurisprudência pátria (STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 19/03/2013).
 
Maus antecedentes: Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais analisadas pelo juiz são as seguintes: a) culpabilidade, b) antecedentes, c) conduta social, d) personalidade do agente, e) motivos do crime, f) circunstâncias do crime, g) consequências do crime, h) comportamento da vítima.
Antecedentes são as anotações negativas que o réu possua em matéria criminal. Se o juiz entender que o réu possui maus antecedentes, ele irá aumentar a pena-base imposta ao condenado. Trata-se, portanto, de uma circunstância analisada na 1ª fase da dosimetria. O STJ afirma que, em face do princípio da presunção de não culpabilidade, os inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser considerados maus antecedentes.
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
 
Esse é também o entendimento do STF:
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. STF. Plenário. RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 17/12/14 (repercussão geral) (Info 772).
 
Exemplo de maus antecedentes: Em 5/5/12, Pedro cometeu um roubo. Em 6/6/13, ele foi condenado pelo roubo, mas recorreu contra a sentença. Em 7/7/13, Pedro praticou um furto, iniciando outro processo penal. Em 8/8/13, a condenação pelo roubo transitou em julgado. Em 9/9/13, Pedro é condenado pelo furto. Na sentença condenatória pelo furto, o juiz não poderá considerar Pedro reincidente (art. 61, I, do CP). Isso porque quando praticou o segundo crime (furto), a condenação pelo delito anterior (roubo) ainda não havia transitado em julgado. Logo, não se enquadra na definição de reincidência. Por outro lado, na sentença condenatória pelo furto, o juiz poderá considerar a condenação pelo roubo, já transitada em julgado, como circunstância judicial negativa. Vejamos os seguintes julgados:
A condenação por fato anterior ao delito que se julga, mas com trânsito em julgado posterior, pode ser utilizada como circunstância judicial negativa, a título de antecedente criminal. STJ. 5ª T. HC n. 210.787/RJ, Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/9/2013.
 
Uma vez existente condenação transitada em julgado por fato anterior ao cometimento do delito sub examine, mostra-se correta a conclusão pela existência de maus antecedentes. STJ. 6ª T. HC 399.029/PE, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 26/06/2018.
 
Reincidência: A definição de reincidência, para o Direito Penal brasileiro, é encontrada a partir da conjugação do art. 63 do CP com o art. 7º da Lei de Contravenções Penais. Com base nesses dois dispositivos, podemos encontrar as hipóteses em que alguém é considerado reincidente para o Direito Penal (inspirado no quadro contido no livro de CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Salvador: JusPodivm, 2013, p. 401):
 
	Se a pessoa é condenada definitivamente por
	E depois da condenação definitiva pratica novo(a)
	Qual será a consequência?
	CRIME
(no Brasil ou exterior)
	CRIME
	REINCIDÊNCIA
	CRIME
(no Brasil ou exterior)
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	REINCIDÊNCIA
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	REINCIDÊNCIA
	CONTRAVENÇÃO
(no Brasil)
	CRIME
	NÃO HÁ reincidência.
Foi uma falha da lei.
Mas gera maus antecedentes.
	CONTRAVENÇÃO
(no estrangeiro)
	CRIME ou CONTRAVENÇÃO
	NÃO HÁ reincidência.
Contravenção no estrangeiro não influi aqui.
 
A reincidência é uma agravante da pena: Se o réu for reincidente, sofrerá diversos efeitos negativos no processo penal. O principal deles é que, no momento da dosimetria da pena em relação ao segundo delito, a reincidência será considerada como uma agravante genérica (art. 61, I do CP), fazendo com que a pena imposta seja maior do que seria devida caso ele fosse primário.
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I — a reincidência;Outras consequências da reincidência: Além de ser uma agravante, a reincidência produz inúmeras outras consequências negativas para o réu. Vejamos as principais:
a) torna mais gravoso o regime inicial de cumprimento de pena (art. 33, § 2º, CP);
b) o reincidente em crime doloso não tem direito à substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 44, II);
c) o reincidente em crime doloso não tem direito à suspensão condicional da pena – sursis (art. 77, I), salvo se condenado apenas a pena de multa (§ 1º do art. 77);
d) o réu reincidente não poderá ser beneficiado com o privilégio no furto (art. 155, § 2º), na apropriação indébita (art. 170), no estelionato (art. 171, § 1º) e na receptação (art. 180, § 5º, do CP);
e) a reincidência impede a concessão da transação penal e da suspensão condicional do processo (arts. 76, § 2º, I e 89, caput da Lei nº 9.099/95);
f) no concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência (art. 67 do CP);
g) influencia no tempo necessário para a concessão do livramento condicional (art. 83);
h) o prazo da prescrição executória aumenta em 1/3 se o condenado é reincidente (art. 110) (obs.: não influencia na prescrição da pretensão punitiva);
i) é causa de interrupção da prescrição executória (art. 117, VI);
j) é causa de revogação do sursis (art. 81, I e § 1º), do livramento condicional (art. 86, I e II, e art. 87) e da reabilitação, se a condenação for a pena que não seja de multa (art. 95). 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: Na sentença condenatória, o juiz, no momento da dosimetria da pena, majorou a pena-base, assim fundamentando sua decisão: “O réu ostenta maus antecedentes, conforme demonstrado pela folha de antecedentes criminais juntada aos autos pelo Ministério Público às fls. 111-112, razão pela qual majoro a pena-base, fixando-a em...” A defesa apelou alegando que os “maus antecedentes” e a “reincidência” somente podem ser comprovados mediante certidão cartorária, não sendo suficiente a mera juntada de folha de antecedentes considerando que esta poderia conter erros, não sendo confiável.
 
A tese da defesa é acolhida pelo STJ? A comprovação dos maus antecedentes e da reincidência precisa ser feita, obrigatoriamente, por meio de certidão cartorária? NÃO. Para o STJ, a comprovação dos maus antecedentes ou a comprovação da reincidência pode ser feita com a juntada da mera folha de antecedentes criminais do réu.
(...) a folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente à comprovação da existência de maus antecedentes e reincidência, não sendo, pois, imprescindível a apresentação de certidão cartorária. (...) STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1716998 RN, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 08/05/2018.
 
O registro de condenação transitada em julgado em folha de antecedentes criminais é suficiente para a caracterização da reincidência, não sendo obrigatória a apresentação de certidão cartorária. STJ. 6ª T. HC 212789 SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 07/10/2014.
 
Assim, a folha de antecedentes criminais é documento hábil à comprovação tanto dos maus antecedentes como da reincidência.
 
Por que? Porque a folha de antecedentes criminais já possui fé pública e valor probante para o reconhecimento das informações nela certificadas. (STJ. 6ª Turma. HC 272899 SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, j. 18/9/14). A folha de antecedentes criminais expedida contém a identificação do réu, o crime que o condenou e a data do trânsito em julgado da condenação. Essas informações já são suficientes para o reconhecimento da circunstância judicial dos “maus antecedentes” ou para a agravante da “reincidência”, não sendo necessário, portanto, nenhum documento a mais (STJ. 5ª Turma. REsp 285750/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 7/10/03).
 
