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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO
ELEITORAL
Conceito, Fonte e Princípios
Livro Eletrônico
2 de 68https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
Sumário
Apresentação . ............................................................................................................................3
Conceito, Fonte e Princípios . ....................................................................................................5
1. Conceito de Direito Eleitoral . ................................................................................................5
2. Fontes do Direito Eleitoral . ..................................................................................................7
2.1. Fontes Materiais .................................................................................................................8
2.2. Fontes Formais ..................................................................................................................8
2.3. Fontes Diretas .................................................................................................................. 18
2.4. Fontes Indiretas . ............................................................................................................. 18
3. Princípios Eleitorais . ........................................................................................................... 19
3.1. Princípios de Direito Eleitoral Material . ....................................................................... 20
3.2. Princípios de Direito Processual Aplicados à Seara Eleitoral . ...................................36
Resumo ..................................................................................................................................... 41
Questões de Concurso . ...........................................................................................................47
Gabarito ....................................................................................................................................53
Gabarito Comentado ................................................................................................................54
Referências . .............................................................................................................................65
***
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C
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SO
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divisão
de custos
ClIqUe PaRa InTeRaGiR
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https://bit.ly/2YPHtuM
https://bit.ly/2Bn5D7P
mailto:materialconcursosone@gmail.com?subject=Oi.%20Desejo%20informa%C3%A7%C3%B5es%20sobre
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
ApresentAção
Querido(a) aluno(a), tudo bem?
Em nossa aula de hoje, trataremos do Direito Eleitoral, seu conceito, suas fontes e os prin-
cipais princípios do Direito Eleitoral. Especificamente, na parte das fontes do Direito Eleitoral, 
veremos que há um certo dissenso entre as bancas examinadoras.
Trataremos dos principais aspectos sobre as principais fontes do Direito Eleitoral, as 
quais, rapidamente, podemos listar: a Constituição Federal, o Código Eleitoral, a Lei das Elei-
ções, a Lei dos Partidos Políticos, a Lei sobre o Transporte Gratuito de Eleitores.
Na parte dos princípios, inicialmente, trataremos sobre os princípios materiais do Direito 
Eleitoral e, em seguida, os princípios aplicáveis aos processos eleitorais.
Os princípios eleitorais estão em sua grande maioria no texto constitucional, nos arts. 14 
a 16 e arts. 118 a 121. Além disso, há princípios eleitorais previstos no Código Eleitoral, na Lei 
das Eleições, na Lei dos Partidos Políticos, por exemplo.
Assim, nessa aula, estudaremos os seguintes princípios:
• Princípios materiais eleitorais:
a) Princípio da Democracia;
b) Princípio do Sufrágio Universal;
c) Princípio da Moralidade Eleitoral;
d) Princípio da liberdade do voto;
e) Princípio da Lisura e Legitimidade do Pleito;
f) Princípio do Aproveitamento do Voto;
g) Princípio da Anterioridade Eleitoral;
h) Princípio da Segurança Jurídica Eleitoral;
i) Princípio da Democracia Partidária;
j) Princípio da Liberdade da Organização Partidária;
k) Princípio da Fidelidade Partidária.
• Princípios de Direito Processual aplicados à seara Eleitoral:
a) Princípio da Celeridade;
b) Princípio da Razoável Duração do Processo;
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Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
c) Princípio da Instrumentalidade das Formas;
d) Princípio da Primazia do Mérito;
e) Princípio do Duplo Grau de Jurisdição;
f) Princípio da Fungibilidade Recursal;
g) Princípio da Singularidade, Unirrecoribilidade, ou Unicidade.
Enfim, temos muita coisa para conversar ao longo de nossa aula de hoje, mas preciso, 
ainda, fazer um esclarecimento.
Essa parte do conteúdo de Direito Eleitoral não é muito cobrado em provas de concursos 
públicos, motivo pelo qual selecionaremos as principais questões dos principais concursos 
sobre esses temas. Entretanto, não haverá mais de cinquenta questões disponíveis.
Além disso, vamos, em especial na parte dos princípios, sempre que possível, mostrare-
mos qual a visão ou o entendimento do TSE sobre a aplicação deles diante de alguns casos 
concretos e a quais conclusões chegou a corte eleitoral. Com isso, veremos quais os efeitos 
e as consequências da incidência desses princípios.
Vamos lá!
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Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
CONCEITO, FONTE E PRINCÍPIOS
1. ConCeito de direito eleitorAl
Para Joel José Cândido (2006, p. 23) Direito Eleitoral é:
O ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com os direitos políticos e das elei-
ções, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares de mandatos eletivos e das 
instituições de Estado.
Na mesma linha, José Jairo Gomes (2012, p. 19) assim o define:
Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, as normas e os proce-
dimentos regularizadores dos direitos políticos. Normatiza o exercício do sufrágio com vistas à 
concretização da soberania popular.
De pronto, nota-se que o Direito Eleitoral é um ramo do Direito Público, ou seja, cuida da 
relação dos particulares com o Estado, este no exercício do seu poder soberano.
Dirige-se precipuamente a regular os chamados direitos políticos, que foram alçados pelo 
texto constitucional à categoria de direitos fundamentais (arts. 14 a 16 da CF/88).
Numa acepção restrita, Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 82) afirmam que os direitos 
políticos miram a regulação da capacidade eleitoral ativa e passiva do cidadão, com vistas a 
concretizar a vontade soberana do povo.
Assim, nessa acepção, pode-se afirmar que o Direito Eleitoral, como bem observado tam-
bém por José Jairo Gomes, normatiza o exercício do sufrágio para exteriorizar, por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, a vontade soberana do povo, nos termos preconizados 
pelo art. 1º, parágrafo único da CF/88. Pela a importância desse dispositivo constitucional, 
vale a pena transcrevê-lo:
Art. 1º, Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Você já deve ter notado que a palavra “sufrágio” significa o direito conferido ao cidadão 
para que possa validamente participar da formação da vontade estatal. Essa participação se 
revela não apenas pelo direito de votar (capacidade eleitoral ativa),mas também pelo direito 
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Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
de ser votado (capacidade eleitoral passiva). Segundo Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 
83) quanto mais amplo, acessível e efetivo esse direito, mas cristalizado é genuíno se apre-
senta o regime democrático (governo de todos e para todos). Mais adiante, vamos detalhar 
um pouco mais esse conceito.
Lado outro, numa acepção ampla, Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 82) definem direi-
tos políticos como:
Um conjunto dos direitos atribuídos ao cidadão que lhe permite, através do voto, do exercício de 
cargos públicos ou da utilização de outros instrumentos constitucionais e legais, ter efetiva par-
ticipação e influência nas atividades de governo. Enfim, são o conjunto de direitos atribuídos ao 
cidadão que lhe permite, por meio de diversas técnicas (eleições e voto, exercício dos cargos pú-
blicos, plebiscito, referendo, iniciativa popular, audiências públicas, propositura de ação popular) 
participar e gerir o governo.
Nessa concepção, o Direito Eleitoral regula não só a manifestação popular pelo exercício 
do voto, mas também sua vontade política exteriorizada por meio de outros institutos jurídi-
cos, tais como a legitimidade para propor ação popular e leis junto ao Congresso Nacional.
Temos, então, que o Direito Eleitoral não se limita a regular somente as eleições. Amplia 
seu espectro normativo para alcançar manifestações da vontade soberana do povo em suas 
diversas facetas políticas admitidas pelo texto constitucional.
Em suma, temos que as normas de Direito Eleitoral:
• regulam relações entre particulares e o Estado;
• são impositivas em razão de sua natureza pública;
• cuidam de direitos políticos;
• destinam-se a efetivar o exercício da soberania popular, em especial a aquisição do 
poder pelos cidadãos.
Por fim, deve-se distinguir o Direito Eleitoral do Direito Partidário. Para tanto, recorre-se à clas-
sificação constitucional dada aos Direitos Fundamentais, adotada pela CF/1988, em seu Título II:
• Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – art. 5º da CF/1988;
• Direitos Sociais – arts. 6º a 11 da CF/1988;
• Nacionalidade – arts. 12 e 13 da CF/1988;
• Direitos Políticos – arts. 14 a 16 da CF/1988;
• Partidos Políticos – art. 17 da CF/1988.
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Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
O Direito Eleitoral contém, unicamente, regras e princípios sobre os Direitos Políticos, ins-
culpidas nos artigos 14 a 16 da CF/1988, pois são esses direitos que viabilizam o exercício da 
soberania popular.
Fora do alcance do Direito Eleitoral, o art. 17 da CF/88 contém as diretrizes constitucionais 
dos partidos políticos, cujo tratamento normativo fica a cargo do chamado Direito Partidário.
