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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CRISSOGNO MESQUITA SANTOS DANIEL VÍTOR MESQUITA DA COSTA GABRIEL SILVA DE SOUZA ÍCARO MATOS NERI RELATÓRIO TÉCNICO CIENTÍFICO: AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DE ABIU (POUTERIA CAIMITO RUIZ ET. PAVON RADLK) SEMEADOS EM DIFERENTES TIPOS DE SUBSTRATOS Parauapebas, PA 2017 2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CRISSOGNO MESQUITA SANTOS DANIEL VÍTOR MESQUITA DA COSTA GABRIEL SILVA DE SOUZA ÍCARO MATOS NERI RELATÓRIO TÉCNICO CIENTÍFICO: AVALIAÇÃO DA RESPOSTA DE ABIU (POUTERIA CAIMITO RUIZ ET. PAVON RADLK) SEMEADOS EM DIFERENTES TIPOS DE SUBSTRATOS Relatório apresentado como requisito avaliativo parcial. Área de concentração: Tecnologia e produção de sementes e mudas. Orientador (a): MSc. Clenes Lima Parauapebas, PA 2017 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 5 2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 6 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 9 4. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 10 5. IMAGENS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO E ANÁLISE DAS MUDAS ....... 11 6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 16 4 RESUMO As flores do abieiro são hermafroditas e estão dispostas em fascículos de três a sete, na porção desnuda de ramos ou entre folhas. A árvore e seu fruto, o abiu, são facilmente encontrados na forma silvestre por todo território da região Amazônica, alguns exemplares do abieiro fazem até parte da arborização urbana de algumas cidades como Manaus e Belém. O cultivo do abieiro é aparentemente simples, exigindo poucas práticas de manejo, exceto quando a planta ainda é nova. O presente trabalho teve como objetivo analisar as respostas morfofisiológicas do abieiro em seu desenvolvimento inicial, sob diferentes tipos de substratos no município de Parauapebas, PA. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4 repetições com 25 plantas, perfazendo 16 parcelas e 100 plantas por tratamento, totalizando 400 mudas. Os tratamentos foram diferentes substratos: T1 (100% Solo argiloso); T2 (70% Solo + 30% resíduo de palmeira); T3 (70% Solo + 30% carvão vegetal) e T4 (70% Solo + 15% resíduo de palmeira + 15% carvão vegetal). O tratamento T2 foi o que melhor propiciou um conjunto de respostas ao desenvolvimento inicial das mudas de abieiro com base em dados numéricos. Palavras Chaves: abieiro, desenvolvimento, respostas. 5 1. INTRODUÇÃO O abieiro (Pouteria caimito Ruiz et. Pavon Radlk) é uma espécie frutífera da família Sapotaceae com provável centro de origem na Amazônia peruana (DUCKE, 1946). As flores do abieiro são hermafroditas e estão dispostas em fascículos de três a sete, na porção desnuda de ramos ou entre folhas. Eventualmente, se desenvolvem no tronco. Apresentam duas brácteas escamiformes, cíclicas, diclamídeas e com simetria radial. O cálice é constituído por quatro sépalas livres e a corola por quatro pétalas soldadas de coloração branco-amarelada. O androceu é formado por quatro estames férteis e quatro estaminódios de mesmo tamanho. As anteras são sagitadas, basifixas, com duas tecas. O gineceu é sincárpico, constituído por ovário súpero tetraloculado, densamente piloso com estigma e estilete terminais. Cada lóculo contém um óvulo (CAVALCANTE, 1996). Normalmente a planta atinge 10 metros de altura, possui frutos amarelados quando maduros podendo conter de uma a quatro sementes no mesmo, sua polpa é de coloração esbranquiçada, doce e de aspecto gelatinoso, tronco de casca áspera, copa densa e esgalhada, suas folhas são lisas e brilhantes com flores de coloração