Esta súmula trata apenas sobre aspectos formais: Vale ressaltar que a Súmula 636 do STJ versa unicamente sobre a forma de comprovação dos registros criminais que existem contra o réu, ou seja, ele trata apenas de aspectos formais. Este enunciado não dispõe sobre os registros que se enquadram ou não juridicamente como “maus antecedentes” ou como “reincidência”. Em outras palavras, ela não discute o conteúdo do conceito desses institutos. Logo, a Súmula 444 do STJ não foi afetada e continua sendo plenamente aplicável: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”. A Súmula 636 do STJ diz apenas o seguinte: os registros criminais do réu podem ser comprovados pela “folha de antecedentes”. Os registros que estão, portanto, na folha de antecedentes são presumivelmente verdadeiros e produzem efeitos para o processo. A partir daí, se tais registros serão, ou não, considerados como maus antecedentes ou reincidência não é assunto tratado pela Súmula 636.
 
Ex: imaginemos que o MP junta, no processo criminal, a folha de antecedentes do réu e que nela consta a existência de um inquérito instaurado contra ele. Esse documento (folha de antecedentes) é válido e eficaz para o processo. No entanto, apesar desse registro ser verídico – a folha de antecedentes comprovou validamente que existe um inquérito contra o réu – isso não servirá para aumentar a pena-base.
 
Presunção relativa: Vale ressaltar que a folha de antecedentes faz presunção relativa de veracidade. Assim, a defesa poderá provar, por exemplo, que alguma informação que ali consta está incorreta.
	(TJAL-2019-FCC): Na aplicação da pena, a folha de antecedentes constitui documento suficiente para a comprovação de reincidência, não prevalecendo a condenação anterior, contudo, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a cinco anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação. BL: S. 636, STJ e art. 64, I, CP.
##Atenção: Vide art. 64, I do CP: “Art. 64 - Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação;”
Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
	OBS: Importante.
Processo administrativo disciplinar: Esta súmula trata sobre processo administrativo disciplinar dos servidores públicos federais. O processo administrativo disciplinar dos servidores públicos federais encontra-se previsto nos arts. 143 a 182 da Lei nº 8.112/90.
 
Processo administrativo disciplinar em sentido amplo: O processo administrativo disciplinar (em sentido amplo) divide-se em:
• sindicância;
• processo administrativo disciplinar propriamente dito (PAD).
 
Espécies de sindicância: Existem duas espécies de sindicância:
a) sindicância investigatória (preparatória): instaurada para servir como uma espécie de investigação prévia do fato. Nela não há contraditório e ampla defesa.
b) sindicância de caráter punitivo (contraditória, acusatória): ocorre quando é instaurada para julgar o fato, conferindo contraditório e podendo, ao final, aplicar penalidade de advertência ou suspensão de até 30 dias.
 
Prescrição da infração administrativa: As infrações disciplinares, assim como as infrações penais, também estão sujeitas à prescrição. Logo, se a Administração Pública demorar muito tempo para apurar uma falta cometida pelo servidor, ela perderá o direito de punir. A prescrição da pretensão punitiva é um direito fundamental do ser humano e está baseado na segurançajurídica. Somente a CF/1988 pode declarar que determinada infração (penal ou administrativa) é imprescritível (exs.: art. 5º, XLII, XLIV; art. 37, § 5º).
 
Quais os prazos prescricionais aplicáveis às sanções administrativas? O art. 142 da Lei 8.112/90 prevê os prazos de prescrição disciplinar:
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I — em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II — em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III — em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. (...)
§ 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime.
Veja, de forma mais didática, o tema nesta tabela abaixo:
	Tipo de infração
	Prazo prescricional
	Se a sanção prevista para essa infração administrativa for DEMISSÃO, CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA ou DISPONIBILIDADE e DESTITUIÇÃO de cargo em comissão.
	5 anos
	Se a sanção for SUSPENSÃO.
	2 anos
	Se a sanção for ADVERTÊNCIA.
	180 dias
	Se a infração administrativa praticada for também CRIME.
	Será o mesmo prazo da prescrição penal (art. 109, CP)
 
Qual é o termo inicial dos prazos de prescrição das infrações administrativas? Em outras palavras, quando se iniciam os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei 8.112/90? Na data em que o fato se tornou conhecido. É o que diz expressamente o § 1º do art. 142:
Art. 142 (...)
§ 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido.
 
Para que o prazo prescricional tenha início, é necessário que a irregularidade praticada pelo servidor chegue ao conhecimento da autoridade competente para instaurar o PAD ou o prazo já se inicia caso outras autoridades do serviço público saibam do fato? O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar e não a ciência de qualquer autoridade da Administração Pública:
O art. 142, § 1º da Lei 8.112/90 prevê que o prazo prescricional da ação disciplinar “começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido”. O termo inicial da prescrição é a data do conhecimento do fato pela autoridade competente para instaurar o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) e não a ciência de qualquer autoridade da Administração Pública. STJ. 1ª S. MS 20.615/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 8/3/17.
 
Um exemplo para você entender melhor: No dia 02/02, é protocolizado um ofício no Ministério do Trabalho narrando supostas irregularidades que teriam sido praticadas contra o servidor do órgão. Ocorre que, por uma falha do protocolo, esse ofício somente é encaminhado ao setor competente (corregedoria) seis meses depois, ou seja, em 02/08. Neste caso, o termo inicial do prazo prescricional será 02/08 (e não 02/02). Vejamos: 
O mero recebimento de ofício no protocolo do Ministério do Trabalho não pode ser considerado como conhecimento da autoridade competente para a instauração do Processo Administrativo Disciplinar. O prazo prescricional somente se inicia no dia em que a Corregedoria do Ministério do Trabalho recebe a “denúncia” contra o servidor, considerando que esta é a autoridade competente para instauração do PAD. STJ. 1ª T. AgInt nos EDcl no AgInt nos EDcl no MS 23.582/DF, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 22/5/19.
 
Em suma, a 1ª parte da súmula diz o seguinte: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato.
 
A fluência desse prazo prescricional sofre alguma interrupção? SIM. A fluência do prazo prescricional é interrompida com o primeiro ato de instauração válido:
• instauração de sindicância de caráter punitivo (porque aqui tem contraditório); ou
• instauração de processo administrativo disciplinar propriamente dito.
Essa é a redação do § 3º do art. 142:
Art. 142 (...)
§ 3º A abertura de sindicância (obs: de caráter punitivo) ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.
 
Eis, portanto a 2ª parte da súmula: “(...) interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar (...)”.
 
O que significa essa “interrupção”? Essa interrupção aqui, na verdade, significa que o prazo é “zerado” e fica sem correr. Ex: o corregedor do órgão foi informado em 02/02 de que determinado servidor cometeu uma infração administrativa cuja lei prevê “advertência” como punição; o prazo prescricional é de 180 dias; no 170º dia, o corregedor instaura uma sindicância de caráter punitivo; isso significa que o prazo prescricional foi interrompido (“zerado”).
 
Depois de ser interrompido (“zerado”), o prazo prescricional pode voltar a correr em algum momento? SIM. Essa interrupção não é definitiva, considerando que, se passarem 140 dias sem que a sindicância ou o PAD sejam julgados, o prazo prescricional recomeça a correr por inteiro: STJ. 1ª So. MS 21.669/DF, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 23/08/2017.
Essa é a 3ª parte da súmula: “(...) e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.”
 