Essa distinção conceitual é extremamente importante para a delimitação da competência 
da Justiça Eleitoral, que se restringe, na linha de defesa dos direitos da vontade soberana do 
povo, a controvérsias de natureza eleitoral.
O espectro de incidência do Direito Eleitoral não alcança os conflitos existentes entre 
partidos políticos e seus filiados, os quais são processados e julgados pela Justiça Comum.
Todavia, na linha da jurisprudência do TSE, a Justiça Eleitoral possui competência para 
apreciar as controvérsias internas de partido político, sempre que delas advierem reflexos no 
processo eleitoral, circunstância que mitiga o postulado fundamental da autonomia partidá-
ria, ex vi do art. 17, § 1º, da Constituição da República - cânone normativo invocado para cen-
surar intervenções externas nas deliberações da entidade -, o qual cede terreno para maior 
controle jurisdicional (REspe n. 70-90, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 30.11.2017).
No mesmo sentido:
[...] 1. A Justiça Eleitoral não detém competência para apreciar feitos em matérias res-
peitantes a conflitos envolvendo partidos políticos e seus filiados, quando estas não 
tenham reflexo no prélio eleitoral. [...]
(AgR-AI n. 7098, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 23.6.2015)
2. Fontes do direito eleitorAl
A designação “fonte” expressa a procedência ou a origem de algo. No Direito, o termo fon-
te designa a origem das normas de um determinado ramo da Ciência Jurídica.
Existem várias classificações para as fontes do Direito Eleitoral. Para que você não perca seu 
precioso tempo, vamos restringir nosso estudo àquilo que importa para concursos públicos.
A classificação mais importante divide as fontes do Direito Eleitoral em materiais e formais.
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Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
2.1. Fontes MAteriAis
As fontes materiais correspondem às circunstâncias de fato que determinaram a criação 
da norma, tais como fatores econômicos, políticos, culturais, religiosos etc.
Caracterizam-se por serem pré-jurídicas, anteriores ao direito, e se exteriorizam com a 
atuação dos grupos organizados da sociedade, como lobistas, sindicatos, ONGs entre outros.
2.2. Fontes ForMAis
As fontes formais se revelam pela edição de normas positivadas. Equivalem ao móvel de 
ingresso das regras jurídicas no ordenamento jurídico, seja ele produto do poder legislativo 
no exercício de sua atividade típica, seja fruto da atuação atípica dos poderes executivo e ju-
diciário na edição de normas secundárias: decretos, regulamentos, resoluções, portarias etc.
Segundo Miguel Reale (2001, 144), as fontes formais são:
Os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força 
obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura normativa.
Antes de elencarmos as principais fontes formais do Direito Eleitoral, faz-se necessário 
sabermos que a competência para expedir normas de Direito Eleitoral é privativa da União.
Vamos estudar isso com detalhes!
2.2.1. Competência Legislativa
A competência para legislar sobre Direito Eleitoral é privativa da União, consoante dispõe 
o art. 22, I, da CF/88, verbis:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I – direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e 
do trabalho;
Assim sendo, não se admite, em regra, que os demais entes da Federação – Estados e 
Municípios - apresentem soluções legislativas sobre essa matéria. Nesse sentido, confira a 
jurisprudência do STF:
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Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
Lei estadual 5.729/1995. (...) Elegibilidade do policial militar. Matéria de direito eleito-
ral. Competência legislativa da União (CF, art. 22, I, e art. 14, § 8º). (...) Ao dispor sobre 
o regime jurídico a que o policial militar estaria sujeito em caso de eleição para cargo 
público, a Lei estadual 5.729/1995 invadiu competência legislativa da União, prevista no 
art. 22, I, da Constituição.
(ADI n. 1.381, rel. Min. Dias Toffoli, DJE de 9-10-2014)
Essa competência privativa da União não impede, contudo, que, por meio de lei comple-
mentar, seja delegada aos Estados a competência para legislar sobre pontos específicos de 
Direito Eleitoral, conforme preceitua o parágrafo único do próprio artigo 22 da CF/88:
Art. 22, Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo
Em regra, a criação de normas eleitoraisse dá por meio da edição de lei ordinária pelo Con-
gresso Nacional. Assim, matérias como alistamento, propaganda eleitoral, financiamento de 
campanha, condições de elegibilidade, entre outras, são reguladas por essa espécie normativa.
Porém, essa regra comporta exceções. Por disposição expressa do texto constitucional, 
somente por lei complementar o legislador pode tratar de matérias relativas às inelegibilida-
des e à organização e competência da Justiça Eleitoral, previstas respectivamente nos arts. 
14, § 9º, e 121, caput, da CF/88.
Atente-se, ainda, para a proibição constitucional prevista no art. 62, segunda a qual não 
se admite a edição de medida provisória para tratar sobre direitos políticos, partidos políticos, 
cidadania e direito eleitoral.
De igual modo, o art. 68, § 1º, inciso II, da CF proíbe a edição de leis delegadas sobre cida-
dania, direitos políticos e eleitorais.
Agora que você já sabe quem é o competente para expedir normas de Direito Eleitoral, 
vamos conhecer cada uma delas.
2.2.2. A Constituição Federal e as Principais Leis Eleitorais
Além da CF/88, farol legislativo de todo ordenamento jurídico, as fontes formais do Direito 
Eleitoral se revelam nos seguintes diplomas normativos...
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Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
Constituição Federal é a principal fonte do Direito Eleitoral, na qual estão inscritos os prin-
cípios básicos e as regras fundamentais desse ramo do Direito.
A título de exemplo, podemos citar:
• Art. 1º, Parágrafo único. Consagração da soberania popular;
• Arts. 14 a 16 – previsão dos Direitos Políticos;
• Art. 22, I – competência legislativa em Direito Eleitoral;
• Arts. 118 a 121 – organização da Justiça Eleitoral.
Toda a legislação eleitoral infraconstitucional, inclusive as resoluções do TSE, deve estar 
de acordo com os ditames constitucionais, sob pena de ser afastada do ordenamento jurídi-
co pela pecha da inconstitucionalidade, como se observou em decisões do STF e do próprio 
TSE. Confira:
• a declaração de inconstitucionalidade do art. 81, caput, § 1º, da Lei n. 9.504/1997, de-
clarada pelo STF na ADI n. 4650, que permitia a doação de recursos de pessoas jurídi-
cas para campanhas eleitorais. Atualmente, somente pessoas físicas podem realizar 
essas doações;
• a declaração de inconstitucionalidade da expressão “após o trânsito em julgado”, pre-
vista no parágrafo 3º do artigo 224 do Código Eleitoral, declarada pelo STF na ADI n. 
5525, que exigia o trânsito em julgado da decisão que cassava mandatos para que 
outra eleição (eleição suplementar) fosse realizada. Hoje, após decisão do TSE, as elei-
ções suplementares podem ser marcadas;
• a não recepção pela CF/88 da primeira parte do inciso IV do art. 262 do Código Eleitoral 
e incompatibilidade da parte final com o § 10 do art. 14 da CF/88, declarada pelo TSE 
no RCED n. 884, que permitia a interposição de RCED por abuso de poder, captação 
ilícita de sufrágio ou fraude. Atualmente, essa ação é admitida somente nos casos de 
inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de 
elegibilidade.
Código Eleitoral (Lei n. 4.737/1965): O Código Eleitoral disciplina a competência da Jus-
tiça Eleitoral, o exercício dos direitos políticos, fixa as regras de alistamento, dos sistemas 
eleitorais, de registro de candidaturas, de atos preparatórios, da apuração, da diplomação dos 
eleitos, dos crimes eleitorais e do processo penal eleitoral.
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Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
Esse diploma legislativo foi editado em 1945, muito antes, portanto, da entrada em vigor 
da CF/88. Com a edição do novo texto constitucional foi possível observar que algumas dis-
posições do diploma eleitoral eram com ele incompatíveis, e, por essa razão, foram revogadas.
Para ilustrar essa incompatibilidade, basta observar o disposto no art. 5º do CE, que veda o 
exercício de direitos políticos aos analfabetos. Esse dispositivo do CE viola o texto constitucio-
nal que permite aos analfabetos, de forma facultativa, o exercício dos direitos políticos ativos, 
e por essa razão, não foi recepcionado pela nova ordem constitucional instaurada pelo CF/88.
Da mesma forma, entende-se que não é compatível a proibição de aquisição da cidadania 
aos brasileiros que não saibam exprimir-se em língua nacional, prevista no art. 5º, II, do CE. 
Segundo esse dispositivo, um índio, por exemplo, que tenha a nacionalidade brasileira, mas 
que não saiba exprimir-se em língua nacional, não poderia adquirir a cidadania brasileira. 
Contudo, a CF/1988, ao atribuir a cidadania, não exigiu a fluência em língua portuguesa.