amarelo- avermelhada. A árvore e seu fruto, o abiu, são facilmente encontrados na forma silvestre por todo território da região Amazônica, alguns exemplares do abieiro fazem até parte da arborização urbana de algumas cidades como Manaus e Belém. A sua fruta é quase sempre aproveitada em sua forma in natura, entretanto, pode ser conservada por alguns dias quando refrigerada, ou então, processada como geleia. Como fruta fresca, deve ser consumida exclusivamente quando estiver bem madura e amarela, pois, do contrário, sua casca libera um leite branco e viscoso que adere aos lábios, provocando uma sensação bastante desagradável. O cultivo do abieiro é aparentemente simples, exigindo poucas práticas de manejo, exceto quando a planta ainda é nova. A partir do terceiro ano de idade, o abieiro dá início a sua frutificação, que se avoluma bastante a partir do quinto ano, podendo produzir de 250 a 1.000 frutos por planta. O presente trabalho teve como objetivo analisar as respostas morfofisiológicas do abieiro em seu desenvolvimento inicial, sob diferentes tipos de substratos. 6 2. MATERIAL E METODOS O experimento foi realizado na casa de vegetação da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus de Parauapebas, região sudeste do estado do Pará, com as coordenadas geográficas 06°00'10''S e 49°57’43’’W, no período de 10 de fevereiro a 24 de abril de 2017. O clima do município de Parauapebas, segundo a classificação de Köppen, é do tipo “Aw” tropical, com temperatura média anual de 29º C e pluviosidade média de 1500 – 2000 mm.ano-1 (IDESP, 2015). O solo utilizado nos substratos apresentou as seguintes características químicas: pH (H2O) = 5,5; pH (CaCl2) = 4,8; P (Mehlich) = 1,0 mg dm -3; K+ = 0,27 cmolc dm -3; Ca2+ = 2,3 cmolc dm -3; Mg2+ = 0,8 cmolc dm -3; H+Al3+ = 3,3 cmolc dm -3; S = 3,2 mg dm- 3; Na = 2,5 mg dm-3; Mn = 22,5 mg dm-3; Cu = 13,0 mg dm-3; B = 0,3 mg dm-3; Zn = 1,0 mg dm-3; capacidade de troca catiônica (CTC) = 6,67 cmolc dm-3; V (%) = 50,52%; matéria orgânica (MO) = 2,8%. As sementes de Abiu utilizadas na pesquisa foram obtidas no dia 7 de fevereiro de 2017, junto ao MMA (Mogno Meio Ambiente), CNPJ. 11.789.677/0001.77, empresa localizada em Canaã dos Carajás-PA, Rua Santa Rita, bairro Park Sharon, número 34. Anteriormente à doação por intermédio da empresa, esta realizou a coleta e despolpa manual no dia 4 de fevereiro de 2017. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 4 tratamentos e 4 repetições com 25 plantas, perfazendo 16 parcelas e 100 plantas por tratamento, totalizando 400 mudas. Os tratamentos foram diferentes substratos e identificados como: Tratamento 1: T1 – 100% Solo argiloso; Tratamento 2: T2 – 70% Solo + 30% resíduo de palmeira; Tratamento 3: T3 – 70% Solo + 30% carvão vegetal; Tratamento 4: T4 – 70% Solo + 15% resíduo de palmeira + 15% carvão vegetal; O solo foi retirado da camada subsuperficial, 20-40 cm e passou por um processo de peneiramento para posterior utilização. O resíduo de palmeira utilizado na formulação do substrato T2 e T4 foi obtido a partir do peneiramento do caule do babaçu(Attalea speciosa) que se encontrava no solo em estágio avançado de decomposição e o carvão que compôs o T3 e T4 passou por um processo manual de fragmentação, o que aumentou 7 consideravelmente sua superfície de contato. Para a escolha destes componentes, tomou- se como referência o conhecimento empírico observado na produção agrícola de baixo nível tecnológico e as dificuldades dos pequenos produtores de obterem substratos de boa qualidade para a produção de mudas, uma vez que a aquisição de substratos comerciais, muitas vezes, torna-se onerosa a estes produtores, resultando