Por que 140 dias? De onde vem esse prazo? A lei não prevê expressamente esse prazo para a retomada do prazo prescricional. Trata-se de uma “construção” do STJ. Na verdade, 140 dias é o prazo máximo fixado pela lei para conclusão e julgamento do PAD a partir de sua instauração (art. 152 c/c art. 167):
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
 
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão.
 
• Prazo para conclusão do PAD: 60 dias prorrogável por mais 60 dias, totalizando 120 dias (art. 152).
• Prazo para decisão: 20 dias.
• Prazo máximo para conclusão e julgamento do PAD: 120 + 20 = 140 dias.
 
Desse modo, o STJ construiu o seguinte raciocínio:
- a instauração a sindicância de caráter punitivo ou a instauração do processo administrativo disciplinar interrompem o prazo prescricional. Isso porque demonstram que o Poder Público não está mais inerte e tomou as providências necessárias.
- ocorre que a lei prevê prazos para que esse procedimento seja concluído.
- se esses prazos são ultrapassados, significa dizer que o Poder Público voltou a ficar inerte e, então, neste caso, deve o prazo prescricional deve recomeçar por inteiro.
 
Súmula dividida em três partes:
	PARTES
	FUNDAMENTO
	Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato (...)
	Art. 142, § 1º
	(...) interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar (...)
	Art. 142, § 3º
	(...) e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
	Art. 142, § 4º c/c arts. 152 e 167.
 
Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na lei de improbidade administrativa para os agentes públicos.
	OBS: Importante.
Para entender bem a súmula o Dizer o Direito dividiu o estudo em duas partes. Primeiramente, iremos verificar quem é o “particular” na prática do ato de improbidade administrativa e, em seguida, vamos analisar os aspectos da prescrição nas ações de improbidade.
 
	QUEM RESPONDE PELO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA?
	SUJEITO ATIVO
Sujeito ativo do ato é...
- a pessoa física ou 
- a pessoa jurídica que
- pratica o ato de improbidade administrativa; 
- concorre para a sua prática; 
- ou dele se beneficia.
 
Pode ser de duas espécies:
1) agentes públicos;
2) terceiros.
	1) AGENTES PÚBLICOS (art. 2º da Lei)
Conceito amplo que abrange todo aquele que exerce, ainda que transitoriamenteou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
	
	2) TERCEIROS (art. 3º)
Terceiro é... 
- a pessoa física ou jurídica que, 
- mesmo não sendo agente público, 
- induziu ou concorreu para a prática do ato de improbidade 
- ou dele se beneficiou direta ou indiretamente.
Terceiro, portanto, é o particular que participa do ato de improbidade administrativa juntamente com o agente público.
 
Desse modo, quando a súmula fala em “particular”, ela está se referindo ao “terceiro” acima explicado.
 
Prescrição: Se um direito é violado, o titular deste direito passa a ter a pretensão de buscar judicialmente a reparação do dano (de forma específica ou pelo equivalente em dinheiro). Essa pretensão, contudo, deve ser exercida dentro de um prazo previsto na lei. Esgotado esse prazo, extingue-se a pretensão. A extinção dessa pretensão pelo decurso do prazo é chamada de prescrição. Isso está previsto no art. 189 do Código Civil, valendo, como regra geral: 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
 
A prescrição tem como fundamentos a pacificação social e a segurança jurídica. Se não existisse prazo para o titular do direito exercer a sua pretensão, todas as relações jurídicas seriam sempre marcadas pela incerteza e instabilidade, considerando que um fato ocorrido há anos ou mesmo décadas poderia ser questionado. A prescrição está presente nos diversos ramos do Direito, inclusive no Direito Administrativo. 
 
Prescrição e atos de improbidade administrativa: Os atos de improbidade administrativa, assim como ocorre com as infrações penais, também estão sujeitos a prazos prescricionais. Logo, caso os legitimados ativos demorem muito tempo para ajuizar a ação de improbidade administrativa contra o responsável pelo ato ímprobo, haverá a prescrição e a consequente perda da pretensão punitiva.
 
Qual é o prazo prescricional para a propositura de ações de improbidade administrativa? Como regra, 5 anos. Isso está previsto no art. 23 da Lei 8.429/92. Confira o texto legal:
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.
 
Para facilitar o entendimento do texto legal, veja esta tabela com as principais regras sobre o termo inicial da prescrição nos atos de improbidade administrativa:
	PRESCRIÇÃO NAS AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
	Se o ato de improbidade for imputado contra...
	O prazo para ajuizar a ação contra esse sujeito será de...
	O início da contagem desse prazo será...
	Agente público com vínculo TEMPORÁRIO 
(mandato, cargo em comissão  ou de função de confiança)
	Até 5 anos
	O primeiro dia após o fim do vínculo.
	Agente público com vínculo PERMANENTE 
(cargo efetivo ou 
emprego público)
	O prazo e o início da contagem serão os mesmos que são previstos no estatuto do servidor para prescrição de faltas disciplinares puníveis com demissão.
Ex.: na Lei 8.112/90, em regra, o prazo prescricional é de 5 anos, contado da data em que o fato se tornou conhecido (salvo se a infração for também crime).
Lei estaduais e municipais podem trazer regra diferente.
Em caso de atos de improbidade praticados contra o patrimônio das entidades referidas no parágrafo único do art. 1º da LIA, o prazo prescricional será de 5 anos, contado de sua prestação de contas final à Administração Pública.
 
E no caso dos terceiros (particulares)? Qual é o prazo prescricional das ações de improbidade com relação aos particulares (chamados pela lei de “terceiros”)? O art. 23 da Lei 8.429/92 falhou ao não prever expressamente regras de prescrição para o terceiro (particular) que participa do ato de improbidade administrativa em conjunto com o agente público. Diante disso, a doutrina majoritária defende que o prazo deverá ser o mesmo previsto para o agente público que praticou, em conjunto, o ato de improbidade administrativa. Assim, as regras de prescrição em improbidade administrativa aplicáveis aos particulares que participam do ato ímprobo são as mesmas do agente público também envolvido. É a posição, por exemplo, de Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves. Foi também o entendimento acolhido pelo STJ:
(...) II - A teor do art. 3º da LIA, “As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. Portanto, as regras da Lei de Improbidade, por força do preceituado nos seus arts. 2º e 3º, alcançam também os particulares que, de qualquer forma, tenham concorrido para o ato acoimado de ímprobo. III - Logo, não têm os particulares que concorreram, “em tese”, para a prática do ato ímprobo o direito à contagem individualizada dos prazos prescricionais, aplicando-se a eles os prazos e termos iniciais previstos na LIA. (...) STJ. 2ª T. REsp 1789492/PR, Rel. Min. Francisco Falcão, j. 16/05/2019.
 
Aplica-se aos particulares, réus em ação de improbidade, a mesma sistemática cabível aos agentes públicos, prevista no art. 23, I e II, da Lei 8.429/92, para fins de fixação do termo inicial da prescrição. STJ. 2ª T. AgRg no REsp 1159035 MG, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 21/11/13.
 