Na verdade, os requisitos para a aquisição dos direitos políticos são: a idade mínima de 
16 anos e a nacionalidade brasileira. Com efeito, o TSE possui entendimento jurisprudencial 
de que todos os brasileiros, ainda que não saibam a língua portuguesa, podem ser cidadãos 
brasileiros. A esse respeito, veja o seguinte julgado do TSE:
CONSULTA. RECEBIDA COMO PROCESSO ADMINISTRATIVO. JUIZ ELEITORAL. TRE/AM. 
RECEPÇÃO. CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTIGO 5º, INCISO II, DO CÓDIGO ELEITORAL.
Consoante o § 2º do artigo 14 da CF, a não alistabilidade como eleitores somente é 
imputada aos estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, aos cons-
critos, observada, naturalmente, a vedação que se impõe em face da incapacidade abso-
luta nos termos da lei civil.
Sendo o voto obrigatório para os brasileiros maiores de 18 anos, ressalvada a facultati-
vidade de que cuida o inciso II do § 1º do artigo 14 da CF, não há como entender recep-
cionado preceito de lei, mesmo de índole complementar à Carta Magna, que imponha 
restrição ao que a norma superior hierárquica não estabelece.
Vedado impor qualquer empecilho ao alistamento eleitoral que não esteja previsto na 
Lei Maior, por caracterizar restrição indevida a direito político, há que afirmar a inexigi-
bilidade de fluência da língua pátria para que o indígena ainda sob tutela e o brasileiro 
possam alistar-se eleitores.
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DIREITO ELEITORAL
Declarada a não recepção do art. 5º, inciso II, do Código Eleitoral pela Constituição Fede-
ral de 1988.
(Res.-TSE n. 23274, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJE de 20.8.2010).
Ainda sobre o CE, é importante conhecer o modo pelo qual o Código Eleitoral foi recepcio-
nado pela CF/1988.
Conquanto o CE tenha sido editado originalmente sob a forma de lei ordinária, a CF/88 
o recepcionou, em parte, sob a forma de lei complementar. Isso se deu em razão de a Carta 
Constitucional exigir, em seu art. 121, a edição de lei complementar para tratar sobre orga-
nização e competências da Justiça Eleitoral. Assim, somente os artigos da codificação que 
cuidam dessas matérias – principalmente os artigos 12 a 41 - passaram a ter status de lei 
complementar, permanecendo os demais sob a roupagem de lei ordinária.
A esse respeito, veja o seguinte julgado proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral:
A matéria relativa à organização dos tribunais eleitorais, disciplinada no Código Eleitoral, 
foi recepcionada, com forca de lei complementar, pela vigente Constituição, firmando-se 
a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, outrossim, no sentido de que os parágra-
fos do art. 25 do Código Eleitoral não foram revogados pela lei 7.191/84 (resoluções n. 
12.391 e n. 18.318).
(REspe n. 12641/TO, rel. Min. Paulo RobertoSaraiva da Costa Leite, DJ de 29.3.1996)
Um efeito prático dessa recepção bipartida do Código Eleitoral pela Constituição Federal 
se revela na necessidade de lei complementar para promover alterações em artigos que cui-
dem da organização e competências da Justiça Eleitoral, enquanto para os demais, estranhos 
a essas matérias, basta a edição de lei ordinária.
A esse respeito, Zílio (2012, p. 24) afirma:
O Código Eleitoral possui natureza jurídica de lei ordinária, sendo recepcionado com força de lei 
complementar apenas na matéria que disciplina a competência. Como o constituinte determinou 
que “lei complementar disporá sobre organização e competências dos Tribunais, dos Juízes de Di-
reito e das Juntas Eleitorais” (art. 121) e em face da ausência de edição de lei definidora de normas 
sobre organização e competência na esfera especializada, o entendimento doutrinário e jurisprudencial 
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é que apenas na parte relativa à competência ocorreu a recepção do Código Eleitoral como lei 
complementar.
Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/1995) – Essa lei dispõe sobre os partidos políticos 
e regulamenta os arts. 14 e 17, § 3º, da CF/88.
Embora não seja uma lei específica sobre Direito Eleitoral, tem com ele um estreito rela-
cionamento, especialmente quanto à regulamentação da filiação partidária, uma das condi-
ções impostas ao exercício do direito à elegibilidade.
Entretanto, apesar de o tema “partidos políticos” não ser regulado pelo Direito Eleitoral, 
nos editais de concursos públicos da Justiça Eleitoral, inclui-se a Lei n. 9.096/1995 como um 
dos tópicos integrantes do conteúdo programático. Por essa razão, estudaremos essa Lei 
com detalhes na aula sobre partidos políticos.
Lei das Inelegibilidades (Lei Complementar n. 64/1990) – Lei editada com vistas a regu-
lamentar o disposto no art. 14, § 9º, da CF/88.
Em seu corpo, esse diploma legal hospeda outros casos de inelegibilidades, as chamadas 
inelegibilidades infraconstitucionais, e estabelece os prazos de sua cessação. A criação des-
sas hipóteses infraconstitucionais de subtração da capacidade eleitoral passiva responde ao 
chamado constitucional e visa proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exer-
cício do mandato, considerada a via pregressa do candidato e a normalidade e legitimidade 
contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego 
na administração direta ou indireta.
Consta, ainda, dessa lei complementar, o procedimento da Ação de Impugnação ao Regis-
tro de Candidatura (AIRC) e o da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE).
Lei das Eleições (Lei n. 9.504/1997) – Até a edição da Lei n. 9.504/1997, cada eleição era 
normatizada por uma lei específica, cuja validade se limitava àquele pleito. Por certo, essas 
leis temporárias eram confeccionadas por aqueles que detinham o poder naquele momento, o 
que, de certo modo, mitigava o princípio da igualdade de chances entre os candidatos, dando 
àqueles que almejavam a reeleição a vantagem de estabelecer grande parte das regras do 
pleito.
A fim de dar estabilidade ao processo eleitoral e reforçar a ideia de igualdade de chances 
entre os candidatos, foi editada a Lei n. 9.540/1997, mais conhecida como Lei das Eleições. 
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Esse diploma legal, de caráter definitivo, possui em seu corpo normas de direito material e 
processual sobre as mais importantes fases do chamado micro-processo eleitoral, que co-
meça com a realização das convenções e termina com a diplomação dos eleitos. Nela são 
encontradas normas sobre convenções partidárias, coligações, arrecadação de recursos para 
campanha, prestação de contas de campanha, pesquisas eleitorais, propagandas eleitorais, 
sistema eletrônico de votação, condutas vedadas a agentes públicos, entre outros temas.
Essa lei traz, ainda, a base legal para o ajuizamento de importantes representações elei-
torais, quais sejam: captação ilícita de sufrágio (art. 41-A), condutas vedadas a agentes pú-
blicos (art. 73) e arrecadação e gastos de recursos de campanha (art. 30-A).
Por fim, essa lei estabelece o rito abreviado, conhecido como sumaríssimo, a ser observa-
do no processamento das representações e reclamações ajuizadas em razão do descumpri-
mento de suas normas.
2.2.3 Aplicação do CPC à Fase de Conhecimento dos Feitos Eleitorais
O art. 15 do novo CPC trouxe a previsão expressa de aplicação supletiva e subsidiária do 
normativo processual comum ao processo eleitoral.
Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, 
as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
Observe que o novo dispositivo exige para sua aplicação supletiva ou subsidiária tão 
somente a existência de lacuna normativa no arcabouço processual eleitoral, sendo silente 
quanto à necessidade de observância do outro requisito exigido pela jurisprudência do TSE, 
qual seja: compatibilidade com os princípios basilares do Direito Eleitoral, sobretudo com o 
princípio da celeridade.
Contudo, ao disciplinar a aplicabilidade do novo CPC no âmbito da Justiça Eleitoral, o 
TSE manteve-se fiel a sua iterativa jurisprudência, exigindo, no art. 2º, parágrafo único, da 
Res.-TSE n. 23.478/2016, além da existência de lacuna normativa, também a compatibilidade 
sistêmica da norma importada com o ordenamento processual eleitoral.
Art. 2º Em razão da especialidade da matéria, as ações, os procedimentos e os recursos eleitorais 
permanecem regidos pelas normas específicas previstas na legislação eleitoral e nas instruções 
do Tribunal Superior Eleitoral.
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Parágrafo único. A aplicação das regras do Novo Código de Processo Civil tem caráter supletivo e 
subsidiário em relação aos feitos que tramitam na Justiça Eleitoral, desde que haja compatibilida-
de sistêmica.
