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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO 
ELEITORAL
Lei n. 9.504/1997 – Financiamento de 
Campanha
Livro Eletrônico
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Lei n. 9.504/1997 – Financiamento de Campanha
DIREITO ELEITORAL
Sumário
Lei n. 9.504/1997: Financiamento de Campanha, Prestação De Contas e Pesquisa 
Eleitoral . .....................................................................................................................................3
Financiamento de Campanha Eleitoral ....................................................................................3
1.1. Modelos de Financiamento de Campanha Eleitoral . ........................................................5
1.2. Modelo de Financiamento de Campanha Eleitoral Adotado no Brasil . .........................7
1.3. Formalidades para Arrecadação de Recursos . ............................................................ 21
1.4. Fontes Vedadas . ..............................................................................................................24
2. Gastos Eleitorais .................................................................................................................25
2.1. Teto de Gastos Eleitorais . ................................................................................................29
2.2. Termo Final para Arrecadação e Gastos de Campanha . ............................................. 31
3. Prestação de Contas de Campanha ...................................................................................32
3.1. Legitimidade para Apresentação das Contas . ...............................................................32
3.2. Competência para Julgamento das Contas . .................................................................33
3.3. Prazo para Apresentação das Contas Parciais e finais . ..............................................33
3.4. Formas de Prestação de Contas . ...................................................................................34
3.5. Julgamento das Contas . .................................................................................................36
4. Pesquisas Eleitorais . ..........................................................................................................39
5. Enquetes . .............................................................................................................................44
Resumo .....................................................................................................................................46
Questões de Concurso . ...........................................................................................................52
Gabarito . ................................................................................................................................. 66
Gabarito Comentado ................................................................................................................67
Referências ............................................................................................................................. 101
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Lei n. 9.504/1997 – Financiamento de Campanha
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ApresentAção
Querido(a) aluno(a), tudo bem?
Vamos dar continuidade aos estudos da lei n. 9.504/1997, mais conhecida como Lei das 
Eleições, que estabelece as normas gerais para a realização das eleições no País.
Esse texto legal cuida especificamente dos seguintes temas:
• disposições gerais sobre a realização das eleições;
• convenções partidárias;
• coligações;
• registro de candidatura;
• arrecadação de recursos para campanhas eleitorais;
• prestação de contas nas campanhas eleitorais;
• pesquisas eleitorais;
• propaganda eleitoral;
• propaganda intrapartidária;
• sistema eletrônico de votação;
• condutas vedadas a agentes públicos.
Especificamente, na aula de hoje, estudaremos a arrecadação de recursos para campa-
nhas, a prestação de contas nas campanhas eleitorais e as pesquisas eleitorais, incluindo 
nestas as enquetes.
Está preparado(a)?
Vamos lá!
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LEI N. 9.504/1997 – FINANCIAMENTO DE CAMPANHA
FinAnciAmento de cAmpAnhA eleitorAl
O processo eleitoral é, em regra, dispendioso. Salvo raríssimas exceções em que can-
didatos, por motivos diversos, optam por não realizar dispêndio algum. Partidos políticos e 
candidatos arregimentam forças para conseguir a maior quantia possível de recursos para 
poderem divulgar suas ideias e projetos junto ao eleitorado.
Não há dúvidas de que, nesse processo de captação de recursos, o aproveitamento de for-
ma eficaz das fontes de financiamento existentes tornou-se elemento importantíssimo para 
obtenção de êxito no pleito.
No afã de obter recursos cada vez mais numerosos para financiar as campanhas eleito-
rais, os candidatos transformaram as eleições brasileiras nas mais dispendiosas do planeta. 
Jorge, Liberato e Rodrigues (2017), citando dados contidos na ADI n. 4.650, da relatoria do 
Ministro Luiz Fux, DJe de 24/2/2016, consigna que:
Segundo informações constantes do voto condutor da ADI n. 4.650, em 2002 os candidatos gasta-
ram 798 milhões de reais, ao passo que, em 2012, os valores superaram 4.5 bilhões de reais, com 
o aumento de 471% dos gastos.
Esses valores tomaram proporções maiores ainda no pleito de 2014, o mais dispendioso 
da história de nosso país.
Nesse contexto emergiram duas grandes preocupações. De um lado, o valor excessivo 
das campanhas com a captura econômica dos candidatos pelo setor privado, que era à época 
o principal financiador do modelo. Do outro, a necessidade de dar transparência ao modelo, 
com vistas a evitar o uso de caixa dois, bem como subsidiar, em tempo hábil, o eleitor na es-
colha do candidato de sua preferência.
Como será visto nessa aula, para solucionar o primeiro problema, foram tomadas, entre 
outras medidas, a exclusão das pessoas jurídicas como fonte de financiamento das campa-
nhas, o encurtamento das campanhas eleitorais e a determinação de um teto de gastos. Em 
relação à necessidade de transparência do modelo, foram criados procedimentos na presta-
ção de contas como a apresentação de contas parciais e a necessidade de informar à Justiça 
Eleitoral, no prazo de 72 horas, quaisquer doações recebidas.
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Assim, nessa introdução, fixe a ideia de que os recentes movimentos legislativos apon-
tam, principalmente, para o barateamento das campanhas eleitorais e a necessidade de dar 
maior transparência e atualidade ao gasto nela realizado.
1.1. modelos de FinAnciAmento de cAmpAnhA eleitorAl
Existem três modelos de financiamento de campanha eleitoral.
• financiamento exclusivo público;
• financiamento exclusivo privado;
• financiamento misto.
1.1.1. Financiamento Público de Campanha Eleitoral
No modelo de financiamento público de campanha eleitoral, os recursos são provenientes 
exclusivamente do Estado.
José Jairo Gomes (2017, p. 420) afirma que esse modelo, assim como os demais, apre-
senta vantagens e desvantagens:
Em seu favor, argumenta-seque ele contribui decisivamente para a redução da corrupção na ges-
tão estatal, porque os candidatos eleitos deixam de estar à mercê da influência de seus financia-
dores privados. Afirma-se que esse modelo promove a igualdade de oportunidades ou chances no 
certame eleitoral (...). Contra esse modelo, argumenta-se que ele não extinguirá o tráfico privado 
nas campanhas eleitorais, pois o dinheiro privado certamente nelas ingressará por vias tortuosas 
(...).
E mais: afirma-se que, em países em que há graves desníveis sociais, altos índices de analfabe-
tismos, parcos investimentos em saúde e educação, em que as rodovias são “caminhos” embura-
cados, em que a segurança pública é ineficiente e insatisfatória, certamente o dispêndio de verbas 
do erário para financiar campanhas não é algo que em sã e reta consciência se possa considerar 
prioritário.
O modelo brasileiro de financiamento de campanha eleitoral, embora não seja exclusiva-
mente público, é abastecido em grande parte de fontes públicas, como o Fundo Especial de 
Assistência Financeira aos Partidos Políticos – Fundo Partidário, o Fundo Especial de Finan-
ciamento de Campanha – FEFC e o mecanismo de compensação de tributos para a divulga-
ção da propaganda eleitoral.
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1.1.2. Financiamento Privado de Campanha Eleitoral
No financiamento privado de campanha eleitoral, os recursos são provenientes de parti-
culares: pessoas físicas e jurídicas.
Além de poupar os recursos públicos, que podem ser utilizados em áreas prioritárias 
como a saúde, a educação, o transporte e outras, também se aponta a vantagem de que esse 
modelo é a ampliação das possibilidades de captação de recursos, por envolver as pessoas 
físicas e, sobretudo, as pessoas jurídicas, que, em regra, são detentoras de grande parte da 
riqueza em circulação.
Mas é justamente sobre as pessoas jurídicas que recaem as principais críticas daqueles 
que abominam esse modelo. Nesse ponto, José Jairo Gomes (2017, p. 421) informa que:
Contra esse modelo, argumenta-se que pessoa jurídica não detém nem exerce direitos políticos: 
não é cidadã. Por outro lado, em geral, suas doações têm caráter meramente pragmático, cons-
tituindo estratégia para se aproximarem e exercerem influência nos agentes políticos beneficia-
dos (...). De sorte que, uma vez eleito, fica o donatário comprometido com o doador que o apoiou 
concreta e significativamente. (...). Há também o cenário em que os financiadores privados são 
ligados ao crime organizado, hipótese em que o Estado pode se tornar instrumento de facilitação 
de crimes.
Até 2015, o modelo de financiamento de campanha eleitoral adotado no Brasil admitia a 
doação por pessoa jurídica, que podia doar até 2% do faturamento bruto.
