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1. CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL Trata-se de um conjunto de direitos que regula as relações da sociedade internacional, dos sujeitos internacionais. 1.1. CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE INTERNACIONAL a) Universal: abrange todos os entes/sujeitos do direito internacional; b) Paritária: igualdade jurídica art. 2º Carta das Nações Unidas; c) Aberta: nenhum Estado é obrigatória a se relacionar. Não há necessidade de manifestação. d) Anárquica / descentralizada: parte da soberania do Estado. Sem a exigência direta de cumprimento não é superestado (não possui poderes). A atuação decorre de cada sujeito internacional e não de um governo (presidente). e) Direito originário: não se fundamenta em outro direito positivo. Cada sujeito internacional possui um código a ser respeitado e seguido, visto que o Direito Internacional é um Direito. A sociedade internacional é diferente de comunidade internacional. No primeiro caso há uma relação de suportabilidade entre os sujeitos internacionais enquanto essas relações são convenientes. No segundo caso, os sujeitos internacionais se unem em razão de identidade de interesses. 1.2. BASES SOCIOLÓGICAS a) Pluralidade de Estados soberanos: o direito internacional existe em razão da pluralidade de Estados soberanos, visto que a existência de apenas um não implicaria na existência do direito internacional. b) Comercio Internacional: havendo comércio entre vários Estados são necessárias normas que regulem as relações existentes. c) Princípios Jurídicos Coincidentes: ou seja, são princípios comuns aos Estados. Exemplo: pacta sunt servanda e boa-fé. 1.3. FATO HISTÓRICO: RELATIVIZAÇÃO DA SOBERANIA ESTATAL A Paz da Westfália, foi um movimento histórico importante, visto que mudou o paradigma da soberania estatal. Em 1948, houve o fim da Guerra dos Trinta anos, reconhecendo a independência da Suíça e Holanda. Ou seja, foi reconhecida a soberania estatal e não admissão de ingerência externa. Mas a soberania continua absoluta? Não, ela é relativizada. Os Estados, ao participarem das reuniões internacionais, se submetem à eventual acordo que venha a ser firmado entre os sujeitos internacionais. Outro fator importante a ser mencionado é a conferência da Paz em Haia, no ano de 1899, que trouxe soluções pacíficas das controvérsias internacionais. É um dos fundamentos da CF/88, solução pacífica dos conflitos (sem guerra). Por fim, após o fim da 1ª Guerra Mundial, os sujeitos internacionais assinaram um tratado de paz, este conhecido como tratado de Versalhes. O objetivo era evitar guerra, mas falhou com a ocorrência da segunda guerra mundial. Assim, após o fim da segunda guerra mundial, os sujeitos internacionais se reuniram e criaram a ONU, que trouxe um novo acordo chamado “Carta de São Francisco”. 2. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO O artigo 38 do Estatuto da CIJ (Corte Internacional de Justiça), que é meramente exemplificativo, dispõe sobre as fontes do Direito Internacional Público. a) Costumes: o costume é a prática reiterada de um determinado comportamento. Esse costume possui dois elementos: I - material; II - subjetivo. I - Material: repetição ao longo do tempo de determinado comportamento. Pode ser uma repetição mediante ação ou omissão. II - Subjetivo: convicção de que assim se procede não sem motivo, mas por ser necessário, justo e jurídico. Extinção do costume: o costume pode chegar ao fim por meio de tratado mais recente que o codifica (se tornando tratado) ou revoga (proíbe); pelo desuso (deixar de praticar reiteradamente); pelo surgimento de um novo costume. b) Princípios Gerais de Direitos: Princípios aceitos pela maioria dos Estados. Ex.: não agressão, solução pacífica de controvérsias entre Estados, autodeterminação dos povos, coexistência pacífica, desarmamento etc. Tendência: ampliação dos princípios, visto que