Esse posicionamento é, sem sombra de dúvida, o mais acertado, pois a aplicação subsi-
diária do Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015), mesmo diante da presença de lacuna 
normativa, não pode prescindir da análise de sua compatibilidade com o ordenamento jurídi-
co eleitoral, sob pena de se chegar a um resultado diverso ou, no limite, contrário ao desejado 
pelo legislador.
2.2.4. Aplicação da Lei de Execução Fiscal e do CPC à Fase de Execução de 
Multas Eleitorais
As multas eleitorais (aplicadas em decorrência da prática de ilícitos eleitorais) se consti-
tuem em dívida ativa não tributária da União e, por isso, a legitimidade ativa para a cobrança 
judicial do crédito é da Procuradoria da Fazenda Nacional. Não existe a possibilidade de o 
candidato ou outro partícipe do processo eleitoral figurar no polo ativo da execução e, com 
isso, apropriar-se dos valores compulsoriamente satisfeitos.
Segundo o art. 367, IV, do CE, a fase de execução dessas dívidas é realizada na forma pre-
vista para a cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública, cujo procedimento está descrito na 
Lei n. 6.830/1980 – Lei de Execução Fiscal. Confira:
Art. 367. A imposição e a cobrança de qualquer multa, salvo no caso das condenações criminais, 
obedecerão às seguintes normas:
IV – A cobrança judicial da dívida será feita por ação executiva na forma prevista para a cobrança 
da dívida ativa da Fazenda Pública, correndo a açãoperante os juízos eleitorais;
Já o art. 1º da Lei n. 6.830/1980 estabelece que:
Art. 1º A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código 
de Processo Civil.
Desse modo, nesses casos tem-se a aplicação direta da Lei de Execução Fiscal e sub-
sidiariamente das normas do CPC. A propósito, a Ministra Luciana Lóssio, ex-membro do 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6830.htm
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Tribuna Superior Eleitoral, da classe dos juristas, afirmou que “a Lei n. 6.830/1980 é aplicável 
à execução de multas eleitorais por disposição expressa do art. 367, IV, do Código Eleitoral e, 
segundo o art. 1º da Lei de Execução Fiscal, o procedimento do CPC, por sua vez, é aplicado 
subsidiariamente naquilo em que a mencionada lei for omissa (TSE, RMS n. 124-34/SP, j. 
10.2.2015)”.
Concluída a execução, os valores arrecadados são direcionados ao Fundo Especial de As-
sistência Financeira aos Partidos, mais conhecido como Fundo Partidário, excetuando-se os 
créditos de natureza penal, que se destinam ao Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), cria-
do pela LC n. 79/94 (PA n. 996-43/PB, j. 24.11.2011).
2.2.5. Aplicação do CPC à Fase de Execução de Débitos de Prestações de 
Contas
A cobrança dos créditos apurados em prestações de contas eleitorais tem disposição le-
gal específica. Nestes casos, deve-se observar, em detrimento à Lei de Execução Fiscal, o pro-
cedimento afeto ao cumprimento de sentença por obrigação de pagar quantia certa, estabe-
lecido no art. 523 do CPC, conforme determina o art. 61 da Res.-TSE n. 23.546/2017, verbis:
Art. 61. Transcorrido o prazo previsto na alínea b do inciso I do caput do art. 60, sem que tenham 
sido recolhidos os valores devidos, a Secretaria Judiciária do Tribunal ou o Cartório Eleitoral deve 
encaminhar cópia digital do processo à Advocacia-Geral da União (AGU), para que promova as 
medidas cabíveis visando à execução do título judicial, mediante a apresentação de petição de 
cumprimento de sentença, nos termos do Código de Processo Civil (CPC).
2.2.6. Poder Regulamentar do TSE
O parágrafo único do art. 1º do Código Eleitoral prescreve que o TSE expedirá instruções 
com a finalidade de buscar a fiel execução da legislação eleitoral.
Art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos 
políticos precipuamente os de votar e ser votado.
Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução.
No mesmo sentido, o art. 105 da Lei n. 9.504/1997 dispõe que:
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http://www.juriseleitoral.com/file/323678/acordaao-014.pdf?tok=MzIzNjc4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp79.htm
http://www.juriseleitoral.com/file/323678/00000012.pdf?tok=MzIzNjc4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.tse.jus.br/legislacao-tse/res/2015/RES234642015.htm
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Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter 
regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, 
poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em 
audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos.
Note que a legislação atribui somente ao TSE, e não a outros órgãos da Justiça Eleitoral, 
a competência para expedir atos dessa natureza. Nesse sentido:
ELEIÇÕES 2014. REGISTRO DE CANDIDATURA. PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍ-
TICOS. CERTIDÃO CRIMINAL.
1. A competência para baixar instruções sobre o registro de candidatura, especificando 
sobre os documentos necessários previstos na legislação e procedimentos a serem 
observados, é exclusiva do Tribunal Superior Eleitoral, a teor do que dispõem os arts. 
105 da Lei n. 9.504/1997 e 23, IX, do Código Eleitoral.
2. É nula a Resolução n. 885, do TRE/RJ, que dispõe sobre o processamento dos regis-
tros de candidatura relativos às eleições de 2014, matéria já regulamentada pelo Tribu-
nal Superior Eleitoral na Res.-TSE n. 23.405.
(REspe n. 647-70/RJ, Rel. Min. Henrique Neves, DJE de 9.9.2014)
Ressalta-se que o TSE não pode contrariar disposições legislativas no exercício de sua 
competência regulamentar. As resoluções do TSE, cuja função precípua é a de regulamentar a 
aplicabilidade das leis eleitorais, devem ser secundum ou praeter legem, nunca contra legem.
Aliás, na própria disposição legal inscrita no art. 105 da Lei n. 9.504/1997, há condições 
expressas para o exercício do poder de regulamentação do TSE, quais sejam: não se admite 
que as resoluções restrinjam direitos ou estabeleçam sanções distintas das previstas em lei.
A ideia subjacente a essas restrições ao conteúdo das resoluções do TSE está calcada no 
princípio constitucional da legalidade, traduzido na conhecida frase “ninguém será obrigado a 
fazer (obrigação) ou deixar de fazer (restrição de direitos) algo, senão em virtude de lei”.
Nesse sentido, a lição dada pelo Ministro Eros Grau, no julgamento da Consulta n. 1.587, 
no TSE:
O Tribunal Superior Eleitoral não está autorizado, nem pela Constituição, nem por lei 
nenhuma, a inovar o ordenamento jurídico, obrigando quem quer que seja a fazer ou a 
deixar de fazer alguma coisa.
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Conceito, Fonte e Princípios
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Não obstante as resoluções do TSE existam, em regra, para regulamentar as leis eleitorais, 
o STF, no julgamento da ADI 3.999, reconheceu que elas podem excepcionalmente dispor so-
bre matéria ainda não tratada pelo Poder Legislativo, desde que:
1º a matéria seja relevante e urgente;
2º haja omissão do Congresso Nacional no exercício de sua função legislativa.
Nesses casos, esses regulamentos somente produzirão efeitos até que o Poder Legislati-
vo supra a omissão legislativa. Essa foi a conclusão a que chegou o STF na ADI n. 3.999, cujo 
pedido de declaração de inconstitucionalidade foi julgado improcedente e, por consequência, 
declarou-se a constitucionalidade da Resolução do TSE n. 22.610/2007 (Resolução da Fide-
lidade Partidária).
Esgotado esse último tópico sobre fontes materiais e formais, vamos estudar outra clas-
sificação cobrada em concursos públicos, que divide as fontes do Direito Eleitoral em diretas 
e indiretas.
2.3. Fontes diretAs
São consideradas fontes diretas ou primárias aquelas que criam normas jurídicas apli-
cáveis, de forma inaugural, às questões eleitorais. Essa é a razão pela qual as fontes diretas 
também são denominadas de fontes primárias.
São exemplos de fontes diretas:
• Constituição Federal;
• Lei n. 9.504/1997, conhecida como Lei das Eleições;
• Lei n. 4.737/65, conhecido como Código Eleitoral;
• LC n. 64/1990, conhecida com Lei das Inelegibilidades;
• Lei n. 6.091/1974.
2.4. Fontes indiretAs
São fontes indiretas aquelas que de forma supletiva ou subsidiária incidem nos feitos 
eleitorais. São exemplos de fontes indiretas:
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• Código Penal;
• Código Civil;
• Código de Processo Civil;
• Resoluções do TSE – essas fontes nãopodem inovar na ordem jurídica, mas apenas 
regulamentar a aplicação da lei eleitoral. Não obstante essa seja a classificação mais 
adotada pela doutrina, vale notar que, em razão da expansão da atividade regulamen-
tar pelo TSE, alguns doutrinadores já classificam esses atos normativos como fontes 
primárias ou diretas do Direito Eleitoral, a citar: Joel José Cândido.