Ocorre que o STF, ao julgar a ADI n. 4650, em 19/9/2015, declarou a inconstitucionalidade 
do art. 81 da lei n. 9.504/1997, que autorizava as contribuições de pessoas jurídicas às cam-
panhas eleitorais.
Na verdade, essa declaração de inconstitucionalidade pelo STF alcançou, além do 
art. 81, que cuidava das doações às campanhas eleitorais, os seguintes dispositivos: (i) Lei 
n. 9.504/1997 - art. 23, § 1º, I e II; art. 24; (ii) lei n. 9.096/1995 – art. 31; art. 38, III; art. 39, caput
e § 5º. Nesse contexto, os partidos políticos ficaram privados de qualquer doação de pessoas 
jurídicas, não importando se realizadas para campanhas eleitorais ou para fazer face as suas 
despesas ordinárias.
Logo após essa decisão, em 29/9/2015, o legislador aprovou a lei n. 13.165/2015, que 
incluiu o art. 24-A e o art. 24-B na lei n. 9.504/1997. Esse artigo previa a possibilidade 
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de doações eleitorais por pessoas jurídicas, mas apenas para partidos políticos. No entanto, 
esse dispositivo foi vetado pelo Presidente da República, de modo que atualmente não há 
qualquer possibilidade de pessoas jurídicas efetuarem doações, seja para partidos políticos, 
seja para candidatos.
Essa proibição é tão retumbante que o partido político não poderá sequer transferir para o 
candidato ou utilizar, direta ou indiretamente, nas campanhas eleitorais, recursos que tenham 
sido doados por pessoas jurídicas, quando ainda eram permitidas.
1.1.3. Financiamento Misto de Campanha Eleitoral
No financiamento misto de campanha eleitoral, os recursos são provenientes de particu-
lares e do Estado.
Existem diversas combinações possíveis para esse modelo. É possível encontrá-lo mais 
inclinado ao financiamento privado, admitindo-se a participação de pessoas físicas e jurí-
dicas, como era o modelo brasileiro até pouco tempo, ou, ao contrário, em que se observa a 
tímida participação de particulares e o protagonismo estatal, com a instituição, inclusive, de 
fundos públicos especiais para subsidiar os gastos de campanha eleitoral – modelo atual-
mente adotado no Brasil.
1.2. modelo de FinAnciAmento de cAmpAnhA eleitorAl AdotAdo no 
BrAsil
O Brasil adota o modelo misto de financiamento de campanha eleitoral em que aportam 
recursos públicos e privados.
Os recursos estatais são originários do:
• Fundo Partidário;
• Fundo Especial de Financiamento de Campanha – FEFC;
• Compensação de tributos.
Já os recursos privados são constituídos de:
• Doações financeiras ou estimáveis em dinheiro de pessoas físicas;
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• Comercialização de bens e/ou serviços, ou promoção de eventos de arrecadação re-
alizados diretamente pelo candidato ou pelo partido. Os partidos podem ainda obter 
recursos da locação de bens próprios ou ainda de rendimentos gerados pela aplicação 
de suas disponibilidades.
1.2.1. Recursos Públicos
O art. 79 da lei das Eleições dispõe que o financiamento de campanha eleitoral com recur-
sos públicos será disciplinado em lei específica.
Embora ainda não exista esse normativo específico, a participação estatal no financia-
mento de campanha eleitoral é prevista em diversos dispositivos legais na legislação eleito-
ral, que orientam a transferência de recursos públicos das seguintes fontes:
• Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos - Fundo Partidário;
• Fundo Especial de Financiamento de Campanha – FEFC; e
• Compensação de tributos para a divulgação da propaganda eleitoral.
1.2.1.1. Fundo Partidário
O Fundo Partidário é constituído por dotações públicas e privadas, com vistas a custear 
exclusivamente as atividades dos partidos políticos.
É constituído das seguintes fontes, conforme cita a lei n. 9.906/1995:
Art. 38. O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário) é 
constituído por:
I – multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código Eleitoral e leis conexas;
II – recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter permanente ou eventual;
III – doações de pessoa física ou jurídica*, efetuadas por intermédio de depósitos bancários dire-
tamente na conta do Fundo Partidário;
IV – dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao número de eleitores 
inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da proposta orçamentária, multiplicados por trinta 
e cinco centavos de real, em valores de agosto de 1995.
Conforme informado, não existe mais a possibilidade de pessoas jurídicas fazerem doa-
ções de recursos para partidos políticos.***
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Os recursos públicos que aportam ao Fundo Partidário têm origem nas multas e penali-
dades aplicadas pelo descumprimento das leis eleitorais, tais como as decorrentes da rea-
lização de propaganda eleitoral irregular, da prática de captação ilícita de sufrágio, da reali-
zação de conduta vedada a agente público, entre outros. Ressalta-se, todavia, que as multas 
decorrentes de condenação criminal não se destinam ao Fundo Partidário, mas sim ao Fundo 
Penitenciário Nacional (FUNPEN), conforme pacífica jurisprudência do TSE:
PROCESSO ADMINISTRATIVO. MULTAS ELEITORAIS. DESTINAÇÃO. FUNDO PARTIDÁRIO. 
MULTAS ELEITORAIS DECORRENTES DE CONDENAÇÃO CRIMINAL. FUNDO PENITENCI-
ÁRIO NACIONAL.
As multas decorrentes do descumprimento da legislação eleitoral são destinadas ao 
Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo Partidário), 
salvo aquelas decorrentes de condenação criminal, as quais - por força da LC 79/94 - 
devem compor o Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN).
(PA n. 99643/PB, rel. Min. Nancy Andrighi, DJe de 19.12.2011)
Em acréscimo, o Estado também aporta recursos públicos ao Fundo Partidário por meio 
de dotações orçamentárias da União, previamente aprovadas pelo Congresso Nacional, cujo 
valor é proporcional ao número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao 
da proposta orçamentária.
Os recursos privados, por sua vez, aportam ao Fundo Partidário a partir de doações de 
pessoas físicas feitas por meio de depósitos bancários.
Uma vez constituído, os recursos do Fundo Partidário são distribuídos mensalmente aos 
órgãos nacionais dos partidos políticos, pelo TSE, na forma de duodécimos (1/12), na seguin-
te proporção, conforme preceitua o art. 41-A da Lei n. 9.096/1995:
• 5% distribuídos igualmente aos partidos que atendam aos requisitos constitucionais 
de acesso aos recursos do mencionado Fundo, estabelecidos pela EC 97/2017. Se-
gundo essa emenda, têm direito aos valores as legendas que, na legislatura seguinte 
ao pleito de 2018, obtiveram no mínimo 1,5% dos votos válidos nas eleições para a 
Câmara dos Deputados, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da 
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Federação, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas. Ou as que 
elegeram pelo menos nove deputados federais distribuídos em pelo menos um terço 
das 27 unidades da Federação.
• 95% distribuídos na proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara 
do Deputados.
Os recursos do Fundo Partidário não podem ser utilizados pelos partidos para custear 
qualquer despesa. Sua utilização é expressamente vinculada às atividades do partido e con-
dicionada a ocorrência de uma das hipóteses previstas no art. 44 da lei n. 9.096/1995, entre 
as quais está expressamente previsto o uso dos recursos em campanhas eleitorais, verbis:
Art. 44. Os recursos oriundos do Fundo Partidário serão aplicados:
III – no alistamento e campanhas eleitorais;
Os recursos desse fundo, inclusive recebidos em exercícios anteriores, podem ser utili-
zados pelos partidos para custear campanhas eleitorais, mas somente dos seus candidatos, 
lançados sozinhos ou em coligação. Assim, embora haja a possibilidade de serem destinados 
às campanhas eleitorais recursos provenientes de doações de outros partidos políticos e de 
outros candidatos, isso não é possível se tais valores forem originários do Fundo Partidário.