se houver cumprimento, o Estado tende a reforçar ainda mais aquele princípio. c) ATOS UNILATERAIS Legitimidade: Estados (sozinho). Os atos unilaterais são praticados por um Estado sozinho, sendo que o mais comum é o acordo em conjunto. A tomada dessa decisão não pode ferir a moral internacional nem a norma imperativa do DIP (Jus Cogens). Ex.: leis e decretos com que cada estado determina, observados os limites próprios, a extensão de ser mar territorial, o regime de seus portos, ou a navegação de suas águas interiores para estrangeiros. c.1) CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS UNILATERAIS I – Ato tácito: a omissão do outro Estado significa a aceitação deste. Mas, deverão ser observados os seguintes requisitos para entender como aceitação: a) Que o Estado que guarda silêncio conheça o fato; b) O interesse jurídico do Estado no fato; c) A expiração de um prazo razoável (não se sabe qual o prazo). II – Ato expresso: protesto pode ser escrito ou oral. O protesto tem por fim defender os direitos de quem protesta. O protesto evita a criação de uma norma jurídica, mas ele mesmo não cria uma. Denúncia: surge quando um Estado denuncia um tratado e se retira dele (formula: denúncia = tratado {D+T}); Renúncia: ocorre quando um sujeito de direito internacional, voluntariamente abandoa o seu direito. A manifestação de vontade deverá ser inequívoca. (formula: renúncia = direito {R+D}). Reconhecimento: reconhece uma situação já preexistente. Natureza declaratória. d) DECISÕES DA OIs Decisões jurídicas + políticas. d.1) Nomenclatura e eficácia Resoluções, recomendações, declarações, diretrizes. O significado e seus efeitos variam conforme a entidade. Há decisões que se tornam imediatamente obrigatórias para os Estados membros, como é o caso do orçamento. e) JURISPRUDÊNCIAS E DOUTRINA Fontes subsidiárias. A jurisprudência internacional é formada pelas: I – Decisões arbitrárias; II – Decisões judiciárias; III – Pareceres consultivos da CIJ (para alguns autores) Doutrina: dos publicistas mais qualificados das diferentes nações. Segurança do consenso doutrinário. f) ANALOGIA E EQUIDADE Não são propriamente fontes. Não constituem uma maneira pela qual se manifesta a norma jurídica internacional. São métodos de raciocínio jurídico para nortear o julgador. f.1) Analogia: aplicar norma jurídica concebida para a situação semelhante, na falta de regramento que se ajuste ao exato contorno do caso. É utilizada para preencher lacunas do direito. A analogia ainda tem aplicação restrita do DI e não apresenta um papel decisivo. f.2) Equidade: aplicação dos princípios da Justiça a um determinado caso. Necessidade de concordância das partes. Caso contrário, a sentença será nula. A equidade apresenta o perigo de ser uma noção imprecisa, bem como conduzir à arbitrariedade. 3. SUJEITOS INTERNACIONAIS 3.1. Conceito Sujeitos internacionais serão todos aqueles que podem atuar, direta ou indiretamente, no plano internacional. Tem-se, via de regra, que os entes ou entidades que poderão atuar nesse plano são: a) Estados (países); ou b) Organizações Internacionais. 3.1.1. O indivíduo pode ser sujeito do plano internacional? Tem-se, como regra, que somente poderá ser sujeito no direito internacional privado. No plano do Direito Internacional Público, o indivíduo, excepcionalmente, poderá ser sujeito do direito internacional público, direta ou indiretamente, nos Tribunais ou Cortes Internacionais. Por exemplo, poderá ser autor na Corte Europeia de Direitos Humanos. Por exemplo, poderá ser réu no Tribunal Penal Internacional. 