Depois de vários julgados no mesmo sentido, o STJ editou a súmula 634 espelhando esse entendimento.
 
Hipótese de imprescritibilidade: ressarcimento ao erário em casos de atos de improbidade praticados dolosamente: A Lei 8.429/92 prevê, em seu art. 12, uma lista de sanções que podem ser aplicadas às pessoas condenadas por ato de improbidade administrativa. São elas:
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente;
• perda da função pública;
• suspensão dos direitos políticos;
• multa civil; e
• proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios;
• ressarcimento integral do dano.
 
Uma das sanções acima é imprescritível: o ressarcimento integral do dano. O fundamento para isso está na parte final do § 5º do art. 37 da CF/88:
Art. 37 (...)
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
 
Vale ressaltar, no entanto, que o STF fez uma “exigência” a mais que não está explícita no art. 37, § 5º da CF/88. O STF afirmou que somente são imprescritíveis as ações de ressarcimento envolvendo atos de improbidade administrativa praticados DOLOSAMENTE. Assim, se o ato de improbidade administrativa causou prejuízo ao erário, mas foi praticado com CULPA, então, neste caso, a ação de ressarcimento será prescritível e deverá ser proposta no prazo do art. 23 da LIA. A tese fixada pelo STF foi a seguinte:
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel. orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson Fachin, j. 08/08/2018 (Info 910).
Súmula 633-STJ: A Lei 9.784/99, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial para revisão de atos administrativos, no âmbito da administração pública federal, pode ser aplicadade forma subsidiária aos Estados e municípios se inexistente norma local e específica regulando a matéria.
	OBS: Importante.
A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem ilegais? SIM. Trata-se do princípio da autotutela (ou poder de autotutela), segundo o qual a Administração tem o poder-dever de controlar seus próprios atos, com a possibilidade de anular aqueles que forem ilegais e revogar os que se mostrarem inconvenientes ou inoportunos, sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Existem duas súmulas do STF que preveem esse princípio:
Súmula 346-STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula 473-STF: A administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
 
Necessidade de garantir contraditório e ampla defesa para se realizar a autotutela: A prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não prescinde (não dispensa) a instauração de processo administrativo no qual sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa. Assim, a Administração deve dar oportunidade ao interessado para que ele se manifeste sobre a ilegalidade que foi a princípio detectada:
A Administração, à luz do princípio da autotutela, tem o poder de rever e anular seus próprios atos, quando detectada a sua ilegalidade, consoante reza a Súmula 473/STF. Todavia, quando os referidos atos implicam invasão da esfera jurídica dos interesses individuais de seus administrados, é obrigatória a instauração de prévio processo administrativo, no qual seja observado o devido processo legal e os corolários da ampla defesa e do contraditório. STJ. 1ª T. AgInt no AgRg no AREsp 760.681/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 3/6/19.
 
É necessária a prévia instauração de procedimento administrativo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, sempre que a Administração, exercendo seu poder de autotutela, anula atos administrativos que repercutem na esfera de interesse do administrado. STF. 1ª T. RE 946481 AgR, Rel. Min Roberto Barroso, j. 18/11/16.
 
Ao Estado é facultada a revogação de atos que repute ilegalmente praticados; porém, se de tais atos já decorreram efeitos concretos, seu desfazimento deve ser precedido de regular processo administrativo. STF. Plenário. RE 594296, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/09/2011 (repercussão geral).
 
Lei 9.784/99 e prazo decadencial para o exercício da autotutela: A Lei 9.784/99 regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Esta Lei prevê expressamente a possibilidade de o Poder Público exercer a autotutela:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
 
Logo, em seguida, a Lei 9.784/99 estabelece um prazo decadencial para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal, ou seja, um prazo para o exercício da autotutela.
	 Qual o prazo de que dispõe a Administração Pública federal para anular um ato administrativo ilegal?
	Regra
	5 anos, contados da data em que o ato foi praticado.
	Exceção 1
	Em caso de má-fé.
Se ficar comprovada a má-fé, não haverá prazo, ou seja, a Administração Pública poderá anular o ato administrativo mesmo que já tenha se passado mais de 5 anos.
	Exceção 2
	Em caso de afronta direta à Constituição Federal.
O prazo decadencial de 5 anos do art. 54 da Lei nº 9.784/99 não se aplica quando o ato a ser anulado afronta diretamente a Constituição Federal.
Trata-se de exceção construída pela jurisprudência do STF. Não há previsão na lei desta exceção 2.
STF. Plenário. MS 26860/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 2/4/2014 (Info 741).
 
O prazo decadencial para a revisão dos atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal está previsto no art. 54 da Lei nº 9.784/99:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
 
Estados e Municípios podem dispor de forma diferente da Lei nº 9.784/99: Os Estados e Municípios possuem autonomia (art. 18 da CF). Uma das decorrências da autonomia dos Estados e Municípios é a capacidade que eles possuem de editar suas próprias normas. Desse modo, Estados e Municípios podem editar leis dizendo como será o processo administrativo na Administração Pública estadual ou municipal. Em outras palavras, assim como a União fez a Lei 9.784/99, Estados e Municípios também podem editar suas próprias leis de processo administrativo. Nessa lei estadual ou municipal poderá ser previsto um prazo diferente da Lei nº 9.784/99. Exemplo: o Estado do Mato Grosso editou a Lei 7.692/02 no qual estabeleceu que “o direito de a Administração Pública Estadual invalidar os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em 10 (dez) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má fé” (art. 26). Portanto, tenha atenção quando fizer concurso para a PGE ou PGM porque algumas leis estaduais ou municipais estabelecem prazos maiores, normalmente 10 anos.
 
E se o Estado ou o Município não estipular um prazo em sua legislação? Se não houver lei estadual ou municipal fixando um prazo para o exercício da autotutela, será possível aplicar, por analogia integrativa, o prazo de 5 anos do art. 54 da Lei 9.784/99? SIM. É isso que preconiza a súmula 633 do STJ.
 
Qual é o fundamento para essa aplicação? Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Se não houvesse a aplicação do prazo da Lei 9.784/99, a Administração Pública estadual ou municipal que não editasse a sua lei ficaria, em tese, completamente livre para exercer a autotutela a qualquer tempo. Isso, contudo, seria uma afronta à segurança jurídica. Confira:
Com vistas nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, o STJ tem admitido a aplicação, por analogia integrativa, da Lei Federal 9.784/99, que disciplina a decadência quinquenal para revisão de atos administrativos no âmbito da administração pública federal, aos Estados e Municípios, quando ausente norma específica, não obstante a autonomia legislativa destes para regular a matéria em seus territórios. STJ. 2ª T. AgRg no AREsp 345831 PR, Rel. Min. Assusete Magalhães, j. 9/6/16.
 
Vale ressaltar que, se houver lei local disciplinando o processo administrativo, não se aplica a Lei 9.784/99. A aplicação da Lei federal é subsidiária, ou seja, apenas e unicamente se não existir norma local e específica que regule a matéria (STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 393378 DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 06/02/2014).
 