Os arts. 44, III, da Lei 9.096/95, e 21, caput, da Res.–TSE 23.553 facultam ao partido polí-
tico a utilização de recursos oriundos do Fundo Partidário em campanhas eleitorais, sem es-
pecificar, de modo expresso, se tal destinação estaria limitada ao apoio aos candidatos pró-
prios da legenda ou se abrangeria candidaturas promovidas por outras agremiações. Todavia, 
o art. 17 da citada resolução prevê a possibilidade de serem destinados às campanhas elei-
torais recursos provenientes de doações de outros partidos políticos e de outros candidatos 
(inc. III), assim como valores próprios das agremiações partidárias, inclusive os provenientes 
do citado fundo (inc. V, a). Conforme lição que se extrai do voto proferido pelo Ministro Fer-
nando Neves na Cta n. 773 (Res.–TSE 21.098, DJ de 2.7.2002), “os partidos políticos recebem 
recursos provenientes do Fundo Partidário e estes devem ter a destinação estipulada por lei 
que é a de divulgar as diretrizes e plataformas do partido político e de seus próprios candi-
datos. Não há como registrar, nas prestações de contas, gastos realizados em benefício de 
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candidato ou partido adversário”. (REspe n. 0601193-81/AP, rel. Min. Sérgio Silveira Banhos, 
DJe de 12.12.2019).
Outra importante previsão legal é a de que os partidos políticos, em cada esfera, devem 
destinar ao financiamento de campanhas de suas candidatas no mínimo 30% dos gastos to-
tais contratados nas campanhas eleitorais com recursos do Fundo Partidário.
Assim, se forem gastos R$ 100.000,00 do Fundo Partidário em campanha eleitoral, R$ 
30.000,00, no mínimo, devem ser relacionadas às candidaturas femininas, conforme preceitua 
o art. 19, § 3º, da Res.-TSE n. 23.607/2019. Entretanto, se o número de candidaturas do sexo 
feminino se der em percentual superior ao mínimo de candidatos de cada sexo (ou seja, maior 
que 30%), conforme prescrição contida no art. 10, §3º, da lei n. 9.504/1997, deve o percentual 
de recursos destinados às campanhas femininas corresponder ao percentual de candidatu-
ras de mulheres.
Por fim, a título informativo, dos 35 partidos existentes em 2019, 21 deles preencheram as 
condições estabelecidas pela EC 97 e tiveram acesso aos recursos do Fundo em 2019, cujo 
valor global foi de mais de 900 milhões de reais.
1.2.1.2. Fundo Especial de Financiamento de Campanha – FEFC
O Fundo Especial de Financiamento de Campanha - FEFC é um fundo público destinado 
ao financiamento das campanhas eleitorais dos candidatos, criado pela lei n. 13.487/2017.
Sua criação, segundo os congressistas, decorreu da escassez de recursos para finan-
ciar as campanhas eleitorais, uma vez que a principal fonte – doações de pessoas jurídicas 
– passou a ser vedada, conforme entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, no 
julgamento da ADI n. 4650.
Ao contrário do Fundo Partidário, cujos recursos podem, facultativamente, ser utilizados 
em campanhas eleitorais, o FEFC foi criado exclusivamente para financiar as eleições.
Esse Fundo é constituído de duas fontes de financiamento.
A primeira advém do fim das compensações fiscais promovidas pela União em benefício 
das emissoras comerciais de rádio e TV que transmitiam a extinta propaganda partidária. 
O valor originalmente compensado, calculado em 2016, passou a ser atualizado monetariamente, 
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a cada eleição, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, ou por outro que o 
substituir, consoante dispõe o art. 3º da lei n. 13.487/2017.
Inclusive, o Tribunal Superior Eleitoral foi explícito ao assentar que, “com a ediçãoda lei 
13.487/2017, foi extinta a propaganda partidária a partir de 1/1/2018, ficando os respecti-
vos recursos destinados à composição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha 
(FEFC)”. (PP n. 0600014-33.2017, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 20.3.2018).
A segunda fonte corresponde ao valor de 30% das emendas de bancada estadual de exe-
cução obrigatória.
Constituído o fundo, esses recursos, que para as eleições de 2020 são da ordem de 2,034 
bilhões, devem ser distribuídos, em parcela única, aos diretórios nacionais dos partidos polí-
ticos, observados os seguintes critérios (Lei n. 9.504/1997, art. 16-D):
I – 2% (dois por cento), divididos igualitariamente entre todos os partidos com estatutos registra-
dos no TSE;
II – 35% (trinta e cinco por cento), divididos entre os partidos que tenham pelo menos um represen-
tante na Câmara dos Deputados, na proporção do percentual de votos por eles obtidos na última 
eleição geral para a Câmara dos Deputados;
III – 48% (quarenta e oito por cento), divididos entre os partidos, na proporção do número de repre-
sentantes na Câmara dos Deputados, consideradas as legendas dos titulares; e
IV – 15% (quinze por cento), divididos entre os partidos, na proporção do número de representantes 
no Senado Federal, consideradas as legendas dos titulares.
A transferência para os partidos políticos se dá no mês de junho do ano eleitoral, com o 
depósito dos valores em conta especial gerida pelo Tribunal Superior Eleitoral. Nos quinze 
dias subsequentes, o Tribunal Superior Eleitoral divulga, conforme critérios já informados, 
o valor correspondente que faz jus a cada agremiação.
A transferência efetiva às agremiações, todavia, fica condicionada à apresentação ao 
Tribunal Superior Eleitoral dos critérios estabelecidos para a sua distribuição, os quais de-
vem ser aprovados pela maioria absoluta dos membros do órgão de direção executiva na-
cional do partido e divulgados publicamente, consoante estabelece o art. 16-C, § 7º, da lei 
n. 9.504/1997.
A definição dos critérios é matéria interna corporis do partido. Ademais, eles não discri-
minam o valor que cada parlamentar deve receber, nem mesmo o montante destinado a uma 
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ou outra eleição, no caso de eleições presidenciais e estaduais/federais, que são realizadas 
simultaneamente.
Contudo, a exemplo do que ocorre com os recursos do Fundo Partidário, o Tribunal Superior 
Eleitoral já definiu que, no mínimo, 30% do valor recebido do FEFC devem ser disponibilizados 
para candidaturas femininas, seguindo a lógica adotada no art. 10, § 3º, da lei n. 9.504/1997, 
que cuida da cota de gênero. Quanto maior o percentual de candidaturas femininas, maior o 
valor correspondente. Nesse sentido:
A distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), 
previsto nos artigos 16-C e 16-D, da Lei das Eleições, e do tempo de propaganda eleito-
ral gratuita no rádio e na televisão, regulamentada nos arts. 47 e seguintes do mesmo 
diploma legal, deve observar os percentuais mínimos de candidatura por gênero, nos 
termos do art. 10, § 3º, da Lei n. 9.504/97, na linha da orientação firmada na Suprema 
Corte ao exame da ADI 5617. No caso de percentual superior de candidaturas, impõe-se 
o acréscimo de recursos do FEFC e do tempo de propaganda na mesma proporção. (CTA 
n. 0600252-18, rel. Min. Rosa Weber, DJe de 15.8.2018).
Nessa linha, não podem ser custeadas despesas de candidaturas masculinas com recur-
sos destinados às femininas, sendo, contudo, permitido o pagamento de despesas comuns 
com candidatos do gênero masculino; a transferência ao órgão partidário de verbas destina-
das ao custeio da sua cota-parte em despesas coletivas; outros usos regulares dos recursos 
provenientes da cota de gênero; desde que, em todos os casos, haja benefício para campa-
nhas femininas.
Inexistindo candidatura própria ou em coligação na circunscrição, é vedado o repasse dos 
recursos do FEFC para outros partidos políticos ou candidaturas desses mesmos partidos. 
Ou seja, se em uma eleição federal o partido X não lançar candidato, sozinho ou coligado, 
o valor correspondente à sua cota do FEFC não pode ser redistribuído para os demais.
Por esse motivo, a exemplo do que ocorre com os recursos do Fundo Partidário, também é 
vedado o repasse de recursos do FEFC, dentro ou fora da circunscrição, por partidos políticos 
ou candidatos a outros:
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• não pertencentes à mesma coligação; e/ou
• não coligados.
Nesse sentido, o TSE firmou sua jurisprudência:
A proibição da destinação de recursos públicos para o financiamento da campanha de 
partidos não coligados com a grei doadora não constitui situação nova no entendimento 
do TSE, pois o § 1º do art. 19 da Res.–TSE 23.553 prevê, quanto aos valores distribuídos 
aos diretórios nacionais, que, “inexistindo candidatura própria ou em coligação na cir-
cunscrição, é vedada a distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento 
de Campanha (FEFC) para outros partidos políticos ou candidaturas desses mesmos 
partidos”.