3.2. ESTADO O Estado é o sujeito clássico ou originário de Direito Internacional Público, visto que ao possuir povo, território e governo (elementos constitutivos), o Estados detém personalidade para o Direito Internacional Público e poderão exercer os atos permitidos pelo DI. 3.2.1. DOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS a) Povo – é o elemento humano do Estado. Comunidade de indivíduos nacionais (natos ou naturalizados)que habitem permanentemente o território com ânimo definitivo. Importante: povo é diferente de população, visto que no primeiro caso tem-se que é o conjunto de nacionais (natos ou naturalizados). Já segundo caso, é o povo + estrangeiros e apátridas (não possuem nacionalidade). b) Território – é o elemento material do Estado. É a fração do planeta em que o Estado se assenta com sua população, delimitada por faixas de fronteiras formadoras dos limites. c) Governo – é o elemento político do Estado. O governo é aquele capaz de decidir de modo definitivo dentro do território estatal (capacidade de auto-organização). Possui dupla função: I – interna (para o povo e território) e II – externa (âmbito internacional). 3.2.2. RECONHECIMENTO DE ESTADO Para que o Estado exista não é necessário o reconhecimento deste. Assim sendo, o reconhecimento é importante, mas não é essencial. Estado como instituição perene (permanente) e estável. A Carta das Organizações dos Estados americanos, que é o tratado constitutivo da OEA, em seu art. 13, dispõe que o Estado existe independentemente do seu reconhecimento. O art. 14 da mesma carta, dispõe que o reconhecimento significa que o Estado que a outorga aceita a personalidade do novo Estado com todos os direitos e deveres que, para um e outro, determina o direito internacional. 3.2.3. Natureza jurídica do Ato Discricionária: os demais Estados são soberanos ou não para reconhecer outros Estados. Declaratória: reconhece uma situação pré-existente. 3.2.4. ESPÉCIES DE RECONHECIMENTO Expresso: quando o Estado formalmente, através da celebração de um tratado, acaba por reconhecer o outro Estado. Tácito: Ex.: remessa ou envio de diplomatas. Importante: um tratado somente vai reconhecer o Estado se for um reconhecimento mútuo bilateral. Assim sendo, para ingressar como estado membro da ONU, faz necessário a aceitação pela assembleia geral e o conselho de segurança. 3.2.5. RECONHECIMENTO DE GOVERNO Quando há necessidade? a) Independência de um território até então colonial b) Manifestação de fenômeno sucessório c) Crises políticas institucionais ou revoluções: rompimento das relações entre estes Estados até que este volte à normalidade. O não reconhecimento de governo não vigora quando a mudança de governo se dá por eleições diretas. 3.2.6. SUCESSÃO DE ESTADOS Regra: princípio da continuidade dos Estados. - Capacidade jurídica plena e personalidade jurídica originária. Exceção: transformação/sucessão de Estados => essa sucessão dá-se por fusão, desmembramento ou transferência territorial. 3.2.6.1. MODALIDADES DE SUCESSÃO a) Fusão, agregação ou incorporação I – Fusão: tem-se a existência de dois Estados, que se unem para surgimento de um outro Estado A+B = C. II – Na agregação (ou incorporação), tem-se dois Estados vem a ser agregado ao outro Estado, um Estado deixa de existir e é agregado a outro estado. b) Desmembramento: tem-se um Estado que se divide em dois ou mais. c) Transferência Territorial: há parcela de um Estado que vai para outro Estado. 3.2.6.2. DOS EFEITOS JURÍDICOS DA SUCESSÃO Os efeitos jurídicos serão analisados com relação a nacionalidade, dos bens públicos e das dívidas públicas, cada qual sendo analisada individualmente. 3.2.6.2.1. DA NACIONALIDADE Na fusão, quando um ou mais Estados se fusionam a outro, o estado Fusionado adquire nova nacionalidade já que os Estados que foram objeto de fusão “perdem” a nacionalidade deles. Na agregação (incorporação), a empresa que deixou de existir perde a nacionalidade e o Estado remanescente adquire nova nacionalidade. No desmembramento os estados que foram divididos em vários outros, cada qual terá sua nacionalidade. Na transferência territorial, a nacionalidade será a quem foi transferida. 