Em suma: O art. 54 da Lei 9.784/99 prevê que a Administração Pública federal possui o prazo de 5 anos para anular um ato administrativo ilegal, salvo comprovada má-fé (quando, então, não haverá prazo). Trata-se de um prazo para o exercício da autotutela. A Lei 9.784/99, em princípio, deveria regular apenas e unicamente o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta. O processo administrativo na esfera dos Estados e dos Municípios deve ser tratado por meio de legislação a ser editada por cada um desses entes, em virtude da autonomia legislativa que gozam para regular a matéria em seus territórios. No entanto, o STJ entende que, se o Estado ou o Município não possuir em sua legislação previsão de prazo decadencial para a anulação dos atos administrativos, deve-se aplicar, por analogia integrativa, o art. 54 da Lei 9.784/99. Essa conclusão é baseada nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Súmula 632-STJ: Nos contratos de seguro regidos pelo Código Civil a correção monetária sobre indenização securitária incide a partir da contratação até o efetivopagamento.
	OBS: Importante.
Imagine a seguinte situação hipotética: Em 5/5/15, João faz um seguro de vida em favor de seu filho Lucas. A apólice do seguro previa que a seguradora deveria pagar R$ 100 mil ao beneficiário em caso de morte do segurado. Esses R$ 100 mil é a indenização securitária. Em 8/8/18, João faleceu. Isso significa que a seguradora terá que pagar a indenização securitária a Lucas. Ocorre que a seguradora, alegando descumprimento de certas obrigações contratuais, não efetuou espontaneamente o pagamento da indenização securitária. Diante disso, em 2/2/19, Lucas teve que ajuizar uma ação de cobrança, que foi julgada procedente, tendo o juiz condenado a seguradora a pagar a indenização securitária.
 
A seguradora terá que pagar o valor da indenização securitária (R$ 100 mil) acrescida de correção monetária? SIM.
 
Qual é o termo inicial dessa correção monetária? Ela será calculada a partir de quando? A data da contratação. Os valores da cobertura do seguro de vida devem ser acrescidos de correção monetária contada a partir da data em que celebrado o contrato entre as partes (em nosso, exemplo, 05/05/2015).
 
A incidência da correção monetária termina quando? Somente no dia em que a indenização for efetivamente paga. Assim, o termo inicial é o dia da contratação e o termo final o efetivo pagamento. O objetivo disso é preservar o valor aquisitivo (“poder de compra”) do valor contratado. Nesse sentido:
A correção monetária incide desde a data da celebração do contrato até o dia do efetivo pagamento do seguro, pois a apólice deve refletir o valor contratado atualizado. STJ. 3ª T. AgRg no REsp 1328730/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 21/06/16.
 
O juiz deve condenar a seguradora a pagar também juros de mora? Eles são contados desde quando? SIM. Nas ações que buscam o pagamento de indenização securitária, os juros de mora devem incidir a partir da data da citação da seguradora, visto se tratar de eventual ilícito contratual. STJ. 4ª T. AgInt no AREsp 1167778/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 7/12/17.
 
Por que a súmula fala em “contratos de seguro regidos pelo Código Civil”? Apenas para deixar claro que não se está tratando aqui da indenização decorrente do seguro DPVAT, que é regido pela Lei nº 6.194/74. A correção monetária do seguro DPVAT possui regra própria, consagrada em enunciado do STJ:
Súmula 580-STJ: A correção monetária nas indenizações do seguro DPVAT por morte ou invalidez, prevista no § 7º do art. 5º da Lei nº 6.194/1974, redação dada pela Lei nº 11.482/2007, incide desde a data do evento danoso.
Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais. (TJAL-2019)
	OBS: Importante.
Efeitos da condenação: A sentença penal condenatória, depois de transitada em julgado, produz diversos efeitos. Os efeitos da condenação podem se dividir em:
1) Efeitos PRINCIPAIS (PRIMÁRIOS) da condenação;
2) Efeitos SECUNDÁRIOS da condenação.
 
	EFEITOS DA CONDENAÇÃO
	1) PRINCIPAIS
(PRIMÁRIOS)
	O efeito principal (primário) da condenação é impor ao condenado uma sanção penal.
Efeito principal (primário) = sanção penal.
A sanção penal divide-se em: a) pena; b) medida de segurança.
	2) SECUNDÁRIOS
	2.1) PENAIS
Alguns exemplos: reincidência (art. 63), causa de revogação do sursis (art. 77, I e § 1º), causa de revogação do livramento condicional (art. 86), causa de conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade (art. 44, § 5º), impossibilita a transação penal e concessão de suspensão condicional do processo (arts. 76 e 89 da Lei nº 9.099/95) etc.
	
	2.2) EXTRAPENAIS
a) Genéricos: art. 91 do CP;
b) Específicos: art. 92 do CP;
c) Previstos em “leis” especiais (exs: art. 15, III, CF; art. 83 da Lei de Licitações; art. 181, da Lei de Falências).
 
Anistia, graça e indulto:
- são formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir;
- classificam-se como causas de extinção da punibilidade (art. 107, II, CP);
- a anistia, a graça e o indulto são concedidas pelo Poder Legislativo (no primeiro caso) ou pelo Poder Executivo (nos dois últimos), mas somente geram a extinção da punibilidade com a decisão judicial;
- podem atingir crimes de ação penal pública ou privada.
 
	ANISTIA
	GRAÇA
(ou indulto individual)
	INDULTO
(ou indulto coletivo)
	É um benefício concedido pelo Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República (art. 48, VIII, CF/88), por meio do qual se “perdoa” a prática de um fato criminoso.
Normalmente, incide sobre crimes políticos, mas também pode abranger outras espécies de delito.
	Concedidos por Decreto do Presidente da República.
 
Apagam o efeito executório da condenação.
 
A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
• Procurador Geral da República;
• Advogado Geral da União;
• Ministros de Estado.
	É concedida por meio de uma lei federal ordinária.
	Concedidos por meio de um Decreto.
	Pode ser concedida:
• antes do trânsito em julgado (anistia própria);
• depois do trânsito em julgado (anistia imprópria).
 
	Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só podem ser concedidos após o trânsito em julgado da condenação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia mais superado, considerando que o indulto natalino, por exemplo, permite que seja concedido o benefício desde que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
	Classificação:
a) Propriamente dita: quando concedida antes da condenação.
b) Impropriamente dita: quando concedida após a condenação.
 
a) Irrestrita: quando atinge indistintamente todos os autores do fato punível.
b) Restrita: quando exige condição pessoal do autor do fato punível. Ex.: exige primariedade.
 
a) Incondicionada: não se exige condição para a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se condição para a sua concessão. Ex.: reparação do dano.
 
a) Comum: atinge crimes comuns.
b) Especial: atinge crimes políticos.
	Classificação:
a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena (comutação).
 
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
b) Condicionado: quando impõe condição para sua concessão.
 
a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige primariedade.
b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agente.
	Extingue os efeitos penais (principais e secundários) do crime.
Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
	Só extinguem o efeito principal do crime (a sanção penal).
Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
	O réu condenado que foi anistiado, se cometer novo crime, não será reincidente.
	O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto, se cometer novo crime, será reincidente.
	É um benefício coletivo que, por referir-se somente a fatos, atinge apenas os que o cometeram.
	É um benefício individual (com destinatário certo).
Depende de pedido do sentenciado.
	É um benefício coletivo (sem destinatário certo).
É concedido de ofício (não depende de provocação).
	