(REspe n. 0601193-81/AP, rel. Min. Sérgio Silveira Banhos, DJe de 12.12.2019)
Os recursos provenientes do FECF que não forem utilizados nas campanhas eleitorais de-
verão ser devolvidos ao Tesouro Nacional, integralmente, por meio de Guia de Recolhimento 
da União (GRU), no momento da apresentação da respectiva prestação de contas, consoante 
estabelece o art. 11 da Res.-TSE n. 23.568/2018.
O emprego ilícito de recursos do FEFC, inclusive na hipótese de desvio de finalidade, sujei-
tará os responsáveis e beneficiários às sanções do art. 30-A da lei n. 9.504/1997 – cassação 
do diploma -, sem prejuízo das demais cominações legais cabíveis, tais como o recolhimento 
ao Tesouro do valor aplicado irregularmente.
1.2.1.3 Compensação de Tributo
Outra fonte de recursos públicos em campanha eleitoral é a compensação fiscal decor-
rente da realização da propaganda eleitoral no rádio e na TV realizada pelos partidos políticos 
no período eleitoral.
Os partidos que cumpram os requisitos constitucionais exigidos no art. 17, § 3º, da Cons-
tituição Federal até 2030 podem realizar este tipo de propaganda no rádio e televisão:
Art. 17, § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à 
televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda 
Constitucional n. 97, de 2017)
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I – obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos 
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois 
por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional n. 97, de 2017)
II – tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço 
das unidades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 97, de 2017)
Na verdade, esses requisitos estão sendo progressivamente exigidosdos partidos, na li-
nha proposta pelo art. 3º, parágrafo único, da EC n. 97, a saber:
Art. 3º, Parágrafo único, I – na legislatura seguinte às eleições de 2018:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 1,5% (um e meio por cento) 
dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um míni-
mo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das 
unidades da Federação;
II – na legislatura seguinte às eleições de 2022:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2% (dois por cento) dos votos 
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% 
(um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das 
unidades da Federação;
III – na legislatura seguinte às eleições de 2026:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2,5% (dois e meio por cento) 
dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um míni-
mo de 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das 
unidades da Federação.
Assim, aqueles partidos que não obtiveram os requisitos mínimos nas eleições de 2018, 
não poderão participar da propaganda eleitoral gratuita nas eleições de 2020 e assim suces-
sivamente.
Muito embora se fale em propaganda eleitoral “gratuita”, na verdade, isso é uma mentira. 
O valor correspondente ao tempo da propaganda eleitoral na carga horária das empresas de 
rádio e TV são pagos por toda a sociedade, na medida em que essas empresas deixam de 
recolher aos cofres públicos valor correspondente à cessão realizada.
Por essa sistemática, há uma transferência imediata e forçosa de recursos de cada con-
tribuinte para financiar a propaganda eleitoral dos candidatos. Tudo, segundo aqueles que 
defendem esse mecanismo, para melhor informar o eleitor sobre as propostas de cada can-
didato.
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Por fim, lembro que não há mais a chamada propaganda partidária no rádio e na televisão, 
que era, por essa mesma sistemática, financiada por toda a sociedade. Apesar disso, como já 
mencionamos há pouco, ela continua sendo financiada pelo cidadão, pois as compensações 
fiscais foram abandonadas em troca da constituição do FEFC.
1.1.2. Recursos Privados
Como o nosso sistema de financiamento é misto, além dos recursos públicos que acaba-
mos de estudar, existem também aportes de recursos privados.
Doações de Pessoas Físicas (terceiros) a Candidatos
As doações de pessoas físicas podem ser em dinheiro ou em bens e/ou serviços esti-
máveis em dinheiro. Não é aceito doações em moedas virtuais, tais como bitcoin, ethereum, 
litecoin, entre outras, consoante dispõe o art. 21, § 6º, da Res.-TSE n. 23.607/2019.
Como informa Olivar Coneglian (2018, p. 166):
Em suma, pode-se doar qualquer coisa que tenha valor: dólar, iên, real, quadro de artista, uso de 
uma linha telefônica por três meses, aluguel do prédio do comitê, pagamento de tantos dias de 
refeição para o pessoal de apoio, pagamento do salário de três serventes, tantos litros de água mi-
neral, tantos litros de combustível, uma bicicleta, aparelho de som do carro de som, o empréstimo 
do carro de som, cinco mil santinhos, três passagens de avião etc.
Os bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro doados por pessoas físicas devem cons-
tituir produto de seu próprio serviço, de suas atividades econômicas e, no caso dos bens, 
devem integrar seu patrimônio. Nessa linha, confira:
Não comprovação de receitas estimáveis (R$ 9.000,00). A ausência de comprovação de 
que o doador do imóvel cedido à campanha era seu proprietário ou seu possuidor viola 
o art. 45, III, da Res.-TSE n. 23.406/2014, que exige comprovação de que o bem integra o 
patrimônio do doador, e dificulta a aferição da origem dos recursos.
(PC n. 977-95/DF, rel. Min. Luís Roberto Barroso, DJe de 16.12.2019)
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As doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro de pessoas físicas a candidatos – do-
ações de terceiros aos candidatos na campanha – ficam limitadas a 10% do faturamento bru-
to obtido pelo doador no ano anterior ao pleito, nos termos do art. 23, § 1º, da lei das Eleições.
A respeito do conceito de faturamento bruto, José Jairo Gomes (2017, p. 432) leciona que:
Por rendimento bruto deve-se compreender todas as rendas ou ganhos auferidos pelo doador, 
tributáveis ou não tributáveis (como os rendimentos isentos – ex: caderneta de poupança); porém 
nesse conceito não se incluem empréstimos.
Caso seja ultrapassado esse limite, o doador fica sujeito a uma representação por doação 
acima do limite legal cuja sanção é o pagamento de multa de 100% da quantia em excesso, 
nos termos do art. 23, §3º, da lei das Eleições.
No cômputo desse limite de 10% não se aplica:
• as doações estimáveis em dinheiro relativas à utilização de bens móveis ou imóveis de 
propriedade do doador ou à prestação de serviços próprios, desde que o valor estimado 
não ultrapasse R$ 40.000,00, nos termos do art. 23, § 7º, da lei das Eleições. Assim, se 
uma pessoa física ceder uma casa de sua propriedade, no valor de R$ 30.000,00, para 
um candidato utilizá-la como seu comitê de campanha, esse valor não será computado 
para fins de cálculo do limite de doação de 10%;
• as doações de pessoas físicas, candidatos ou partidos para custear honorários pela 
prestação de serviços advocatícios e de contabilidade, nos termos do art. 23, § 10, da 
lei das Eleições.
Existe, ainda, a possibilidade de pessoas físicas realizarem doações eleitorais por meio do 
financiamento coletivo, conhecido também como crowdfunding ou vaquinha eletrônica. Essa 
inovação, trazida pela lei n. 13.488/2017, permite que instituições promovam técnicas e ser-
viços de financiamento coletivo por meio de sítios na internet, aplicativos eletrônicos e outros 
recursos similares. A ideia associada a essa modalidade de financiamento é reunir inúmeras 
pessoas para contribuir com as campanhas eleitorais de sua escolha por meio de doações 
realizadas no site de uma plataforma de arrecadação.
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Uma das grandes novidades trazidas por essa forma de doação eleitoral é que ela pode 
ser realizada muito antes do início do período eleitoral, mais precisamente a partir do dia 15 
de maio do ano das eleições, consoante admite o art. 22-A, § 3º, da lei das Eleições.
Mas a liberação de recursos por parte das entidades arrecadadoras fica condicionada à 
formalização do pedido de registro da candidatura, e a realização de despesas de campanha 
deverá observar o calendário eleitoral. Se não for solicitado o registro da candidatura, as en-
tidades arrecadadoras deverão devolver os valores arrecadados aos doadores na forma das 
condições estabelecidas entre a entidade arrecadadora e o pré-candidato.
As doações financeiras em prol das campanhaseleitorais devem ser realizadas observan-
do a redação do art. 23, § 4º, da lei das Eleições, a saber:
• abaixo de R$ 1.064,00, o depósito bancário poderá ser em espécie, desde que identifi-
cado o CPF do doador;
• para valor igual ou superior a R$ 1.064,00, a doação deve ser realizada por transferência 
eletrônica ou cheque cruzado e nominal, a fim de ficar explícito a fonte doadora.
• mecanismo disponível em sítio do candidato, partido ou coligação na internet, permitido 
inclusive o uso de cartão de crédito, desde que seja identificado o doador e emitido o cor-
respondente recibo eleitoral. Vale notar que as instituições financeiras e de pagamento 
não poderão recusar a utilização de cartões de débito e de crédito como meio de doações 
eleitorais de pessoas físicas, conforme redação dada ao art. 23, § 9º, da lei das Eleições.