3.2.6.2.2. DOS BENS PÚBLICOS Na fusão, os bens públicos serão direcionados ao estado fusionado. Na agregação (incorporação), os bens públicos ficarão com o Estado remanescente. No desmembramento, os bens públicos ficarão no território respectivo de cada Estado. Na transferência territorial, os bens ficarão para o Estado a quem foi transferido. 3.2.6.2.3. DA DÍVIDAS PÚBLICAS Na fusão, as dívidas ficarão com a empresa fusionada. Na agregação, as dívidas ficarão com a empresa remanescente. No desmembramento a situação é diferente. Aqui é necessário observar o princípio da repartição ponderada da dívida, visto que deverá observar a origem da dívida e dividir a responsabilidade para pagamento do débito. Na transferência territorial se aplica o mesmo princípio. 4. DOS TRATADOS INTERNACIONAIS Primeiramente é necessário saber a classificação dos tratados internacionais. 4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS a) Segundo a qualidade das partes – distingue-se entre tratados concluídos entre Estados, entre Estados e OIs, e entre OIs. b) Segundo o número de partes – a distinção principal: tratados bilaterais e tratados multilaterais. c) Segundo o procedimento – tratados em forma solene e tratados em forma simplificada, aos quais aplicam-se modalidades diferentes de expressão do consentimento. Exemplo de tratado bilateral: tratado de Tordesilhas (1494). 4.2. PROCESSO DE CONCLUSÃO Não é dizer quando o tratado tem seu fim, mas sim quais são os procedimentos até que este possa ocorrer. a) Elaboração, adoção do texto e sua autenticação; b) Decisão do Estado e se submeter ao tratado; c) Notificação internacional dessa decisão; d) Entrada em vigor do tratado, conforme à suas disposições. Importante: o tratado somente será assinado pelo Estado se ele quiser, tendo em vista que o Estado não é obrigado a assinar e dada a sua autonomia. O tratado somente poderá ser concluído pela autoridade competente para a referida conclusão. Por fim, os tratados deverão ser feitos nos conformes da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (CVDT), celebrada em 22 de maio de 1969 e entrou em vigor em 27 de janeiro de 1980. 4.2.1. DA ELABORAÇÃO DO TEXTO - Plenos poderes para negociar – Art. 7º. Plenipotenciário (aquele que detém pleno poder para negociar) (art. 7) – presunção de representatividade: chefe de Estado e dos Ministros das Relações Exteriores. Ver art. 7, §2º. - Negociação No curso da negociação, projetos de texto são submetidos à discussão, que provocam emendas e contra proposições. Sua redação geralmente é feita por experts. 4.2.1.1. ELEMENTOS FORMAIS DO TRATADO Preâmbulo: enumeração das partes e a exposição dos motivos. Por exemplo, o porque o tratado está sendo criado (exposição de motivos). Valor jurídico do preâmbulo: não tem força obrigatória, mas constitui um elemento de interpretação do tratado. Dispositivo: corpo do tratado com caráter jurídico obrigatório. Compreende os artigos, as cláusulas finais e eventualmente os anexos, sendo que estes se referem a disposições técnicas ou complementares relativas a certos artigos do tratado ou ao seu conjunto. Cláusulas finais: se referem somente a certos mecanismos do tratado como o procedimento de emenda, de revisão, modalidades de entrada em vigor, de extensão do tratado a Estados que não fizeram parte da elaboração do texto, duração do tratado, etc. 4.2.1.2. DA ADOÇÃO DO TEXTO | ASSINATURA - Alcance da adoção – A assinatura significa a mera aquiescência do Estado com relação à forma e ao conteúdo final do tratado – indica que este é autêntico e definitivo. - Entretanto, art. 18 => impõe certos direitos e obrigações ao Estado signatário. O alcance dessa disposição deriva do princípio da boa-fé nas relações internacionais. - Art. 24, §4º => mas o tratado, uma vez adotado, tem certos efeitos jurídicos. Suas cláusulas finais são previstas para se aplicar imediatamente. 