3. prinCípios eleitorAis
Os princípios são diretrizes gerais do ordenamento jurídico direcionadas a fundamentar e 
a interpretar as demais normas do sistema.
Segundo José Jairo Gomes (2014, p. 36), os princípios:
Expressam uma dimensão do sistema jurídico. Sem ostentarem conteúdo predefinido, são essen-
cialmente vagos e imprecisos. Mas nem por isso se pode dizer que se trata de fórmulas vazias e 
sem sentido, ou de abstrações inalcançáveis, porquanto se encontram radicado nos horizontes 
da experiência histórico-cultural, no tempo e no espaço. Ligam-se sempre a uma dada realidade.
A palavra princípio, sem dúvida, possui vários significados. Para fins de concurso público, 
é interessante compreendê-la como uma espécie de norma, cuja aplicação se contrapõe à 
ideia de “regra”.
Nessa concepção, José Jairo Gomes, citando Robert Alexy, (2014, p. 36), nos ensina que:
Como espécie de norma, princípio não deve ser confundido com regra. Esta contém determinações 
específicas, que devem ou não ser satisfeitas. “Se uma regra vale – afirma o jusfilósofo alemão -, 
então, deve se fazer exatamente aquilo que ela exige; nem mais, nem menos. Regras contêm, por-
tanto, determinações no âmbito daquilo que é fática e juridicamente possível.” A forma típica de 
aplicação de princípios é a ponderação, enquanto a de regras é a subsunção.
Os princípios eleitorais estão, em sua maioria, elencados na Carta Constitucional.
Vamos estudar os mais importantes para fins de concurso público. Vamos dividi-los, ape-
nas para fins didáticos, em princípios de direito eleitoral e de direito processual eleitoral.
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3.1. prinCípios de direito eleitorAl MAteriAl
Vamos abordar inicialmente os principais princípios afetos ao Direito Eleitoral substancial 
ou material.
3.1.1. Princípio da Democracia
É mais do que um princípio. Trata-se de um fundamento de valor essencial dos Esta-
dos modernos.
O art. 1º, caput, da CF/88 estabelece que “A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito.”.
Estado de Direito é, em suma, aquele cuja ação governamental se subsume ao Direito 
posto. Nele não se verifica decisões calcadas pela força, arbitrárias ou sem respaldo legal.
Já Estado Democrático pode ser definido como aquele cujas ações têm origem na vonta-
de soberana do povo, seja por meios diretos, seja pela via indireta.
Enfim, esse princípio assenta a necessidade de viabilizar, por meio da realização de elei-
ções livres e justas, a vontade soberana do povo nas decisões políticas do Estado.
3.1.2. Princípio do Sufrágio Universal
Nos termos do art.14 da CF/88, a soberania popular é exercida por meio do sufrágio uni-
versal, e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei.
Na lição de José Jairo Gomes (2017, p. 57), a palavra “sufrágio” significa:
Na seara jurídica, designa o direito público subjetivo democrático, pelo qual um conjunto de pesso-
as – o povo – é admitido a participar da vida política da sociedade, escolhendo os governantes ou 
sendo escolhido para governar e, assim, conduzir o Estado. Em suma: o sufrágio traduz o direito de 
votar e ser votado, encontrando-se entrelaçado ao exercício da soberania popular.
Muito embora essa expressão alcance o direito do cidadão de votar e ser votado (acepção 
ampla), numa acepção restrita, sufrágio pode ser compreendido apenas como o direito a ele 
conferido de participar da formação da vontade estatal por meio do voto.
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Com base nessa acepção mais restrita, o eminente Ministro Luiz Fux, no REspe 1619-93/
AP, afirmou que:
A soberania popular, cujo titular é o povo e a qual é exercida por meio do sufrágio univer-
sal (arts. 1º e 14 da CF), constitui o fundamento de validade e legitimidade do processo 
eleitoral, já que a finalidade última do certame é identificar a vontade popular. Trata–se 
de reflexo imediato do princípio democrático que alicerça a Justiça Eleitoral.
Em consonância com a ideia de José Jairo Gomes de entrelaçamento do sufrágio com o 
exercício da soberania popular, a jurisprudência do TSE já afirmou que se deve conferir, por 
meio do sufrágio, a máxima efetividade à vontade soberana do povo. Nesse sentido, o Tribunal 
decidiu, no caso de dupla vacância da chefia do Executivo local, não ser possível estabelecer 
na Lei Orgânica outro critério que não seja a vontade popular, por meio do sufrágio universal 
e pelo voto direto e secreto, de acordo com o art. 14, caput, da Constituição.
MANDADO DE SEGURANÇA. ELEIÇÕES SUPLEMENTARES. SOBERANIA POPULAR. SEGU-
RANÇA DENEGADA.
1. A Lei Orgânica Municipal não pode desbordar de sua competência legislativa e aban-
donar o critério constitucional de eleição para a hipótese de dupla vacância na Chefia do 
Executivo local.
2. Na espécie, o art. 64 da Lei Orgânica do Município de Magé/RJ abandona o critério 
constitucional de eleição ao estabelecer que, “em caso de impedimento do Prefeito e do 
Vice-Prefeito, ou vacância dos respectivos cargos, será chamado ao exercício do cargo 
de Prefeito, o Presidente da Câmara Municipal”.
3. Deve-se conferir máxima efetividade ao princípio da soberania popular por meio 
do sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, de acordo com o art. 14, caput, da 
Constituição.
4. Segurança denegada.
(MS n. 1181-47/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJE de 1º.12.2011).
O termo sufrágio universal contrasta com o chamado sufrágio restrito. Enquanto no su-
frágio universal a ideia é de igualdade e universalidade da participação popular, exigindo-se 
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apenas alguns requisitos básicos e alcançáveis pela população em geral, no restrito são es-
tabelecidos critérios específicos, tais como, capacidade econômica, raça, sexo, religião etc., 
que restringem a determinados segmentos da sociedade a possibilidade do seu exercício e, 
por consequência, do direito de influenciar a tomada de decisões do Estado.
O sufrágio restrito se subdivide em:
• Sufrágio censitário: é aquele no qual se estabelece uma condição econômica para o 
exercício do voto. Esse modelo já foi utilizado no Brasil para impedir que os mendigos 
tivessem direito a voto;
• Sufrágio capacitário: é aquele no qual se estabelece um critério relacionado à capaci-
dade intelectual do cidadão. Com base nesse critério, as mulheres passaram um longo 
período de nossa história sem direito a votar.
Outra classificação divide o sufrágio em igual e desigual.
• Sufrágio igual: é aquele baseado na expressão “one man, one vote”, ou seja, no conceito 
de igualdade do cidadão perante o processo eleitoral. O voto de cada cidadão possui o 
mesmo peso político, independente de sua condição individual;
• Sufrágio desigual: é aquele que, contrapondo-se a concepção de igualdade entre os 
indivíduos, atribui maior peso ou superior quantidade de votos a cidadãos que apresen-
tem determinada qualidade. Sãoexemplos dessa espécie de sufrágio: i) o voto familiar 
em que ao pai é atribuído a quantidade de votos dos filhos; ii) o voto múltiplo em que 
o cidadão pode, em razão de possui determinada qualidade, votar mais de uma vez na 
mesma eleição e; iii) o voto múltiplo em que cidadão pode, em razão de possui determi-
nada qualidade, votar simultaneamente em circunscrições diversas no mesmo pleito. 
Evidentemente que essa espécie de sufrágio não encontra espaço nas atuais democra-
cias, não sendo possível sequer mencionar exemplos práticos de sua aplicação.
Por fim, não confunda sufrágio com voto. Como vimos, o sufrágio se traduz em um direito 
subjetivo do cidadão, enquanto o voto é a forma com que esse direito se concretiza.
3.1.3. Princípio da Moralidade Eleitoral
Os cidadãos que pretendem concorrer a cargos públicos, além de preencherem as condi-
ções de elegibilidade, previstas no art. 14 da Carta Magna, não podem incidir nas chamadas 
causas de inelegibilidade.
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A Constituição Federal, em seu art. 14, § 9º, estabeleceu as diretrizes básicas para o le-
gislador infraconstitucional, por meio exclusivamente de Lei Complementar, instituir esses 
requisitos à aquisição da capacidade eleitoral passiva do cidadão, ou seja, de se colocarem 
na condição de representantes legítimos do poder soberano do povo.
Segundo o texto constitucional, a instituição de causas de inelegibilidades tem a finali-
dade de proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício de mandato con-
siderada a vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a 
influência do poder econômico ou o abuso de autoridade.
Confira o referido dispositivo constitucional:
Art. 14, § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua ces-
sação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato consi-
derada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência 
do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta 
ou indireta.