Essa regra limitativa de depósitos em espécie em valor superior a R$ 1.064,00 deve ser 
observada, inclusive, na hipótese de doações sucessivas realizadas por um mesmo doador 
em um mesmo dia. Assim, é vedado a um mesmo doador, no mesmo dia, fazer, após dois 
depósitos bancários de R$ 500,00 em dinheiro, um terceiro neste mesmo valor, pois o valor 
diário para depósito bancário terá sido ultrapassado.
Destaco que, com a finalidade de apoiar candidato de sua preferência, qualquer eleitor 
pode realizar pessoalmente gastos totais até o valor de R$ 1.064,10 (hum mil e sessenta e 
quatro reais e dez centavos), não sujeitos à contabilização, desde que não reembolsados, nos 
termos do art. 27 da Lei das Eleições.
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Nesse caso, não se trata de doação em dinheiro ao candidato para que este realize despe-
sas, pois, ainda que o valor esteja dentro desse limite, ele não deverá ser contabilizado como 
doação, mas sim no pagamento direto de despesas do candidato pelo cidadão, tais como, 
o salário da recepcionista do comitê do candidato, o valor devido a um cabo eleitoral pelo ser-
viço de distribuição de santinho, o combustível para realização de uma carreata, entre outras.
Além disso, esse valor não poderá ser reembolsado por fonte alguma e não será contabi-
lizado na prestação de contas do candidato, nem na declaração de renda do cidadão.
Cumpre informar, por fim, que não se sujeita a esse limite de 10% o pagamento direto do 
cidadão de honorários decorrentes da prestação de serviços advocatícios e de contabilida-
de, relacionados às campanhas eleitorais e em favor destas, os quais não são considerados 
gastos eleitorais, de modo que o cidadão poderá desembolsar para esses gastos valores sig-
nificativos.
Doações do Próprio Candidato - Recursos Próprios
De acordo com o art. 23, § 2-A, da Lei das Eleições, introduzido pela recentíssima Lei 
13.878/2019, o candidato poderá usar recursos próprios em sua campanha até o total de 10% 
dos limites previstos para gastos de campanha no cargo em que concorrer. (
Desse modo, os candidatos mais ricos não poderão financiar, exclusivamente, com recur-
sos próprios suas campanhas eleitorais, como ocorreu nas eleições de 2018. Naquela opor-
tunidade, o único limite para o uso de recursos próprios era o próprio teto de gastos de cam-
panha. Confira um exemplo didático:
Exemplo: imagine, por hipótese, que fulano é candidato ao cargo de prefeito no pleito de 2020. 
Nos termos da sistemática adotada no art. 18-C da Lei das Eleições (que estudaremos adian-
te), o teto de gastos para o cargo em disputa é de R$ 100.000,00. Nesse caso, fulano somente 
poderá injetar recursos próprios na sua campanha no valor máximo de R$ 10.000,00. O res-
tante, R$ 90.000,00 somente poderá advir de outras fontes, como doações recebidas de ter-
ceiros, de partidos, de outros candidatos, entre outras fontes.
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É preciso que fique claro que a utilização de recursos próprios se constitui, na prática, em 
uma doação do candidato para si mesmo, realizada na conta bancária específica de sua cam-
panha, pela qual transitam obrigatoriamente todos os valores financeiros arrecadados. Nessa 
acepção, essas transferências também se sujeitam as regras estabelecidas no art. 23, § 4º da 
Lei das Eleições, ou seja, doações acima de R$ 1.064,00 devem ser realizadas via transferên-
cia bancária ou cheque nominal cruzado, a fim de possibilitar a identificação da origem dos 
recursos doados.
Os bens próprios do candidato somente podem ser utilizados na campanha eleitoral quan-
do demonstrado que já integravam seu patrimônio em período anterior ao pedido de registro 
da respectiva candidatura.
Os partidos e candidatos podem aportar na campanha eleitoral, a título de recursos pró-
prios, valores obtidos mediante empréstimo junto a instituições bancárias autorizadas a fun-
cionar pelo Banco Central do Brasil.
No caso de candidatos, o art. 16 da Res.-TSE n. 23.607/2019, que cuida da prestação de 
contas de campanha eleitoral, exige que:
• o empréstimo seja realizado mediante caução por bem integrante do seu patrimônio no 
momento do registro de candidatura;
• sua integral quitação em relação aos recursos aplicados em campanha.
Na análise da prestação de contas, o julgador pode determinar que o candidato ou o par-
tido político identifique a origem dos recursos utilizados para a quitação, sob pena de serem 
os recursos considerados de origem não identificada.
Doações de Pessoas Físicas a Partidos Políticos
Outra forma de aporte de recursos privados em campanhas eleitorais é a doação de pessoa 
física realizada diretamente ao partido. Não confunda essa modalidade com as doações de 
pessoas físicas realizadas ao Fundo Partidário que depois financiam campanhas eleitorais. 
No caso em estudo o doador escolhe o partido que será integralmente beneficiado, enquanto 
nas doações realizadas ao Fundo Partidário, o valor é dividido entre todos os beneficiários do 
fundo.
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Contudo, cumpre informar, é vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qual-
quer forma ou pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive 
através de publicidade de qualquer espécie, procedente de pessoas físicas que exerçam fun-
ção ou cargo público de livre nomeação e exoneração, ou cargo ou emprego público tempo-
rário, ressalvados os filiados ao partido político, nos termos do art. 31, V, da Lei n. 9.096/95.
Outros Meios de Financiamento Privado
Existe a possibilidade de partidos/candidatos comercializarem bens e/ou serviços ou 
promover eventos de arrecadação a fim de acumularem recursos próprios para empregarem 
em campanhas eleitorais. Para tanto, o partido ou candidato deve, consoante estabelece o 
art. 30 da Res.-TSE n. 23.607/2019:
Art. 30. Para a comercialização de bens e/ou serviços e/ou a promoção de eventos que se desti-
nem a arrecadar recursos para campanha eleitoral, o partido político ou o candidato deve:
I – comunicar sua realização, formalmente e com antecedência mínima de 5 (cinco) dias úteis, 
à Justiça Eleitoral, que poderá determinar sua fiscalização;
II – manter à disposição da Justiça Eleitoral a documentação necessária à comprovação de sua 
realização e de seus custos, despesas e receita obtida.
Por fim, não podemos esquecer da possibilidade de obtenção de rendimentos próprios 
pelo partido por meio da locaçãode bens próprios e da aplicação de suas disponibilidades.
1.3. FormAlidAdes pArA ArrecAdAção de recursos
À exceção do financiamento coletivo, também conhecido como crowdfunding, em que 
valores para campanhas eleitorais podem ser arrecadados a partir de 15 de maio (mas so-
mente disponibilizados ao candidato após formalizado o pedido de registro), a arrecadação 
de recursos privados somente pode ocorrer após observado, cumulativamente, os seguintes 
passos, nos termos do art. 22-A, § 2º, da Lei das Eleições:
• formalização do pedido de registro de candidatura;
• inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ;
• abertura de conta bancária específica para movimentação financeira da campanha.
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A formalização do pedido de registro pode acontecer logo após a realização da convenção 
partidária, cujo termo inicial é o dia 20 de julho.
Realizado o pedido de registro de candidatura, a Justiça Eleitoral deverá, com base em 
uma relação de números fornecidos pela Secretaria da Receita Federal, disponibilizar, em até 
três dias úteis, o número do CNPJ ao candidato. Os partidos políticos podem usar o número 
de CNPJ que já possuem.
O CNPJ é necessário para viabilizar a próxima etapa do processo: a abertura da conta 
bancária específica para movimentação de recursos financeiros da campanha.
O candidato providenciará, no prazo de até 10 dias da obtenção do CNPJ, a abertura da 
mencionada conta, podendo optar pela abertura de mais de uma. Os partidos, como já pos-
suem CNPJ, poderão realizar a abertura antes mesmo do início do processo eleitoral, tendo o 
prazo máximo vinculado ao final do período de registro de candidatura.
Os candidatos a vice e os suplentes não são obrigados a abrir conta bancária específica, 
mas, se o fizerem, os respectivos extratos bancários deverão compor a prestação de contas 
dos titulares.
Na hipótese de repasse de recursos oriundos do Fundo de Assistência Financeira aos 
Partidos Políticos – Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha 
– FEFC, os partidos políticos e os candidatos devem abrir contas bancárias distintas e espe-
cíficas para o registro da movimentação financeira desses recursos.