	 
	 
	 
Vale ressaltar que a concessão do indulto está inserida no exercício do poder discricionário do Presidente da República (STF. ADI 2.795-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa).
 
Indulto extingue apenas os efeitos principais da condenação: O indulto extingue apenas os efeitos primários da condenação (pretensão executória). Dito de forma bem simples: o indulto extingue somente a pena ou a medida de segurança. O indulto não atinge os efeitos secundários (penais ou extrapenais):
A concessão do indulto afasta o efeito principal decorrente da condenação, qual seja, o próprio cumprimento da pena anteriormente fixada pela sentença condenatória. No entanto, os efeitos secundários da condenação, tais como aqueles elencados no art. 91 do Código Penal, mas não a eles restritos, não são afetados pela concessão do indulto, ante a inexistência de previsão legal neste sentido, restando mantidas,assim, as devidas anotações junto aos cartórios e ofícios distribuidores acerca da existência do feito. STJ. 5ª T. AgInt no RHC 66.190/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 12/03/2019.
A extinção da punibilidade pelo indulto não afasta os efeitos da condenação, dentre eles a reincidência, uma vez que só atinge a pretensão executória. STJ. 6ª T. AgRg no HC 409.588/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 12/12/2017.
 
Exemplos de situações que não serão afetadas mesmo tendo havido o indulto:
• as anotações do crime continuarão nos cartórios e ofícios distribuidores;
• nome do condenado continua incluído no “rol dos culpados”;
• a condenação que foi objeto de indulto continua tendo força para gerar reincidência (a reincidência não é afastada com a concessão do indulto);
• se o indivíduo havia sido condenado a perder bens e valores, o indulto não irá alterar isso;
• condenado continua com a obrigação de indenizar a vítima.
 
Não confundir:
	ANISTIA
	GRAÇA E INDULTO
	Extingue o efeito primário da condenação (pretensão executória).
	Extingue o efeito primário da condenação (pretensão executória).
 
	Extingue também os efeitos secundários penais da condenação (ex: reincidência).
	NÃO extingue os efeitos secundários penais da condenação.
	Não extingue os efeitos secundários extrapenais da condenação (ex: tornar certa a obrigação de indenizar, perda da função pública). Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
	NÃO extingue os efeitos secundários extrapenais da condenação (ex: tornar certa a obrigação de indenizar, perda da função pública). Os efeitos de natureza civil permanecem íntegros.
 
Dito de outro modo:
• Efeitos primários da condenação: anistia, graça e indulto extinguem.
• Efeitos secundários penais: anistia extingue; graça e indulto não extinguem.
 
• Efeitos secundários extrapenais: não são extintos seja pela anistia, graça ou indulto.
 
Como o tema já foi cobrado em concursos:
· (Oficial de Justiça - TJAL - FGV - 2018) O indulto gera a extinção dos efeitos penais primários, mas não os secundários, permanecendo íntegros, também, os efeitos civis da condenação (CERTO).
· (Promotor de Justiça - MPE- PR - 2016) O indulto extingue a pena e seus efeitos secundários (penais e extrapenais) (ERRADO).
Súmula 630-STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio. (TJAL-2019)
	OBS: Importante.
NOÇÕES GERAIS SOBRE A CONFISSÃO
Confissão espontânea: atenuante: A confissão espontânea é atenuante genérica prevista no art. 65, III, “d”, do CP:
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III — ter o agente:
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
 
Como se trata de atenuante, a confissão serve para diminuir a pena do condenado, o que é feito na 2ª fase da dosimetria da pena.
 
Confissão parcial: A confissão parcial ocorre quando o réu confessa apenas parcialmente os fatos narrados na denúncia. Ex.: o réu foi denunciado por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP). Ele confessa a subtração do bem, mas nega que tenha arrombado a casa.
 
Se a confissão foi parcial e o juiz a considerou no momento da condenação, este magistrado deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena? SIM. Se a confissão, ainda que parcial, serviu de suporte para a condenação, ela deverá ser utilizada como atenuante (art. 65, III, “d”, do CP) no momento de dosimetria da pena. Incide a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do CP, independe se a confissão foi integral ou parcial, quando o magistrado a utilizar para fundamentar a condenação. Mesmo nas hipóteses de confissão qualificada ou parcial, deve incidir a atenuante prevista no art. 65. III, “d”, do Código Penal, se os fatos narrados pelo autor influenciaram a convicção do julgador. Essa é a inteligência da Súmula 545 do STJ. STJ. 5ª Turma. HC 450.201/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 21/03/2019.
 
Confissão qualificada: A confissão qualificada ocorre quando o réu admite a prática do fato, no entanto, alega em sua defesa um motivo que excluiria o crime ou o isentaria de pena. Ex: eu matei sim, mas foi em legítima defesa. 
· Atenção: por serem muito próximos os conceitos, alguns autores apresentam a confissão parcial e a qualificada como sinônimas.
 
Se a confissão foi qualificada e o juiz a considerou no momento da condenação, este magistrado deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena? 
· Para o STJ: SIM.
Não é possível desmerecer a confissão daquele que efetivamente contribui para a elucidação dos fatos supostamente delituosos, ainda que agregando teses defensivas. Nos casos em que a confissão do acusado servir como um dos fundamentos para a condenação, deve ser aplicada a atenuante em questão, pouco importando se a confissão foi espontânea ou não, se foi total ou parcial, ou mesmo se foi realizada só na fase policial, com posterior retratação em juízo. Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal (Súmula 545/STJ), sendo indiferente que a admissão da autoria criminosa seja parcial, qualificada ou acompanhada de alguma causa excludente de ilicitude ou culpabilidade. STJ. 5ª T. HC 450.201/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 21/3/19. STJ. 6ª T. AgInt no REsp 1775963/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 7/5/19.
 
· O STF possui julgados em sentido contrário, vejamos: 
(...) A confissão qualificada não é suficiente para justificar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal (...) STF. 1ª T. HC 119671, Rel. Min. Luiz Fux, j. 0/11/13.
Atenção: Como o último julgado do STF sobre o tema é relativamente antigo (2013), em provas, é mais provável que seja cobrado o entendimento do STJ. Fique atenta(o), contudo, à redação do enunciado.
 
Confissão retratada: A chamada confissão retratada ocorre quando o agente confessa a prática do delito e, posteriormente, se retrata, negando a autoria. Ex: durante o inquérito policial, João confessa o crime, mas em juízo volta atrás e se retrata, negando a imputação e dizendo que foi torturado pelos policiais. O agente confessa na fase do inquérito policial e, em juízo, se retrata, negando a autoria. O juiz condena o réu fundamentando sua sentença, dentre outros argumentos e provas, na confissão extrajudicial.
 
Se a confissão foi retratada e o juiz a considerou no momento da condenação, este magistrado deverá fazer incidir a atenuante na fase da dosimetria da pena?
· Para o STJ: SIM.
Se a confissão do réu foi utilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a condenação, deve incidir a atenuante prevista no art. 65, III, "d", do Código Penal, sendo irrelevante o fato de que tenha havido posterior retratação, ou seja, que o agente tenha voltado atrás e negado o crime. STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1712556/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, j. 11/06/2019.
 