Em estrita obediência ao texto constitucional, o Congresso Nacional editou a LC n. 64/1990, 
que estabeleceu os casos de inelegibilidade infraconstitucional e de sua cessação. Essa lei 
foi alterada pela LC n. 135/2010, que, seguindo a concepção do diploma original, trouxe novos 
casos de inelegibilidades, com vistas a “atender aos anseios da cidadania, norteados pela 
exigência cada vez maior de eleições livres de candidatos cujas vidas pregressas sejam de-
sabonadoras e não preencham requisitos mínimos, nos campos ético e legal, imprescindíveis 
ao desempenho de mandato eletivo no Estado Democrático de Direito” (Respe n. 145-94/SC, 
Rel. designado Herman Benjamin, DJE de 2.8.2018).
Destaca-se que a atuação do legislador infraconstitucional deve se vincular estritamente 
ao que dispõe o texto constitucional. Não pode ele, movido por casuísmo, tolher a capacidade 
eleitoral passiva do cidadão por meio da criação de causas de inelegibilidades que não dizem 
respeito aos preceitos instituídos no art. 14, § 9º, da CF/88.
Ademais, a criação de inelegibilidades somente se perfaz pela edição de Lei Complemen-
tar, não sendo possível mitigar essa garantia constitucional para admitir sua instituição por 
outras espécies normativas, como por exemplo, lei ordinária ou mesmo tratados internacio-
nais que versem sobre direitos humanos, os quais, como se sabe, são recepcionados pelo 
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nosso ordenamento jurídico com caráter supralegal. Nesse sentido, confira a jurisprudência 
do TSE:
5. As hipóteses de inelegibilidade no ordenamento jurídico pátrio são fixadas de acordo 
com os parâmetros constitucionais de probidade, moralidade e de ética, e veiculadas 
por meio de reserva de lei formal (lei complementar), nos termos do art. 14, § 9º, da 
Constituição da República, razão por que, a prevalecer a tese segundo a qual a restrição 
ao direito de ser votado se submete às normas convencionais, haveria a subversão da 
hierarquia das fontes, de maneira a outorgar o status supraconstitucional à Convenção 
Americana, o que, como se sabe, não encontra esteio na jurisprudência remansosa do 
Supremo Tribunal Federal que atribui o caráter supralegal a tratados internacionais que 
versem direitos humanos (STF, RE n. 466.343, Rel. Min. Cezar Peluso).
(Respe n 23.184/GO, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 12.3.2018).
Por fim, o princípio da Moralidade, além de nortear a seleção dos candidatos, deve orientar 
a atuação destes durante o processo eleitoral, podendo, em caso de violação a seus precei-
tos, resultar na aplicação de sanções pela Justiça Eleitoral. A esse respeito, Jorge, Liberato e 
Rodrigues afirmam que:
Deve-se registrar que o reconhecimento da moralidade como vetor informativo do Direito Eleitoral 
não se limita à análise dos requisitos para ser eleito. Isso porque a exigência de comportamento 
moral deve balizar também a análise da conduta dos candidatos durante o período eleitoral, ser-
vindo de valor a ser devidamente sopesado para definir a maior ou menor gravidade de eventuais 
sanções por condutas ilícitas.
3.1.4. Princípio da Liberdade do Voto
O art. 14, caput, da CF, é expresso ao anunciar que a soberania popular será exercida pelo 
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei.
Já vimos que o sufrágio, em suma, se traduz no direito subjetivo do cidadão de partici-
par da vida política do País. A atribuição do seu caráter universal pela CF/88 visou abarcar o 
maior número possível de nacionais, exigindo-se apenas requisitos básicos para o seu exer-
cício, ou concretização, por meio do voto.
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Isso, contudo, não é, por si só, suficiente para garantir que o processo eleitoral seja de-
mocrático. Faz-se necessário também garantir a liberdade de escolha de cada eleitor, prote-
gendo-o do abuso de poder econômico ou político, da compra de votos ou de qualquer outra 
influência que lhe imponha vontade alheia não desejada.
Nesse sentido, o art. 103 do CE, embora editado ainda sob a égide das urnas físicas, apon-
ta para adoção de providências necessárias à garantia do sigilo do voto, dentre elas, desta-
ca-se a utilização de equipamentos auditados pela Justiça Eleitoral e o direito de permanecer 
sozinho em cabine indevassável para assinalar os candidatos de sua preferência.
A vinculação entre o sigilo do voto e a manifestação da vontade livre do eleitor ganhe real-
ce no art. 220, IV, do CE, o qual consigna que “é nula a votação quando preterida formalidade 
essencial do sigilo dos sufrágios”.
Recentemente a questão do sigilo do voto foi objeto de análise pelo STF, na Ação Dire-
ta de Inconstitucionalidade n. 5.889, proposta pela então Procuradora-Geral da República, 
Raquel Dodge.
Na análise do pedido de liminar, em 6.6.2018, a Corte Suprema acolheu os argumentos da 
requerente de que, se houvesse a impressão do voto, “poderíamos estar permitindo acordos 
espúrios para a votação, aonde a pessoa exigiria que determinados mesários conferissem ou 
tivessem a prova do voto escrito. Uma potencialidade, um risco muito grande à sigilosidade 
e à liberdade do voto”. Assim, deferiu liminar para suspender a eficáciado art. 59–A da Lei 
9.504/1997, incluído pelo art. 2º. da Lei 13.165/15 – que previa o exercício do voto pela via 
impressa –, além de revogar a Res.-TSE n. 23.521/18 – que tratava de regras específicas re-
lacionadas ao voto impresso.
No processo eleitoral, a liberdade do voto do eleitor, por vezes, também é comprometida 
pela nefasta prática de captação ilícita de sufrágio, ou seja, pela compra de votos.
Convencidos da importância de garantir a liberdade do voto para a democracia de nosso 
País, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP/CNBB), juntamente com a Conferência 
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras entidades nacionais se mobilizaram, em 1998, 
em prol da coleta de assinaturas para viabilizar o que seria a primeira lei de iniciativa popular 
anticorrupção do Brasil: a Lei 9840/1999, conhecida como “Lei Contra a Compra de Votos” ou 
“Lei dos Bispos”.
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Essa lei moralizadora introduziu o art. 41-A na Lei n. 9.504/1997, cujo preceito estabelece 
que aquele candidato que doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de ob-
ter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função 
pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, estará sujeito à representação 
cuja sanção prevê a imposição de multa e a cassação do registro ou diploma.
Note que sem a existência do voto secreto e de ações sancionadoras da captação ilícita de 
sufrágio, o eleitor poderia ser instigado a vender o voto e, na sequência, ter que prestar contas 
do malfadado acordo, violando por completo a liberdade de sua manifestação nas urnas.
3.1.5 Princípio da Lisura e Legitimidade do Pleito
Trata-se de princípio de enorme importância no âmbito do Direito Eleitoral. Não é se-
não por esse princípio que se alicerça o ajuizamento de ações eleitorais imprescindíveis para 
combater o abuso de poder econômico e político, a utilização indevida dos meios de comuni-
cação, o “caixa dois” ou quaisquer outras práticas que violem a legitimidade e lisura do pleito. 
Entre essas ações eleitorais aptas a buscar a punição daqueles que praticarem condutas 
violadoras da lisura e da legitimidade do pleito cito a Ação de Investigação Judicial Eleitoral 
(AIJE), prevista no art. 22, da LC n. 64/90 e a Representação do art. 30-A da Lei n. 9.504/1997.
O abuso de poder econômico e político serão estudados, com detalhes, mais adiante em 
nosso curso. Contudo, devido ao fato desses ilícitos eleitorais estarem intimamente relacio-
nada com práticas que atentam contra o substrato do princípio em estudo, vamos, com apoio 
na jurisprudência do TSE, conceituá-los.
O abuso de poder político se caracteriza quando:
O agente público, valendo-se de sua condição funcional e em manifesto desvio de finali-
dade, compromete a igualdade da disputa e a legitimidade do pleito em benefício de sua 
candidatura ou de terceiros.
(REspe n. 555-47/PA, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE de 21.10.2015).
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Já o abuso de poder econômico ocorre quando:
O candidato que despende recursos patrimoniais, públicos ou privados, dos quais detém 
o controle ou a gestão em contexto revelador de desbordamento ou excesso no emprego 
desses recursos em seu favorecimento eleitoral.
(REspe n. 58.581/MG, Rel. Min. Felix Fischer, DJE de 23.9.2008).
3.1.6. Princípio do Aproveitamento do Voto
O art. 175, §§ 3º e 4º, do CE. estabelece que:
§ 3º Serão nulos, para todos os efeitos, os votos dados a candidatos inelegíveis ou não registrados.