A abertura de conta bancária específica independe de o candidato ou partido movimentar 
recursos financeiros. Nesse sentido:
Na linha da jurisprudência deste Tribunal, ainda que desista da candidatura e não realize 
campanha, o candidato deve demonstrar a abertura de conta bancária específica para a 
movimentação financeira e seus extratos bancários, a fim de garantir o efetivo controle 
da Justiça Eleitoral (AgR-REspe n. 3110-61/GO, rel. Min. HENRIQUE NEVES DA SILVA, 
DJe de 18.4.2016).
(REspe n. 2141-55/PR, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe de 23.6.2016)
Nos termos do art. 22, § 2º, da Lei das Eleições, os candidatos a vice e os concorrentes 
ao cargo de Prefeito e Vereador em municípios onde não haja agência bancária ou posto de 
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atendimento bancário estão dispensados dessa obrigação. Embora não haja previsão legal, 
a jurisprudência do TSE, espelhada no art. 8º, § 4, II, da Res.-TSE n. 23.607/2019, excepciona 
também o candidato que renunciou ao registro, desistiu da candidatura, teve o registro inde-
ferido ou foi substituído antes do fim do prazo de 10 (dez) dias a contar da emissão do CNPJ 
de campanha, desde que não haja indícios de arrecadação de recursos e realização de gastos 
eleitorais.
Realizado todos esses procedimentos, o candidato está apto a receber doações financei-
ras, cuja comprovação junto à Justiça Eleitoral se dá com o registro da transação no extrato 
bancário da conta específica de campanha, consoante estabelece o art. 23, § 4º-A, da Lei das 
Eleições.
Quanto ao recebimento de doações de recursos estimáveis em dinheiro ou via internet, 
exige-se ainda do candidato que ele obtenha na página da Justiça Eleitoral, Sistema de Pres-
tação de Contas Eleitorais, os recibos eleitorais, os quais serão emitidos a cada doação rece-
bida. Nesses recibos, constará a observação de que a doação acima do limite legal de 10% do 
faturamento bruto poderá gerar a aplicação de multa de até 100% do valor em excesso.
Porém, é facultada a emissão de recibo eleitoral, pois não é exigível a comprovação do 
gasto, sendo exigível apenas o registro na prestação de contas, nos seguintes casos:
Art. 28, § 6º Ficam também dispensadas de comprovação na prestação de contas:
I – a cessão de bens móveis, limitada ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa cedente;
II – doações estimáveis em dinheiro entre candidatos e partidos políticos decorrentes do uso co-
mum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá ser registrado 
na prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa; e
III – cessão de automóvel de propriedade do candidato, do cônjuge e de seus parentes até o tercei-
ro grau para seu uso pessoal durante a campanha.
Na hipótese de arrecadação de campanha realizada pelo vice ou pelo suplente, devem ser 
utilizados os recibos eleitorais do titular.
Na conta bancária específica, transitará toda a movimentação financeira da campanha, 
inclusive as doações realizadas pelo candidato em prol de sua campanha, os chamados re-
cursos próprios.
Caso o candidato não cumpra essa determinação legal e faça a movimentação financeira 
da campanha sem o registro bancário na conta específica, sua prestação de contas será 
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desaprovada pela Justiça Eleitoral, conforme exige o art. 22, § 3º, da Lei das Eleições. Subli-
nho que a Súmula 6 do TSE, que continha afirmação em contrário, foi revogada em 2002.
1.4. Fontes VedAdAs
Conforme vimos ao falar das fontes privadas de financiamento, os partidos e candidatos 
não podem receber doações de pessoas jurídicas, tampouco utilizar em campanhas eleitorais 
recursos delas provenientes quando tal prática era ainda permitida. A atual redação do art. 24 
da Lei das Eleições informa que:
Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou 
estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de:
I – entidade ou governo estrangeiro;
II – órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos provenien-
tes do Poder Público;
III – concessionário ou permissionário de serviço público;
IV – entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição compulsória 
em virtude de disposição legal;
V – entidade de utilidade pública;
VI – entidade de classe ou sindical;
VII – pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior.
VIII – entidades beneficentes e religiosas;
IX – entidades esportivas que recebam recursos públicos;
IX – entidades esportivas;
X – organizações não governamentais (sic) que recebam recursos públicos;
XI – organizações da sociedade civil de interesse público.
Note que elenco do art. 24 da Lei das Eleições se tornou repetitivo. O detalhamento da 
forma como consta na norma é desnecessário, pois, sendo pessoa jurídica, seja qual for sua 
natureza, esta não poderá doar para as campanhas eleitorais.
Nos termos do art. 31 da Res.-TSE n. 23.607/2019, são ainda fontes vedadas os recursosprovenientes de:
• origem estrangeira (pessoa física ou jurídica), sendo que neste caso, a ilicitude não de-
pende da nacionalidade do doador, mas da procedência dos recursos doados.
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• pessoa física que exerça atividade comercial decorrente de concessão ou permissão, 
como, por exemplo, um taxista que exerce a profissão por meio de uma permissão pú-
blica. Essa vedação não impede o uso de recursos próprios por candidato que ostente 
esta condição.
O recurso recebido por candidato ou partido oriundo de fontes vedadas deve ser imedia-
tamente devolvido ao doador, sendo vedada sua utilização ou aplicação financeira.
Na impossibilidade de devolução dos recursos ao doador pelo desconhecimento da ori-
gem, o prestador de contas deve providenciar imediatamente a transferência dos recursos 
recebidos ao Tesouro Nacional, por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU).
A transferência de recurso recebido de fonte vedada para outro órgão partidário ou can-
didato não isenta o donatário da obrigação de devolver ao doador ou recolher ao Tesouro 
Nacional a quantia irregular.
O beneficiário de transferência cuja origem seja considerada fonte vedada pela Justiça 
Eleitoral responde solidariamente pela irregularidade, e as consequências serão aferidas por 
ocasião do julgamento das respectivas contas.
2. GAstos eleitorAis
O art. 26 da Lei das Eleições apresenta um rol exemplificativo daquilo que pode ser con-
siderado gasto eleitoral e, portanto, ser custeado com recursos arrecadados na campanha, 
a saber:
Art. 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta Lei: (Re-
dação dada pela Lei n. 11.300, de 2006)
I – confecção de material impresso de qualquer natureza e tamanho, observado o disposto no 
§ 3º do art. 38 desta Lei; (Redação dada pela Lei n. 12.891, de 2013)
II – propaganda e publicidade direta ou indireta, por qualquer meio de divulgação, destinada a 
conquistar votos;
III – aluguel de locais para a promoção de atos de campanha eleitoral;
IV – despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço das candi-
daturas, observadas as exceções previstas no § 3º deste artigo. (Redação dada pela Lei n. 13.488, 
de 2017)
V – correspondência e despesas postais;
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VI – despesas de instalação, organização e funcionamento de Comitês e serviços necessários às 
eleições;
VII – remuneração ou gratificação de qualquer espécie a pessoal que preste serviços às candida-
turas ou aos comitês eleitorais;
VIII – montagem e operação de carros de som, de propaganda e assemelhados;
IX – a realização de comícios ou eventos destinados à promoção de candidatura; (Redação dada 
pela Lei n. 11.300, de 2006)
X – produção de programas de rádio, televisão ou vídeo, inclusive os destinados à propaganda 
gratuita;
XI – revogado
XII – Realização de pesquisas ou testes pré-eleitorais;
XIII – revogado
XIV – revogado
XV – custos com a criação e inclusão de sítios na internet e com o impulsionamento de conteúdos 
contratados diretamente com provedor da aplicação de internet com sede e foro no País; (Redação 
dada pela Lei n. 13.488, de 2017)
XVI – multas aplicadas, até as eleições, aos candidatos e partidos políticos por infração do dispos-
to na legislação eleitoral; 
XVII – produção de jingles, vinhetas e slogans para propaganda eleitoral.
