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Os impactos da bipolarização política e o discurso de ódio nas redes sociais

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Os impactos da bipolarização política e o discurso de ódio nas redes sociais 
25/07/2020 Ana Valéria da Silva Azevedo 
Durante a Guerra Fria foi nítida a bipolarização do mundo entre duas ideologias 
distintas, sendo de um lado o capitalismo, de outro o socialismo. Esse fenômeno 
de divisão entre valores, nos dias atuais, pode ser constatado na política de 
diversos países, como por exemplo dos Estados Unidos e do Brasil, onde o 
bipartidarismo tem ganhado força. Tal acontecimento acarreta uma série de 
impasses, dentre eles, uma crise de representatividade política e ascensão do 
fanatismo que gera discursos de ódio nos meios de comunicação. 
Em primeira instância, é válido destacar que com o advento da internet, a 
possibilidade do anonimato e a ideia de que a legislação não se aplica no ambiente 
virtual, muitas pessoas se sentem a vontade para propagar discursos de ódio e 
ameaças simplesmente pelo fato de alguém não se posicionar ou ter uma 
perspectiva contrária. Dessa forma, bem como o pensamento do filósofo de 
Michel Foucault de que “A política é a guerra continuada por outros meios", a 
bipolarização no sistema político gera uma tendência ao extremismo e forma 
cidadãos fanáticos e, em ambos polos, intolerantes à opiniões contrárias.Nesse 
contexto, as redes sociais se tornaram um ambiente propício à propagação de 
ódio em massa, e assim, colocando em risco o direito de escolha de cada 
indivíduo. 
Em segundo plano, é de suma importância discutir sobre a crise de 
representatividade que a divisão do sistema político gera. Sendo assim, nota-se a 
obrigatoriedade dos indivíduos de se situar em apenas um polo vigente, mesmo 
que tal cidadão não se identifique com os pensamentos propagados, fazendo isso 
apenas pela necessidade de se posicionar e sem o direito de refletir livremente e 
selecionar em qual âmbito concordar ou não. 
Analisando os fatos ressaltados, podemos concluir que a problemática da 
polarização política é necessária na discussão da reprodução de discursos de 
aversão, enquanto também influencia na crise de representatividade política do 
país. Sendo assim, cabe ao Ministério de Comunicações a realização de 
campanhas que incentivem o respeito a opinião de cada um, tendo essa ação o 
objetivo de estimular o pensamento livre e não resumido à apenas dois polos. 
Além disso, o Governo deve usufruir de ferramentas de denúncia desenvolvidas 
pelas próprias redes sociais para denunciar manifestações de ódio e, assim, 
garantir a democratização da liberdade de expressão instituída pela Carta 
Magna, porém sem ferir, ameaçar ou ofender outros indivíduos. 
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