· Existem alguns julgados do STF em sentido contrário: 
A retratação em juízo da anterior confissão policial obsta a invocação e a aplicação obrigatória da circunstância atenuante referida no art. 65, inc. III, alínea ‘d’, do Código Penal (STF. 2ª T. HC 118375, Rel.  Min. Cármen Lúcia, j. 8/4/14.
 
Em suma, na sentença, o juiz poderá utilizar a confissão parcial, a confissão qualificada ou a confissão com retratação posterior para, em conjunto com outras provas, condenar o réu? SIM.
 
Neste caso, o juiz deverá aplicar a atenuante do art. 65, III, “d”, do CP? SIM. Para o STJ, é irrelevante que a confissão tenha sido parcial ou total, condicionada ou irrestrita, com ou sem retratação posterior. Se a confissão foi utilizada pelo juiz como fundamento para a condenação, deverá incidir a atenuante do art. 65, III, “d”, do Código Penal.
 
Entendimento sumulado: O STJ resumiu seus entendimentos sobre a confissão com a súmula 545:
Súmula 545-STJ: Quando a confissão for utilizada para a formaçãodo convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
 
Desse modo, a Súmula 545 do STJ vale tanto para casos de confissão parcial, de confissão qualificada e confissão com retratação posterior. Em suma, se o juiz utilizou a confissão como fundamento (elemento de argumentação) para embasar a condenação, ele, obrigatoriamente, deverá aplicar a atenuante prevista no art. 65, III, “d”, do CP. A confissão é um fato processual que gera um ônus e um bônus para o réu. O ônus está no fato de que isso será utilizado contra ele como elemento de prova no momento da sentença. O bônus foi concedido pela lei e consiste na atenuação de sua pena. Para o STJ, não seria justo que o magistrado utilizasse a confissão apenas para condenar o réu, sem lhe conferir o bônus, qual seja, o reconhecimento da confissão.
 
CONFISSÃO, TRÁFICO DE DROGAS E POSSE DE DROGAS PARA CONSUMO PRÓPRIO
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi preso, em uma viagem de ônibus, com uma grande quantidade de cocaína em sua mochila. O MP denunciou João pela prática do crime do art. 33 da Lei 11.343/06. No interrogatório, João admitiu que a droga era sua, mas alegou que ela seria utilizada exclusivamente para seu próprio consumo. Disse, em suma, que é usuário de drogas, afirmando ter adquirido o entorpecente em grande quantidade para evitar ter que ir várias vezes à “boca-de-fumo”. A defesa alegou que João deveria ser condenado pela prática do crime previsto no art. 28 da Lei 11.343/06:
Art. 28.  Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
 
O juiz, contudo, não acolheu o pedido e condenou o réu por tráfico de drogas, nos termos do art. 33:
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
 
Suponhamos que, na sentença, havia um trecho dizendo o seguinte: “não há dúvidas de que a droga pertencia ao acusado, considerando que ele próprio confessa que a bolsa sua”. Neste caso, como o réu admitiu a propriedade da droga, ele terá direito à atenuante da confissão espontânea ao ser condenado por tráfico? NÃO. Isso porque ele confessou a posse da droga para fins de consumo (e não para tráfico). A atenuante da confissão espontânea pressupõe que o réu reconheça a autoria do fato típico que lhe é imputado. Ocorre que, no caso, o réu não admitiu a prática do tráfico, pois afirmou que a droga era exclusivamente para seu consumo próprio, numa clara tentativa de desclassificar a sua conduta para o crime do art. 28 da Lei nº 11.343/2006. Nesse caso, em que se nega a prática do tipo penal apontado na peça acusatória, não é possível o reconhecimento da circunstância atenuante. Para o STJ, não incide a atenuante da confissão espontânea quando o réu não admite a autoria do exato fato criminoso que lhe é imputado:
O reconhecimento da atenuante genérica prevista no art. 65, III, “d”, do Código Penal exige que o réu confesse os fatos pelos quais está sendo devidamente processado. STJ. 6ª T. HC 326.526/MS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, j. 4/4/17.
 
Em se tratando do crime de tráfico de entorpecentes, a confissão espontânea do acusado que admite a propriedade da droga, no entanto afirma ser destinada a consumo próprio, sendo mero usuário, impossibilita o reconhecimento da atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal. STJ. 5ª T. HC 488.991/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 26/3/19.
 
Sabe-se que nos casos em que a confissão do agente é utilizada como fundamento para embasar a conclusão condenatória, a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP, deve ser aplicada em seu favor, pouco importando se a admissão da prática do ilícito foi espontânea ou não, integral ou parcial ou se houve retratação posterior em juízo. Entretanto, in casu, não obstante o agravante tenha admitido a propriedade da droga, não reconheceu a traficância, afirmando que o estupefaciente encontrado seria para uso pessoal, sendo, portanto, insuficiente para reconhecer a incidência da referida atenuante. STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1308356 MG, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 7/8/18.
 
Vale ressaltar que não se pode dizer que houve confissão parcial neste caso porque o réu admitiu a prática de um fato diferente:
(...) a incidência da atenuante da confissão espontânea, prevista no art. 65, III, alínea d, do Código Penal, no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não sendo apta para atenuar a pena a mera admissão da propriedade para uso próprio. Nessa hipótese, inexiste, nem sequer parcialmente, o reconhecimento do crime de tráfico de drogas, mas apenas a prática de delito diverso. (...) STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 1408971/TO, Rel. Min. Felix Fischer, j. 07/05/2019.
 
Não confundir:
	Confissão parcial
	Réu confessa a prática de outro tipo penal diverso daquele narrado na denúncia.
	Réu confessa apenas parcialmente os fatos narrados na denúncia.
Ex.: réu foi acusado de furto qualificado; confessa a prática do furto, mas nega a qualificadora do rompimento de obstáculo.
Deverá incidir a atenuante da confissão espontânea (STJ HC 328.021-SC).
	Ex.: réu é acusado de tráfico de drogas (art. 33 da LD); ele confessa que a droga era sua, negando, porém, a traficância. Isso significa que ele confessou a prática de um outro crime, qual seja, o porte para consumo pessoal (art. 28 da LD).
Não deverá incidir a atenuante da confissão espontânea, considerando que o réu não reconheceu a autoria do fato típico imputado.
 
O entendimento da súmula 630 do STJ também é adotado pelo STF:
Não é de se aplicar a atenuante da confissão espontânea para efeito de redução da pena se o réu, denunciado por tráfico de droga, confessa que a portava para uso próprio. STF. 1ª T. HC 141487, Rel.  Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Ac. Min. Rosa Weber, julgado em 04/12/2018.
 
Admitir-se a incidência da atenuante genérica da confissão (CP, art. 65, III, d), com a consequência de redução da pena, quando as próprias declarações do condenado não coincidiram com o propósito maior do instituto, o de facilitar a atuação da justiça criminal, representaria, por certo, verdadeiro contrassenso. No caso, o paciente assumiu a propriedade da substância entorpecente para fins de consumo próprio, dissimulando o propósito da traficância, reconhecido ulteriormente em sentença condenatória. STF. 2ª T. HC 135345, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 26/10/2016.
 