No que se refere aos incisos revogados do art. 26 da Lei das Eleições, cumpre informar o 
seguinte:
• o inciso XI admitia o pagamento de cachê de artistas ou animadores de eventos re-
lacionados a campanha eleitoral. Esses pagamentos eram realizados pelos serviços 
prestados nos chamados showmícios eleitorais, proibidos pelo art. 39, § 7º, da Lei das 
Eleições;
• o inciso XII previa a confecção, aquisição e distribuição de camisetas, chaveiros e ou-
tros brindes de campanha. Todavia, essa prática foi expressamente vedada pela Lei 
n. 11.300/2006, que introduziu o § 6º, no art. 39 da Lei das Eleições;
• o inciso XIV afirmava a possibilidade de aluguel de bens particulares para veiculação, 
por qualquer meio, de propaganda eleitoral. Todavia, não se pode mais pagar pelo es-
paço, em bens particulares, cedidos para a realização de propaganda eleitoral, conso-
ante informa o art. 37, § 8º, da Lei das Eleições.
Faz-se necessário, ainda, tecer alguns comentários sobre os seguintes incisos:
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• o inciso I faz alusão ao art. 38, § 3º, que consigna que os adesivos poderão ter a dimen-
são máxima de 50 X 40 centímetros;
• o inciso IV excepciona os gastos do § 3º, de modo que nem toda despesa de transporte 
ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço da candidatura é considerado 
gasto eleitoral, como veremos logo a seguir;
• o inciso VII admite como gasto eleitoral, entre outros gastos, o pagamento dos serviços 
de cabos eleitorais. Neste caso, o art. 100-A da Lei das Eleições é expresso em afirmar 
que inexiste vínculo empregatício entre as pessoas contratadas para prestação de ser-
viços nas campanhas eleitorais e o candidato ou o partido contratante.
• os gastos de impulsionamento a que se refere o inciso XV são aqueles efetivamente 
prestados, devendo eventuais créditos contratados e não utilizados até o final da cam-
panha serem transferidos como sobras de campanha: (i) ao Tesouro Nacional se uti-
lizados recursos do FEFC; (ii) ao partido político, via conta Fundo Partidário ou Outros 
Recursos, a depender da origem dos recursos;
• apesar do inciso XVI incluir nos gastos eleitorais multas aplicadas a partidos e candi-
datos por infração à legislação eleitoral, José Jairo Gomes (2017, p. 442) nos lembra 
“que não se admite o uso de recursos do Fundo Partidário para sua quitação”. Acres-
centamos que também os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha 
– FEFC não podem ser utilizados para essa finalidade
O § 1º, do art. 26, da Lei das Eleições estabelece ainda parâmetros a serem observados no 
custeio de gastos eleitorais, quais sejam:
Art. 26, § 1º São estabelecidos os seguintes limites com relação ao total do gasto da campa-
nha:(Redação dada pela Lei n. 13.488, de 2017)
I – alimentação do pessoal que presta serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais: 10% 
(dez por cento); (Incluído pela Lei n. 12.891, de 2013)
II – aluguel de veículos automotores: 20% (vinte por cento). (Incluído pela Lei n. 12.891, de 2013)
Entre as despesas consideradas gastos eleitorais e não listadas expressamente no art. 26, 
destaca-se as realizadas com consultoria, assessoria e pagamento de honorários realizadas 
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em decorrência da prestação de serviços advocatícios e de contabilidade no curso das cam-
panhas eleitorais, as quais, diferente das demais, serão excluídas do limite de gastos de cam-
panha (matéria que estudaremos mais a frente), conforme previu a recentíssima Lei n. 13.877, 
de 2019), bem como as doações para outros partidos políticos ou outros candidatos.
É necessário destacar também que, com a finalidade de apoiar candidato de sua prefe-
rência, qualquer eleitor pode realizar pessoalmente gastos totais até o valor de R$ 1.064,10, 
não sujeitos à contabilização e desde que não reembolsados, nos termos do art. 27 da Lei das 
Eleições
Por outro lado, não são consideradas gastos eleitorais, não se sujeitam à prestação de 
contas e não podem ser pagas com recursos da campanha as seguintes despesas de nature-
za pessoal do candidato, conforme § 3º do art. 26 da Lei das Eleições:
Art. 26, § 3º Não são consideradas gastos eleitorais nem se sujeitam a prestação de contas as 
seguintes despesas de natureza pessoal do candidato:
a) combustível e manutenção de veículo automotor usado pelo candidato na campanha;
b) remuneração, alimentação e hospedagem do condutor do veículo a que se refere à alínea “a” 
deste parágrafo;
c) alimentação e hospedagem própria;
d) uso de linhas telefônicas registradas em seu nome como pessoa física, até o limite de três linhas.
Também não são considerados gastos eleitorais as multas aplicadas por propaganda 
antecipada, as quais deverão ser arcadas pelos responsáveis, ainda que aplicadas a quem 
venha a se tornar candidato, conforme determina o art. 37, parágrafo único da Res.-TSE 
n. 23.607/2019.
Em regra, os recursos arrecadados durante a campanha devem ser gastos no período 
eleitoral.
Esses gastos se efetivam na data da sua contratação, independentemente da realização 
do seu pagamento, e devem ser registrados na prestação de contas no ato da sua contrata-
ção.
A realização de gastos eleitorais somente pode ocorrer a partir da data da convenção par-
tidária e desde que o candidato ou partido já tenha procedido, cumulativamente, ao pedido de 
registro de candidatura e à abertura de conta bancária específica de campanha.
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Contudo, excepciona-se os gastos destinados à preparação da campanha e à instalação 
física ou de página de internet de comitês de campanha de candidatos e de partidos políticos, 
que poderão ser contratados a partir da data efetiva da realização da respectiva convenção 
partidária, desde que o desembolso financeiro ocorra apenas depois da abertura da conta 
bancária específica de campanha, ou no caso de doações estimáveis em dinheiro, da emissão 
de recibos eleitorais, consoante estabelece o art. 36, § 2º, da Res.-TSE n. 23.607/2019.
Os gastos de natureza financeira somente podem ser realizados mediante cheque nomi-
nal ou transferência bancária. Excepciona-se somente as despesas individuais de pequeno 
valor que podem ser pagas em espécies pelo chamado fundo de caixa – pequena reserva em 
dinheiro que o partido pode manter ao longo da campanha. Apesar disso, todas essas despe-
sas devem ser contabilizadas na prestação de contas.
2.1. teto de GAstos eleitorAis
Até as eleições de 2014, o teto de gastos era regulado pelo o art. 17-A da Lei das Eleições, 
hoje já revogado. Segundo esse dispositivo legal derrogado,
A cada eleição caberia à lei, observadas as peculiaridades locais, fixar até o dia 10 de junho de cada 
ano eleitoral o limite dos gastos de campanha para os cargos em disputa; não sendo editada lei até 
a data estabelecida, caberá a cada partido político fixar o limite de gastos, comunicando à Justiça 
Eleitoral, que dará a essas informações ampla publicidade.
Considerando a inexistência da referida lei, na prática, o partido, no momento do registro 
da candidatura, arbitrava o valor máximo da campanha, podendo, ao longo do processo elei-
toral, modificá-lo, desde que justificadamente.
A fim de primar pela igualdade de chances entre os candidatos, evitar a captura do 
candidato pelo poder econômico e, principalmente, diminuir os gastos de campanha, a Lei 
n. 13.165/2015 decidiu estabelecer parâmetros para definição de tetos máximos de gastos de 
campanha para cada cargo, os quais deveriam ser observados nas eleições de 2016. Nesse 
sentido, confira:
A imposição de um limite de gastos de campanha uniforme para todos os candidatos para 
cada cargo em disputa foi novidade introduzida pela Lei n. 13.165/2015, aplicada a partir das 
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Eleições de 2016. Até então, vigorava um sistema de autorregulação de gastos eleitorais, no 
qual os próprios partidos políticos fixavam os limites a que seus candidatos estariam sujei-
tos.
A partir dessa alteração legislativa, os limites de gastos de campanha, regulados pelo 
art. 18 da Lei n. 9.504/1997, passaram a desempenhar o relevantíssimo papel de asse-
gurar a paridade de armas entre os candidatos, evitando que candidatos mais ricos ou 
com maior acesso a recursos financeiros fiquem em posição de vantagem em relação 
aos demais competidores. Além disso, trata-se de medida eficaz para frear a escalada 
dos custos de campanha.
(REspe n. 751-46/RN, rel. Min. Admar Gonzaga, DJe de 3.8.2018)
Segundo esse normativo, o Tribunal Superior Eleitoral seria o responsável pela fixação dos 
valores máximos, observados os parâmetros estabelecidos em lei específica, que, no caso, 
foram veiculados, em artigos autônomos, na própria Lei n. 13.165/2015.