§ 4º O disposto no parágrafo anterior não se aplica quando a decisão de inelegibilidade ou de 
cancelamento de registro for proferida após a realização da eleição a que concorreu o candidato 
alcançado pela sentença, caso em que os votos serão contados para o partido pelo qual tiver sido 
feito o seu registro.
Não obstante a lei confira nulidade aos votos de candidatos inelegíveis, a jurisprudência do 
TSE, interpretando o art. 175, §§ 3º e 4º, formulou entendimento de que o candidato que, por 
decisão transitada em julgado, tenha sido considerado inelegível terá seus votos aproveitados 
para o partido ou coligação se na data do pleito tivesse ele com registro deferido. Nesse sentido:
4. A exegese que melhor se coaduna com o art. 175, §§ 3º e 4º, do Código Eleitoral é 
aquela no sentido de que os votos obtidos por candidato cujo registro se encontrava 
deferido na data da eleição não são anulados, mas contados a favor da legenda pela 
qual o parlamentar posteriormente cassado ou não diplomado se candidatou, por força 
do disposto no art. 175, § 4º, do Código Eleitoral. Agravo regimental desprovido.
(REspe n. 19-50, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 27.9.2016)
Essa interpretação do TSE tangencia o princípio da confiança do eleitor, uma vez que se 
funda no fato de que, na data da eleição, o nome do candidato consta da urna e, portanto, gera 
uma expectativa legítima do eleitor de que seu voto terá serventia.
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3.1.7. Princípio da Anterioridade Eleitoral
O princípio da Anterioridade Eleitoral tem previsão no art. 16 da CF/88.
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se 
aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
Sem rodeios, esse princípio constitucional, cujo nascedouro repousa no princípio da se-
gurança jurídica, busca garantir a estabilidade das normas que disciplinam o processo elei-
toral, estabelecendo que as leis que entrarem em vigor no período de até ano antes do pleito 
não sejam nele aplicadas.
Acerca do propósito legislativo, o STF assentou que “(...) nele a preocupação é especial-
mente de evitar que se mudem as regras do jogo que já começou, como era frequente, com 
os sucessivos ‘casuísmos’, no regime autoritário”. (ADI n. 2.628, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 
de 5.3.2004).
Trata-se de cláusula pétrea dirigida a estabelecer garantias fundamentais para a efetivi-
dade dos direitos políticos, cuja aplicação não depende de considerações sobre a moralidade 
da legislação. Erige-se como uma barreira objetiva contra abusos e desvios da maioria, e 
dessa forma deve ser aplicado pelo julgador (RE n. 633703/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 
de 17.11.2011).
Existem inúmeros julgados do TSE sobre esse tema, mas sem dúvida os mais marcantes 
foram aqueles que afastaram a incidência da LC n. 135/2010 sobre as eleições de 2010, re-
alizadas em 3.10.2010, por ter esta Lei Complementar entrado em vigor em 4.6.2010, dentro, 
portanto, do período vedado pelo art. 16 da CF/88. Confira um desses julgados:
SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS - RECURSO - AFASTAMENTO. Enquanto pendente 
recurso, descabe assentar a suspensão de direitos políticos.
INELEGIBILIDADE - LEI COMPLEMENTAR N. 135/2010 - APLICAÇÃO NO TEMPO. Ante o 
princípio da anterioridade eleitoral - artigo 16 da Carta da República -, surge inaplicável 
às eleições de 2010 a Lei Complementar n. 135/2010. Precedente: Recurso Extraordiná-
rio n. 633703/MG, Plenário do Supremo, Relator Ministro Gilmar Mendes, Diário da Jus-
tiça Eletrônico de 18 de novembro de 2011.
(RCED n. 1475, Rel. Min. Marco Aurélio, DJE de 11.12.2013).
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Não obstante haja essa limitação temporal para fins de incidência de leis que alterem o 
processo eleitoral no pleito que se avizinha, o art. 16 da CF/88 não proíbe que leis dessa na-
tureza sejam votadas, aprovadas, promulgadas e entrem em vigor no ordenamento jurídico 
nesse período.
Ademais, nos exatos termos da parte primeira do mencionado dispositivo constitucional, 
sobre elas sequer incide o período de vacatio legis, previsto no art. 1º da Lei de Introdução às 
Normas de Direito Brasileiro (LINDB). Confira:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação...
Confira uma hipótese didática sobre o assunto:
Veja o seguinte exemplo de publicação de uma lei alteradora do processo eleitoral (considere 
as eleições municipais de 2008):
- Lei A publicada no dia 4 de outubro de 2007 – sabe-se que, em 2008, as eleições ocorreram 
em 5 de outubro (1º domingo de outubro). Nessa situação, como a Lei A foi publicada um ano 
antes da data da eleição, será aplicada a essas eleições;
- Lei A publicada no dia 5 de outubro de 2007 – embora a lei tenha vigência imediata, não será 
aplicada às eleições de 2008. A lei que altere o processo eleitoral somente será aplicável às 
eleições que ocorram até um ano da data de sua publicação, inclusive.
- Lei A publicada no dia 6 de outubro de 2007 – embora a lei tenha vigência imediata, mas não 
será aplicável às eleições de 2008. Somente será aplicável às eleições que ocorrerem após o 
dia 7 de outubro.
Conquanto o art. 16 da CF/88 faça referência exclusivamente à lei, qualquer espécie nor-
mativa, inclusive as emendas constitucionais, a ele se submete. No ponto, Rodrigo López 
Zílio consigna:
O princípio da anualidade do Direito Eleitoral é dirigido, indistintamente, a todo e qualquer diploma, 
independentemente de seu status legal. Ou seja, dirige-se tanto à norma infraconstitucional – dês 
que de caráter federal (art. 22, I, da CF) – como à constitucional. Em outras palavras, toda e qual-
quer legislação editada deve obediência ao princípio da anterioridade, emanada pela Carta Federal 
(art. 16 da CF).
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Por incidir também sobre as emendas constitucionais, o princípio da anterioridade elei-
toral se constitui assim em verdadeira restrição ao poder constituinte derivado reformador.
Nesse sentido, colho julgado do STF:
4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra garantia individual do contribuinte (ADI 939, 
rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16 representa garantia individual do cida-
dão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos representantes eleitos e “a quem 
assiste o direito de receber, do Estado, o necessário grau de segurança e de certeza jurí-
dicas contra alterações abruptas das regras inerentes à disputa eleitoral” (ADI 3.345, rel. 
Min. Celso de Mello).
5. Além de o referido princípio conter, em si mesmo, elementos que o caracterizam como 
uma garantia fundamental oponível até mesmo à atividade do legislador constituinte 
derivado, nos termos dos arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV, a burla ao que contido no art. 16 
ainda afronta os direitos individuais da segurança jurídica (CF, art. 5º, caput) e do devido 
processo legal (CF, art. 5º, LIV).
(ADI n. 3.685, Rel. Min. Helen Gracie, DJE de 22.3.2006).
Atente para o fato de que a norma constitucional inserta no art. 16 da CF/88 não incide so-
bre todas as leis de natureza eleitoral, mas somente àquelas que alteram o “processo eleitoral”.
Segundo o STF, o processo eleitoral se desenvolve nas seguintes fases: (a) fase pré-elei-
toral, que, iniciando-se com a realização das convenções partidárias e a escolha de candida-
turas, estende-se até a propaganda eleitoral respectiva; (b) fase eleitoral propriamente dita, 
que compreende o início, a realização e o encerramento da votação e (c) fase pós-eleitoral, 
que principia com a apuração e contagem de votos e termina com a diplomação dos candida-
tos eleitos, bem assim dos seus respectivos suplentes (ADI n. 3345, Rel. Min. Celso de Melo, 
DJ de 19.08.2010).
Contudo, e isso é muito importante, no RE n. 633703/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 
de 17.11.2011, o STF explicitou que “a fase pré-eleitoral de que trata a jurisprudência desta 
Corte não coincide com as datas de realização das convenções partidárias. Ela começa muito 
antes, com a própria filiação partidária e a fixação de domicílio eleitoral dos candidatos, assim 
como o registro dos partidos no Tribunal Superior Eleitoral”.
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Para então concluir que “a competição eleitoral se inicia exatamente um ano antes da 
data das eleições e, nesse interregno, o art. 16 da Constituição exige que qualquer modifica-
ção nas regras do jogo não terá eficácia imediata para o pleito em curso.” (RE n. 633703/MG, 
Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 17.11.2011).
Com efeito, para o STF, o processo eleitoral não se inicia com as convenções partidárias. 
Retroage no tempo para alcançar outras fases, como a filiação e a própria fixação de domi-
cílio, submetendo eventuais alterações legislativas que nelas ocorram até um ano antes do 
pleito ao crivo do princípio da anterioridade.