em um balanço custo/benefício negativo. Foram utilizados sacos pretos de polietileno de dimensões 15 cm x 25 cm e volume de 375 cm3, ocorrendo a semeadura no dia 10 de fevereiro de 2017, colocando- se 1 semente por cova à uma profundidade de semeio em torno de 2 cm. Descartou-se as sementes pequenas e com aspecto enegrecido, a fim de tornar a escolha mais homogênea e evitar possíveis interferências na germinação. Ao término da semeadura, as mudas foram molhadas por meio de regador, pois a casa de vegetação não disponibiliza de sistema de irrigação. Utilizou-se o regador para molhar as mudas, sempre que necessário, visto que a condução do experimento se deu em período chuvoso. A germinação teve início no 38º dia após a semeadura e procedeu-se à avaliação do índice de velocidade de emergência (IVE), seguindo Maguirre (1962), sendo registrado diariamente o número de plântulas emergidas; foram consideradas como emergidas as plântulas que apresentavam a partir de 1 cm de altura. 𝐼𝑉𝐸 = 𝐸1 𝑁1 + 𝐸2 𝑁2 + 𝐸𝑛 𝑁𝑛 Onde: IVE = índice de velocidade de emergência; E1 = número de plântulas emergidas a cada dia; N1 = tempo (dias). Aos 70 dias após a semeadura (DAS), em 21 de abril de 2017, realizou-se a avaliação das plantas, considerando os seguintes parâmetros: 1) Altura linear de planta (cm): Utilizou-se de trena métrica como utensílio para metragem, que se deu a partir do nível do solo ao meristema apical caulinar; 2) Número de folhas: Contou-se apenas as folhas abertas de cada plântula; 8 3) Diâmetro do caule (mm): Utilizou-se paquímetro digital, sendo mensurado entre o colo e o primeiro nó, apenas nas plântulas que já possuíam folhas. Os valores foram obtidos em milímetros. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e de comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, por meio do software estatístico Sisvar (FERREIRA, 2011). 9 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O percentual médio de germinação incluindo todos os tratamentos até o 73º DAS, totalizou 39.75%, valor este muito inferior ao mencionado através de circular da EMBRAPA (2006) para a cultura do abieiro, que foi de 91%. Percebeu-se também uma grande desuniformidade na germinação ao longo do tempo, a qual até o dia da última contagem (73 DAS) não havia se estabilizado, contrastando com o que foi citado pela EMBRAPA (2006), segundo a qual a germinação da espécie é rápida e uniforme, iniciando-se com 20 e estabilizando-se 50 DAS, ocasião em que atinge germinação próxima a 100 %. Isso pode ser atribuído ao fato de que as sementes do abiu se enquadrarem no grupo das recalcitrantes, portanto perdem a viabilidade quando o teor de água é reduzido, para níveis em torno de 20 % o que pode ter ocorrido no presente experimento, visto que a semeadura ocorreu somente 6 dias após a coleta das sementes. Sendo assim, a semeadura deve ser efetuada imediatamente após a extração das sementes e remoção da polpa (VILLACHICA et al., 1996). Tabela 1 - Valores médios de índice de velocidade de emergência (IVE), altura de planta (H), diâmetro do caule (DC) e número de folhas/planta (NF) de mudas de abieiro aos 73 DAS produzidas em sacos de polietileno, em função de diferentes substratos. Parauapebas-PA, 2017. Tratamento IVE Emergência (%) H (cm) DC (mm) Nº DE FOLHAS T1 T2 T3 T4 0.51 a 0.86 a 0.64 a 0.70 a 30 a 50 a 39 a 40 a 8.63 a 8.83 a 9.33 a 9.03 a 1. 