Para as eleições de 2018, essa sistemática foi novamente alterada. Nos termos da nova 
redação dada pela Lei n. 13.488/2017 ao art. 18 da Lei das Eleições, a definição dos limites de 
gastos passou a ser de competência do Poder Legislativo, cabendo ao TSE apenas divulgá-
-los. Na própria Lei n. 13.488/2017, art. 5º ao 7º, esses limites máximos foram estabelecidos, 
mas ficou expresso que tais valores somente valeriam para o pleito de 2018, estando esses 
artigos já revogados pela Lei n. 13.488/2017.
Considerando a proximidade das eleições municipais e a necessidade de fixação de um 
teto de gastos para o pleito, o legislador editou a Lei n. 13.878/2019, que introduziu o art. 18-C 
na Lei das Eleições, cuja redação é a seguinte:
Art. 18-C. O limite de gastos nas campanhas dos candidatos às eleições para prefeito e vereador, 
na respectiva circunscrição, será equivalente ao limite para os respectivos cargos nas eleições de 
2016, atualizado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aferido pela Funda-
ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou por índice que o substituir.
Parágrafo único. Nas campanhas para segundo turno das eleições para prefeito, onde houver, 
o limite de gastos de cada candidato será de 40% (quarenta por cento) do limite previsto no 
caput deste artigo.
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Os candidatos devem contabilizar nos limites de gastos de campanha suas despesas e as 
efetuadas pelos partidos que puderem ser individualizadas, incluindo:
• o total dos gastos de campanha contratados pelos candidatos;
• as transferências financeiras efetuadas para outros partidos políticos ou outros 
candidatos; e
• as doações estimáveis em dinheiro recebidas.
Excetua-se para fins de apuração desse limite - embora sejam considerados gastos elei-
torais - as despesas com consultoria, assessoria e pagamento de honorários realizadas em 
decorrência da prestação de serviços advocatícios e de contabilidade no curso das campa-
nhas eleitorais.
Consoante estabelece o art. 31 da Lei das Eleições, caso as doações de pessoas físicas 
a candidatos, somadas aos recursos públicos, excedam o limite de gastos permitido para a 
respectiva campanha – as chamadas sobras de campanha -, o candidato deve abster-se de 
apropriar-se do excedente, conforme já mencionamos. Ao revés, deve, após o trânsito em 
julgado da decisão sobre a prestação de contas, transferir o valor excedente para o órgão 
diretivo do partido na circunscrição.
2.2. termo FinAl pArA ArrecAdAção e GAstos de cAmpAnhA
Os candidatos e partidos políticos podem arrecadar recursos e contrair obrigações até o 
dia da eleição. Após essa data, é permitida a arrecadação de recursos exclusivamente para a 
quitação de despesas já contraídas e não pagas até o dia da eleição, as quais deverão estar 
integralmente quitadas até o prazo de entrega da prestação de contas à Justiça Eleitoral.
Eventuais débitos de campanha não quitados até a data fixada para a apresentação da 
prestação de contas podem ser assumidos, de forma solidária, pelo partido político, conforme 
preconiza o art. 29, § 3º, da Lei das Eleições.
A assunção da dívida de campanha exige a anuência do órgão nacional de direção parti-
dária, com apresentação, no ato da prestação de contas final, de:
• acordo expressamente formalizado, no qual deverão constar a origem e o valor da obri-
gação assumida, os dados e a anuência do credor;
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• cronograma de pagamento e quitação que não ultrapasse o prazo fixado para a presta-
ção de contas da eleição subsequente para o mesmo cargo;
• indicação da fonte dos recursos que serão utilizados para a quitação do débito 
assumido.
Nesse ponto, José Jairo Gomes esclarece que:
A assunção de dívida é do tipo cumulativa. Nesta, diferentemente do que ocorre na assunção libe-
ratória ou privativa, não fica o devedor-cedente liberado da obrigação para com o credor-cedido, 
apenas incrementa-se o polo passivo da obrigação, que é reforçado com o ingresso do partido.
3. prestAção de contAs de cAmpAnhA
Existem duas espécies de prestação de contas: as prestações de contas de exercício fi-
nanceiro dos partidos políticos e as de campanha. Aqui vamos tratar apenas dessas últimas.
Segundo José Jairo Gomes (2017, p. 446) a prestação de contas: “constitui o instrumento 
oficial que permite a realização de contrastes e avaliações, bem como a fiscalização e o con-
trole das campanhas eleitorais.”
Esse controle das contas dos partidos e candidatos é de fundamental importância para 
prevenir o abuso de poder econômico e garantir maior transparência do gasto eleitoral, so-
bretudo porque sua quase totalidade é oriundo dos cofres públicos, a saber Fundo Partidário 
e Fundo Especial de Financiamento de campanha. Acrescenta José Jairo Gomes (2017, P. 
446) que:
Nessa seara, impõe-se a transparência absoluta, pois em jogo encontra-se o legítimo exercício 
de mandatos e consequentemente do poder estatal. Sem isso, não é possível o exercício pleno da 
cidadania, já que se subtrairiam do cidadão informações essenciais para a formação de sua cons-
ciência político-moral, relevantes sobretudo para que ele aprecie a estatura ético-moral de seus 
representantes e até mesmo para exercer o sacrossanto direito do sufrágio.
Nesse sentido, o art. 103 da Res.-TSE n. 23.607/2019 dispõe que os processos de pres-
tação de contas são públicos e podem ser consultados por qualquer interessado. Tudo com 
a finalidade de reforçar a ideia de transparência que dever permear as prestações de contas 
de campanha
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3.1. leGitimidAde pArA ApresentAção dAs contAs
Antes da Lei n. 13.165/2015, além de candidatos e partidos, existia a figura do Comitê Fi-
nanceiro de Campanha, órgão que existia temporariamente para concentrar a arrecadação e 
gastos de recursos das campanhas eleitorais e que, por esta razão, era obrigado a apresentar 
contas à Justiça Eleitoral.
Atualmente, essa figura jurídica não mais subsiste, de modo que devem prestar contas, 
pelo Sistema de Prestação de Contas Eleitoral – SPCE – apenas os candidatos e os órgãos 
partidários nacionais, estaduais, distritais e municipais, ainda que constituídos sob forma 
provisória.
As coligações partidárias, embora representem, durante o período eleitoral, os partidos 
que a compõe, não prestam contas à Justiça Eleitoral, cabendo essa atribuição às agremia-
ções individualmente.
3.2. competênciA pArA JulGAmento dAs contAs
A competência originária para julgar as contas é do:
• Juiz Eleitoral, nas eleições municipais;
• Tribunal Regional Eleitoral, nas eleições federais/estaduais;
• Tribunal Superior Eleitoral, nas eleições presidenciais.
3.3. prAzo pArA ApresentAção dAs contAs pArciAis e FinAis
Com o objetivo de dar maior transparência ao gasto eleitoral e possibilitar a identificação 
em tempo real de eventuais irregularidades nas prestações de contas, o art. 28, § 4º, da Lei 
das Eleições, com redação dada pela Lei n. 13.165/2015, determina que partidos e candidatos 
apresentem, em sítio criado pela Justiça Eleitoral especificamente para esse fim:
• os recursos em dinheiro recebidos para financiamento de sua campanha eleitoral, em 
até 72 horas de seu recebimento;
• no dia 15 de setembro do ano eleitoral, relatório discriminando as transferências do 
Fundo Partidário, os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro recebidos, bem 
como os gastos realizados, as chamadas contas parciais de campanha.
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Lei n. 9.504/1997 – Financiamento de Campanha
DIREITO ELEITORAL
Ao final, os candidatos e os partidos políticos têm até 30 dias, contados da realização das 
eleições, para apresentarem contas à Justiça Eleitoral.
Na hipótese de o candidato ou partido participar do 2º turno, o prazo é de 20 dias conta-
dos deste. Neste caso, não precisa haver a apresentação exclusiva das contas relativas ao 
primeiro turno. O prestador pode apresentar, ao final, as contas referentes aos dois turnos.
O art. 30, § 1º, da Lei das Eleições impõe à Justiça Eleitoral que julgue e publique a decisão 
sobre as contas dos eleitos em sessão plenária até três dias antes da diplomação.
Na hipótese de não apresentação das contas pelo partido ou candidato, este fica impedi-
do de ser diplomado, ou seja, não poderá exercer o mandato para o qual foi eleito, nos termos 
do art. 29, § 2º, da Lei das Eleições.
Destaco que, ainda que as contas sejam desaprovadas, a simples apresentação é sufi-
ciente para garantir a expedição do diploma ao candidato eleito.

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