Quanto ao termo final do processo eleitoral, nenhuma dúvida há, ele finda com a diploma-
ção dos eleitos.
Bem delimitado os marcos do processo eleitoral, faz-se necessário esclarecer que para 
ser alcançada pelos efeitos da norma inserta no art. 16 da CF/88, a lei que versa sobre o pro-
cesso eleitoral deve ser capaz de provocar, conforme jurisprudência do STF consolidada no 
julgamento da ADI n. 3.741, Rel. Min. Ricardo Lewandoski, DJ de 23.2.2007):
• rompimento da igualdade de participação dos partidos políticos e dos respec- tivos 
candidatos no processo eleitoral;
• a criação de deformação que afete a normalidade das eleições;
• a introdução de fator de perturbação do pleito;
• promoção de alteração motivada por propósito casuístico.
Por fim, anote que não se submetem à restrição da anterioridade eleitoral:
• Alteração do número de cadeiras das Câmaras municipais e a emancipação de municípios;
• Crimes eleitorais;
• Processo penal eleitoral subsidiário;
• Resoluções do TSE que regulamentem o CE ou a Lei das Eleições;
• Assuntos relativos à prestação de contas eleitorais.
3.1.8. Princípio da Segurança Jurídica Eleitoral
Esse princípio, calcado no art. 16 da CF/88, informa a necessidade de se manter hígida, 
sem modificações substanciais, a jurisprudência de determinado pleito. Eventuais alterações 
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de entendimento do Tribunal já aplicado a feitos de determinada eleição somente seriam le-
vados a efeito em pleitos seguintes.
A respeito desse assunto, o STF entende que “as decisões do Tribunal Superior Eleitoral 
que, no curso do pleito eleitoral (ou logo após o seu encerramento), impliquem mudança de 
jurisprudência (e dessa forma repercutam sobre a segurança jurídica), não têm aplicabilida-
de imediata ao caso concreto e somente terão eficácia sobre outros casos no pleito eleitoral 
posterior.” (RE N. 637485/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE de 20.5.2013).
Para finalizar, colho o seguinte julgado da jurisprudência do TSE:
À luz dos princípios da segurança jurídica e da isonomia, os registros relativos a um mesmo 
pleito,quando em situação similar, devem receber o mesmo tratamento jurisdicional.
(AR n. 1927–07/BA, rel. designado Min. Admar Gonzaga, DJe de 31.8.2017).
3.1.9. Princípio da Democracia Partidária
O art. 17 da CF/88 estabelece que:
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a so-
berania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa 
humana e observados os seguintes preceitos:
§1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e (...).
Note que, embora os partidos gozem, por disposição constitucional, de autonomia para 
se organizarem, devem, por disposição de igual estatura, resguardar, entre outros princípios, 
aquele que homenageia o caráter democrático em suas relações internas.
Confira dois casos em que o TSE fundamentou seu entendimento com base na compre-
ensão desse princípio.
O primeiro ocorreu no julgamento do RPP 1417-96/DF, DJE de 15.3.2008, em que se dis-
cutiu a duração dos órgãos provisórios das agremiações.
No item seis da ementa do referido julgado, consta: “Não obstante a redação conferida 
pela EC n. 97/2017 ao § 1º do art. 17 da CF, naquilo que assegura a autonomia dos partidos 
políticos para estabelecer a duração de seus órgãos provisórios, tem-se que a liberdade con-
ferida não é absoluta, dada a previsão expressa do caput no sentido de que as agremiações 
partidárias devem resguardar o regime democrático”.
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O mesmo acórdão, citando o PA n. 750-72/DF, asseverou que “não há como se conceber 
que em uma democracia os principais atores da representação popular não sejam, igual-
mente, democráticos. Este, inclusive, é o comando expresso no art. 17 da Constituição da 
República que, ao assegurar a autonomia partidária, determina expressamente que sejam 
‘resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos 
fundamentais da pessoa humana”.
De igual modo, esse princípio, caro ao regime democrático, fundamenta também decisões 
do TSE no sentido de exigir a observância da garantia da ampla defesa e do contraditório nos 
casos de destituição de comissões provisórias das agremiações. Nesse sentido:
4. O acórdão regional está em consonância com a orientação deste Tribunal Superior, 
segundo a qual “a destituição de Comissões Provisórias somente se afigura legítima 
se e somente se atender às diretrizes e aos imperativos normativos, constitucionais e 
legais, notadamente a observância das garantias fundamentais do contraditório e da 
ampla defesa” (REspe n. 123-71, rel. Min. Luiz Fux, DJe de 30.11.2017).
(AI n. 218-62/PR, Rel. Min. Admar Gonzaga, DJE de 5.4.2018).
3.1.10. Princípio da Liberdade da Organização Partidária
O “Partido Político” é uma pessoa jurídica de direito privado, que se destina a assegurar, 
no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e, também, a 
defender os direitos fundamentais definidos na Constituição.
Em razão de suas funções e atribuições na democracia brasileira, a Constituição Federal 
adotou o princípio da liberdade de organização partidária. Dessa forma, o partido tem auto-
nomia para definir sua estrutura interna, organização e funciona- mento. Também é livre a 
criação, fusão, incorporação e extinção de agremiações partidárias, desde que se respeite a 
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da 
pessoa humana.
Aliás, recentemente, com a edição da Emenda à Constituição n. 97/2017, o conteúdo do 
princípio da autonomia partidária foi modificado. Eis a nova redação da norma constitucional 
inscrita no art. 17, § 1º da Constituição Federal:
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Art. 17, § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e 
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios 
e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas 
coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem 
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou mu-
nicipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação 
dada pela Emenda Constitucional n. 97, de 2017)
Assim, embora o partido político tenha liberdade para tratar sobre a sua estrutura interna, 
sua organização e o seu funcionamento, a reforma constitucional restringiu a extensão dessa 
autonomia. Com efeito, antes da reforma constitucional, os partidos políticos poderiam for-
mar coligações (uniões entre partidos com finalidade eleitoral) para as eleições majoritárias, 
proporcionais ou para ambas.
Não obstante, atualmente, segundo a nova redação do art. 17, § 1º da CF/88, os partidos 
políticos poderão formar coligação apenas nas eleições majoritárias. A contrário sensu, nas 
eleições proporcionais, os partidos políticos estão proibidos de formar coligações.
De qualquer forma, essa modificação constitucional somente terá aplicabilidade a partir 
das eleições de 2020.
3.1.11. Princípio da Fidelidade Partidária
De acordo com a parte final do art. 17, § 1º, da CF/88, o estatuto do partido político deve 
estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias.
A agremiação partidária tem importante papel no processo eleitoral, conforme visto no 
estudo do princípio da democracia partidária. Por esse motivo, o ocupante de cargo eletivo 
proporcional deve pautar a sua atuação de acordo com os valores, os ideais, a orientação 
programática e os princípios defendidos pelo partido pelo qual foi eleito.
Assim, para garantir a efetividade dos deveres partidários de disciplina e fidelidade partidá-
rias, esse princípio tem uma faceta administrativa, implicando a possibilidade de aplicação de 
sanções aos filiados que adotem condutas contrárias às orientações da direção partidária. Caso 
esteja prevista no Estatuto, é possível até mesmo a expulsão do parlamentar indisciplinado.
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https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc97.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc97.htm#art1
35 de 68https://www.facebook.com/groups/2095402907430691
Weslei Machado e Marco Carvalhedo
Conceito, Fonte e Princípios
DIREITO ELEITORAL
Por outro lado, esse princípio tem um viés jurisdicional e, desde 27.03.2007 (TSE, CTA n. 
1398), possibilita que os filiados eleitos possam perder seu mandato eletivo caso se desfiliem 
de seu partido de origem sem que exista uma justa causa.
Recentemente, ao analisar a aplicabilidade desse princípio, o STF, no julgamento da ADI 
n. 5.081, entendeu que somente poderá perder o cargo em razão da troca de partido políti-
co sem justa causa, ou seja, em razão da violação do princípio da fidelidade partidária, os 
mandatários eleitos a partir da adoção do sistema eleitoral proporcional (nas nossas aulas 
sobre partidos políticos, estudaremos com mais profundidade esse tema). Confira a ementa 
desse julgado:
DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 
RESOLUÇÃO N. 22.610/2007 DO TSE. INAPLICABILIDADE DA REGRA DE PERDA DO 
MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA AO SISTEMA ELEITORAL MAJORITÁRIO. 1. 
Cabimento da ação. Nas ADIs 3.999/DF e 4.086/DF, discutiu-se o alcance do poder regu-
lamentar da Justiça Eleitoral e sua competência

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