4.2.1.2.1. MODO DE EXPRESSÃO DO CONSENTIMENTO Conclusão em sua forma simplificada (a CF do próprio Estado que diz isso); O tratado é concluído definitivamente no momentoassinatura; - Assinatura = expressam o seu consentimento. - A ratificação aqui não se faz necessária. A CV 69 confirma a dupla função da assinatura nos arts. 10 e 11. - Não são apreciados pelo Congresso, e o tratamento desses acordos varia com o sistema constitucional em que se manifestam. Conclusão em forma solene – Brasil - Se caracteriza pela dissociação entre a fase da assinatura e a do consentimento – é somente a partir desse 2º ato do Estado que o tratado produz efeitos jurídicos. Art. 14. - Art. 11 – A denominação da expressão do consentimento pode ser variada: ratificação, aceitação, aprovação, acessão. - A ratificação é o ato pelo qual a autoridade estatal mais alta, dotada de competência constitucional, confirma o tratado elaborado por seus plenipotenciários, e se compromete solenemente em nome do Estado a executa-lo. - Cartas de ratificação – processo verbal datado e assinado, e que evita qualquer tipo de contestação posterior. Somente o envio dos instrumentos de ratificação é suscetível de comprometer definitivamente o Estado. - No tocante ao procedimento de ratificação, o DI envia ao direito interno. - Brasil: presidente – Congresso Nacional – Presidente. - Justificativa da ratificação: princípios modernos do direito público que não admitem a delegação de competência + oportunidade de reexaminar o texto antes de se engajar definitivamente. 4.2.1.3. DA ENTRADA EM VIGOR - Art. 24 – possibilidade de escolha de entrada em vigor de um tratado aos negociadores. - Tratados bilaterais => troca dos dois instrumentos de ratificação. - Tratados multilaterais => regra: cláusulas finais ditam certo número de ratificações necessárias. Exceção: unanimidade. 4.2.1.4. PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO - Obrigatoriedade no plano interno. - Poder executivo: “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”. - O poder executivo, após ratificação, promulga o tratado, por meio de decreto do Presidente da República, e publica-o no Diário Oficial da União. 4.3. DAS CONDIÇÕES DE VALIDADE DO TRATADO INTERNACIONAL - Como todos os atos jurídicos, o tratado é nulo em caso de invalidade. 1ª Condição: capacidade das partes. - Sujeitos de DIP: Estados soberanos art. 6º CV, às Organizações internacionais, à Santa Sé e a Outros Entes Internacionais. - As OIs têm sua capacidade limitada pelos próprios fins para os quais foram criadas. 2ª Condição: habitação dos agentes signatários plenipotenciários - Pessoa não habilitada – não tem efeito legal até que o Estado confirme tal ato. - Dispensados dos plenos poderes para a negociação e autenticação dos tratados: os chefes de Estado e de Governo, Ministro das Relações Exteriores chefes de missão diplomática e representantes acreditados pelos Estados. 3ª Condição: Objeto lícito e possível - Caráter objetivo: contradição manifesta entre o conteúdo do tratado e uma regra de direito preexistente, de valor hierarquicamente superior. - Exemplo: pacta sunt servanda e igualdade soberana dos Estados, seriam normas imperativas. - Não contrariar moral internacional nem a jus cogens. Não poderá também existir no Tratado um objeto impossível de ser executado. 4ª Condição: consentimento mútuo - O acordo de vontade entre as partes não deve sofrer nenhum vício. O erro, o dolo e a coação viciam os tratados. a) Erro: é falsa noção sobre alguma coisa, o consentimento foi viciado porque seu autor se enganou, pois pensou que uma coisa era verdade quando não era. b) Dolo: art. 49 => não fornece nenhuma definição de dolo, e por isso é alvo de silêncio da doutrina. 