O entendimento da súmula 630 do STJ não é aplicável para situações envolvendo roubo e furto: MP oferece denúncia contra o acusado imputando-lhe a prática de roubo. O réu se defende admitindo a subtração, mas negando o emprego de violência ou grave ameaça. Em outras palavras, o acusado admitiu a prática de um furto (e não de roubo). Nesses casos, o STJ tem admitido a incidência da atenuante afirmando que se está diante de confissão parcial:
Embora a simples subtração configure crime diverso - furto -, também constitui uma das elementares do delito de roubo - crime complexo, consubstanciado na prática de furto, associado à prática de constrangimento, ameaça ou violência, daí a configuração de hipótese de confissão parcial. STJ. 5ª T. HC 299.516/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 21/6/18. STJ. 6ª T. AgRg no HC 452.897/SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, j. 7/8/18.
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação doréu à obrigação de fazer ou à de não fazer cumulada com a de indenizar. (MPSC-2019)
	OBS: Importante.
Imagine que determinada empresa causou grave dano ambiental. O MP (ou outro legitimado) poderá ajuizar ação civil pública pedindo que essa empresa seja condenada a recompor o meio ambiente (obrigação de fazer)? SIM.
 
Além disso, é possível que, na ACP, seja pedida a condenação da empresa ao pagamento de danos morais em favor da coletividade (obrigação de indenizar)? Em outras palavras, em caso de dano ambiental, é cabível a cumulação da obrigação de fazer (ou não fazer) com a obrigação de indenizar? SIM. É perfeitamente possível que o poluidor seja condenado, cumulativamente, a recompor o meio ambiente e a pagar indenização pelos danos causados. Isso porque vigora, em nosso sistema jurídico, o princípio da reparação integral do dano ambiental, de modo que o infrator deverá ser responsabilizado por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, permitindo-se que haja a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.
 
Lei 7.347/85 (Lei da ACP): O art. 3º da Lei 7.347/85 afirma que a ACP “poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”. Para o STJ, essa conjunção “ou” – contida no citado artigo, tem um sentido de adição (soma), não representando uma alternativa excludente. Em outras palavras, será possível a condenação em dinheiro e também ao cumprimento de obrigação de fazer/não fazer.
Veja precedente nesse sentido:
(...) Segundo a jurisprudência do STJ, a logicidade hermenêutica do art. 3º da Lei 7.347/85 permite a cumulação das condenações em obrigações de fazer ou não fazer e indenização pecuniária em sede de ação civil pública, a fim de possibilitar a concreta e cabal reparação do dano ambiental pretérito, já consumado. Microssistema de tutela coletiva. (...) STJ. 2ª Turma. REsp 1269494/MG, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 24/09/2013.
 
Cumpre esclarecer que não há “bis in idem” neste caso, considerando que as condenações possuem finalidades e naturezas diferentes. Vale ressaltar, por fim, que, apesar dessa possibilidade existir em tese, a condenação, no caso concreto, e o seu eventual valor dependerão da situação:
O STJ tem entendimento consolidado segundo o qual é possível a cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar nos casos de lesão ao meio ambiente, contudo, a necessidade do cumprimento de obrigação de pagar quantia deve ser aferida em cada situação analisada. STJ. 1ª T. AgInt no REsp 1538727/SC, Rel. Min. Regina Helena Costa, j. 07/08/18.
	(TJPA-2019-CESPE): Associação civil de defesa do meio ambiente fundada em 2015 propôs uma ação civil pública contra determinada indústria de produção de vinagre que causara grave degradação ambiental. Na ação, solicita-se a condenação da obrigação de fazer, materializada na limpeza do rio, cumulada com a de reparar os danos causados ao rio, em razão da morte de duas toneladas de peixes. Nessa situação hipotética, segundo a jurisprudência do STJ, a associação civil de defesa do meio ambiente pleiteou corretamente, cumulativa e simultaneamente, a obrigação de fazer e a de reparar os danos causados ao rio. BL: S. 629, STJ.
##Atenção: ##Jurisprud. em Teses/STJ: ##TJPA-2019: ##CESPE: Tese 1: Admite-se a condenação simultânea e cumulativa das obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar na reparação integral do meio ambiente.
Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal. (DPEPR-2017) (TJPR-2019)
	OBS: Importante.
Autoridade coatora: O MS é impetrado contra o ato de uma autoridade coatora. Nesse sentido, veja o que diz o art. 5º, LXIX, da CF/88:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
 
No mesmo sentido é a redação da Lei do Mandado de Segurança (Lei 12.016/09):
Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
 
E quem é a autoridade coatora, no caso concreto? Considera-se autoridade coatora:
• a pessoa que praticou o ato impugnado; ou
• a pessoa da qual emanou a ordem para a sua prática (pessoa que mandou o ato ser praticado).
 
Petição inicial: Na petição inicial do MS deverá ser expressamente indicada quem é a autoridade coatora:
Art. 6º A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições.
 
Indicação errada da autoridade coatora: A Administração Pública é cheia de meandros, setores, gerências, departamentos e outros subdivisões, de forma que nem sempre é uma tarefa fácil identificar, com exatidão, quem foi o responsável pela ordem. Diante disso, na prática, verificava-se que o indivíduo impetrava o mandado de segurança indicando, por exemplo, como autoridade coatora, o diretor de determinado departamento da Secretaria de Estado. Nas informações do mandado de segurança, este diretor vinha dizendo que a indicação da autoridade foi errada, considerando que o responsável pelo ato seria o subdiretor. Ao final, a autoridade pedia que o mandado de segurança fosse extinto sem resolução do mérito por ilegitimidade passiva.
 
Teoria da encampação: Situações como a acima expostas, não se revelam razoáveis, tendo em vista que o mandado de segurança é um remédio constitucional idealizado para a garantia de direitos, não podendo seu acesso ser inviabilizado por dificuldades burocráticas de se identificar o verdadeiro autor do ato impugnado na Administração Pública. Diante desse cenário, há muitos anos, a doutrina e a jurisprudência idealizaram a chamada “teoria da encampação”, por meio da qual se busca relativizar esse “erro” na indicação da autoridade coatora, desde que cumpridos determinados requisitos.
 
Primeiros precedentes: Essa teoria da encampação não se encontra expressamente regulamentada em lei. Dessa forma, o STJ construiu três requisitos para que ela seja aceita. Um dos primeiros precedentes do STJ a discorrer, de forma sistematizada, sobre tais requisitos foi em 2008, no RMS 12.779/DF (o STJ já havia tratado sobre a teoria, mas sem organizá-la em requisitos no MS 10.484/DF, do ano 2005).
No RMS 12.779/DF, a situação concreta foi a seguinte: Determinada Fundação Educacional e Cultural impetrou MS indicando como autoridade coatora o Ministro de Estado da Previdência Social. Como o MS era contra Ministro de Estado, ele foi ajuizado no STJ (art. 105, I, “b”, da CF/88). A impetrante alegou que seu “Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social” (CEBAS) foi indevidamente cancelado e, com isso, a Fundação ficou sem poder gozar dos benefícios da imunidade tributária. O Ministro da Previdência Social apresentou as informações no mandado de segurança dizendo que:
• o documento cancelando

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