94 a 1.97 a 1.98 a 2.00 a 3.55 a 2.86 a 3.81 a 3.44 a DMS CV (%) - - 25.931 29.54 4.745 23.71 0 0 1.389 17.66 Médias seguidas de mesma letra em cada coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Os dados de índice de velocidade de emergência (IVE), porcentagem de emergência, altura (H), diâmetro de caule (DC) e número de folhas (NF) não apresentaram em suas médias para cada tratamento diferença estatística comprovada através do teste Tukey a 5% de probabilidade. Com isso, pode-se interpretar estatisticamente que os baixos valores coletados, especialmente a média de emergência, levaram o software a gerar coeficientes 10 de variação (CV) relativamente elevados o que reduz a precisão do experimento com exceção dos dados de DC, no qual o CV foi zero. Tecnicamente, infere-se que a semelhança entre os resultados pode ser devida às proporções adotadas na elaboração dos substratos, visto que mantiveram uma quantidade considerável de solo - 70% de solo para T2, T3 e T4 e 100% para o T1 – assemelhando- se muito entre si em seus aspectos físicos e químicos, levando a respostas similares das sementes/plântulas. Entretanto, observou-se diferença numérica entre as médias analisadas através dos valores obtidos, sendo que o tratamento T2 foi superior aos demais com relação à porcentagem e índice de emergência. Já para a altura e N° de folhas o T3 respondeu melhor e para diâmetro, se sobressaiu o tratamento T4. 4. CONCLUSÕES O tratamento T2 (70% Solo + 30% resíduo de palmeira) foi o que melhor propiciou um conjunto de respostas ao desenvolvimento inicial das mudas de abieiro com base em dados numéricos, o resíduo de palmeira, componente desse tratamento é um produto acessível e economicamente viável aos produtores que desejam cultivar a cultura na região de Parauapebas, PA. O solo utilizado é argiloso, o que pode ser limitante ao desenvolvimento das plântulas, sendo importante a utilização de algum componente que possa conferir características físicas ideais para o desenvolvimento das mudas. A semeadura deve ser efetuada imediatamente após a extração das sementes e remoção da polpa para que não percam seu vigor germinativo (VILLACHICA et al., 1996). 11 5. IMAGENS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO E ANÁLISE DAS MUDAS Figura 1: Preparo do resíduo de palmeira utilizado nos tratamentos T2 e T4. Figura 2: Peneiramento do resíduo de palmeira utilizado nos tratamentos T2 e T4. 12 Figura 3: Imagem representativa do carvão vegetal utilizado no preparo dos tratamentos T3 e T4. (FONTE: http://www.biosustentado.com.br/2016/08/o-uso-do-carvao-no- cultivo-de.html). Figura 4: Imagem representativa do carvão vegetal devidamente triturado e pronto para utilização. (FONTE: https://www.carbotecnia.info/producto/carbon-activado-para- azucar-en-polvo-megapol-c/). 13 Figura 5: Processo de peneiramento do solo que foi utilizado em todos os tratamentos. Figura 6: Substratos prontos, sendo devidamente instalados nos sacos pretos de polietileno. 14 Figura 7: Disposição dos blocos Figura 8: Identificação dos tratamentos. 15 Figura 9: Utilização do paquímetro digital para medição do diâmetro de planta. Figura 10: Utilização da trena para medição da altura da planta. 166. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUCKE, A. Plantas de cultura pré-colombiana na Amazônia brasileira: notas sobre as espécies ou formas espontâneas que supostamente lhes teriam dado origem. Belém: IAN, 1946. 24p. (IAN. Boletim técnico, 8). CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6 ed. Belém: Cejup, 1996. 279p. NASCIMENTO, W. M. O.; CARVALHO, J. E. U.; MÜLLER, C. H. Propagação do Abieiro. EMBRAPA, Amazônia Oriental. ISSN 1517-2201. Belém, PA. Dezembro, 2006. SILVA, E. A.; et al. Efeito de diferentes substratos na produção de mudas de mangabeira (Hancornia speciosa). Rev. Bras. Frutic., Jaboticabal - SP, v. 31, n. 3, p. 925-929, Setembro, 2009.
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