2 elementos: (1) ter sido praticado por uma parte contratante (“fraude de outrem”); (2) seja escusável para a vítima e determinante de seu consentimento. c) Corrupção de representante de um Estado, art. 50 => ex.: acordos de caráter econômico (fornecimento de equipamentos, investimentos). A corrupção, ato ilícito, deveria poder ser imputável ao Estado corruptor, nas condições previstas pelo direito da responsabilidade internacional. d) Coação: conta a pessoa do representante do Estado (art. 51). A ameaça contra a pessoa do representante do Estado anula o Tratado. A coação contra um Estado pelo uso ou ameaça da força é causa de nulidade do tratado, uma vez que tal fato viola a Carta da ONU. Ou ainda, quando a coação é praticada contra o próprio Estado, com a ameaça ou o emprego da força (art. 52). 4.4. DOS EFEITOS DOS TRATADOS - Regra: princípio da relatividade do tratado (art. 34): produz efeitos apenas em relação às partes contratantes. - Descumprimento acarretar responsabilidade internacional para o Estado. - A produção de efeitos apenas em relação às partes contratantes é a regra geral. Entretanto, ela apresenta exceções, a saber: 1ª. Aplicação dos tratados a terceiros Estados com seu consentimento. - Art. 35 – Tratados que criam obrigações para terceiros Estados – aqui o consentimento deve ser expresso. - Art. 36- Tratados que criam direitos para terceiros Estados – presunção de consentimento, que só seria destruída pela manifestação de “indicação contrária”. Ex.: Cláusula da nação mais favorecida. 2ª. Aplicação dos tratados a terceiros Estados sem seu consentimento: - Regimes convencionais oponíveis erga omnes: noção contestada. A última frase do art. 36, §1º, traz essa implicação. Mas, qual é a base jurídica de tais tratados? Crítica. - A oponibilidade dos efeitos de um tratado a terceiros Estados vai contra o voluntarismo clássico e o interestatismo. Admite-se, mesmo que de forma implícita, empírica e fragmentada, a passagem ao superestatismo. 4.5. REVISÃO / EMENDA / MODIFICAÇÃO DE TRATADO INTERNACIONAL - Equilíbrio das obrigações que as partes aceitaram em circunstâncias determinadas. - Evolução da sociedade e das relações entre seus sujeitos – possibilidade de modificar este equilíbrio para adequá-lo a evolução do ambiente internacional. 4.6. TERMINO DE UM TRATADO a) Fim previamente pactuado: quando previsto no tratado o seu fim. Ex.: o tratado valerá até dezembro de 2020. b) Condição resolutiva: países colocam-se em relação a um tratado e combinam que o tratado estará findo quando alguma condição for alcançada. Ex.: Brasil e Argentina usaram o mesmo petróleo até que possam explorar a mesma quantidade diária, quando isto for alcançado, acaba-se o pacto. c) Descumprimento unilateral: dá à parte que cumpriu o tratado, o direito de o considerar findo. Dever de indenizar por conta do ato ilícito permanece. Sanções: represália comercial, embargos, etc. d) Denúncia: um instrumento unilateral através do qual um Estado comunica a outros envolvidos no tratado que não mais cumprirá as suas normas. e) Fim consensual: tratado em vigor pode alcançar o seu fim por vontade das partes que vai ser manifestada durante a vigência do tratado. Ex: extinção da Liga das Nações. f) A extinção da personalidade internacional de uma das partes à um tratado bilateral, ou seja, o desaparecimento completo desta parte enquanto sujeito de DI. g) Impossibilidade de execução: superveniência de uma situação independente da vontade das partes e que torna a execução impossível. Ex.: submersão de ilha, secamento de rio. 4.7. DAS RESERVAS - Apenas para tratados MULTILATERAIS. - Declaração unilateral, qualquer que seja sua redação ou denominação, feita por um Estado, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado. - Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: a) a reserva seja proibida pelo trato; b) o tratado disponha que só possam ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a reserva em questão;c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado. A reserva é apresentada por escrito pelo Poder Executivo. Ser aceita pelas outras partes contratantes. Diferente das DECLARAÇÕES INTERPRETATIVAS, que visam apenas precisar o sentido de uma disposição. Retirada de reserva e retirada de objeção à reserva: livres.
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